A ECONOMIA BRASILEIRA, GLOBALIZAÇÃO E NOVAS PRÁTICAS DE
ENSINO.
JOSE EDUARDO AMATO BALIAN
Fundação Armando Alvares Penteado – FAAP
Faculdade de Administração de Empresas
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RESUMO
O Brasil tem sofrido grandes transformações em sua economia desde 1990 com a
administração conturbada do Presidente Fernando Collor de Mello. Os reflexos desta
gestão são sentidos na performance de resultados dos setores público e privado até
os dias de hoje.
As Escolas de Administração de Empresas a partir do início da década de 90 se
modificaram e assumiram um papel ainda mais relevante na formação de executivos se
compararmos a períodos anteriores.
Este artigo trata destas mudanças, ou seja, de como a administração do Brasil se
transformou nestes 8 anos exigindo novas posturas do administrador, seja na gestão
de recursos públicos ou na de fatores de produção privados.
E, quais as novas exigências e dificuldades do ensino para capacitar profissionais a
vencer o desafio de trabalhar em equipe, ser multifuncional e ao mesmo tempo obter
resultados para suas organizações.
Se
não bastassem estas dificuldades, nossa economia está inserida num mundo
globalizado, com mercados integrados e parceiros comerciais cada vez mais fortes.
Este trabalho não
discussão do mesmo.
pretende esgotar o assunto e sim contribuir
com
idéias para a
ABSTRACT
Brazil has suffer great transformations on its economy since 1990 , with the
disturbed administration of the President Collor. The reflections of his administration
are seen in the performance of results of the public and private sections till
nowadays.
The Business Schools since the
beguining of the nineties , has changed and
assumed an expressive place in the formation of executives, if compared to previons
periods.
This article treats of this changings, or how the administration of Brazil has been
transformed in the last 8 years, claiming for new atitudes of the administrator , in
the management of the public and private resorts.
And, so, there are new demandings and dificulties to teach to professionals to win
the challenge of working in a group , be an multifunctional worker and , at the
same time, have results for the organization.
Also, our economy is globalized, it has integrated markets , and trading associations
even more stronger.
This work doesn’t mean to finish here , but open new ideas for move discussions
abaut.
ÁREA TEMÁTICA: COMPETENCIAS HUMANAS E MATERIAIS
1 - A TRANSFORMAÇÃO ECONÔMICA
Na década de 80, convivíamos com altas taxas de inflação; baixo crescimento do PIB;
indexação econômica através da correção monetária sobre preços públicos, privados
e aplicações financeiras. Nossa economia era fechada a produtos estrangeiros e
sofríamos com a forte atuação de oligopólios e monopólios controlando preços e
salários.
O sequestro monetário da administração Collor foi um marco na administração
pública e privada do país. Somado ao início da abertura econômica e do processo de
privatização de estatais, o cenário brasileiro começa a se modificar.
TABELA 1 - Variações percentuais de Preços (IGP) e do Nível de Atividade
Industrial (INA) nas décadas de 80 e 90.
Anos IGP – IBGE
INA – FIESP
1980
110,2
6,1
1981
95,2
-8,8
1982
99,7
0,6
1983
211,0
- 2,7
1984
223,8
7,5
1985
235,1
11,4
1986
65,0
12,3
1987
415,8
- 0,6
1988
1.037,6
- 0,2
1989
1.782,9
1,4
1990
1.476,6
-11,3
1991
480,2
-1,2
1992
1.158,0
- 4,7
1993
2.708,6
11,7
1994
1.093,8
7,9
1995
14,78
3,6
1996
9,34
7,5
1997
7,48
7,3
Fonte: conjuntura econômica.
Na primeira metade da década de 90, a inflação começa a declinar; elimina-se a
indexação e a correção monetária; a partir do setor automobilístico o Brasil abre sua
economia ao mercado externo; inicia-se o processo de privatização de estatais e com
mais produtos importados aumenta-se a concorrência interna.
Apresentamos abaixo um resumo dos principais ítens
economia brasileira nas décadas de 80 e 90.
conjunturais que mudaram a
TABELA 2 - Conjuntura Econômica.
REALIDADE DA DÉCADA DE 80
Alta inflação
Pequeno crescimento econômico
Indexação e correção monetária
Economia fechada
Estatais fortes
Concorrência interna fraca
REALIDADE DA DÉCADA DE 90
Baixa inflação
Pequeno crescimento econômico
Fim da indexação e correção
monetária
Economia aberta
Início do processo de privatizações
Concorrência interna forte
Da conjuntura econômica do país à política de negócios da empresa muita coisa se
alterou e o primeiro agente a mudar sua postura administrativa foi a empresa.
VOCÊ RECORDA OS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS DA DÉCADA DE 80?
As empresas não tinham preocupação com preços dos produtos e serviços pois,
mensalmente alteravam a tabela com percentuais iguais ou até maiores aos da
inflação o que permitia incobrir problemas gerenciais de todos os tipos.
CUSTOS ? Que bobagem ! Para que se preocupar ? Reajustar a tabela de preços é
mais fácil.
CONTABILIDADE ? Se não fosse o fisco e as exigências legais era um departamento
que poderia ser extinto em nossas organizações.
As empresas auferiam LUCROS FINANCEIROS em volume maior do que LUCROS
OPERACIONAIS.
Na primeira metade da década de 90, o contexto se modifica, a redução do lucro
financeiro associado à queda da inflação e a baixa liquidez da economia fazem com
que as empresas a partir de então, tivessem que sobreviver obtendo lucros
operacionais, isto é, do seu negócio.
Programas de Produtividade e Qualidade ganham força, escritórios, sedes, fábricas são fechadas, negócios
concentrados, o comércio sofre muito. Vimos grandes magazines cresceram velozmente na década de 80
baseados na correção monetária e no lucro financeiro.
Infelizmente, com a mesma velocidade de crescimento estas organizações tem
diminuido de tamanho, faliram ou foram vendidas (o processo não terminou).
O
setor
privado
se
ajustou,
encolheu, obteve lucro operacional, melhorou a
produtividade e sofreu com a concorrência dos produtos importados. Setores como o
textil e de calçados são duramente atingidos e outros como o automobilístico reagem
melhor à competitividade externa num primeiro momento.
Contabilidade, custos e preços, que estavam fora ‘de moda’ nos anos 80, agora mais
do que nunca tem papel fundamental na gerência dos negócios, na medida em que
fornecem (sempre forneceram) informações gerenciais para tomada de decisões.
Nos anos 90, a tônica não é aumentar preços mas sim reduzi-los. Nossas empresas
passaram 10 anos sem se preocupar com custos e reajustando preços mensalmente
sem dificuldade, porém, desde 94 com o Plano Real , o fim da inflação, da
indexação e da correção monetária , os preços passam a ser uma arma competitiva.
TABELA. 3 - Princípios Administrativos
NA DÉCADA DE 80
Reajuste mensal de preços
Sem preocupação com custos
Lucros financ.> Lucros operacionais
Preços com enfoque secundário
Contabilidade com fins fiscais
NA DÉCADA DE 90
Reajuste de preços para baixo
Alta preocupação com custos
Lucros operac. > Lucros financeiros
Preços como arma competitiva
Contabilidade com fins gerenciais
Podemos fazer uma analogia entre a administração pública e privada, pois os preços
das tarifas se estabilizaram; o imposto inflacionário junto com o ‘lucro’ das
aplicações
financeiras
cessou
e não resta outra alternativa aos dirigentes senão
‘sobreviver do lucro do seu negócio’, isto é , melhorar a qualidade de vida da
população investindo em saúde, educação e transporte.
Parece fácil, mas não é, as reformas administrativa, fiscal e da previdência são
fundamentais para equacionar as contas públicas e permitir aos nosso representantes
eleitos investir adequadamente os impostos arrecadados.
2 - GLOBALIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO DE MERCADOS
COMO VOCÊ REAGE FRENTE A UMA CRISE DE VENDAS ?
Culpa a conjuntura econômica do país ?, os concorrentes ?, a crise asiática ?, ou a
quem mais ? O fato é que nem sempre nos responsabilizamos pelas dificuldades. Em
muitos casos falta-nos humildade ou a percepção de nossas deficiências como
executivos.
O administrador deve ter tido a oportunidade de adiquirir o conhecimento e ter sido
treinado
em
relacionar a conjuntura econômica com ambiente de negócios
da
organização, de modo a estabelecer estratégias para a mesma.
Com este enfoque, uma crise seja ela de vendas ou de origem administrativa pode
ser
encarada
como
uma
oportunidade de crescimento ou uma ameaça a sua
sobrevivência. É importante levar em conta os ‘dois lados da moeda’.
A Escola de Administração de vanguarda é o ambiente propício para a formação do
indivíduo com essa excelência profissional.
A globalização e integração de mercados em blocos econômicos é uma realidade que
não tem volta e pode ser encarada como uma ameaça às organizações ou uma
oportunidade de novos negócios para as mesmas.
Entre as ameaças podemos destacar, o acirramento da competitividade no mercado
local; o curto espaço de tempo para se tornar competitivo; a falta de recursos para
investimentos; a
rápida mobilidade de capital (dinheiro, mão de obra, máquinas e
equipamentos) e a diferença tecnológica que prejudica os países em desenvolvimento
(maiores taxas de desemprego e redução do número de empresas).
Por outro lado,
surgem novas oportunidades dentre as quais a ampliação dos
mercados; a troca de know-how administrativo, tecnológico e fabril; a contratação de
tecnologia de ponta mais fácil; a mobilidade de capital e o aumento da qualidade
dos produtos e serviços oferecidos aos mercados.
A tabela abaixo resume as ameaças e oportunidades das organizações frente o processo de globalização
e integração de mercados.
TABELA 4 – Ameaças e Oportunidades da Globalização e Integração de Mercados
AMEAÇAS
Maior competitividade no mercado local
Curto espaço de tempo para competitividade
Falta de recursos para investimento
Diferença tecnológica entre países
Baixa qualidade e produtividade
Mobilidade de capital
OPORTUNIDADES
Ampliação dos mercados
Troca de know-how
Contratação de tecnologia mais fácil
Menor diferença tecnológica entre os países
Alta qualidade e produtividade
Mobilidade de capital
3 – AS NOVAS POSTURAS DE ENSINO
No contexto de mudanças e alta competitividade em que vivemos a melhor
contribuição que a Escola pode proporcionar aos seus estudantes é ensina-los a
aprender, a estudar, a ser tornarem quase que auto-didatas.
A partir de um conhecimento básico sobre o assunto o estudante, ou melhor, o
profissional competitivo precisa ter a capacidade de se auto desenvolver. Isto implica
em
ler
regularmente,
saber interpretar um texto, ter desenvolvimento crítico e
criatividade.
Relacionamos a seguir alguns fatores que acreditamos que a Escola de Vanguarda
deva possuir para transformar o estudante num profissional vencedor.
TABELA 5 – A Escola tradicional e de Vanguarda
ESCOLA TRADICIONAL
REPRODUZ CONHECIMENTO
ESCOLA DE VANGUARDA
REPRODUZ
CONHECIMENTO
E
DESENVOLVE PESQUISAS.
CURSO EMINENTEMENTE TEÓRICO
CURSO TEÓRICO E PRÁTICO - agregado
a escritórios de atendimento de casos reais,
por ex. empresa junior
PROFISSIONAIS LECIONANDO – ênfase PROFISSIONAIS EDUCANDO – ênfase no
nos conhecimentos práticos
conhecimento
prático
somado
ao
pedagógico.
PROFESSORES HORISTAS – envolvidos PROFESSORES DEDICADOS - com carga
exclusivamente em sala de aula.
horária diferenciada, por ex, pesquisa,
desenvolvimento e de avaliação.
AULA TRADICIONAL – somente no AULA DE VANGUARDA - no campus e
campus escolar
em laboratórios externos, por ex. bibliotecas,
empresas e bolsas.
AULAS EXPOSITIVAS
AULAS INTERATIVAS baseadas em
estudos de casos.
SALAS CHEIAS DE ESTUDANTES
SALAS COM POUCOS ESTUDANTES.
A Escola de ponta deve além de reproduzir conhecimento desenvolver pesquisas de
modo a criar um ambiente que envolva as pessoas na produção do mesmo. O
ambiente em si é quase mais importante que a produção científica, ou ele leva à
produção mais fácil.
A Escola deve ter um vínculo de ligação com o mercado de trabalho como se
fosse um termômetro para sentir a objetividade de seus ensinamentos e permitir que
o estudante antes de se formar adiquira experiência prática.
Dentre as novas práticas
de casos e que sejam
laboratório externo com
visitas a empresas, a bolsa
de ensino devemos ter aulas interativas com base em estudo
ministradas até fora do campus escolar, ou seja, num
o envolvimento no processo de ensino de bibliotecas,
de valores, incubadoras, etc...
O professor, o elo de ligação entre o mercado e o estudante deve equilibrar seus
conhecimentos práticos com os fundamentos pedagógicos e didáticos de ensino.
Nem sempre um professor-doutor atende este requisito e o grande desafio dos
diretores de cursos será de montar e manter uma equipe equilibrada entre a teoria e
a prática da administração de empresas.
Finalmente,
para
que o profissional tenha capacidade de relacionar a conjuntura
econômica com o política de negócios da empresa seja pensando na sua estratégia,
em questões da área financeira, mercadológica, de produção ou de recursos humanos
necessita ter passado por um curso que efetivamente lhe desenvolveu pessoal e
profissionamente.
A Escola Tradicional não tem esta habilidade , daí a necessidade das Escolas
brasileiras de Administração de Empresas se transformarem e atingirem o nível de um
centro pensante que somente a Escola de Vanguarda possui.
Este objetivo só será atingido quando houver
professores, estudantes, dirigente e funcionários.
harmonia
entre
o
trabalho
de
4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
A idéia de que o homem primeiro estuda, depois trabalha para posteriormente se
aposentar está ultrapassada. Formação e desenvolvimento profissional caminham juntos,
num só processo exigindo uma educação permanente.
A Escola de Vanguarda que imaginamos no presente valoriza a auto aprendizagem, o
knwledge worker, o empowerment, as learning organization, a educação continuada.
0Para transformar informação em conhecimento, o estudante deverá desenvolver sua
capacidade em aprender a aprender e a Escola de Vanguarda deverá além de
estimula-lo criar condições para isto.
Dentre as habilidades exigidas pelos administradores atuais destacamos o Trabalho
em Equipe , através do qual deverá ser capaz de atuar de forma interativa em prol
dos objetivos comuns e compreender a importância
da
complementariedade das
ações coletivas.
Habilidade na Tomada de Decisão, na medida em que deverá ser capaz de ordenar
atividades e programas , assumir riscos e decidir entre alternativas.
Por fim, a Visão Sistêmica e Estratégica para que possa demonstrar a compreensão do
todo, de modo integrado e sitêmico , bem como suas relações com o ambiente.
BIBLIOGRAFIA
Brigges, Willian. As empresas também precisam de terapia. - São Paulo: Editora Gente,
1998.
Mayers, Isabel Bridgis. Ser humano é ser diferente. - São Paulo: Editora Gente, 1997.
Frezatti, Fabio. Gestão de fluxo de caixa diário. - São Paulo: Editora Atlas, 1997.
Di Augustini, Carlos Alberto. Capital de Giro. - São Paulo: Editora Atlas, 1996.
Maital, Shomo. Economia para executivos. - Rio de Janeiro.: Editora Campus, 1996.
Clark,K; Clark, M. e Campbell, P. (edotors). Impact of leadership. - Greensboro, North
Carolina: Center for creative leadership, 1992.
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