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Jornal do Comércio - Porto Alegre
Quinta-feira, 5 de Novembro de 2015
OPINIÃO
COMBUSTÍVEIS
Qual a sua grande sacada?
Marco Antonio Oliveira Neves
A esta altura do
campeonato você já
percebeu que não dá
para “fazer mais do
mesmo”. Você acredita
que sobreviverá a um
ambiente com vendas
em queda vertiginosa,
margens muito baixas
e até mesmo negativas,
pressão incessante por
melhores resultados,
clientes impacientes, malhumorados e muitas vezes
insatisfeitos etc.?
Então, perguntolhe, esteja você do lado
dos embarcadores ou
do lado dos prestadores
de serviços: qual a sua
grande “sacada” para
“surfar” nesse tsunami?
Quem sabe este momento
não seja o ideal para
colocar em prática algo
novo, realmente diferente
daquilo que o mercado ou
que seus pares oferecem?
Ou você prefere continuar
insistindo em fazer aquilo
que todo mundo faz?
Veja este exemplo, que
interessante. Até alguns
anos atrás, empresas como
Prosegur, Protege e Brinks
apenas transportavam
valores. Porém, diante
da necessidade de
expandir negócios,
aplicando seu knowhow em lidar com cargas
de alto valor agregado,
decidiram ampliar sua
atuação para segmentos
como farmacêutico,
telecomunicações,
joias, eletroeletrônicos,
metaloquímico etc.
Uma outra
transportadora, insatisfeita
em atuar no segmento
de carga geral, tanto
lotação como fracionado,
decidiu transformar-se em
uma empresa dedicada
à logística ambiental.
Enquanto muitos “torciam
o nariz” para os resíduos
sólidos e líquidos,
ela enxergou ali uma
excepcional oportunidade
para ganhar dinheiro. E
está ganhando! O lixo está
se transformando em algo
tão valioso, que daqui a
JC
Logística
Publicação do Jornal do Comércio de Porto Alegre
pouco precisará de escolta
para o seu transporte!
Outra empresa se
transformou em um
dos mais especializados
operadores em logística
florestal. Além do
tradicional serviço de
transporte de toras e
de madeira serrada/
beneficiada, a empresa
também atua na operação
de destoca (extração dos
tocos de eucalipto e o
seu aproveitamento de
biomassa para energia),
preparo do solo e plantio
de pinus e eucalipto,
aplicação de herbicida,
adubação, combate a
pragas e até na logística
reversa de embalagens
de mudas, de adubos e de
defensivos agrícolas.
Sob o ponto de vista
de quem contrata o frete,
avalie, o que pode ser
feito diferente. Seu modelo
(ou malha) logístico não
poderia ser reavaliado?
A forma de contratação
dos serviços de transporte
e o modelo tarifário, são
os ideais para o atual
momento? O processo de
consolidação de cargas
não pode ser melhorado?
O drop size e o transittime, não podem ser
revistos? E os indicadores
que você utiliza em seu
dia a dia, realmente lhe
proporcionam informações
para uma eficaz tomada
de decisão? Não existem
oportunidades para o
transporte colaborativo
com outras empresas
semelhantes ou
complementares?
Volto a lhe perguntar:
qual a sua grande sacada
para lidar com essa crise?
Nenhum insight tem
“martelado” a sua cabeça?
Vai ficar parado?
Na logística e no
transporte, precisamos
correr muito para
permanecer no mesmo
lugar. Lembre-se sempre
disso! Bom trabalho!
Diretor da Tigerlog,
Consultoria e Treinamento em
Logística Ltda.
Editor-chefe: Pedro Maciel
Secretário de Redação: Guilherme Kolling
E-mail: [email protected]
Repórteres: Jefferson Klein e Patrícia Comunello
E-mail: [email protected]
Editor de Fotografia: João Mattos
Bahia ameaça ir à Justiça para
impedir a venda da Gaspetro
AGÊNCIA PETROBRAS/DIVULGAÇÃO/JC
Japonesa Mitsui tem a
intenção de aumentar
a participação em
distribuidoras de gás de
oito para 19 empresas
Após obter a aprovação para
compra de participação minoritária na Gaspetro, a japonesa Mitsui
enfrenta resistência dos futuros
sócios. O governo da Bahia, sócio majoritário da Bahiagás, uma
das empresas com participação da
Gaspetro, ameaça ir à Justiça para
barrar o negócio ou, pelo menos,
evitar que a japonesa tenha assento no conselho de administração e
indique diretores para a concessionária de distribuição de gás.
A venda de 49% da Gaspetro
foi aprovada pelo conselho de administração da Petrobras. Com a
aquisição, a Mitsui aumentará a
participação em distribuidoras estaduais de gás de oito para 19 empresas. O temor do governo baiano
é que a Bahiagás passe a ser pautada pelo interesse de pagamento de
dividendos e não mais por motivações sociais e de desenvolvimento
econômico. Juntos, o governo da
Bahia, a Petrobras (por meio da
Gaspetro) e a Mitsui controlam a
distribuidora.
“Não sei o valor do negócio,
mas tenho certeza que, se tivéssemos sido procurados, poderíamos
procurar outros investidores que já
não fossem sócios, que não fosse
a Mitsui”, disse Marcos Cavalcanti, presidente do conselho de administração da Bahiagás e secretário
estadual de Infraestrutura. Segundo ele, o estado não foi procurado
para discutir o negócio e soube da
venda pela imprensa.
Na Justiça, o argumento que
deve ser apresentado pelo governo
estadual é de que o negócio contrariou o acordo de acionistas por não
Bahiagás teme que os japoneses mudem a orientação da empresa
respeitar o direito de preferência
do estado na compra das ações. O
secretário dá o exemplo de alguns
investimentos, como a ampliação
da malha de gasodutos no Sul do
estado, que poderiam ser afetados
caso o negócio entre Mitsui e Gaspetro seja aprovado pelos órgãos
reguladores. Para que qualquer
investimento seja aprovado pelo
conselho, deve haver consenso entre os três sócios.
Além da Bahia, também o Distrito Federal sinalizou que poderia
questionar a negociação. A Federação Única dos Petroleiros (FUP),
entidade que reúne diversas representações sindicais, também já
estuda uma ação judicial contra o
negócio, alegando conflito de interesses entre as empresas. A Mitsui
é uma das principais acionistas da
Vale, uma das principais clientes
da Petrobras.
A japonesa tem mais de 400
anos e atua em mais de 50 países.
No País, a Mitsui está presente desde a década de 1960. A estratégia
da empresa, agora, é consolidar a
atuação em toda a cadeia de gás,
podendo inclusive importar o produto de áreas onde é produtora. O
próximo alvo da companhia é o
terminal de logística da Wellstream, com 55 mil m2 para serviços
de carga, descarga e armazenamento de suprimentos à atividade
da Petrobras nas bacias de Santos
e Campos - também em áreas do
pré-sal.
A japonesa apresentou proposta para compra de 49% do terminal, formando uma joint venture
com a GE Óleo e Gás. A proprietária, por sua vez, continuaria com o
braço de engenharia e fabricação
de dutos flexíveis da Wellstream.
A proposta chegaria a US$ 85 milhões, segundo fontes próximas à
negociação. A Mitsui também teria
demonstrado interesse em ampliar
participação na nova joint venture
de logística - podendo até mesmo
assumir o controle acionário.
O terminal foi construído em
contrapartida a um contrato de
longo prazo no valor de US$ 200
milhões assinados com a Petrobras, em 2011, para “dar suporte
ao desenvolvimento do pré-sal e
projetos de campo de gás”, segundo comunicado da época. Segundo
fontes, a venda dependeria apenas
de aprovação da GE Óleo e Gás.
Mistura de biodiesel sobe para grande consumidor
O CNPE (Conselho Nacional
de Política Energética), vinculado
ao Ministério de Minas e Energia,
flexibilizou a legislação do biodiesel comprado por grandes consumidores, que poderão usar uma
mistura de até 30%. Para consumidores no varejo, o índice permanece nos atuais 7%. A resolução permite também que grandes frotas
de ônibus ou caminhões usem até
20% de biodiesel no abastecimento. Para o transporte ferroviário ou
usos agrícola e industrial, o teto é
de 30%.
O índice exato, que pode ser
inferior ao teto, será definido até o
fim do ano, segundo Ricardo Dornelles, diretor do departamento de
combustíveis renováveis do ministério. A resolução entra em vigor em janeiro. “O uso acima do
percentual obrigatório (de 7%) até
já existia, mas mediante regulamentação da ANP, que analisava
caso a caso. Agora, haverá agilidade nisso, já que houve a flexibilização”, diz Dornelles.
Embora considere uma vitória, Erasmo Carlos Battistella,
presidente da Aprobio (Associação de Produtores de Biodiesel),
diz que a resolução não atende
a todos os pedidos do setor. “A
expectativa era que fosse permitida a venda direta a grandes
consumidores, mas teremos de
negociar por meio dos leilões.”
Embora o consumidor final possa comprar direto das distribuidoras, elas terão de adquirir o
combustível nos leilões, e não
diretamente dos produtores. Se
o pleito tivesse sido atendido, a
estimativa, segundo Battistella,
era de alta de 25% nas vendas.
Nos postos de combustíveis, permanece o índice de 7% de mistura.
Segundo Dornelles, não há garantia de que os motores dos veículos
suportem nível maior de biodiesel.
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