ID: 24806822
25-04-2009
Tiragem: 50552
Pág: 20
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 27,59 x 33,79 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 1
Agricultura Produtores portugueses olham para os bons exemplos europeus
Municípios querem “Rotas de Vinhos”
que aproveitem melhor os fluxos turísticos
Associação de Municípios Portugueses do Vinho tenta sensibilizar ministro da Agricultura
para a promoção interna das produções e integrar aqueles percursos em projecto nacional
PEDRO CUNHA
Venda nas quintas ainda não é realidade para produtores portugueses
Jorge Talixa
a O conselho directivo da Associação de Municípios Portugueses do
Vinho (AMPV) acha que boa parte
das rotas regionais de vinhos portugueses não está a funcionar devidamente e considera que nessas
condições não é possível criar um
projecto nacional que aproveite um
sector turístico que movimenta 20
milhões de turistas por ano na Europa.
Esta foi uma das preocupações
abordadas na reunião daquela associação, em Alenquer (o concelho
do país onde se produz mais vinho e
uva de mesa), onde também estiveram em foco as conclusões de uma
reunião que a associação manteve
com o ministro da Agricultura, Jaime Silva.
“Precisamos de ter rotas que
funcionem e que funcionem bem e
depois de as integrar num projecto
nacional”, vincou José Arruda, secretário-geral da AMPV, admitindo
que as diversas rotas criadas nas regiões com mais tradição vitivinícola
“não funcionam em rede”, que em
muitos casos “não há informação” e
que “muitas estão inactivas”.
Também por isso, a Associação
de Municípios Produtores de Vinho
defende que a sinalética destas rotas
deve ser alterada e reforçada e que
para esse efeito diz ter um projecto
que pretende apresentar ao Turismo
de Portugal.
José Arruda sublinha que as rotas turísticas ligadas ao vinho estão
muito bem desenvolvidas em países
como a França e a Itália e especialmente também em Espanha, onde
a associação de municípios vitivínicolas teve uma intervenção muito
importante neste domínio.
20
milhões de
turistas circulam
pelas rotas
do vinho, em
França, Espanha
ou Itália, e que
Portugal deve
aproveitar
“Em Portugal, se pegarmos em informação sobre as rotas e dermos
uma volta ao país, temos uma desagradável surpresa, o que é extremamente negativo. Em muitas regiões
de França ou de Itália as rotas funcionam bem, são uma importante
forma de venda e de produzir receitas e os produtores vendem o vinho
directamente nas suas quintas. É
uma área que devemos explorar.”
Socorrendo-se de estudos da Rede Europeia de Cidades do Vinho, o
mesmo responsável da AMPV salienta
que só nesta área ligada à produção
vinícola circulam na Europa mais de
20 milhões de turistas por ano.
“Espanha é cada vez um melhor
exemplo e as rotas do vinho são hoje
um produto turístico nacional. Nós
estamos a preparar uma proposta de
parceria com o Turismo de Portugal,
porque as rotas também não devem
ser vistas de forma isolada e as pessoas querem visitar outros aspectos do
património”, sustentou José Arruda,
considerando que as rotas também
têm que evoluir nos domínios da certificação e da promoção. “Infelizmente não estão a funcionar e é uma falha
grave”, acrescentou, revelando que
a Associação dos Municípios Produtores também está a preparar candidaturas ao programa comunitário de
cooperação transnacional (Interreg),
para obter apoios para acções de dinamização do sector.
Foram estas e outras preocupações que a AMPV diz ter colocado
ao Jaime Silva, e revelou que o governante se mostrou disponível para
apoiar projectos de promoção dos
vinhos portugueses no mercado interno.
Uma nova indicação geográfica DOC
Lisboa passa a ser denominação para vinhos produzidos na região
Os vinhos produzidos na região
de Lisboa passaram a ter uma
nova denominação, apresentando
o nome do distrito, o que facilita
a promoção, principalmente no
mercado externo, defendeu ontem
o presidente da Comissão da
zona. Com esta decisão, é extinta
a denominação Estremadura, que
abrangia os distritos de Lisboa e
de Leiria.
Em declarações à agência
Lusa, o presidente da Comissão
Vitivinícola da nova Região de
Lisboa, João Ghira, explicou que,
com a publicação da portaria,
cumpre-se um desejo “há
muito tempo transmitido pelos
produtores”. Está assim criada
a Indicação Geográfica “Lisboa”,
que vai começar a aparecer nos
rótulos das garrafas dos vinhos
produzidos por cerca de 100
produtores numa área de 30 mil
hectares. “Deixamos o nome
Estremadura, que leva a confusões
com a região espanhola, para
retomar o nome que teve forte
expressão há muitos anos e está
principalmente virado para o
mercado externo”, referiu João
Ghira. Numa fase de transição, os
produtores podem fazer referência
a duas sub-regiões: Estremadura
e Alta Estremadura. A nova
denominação também
facilita a relação com o
turismo e com as rotas
ligadas à produção de
vinho (ver outro texto).
João Ghira aponta
uma desvantagem
realçada pelos estudos
realizados, relacionada
com a actual ausência
de associação de Lisboa a
produção de vinhos, um ponto
que o responsável espera seja
ultrapassado. A região tem
“uma forte tradição vinícola”
e agrega alguns dos vinhos
DOC (Denominação de Origem
Controlada) mais reconhecidos,
como Colares, Bucelas, Carcavelos,
Óbidos, Alenquer, Arruda dos
Vinhos, Encostas D’Aire ou Torres
Vedras. A nova Região de Vinhos
de Lisboa produz cerca de 20
milhões de garrafas de
vinho certificadas, além
de aguardente, espumante
de qualidade e vinhos
generosos, e abrangerá a
totalidade do distrito de
Lisboa, com excepção do
concelho da Azambuja,
o concelho de Ourém e os
concelhos do distrito de
Leiria.
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