CRISTIANE MAYUMI INAGATI
AVULSÃO DENTÁRIA: REVISÃO DE LITERATURA
Londrina
2014
1
CRISTIANE MAYUMI INAGATI
AVULSÃO DENTÁRIA: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado
ao
Departamento
de
Odontologia Restauradora da Universidade
Estadual de Londrina, como requisito à
obtenção do título de cirurgiã- dentista.
Orientador: Prof. Victor Hugo Dechandt
Brochado
Londrina
2014
2
CRISTIANE MAYUMI INAGATI
AVULSÃO DENTÁRIA: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado
ao
Departamento
de
Odontologia Restauradora da Universidade
Estadual de Londrina, como requisito à
obtenção do título de cirurgiã- dentista.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________
Orientador: Prof. Victor Hugo Dechandt
Brochado
Universidade Estadual de Londrina - UEL
_______________________________
Prof. Bruno Shindi Hirata
Universidade Estadual de Londrina - UEL
Londrina, 18 de Julho de 2014.
3
Dedico este trabalho carinhosamente ao meu
pai Carlos Inagati (in memorian) que foi um
exemplo de homem, pai amoroso e dedicado
que sempre me incentivou a estudar e a lutar
pelos meus sonhos.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter guiado todos os meus
passos e ter colocados boas pessoas no meu caminho.
A minha mãe Eva Inagati, por ser tão lutadora que mesmo em
épocas sem muitos recursos batalhou ao lado do meu pai para que eu e meu irmão
pudéssemos estudar e sonhar com os nossos sonhos e permitir que esse dia
chegasse.
Ao meu irmão Alex Inagati apesar de muitas brigas e discussões por
ciúmes de ambos as partes para disputar a atenção de nossos pais sei que você
está imensamente feliz por eu ter alcançado o meu sonho mais profundo.
Agradeço ao meu orientador Victor Hugo Brochado não só por ter
aceito me orientar, mas sobretudo pela sua paciência, amizade e sempre se dispôs
a me orientar apesar da correria do dia a dia de nossas partes.
Aos professores Edna Mizuno e Lauro Mizuno pelos 4 anos de
amizade, por inúmeros trabalhos apresentados pela estomatologia, pelos inúmeros
conselhos e advertências recebidas, portanto os considero como meus pais na
odontologia.
Aos professores Márcio Grama Hoppner e Ricardo Shibayama por
todo o apoio, amparo e conselhos num dos momentos mais dificeis da minha vida
que passei até hoje.
As professoras Maria de Lourdes Scolin e Eloisa Aranda meu muito
obrigada por serem as mães da odontologia e que rezo para que Deus continue as
abençoando a cada dia mais.
Ao professor Alcides Gonini Jr., meu orientador de clinica integrada
que este ano foi fundamental no meu aprendizado me ajudando a superar todas as
dificuldades passadas anteriormente.
A professora Fernanda Ito por sua paciência e preocupação no
aprendizado de cada aluno os meus sinceros agradecimentos.
Aos professores Ricardo Matheus, Cecilia Stabile, Hedelson Borges,
Maria Beatriz e Vinicius Nunes por terem sido os meus apoios do 4 e 5 ano que sem
vocês eu não conseguiria realizar os procedimentos clinicos.
Ao professor Ricardo Takahashi, pois mesmo quase desisitindo de
aprender ortodontia o senhor conseguiu me ensinar, me estimulando a sempre me
5
dedicar com muito treino.
Ao
professor
Ricardo
Guiraldo
meu
querido
orientador
de
odontogeriatria, mais conhecido como Carinha, muito obrigada pela paciência,
conselhos diários e toda a atenção prestada a essa orientada que muito lhe deu
trabalho durante este ano.
Ao professor Gilberto Navolar, por me passar toda sua experiência
vivida em clínica, pela sua paciência como meu orientador durante a clínica
integrada e por ter feito parte da sua última turma de orientados a minha sincera
homenagem.
Ao professor Bruno Shindi Hirata por ter aceito corrigir este trabalho
com muito carinho, dedicação e toda a atenção a este trabalho os meus sinceros
agradecimentos.
A todos os funcionários da clinica odontológica que animam
diariamente o meu dia e por todo o trabalho prestado que sem vocês eu não
conseguiria atender os pacientes.
A toda equipe da Clinica Kuabara e Maxillo Facial Center por terem
abrido as portas da clinica para permitir que eu fizesse estágio nos meus horários de
folga acrescentando conhecimentos para a profissão que começa.
A minha amiga, mãe e dupla Rosangela Viegas por toda a amizade,
carinho, dedicatória para comigo e que hoje luta em favor da vida me dando
exemplo de superação e força a cada dia o meu muito obrigada.
Aos meus amigos do curso de odontologia das turmas 68 e 69 por
sempre mostrarem estar ao meu lado durante todas as minhas dificuldades, alegrias,
tristezas e correrias diárias demonstrando o seu carinho e respeito por essa amiga
que se forma este ano.
A todos que estão presentes ou não que sempre torceram pela
minha felicidade o meu muito obrigada.
6
INAGATI, Cristiane Mayumi. Avulsão dentária: revisão de literatura. 2014. 23f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) - Universidade
Estadual de Londrina, Londrina, 2014.
RESUMO
O trauma facial é acometido de forma considerável por motivos diversos como
acidente automobilistico, brigas, quedas e entre outros fatores, sendo que uma das
consequencias é a sua alvusão dental. A avulsão dentária é a extrusão do dente do
seu alvéolo e acomete em sua maioria crianças e adolescentes do sexo masculino,
sendo o tratamento de escolha o reimplante dentário, porém este é dificultado pelo
tempo extraoral e pelo meio inadequado de transporte. O presente trabalho visa
realizar uma revisão de literatura sobre a avulsão, o meio de preservação do dente e
do seu alvéolo, o tratamento de escolha e de obter um melhor prognóstico. Concluise que o tempo extraoral superior a 30 minutos consequentemente prejudicará o
ligamento periodontal, impossibilitando o sucesso do reimplante dental e um
conhecimento amplo da necessidade de todas as áreas da odontologia, pois o
atendimento correto e preciso são fundamentais no prognóstico.
Palavras-chave: Trauma dental. Avulsão dentária . Reimplante dental.
7
INAGATI, Cristiane Mayumi. Tooth avulsion: literature review. 2014. 23f.
Completion of course work (undergraduate Dentistry) - State University of Londrina,
Londrina, 2014.
ABSTRACT
Facial trauma is affected considerably by various reasons such as car accidents,
fights, falls, and other factors, and one of the consequences is dental avulsion. Tooth
avulsion is the extrusion of the tooth and its socket affects mostly children and
adolescent males, being the treatment of choice dental replantation, but this is
hampered by the extraoral time and inadequate transportation. The present study
aims to conduct a literature review on the avulsion, the means of preserving the tooth
and its socket, the treatment of choice and get a better prognosis. We conclude that
the extraoral time greater than 30 minutes thus damage the periodontal ligament,
preventing the success of dental reimplantation and a broad knowledge of the need
for all areas of dentistry because correct and accurate service are essential in
prognosis.
Key words: Dental trauma. Tooth avulsion. Tooth reimplantation
8
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 9
2
REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 11
2.1
PROCEDIMENTOS CLÍNICOS ................................................................................. 11
2.2
MEIOS DE ESTOCAGEM ....................................................................................... 11
2.2.1 Leite.................................................................................................................. 12
2.2.2 Saliva................................................................................................................ 12
2.2.3 Soro Fisiológico ................................................................................................ 12
2.2.4 Água com Baixa Concentração de Cloro.......................................................... 12
2.2.5 Solução Salina Balanceada de Hank’s ............................................................. 12
2.2.6 ViaSpan ............................................................................................................ 13
2.2.7 Própolis ............................................................................................................ 13
2.2.8 Solução de Reidratação Oral ........................................................................... 14
2.3 CONTENÇÃO OU ESPLINTAGEM ............................................................................. 14
2.4 TRATAMENTO ...................................................................................................... 15
2.5 TRATAMENTO ENDODÔNTICO ................................................................................ 16
2.6 PROGNÓSTICO .................................................................................................... 17
3
DISCUSSÃO ...................................................................................................... 18
4
CONCLUSÃO .................................................................................................... 20
REFERENCIAS .................................................................................................. 21
9
1 INTRODUÇÃO
A avulsão dentária segundo Andreasen (1991) e Lopes e Siqueira
(2010) é definida como o deslocamento total do dente de seu alvéolo, provocado por
um trauma, podendo envolver o ligamento periodontal, o osso alveolar, cemento e a
polpa do elemento envolvido.
A avulsão dentária é uma área que podem envolver a dentistica,
endodontia, prótese, periodontia e cirurgia, necessitando de um diagnóstico rápido,
correto e preciso, obtendo assim, um prognóstico muitas vezes desfavorável e
duvidoso. (MOTA; SILVA, 2009).
Conforme o trabalho de Mota e Silva (2009) a incidência de avulsão
dentária varia de 1 a 16% de todas as lesões traumáticas na dentição permanente,
sendo o gênero masculino o mais acometido e a idade prevalente varia de 7 a 11
anos de idade. Em uma pesquisa realizada pelo trabalho de Guedes (2012) num
tratamento de urgência em Goiânia, que consistia em levantamentos de prontuários
também detectou que o sexo masculino é o mais acometido do que o feminino, pois
os homens estão mais sujeitos a traumas. Por outro lado, o seu sucesso clinico
através do reimplante não chega a atingir 50% dos tratamentos realizados. Isso
pode ser explicado devido ao fato de diferentes condições que o dente chega ao
consultório odontológico, levando ao clinico aos tratamentos diferenciados (LOPES;
SIQUEIRA, 2010).
Para Trevisan (2009) a perda do dente ocorre devido à reabsorção
inflamatória que ocasiona devido à quantidade de bactérias contidas nos túbulos
dentinários podendo levar à necrose da polpa. O prognóstico favorável do dente
avulsionado depende de vários fatores tais como a qualidade do atendimento no
momento do trauma que deverá ser de forma minuciosa, avaliando a idade do
paciente, a localização do trauma, o tecido afetado, o tempo que o dente ficou fora
do alvéolo e a sua rizogênese. Além dessa avaliação minuciosa deve-se realizar o
tratamento endodôntico associado ao tratamento terapêutico.
O reimplante dentário imediato deve ocorrer para que ocorra a
reparação das funções do dente, obtendo assim, um melhor prognóstico (SIQUEIRA;
GONÇALVES, 2012). Por conseguinte pode não ser possível o reimplante dentro do
alvéolo logo após o trauma, pois o cirurgião dentista pode não possuir total
conhecimento para realizar o devido atendimento emergencial, prejudicando assim,
10
o prognóstico do caso, devendo considerar também nesses casos o tempo extraoral,
os meios de estocagem em que está o elemento dental, desenvolvimento radicular e
presença de fratura radicular. (ANDREASEN, 1991; REBOUÇAS; MOREIRA;
SOUZA, 2013; TREVISAN, 2009).
O tratamento de escolha para a avulsão consiste em reimplante do
elemento avulsionado realizando a contenção semirrígida por 7 a 14 dias, seguida
do tratamento endodôntico de 7 a 10 dias após o seu reimplante e antes da remoção
da contenção, a vacinação contra tétano estar em dia e prescrição de antibiótico.
Deve-se considerar que o seu sucesso deve-se a ausência de reabsorção radicular
e a reparação do ligamento periodontal. (REBOUÇAS; MOREIRA; SOUZA, 2013).
Alguns autores consideram que o seu reparo consiste no tempo que a medicação
intracanal deve permanecer no canal radicular, pois podem diminuir a reação
inflamatória. (BUCK et.al., 2013).
O objetivo do trabalho foi realizar uma revisão de literatura a partir
de 2009 até o momento sobre avulsão dentária, avaliando os procedimentos
clínicos, os meios de estocagem, e o tratamento clinico de escolha e a avaliação da
necessidade do tratamento endodôntico para se obter um melhor prognóstico.
11
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 PROCEDIMENTOS CLÍNICOS
Para a realização do procedimento clinico é necessário observarmos
um protocolo para se obter um melhor prognóstico do caso, analisando dessa forma
as variáveis terapêuticas e os fatores que competem para que seja um tratamento
de sucesso. (LOPES; SIQUEIRA, 2010).
Para se obter o sucesso do tratamento deve-se considerar o período
extra-alveolar, pois a preservação das fibras periodontais é de muita importância,
determinando o fator crítico no prognóstico. Segundo Andreasen ( 1991), as células
ligamentares começam um processo degenerativo 15 a 30 minutos após a lesão, por
isso é de extrema importância a reimplantação num período curto de tempo.
(LOPES; SIQUEIRA, 2010).
Outros fatores importantes para analisarmos são: possíveis fraturas
ósseas, avaliar a situação periodontal, meios de conservação, a forma da limpeza, a
contaminação e as condições do dente avulsionado podendo interferir no sucesso
do tratamento. (LOPES; SIQUEIRA, 2010).
2.2 MEIOS DE ESTOCAGEM
O meio de estocagem no inicio deve ser capaz de manter
fisiologicamente o PH, a osmolaridade e o metabolismo, mantendo dessa forma as
fibras periodontais com vitalidade e viabilidade por períodos que possam realizar o
transporte do dente até o consultório. (LOPES; SIQUEIRA, 2010).
Pode-se considerar como meio de estocagem de dentes as
seguintes soluções: soro fisiológico, leite, saliva, água com baixa concentração de
cloro, solução balanceada de Hank’s, ViaSpan, própolis e solução de reidratação
oral. Embora se tenham disponíveis todas essas soluções os pacientes não
possuem tal informação e com isso acabam por acondicionar o dente em local
impróprio, interferindo no prognóstico do caso. (LOPES; SIQUEIRA, 2010).
No presente trabalho iremos abordar logo a seguir os meios de
estocagem citados de forma detalhada para um melhor conhecimento das suas
vantagens e desvantagens como meio de armazenamento.
12
2.2.1 Leite
O leite é um meio isotônico com pH ligeiramente alcalino e
compatível com as fibras do ligamento periodontal, a sua osmolaridade é
relativamente livre de bactérias. O leite possui ainda nutrientes que mantêm a
vitalidade do ligamento periodontal por aproximadamente seis horas. O leite é rico
em Fator de Crescimento Epidermal que é uma substância hábil para estimular a
reabsorção óssea, contribuindo para a manutenção do ligamento periodontal,
evitando assim, a anquilose alvéolo dentário. (LOPES; SIQUEIRA, 2010).
2.2.2 Saliva
A saliva não é um meio de estocagem indicada, pois a sua
osmolaridade é hipotônica, além de oferecer riscos de contaminação do ligamento
por bactérias, favorecendo o aparecimento de reabsorções inflamatórias. Por isso a
saliva é um meio rápido até que se possa irrigar e colocar o dente avulsionado em
leite para se realizar o reimplante dental. (LOPES; SIQUEIRA, 2010).
2.2.3 Soro Fisiológico
O soro fisiológico é um meio isotônico, mas não apresenta
condições adequadas e permite cerca de vinte minutos de permanência extraalveolar. (LOPES; SIQUEIRA, 2010).
2.2.4 Água com Baixa Concentração de Cloro
A água é uma condição hipotônica provocando uma rápida lise
celular, tornando o meio prejudicado quanto deixar o dente em ambiente seco.
(LOPES; SIQUEIRA, 2010).
2.2.5 Solução Salina Balanceada de Hank’s (HBSS)
A solução salina possui um meio de cultura com boa capacidade de
manter a vitalidade do ligamento periodontal, possui baixo custo e validade de dois
13
anos em temperatura ambiente. Esta solução estende significativamente o período
de vitalidade das fibras do ligamento periodontal. (LOPES; SIQUEIRA, 2010). A
solução foi utilizada em diversos estudos para proteger diferentes tipos de células. É
não tóxico, PH equilibrado, e contém muitos nutrientes essenciais. HBSS está
disponível nas farmácias, mas não muito. (AHANGARI et al., 2013).
2.2.6 ViaSpan
A ViaSpan é um meio usado para o transporte de órgãos, sendo
também utilizado para o meio de vitalidade do ligamento periodontal. (LOPES;
SIQUEIRA, 2010). ViaSpan tem um tampão de íons de hidrogênio eficaz, que
mantém o pH, além de adenosina, que é necessário para a divisão celular. (TODO et
al., 1989). Pettiette et al (1997) e colaboradores demonstraram que ViaSpan foi mais
eficaz do que HBSS e de leite. No entanto o ViaSpan não são amplamente
disponíveis. (AHANGARI et al., 2013; PETTIETTE et al., 1997 ).
2.2.7 Própolis
A própolis é um antifúngico, antibacteriano e um antiinflamatório
recolhido por abelhas de brotos de plantas. Em geral, a própolis é composta de 50%
de resina e bálsamo de vegetais, 30% de cera, 10 % de óleos essenciais e
aromáticos, 5% de pólen e 5% de várias outras substâncias, que incluem restos
orgânicos, dependendo do local e horário de sua coleção. Buttke e Tropo (2003)
sugeriram que o armazenamento de dentes avulsionados em meio que contêm
antioxidantes podem aumentar o sucesso do reimplante. Uma das principais
componentes da própolis é a flavonóides, o componente farmacologicamente ativo
mais importante e poderoso antioxidante, o que explicaria a sua capacidade para
manter a viabilidade celular.
A própolis também tem uma propriedade antibacteriana, que auxilia
com reimplante de sucesso e diminui a chance de reabsorção inflamatória uma
sequela comum em reimplante tardio. Ferro e zinco, que são utilizados na síntese de
colágeno são também encontrados na própolis. (AHANGARI et al., 2013).
2.2.8 Solução de Reidratação Oral
14
Esta é uma solução de glicose e eletrólitos cujas composições
mantém a osmolaridade ideal, bem como pH e pode até mesmo fornecer nutrientes.
A osmolalidade e o pH da ORS é de 270 mOsm / L e 7,8, respectivamente, o que faz
com que seja adequado para o crescimento celular. Além disso, a solução é
facilmente disponível e barato. (ESKANDARIAN; BADAKHSH; ESMAEILPOUR,
2013).
2.3 CONTENÇÃO OU ESPLINTAGEM
Na avulsão dentária a opção da contenção deve ser do tipo flexível
ou semirrígido. Quando se relaciona a esplintagem rígida, tem-se por objetivo
imobilizar o dente, permitindo assim, a deposição e organização tecidual,
procedimentos que devem ser realizados caso haja fraturas radiculares. (LOPES;
SIQUEIRA, 2010).
Na contenção a técnica mais utilizada é quando se associa a resina
composta aos fios metálicos, de náilon ou outros. Durante a imobilização do dente o
seu número irá variar de acordo com o tipo de trauma e a sua extensão, das suas
estruturas de suporte dos dentes vizinhos. Pode ocorrer também a ausência de
alguns dentes, dependendo da sua idade, devendo-se assim a imobilização ser
estendida para um número maior de dentes. (LOPES: SIQUEIRA, 2010).
O dente é fixado com fio e resina por um dentista, caso nenhum fio
ou resina é disponível, uma tala improvisada feita de folha de alumínio pode ser
colocada à volta dos dentes. Se o médico que fornece os primeiros socorros não for
capaz de reimplantar o dente imediatamente, o dente deve ser armazenado no que
é conhecido como um dente caixa de resgate. Caixas de resgate de dente permitem
que dentes possam ser reimplantadas até 24 horas. Uma vantagem de dentes
caixas de resgate é de que, se o dente é armazenado imediatamente há bastante
tempo após o acidente para prestar o diagnóstico e tratamento necessário.
(BRULLMANN; SCHULZE; HOEDT, 2011).
Caixas de resgate de dentes contêm um meio nutritivo assim que as
células podem ser mantidas vivas por até 24 horas. Eles também contêm um
indicador de cor que muda de cor de rosa para amarelo à medida que o pH diminui.
O meio em uma caixa fechada pode ser mantido por pelo menos três anos, mas não
deve ser exposto a temperaturas acima de 40° C. No entanto, colocar um dente
15
numa solução refrigerada pode também agravar as chances de preservá-la.
(BRULLMANN; SCHULZE; HOEDT, 2011).
2.4 TRATAMENTO
O inicio do tratamento deve-se consistir em analisar quanto a uma
provável contaminação, o seu alvéolo, o histórico do período extra-alveolar. O
tratamento de escolha é o seu reimplante dentário, porque muitas vezes se
consegue uma retenção prolongada e serve como um mantenedor de espaço e guia
para a erupção dos dentes permanentes, mas deve-se considerar que o dente não
deve possuir doença periodontal severa; o seu alvéolo deve estar intacto para ser
uma base para o dente avulsionado; períodos extra-alveolares superior a 1 hora
estão marcantes por reabsorção radicular. (ANDREASEN, 2001; SIQUEIRA;
GONÇALVES, 2012).
Deve-se analisar quando o paciente chega a emergência se o dente
já havia sido reimplantado, caso isso não tenha ocorrido o cirurgião dentista deve
minimizar com que o dente permaneça por um período maior de tempo fora da
cavidade oral.
De acordo com alguns autores os passos a serem rigorosamente
seguidos para o provável sucesso do reimplante dental são: lavagem suave do
alvéolo e do dente com soro fisiológico até os fatores contaminantes serem
removidos; exame radiográfico para diagnóstico de fraturas e fragmentos ósseos ou
dentários; curetagem alveolar com cureta e aspiração com soro fisiológico, para a
remoção de coágulos, provocando nova hemorragia; reimplante do dente no alvéolo,
pegando sempre pela coroa e nunca pela raiz a fim de proteger o ligamento
periodontal, utilizando uma leve pressão digital para mantê-lo em posição; a
contenção deve ser realizada logo em seguida que deve ser com fio semirrígido e a
terapia antibiótica deve ser inserida. (ANDREASEN, 2001; LOPES; SIQUEIRA,
2010; SIQUEIRA; GONÇALVES, 2012).
Após o reimplante dentário está indicado a prescrição de antibiótico
por um período de 7 a 10 dias, antiinflamatório por 3 a 5 dias e profilaxia
antitetânica. (WESTPHALEN et al., 1999; RODRIGUES; RODRIGUES; ROCHA,
2010). Planells Del Pozo, Barra Soto e Santa Eulalia Troisfontaines (2006)
descrevem que receita-se antibiótico sistêmico caso haja um comprometimento
16
sistêmico como, por exemplo, a endocardite relacionada a cardiopatia. (SIQUEIRA;
GONÇALVES, 2012).
2.5 TRATAMENTO ENDODÔNTICO
A necessidade do tratamento endodôntico depende do tempo
extraoral e do estágio de desenvolvimento radicular. (AMERICAN ASSOCIATION
OF ENDODONTICS, 2004; WESTPHALEN, 2007; RODRIGUES; RODRIGUES;
ROCHA, 2010). Quando os dentes possuem rizogênese completa não poderá
ocorrer a revascularização e a endodontia deve ser realizada de 7 a 10 dias após o
traumatismo a fim de impedir novos danos ao ligamento periodontal e a reabsorção
radicular do tipo inflamatória.
Recomenda-se a pulpectomia e o preenchimento com hidróxido de
cálcio como curativo de demora, deve-se trocar a cada três a seis meses e a sua
obturação não deverá ser realizada enquanto na radiografia não haver a presença
da lâmina dura. (ANDREASEN, 2001; RODRIGUES; RODRIGUES; ROCHA, 2010;
SIQUEIRA; GONÇALVES, 2012).
Quando os dentes possuem a rizogênese completa e permaneceram
em meio seco superior a 60 minutos o tratamento endodôntico deverá ser realizado
em meio extraoral. (RODRIGUES; RODRIGUES; ROCHA, 2010).
Em dentes com rizogênese incompleta com período extraoral inferior
a 60 minutos poderá ocorrer a revascularização da polpa. Neste caso deve-se
realizar o acompanhamento radiográfico e se ocorrer alguma alteração patológica
deve-se realizar a terapia endodôntica. (TROPE, 2002; RODRIGUES; RODRIGUES;
ROCHA, 2010).
O acompanhamento clinico e radiográfico deve ser feito por no
mínimo 5 anos, pois uma das consequências da avulsão dentária é a reabsorção
radicular. (AMERICAN ASSOCIATION OF ENDODONTICS, 2004; RODRIGUES;
RODRIGUES; ROCHA, 2010).
17
2.6 PROGNÓSTICO
Shashikiran et al. (2006) relatam que o prognóstico final de uma
avulsão depende do conhecimento e das etapas da técnica. O prognóstico é melhor
quanto mais cedo o dente for reimplantado em seu alvéolo após a avulsão e quanto
menos tempo o dente ficar fora da cavidade oral. Também, segundo Andreasen
(2001) e Siqueira e Gonçalves (2012) o reimplante de dentes é incerto, por causa do
risco da reabsorção radicular.
18
3 DISCUSSÃO
Verificando os estudos de vários autores que foram pesquisados no
presente trabalho a avulsão dentária acomete em sua maioria o sexo masculino,
crianças e adolescentes e o meio de estocagem inadequado implica na
impossibilidade do reimplante dentário. O tratamento de escolha é o reimplante
dentário, mas na maioria das vezes, a procura tardia ao tratamento impossibilita o
seu reimplante.
Em uma pesquisa realizada para tese de doutorado, Guedes (2012)
num tratamento de urgência em Goiânia, que consistia em levantamentos de
prontuários, detectou que a maioria é do sexo masculino, pois os homens estão mais
sujeitos a traumas e sem a utilização de equipamentos apropriados, concordando
assim com o trabalho de Mota (2009). Cerca de 86% foram na região da maxila, os
incisivos centrais foram os mais acometidos com 62%, sendo que 45% foram
reimplantados após o acidente.
Já com relação ao meio de transporte, segundo a tese de Guedes
(2012), cerca de 32% foram armazenados em meio seco, 16,81% em solução salina,
16,81 no leite, 12,61% na água, 4,2% no álcool, 3,36% em saliva e
aproximadamente 1% no gelo e o tempo extra-oral é de fundamental importância,
concordando com os autores Andreasen (1991), Lopes e Siqueira (2010), pois
quanto menor o tempo extraoral, maior será a preservação do ligamento periodontal,
sendo considerado este tempo de fundamental importância.
Embora
os
pacientes
que
sofreram
trauma
dental
tenham
armazenados os dentes nessa condição dificultando a sobrevida do reimplante
dentário existem meios de conservação que prorrogam o tempo extraoral. Segundo
os autores Lopes e Siqueira (2010) o leite é o meio mais indicado para ser
armazenado, pois é isotônico, livre de bactérias e possuem nutrientes para manter o
ligamento periodontal, existe também a solução salina de hank’s que é de baixo
custo, tem as mesmas propriedades do leite, porém é pouco encontrado nas
farmácias segundo o autor Ahangari et al (2013). A ViaSpan segundo Pettiette et al.
é o meio mais indicado do que o leite e a solução salina, porém é o meio menos
encontrado.
Conforme American Association of Endodontics, 2004; Westphalen,
2007; Rodrigues, Rodrigues e Rocha, 2010; Andreasen, 2001; Trope, 2000;
19
Siqueira; Gonçalves, 2012, a necessidade do tratamento endodôntico depende do
tempo extraoral e do estágio de desenvolvimento radicular. Quando os dentes
possuem rizogênese completa não poderá ocorrer a revascularização e a
endodontia deve ser realizada de 7 a 10 dias após o traumatismo a fim de impedir
novos danos ao ligamento periodontal e a reabsorção radicular poderá ocorrer e é
considerado do tipo inflamatória, devendo assim, realizar o acompanhamento
radiográfico por no mínimo 5 anos. Neste caso recomenda-se a pulpectomia e o
preenchimento com hidróxido de cálcio como curativo de demora, deve-se trocar a
cada três a seis meses e a sua obturação não deverá ser realizada enquanto na
radiografia não haver a presença da lâmina dura.
20
4 CONCLUSÃO
Pode-se concluir que o prognóstico da avulsão dentária é impreciso,
necessitando de um correto diagnóstico, um conhecimento amplo de todas as áreas
da odontologia, um meio de estocagem adequado como o leite que é livre de
bactérias e isotônico, sendo considerado de fácil acesso a toda a população e um
tempo extraoral menor que 30 minutos para não afetar o ligamento periodontal, caso
contrário poderá acarretar na perda do dente.
21
REFERÊNCIAS
AHANGARI, Z. et al. The effect of propolis as a biological storage media on
periodontal ligament cell survival in an avulsed tooth: an in vitro study.
Cell Journal, Tehran, v. 15, n. 3, p. 244-249, Aug. 2013.
AMERICAN ASSOCIATION OF ENDODONTICS. Treatment of the avulsed
permanent tooth: recommended guidelines of the American Association of
Endodontists, 2004. Disponível em: <http://www.aae.org/dentalpro/dentalpro/
guidelines.htm>. Acesso em: 30 abr. 2007.
ANDREASEN, J. O. et al. Texto e atlas colorido de traumatismo dental. 3. ed.
São Paulo: Artimed, 2001. 770 p.
ANDREASEN, F.M. Avulsão dentária. In: ______.Traumatismo dentário: soluções
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