CAECO
Centro Acadêmico de Economia
Gestão: Quem vem com tudo não cansa!
Interiorização: Da promessa ao descaso!
16-07-2014
O que lhe vem à cabeça quando você ouve essa palavra: interiorização? Pois bem,
provavelmente teremos várias respostas otimistas, dentre elas: Oportunidade! Expansão!
Crescimento! Desenvolvimento! Mas o que é a interiorização da Universidade Pública? Para
falar disso é preciso entender o Programa REUNI.
O que é o REUNI? Para expandir a Universidade para o interior, o governo federal criou o
Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).
Como isso foi possível? O Reuni foi instituído pelo Decreto nº 6.0961, de 24 de abril de 2007, e
é uma das ações que integram o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE).
Logo então começou todo esse processo de reestruturação e expansão das universidades
federais e com isso, a UFAL também entrou no barco. O primeiro Campus implantado no
interior de Alagoas foi o Campus Arapiraca, que oferta os cursos de Administração,
Administração Pública, Agronomia, Arquitetura, Biologia, Ciência da Computação, Educação
Física, Enfermagem, Engenharia de Pesca, Física, Letras, Matemática, Medicina Veterinária,
Pedagogia, Psicologia, Química, Serviço Social, Turismo e Zootecnia, distribuídos entre a sede
(Arapiraca) e suas unidades acadêmicas (Palmeira dos Índios, Penedo, Viçosa).
Em 2010 foi implantado o Campus Sertão, com sede na cidade de Delmiro Gouveia e unidade
acadêmica em Santana do Ipanema. Neste Campus, são ofertados4 os cursos de Ciências
Contábeis, Ciências Econômicas, Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Geografia, História
Licenciatura, Letras Licenciatura e Pedagogia.
Com a implantação do Campus Sertão, Delmiro iniciava suas atividades no semestre letivo de
2010.1 e Santana no semestre letivo 2010.2. Começa agora a jornada de lutas dos professores,
técnicos e alunos no sertão de Alagoas. Tanto na sede do campus, quanto na unidade
acadêmica, professores, técnicos e alunos iniciam as atividades acadêmicas em espaços
inadequados a uma universidade. Delmiro ofertou por um bom tempo suas aulas em uma
escola pública, espaço esse que era compartilhado entre os alunos de graduação e alunos de
ensino médio. A situação na sede do campus chegou a um ponto tão caótico, que o diretor da
escola pública em que a sede se encontrava instalada, pediu para que a UFAL procurasse outro
local para ofertar suas atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão, alegando que a escola não
comportava mais os espaços compartilhados dentro daquele recinto. A Sede do Campus
tentou fazer acordos.
Após várias tentativas de negociação com a gestão da universidade, sem obter êxito, a
comunidade acadêmica de Delmiro parou! GREVE! As aulas foram paralisadas até que uma
parte do prédio sede estivesse pronta e comportasse parcialmente a comunidade acadêmica.
Problemas com abandono de obras fazem parte deste roteiro. O bloco anexo da sede que
deveria estar pronto primeiro que o prédio principal, até hoje não está pronto. Só após muita
luta a comunidade acadêmica de Delmiro obteve êxito. A greve dos professores, técnicos e
estudantes em Delmiro foi um importante passo para que a gestão da universidade se
predispôs-se a negociar e tentar encontrar uma solução. Não foi fácil para os estudantes, não
foi fácil para os professores, não foi fácil para os técnicos, não foi fácil pra ninguém tomar essa
decisão. Mas foi uma decisão que teve de ser tomada. Algo precisava ser feito. Os estudantes
foram as ruas, denunciaram o descaso com a educação pública federal, mostraram que não se
pode fazer ciência de qualquer jeito. Na foto abaixo, está o prédio sede em Delmiro, com
quase 100% concluído. A greve foi um marco importantíssimo para chegar a essa vitória. Muito
provavelmente os estudantes ainda estariam peregrinando em escolas da cidade de Delmiro
se não tivessem tomado a importante decisão de paralisar as aulas.
A unidade acadêmica de Santana também inicia suas atividades em um espaço alugado, uma
escola de ensino fundamental e médio. Neste mesmo período, uma empresa ganha a licitação
das obras da Unidade de Santana. A empresa começa com atraso a executar suas atividades e
tão logo abandona as obras. Começa então uma longa e árdua jornada de negociações entre a
empresa e a gestão da UFAL.
Enquanto as negociações eram feitas, os alunos de Santana continuavam normalmente com
suas atividades acadêmicas, tendo de submeter a estudar em uma escola com espaço
insalubre, onde constantemente, no período de chuvas, as salas ficavam alagadas, as paredes
davam choques, onde não se tinha nem uma biblioteca que atendesse as necessidades
mínimas dos alunos da unidade.
O Diretório Acadêmico de Economia e Contabilidade - DACECIC, formado por estudantes dos
dois cursos, junto ao Diretório Central dos Estudantes – DCE, decide então mobilizar os alunos
a tomarem uma decisão.
Estamos falando de meados de 2011. É chegado um momento importante de decisão. A sede
do Campus tinha decidido por greve. Cabia agora a comunidade acadêmica de Santana optar
em aderir ao movimento grevista, lutando em prol de uma universidade pública, gratuita e de
qualidade, ou continuar suas atividades e fingir que nada estava acontecendo.
Infelizmente os estudantes tomaram à decisão de continuar as atividades, acreditando que
seria possível uma situação diferente da que se encontrava a sede do campus.
A unidade foi crescendo, aumentando o número de turmas e servidores. O colégio alugado
para comportar a unidade acadêmica já não atendia as demandas. Os problemas estruturais
começam a se agravar. Não havendo mais condições de continuar neste colégio, os alunos
através de sua representação reivindicam soluções. A Superintendência de Infraestrutura
(SINFRA) da UFAL realiza uma avaliação técnica no colégio e reconhece que o ambiente é
insalubre e não há mais condições da universidade continuar com suas instalações naquele
ambiente.
Os estudantes vão às ruas da cidade de Santana do Ipanema com faixas, cartazes, apitos e
nariz de palhaço denunciar o descaso da gestão da universidade fazem algumas mobilizações.
Após muita luta, os estudantes conseguem então um novo lugar para dar continuidade as
atividades acadêmicas. É outro colégio, bem melhor que o primeiro, aparentemente com bem
menos problemas estruturais, mas ainda um colégio e não uma universidade.
NADA ALÉM DE UM TERRENO!
Nessa linha do tempo, já estamos caminhando entre 2011 e 2012. Até agora nada de
continuidade das obras do prédio sede da unidade. As lutas continuam na unidade, pois a
pauta de reivindicações é ampla. A biblioteca é instalada e os livros começam a chegar, mas
longe de atender as demandas da unidade. Faltam livros e servidores. O laboratório de
informática também é instalado nessa nova escola, após uma série de reivindicações dos
alunos.
Estamos em 2012 e é desfeito o DACECIC e então são formados dois Centros Acadêmicos, o
CAECO (C.A. de Economia) e o CACIC (C.A. de Contábeis) para atender as demandas específicas
de cada curso.
Novas lutas internas se iniciam e é formada uma Comissão de Acompanhamento das Obras,
comissão essa formada por professores, técnicos e alunos. Esta comissão percebeu que o
projeto inicial da unidade não contemplava todas as demandas da unidade, como por
exemplo, este projeto não contemplava um auditório, não contemplava restaurante
universitário, residência universitária (casa de estudante), não contemplava os espaços para
ofertar futuramente cursos de pós graduação, dentre outros.
Inicia-se uma nova jornada de lutas para conseguir mudar o projeto da unidade para que este
atendesse as demandas reais da universidade. Estamos falando de 2013, com novas turmas,
novos servidores e problemas velhos.
Várias foram às reuniões na reitoria e na SINFRA para tentar resolver esse problema. Depois de
incansáveis tentativas, conseguimos um projeto que atende quase que em sua totalidade as
demandas da unidade. Prazos foram estipulados. No segundo semestre de 2013, em uma
reunião no gabinete do reitor, o prazo acordado para publicação do edital de licitação foi entre
fevereiro e março de 2014. Isso não foi cumprido.
Novas turmas, problemas velhos. O anseio da “casa própria” cada dia mais angustiante na vida
dos alunos da UFAL em Santana. A carência de docentes agravando ainda mais os problemas.
A falta de assistência estudantil gritando à porta da universidade.
E agora? O que fazer diante de uma situação em que todos os tipos de promessas já foram
feitas? Estamos em 2014 e até agora nada! Então, o CAECO junto com uma comissão de alunos
decide passar nas turmas e questionar qual o anseio da comunidade acadêmica. Opiniões
distintas sobre mobilizações e greve são colocadas à tona.
Uma Assembleia de Estudantes é convocada para que seja realizado um amplo debate entre os
alunos e estes possam expressar seus medos e angústias.
Logo se vê que na assembleia os sentimentos de dúvida, medo, revolta e determinação.
Opiniões contrárias a qualquer tipo de mobilização e greve são também expostas na
assembleia, mas que são suprimidas pela euforia de retomar as lutas e a pauta de
reivindicações. Os estudantes decidem realizar uma mobilização em Maceió, no Campus A. C.
Simões, para denunciar o descaso da gestão da universidade com a unidade de Santana do
Ipanema. A evasão de alunos e a rotatividade de servidores é muito grande na unidade
acadêmica de Santana. Se fizermos uma conta simples podemos perceber isso facilmente.
Veja, são oito (8) turmas de cada curso, totalizando dezesseis (16) turmas, com entrada de
quarenta (40) alunos por turma: 16x40 = 640. Hoje nós temos cerca de 270 alunos
matriculados nos cursos de economia e contabilidade, ou seja, apenas 42,18% dos alunos
continuam na unidade, um índice de evasão de mais de 50%. Isso é reflexo do descaso e
abandono da gestão da universidade com a comunidade acadêmica de Santana do Ipanema.
Os estudantes entregam a reitoria à pauta de reivindicações sem obter até então nenhuma
resposta. No dia vinte e oito (28) de maio, é realizada nova assembleia estudantil, onde os
estudantes decidem paralisar as aulas por tempo indeterminado, até que a pauta de
reivindicações seja atendida. Novas mobilizações são realizadas pelos alunos da unidade, sob a
liderança do CAECO e com o apoio do DCE.
Depois de algumas semanas de paralisação, a gestão da universidade chama os estudantes
numa tentativa de negociação. A comissão de acompanhamento de obras vai à reitoria saber a
que passo anda o processo de licitação desse novo projeto da unidade. Como forma de tentar
desarticular os estudantes, a reitoria começa a jogar uma fala no sentido de não pagar aos
bolsistas. Em reunião com o reitor, os estudantes repudiam esta ação e fortalecem o
movimento.
O reitor propõe que a comissão acompanhe quinzenalmente o processo de licitação e elabora
um documento em resposta a pauta de reivindicação e garante que as bolsas serão pagas
normalmente, conforme a entrega das frequências. Já se passaram mais de trinta (30) dias de
paralisação e as negociações pouco avançaram. O ultimo documento enviado pela reitoria e
apresentado na reunião da unidade traz uma proposta de no prazo de seis (6) semanas o edital
sair da SINFRA.
Os estudantes realizarão nova assembleia nesta quinta-feira (17/07/2014) para decidir o rumo
das negociações.