Boletim Informativo - Número 12 - abril/maio - 2013
Objetivos até
2015: e depois?
Encontro destacou importância
da busca por um mundo mais
sustentável
Sociedade Civil na
agenda mundial
Pág. 7
Empresas e a
sustentabilidade
Págs. 8 e 9
Entrevista com André
Corrêa do Lago
Pág. 11
Confira as instituições que
já participam do movimento
EDITORIAL
Além de 2015
Até a edição anterior de nosso boletim analisamos como está a
situação de cada um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
(ODM) em Santa Catarina. Agora aproveitamos a realização do evento
“Diálogo Social: Agenda Pós-2015 e Seguimento à Rio+20”, promovido
pela Secretaria-Geral da Presidência da República, para apresentar as
possibilidades de uma agenda mundial de desenvolvimento após o
prazo para o cumprimento dos ODM.
Os destaques do evento foram abordados na matéria de Aline
Calefi Lima, articuladora de nosso movimento na Região Sul e colaboradora do SESI/PR. O evento apresentou os pontos de vista de
representantes de diversos setores da sociedade sobre a continuidade
dos ODM após 2015.
A ONU já anuncia que faltam menos de mil dias para o final
de 2015, o que motivou a realização de uma ampla consulta pública
sobre as prioridades mundiais, explicada no artigo de Jorge Chediek.
O ponto de vista empresarial é abordado pelo texto de Márcia Soares,
do Fundo Vale. Ela apresenta a perspectiva de uma nova contabilidade, que inclua o passivo socioambiental no cálculo dos lucros.
Uma alternativa que poderia solucionar os conflitos de interesse
entre economia e sustentabilidade, apontados no artigo de Iara
Pietricovsky, antropóloga que participa dos fóruns da sociedade civil
organizados na Rio +20. Temos também uma entrevista exclusiva com
André Corrêa do Lago, representante do governo brasileiro no grupo
que irá definir os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).
Desfrute a leitura e embarque no duplo desafio de acelerar
os ODM e agir para que os futuros ODS expressem o mundo que
queremos!
EXPEDIENTE
Este boletim é uma publicação do
Movimento Nós Podemos Santa Catarina (MNPSC)
Secretaria Estadual - Instituto Primeiro Plano
Rua João Pinto, 30 – Ed. Joana de Gusmão
sala 803 Centro – Florianópolis/SC
CEP 88010-420 • Fone (48) 3025-1079/3025-3949
[email protected]
Editor
Rafael Gué Martini (Mte/SC 02551-JP)
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NosPodemosSC
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Este boletim é patrocinado por:
redação
Rafael Gué Martini e Aline Capelli Vargas
Projeto gráfico: Maria José H. Coelho
Diagramação: Cristiane Cardoso
CAPA: foto PNUD/Yuri Lima
revisão: Regina May de Farias
Conselho Editorial: Cheila Zortéa (FMSS), João
Batista Thomé (UNIVILLE), Márcia Battistella (SDS),
Odilon Faccio (IPP), Rafael Gué Martini e Regina
May de Farias (FMSS).
A secretaria do MNPSC tem
patrocínio de:
Encaminhe suas sugestões:
[email protected]
Tiragem: 3.000
Gráfica: Agnus
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BOLETIM INFORMATIVO - NÓS PODEMOS SANTA CATARINA. No12 ABRIL/MAIO 2013
• Ação da Cidadania• Ação Social São João Evangelista •Associação Empresarial de Itajaí - ACII•Associação Ambientalista Comunitária Espiritualista Patriarca São José•Associação
Catarinense de Conselheiros Tutelares•Associação Construindo a Paz na Escola•Associação Comercial e Industrial
de Florianópolis – ACIF•Associação de Joinville e Região
da Pequena, Média Empresa – AJORPEME•Associação de
Jornais do Interior de SC – ADJORI•Associação de Pais
e Professores EBM João Gonçalves Pinheiro•Associação
Horizontes•Associação Teatral Eternos Aprendizes•Bairro
da Juventude•Baumgarten Gráfica LTDA•Bio Teia Estudos
Ambientais•Caixa Econômica Federal•Campos Novos
Energia S/A – ENERCAN•CELESC•Central Única dos Trabalhadores – CUT•Centro de Integração Empresa–Escola
- CIEE/SC•Comissão OAB Cidadã•Comitê para Democratização da Informática de Santa Catarina – CDI•Complexo
de Ensino Superior de Santa Catarina - CESUSC•Diocese
de Criciúma•Dudalina S.A•ELETROSUL•Energética Barra
Grande S/A – BAESA•Centro Universitário Estácio de
Sá•Federação do Comércio de Santa Catarina - FECOMÉRCIO SC•Federação das Associações Empresariais de
Santa Catarina – FACISC•FUCAS•Fundação Educacional
de Criciúma - UNESC•Fundação Fritz Müller•Fundação
Hospitalar de Blumenau•Fundação Maurício Sirotsky
Sobrinho – FMSS•Fundação Universidade Alto Vale do
Rio do Peixe – UNIARP• Fundação Universidade do
Oeste de Santa Catarina - UNOESC•Fundação Universidade Regional de Blumenau – FURB•Instituto Comunitário de Florianópolis – ICOM•Instituto Consulado da
Mulher• Instituto Crescer – Movimento Cidadania e
Juventude•Instituto Ekko Brasil •Instituto de Geração
de Tecnologias do Conhecimento – IGETECON•Instituto
Guga Kuerten•Instituto Federal de Ciência e Tecnologia
de SC - IFSC•Instituto Primeiro Plano•Instituto Voluntários
em Ação – IVA•Moradia e Cidadania Santa Catarina•
JCI Blumenau Garcia•NEXXERA•ONG Travessia•Plêiade
Consultoria e Desenvolvimento LTDA ME•Portonave S/A – Terminais Portuários de Navegantes•Prefeitura Municipal de
Biguaçu•Prefeitura Municipal de Brusque•Prefeitura Municipal de Itajaí•Prefeitura Municipal de Joinville•PROJETA
Planejamento e Marketing•Prosperitate Consultoria
em Sustentabilidade•Redefinir Logística Reversa•Sec.
de Estado da Assistência Social, Trabalho e Habitação/
Governo SC•Sec. de Estado do Desenvolvimento
Econômico Sustentável/Governo SC•Serviço Social do
Comércio SESC-SC• Secretaria Municipal de Educação
de Blumenau•Secretaria Municipal de Desenvolvimento
Social da PM de Blumenau•Secretaria Municipal do
Sistema Social de Criciúma•Serviço Social da Indústria
SESI/SC•Sociedade Educacional de Santa Catarina –
SOCIESC•Superintendência do Porto de Itajaí•Tractebel
Energia – GDF SUEZ•Transmissão da Cidadania e do
Saber•UNIMED Blumenau•UNIMED Brusque•UNIMED
C a n o i n h a s • U N I M E D C h a p e c ó • U N I M E D G ra n d e
Florianópolis•UNIMED Litoral•UNIMED SC•Universidade
do Vale do Itajaí – UNIVALI•Universidade da Região de
Joinville – UNIVILLE
Parceiros
bem-vindos ao movimento
Confira os novos integrantes
do Nós Podemos SC
Fundação Fritz Müller
“A Fundação Fritz Müller acredita que movimentos que apoiem o desenvolvimento sustentável são essenciais para as organizações que buscam
perenidade em suas ações, e a nossa participação em movimentos como
o Nós Podemos SC e o Pacto Global, do qual já somos signatários, materializam essa nossa crença”.
Prof. Everaldo Artur Grahl, diretor presidente da
Fundação Fritz Müller.
Ação Social São João Evangelista
“Porque acreditamos que juntos nós podemos fazer a diferença, com
pequenas e grandes ações, dignificando a pessoa, a comunidade, a
família; na construção prática de um mundo mais humano, fraterno e
solidário”. Kreize F. S. Machado, assistente social da Ação Social São
João Evangelista.
AGENDE-SE
Lançamento prêmio ODM nos
estados da região sul
21/06 - Porto Alegre
25/06 - Curitiba
10/07 - Florianópolis
A programação e local dos
eventos serão detalhados mais
próximo às datas.
15 a 17/05 - IV Seminário
Estadual de Assistência Social
Pretende possibilitar
a aproximação dos
conhecimentos téoricos
e legais da política de
Assistência Social. Servidores
de Municípios filiados à FECAM
investem R$ 150,00 e demais
participantes, R$ 250.
No Oceania Convention Center,
em Florianópolis/SC.
Inscrições:
http://bit.ly/ZgNk9Q
Nossa Riqueza | As pessoas que fazem o Nós Podemos SC
Motivação
Acredito muito nas pessoas e no poder que há quando elas se unem.
Os ODM nos proporcionam a oportunidade de trabalhar essa união de
forças e isso me encanta profundamente, já que todos os 8 Objetivos
contemplam o bem comum.
Aline Moreira
Gestora de
Sustentabilidade
UNIMED Santa Catarina
Joinville
Ações
Percebo que desperdiçamos recursos intangíveis como o tempo, a
criatividade, as nossas emoções. O processo de alcance dos ODM nos
exige reflexão para a mudança de comportamento, na vida pessoal e
profissional. Precisamos começar a agir de forma mais sustentável nas
relações pessoais e não só nas relações materiais.
Resultados
Você consegue qualquer coisa quando cria relacionamentos saudáveis
com as pessoas, quando cria vínculos. Acredito que o maior resultado
dessas ações é motivar outros para que também se comprometam
com essa causa.
Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Jesus Cristo (Mateus 22:39)
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BOLETIM INFORMATIVO - NÓS PODEMOS SANTA CATARINA. No12 ABRIL/MAIO 2013
odm pós-2015
Objetivos até 2015: e depois?
Encontro destacou importância da busca
por um mundo mais sustentável
Por Aline Calefi Lima*
A Secretaria-Geral da Presidência da República promoveu
no dia 16 de abril, em Brasília, o
evento “Diálogo Social: Agenda
Pós-2015 e Seguimento à Rio+20”.
O evento contou com a participação de ministros, embaixadores,
representantes do PNUD e da
sociedade civil para debater os
Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio (ODM) pós-2015 e a discussão que se iniciou na Rio +20 com
os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS).
“É muito importante a participação de representantes da
sociedade civil para debater o modelo de referência a ser seguido
sobre a continuidade dos ODM e
da Rio +20”, declarou o ministro
da Secretaria Geral da Presidência
da República, Gilberto Carvalho.
Ele destacou a importância do Movimento Nacional pela Cidadania
e Solidariedade/Nós Podemos e
do secretário executivo do Movimento, Rodrigo da Rocha Loures,
neste processo de participação da
sociedade civil.
No início do ano, o Sistema
ONU no Brasil, organizou consultas públicas para o debate sobre
os ODM pós-2015. A população
brasileira também pode participar
através de uma votação on-line.
“A consulta no Brasil foi a mais
abrangente e foram realizadas
oito consultas temáticas e a con-
sulta on-line. Esta agenda precisa
gerar um mundo mais inclusivo,
equitativo e sustentável”, destacou
o representante da ONU no Brasil,
Jorge Chediek.
Consulta nacional
As consultas promovidas pelo Sistema ONU, em parceria com o Movimento Nacional pela Cidadania e
Solidariedade/Nós Podemos terão
dados qualitativos – por meio dos
questionários aplicados e eventos
presenciais - e dados quantitativos
da pesquisa on-line.
“A grande pergunta
dos Objetivos de
Desenvolvimento
Sustentável (ODS) é como
vamos assegurar que em
2050 as pessoas tenham
uma vida sustentável”,
sível, e isso foi possível somente
pela participação do governo, mas
especialmente, da sociedade civil”,
destacou Chediek.
Para o embaixador do Ministério das Relações Exteriores,
André Aranha Corrêa do Lago, os
ODM são a ação mais bem sucedida da ONU nos últimos anos, pois
os governos locais e a sociedade
civil seguiram a causa. Segundo
ele, os ODM foram definidos pelo
Secretário-Geral da ONU e aprovados pelos Estados-membros, sendo
uma decisão tomada de cima para
baixo. Já o processo dos ODS é de
baixo para cima. “Os ODS devem
ser universais, onde todos os países
devem estar envolvidos. Nenhum
país desenvolvido atingiu o desenvolvimento sustentável. A grande
pergunta dos ODS é como vamos
assegurar que em 2050 as pessoas
tenham uma vida sustentável”,
salientou.
André Corrêa do Lago
Foram respondidos 5.198
questionários, sendo que 1.448
da população carcerária do Estado
do Paraná. Foram realizadas cinco
consultas presenciais e 14 consultas com grupos da sociedade civil.
“O Brasil é um exemplo a
nível mundial pelos resultados
alcançados como: redução da
miséria e matriz energética limpa.
O Brasil tem mostrado que é pos-
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BOLETIM INFORMATIVO - NÓS PODEMOS SANTA CATARINA. No12 ABRIL/MAIO 2013
Debates
Durante o encontro, o tema da Rio
+ 20 também foi debatido. Segundo
o embaixador do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Luiz Alberto
Figueiredo Machado, na Rio+20
foi estabelecida a erradicação da
pobreza como motor de todas as
mudanças que o mundo precisa
pós-2015. “O país deverá adotar
um modelo de desenvolvimento
para acabar com a pobreza, mas
PNUD/Yuri Lima
odm pós-2015
Iniciando na esquerda: André Corrêa do Lago, Jorge Chediek, Izabella Teixeira, Antônio Patriota, Gilberto
Carvalho, Tereza Campello, Dal Marcondes, Luiz Alberto Machado e Iara Pietrikovshy.
precisa também contribuir com o
desenvolvimento sustentável (econômico, social e ambiental). O Brasil tem
vários avanços na contribuição para
o desenvolvimento sustentável. Esta
mudança é esperada não somente
pela sociedade brasileira, mas pelos
parceiros internacionais”, destacou
Machado.
ses desenvolvidos deve participar
destas discussões. Caso contrário,
as obrigações recairão sobre os
países em desenvolvimento”,
salientou.
Izabella Teixeira
Já para a ministra de Desenvolvimento Social (MDS),
Tereza Campello, o Brasil é uma
referência na busca de um modelo de desenvolvimento inclusivo.
“Temos que ousar e não pensar
somente em metas. Precisamos
pensar em quais as tecnologias
alternativas e fontes de financiamento podem ser utilizadas”,
completou.
Para a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o documento
final da Rio + 20 influencia na tomada
de decisões de governos e o Brasil
tem um papel de construir e facilitar
o diálogo. “Há um compromisso universal em torno do desenvolvimento
sustentável. As obrigações são de
todos, por isso a sociedade dos paí-
A representante da sociedade civil no encontro, Iara
Pietrikovshy, destacou que a sociedade civil tem oportunidade de
participar dos debates, mas não
recebe um retorno sobre as suas
sugestões. “O grande problema
não são os pobres, mas os ricos.
Como fazê-los participar? Por
“As obrigações são de todos,
por isso a sociedade dos
países desenvolvidos deve
participar destas discussões”,
isso a importância da sociedade
civil participar, porém precisamos
ter uma devolutiva dos debates”,
completou Iara.
* Coordenadora da Regional Sul
do Movimento Nós Podemos.
Participação
Ainda é possível votar na
consulta pública dos ODM
pós-2015. Basta acessar o
site da pesquisa
http://www.myworld2015.
org/?lang=pr
e votar em seis temas,
de um total de 16 que
considera mais importantes
para fazerem parte
da Agenda Global de
Desenvolvimento Pós-2015.
Acesse e participe.
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BOLETIM INFORMATIVO - NÓS PODEMOS SANTA CATARINA. No12 ABRIL/MAIO 2013
odm pós-2015
As empresas catarinenses
e a sustentabilidade
Um convite ao exercício da cidadania empresarial
Por Mário Sérgio Zilli Bacic*
A redução da carga tributária, dos juros e dos
gastos públicos, a promoção da melhoria da infraestrutura, a competitividade das empresas catarinenses,
a promoção do associativismo e o desenvolvimento
sustentável são apenas alguns dos pilares que a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina
vem sustentando ao longo de mais de quatro décadas.
A Facisc representa mais de 27 mil empresas presentes
em 220 municípios de Santa Catarina através de 145 associações empresariais. Estes números só comprovam
toda a capilaridade e a representatividade da Federação
diante do associativismo empresarial catarinense e seu
comprometimento na busca de soluções de alto valor
agregado visando apoiar o desenvolvimento sustentável de Santa Catarina.
Ao assinar o termo de compromisso com o
Movimento Nós Podemos SC, a FACISC assumiu o seu
compromisso em desenvolver ações que possam contribuir para que os Objetivos do Milênio (ODM) tenham
avanços em cumprimento às metas estabelecidas. A
classe empresarial, representada pela Federação tem
papel primordial na execução de ações planejadas, que
possam garantir não apenas o cumprimento de metas,
mas integrar o conjunto de instituições com visão
sistêmica e estratégica. Entidades comprometidas em
fazer com que suas iniciativas formem um conjunto
relevante ao alcance de metas de abrangência global.
...6
Prestes a encerrar o primeiro ciclo de ações
propostos pela ONU, sabemos que muitos ainda são os
desafios a serem superados. Envolver os três setores,
empresas, governo e sociedade, conclamar uma leitura crítica e socialmente responsável para os próximos
e incessantes desafios a serem propostos a partir de
2015, que devem ser pessoais e coletivos, estabelecer
uma leitura local com aplicabilidade global, são apenas algumas colocações que apresentamos a todos os
envolvidos neste importante processo.
Referenciando o ODM 8 “Todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento”, compreendemos que
o papel da FACISC enquanto entidade representativa
está em ser o agente de informação e formação,
conclamando seus associados e públicos de relacionamento. Da união de tal público a força para gerar
ações empresariais capazes de traçar um caminho
possível ao desenvolvimento sustentável em atenção
às inúmeras expressões da questão social que assolam
o planeta em diferentes territorialidades, segmentos,
empreendimentos e culturas. Nosso trabalho de representatividade perpassa o associativismo, envolve
o incentivo e a multiplicação de boas práticas. “Todo
mundo trabalhando pelo desenvolvimento”, este é o
nosso convite e comprometimento no exercício da
cidadania empresarial.
* Vice-presidente de Projetos Especiais da FACISC (Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina).
BOLETIM INFORMATIVO - NÓS PODEMOS SANTA CATARINA. No12 ABRIL/MAIO 2013
ODM pós-2015
Pós-2015
Por uma agenda de desenvolvimento
sustentável relevante e eficaz
Por Iara Pietricovsky*
Para definirmos uma agenda pós-2015 de desenvolvimento sustentável teremos que reverter os
retrocessos pelos quais estamos vivenciando mundialmente. Infelizmente tenho a dizer que o cenário
é desanimador. Estamos com uma lacuna enorme
no que se refere à ausência de vontade política de
colocar em prática os acordos internacionais. Vivemos
uma crise de implementação e não de carência de um
marco decente para que possamos fazer a mudança
de modelo de desenvolvimento.
As chamadas Metas do Milênio foram uma
redução escandalosa de todo um marco de tratados e
convenções internacionais constituídos desde 1992 no
É preciso tirar do primeiro
plano os interesses
econômicos para atingir
a sustentabilidade
Iara Pietricovsky
chamado Ciclo Social da ONU. Os oito objetivos ficaram
devendo e segundo os Relatórios da Social Watch, as
metas não foram atingidas como deveriam se supor.
Como equacionar estes déficits de direitos e fazer com
que os governos operem de fato como mediadores
e fiscalizadores de uma ética pautada pelos Direitos
Humanos, justiça social e sustentabilidade?
Se continuarmos nessa tensão política e econômica, onde os algozes defensores de um modelo
predatório insistem em sua sobrevivência e hegemonia, não conseguiremos alcançar o desenvolvimento
sustentável. O modelo atual demonstra resultados
catastróficos, com mais de um bilhão de pessoas
ameaçadas de morrer de fome. Além de uma distância
muito grande entre os ricos e os pobres, com 70% dos
recursos mundiais desfrutados pelos 20% mais ricos,
enquanto aqueles do quintil inferior ficam somente
com 2%.
A Cúpula dos Povos na Rio+20 denunciou o
fracasso dos resultados obtidos nesta Conferência e
nas COPs de Mudança Climática e da Biodiversidade.
Só podemos mudar esse retrato atual do mundo se
modificarmos a forma de fazer política, com a participação das populações, em especial, aquelas afetadas
pelo modelo de desenvolvimento predatório que
vem sendo implantado no universo. É fundamental
uma mudança de comportamento, de cultura em
relação a nossa forma de produzir e consumir coisas.
Mudar marcos energéticos, apostar em políticas de
preservação dos bens comuns, entre outras. Não
existem dois Planetas e este nosso já vem mostrando
a fragilidade e suas fronteiras. A nossa luta deve ser
pautada pela garantida dos direitos e pela busca de
processos sustentáveis. A agenda Pós-2015 não poderá
deixar os interesses econômicos em primeiro plano,
se isso acontecer, continuaremos regredindo quando
o assunto for sustentabilidade.
*Antropóloga e membro do colegiado de gestão do Instituto de
Estudos Socioeconômicos (INESC) - www.inesc.org.br.
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BOLETIM INFORMATIVO - NÓS PODEMOS SANTA CATARINA. No12 ABRIL/MAIO 2013
ODM PÓS-2015
O desafio da agenda de
sustentabilidade para o setor privado
Por Márcia Soares *
Faltam menos de dois anos para terminar o
prazo dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
(ODM) e os últimos relatórios mostram que ainda há
muito a avançar para o cumprimento de tais metas.
Diante deste panorama, a discussão do momento
gira em torno de definir o que será o compromisso
pós-2015.
Vários movimentos e campanhas foram desenvolvidos para sensibilizar as empresas para os ODM,
com destaque para as lideradas pelo Instituto Ethos,
que entre outras ações lançou uma publicação intitulada O Compromisso das Empresas com as Metas
do Milênio, na qual relaciona os princípios dos ODM
com os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social
Empresarial.
Em Santa Catarina, o Observatório do Desenvolvimento Regional da Universidade Regional de Blumenau (FURB) lançou uma cartilha que busca divulgar os
ODM e estimular o envolvimento das empresas neste
compromisso. Outro exemplo.
Dentre os temas dos ODM, o que remete à
sustentabilidade ambiental despontou como um dos
mais estruturantes, apontado pelo próprio Grupo de
Trabalho da ONU para a Agenda de Desenvolvimento
Pós-2015. A Rio+20 veio para reafirmar essa tendência,
mostrando que a sustentabilidade ambiental é um
...8
Acesse a
cartilha
sobre ODM
e Empresas
em SC em:
http://bit.ly/
ZXh5rY
componente fundamental para chegarmos ao futuro
que queremos.
Seja pela motivação de campanhas, pela preocupação com reputação, para melhorar a aceitação
de seus produtos pelos consumidores, ou mesmo
pela obrigatoriedade legal, as empresas estão se estruturando e cada vez mais consideram as questões
socioambientais em seus processos. Buscam diminuir
seus impactos no planeta. Algumas foram além da
lógica da compensação e já conseguem perceber
uma oportunidade de negócio e agregação de valor
nesta mudança.
O presidente da Puma, Jochem Zeitz, contratou
um estudo no qual mensura o impacto das atividades
da empresa sobre os recursos naturais (lixo, água,
gases de efeito estufa, poluição do ar, destruição de
biodiversidade, erosão do solo...), em toda a cadeia de
valor. Se fossem obrigados a compensar todo o impacto causado pela empresa precisariam desembolsar
algo em torno de 145 milhões de euros, ou seja, mais
da metade do lucro da empresa em 2010.
O estudo derivou no movimento chamado Environmental Profit & Losses (ou EP&L, Lucros & Perdas
Ambientais), liderado pelo próprio Zeitz, que busca
desenvolver uma contabilidade para mensurar o capital
natural. Também resultou em maior investimento em
Acesse O Compromisso
das Empresas com as
Metas do Milênio volume 1 - em:
http://bit.ly/YZPaux
e o volume 2 em:
http://bit ly/13aODJG
BOLETIM INFORMATIVO - NÓS PODEMOS SANTA CATARINA. No12 ABRIL/MAIO 2013
Acesse o
Environmental
Profit & Loss
Account da
Puma em:
http://bit.ly/
YsbLwg
ODM PÓS-2015
Márcia Soares
inovação tecnológica pela Puma, em busca de reduzir
os custos socioambientais. No ano passado a empresa
lançou um tênis e uma camiseta com toda a redução de
impactos ligados à sua produção e uso quantificados.
Exemplos como este mostram que as organizações rumam para identificar seus impactos negativos e
neutralizá-los, além de gerenciarem riscos e mapearem
oportunidades. Estudo da consultoria McKinsey diz que
53% dos CEOs das grandes empresas já se preocupam
com perdas da biodiversidade.
Para além de mitigar os impactos socioambientais causados pelo seu negócio, a mineradora Vale,
segunda maior do mundo, lançou em 2009 um fundo
para desenvolvimento de projetos e iniciativas sustentáveis na Amazônia. A ideia era deixar uma contribuição
para o planeta, sem vínculo com seus negócios. O Fundo Vale hoje já conta com um portfólio de 28 projetos
apoiados, com mais de R$ 70 milhões comprometidos
em ações de combate ao desmatamento e promoção
de uma nova economia.
Como bem disse o empresário Jorge Gerdau
Johannpeter em um evento, ao ser questionado sobre o papel das empresas na sustentabilidade: “Ainda
separamos a sustentabilidade social da econômica e
da ambiental. Mas, no longo prazo, a sustentabilidade
econômica não existe sem a sustentabilidade ambiental. Não incorporamos esse raciocínio ainda”.
Não há como voltar atrás. A agenda de sustentabilidade entrou definitivamente para o cotidiano das
empresas e as colocam de frente a um grande desafio:
adaptar seus processos para diminuir o impacto e agregar valor ao negócio com investimentos socioambientais. Se considerarmos o poder econômico e político
deste segmento, há um grande potencial de ganho
para o bem da humanidade ainda pouco aproveitado.
Apesar de difícil, é um caminho sem volta.
* Márcia Soares é graduada em Comunicação Social pela UFF e mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ. Atua há 17 anos
na área ambiental, em jornalismo, comunicação corporativa e de projetos. Já trabalhou na Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ) e no Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), entre outras organizações. Colaborou como freelancer em vários veículos
especializados e desde 2000 faz parte da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental. Atualmente coordena a área de gestão da informação
do Fundo Vale.
...9
BOLETIM INFORMATIVO - NÓS PODEMOS SANTA CATARINA. No12 ABRIL/MAIO 2013
INTERATIVIDADE
Dicas para o milênio
Links, Aplicativos, Cultura e Produtos
para ajudar nas metas do milênio
Cartilha
Guia de Permacultura para
Administradores de Parques
Iniciativa da Prefeitura Municipal de São Paulo e da UMAPAZ,
motivado pelo desejo de expansão e integração das áreas
verdes nos ambientes urbanos. Apresenta algumas técnicas de construção, gestão e manutenção que possibilitam
desenhar modelos sustentáveis, econômicos e facilmente
replicáveis, que sirvam de exemplos tanto para as políticas de governo, quanto para a sociedade civil e empresas. Baixe a versão em
pdf aqui: http://bit.ly/MKCovG
Brinquedo
Jogo da Carta da Terra
Site
Filme
A era da estupidez
O filme de Franny Armstrong
se passa em 2055 e conta uma
história que mistura elementos
de ficção, animações ilustrativas e realidade. Em um grande
arquivo isolado no Ártico
está guardado todo o conhecimento produzido
pela humanidade e o
arquivista que conduz a
narrativa do filme, questiona nossa capacidade
de ação. A trama mostra
histórias paralelas – e
reais – sobre a indústria de combustíveis fósseis,
desperdício, pobreza, crianças
que convivem com guerras e
derretimento de geleiras.
Assista online:
http://bit.ly/115w2uz
CONJUVE
O Conselho Nacional de Juventude, vinculado ao Programa
Nacional de Inclusão de Jovens
(Projovem), formula e propõe diretrizes voltadas para as políticas públicas
de juventude,
desenvolve
estudos e pesquisas sobre
a re a l i d a d e
socioeconômica dos jovens e
promove o intercâmbio entre as
organizações juvenis nacionais
e internacionais. Conta com
representantes dos movimentos juvenis, organizações não
governamentais, especialistas
e personalidades com reconhecimento público pelo trabalho
que executam nessa área. Visite:
Realizado pelo Instituto Harmonia na Terra em parceria com
o Coopera Brasil, estimula os
jogadores a compartilhar suas
experiências pessoais, protagonizarem ações socioambientais
e desfrutarem de uma atmosfera
cooperativa em momentos de
alegria e aprendizado. O tabuleiro é um mosaico de biomas
e representa a vasta diversidade
biológica e cultural do planeta.
Seu conteúdo é inspirado nos
quatro princípios da Carta da
Terra: respeitar e cuidar da comunidade de vida; integridade
ecológica; justiça social e econômica; democracia, não violência
e paz. Mais informações:
www.juventude.gov.br/conjuve/
http://bit.ly/XCbERl
...10
BOLETIM INFORMATIVO - NÓS PODEMOS SANTA CATARINA. No12 ABRIL/MAIO 2013
ODM pós-2015
Os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável
Entrevista exclusiva com o embaixador André Corrêa do Lago
Divulgação/Itamaraty
temos que começar mudando a maneira como os ricos
se desenvolvem.
Se os ODS forem voluntários, como incentivar os
países a cumprirem os objetivos?
ACL - A opinião sobre objetivos voluntários mudou
muito depois da experiência dos ODM. Quando os
ODM foram criados, muitos acharam que não seriam
cumpridos porque eram voluntários. Mas, por serem
muito simples, foram adotados pela sociedade civil e
também pelos governos locais. Isso criou uma dinâmica que os ODS querem aproveitar. A adesão voluntária
diminui a pressão, mas cria um incentivo.
Seria possível uma classe média mundial?
Por Rafael Gué Martini
Confira entrevista com o embaixador André Corrêa do
Lago (ACL), representante do Brasil no grupo de especialistas internacionais que vão elaborar os Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Podemos afirmar que os ODS são o seguimento
dos ODM? Qual é a diferença entre eles?
ACL - Há uma diferença básica entre os dois. Os ODM
foram desenvolvidos pela ONU e os ODS tem que
ser desenvolvidos e aprovados pelos países. Isso tem
provocado uma certa complexidade na preparação dos
ODS. Mas não é só isso. Os seis primeiros ODM já não
existem no mundo desenvolvido, enquanto a ideia dos
ODS é serem universais e aplicáveis a todos os países.
Os ODS devem incentivar mudanças estruturais no
padrão do que é desenvolvimento no mundo, para
passarmos ao desenvolvimento sustentável. Nenhum
país já atingiu a sustentabilidade, portanto todos nós
temos que nos esforçar para isso. Nos ODS quem terá
que se esforçar mais são os países desenvolvidos,
porque foram eles que estabeleceram os padrões
atuais de produção e consumo. São eles que tem
um grau de poluição e complexidade, em relação às
dimensões ambiental e econômica, mais significativo
no mundo. Para resolvermos os problemas mundiais
ACL - Isso é um desafio muito grande. Temos que partir,
não dos limites do planeta, mas de qual vai ser o pico da
população mundial. Os estudos apontam que a população
vai crescer até 2050, se aproximando dos 10 bilhões. Então
temos que bolar este mundo sustentável de maneira a
assegurar que esta população possa ter uma vida digna,
confortável e plena em 2050. A partir deste número calcular
que necessidades seriam essenciais para chegarmos a
uma classe média. Tem que ser uma agenda positiva. A
tecnologia já pode eliminar a pobreza. As pessoas vão viver
melhor, mas temos que investir em tecnologia para que
isso aconteça. Acredito que este crescimento do número
de consumidores vai ajudar a disseminar as tecnologias.
Como a sociedade pode acompanhar este processo?
ACL - O governo quer que a evolução das negociações
seja acompanhada dentro do Brasil, por isso serão feitas diversas consultas como a que aconteceu neste mês
em Brasília. Os ODM são organizados pelo secretariado
da ONU e os ODS pelo grupo da Rio +20 e pelos governos dos países. Como eles vão se encontrar ainda está
em aberto. Mas é da maior importância que possamos
repetir a forma como foram abraçados os ODM. O Desenvolvimento Sustentável não pode ser promovido por
decreto, ele precisa que a sociedade civil, empresários
e governos locais abracem essa agenda.
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BOLETIM INFORMATIVO - NÓS PODEMOS SANTA CATARINA. No12 ABRIL/MAIO 2013
Nações unidas
odm pós-2015
Agenda pós-2015
A construção do futuro que queremos
Por Jorge Chediek*
Desde a adoção da Declaração do
Milênio de 2000 por todos os Estados-Membros da Organização das Nações
Unidas, o mundo assumiu o compromisso
de alcançar, até 2015, os oito Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODM). Com
isso, os ODM passaram a definir um marco
comum de prioridades para a comunidade
internacional. Ao longo destes anos, o Brasil
ganhou posição de destaque entre os protagonistas na adoção de políticas e iniciativas
em prol do alcance destas metas.
Com o prazo de 2015 se aproximando rapidamente, o Secretário-Geral da
ONU convocou a realização de consultas
abertas e inclusivas, com o objetivo de
levantar as prioridades sobre a agenda de
desenvolvimento e as possíveis soluções
para os principais problemas globais. Desde
então, o Sistema ONU esteve incumbido
de estimular este debate
global e organizar uma
nova agenda de desenvolvimento pós-2015.
No Brasil foram
realizadas
14 consultas
presenciais, cinco
encontros regionais
e coletados mais de
3.800 questionários
qualitativos.
O Brasil foi um dos 50 países escolhidos para realizar esta consulta no âmbito
nacional, e outros 26 países se candidataram
espontaneamente para participar deste processo. O processo das consultas brasileiras,
iniciado em dezembro de 2012, foi coordenado pela ONU – sob a liderança do PNUD
– em parceria com a Secretaria Geral da
Presidência. Foram 14 consultas presenciais,
agregando grupos específicos da sociedade civil: juventude, refugiados, travestis e
transexuais, indígenas, afrodescendentes,
pessoas em situação de rua, jovens mulheres, centrais sindicais, entre outras. Também,
com apoio do Movimento Nós Podemos,
foram realizados cinco encontros regionais,
com grande diversidade de setores, grupos
e classes sociais, além da participação dos
governos estaduais.
Além disso, foram coletados mais de
3.800 questionários qualitativos, englobando
os mais diversos segmentos da sociedade
brasileira: cidadãos, movimentos sociais,
ONGs, empresas, universidades e muitos
outros grupos. Na consulta on-line, até meados de abril, o Brasil estava como segundo
colocado com maior número de votos, atrás
apenas da Nigéria.
Este complexo processo de consulta
nacional, além de gerar dados relevantes
para o desenvolvimento de programas
nacionais e internacionais, é também um
importante mecanismo de participação e
engajamento social. O relatório final contendo os resultados deste esforço coletivo será
enviado ainda em maio à sede das Nações
Unidas por todos os países envolvidos, mas
o rico diálogo gerado pelas consultas deverá
continuar não só para o desenvolvimento
da agenda global, mas também para a sua
implementação no pós-2015.
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* Representante Residente, PNUD Brasil. Coordenador Residente, Sistema ONU Brasil
BOLETIM INFORMATIVO - NÓS PODEMOS SANTA CATARINA. No12 ABRIL/MAIO 2013
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Abril 2013 - Nós Podemos