Mais Cultura
Literatura,
história,
música,
dança,
expressão
corporal,
criatividade,
auto-estima
e
desenvolvimento
intelectual.
Essas e tantas outras habilidades,
que podem ser potencializadas
pelo teatro, motivaram um grupo
de moradores a buscar oficinas
para jovens e adultos da
comunidade Passo das Pedras II.
“Conversamos sobre a idéia e
fomos atrás de parceiros.
Procuramos as associações de
moradores da Região e outras lideranças comunitárias e fizemos a proposta de criar um
grupo de teatro permanente na comunidade ao Projeto de Descentralização da Cultura
(Secretaria Municipal da Cultura). A partir daí é que a oficina foi montada”, conta
Fernando Ferreira, um dos idealizadores. Quem ministra a atividade desde junho, para um
grupo de 13 pessoas, é o diretor teatral Jessé Oliveira, que entre outras produções dirige o
espetáculo Hamlet Sincrético. Na peça, ele faz uma releitura da obra do dramaturgo inglês
William Shakespeare, a partir da visão de mundo afrobrasileira. “É uma caminhada que
está começando, mas a partir do momento em que a comunidade visualizar o resultado
deste trabalho, com a apresentação da peça no dia 10 de novembro, as pessoas vão se somar
ao grupo e ver o quanto o teatro é importante e transformador”, diz ele, se referindo à
montagem que será apresentada em novembro, num evento que reunirá todas as oficinas de
teatro ligadas ao projeto de Descentralização. “Nossa expectativa é que esta oficina seja
permanente e dê corpo para o projeto Nós da Vila, trilhando o caminho de projetos de
sucesso como o Nós do Morro, do Rio de Janeiro”, explica. O Nós da Vila é inspirado no
movimento cultural Nós do Morro, criado em 1986, no Morro do Vidigal, zona Sul do Rio
de Janeiro, para formar atores e técnicos e despertar na comunidade o interesse pelo teatro.
O projeto do Rio já formou profissionais que atuam também no cinema e na TV. Uma delas
é a atriz Mary Sheila, que ganhou o Kikito de Melhor Atriz Coadjuvante no Festival de
Cinema de Gramado, em agosto, pela atuação no filme Anjos do Sol, e passou por novelas
da Rede Globo e estrelou o filme Cidade de Deus. Aliás, 35 atores desse filme passaram
pelo grupo carioca. O oficinando Jaderson dos Santos sonha em ser ator profissional. “Sei
que é difícil se manter como ator e isso desestimula um pouco”, comenta. A colega
Rosaurea Braga incentiva: “Nós estamos lançando uma semente. Logo mais vamos ver os
resultados. É só o grupo continuar assim, com garra e fraternidade, um apoiando o outro. O
teatro é assim. É este espírito de coletividade”. Já Eva Pureza, que levou a filha para fazer
as aulas, mas ela mesma acabou se matriculando, já entendeu o recado. “O que eu mais
quero é ser atriz. O mundo me espera”, diz entusiasmada.
Fonte: JORNAL DA REGIÃO EIXO BALATZAR – AGOSTO 2006
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