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Edições
PONTE LIMA
Junho 2006
D
Destaque
Roteiro turístico
de Ponte de Lima
Ambiente
Paisagem protegida
das Lagoas
Esta revista é distribuída a nivel nacional com o jornal Público de 12.06.06 e não pode ser vendida separadamente
Rotas
Ecovias à beira
do Lima
Paixões
Os jardins de
Ponte de Lima
Evasões
Quinta de Pentieiros
Cultura
Festival de Ópera
de Ponte de Lima
Francisco
de Calheiros
Festival de Jardins
é projecto inspirador
Daniel Campelo
A beleza é imagem
de marca
de Ponte de Lima
À
descoberta
Terra Rica
da Humanidade
da
Destacável Festival Internacional de Jardins
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Vai ser notícia...
16 a 18 Setembro
Feiras Novas
celebram 180 anos
14 de Junho
Vaca das Cordas
Foto: Carlos Martins
O dia 14 de Junho é dia de festa brava em
Ponte de Lima. Cumprindo uma tradição
secular, a Vaca das Cordas sai à rua na
véspera do Dia de Corpo de Cristo, no final
da tarde (18h) para um longo périplo pela
vila que começa na Casa de Nossa Senhora
da Aurora e seguida de uma praxe
obrigatória: três voltas ao edifício da Igreja
Matriz, finalizando com as correrias e
atropelos no areal junto ao rio Lima.
Perde-se na poeira dos tempos esta corrida
que se faz no meio de muita algazarra,
correrias, sustos e trambolhões
e termina ao pôr do sol.
Nos dias 16, 17 e 18 de Setembro
decorrem em Ponte de Lima as
tradicionais Feiras Novas que este ano
celebram 180 anos de existência. Foram
criadas em 1826 por D. Pedro IV que
baseou a sua autorização no pedido de
três dias de feira para comércio e maior
veneração de Nossa Senhora das Dores,
cuja imagem é venerada em altar próprio
na Igreja Matriz. Popularizou-se a
designação de Feiras Novas para as
distinguir das antigas feiras quinzenais.
Com feira de gado, corrida de garranos,
Maio de 2007
Feira Nacional
do Cavalo em
Ponte de Lima
Foto: Lethes
Em Maio de 2007 vai decorrer a
primeira edição da Feira
Nacional do Cavalo de Ponte de
Lima. Estará em destaque a raça
garrana que tem como habitat
principal a região do Minho,
sendo uma das três raças de
equinos autóctones de Portugal a
par da Lusitana e da Sorraia. Esta
nova Feira da Primavera
inscreve-se nas tradições
equestres da vila e do concelho,
animadas por corridas de cavalos
e múltiplas actividades
promovidas pelo centro equestre
e pela escola de equitação.
8 a 22 de Julho
Festival de Ópera
A 3ª edição do Festival de Ópera e de Música Clássica de Ponte de Lima vai
decorrer entre 8 e 22 de Julho com um programa preenchido por concertos vocais e
instrumentais e três representações da ópera Don Giovanni, de Mozart. Duas
dezenas de artistas estrangeiros, de renome internacional, e o London Bridge
Ensemble apresentar-se-ão ao lado de músicos portugueses nesta iniciativa da
Associação Cultural do Norte de Portugal - Ópera Faber. A Vila mais antiga de
Portugal proporciona cenários de notável riqueza patrimonial e paisagística aos
espectáculos musicais que decorrerão em diversos espaços públicos e privados
nomeadamente no Festival Internacional de Jardins, Teatro Diogo Bernardes, Villa
Moraes e Paço de Calheiros. Antes, pode vêr uma pequena amostra do que vai
ser este Festival, já no dia 29 de Junho, na Casa da Música no Porto, com Katarina
Jovanovich, Niall Chorell e Johannes Schmidt do elenco da nova produção da
Ópera Faber, Don Giovanni de Mozart, com Joana David ao piano.
18
cortejo e arraial, estas festas do concelho
foram marcadas no documento régio
para 19, 20 e 21 de Setembro;
há 50 anos fixou-se a sua realização
no terceiro fim de semana do mesmo
mês, entre sábado e segunda-feira.
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s e S. Pedro de Arcos
ia Internacional.
Foto: João Robalo
Quem deseje visitar
a área das Lagoas
encontra no Centro
de Interpretação
Ambiental abundante
documentação
e áudio-guias, com a
descrição detalhada dos
percursos e rotas.
dotada de postos de observação, estende-se por
25 quilómetros, integrando a Ecovia para
trânsito pedonal e velocípedes sem motor que
liga a Área de Paisagem Protegida à Vila de
Ponte de Lima. Para alojamento do tipo turismo de natureza existe a Casa do Cuco, com
capacidade para acolher grupos de 10 pessoas.
Além dos percursos pedestres, de BTT e das
visitas guiadas, existem outras actividades como a observação da flora e da fauna - diurna e
nocturna - e das estrelas, participação em limpezas florestais e plantação de árvores. Um
telefone SOS funciona 24 horas por dia.
e excelência
de crianças e jovens que ali vão para
contactar com as actividades rurais aprender a vindimar, a alimentar e limpar
os animais, a tosquiar ovelhas, a controlar
colmeias e a recolher cera, a construir
ninhos, cercas e hortas. Existem na quinta
vários exemplares das raças bovinas,
póneis, muitas ovelhas, cabras, patos e
aves de capoeira.
DANIEL CAMPELO
A BELEZA É IMAGEM
DE MARCA
DE PONTE DE LIMA
«A minha preocupação com o ambiente corresponde
a uma estratégia de desenvolvimento em que a beleza
e a estética assumem um papel fundamental, são a
imagem de marca do concelho», diz Daniel
Campelo, presidente da Câmara Municipal de Ponte
de Lima. «Há que atrair o visitante com uma
primeira impressão, de beleza, para o motivar a
descobrir e conhecer os conteúdos, que são o
património e a paisagem», diz o autarca, sublinhando
que além de constituir uma estratégia de desenvolvimento para a vila e para o concelho de Ponte de
Lima, o ambiente é uma necessidade absoluta para o
país e para o mundo. Por isso, explica Daniel Campelo
«queremos fazer da Área Protegida das Lagoas e da
Quinta de Pentieiros escolas de ambiente numa
perspectiva pedagógica que privilegia a aprendizagem das crianças mas que se destina também à
sensibilização dos adultos. Escolas onde se fala da
cultura dos nossos antepassados, da cultura da
actualidade e da preservação de todos esses valores
como uma riqueza, um valor económico».
A Quinta de Pentieiros poderá, segundo o edil de
Ponte de Lima, tornar-se um projecto auto-sustentável dentro de pouco tempo, mas isso não é o
fundamental, assegura. «Este projecto é uma escola e
o lucro de uma escola não se mede em termos
monetários, mas sim pelos efeitos positivos que
produz na sociedade a curto, médio e longo prazo».
Sobre a Área protegida das Lagoas, Daniel Campelo
considera que a sua recente declaração como zona
húmida de importância internacional é mais um
passo na sua afirmação e visibilidade. A Área
protegida, em que se pretende manter a paisagem
rural, agrícola e humana e onde existe uma
«cooperação perfeita» com os proprietários das
várias parcelas, «é um espaço pedagógico pensado
para o ambiente e para o mundo rural, que ensina a
conviver e a respeitar esse mundo como um factor de
desenvolvimento e de qualidade de vida, na região e
em todo o mundo».
17
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A Área de Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedr
foi este ano declarada Zona Húmida de Importância Internac
Visitar este espaço de vegetação
luxuriante onde o sol chega escoado
pela folhagem e se é surpreendido por
uma águia ou uma garça, um colorido
guarda-rios ou um esquilo a espreitar
do alto de uma árvore, fazendo
aflorar ao pensamento a imagem do
paraíso terrestre, é uma lição que
nunca mais se esquece sobre o ciclo da
vida, a flora e a fauna, a importância
da agricultura tradicional. Desperta
interesse, emoção e o respeito
pela natureza.
ente com um manual de actividades apresentado pela rã Pinchas – a rã ibérica que é o
símbolo da Paisagem Protegida – cadernos
para anotações e jogos didácticos. No edifico
do Centro de Interpretação Ambiental funcionam, além dos serviços de apoio e recepção, a
Sala Polivalente para a realização de eventos,
nomeadamente exposições, o Auditório, equipado com meios audiovisuais e capacidade
para 108 pessoas e a Mediateca, onde está a ser
reunida informação relacionada com o meio
ambiente e os recursos naturais da área. ARede
de Percursos e Rotas, devidamente sinalizada e
sta Área de Paisagem Protegida, declarada este ano Zona Húmida de Importância Intenacional, tem cerca de 350
ha e situa-se no vale do Rio Estorãos. Integra
a parcela dos 3% de zonas húmidas que existem no planeta, tendo uma fauna pouco comum - tem inventariadas mais de 500 espécies,
80 das quais raras ou em vias de extinção - e a
flora inclui espécies que exigem protecção. Os
visitantes encontram no Centro de Interpretação Ambiental documentação e áudio-guias com a descrição detalhada dos percursos e rotas a seguir. Para os mais novos foi
criado um conjunto documental muito atra-
Fotos: Carlos Martins
E
Quinta de Pentieiros
Quinta pedagógica de e
Trata-se de uma quinta pedagógica
por excelência que permite
observar o dia a dia da vida rural
e ter contacto com as vivências
de uma exploração agrícola
minhota.
ituada a 1,5 quilómetros da Área
de Paisagem Protegida e integrada
na zona das Lagoas, este espaço
atrai numerosos visitantes, oferecendo
alojamento, restauração, actividades de
recreio e lazer e demonstrações e experimentação de técnicas e culturas agro-pecuárias e florestais.
A Casa da Quinta, um edifício de considerável valor arquitectónico, funciona como espaço polivalente, complemento dos
equipamentos de alojamento e de restauração, servindo de apoio a eventos cul-
S
16
turais e de lazer. Associado ao edifício
funciona o Parque do Pinchas - o atelier
do mundo rural e oficinas de artesanato.
Na quinta está também instalado um
Parque de Campismo Rural, cuja crescente procura encorajou o Município a
valorizá-lo, dando início à construção de
um complexo de piscinas. Para alojamento existe o Albergue, com capacidade
para 40 camas, que tem vindo a afirmar-se
como equipamento privilegiado para as
visitas de estudo e colónias de férias. Na
Azenha, faz-se a divulgação e promoção
de produtos locais e regionais e alguns
produzidos na quinta.
A Quinta de Pentieiros é muito procurada para desporto de aventura - slide,
paintball, arvorismo, BTT -, jogos de
dinâmica de grupo e jogos tradicionais,
tiro com arco, passeios e volteio a cavalo,
tendo um êxito crescente junto dos grupos
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cas raras no mundo, a Área de Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos
mação para o ambiente, de grande envergadura a nível nacional e internacional.
de Bertiandos
e S. Pedro de Arcos
restre existe...
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Um dos mais belos cantos do território nacional, habitat de características raras no
e de S. Pedro de Arcos é um projecto de educação e formação para
Foto: Carlos Martins
Ambiente
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Lagoas de Ber
O paraíso terre
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As ecovias são um convite aos amantes de caminhadas para
ir à descoberta da surpreendente natureza do Vale do Lima.
Rotas
Ecovias
Fotos: Carlos Martins
O luxo da natureza
Uma rede de percursos e rotas
destinados a passeios pedestres e com
velocípedes sem motor estão marcados
e devidamente sinalizados na área
envolvente da Vila de Ponte de Lima
e em todo o concelho, oferecendo
experiências enriquecedoras e
inesquecíveis a quem se queira
aventurar por esses antigos, agora
renovados, trilhos rurais.
s diversos itinerários que serpenteiam
por meio das serras ou à beira do rio
perfazem mais de 70 quilómetros merecendo referência especial as ecovias, largas,
de piso fácil, bem cuidadas, que partem de
Ponte de Lima.
A ecovia que liga Ponte de Lima a
Bertiandos começa junto à ponte medieval,
na margem direita do rio e segue entre as
águas fluviais e um extenso maciço de
hortênsias até ao Festival Internacional de
Jardins para continuar paralelo ao rio e
oferecer nesta parte do percurso algumas das
paisagens mais deslumbrantes da Vila e do
Lima. Depois embrenha-se por entre as
vinhas, pomares e hortas do interior para
terminar na Área da Paisagem Protegida, entre
O
a vegetação luxuriante do Vale de Estorãos.
Não menos interessantes são as ecovias que
ligam Ponte de Lima a Vitorino das Donas,
que tem início junto à Capela de Nossa
Senhora da Guia, na margem esquerda do
Lima e a que vai da Feira do Gado, na
margem direita, até Gandra. Esta ecovia,
com um extenso troço paralelo ao rio, conduz
o caminhante, sob túneis de árvores frondosas
até praias fluviais onde apetece ficar. Mas vale
a pena continuar o caminho para fruir outras
paisagens onde ecoam riachos impetuosos ou
cai o mais completo silêncio só cortado pela
voz dos pássaros. Os percursos pedonais são
uma oportunidade, a não perder, de conhecer
a riqueza paisagística e única do Vale do Lima,
uma das mais belas regiões de Portugal.
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Fotos: Carlos Martins
São mais de 50 ha de espaços verdes para a qualidade de vida
dos munícipes de Ponte de Lima e de prazer para os turistas que a visitam.
...
São construídos mecanismos sofisticados
de elevação e condução da água e criam-se
cascatas e repuxos. A escultura assume
grande importância e a mitologia grega predomina na composição dos jardins renascentistas que em Portugal começaram a ser
decorados com azulejos.
Jardim Barroco - Surgido nos séculos XVII
/ XVIII, tem como planta fundamental o buxo
que toma formas ornamentais cada vez mais
complexas atingindo o esplendor com os jardins à francesa. Constroem-se os chamados
espelhos de água onde o reflexo é usado para
dar um efeito de prolongamento das paisagens.
Estufa - Horto Botânico - Os jardins botânicos surgem na Europa a partir do séc. XVI,
em resposta à necessidade de aclimatar, classificar e estudar as plantas vindas de outros
continentes. Este horto que reúne uma colecção de plantas de fácil identificação pelo visitante, divide-se nos sectores de plantas herbáceas, aquáticas e das chamadas «plantas do
interior».
Campos do Arnado - Na margem direita do
rio, são espaços relvados, com plantas e
árvores autóctones, que servem como parques de merendas e zonas de lazer. Integram
bar de apoio e têm acesso fácil ao rio na
época balnear.
Avenida dos Plátanos – É uma zona pedestre, de rara beleza, ladeada por plátanos centenários que se estende ao longo de algumas
centenas de metros na margem esquerda.
Jardim dos Terceiros - Os jardins conventuais eram locais de contemplação e de
cultivo de plantas medicinais e aromáticas.
Este espaço recuperado recentemente, organiza-se em três cantões de cultivo destinados
Ponte de Lima. Terra Rica da Humanidade
O espaço natural, a paisagem antropomorfizada, o ambiente preservado e transformado
pela acção dos homens e mulheres desta região
moldaram e deram sentido ao génio artístico do
património limiano. Mais do que um Património conservado, preservado ou mantido numa
redoma de recusa à modernidade, o Património
12
desta Terra Rica é um património que quer ser
um legado valioso para as novas gerações.
“Este é o património rico de humanidade que
queremos partilhar com o mundo global, acreditando que nessa partilha está um experiência
única”, afirmou-nos o professor Álvaro
Campelo Pereira, Director do Centro de
a plantas medicinais, odoríferas e plantas
utilizadas essencialmente na culinária.
Caminho do Topo - Os peregrinos vindos de
Barcelos a caminho de Santiago de Compostela, entram em Ponte de Lima pelo
Caminho do Topo, aquela que é considerada
a mais bela entrada numa localidade em todo
o percurso sinalizado do Caminho Português
de Santiago a partir do Porto. Pode considerar-se um prolongamento da Avenida dos
Plátanos e estende-se a partir da Capela e
Ponte de Nossa Senhora da Guia e vai até
junto do açude.
Jardim Dr. Adelino Sampaio – Nele enquadram-se os Paços do Concelho, o Pelourinho
merecendo a atenção do visitante o relógio de
sol, o monumento ao poeta António Feijó e a
Fonte da Vila. Não é de esquecer que quem
beber desta água não mais abandonará Ponte
de Lima… reza a tradição.
Estudos de Antrpologia Aplicada, da Universidade Fernado Pessoa. É tendo consciência
deste valor e da qualidade do património
limiano que se encetou um projecto de investigação no âmbito do Programa ONE–Medida
2.2. do Eixo Prioritário II AIBT Minho/Lima.
Este projecto, com a designação “Ponte de
Lima. Terra Rica da Humanidade”, desenvolvido por uma vasta equipa de técnicos
coordenada por Alvaro Campelo, tem por
objectivo fazer uma investigação sobre o
património arquitectónico, urbano, artístico,
histórico-social e paisagístico de Ponte de
Lima. Outro objectivo é realizar um programa
de pesquisa e de documentação para inserir
este património na Lista Indicativa do Património da Comissão Nacional da UNESCO,
futuramente candidato a Património da Humanidade.
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O roteiro dos jardins mostra a marca profunda da Vila de Ponte de Lima: a beleza
e a harmonia com que se tem recuperado na modernidade, a Vila mais antiga de Portugal.
idade
grado
o Frio
Beleza e harmonia
mento
Conhecer a Vila mais florida
de Portugal através do itinerário
dos seus jardins proporciona
além de um passeio aprazível
e enriquecimento cultural, surpresa
e profunda admiração pela
sua beleza e harmonia.
ambiente é, a par do património e
da ruralidade, uma marca profunda
do carácter de Ponte de Lima. A
cargo do Município existem mais de 50 ha
de espaços verdes, dos quais referimos a
seguir alguns dos mais significativos.
Parque Temático do Arnado – Na margem direita do rio, insere-se no Projecto
O
Global de Valorização das Margens do Rio
Lima. É integrado por 4 jardins temáticos
que permitem fazer uma viagem pela
história da arte dos jardins com raízes
profundas na cultura rural (presentes
através de ramadas com vinha, sistemas de
rega a partir do tanque, regueiras em
granito, a nora, a eira e o espigueiro):
Jardim Romano - Recria um espaço inspirado na Casa dos Repuxos de Conímbriga, com o jardim-peristilo que levava a
natureza para o interior da habitação
romana; as plantas utilizadas no seu
arranjo são, predominantemente, as utilizadas nos antigos jardins romanos. O pavimento em mosaico de calçada à portuguesa reflecte a influência da cultura
romana nas nossas tradições culturais.
Jardim Labirinto – O labirinto, símbolo
do caminho da sabedoria, na antiguidade,
está construído em socalcos evocando o
palácio de Knossos, na Ilha de Creta, e
permite ter uma vista sobre o parque. Como
mirante tem uma estrutura metálica,
ornamentada com jasmins, que transmite
ao visitante sensação de bem-estar propício
ao descanso e à contemplação.
Jardim Renascença – O renascimento
marca uma fase importante na arte dos
jardins com o despontar da verdadeira
arquitectura da paisagem. Os jardins
passam a ter uma estrutura geométrica
rigorosa e a água é presença fundamental.
...
11
Fotos: Carlos Martins
Roteiro dos Jardins da Vila
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Guia do visitante
2º Festival Internacional de Jardins
Directório
K
12
B
D
C
G
F
J
2
L
2
A
E
11
H
I
13
1
8
9
10
6
7
5
4
3
3
3
Do Minho, é sabido
que se come bem e
Ponte de Lima tem
tradições. Comece-se
pelas sopas em que o
ceptro e a coroa vão
para o caldo verde,
siga-se para o bacalhau
que aparece sob
diversas receitas, sendo
a maioria de forno e dê-se especial atenção à
lampreia, ao sável e ao
polvo. Na ementa das
carnes, a Vila limiana
faz gala no arroz de
sarrabulho, divinal,
mas não há razão para
arrependimento se se
escolherem os rojões, o
cabrito assado em
forno de cozer pão,
acompanhado pelo
arroz no forno, o bife
de vitela ou o lombo
de vaca. Acompanhado
pelo inigualável Vinho
XVI
Verde da Adega
Cooperativa de Ponte
de Lima. No que se
refere aos doces, o leite
creme queimado é o
ex-libris da Vila que
oferece o arroz doce e
a aletria de berço
minhoto e também
sobremesas, adoptadas
por Portugal inteiro,
como o pudim de
laranja ou o bolo de
bolacha e que aqui não
são de desprezar.
Recomendam-se
O Açude para o polvo
à lagareiro,
A Carvalheira para
o bacalhau com broa, o
Encanada para o arroz
de sarrabulho e
A Tulha para os
medalhões de vaca.
Para petiscos rume-se
à Taverna da Vaca
das Cordas ou ao
Os Telhadinhos.
Alojamento
ténis, piscina e salas
de jogos. Mas em
Ponte de Lima
existem também os
hotéis Império do
Minho e do Golfe,
além de residenciais.
E para os amantes da
natureza sugerem-se
os alojamentos na
Área da Paisagem
Protegida das Lagoas
e Quinta de
Pentieiros, em que
se inclui o Parque
de Campismo
Ponte de Lima é berço
e capital do Turismo
de Habitação detendo
a maior concentração
de casas antigas do
país, reunidas na
marca Solares
de Portugal.
(www.solaresdeportugal.pt).
Muitas são casas com
valor patrimonial –
maioritariamente nas
mãos dos
descendentes dos seus
proprietários
históricos, recheadas
de mobiliário de
época e relíquias de
família. Às casas
solarengas juntam-se,
ainda, as Quintas e
Herdades e as Casas
Rústicas, também
cheias de
personalidade. Todas
rodeadas de jardins,
algumas têm corte de
(963 520 002).
Reservas do Turismo
em Espaço Rural, que
engloba também os
Solares de Portugal
(258 931 750).
Foto: Carlos Martins
Gastronomia
A - Sistemas Lacustres
B - Sonho Meu, Sonho Meu
C - Conversa #
D - A Floresta Arborescente
E - Jardim do Arco-Íris
F - A Música da Horta
G - O Jardim da Individualidade
H - Jardim Português Integrado
I - Os Jardins do Quente e do Frio
J - Jardim do Conhecimento
K - Jardim Industrial
L - A Revolta das Enxadas
1 - Entrada do Festival
2 - Fontes
3 - Jardim Barcos do Rio
4 - Jardim dos Putos
5 - Piscina
6 - Balneários e Apoios
7 - Bar
8 - WC
9 - Restaurante
10 - Clube Náutico
11 - Labirinto do Conhecimento
12 - Labirinto de Ariadne
13 - Labirinto da Sabedoria
A Noite
O dia só termina bem,
para muitos, quando
entra pela noite dentro.
Depois de um encontro
com o património
arquitectónico da Vila
mais antiga de Portugal,
um passeio à paradisíaca Área Protegida das
Lagoas, uma visita ao
Festival Internacional
de Jardins e a ida a um
concerto, sabe bem
gozar a beatitude da
noite à meia luz, a ouvir
música e a beberricar
um líquido que
refresque a boca e deixe
pairar o espírito. Para
terminar bem o dia
sugerem-se: Cervejaria
Rampinha, S.A. Bar,
Girabola, Lethes e a
Taberna, no Centro
Histórico; na periferia o
Boteca Bar, no Arnado,
e o Clube Natura.
Inédia–P.Lima
Fotos: Carlos Martins
L.
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Sónia Guedes e Hélder Cardoso fizeram A Revolta das Enxadas. O abandono
das aldeias e a desertificação são o motivo para este apelo ás consciências...
A Revolta
das
Enxadas
O abandono das
aldeias, estruturas
típicas de povoamento
rural durante muitos
séculos, e a
desertificação, estão
na base da criação
deste jardim.
Pretende-se com esta
proposta
consciencializar,
obrigar à formação de
opiniões e à
discussão, apelar à
participação de todos
no combate a esses
flagelos e questionar a
substituição dos
utensílios tradicionais
de trabalho pelas
novas tecnologias. A
valorização dos
utensílios que os
nossos avós usaram
no cultivo da terra, o
seu papel no mundo
actual é dada através
da implantação de
enxadas.
Concepção da ideia:
Sónia Guedes /
Designer Paisagista
- Hélder Cardoso /
Designer Paisagista.
XV
6/2/06
K.
11:27 AM
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O Jardim Industrial, concebido por Manuel de Carvalho e Sousa mostra
como a partir de materiais reciclados se pode fazer um espaço de recreio.
Foto: Armenio Belo
Foto: Armenio Belo
Foto: Carlos Martins
Foto: Carlos Martins
Inédia–P.Lima
Jardim Industrial
A reciclagem é a ideia
chave desta proposta
onde se pretende
mostrar a viabilidade da
recuperação, para uso
quotidiano, de materiais
que muitos pensam já
XIV
não ser necessários, e se
demonstra como a partir
de materiais reciclados
se pode fazer um espaço
de recreio. A era
industrial, iniciada no
século XVIII, e
memórias do seu
passado recente, estão
subjacentes ao tema
deste jardim onde se
utilizam vários tipos
de pavimento
nomeadamente saibro,
cubos de granito e
traves de carvalho,
numa alusão aos
caminhos de ferro.
O espaço apresenta
estruturas tubulares de
ferro galvanizado que
servem de base a uma
pérgola de glicínias, e
dois muros, um de
blocos de vidro outro de
tijolo, colocados de
modo a simular uma
ruína. Dois projectores
de iluminação
simbolizam a energia,
fonte motriz de todo o
processo industrial.
Concepção da ideia:
Manuel de Carvalho e
Sousa / Arquitecto
Paisagista.
Inédia–P.Lima
11:26 AM
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A Esc. Sup. Agrária de Ponte de Lima e Manuel de Carvalho e Sousa criaram
o Jardim do Conhecimento, representando o conhecimento humano.
Fotos: Carlos Martins
J.
6/2/06
Jardim do Conhecimento
Representar o
conhecimento através
da forma, da cor da
vegetação e da
simbologia das plantas
é a proposta deste
jardim que tem o
formato de um cérebro
sobrelevado em relação
ao percurso feito pelo
visitante, numa
analogia à superioridade do conhecimento.
Toda a vegetação é
cinzenta, aludindo à
massa cinzenta a que
está associado o
conhecimento. No
canteiro central estão
plantados tufos de uma
planta que, pelas suas
folhas, simbolizam os
filamentos dos
neurónios. Entre os
arbustos e árvores que
constituem a vegetação
envolvente destaca-se a
oliveira que se inclina
sempre para a luz e é
símbolo dos grandes
mitos da nossa cultura:
na Bíblia e no Corão é
a árvore mais referida e
venerada. As oliveiras
são em número de 4
como alusão ao
conhecimento dos 4
cantos do mundo e dos
4 elementos que
constituíam o cosmos
da antiguidade.
Concepção da ideia:
Escola Superior
Agrária de Ponte de
Lima - Manuel de
Carvalho e Sousa /
Arquitecto Paisagista e
Raúl Coelho /
Desenhador.
XIII
Inédia–P.Lima
I.
6/2/06
11:25 AM
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Estimular os sentidos e a imaginação atráves de microclimas é a proposta dos Jardins
do Quente e do Frio, uma ideia da EDRV Arquitectura Paisagista & Urbanismo
Constituem-no uma
estufa fria e uma estufa
quente instaladas num
pavilhão, onde são
criados microclimas
que activam, no
visitante, os receptores
térmicos distribuídos
por toda a superfície do
corpo estimulando-lhe
os sentidos e a
imaginação. No interior
das estufas existe um
obstáculo, uma cortina
flexível, que gera
mistério e surpresa e se
torna elemento de
interactividade ao fazer
parar os mais temerosos
e levar os mais ousados
a atravessá-la de
imediato. Um maciço
de plantas e um banco
para descansar num
pavimento onde se
pode comparar a
flexibilidade da areia e
a rigidez dos seixos
rolados, convidam à
contemplação e
divagação do espírito.
Pretende-se que as
sensações
experimentadas no
pavilhão se prolonguem
na sua envolvente
através dos diferentes
cambiantes, texturas e
alturas da vegetação e
dos ambientes secos e
húmidos.
Concepção da ideia:
EDRV Arquitectura
Paisagista &
Urbanismo - Joana
Soares / Arquitecta
Paisagista - Katia
Morgado / Arquitecta
Paisagista e Mário
Freitas / Arquitecto.
XII
Fotos: Carlos Martins
Os Jardins
do Quente
e do Frio
Inédia–P.Lima
6/2/06
11:24 AM
Page 21
Ricou Velho quis mostrar, de forma alegórica, a nossa identidade
H. Eduardo
nacional. Para isso concebeu o Jardim Português Integrado...
Jardim
Português
Integrado
Fotos: Carlos Martins
A proposta é mostrar a
nossa identidade
nacional através de
elementos sócio-culturais e ecológicos
e os sustentáculos
basilares da economia
da nação. De forma
alegórica, ensina de
onde vem o vinho e o
azeite que tanto
apreciamos, o copo de
onde bebemos, o
prato onde comemos,
o sapato com que
caminhamos, a roupa
com que nos
vestimos. A presença
dos elementos infantis
destina-se a chamar a
atenção das crianças,
envolvê-las no jardim,
levá-las a
compreender a
importância que tem
cada uma delas na
nossa sociedade e no
mundo.
Concepção da ideia:
Eduardo Ricou
Velho / Arquitecto
Paisagista.
XI
Inédia–P.Lima
6/2/06
11:23 AM
Page 20
Fotos: Carlos Martins
Jardim da Individualidade marca a presença da Áustria no Festival.
G. OA ideia
é da Hann Mitterecker Architects.
O Jardim
da Individualidade
O desenho de um
jardim numa parcela
rigorosamente limitada
como símbolo da vontade humana de contro-
X
lar a natureza, da
imposição de limitações
e da individualidade é o
tema deste trabalho austríaco, que confronta os
visitantes com um
exército de figuras anãs
todas iguais, pintadas de
vermelho berrante e
viradas na mesma
direcção. Cada figura
representa cada um de
nós na busca da singularidade, e a ordem rígi-
da em que estão colocadas, num espaço limitado por gravilha, simboliza o fracasso dessa
pretensão. Também na
área de circulação do
jardim estão demarcadas fronteiras e regras
que o visitante deverá
respeitar e ao mesmo
tempo é induzido
a desobedecer, levando-o a questionar a sua
atitude perante as limitações que lhe são
impostas. Concepção da
ideia: Hann Mitterecker
Architects.
Inédia–P.Lima
F.
6/2/06
11:23 AM
Page 19
A Música da Horta concebido por Camille Ferron e Elisabeth Coutant,
oferece um jogo musical onde cada um pode criar a sua própria música.
Fotos: Carlos Martins
A Música
da Horta
O jardim explora as
sonoridades da
matéria vegetal e
construída, alternando
natureza e artifício.
Oferece um jogo
musical onde cada um
pode criar a sua
própria música. Uma
passarela funciona
como vibrafone e
conduz o visitante
para o interior do
espaço, ao longo de
uma fileira de mastros
com bandeiras a bater
ao vento. Pode-se
bater com os pés no
vibrafone ou percorrê-lo com uma vara
fazendo-o vibrar do
agudo ao grave, do
grave ao agudo. No
centro, os mastros
fundem-se com os
bambus: o artificial
imita a natureza. A
vegetação periférica
confere ao interior do
jardim, protecção,
intimidade, calma. A
planta dominante é o
bambu gigante, de
folhagem densa, que
cresce em tempo
recorde. O espaço
compõe-se de onze
canteiros onde, ao
andar, os pés batem na
superfície lisa e rígida
de tábuas de madeira
ou afundam-se no
macio do feno.
Concepção da ideia:
Camille Ferron /
Arquitecta com
formação complementar em Engenharia
Acústica e Elisabeth
Coutant / Arquitecta
e Cenógrafa.
Planta que pode
ser observada neste
espaço: bambu carex.
IX
Inédia–P.Lima
6/2/06
Page 18
Francisco Caldeira Cabral e Elsa Matos Severino criaram o Jardim do Arco-Íris,
o preferido do público no Festival de 2005. Ai está de novo na edição de 2006...
Fotos: Carlos Martins
E.
11:22 AM
Jardim do Arco-Íris
- A Explosão da Primavera
Foi o jardim mais votado no Festival de 2005
e o Júri e a Direcção do
Festival decidiram
mantê-lo na edição de
2006 evidenciando,
deste modo, as prefe-
VIII
rências do público.
Apresenta as cores do
arco-íris espraiadas em
leque, numa composição de gomos coloridos que sintetiza a
mosaicocultura, género
de ornamentação com
raízes ancestrais na
história dos jardins. A
área apresenta suave
inclinação para ser
melhor visualizada. A
floração funciona como
um relógio biológico
que anuncia o princípio
do ciclo vegetativo e
faz ressurgir as energias
adormecidas durante o
Inverno. É um jardim
refrescante que induz
ao rejuvenescimento,
ao sentir dos sons e
aromas primaveris
impelindo a passear, a
descobrir, a viver a
natureza.
Concepção da ideia:
Francisco Caldeira
Cabral / Paisagista e
Elsa Matos Severino /
Arquitecta Paisagista.
Plantas que podem ser
observadas neste
espaço: begónias,
petúnias, tagetes.
Inédia–P.Lima
6/2/06
11:21 AM
Page 17
Fotos: Carlos Martins
Marina Carvalho concebeu A Floresta Arborescente que pretende
D. levar
o visitante a confrontar-se com a proximidade e a distância.
A Floresta
Arborescente
Pretende-se aqui mostrar
o espaço jardim como um
todo dinâmico. Recorre-se
a aglomerados de vergas
de ferro quadrangulares,
circulares, angulares,
barras de várias larguras,
espessuras e
comprimentos, soldadas
de forma a emanar
energia, movimento,
crescimento, dinamismo.
Em todos os corpos está
presente a forma cónica
que ora se expande
verticalmente ora se
comprime no sentido
descendente. O objectivo
desta rítmica visual é
fazer o visitante
confrontar-se com a
proximidade e a distância,
com as múltiplas
perspectivas dos
elementos no tempo e no
espaço. A gradação de
tamanhos dos corpos
remete à ideia da floresta,
ao ritmo do seu
crescimento, evolução,
movimento.
Concepção da ideia:
Marina Carvalho /
Escultora.
VII
Inédia–P.Lima
6/2/06
11:21 AM
Page 16
# sublinha o uso do jardim como local de convívio
C. Conversa
e comunicação. Uma ideia de Katia Morgado, Paula Bottas e Salete Felício.
Sublinhar o uso do
jardim como local de
convívio,
conhecimento, meio
de comunicação social
e artística é a proposta
deste espaço cuja
essência assenta em
cadeiras escultóricas
que simbolizam o
reatar da conversa e
das relações sociais
numa época em que
as tecnologias tomam
conta do nosso
quotidiano.
A tradição cultural e
social de conversar no
espaço público e
depois, com o
aparecimento do
jardim recreativo, a
conversa como acto
social de divertimento
e de fruição do espaço
é o conceito deste
jardim que se
apresenta em tons
secos de palha, com
referências à paisagem
alentejana para vincar
um espaço de tempo:
o tempo de ficar
sentado à sombra da
oliveira à conversa.
Concepção da ideia:
Katia Morgado, Paula
Bottas / Arquitectas
Paisagistas e Salete
Felício / Escultora
Planta preponderante
neste espaço:
oliveira.
VI
Fotos: Carlos Martins
Conversa #
Inédia–P.Lima
6/2/06
11:20 AM
Page 15
Peixoto criou Sonho Meu, Sonho Meu,
B. Miguel
uma proposta ao visitante para que “embarque” para o mundo da fantasia...
Sonho
Meu,
Sonho
Meu
Fotos: Carlos Martins
Um jardim onde se
pode correr descalço
por um caminho
verdejante e macio
ladeado por um solo
de cascalho vermelho
com baloiços azuis
suspensos de oliveiras
e onde um «barco de
papel» aguarda os
sonhadores para os
conduzir numa viagem
imaginada por um rio
de flores coloridas…
Alusões ao rio Lima
e às brincadeiras das
crianças nas suas
margens e uma
proposta ao visitante
para que «embarque»
para o mundo da
fantasia, viaje no
tempo e se deixe
transportar até à sua
meninice, ao tempo
das histórias de fadas,
das correrias, dos risos
por tudo e por nada…
Concepção da ideia:
Miguel Peixoto /
designer.
Plantas
preponderantes neste
espaço: lamprantus
vinca gazânia.
V
Inédia–P.Lima
6/2/06
11:56 AM
Page 14
Fotos: Carlos Martins
Lacustres é uma ideia da Associação Nacional de Produtores
A. Sistemas
de Plantas e Flores Naturais, que procura recriar um ecossistema ribeirinho.
Sistemas Lacustres
A proximidade do rio
Lima sugeriu a ideia
de recriar aqui um
ecossistema ribeirinho.
Apelo à necessidade
de recuperação e
manutenção das vidas
vegetal e animal nas
IV
margens dos lagos e
ribeiros, o projecto é
também um convite à
inclusão destes
elementos na
concepção de jardins,
aproveitando os
recursos naturais já
existentes ou
recorrendo a algum
artificialismo.
A construção destes
sistemas requer grande
variedade de plantas,
criteriosamente
seleccionadas em
função do ambiente,
que permitem
explorar numerosas
possibilidades
estéticas. Este jardim,
tipificado, propõe a
construção de uma
charca com uma
pequena queda de
água dotado de um
sistema de circulação
para oxigenação da
água. Nas margens há
espécies aquáticas,
anfíbias e, nos níveis
superiores, exemplares
de arbustos e árvores.
Concepção da ideia:
Associação Nacional
de Produtores de
Plantas e Flores
Naturais.
Inédia–P.Lima
6/2/06
11:18 AM
Page 13
ns.
ractividade a Ponte de Lima.
os Jardins
onal de Jardins
e Cidades Floridas, medalhas de prata e de
bronze no Concurso das Vilas e Cidades Mais
Floridas da Europa, tem agora o seu Festival
Internacional de Jardins que está instalado
junto ao rio, no Jardim dos Labirintos. O
nome deste jardim, segundo Caldeira
Cabral, o seu criador, prende-se com a ideia
do «labirinto das ideias, o fio condutor do
festival que apresenta uma diversidade de
propostas que vão transformando e influenciando as pessoas que o visitam porque tem
uma acção pedagógica: ensina que um jardim
não é um conjunto de relva e plantas usadas
de formas múltiplas, pode ser esteticamente
muito importante, é uma arte sem limites”.
Sublinhando que esta iniciativa oferece ao
público o efeito de surpresa já que permite ver
jardins diferentes, todos os anos, concebidos
por vários artistas, Caldeira Cabral deixa um
apelo: que haja uma grande participação no
festival de 2007 cujos projectos deverão ser
entregues até 30 de Outubro deste ano sob o
tema “O Lixo na Arte dos Jardins”.
Rede Europeia de Festivais
de Jardins
O Festival Internacional de Jardins de
Ponte de Lima integra com o Festival de
Chaumont, em França e o Festival de
Kamptal, na Áustria, a Rede Europeia de
Festivais de Jardins. O projecto, que tem o
apoio do programa comunitário Leader,
tem por objectivo a promoção e divulgação
conjuntas dos certames assim como a troca
de experiências, visitas de estudo e
parcerias.
As regiões envolvidas no projecto possuem
características semelhantes que pretendem
defender e promover com o recurso a «um
único itinerário verde». São objectivos da
parceria fomentar o embelezamento dos espaços públicos das localidades, ajudando a
criar condições para a fixação das populações bem como a manutenção de jardins
históricos e a criação de novos espaços
verdes que tornem mais atractivos os
espaços urbanos.
FRANCISCO DE CALHEIROS
Um Projecto Inspirador
“O Festival Internacional de Jardins é uma
proposta absolutamente inovadora a nível nacional
que corresponde a uma tendência do turismo
internacional. É uma iniciativa que põe a tónica no
ambiente e na arte, contribuindo para a criação de
zonas de excelência, com qualidade de vida, em que
vale a pena investir” diz Francisco de Calheiros,
Director do Festival. Em sua opinião, “o Festival
veio colorir e enriquecer o imaginário de Ponte de
Lima desde sempre ligado ao património, à tradição
e à história”.
A edição de lançamento, realizada no ano passado,
atraiu 60 mil visitantes, deixando antever que o
Festival venha a ser um pólo de atracção da Vila,
tocando todo o vale do Lima como um modelo de
desenvolvimento económico com qualidade.
Segundo Francisco de Calheiros, esta iniciativa
veio, por um lado, inspirar um conjunto de projectos privados e públicos, nomeadamente a recuperação e manutenção de jardins de imóveis históricos
- com o apoio do programa Leader - permitindo que
integrem circuitos de visita e se tornem uma extensão do Festival Internacional de Jardins; por outro
lado, dinamiza a oferta turística da região na vertente do Turismo de Habitação de grande qualidade.
“Ponte de Lima”, salienta o impulsionador do
Turismo de Habitação em Portugal, “além de dois
hotéis, tem a maior bolsa de oferta de turismo no
espaço rural a nível nacional. Em todo o Vale do
Lima, com óptimas acessibilidades, estão reunidas
condições de excelência, tanto de alojamento como
de alternativas de animação e entretenimento: golfe, corridas de cavalos, centro equestre, escola de
equitação, com apresentações hípicas e canoagem;
o Festival de Ópera, que se realiza desde 2004 e
inclui representações durante o Festival de Jardins,
veio complementar e enriquecer a oferta”.
Tudo isto reforça a atractividade de Ponte de Lima,
diz Francisco de Calheiros considerando que hoje
as pessoas não viajam para um destino só pela
beleza; querem regressar mais ricas do que quando
partiram. “Acreditamos”, pontua, “que com o Festival Internacional de Jardins estamos a desenvolver um projecto que ultrapassa as nossas fronteiras
locais e temos a expectativa de que este projecto
inovador venha a ter réplicas em todo o país”.
Fotos: Carlos Martins
III
Foto de capa: Carlos Martins
Inédia–P.Lima
6/2/06
11:17 AM
Page 12
Ponte de Lima organiza este ano o 2.º Festival Internacional de Jardins.
Como sublinha Francisco de Calheiros, Director do Festival, é um evento que garante uma nova atractividade a
Em Ponte de Lima, Capital Portuguesa dos Jar
Festival Internacional
Ponte de Lima, a Vila Mais Florida
de Portugal recebe, pelo segundo ano
consecutivo, o Festival Internacional
de Jardins, uma iniciativa inédita em
território nacional, resultado do repto
lançado pelo Município de Ponte
de Lima a todos os artistas e criadores,
desde arquitectos, paisagistas e designers
a escolas e simples curiosos para
apresentarem os seus projectos.
“
retende-se que o Festival Internacional de Jardins seja aberto
a toda a gente, não o restringindo
a determinadas áreas profissionais, por
forma a descobrirem-se novo valores»,
declara o Presidente do Júri, o paisagista
Francisco Caldeira Cabral, sublinhando
que as exigências colocadas aos concorrentes
«são um teste através do qual têm que
mostrar que sabem construir um jardim».
Um aspecto muito interessante, na opinião
P
II
deste paisagista, foi o aparecimento de
equipas inter-disciplinares já que «não se
espera que um poeta saiba fazer um jardim
mas já se pode esperar que seja capaz de o
pensar e de influenciar aqueles que o fazem.
É como escrever um texto para música».
O certame é constituído por doze propostas
de jardins efémeros, onze dos quais foram
seleccionados por um júri entre as 19 propostas candidatas. O 12.º jardim é o trabalho
que mereceu a preferência dos visitantes em
2005, uma vez que foi decidido que o jardim
que colhesse mais votos do público estaria
patente na edição do ano seguinte, o que motivou uma grande participação na votação.
Caldeira Cabral, a quem se deve a ideia da
realização do Festival de Jardins, inspirada
pelo festival da vila francesa de Chaumont,
afirma estar satisfeito com o número de
concorrentes à edição de 2006 que, explica,
«é verdadeiramente o primeiro festival. A
edição de 2005 tratou-se de uma demonstração do que poderia vir a ser o festival de
jardins. Foi o ano zero». Quando o paisagista
projectou o novo jardim que iria acolher o
certame foram projectadas ao mesmo tempo,
no seu gabinete, os 12 canteiros de 150 a 200 m2
onde seriam plantados os jardins efémeros.
«Era difícil iniciar a obra sem primeiro mostrar as potencialidades desse tipo de intervenção, diferente do normal, efémera, já que
os jardins vão durar apenas 6 meses; depois
serão levantados e transplantados para
outros locais».
Ponte de Lima três vezes vencedora, em três
participações no Concurso Nacional de Vilas
Pretende-se que o
Festival Internacional
de Jardins seja aberto
a toda a gente,
não o restringindo
a determinadas áreas
profissionais.
Inédia–P.Lima
6/2/06
11:15 AM
Page 11
JARDINS
CULTOS
2.º Festival
Internacional
de Jardins
Maio a Outubro 2006
Inédia–P.Lima
6/2/06
11:08 AM
Page 10
Como tema de pintura, Ponte de Lima passaria por uma vila idealizada
por um sonhador, paisagista exímio, tal a harmonia dos elementos.
... onde já se realizava uma feira quinzenal - que chegou
até aos dias de hoje - como consta do foral. Afundação
de Ponte de Lima acompanha a de Portugal sendo um
dos 54 municípios existentes à data da morte do
primeiro rei, em 1195.
A urbe medieval deu origem a um núcleo urbano
defendido pelas muralhas mandadas construir por
D. Pedro I, com nove torres e seis portas. Data desta
época a edificação da ponte medieval, a partir da ponte
romana, concluída provavelmente em 1370 que veio a
incrementar a ligação da Vila, por terra, a outras paragens tendo muitas vezes servido de passagem obrigatória dos peregrinos que se dirigiam a Santiago de
Compostela. Até ao início do séc. XV a Vila limiana
assume-se como um dos núcleos urbanos mais desenvolvidos da região com uma economia florescente e
forte crescimento demográfico. Ombreou com Viana
do Castelo na gesta dos Descobrimentos e mais tarde
...
Paço do Marquês
Prossegue-se pelas ruas estreitas até ao Paço
do Marquês uma residência senhorial
rodeada de um bonito jardim, cuja
construção foi iniciada em 1469 e recebeu
várias transformações no decorrer dos
tempos. A que mais se aproxima do original
será a fachada norte, de granito, que tem
quatro janelas sendo três manuelinas.
Rodeado por um airoso jardim, no espaço
que a liga à nova estrutura arquitectónica de
linhas contemporâneas onde fica o mirante,
existe um relvado com cinco oliveiras e
espelhos de água.
Mais à frente encontra-se a Igreja da Lapa,
integrada num jardim. Concluída em 1763,
tem um belíssimo retábulo de estilo rococó.
Ao descer até à Praça da República encontram-se as estátuas de António Feijó, poeta e
diplomata nascido em Ponte de Lima e da
rainha D. Teresa empunhando o foral que
outorgou à vila. Daqui vai-se até à Biblioteca Municipal, instalada numa parte do
antigo Hospital da Misericórdia. Sugere-se a
subida pela escada de pedra, ao nível do
coroamento da muralha, a fim de admirar o
Foto: Carlos Martins
Foto: João Robalo
conquistou supremacia económica mercê dos lucros
comerciais granjeados com o açúcar e com o ouro brasileiro.
No séc. XVIII ocorreu um surto de modernização que
viria a provocar a demolição de parte da estrutura
defensiva que entretanto perdera a função. No séc.
XIX Ponte de Lima teve nova fase de expansão urbana
- que originaria a destruição do que restava da estrutura
muralhada da qual ficaram duas torres e alguns troços
da muralha - patenteada na Praça Camões e em todo o
seu perímetro e na série de residências neoclássicas,
neogóticas, neomanuelinas e românticas que testemunham o muito dinheiro vindo do Brasil.
A nobreza, possuidora de notáveis solares, como o
Marquês de Ponte de Lima, contribuíram para o desenvolvimento do concelho, encontrando-se em Ponte de
Lima uma das maiores concentrações de casas
senhoriais do país.
10
Foto: Carlos Martins
Largo da Picota. Contornando a Biblioteca,
encontra-se a Igreja Matriz mandada reconstruir por D. João I em 1425. O templo
sofreu transformações e ampliações ao longo dos tempos, visíveis pela sobreposição de
estilos: romanico, gótico e neoclássico. No
interior destaca-se a capela de Nossa Senhora da Conceição, a talha dos altares de Nossa
Senhora das Dores e de Nossa Senhora de
Fátima e a pia baptismal manuelina.
Em frente está a Igreja da Misericórdia
com a belíssima varanda de colunas. Datada
dos sécs. XVII e XVIII é de nave única, com
portal maneirista. A capela-mor tem altares
de talha neoclássica. Merecem atenção, no
interior, duas esculturas quinhentistas, alusivas à actividade esmolar das misericórdias,
e elementos do altar-mor onde está representado o milagre da multiplicação dos pães.
Segue-se o conjunto de edifícios quinhentistas do Bairro das Pereiras que
culmina com a Capela da Nossa Senhora
da Misericórdia das Pereiras de onde se
desfruta uma magnífica vista do rio e da
Vila. O templo data de 1525 mas as
características barrocas resultam da reforma
de 1818. Foi doado à Câmara Municipal, em
estado de profunda degradação, em 1979,
datando as últimas obras de 1998 quando se
construiu um novo coro e instalações de
apoio a actividades culturais. Mantém-se
inacabada a torre sineira. O interior merece
uma visita para olhar as pinturas policromas
no granito e o espólio da igreja. Descendo, a
caminho da rua Cardeal Saraiva, eixo da
Vila perpendicular ao rio, encontram-se os
Paços do Concelho. O edifício original data
do 2.º quartel do séc. XVI mas sofreu
sucessivas reconstruções. Nos finais do séc.
XIX e durante o Estado Novo introduziram-se profundas alterações no interior, datando
de 1997 a sua traça actual.
Prosseguindo para poente encontra-se o
Palacete Villa Moraes datado de 1892, com
uma bonita fachada e uma elegante escada
de pedra. Está rodeado de um parque
arborizado com lagos e pequenas construções de inspiração romântica: gruta,
estufa, mirante e cativeiro de aves O edifício
e o jardim acabam de ser alvo de um
projecto de recuperação. Descendo, vai-se
ter ao Teatro Diogo Bernardes mandado
construir em 1893. Segue as linhas arquitectónicas do teatro à italiana característico
do séc. XIX. Continuando a caminho do rio,
vai dar-se ao Museu dos Terceiros, contíguo ao conjunto arquitectónico formado
pelas Igrejas de Santo António dos Frades
e da Ordem Terceira de S. Francisco. A
primeira é o que resta do grande Convento
de Santo António, quatrocentista, demolido
em 1895 na sequência da extinção das
ordens religiosas. A igreja é uma construção
sóbria, com vestígios góticos, de uma só
nave, com duas capelas de estilo manuelino
e capelas brasonadas com túmulos de
famílias senhoriais. A Igreja da Ordem
Terceira, do séc. XVIII é de grande beleza
arquitectónica e possui um recheio artístico
valioso nomeadamente de arte sacra e
arqueológico. O conjunto encontra-se em
fase final de recuperação e irá albergar o
renovado Museu dos Terceiros, cuja
abertura está prevista para Dezembro de
2006.
Inédia–P.Lima
6/2/06
11:07 AM
Page 9
merosos roteiros e percursos. Dois itinerários
da História». Outra alternativa é seguir o roteiro dos jardins.
300 m. de comprimento. Apoia-se em 17
arcos ogivais dois dos quais foram soterrados
pelos arranjos urbanísticos da Praça de
Camões. O séc. I é a data provável da
construção da ponte romana, assente em 7
arcos dispostos irregularmente e de diferente
vão, sendo 5 visíveis. A ponte medieval
integrou as obras de fortificação da Vila feitas
a mando de D. Pedro I, datando o calcetamento e a colocação dos merlões do tempo de
D. Manuel I. Esta obra foi, durante muitos
anos, uma das mais importantes do género
em Portugal. Tinha então maior vulto dado os
pilares não terem sido sujeitos a assoreamento. O pai do rei João III da Polónia, que
passou em 1611 em Ponte de Lima, escreveu
nas suas memórias: «Ponte de Lima, a cinco
Guarda, dos finais do séc. XIII e é
reconstruída no séc. XVIII segundo cânones
barrocos. Em frente fica o Museu Rural,
integrado nos jardins da Quinta do Arnado,
onde podem admirar-se peças do quotidiano
agrícola do concelho, merecendo visita atenta
a sala do linho, a cozinha rural e a adega com
lagar e celeiro.
Prosseguindo o itinerário, na margem esquerda, que segue para o interior do centro histórico, a partir do Lago de Camões, passa-se
junto à Torre de S. Paulo também designada
da Expectação ou do Postigo. Erigida no séc.
XIV, estava integrada na estrutura muralhada
de defesa da Vila. Na face virada para o rio
tem um painel de azulejos alusivo à LENDA
DA CABRAÇÃO, (Cabras são, Senhor!) epi-
A História da mais
antiga Vila de Portugal
milhas de Valença, tem uma ponte de pedra,
bastante larga e comprida e de tão grande
formosura que, no meu parecer, não se
encontrará outra na cristandade de igual
beleza e magnificência».
No extremo da ponte medieval, na margem
direita, ergue-se a Igreja de Santo António
da Torre Velha, que resultou da reformulação, no inicio do séc. XIX, de uma antiga
ermida consagrada a Nossa Senhora da
Esperança. No exterior apresenta um frontão
curvo e revestimento de azulejos. A torre, que
se evidencia pela altura e as gárgulas de cada
ângulo, foi construída no séc. XIX. A alguns
metros encontra-se a Capela do Anjo da
sódio do imaginário de D. Afonso Henriques.
Segue-se a Torre da Cadeia Velha ou da
Porta Nova resultante das obras de
beneficiação do séc. XVI para instalação da
cadeia da comarca. Esta casa forte, acastelada, tinha três pavimentos e uma enxovia e
janelas gradeadas sobrepostas. Nos finais do
séc. XIX foi aberta a porta no piso inferior. As
duas torres estão ligadas por um troço de
muralha bem conservado. Virada para a Torre
da Cadeia está a Capela da Senhora da
Penha de França, barroca do séc. XVII. É
um pequeno templo, sóbrio, com o retábulo
em talha dourada barroco.
...
fizeram passar a via romana que ligava Braga a
Astorga tornando o local ponto de encontro de interesses estratégico-militares, sociais e económicos.
Os séculos sucederam-se, caiu o império romano, instalaram-se os suevos, depois os visigodos que provocaram a dispersão das populações e o seu refúgio nas
montanhas, sucederam-se as invasões muçulmanas.
Chegada a época da reconquista, iniciada por Afonso
III rei de Leão, sua filha, D. Teresa haveria de ficar à
frente dos destinos do Condado Portucalense, sonhar
com a sua autonomia e lutar por um reino. Deve-se a
D. Teresa a outorga do foral e criação da Terra de
Ponte - como era então designada a Vila - em 1125,
com o intento de incrementar o desenvolvimento de
uma povoação junto da única ponte existente sobre o
rio Lima, de importância estratégica e económica, ...
Ponte de Lima tem um passado histórico com raízes
nos tempos pré-históricos. Era densamente povoada
no séc. I a.C., como todo o noroeste da península,
sendo dessa época os castros, povoações localizadas
no cimo dos montes, cercadas por fossos e muralhas
não muito longe de um curso de água, de que há
vestígios em muitas freguesias do concelho. Os seus
habitantes dedicavam-se ao pastoreio e ao cultivo de
cereais, exploravam e trabalhavam os metais, faziam
admiráveis trabalhos de ourivesaria, utilizavam uma
cerâmica decorada frequentemente com riscos e
relevos, agasalhavam-se com tecidos de lã e de linho.
Em Ponte de Lima os conquistadores romanos construíram uma ponte tão duradoira como as povoações
que haviam de nascer nas suas margens e por ela
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Para descobrir Ponte de Lima, a Terra Rica da Humanidade, existem numerosos
são consagrados ao centro histórico - «Passeio pelo Lima» e «Passeio pelo Mirante da História».
Fotos: Carlos Martins
Ponte de Lima tem por moldura
a serra e maciços de árvores
frondosas. Uma faixa de areia branca
separa-a do rio que se oferece
à Vila num dos seus trechos
mais formosos: amplo, vagaroso,
murmurejando em redor dos ilhéus,
com águas transparentes que deixam
ver um leito de areia com algas,
seixos e rochedos, imaculado.
palacetes e singelos casais da aldeia. Uma
paisagem que motiva a percorrer itinerários
de que se fala mais à frente. Entretanto
sugere-se um passeio pelo centro histórico de
Ponte de Lima para conhecer o passado da
Vila mais antiga de Portugal, descobrir a sua
riqueza arquitectónica, os seus belos jardins e
recantos, paisagens que ficam para sempre
gravadas na memória.
formosura do Lima fez nascer muita
literatura romântica, muita poesia e
algumas lendas. António Feijó dedicou-lhe centenas de versos, Diogo Bernardes cantou-o e muito o chorou, saudoso, em
terras de Marrocos, quando foi cativo na
não se fica pela paisagem. Está presente em
toda a malha urbanística da vila onde não
existem dissonâncias arquitectónicas e
surpreende a preservação das ruas e praças e
do património histórico: construções românicas e góticas, igrejas e capelas dos séculos
XVII e XVIII, palacetes, solares, casas
nobilitadas.
Despertam a atenção do visitante as portas e
janelas de madeira dos edifícios, pela diversidade de traça e a vetustez e o toque de tradição e
requinte conferido pelas cortinas de linho e
renda.
A beleza paisagística e arquitectónica é sublimada por um número incontável de jardins, implantados nos espaços públicos e particulares,
envolvendo monumentos, edifícios municipais,
jornada de Alcácer-Quibir. Os romanos que o
atravessaram no ano de 137 a.C., no seu
caminho de conquista da Lusitânia para a
Galiza, ficaram deslumbrados com a sua
calma e beleza, temendo ter chegado ao rio
Lethes que, segundo a mitologia, ficava a
Ocidente, para lá do mundo conhecido, e que
apagava todas as memórias a quem nele
mergulhasse.
A vila abraça o rio com a sua ponte medieval,
notável construção para a época pela envergadura e beleza. Como tema de pintura, Ponte
de Lima passaria por uma vila idealizada por
um sonhador, paisagista exímio, tal a
harmonia dos elementos. Uma harmonia que
casas apalaçadas e mais modestas.
Uma visão da Vila e do vale do Lima, anfiteatro virado para o mar onde a Vila se incrusta
como uma jóia, no caminho que o rio
percorre entre terras de Espanha e Viana do
Castelo, é indispensável. Para isso sobe-se ao
miradouro de S.to Ovídio, que fica próximo da
urbe ou ao de Santa Maria Madalena com o
seu parque ajardinado e uma capela do séc.
XVII, um pouco mais longe, onde se oferece
ao visitante uma síntese majestosa de toda a
região do Vale do Lima até ao oceano. Nas
margens do rio, coleante, desdobra-se a característica paisagem limiana: prados, milheiros,
vinhas, florestas, igrejas, capelinhas brancas,
rico - «Passeio pelo Lima» e «Passeio pelo
Mirante da História» - dos quais destacamos
alguns aspectos. Outra alternativa é seguir o
roteiro dos jardins, não menos aliciante, ao
qual nos referimos adiante (págs. 11 e 12).
O Largo de Camões é a «sala de visitas» da
Vila, frente ao rio, com grande concentração
de cafés e comércio tradicional. A actual
fisionomia foi delineada a partir dos anos 20
do século passado. No centro ergue-se o
Chafariz, de 1603. De risco renascentista,
possui elementos decorativos manuelinos.
Em frente estende-se a Ponte sobre o Lima,
formada por dois troços distintos, romano e
medieval, com 4 m. de largura e cerca de
A
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Passeio pela Vila
Existem numerosos roteiros e percursos para
conhecer a Vila de Ponte de Lima e o seu
concelho, assim como o Vale do Lima, sobre
os quais há abundante informação escrita e
áudio-guias na Delegação de Turismo. Dois
itinerários são consagrados ao centro histó-
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A Vila evolui
harmoniosamente
por uma suave encosta
até ao rio onde se estende
ao longo da margem
num recorte de
edificações históricas
de porte distinto.
ila de Portugal
da Terra Rica...
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Foto: Carlos Martins
m e pela natureza. É a Terra Rica da Humanidade,
ónio mundial, que a Vila prepara e que esta edição convida a descobrir.
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Destaque
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Ponte de Lima é uma obra de arte esculpida pelo homem e pela nat
denominação do ambicioso projecto de candidatura a património mundia
Ponte de Lima, a mais antiga Vila de
À descoberta d
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e de Lima está hoje, ao melhor nível da Europa.
Ponte de Lima
green
O golfe já conquistou um
espaço de eleição em Ponte
de Lima. No Verde Minho,
o green não podia faltar.
Ponte de Lima
moderna
A modernidade em Ponte
de Lima é sinónimo de beleza,
requinte... qualidade. A piscina e
a esplanada-bar junto ao Festival
Internacional de Jardins ilustram
o equilíbrio das novas soluções.
Ponte de Lima
ecológica
Não é uma foto subaquática!
É o fundo do Rio Lima
visto da ponte medieval.
Absolutamente único.
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Fotos: Carlos Martins
soladora e pessimista dos grandes media. ... Absolutamente a não perder.
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Olhares
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Tranquilamente, ao longo das límpidas águas do seu rio, Ponte de Lim
Uma grande surpresa, para quem só “conhece” o país pela montra desoladora e pe
Ponte de Lima
histórica
O Paço do Marquês
e o perfil da renovação
do espaço envolvente
– com o Jardim das Oliveiras –
é o paradigma
da modernização que
a Vila conhece.
Ponte de Lima
Ponte de Lima
A Vila mais antiga de Portugal
é também a capital do cavalo
no norte do país.
Mais uma paixão com que
Ponte de Lima nos seduz...
A relação dos jovens da Vila com
o rio é permanente. Diariamente,
o Lima recebe nas suas águas,
dezenas de jovens praticantes
de desportos naúticos.
equestre
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desportiva
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Destacável
2º Festival Internacional
de Jardins
4 Olhares
6 Destaque:
À descoberta
da Terra Rica...
11 Roteiro
dos jardins da Vila
13 Rotas
Ecovias,
o luxo da natureza
14 Ambiente
Lagoas de Bertiandos
e S. Pedro de Arcos
O paraíso terrestre existe...
Quinta de Pentieiros
Quinta pedagógica de excelência
18 Vai ser
notícia
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Tel.: 217 718 030 • Fax: 217 783 295 • e-mail: [email protected] • www.inedia.net • Foto de capa: Carlos Martins
• Páginação electrónica: Full Design • Impressão: Heska • Distribuição nacional de 70.000 exemplares com o jornal Público
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10:55 AM
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www.cm-pontedelima.pt
Património.História.Cultura.Natureza.
Visite Ponte de Lima
com
Áudio-guias.
Disponíveis na Delegação de Turismo,
Paço do Marquês.
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6/2/06
Projecto
“Ponte de Lima.
Terra Rica da Humanidade”
financiado por:
11:37 AM
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descoberta