Incubadora de Desenvolvimento Social: Da Concepção à Implementação Adriana Malamut, José Alberto Sampaio Aranha e Julia Zardo Tema: Empreendedorismo / Empreendedorismo Social Resumo: O presente artigo relata o processo de conceituação, planejamento e implementação da Incubadora de Desenvolvimento Social, recentemente criada pela Incubadora Cultural Gênesis da Pontifícia Universidade Católica/ PUC-Rio, com o apoio do Sebrae/RJ. Abstract: The present article discusses the process of conceptualizing, planning and implementing the Social Development Incubator, recently created by the Genesis Cultural Incubator of the Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro (PUC-Rio), with the support of Sebrae/RJ. Palavras-chaves: Incubadora de empreendedorismo cívico e social. empresas; desenvolvimento social; Key-Words: Enterprises Incubator; social development; civic and social entrepreneurship. Dados dos autores: Adriana Malamut: Administração/ Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestranda em Gestão Empresarial – Fundação Getúlio Vargas. MBA em Marketing - Escola Politécnica da UFRJ. Incubadora Cultural Gênesis - Rua Marquês de São Vicente 225, Prédio do Instituto Gênesis / 3114-1769 / 9811-7803/ [email protected] / [email protected]. José Alberto Sampaio Aranha: Engenharia Química/ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/ Pós-Graduação Latu-Sensu: Administração de Empresas IAG/PUC-Rio/ Comércio Exterior- CCEX-RJ/ R. Marquês de São Vicente 225, Prédio Instituto Gênesis/ 3114-1379/ [email protected] Julia Zardo: Jornalismo/ PUC Rio/Mestranda em Comunicação Social – UFRJ/ Mestranda em Administração de Empresas – IAG/PUC-Rio / Rua Marquês de São Vicente 225, Prédio do Instituto Gênesis/3114-1769 / 9169-1550/ [email protected] Introdução A definição de incubadoras de empresas, segundo Rui Mesquita, surgiu na década de 1950, nos Estados Unidos1. No entanto, esses órgãos só ganharam visibilidade pública na década de 1980. A partir de 1984, as primeiras incubadoras de empresas receberam o apoio de centros universitários localizados em regiões com significativa infra-estrutura científica e tecnológica. Com a evolução das incubadoras no Brasil, novas tipologias vão sendo criadas. O presente artigo apresenta a tipologia referente à Incubadora de Desenvolvimento Social, que foge de um modelo de desenvolvimento econômico tradicional. Sua definição diz respeito a um modelo de desenvolvimento da sociedade civil e das suas relações sociais. Assim, as Incubadoras de Desenvolvimento Social não incubariam somente organizações de fim produtivo e econômico, como empresas e cooperativas, mas também organizações sem fins lucrativos, em conjunto com a própria sociedade civil e de seus movimentos sociais. 1 www.academiasocial.org.br/empreendedorismo/incubadora-social.htm, 2002 Incubadora de Desenvolvimento Social A partir da ambiência empreendedora oferecida pela Pontifícia Universidade Católica – PUC-Rio – através do seu Instituto Gênesis, com a constante preocupação de inovar e formar empreendedores, além da contribuição para o desenvolvimento social e cultural, nasce a idéia da criação de uma Incubadora de Desenvolvimento Social. A Incubadora constitui-se em um programa de dupla incubação: (1) incubação de associações de empreendimentos sem fins lucrativos e projetos de inserção social, simultaneamente; (2) incubação de empreendimentos gerados através da intervenção local da Incubadora em uma determinada comunidade. Em ambos os casos, os empreendimentos associam-se ao Instituto Gênesis, obtendo assim acesso a toda a rede de conhecimentos e serviços de apoio na área de gestão oferecidos pelo Instituto e aos ativos intelectuais da Universidade. Este apoio objetiva a geração de empreendimentos auto-sustentáveis em comunidades de baixa qualidade de vida e baixa competitividade, propiciando desenvolvimento sócio econômico territorialmente equilibrado e ambientalmente sustentável. Assim, a Incubadora de Desenvolvimento Social é uma iniciativa que tem o objetivo de gerar oportunidade de desenvolvimento pessoal e local, com a preocupação de preparar o indivíduo para uma melhor qualidade de vida. Além disso, por meio da sociedade civil organizada, auxilia a comunidade a competir pela geração constante de novos empreendimentos e formação de projetos de cooperação como um centro de produção integrado. Apresenta-se desta forma os órgãos da Incubadora de Desenvolvimento Social: (I) Conselho Consultor - composto por diversos departamentos e núcleos da Pontifícia Universidade Católica; (II) Grupo de Trabalho; (III) Agentes Facilitadores de Trabalho; (IV) Centros de Inovação; (V) Agentes de Fomento; (VI) Agentes Facilitadores. A Incubadora de Desenvolvimento Social desenvolve um trabalho voltado para a articulação de diversos atores em prol do desenvolvimento social. Tal trabalho caracteriza-se por englobar: 1) Comunidades com baixo desenvolvimento econômico; 2) A sociedade civil organizada; 3) Empreendedores potenciais pré-capacitados; 4) Universidade e Centros de Pesquisa (processo de apropriação de tecnologias); 5) Agentes de Fomento; 6) Agentes Facilitadores. A presença de tais atores compõe o quadro de recursos necessários para a aprovação de cada empreendimento ou projeto a ser incubado, caracterizando-se como critério no Processo de Seleção desta Incubadora. A partir desta análise, a Incubadora de Desenvolvimento Social atua em três linhas de ação determinadas, são elas: 1) Formação de Redes Setoriais e Alianças Estratégicas (Parcerias) - esta ação refere-se a intervenção local conforme as necessidades dos projetos e dos parceiros envolvidos. 2) Incubação de Empreendimentos da sociedade civil organizada - referese ao programa de incubação no qual a Incubadora fornece um ambiente de inovação e gestão empresarial, serviços, apoio de consultores e interação com os ativos intelectuais da Universidade, além de contar com uma estrutura funcional. 3) Gestão dos Projetos Sociais - esta linha de ação consiste na coordenação da execução de projetos sociais focados no desenvolvimento local de uma comunidade específica. Dessa forma, cabe a esta linha de ação a organização e o acompanhamento dos projetos, além da articulação de diversos atores que o compõem. Conclusão Durante a última década, observaram-se algumas mudanças ocorridas no âmbito de incubadora de empresas. Levando-se em consideração a realidade neoliberal – na qual o estado encontra-se num processo de ausência crescente como grande mantenedor do bem-estar social – as organizações desempenham, cada vez mais, o papel de agentes modificadores desta realidade, incorporando em sua agenda questões sociais e econômicas fundamentais para o desenvolvimento do país. Dentro deste contexto, o artigo apresenta a conceitualização e criação de uma nova incubadora: Incubadora de Desenvolvimento Social. Apresenta também suas linhas de ação. Vale ressaltar que as linhas de ação apresentadas são trabalhadas através da articulação com os diversos atores que compõem a rede da Incubadora, realizando-se desta forma, uma trabalho integrado entre uma ponta (pessoas) e outra (mercado). Trabalhando estes pontos, o artigo sinaliza um novo caminho que poderá ser trilhado por diversas incubadoras de empreendimentos no qual as mesmas, junto com os empreendimentos incubados, criam e desenvolvem soluções para problemas sócio-econômicos locais ou comuns à sociedade em geral. Este modelo de incubadora também se ajusta aos projetos de políticas públicas para solução dos problemas sociais encontrados no país e se apresenta como apoio aos programas de Arranjos Produtivos Locais que têm sido desenvolvidos. Finalmente, o artigo chama a atenção para o fato de que todo o conjunto de atividades descrito aqui só foi possível de ser realizado por sua consonância com a missão, os valores e os objetivos da Instituição que abriga a Incubadora de Desenvolvimento Social Gênesis. O modelo descrito deve sim ser tomado como referência, mas sempre sendo relativizado e relacionado aos processos e realidades existentes em cada instituição ou localidade. Referências bibliográficas ARANHA, J. A. S.; “Identificação de Fatores Críticos de Sucesso na Seleção de Candidatos para Incubadora: o a, e, i, o, u do Empreendedor”, in 2nd Research Conference on Entrepreneurship, in Universidad Adolfo Ibañez, Latin América. FONSECA, D. P. R.; SIQUEIRA, J.C.; Meio ambiente, cultura e desenvolvimento sustentável – somando esforços, aceitando desafios. Rio de Janeiro: Sete Letras, v.2, 2002. PORTER, M.; Estratégia Competitiva: técnicas para a análise da indústria e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1991. SCARAMUZZI E., Incubators in Developing Countries: Status and Development Perspectives. The World Bank May 2002; 15 - Washington DC. Disponível em http://www.ipea.gov.br. Acesso em: 17/11/2002. Disponível em http://www.sebraerj.com.br. Acesso em: 22/12/ 2003. Disponível em http://www.pol.org.br. Acesso em 09/02/2004. Disponível em: http://www.academiasocial.org.br/empreendedorismo/incubadora-social.htm