Ex-secretário de Estado sai da REN depois de críticas à política energética Henrique Gomes pediu a reforma depois de criticar o Governo em entrevista. Empresas 12 e 13 antecipada, e a EDP ENERGIA Ex-secretário de Estado sai da REN depois de críticas à política energética Henrique Gomes deveria trabalhar na REN até Março de 2013, mas já deixou a empresa, depois de uma entrevista ao Negócios em que voltou a criticar a EDP e que apanhou Rui Cartaxo de surpresa Ao excessivo poder de mercado Não se trata de outra coisa que Em geral e de influência da EDP o Estado tem de impor o não a substituição de um membro do Governo. sempre pessoais, interesse público. PEDRO PASSOS COELHO HENRIQUE GOMES a demissão as demissões são mas esta está carregada de razões políticas. Primeiro-ministro, Ex-Secret. Estado Energia, 9 Janeiro 13 Março, sobre de Henrique Gomes JOÃO SEMEDO Deputado Bloco Esquerda, 13 Março MIGUEL PRADO manifestar publicamente, rias vezes, críticas à EDP. por vá- "Estava em 'phasingouf Entretanto proporcionou-se", justifica. . [email protected] Energéticas Nacionais. Umareforma antecipada que ocorre três semanas depois de Henrique Gomes ter voltado a apontar, em entrevista ao Negócios, as suas baterias à EDP e aos contratos relativos aos EquiCustosparaaManutençãodo líbrio Contratual (CMEC). Segundo uma fonte ouvida pelo Negócios, as declarações feitas nessa entrevista, a 27 de Agosto, na véspera da quinta avaliação da troika a Portugal, apanharam de surpresa Rui Cartaxo, presidente da REN, empresa onde o ex-secretário da Energia trabalhava antes de ir para o Governo e para onde voltou após a demissão, em Março deste ano. A REN confirma a saída de Henrique Gomes, mas nega que tenha sido uma demissão, garantindo que o processo foi pacífico. Henrique Gomes explicou ao Negócios que a sua saída "foi por iniciativa mútua". "Foiumencontrodevontadesetrataram-me muito bem", assegurou. Segundo o ex-secretário de Estado da Energia, a administração liderada por Rui Cartaxo "não manifestou nada" em relação à entrevista onde atacou os CMEC. Coincidência ou não, o facto é que no espaço de seis meses Henrique Gomes passou do Governo à reforma (que apenas deveria ocorrer em Marçode 2013). Aincapacidade de levar por diante a sua estratégia para a energia, sob os bloqueios do Ministério das Finanças (durante a privatização da EDP), foi um dos principais motivos para a demissão do ex-secretário de Estado da Energia do Governo de Passos Coelho. Um mandato de nove meses em que Henrique Gomes não deixou de Reformei-me na quinta-feira FdaRENi. Foi um encontro Henrique Gomes e a guerra às rendas da energia de vontades /"V\ í >J trataram-me muito bem. >—^ e experiência política, o engenheiro de 64 anos seguia há mais de duas décadas o mercado da energia. De de Estado da Energia poder" da EDP de Janeiro, em entrevista a este jornal, assumiu de viva vozasuaposição sobre aeléctrica presidida por António Mexia. "Ao excessivo poder de mercado e de influência da O "excessivo A EDP o Estado tem de impor o interesse público. E uma questão de soberania", afirmou então Henrique Gomes. Nos meses seguintes, todavia, o governante não foi bem sucedido. O projecto de Henrique Gomes para impor aos produtores de electricidade uma contribuição secretário de Estado da Embora nunca tivesse tido HENRIQUE GOMES Ex-secretário Henrique Joaquim Gomes tomou posse como Energia do Governo de Pedro Passos Coelho em Junho de 2011. 9 Demitido ou reformado? Depois de várias vezes manifestar publicamente críticas à EDP, Henrique Gomes voltou a cessar as suas funções. O ex-secretário de Estado da Energia acordou na passada quinta-feira a sua saída da REN - Redes es- pecial (semelhante ao que Espanha está agora a fazer) falhou. Em Março, o secretário de Estado da Energia seria substituído por Artur Trindade, especialista da En- tidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE),queviriaaconseguir implementar um pacote de medidas contra as "rendas excessivas". Henrique Gomes manteve um silêncio de seis meses. Em Agosto, aceitou falar novamente sobre a EDP, os CMEC e o trabalho do seu sucessor na pasta da energia "António Mexia é um osso duro de roer, mas faz e aproveita as oportunidades que tem, em defesa dos seus interesses e da empresa", de- clarou Henrique Gomes, afirmando que o acordo dos CMEC "configura ajudas de Estado ilegais". Menos de um mês depois, saiu da REN. 1987 a 1998 foi administrador da Gás de Portugal, tendo sido um dos "arquitectos" do projecto para criar de em Portugal uma infra-estrutura gás natural. Nos anos seguintes ainda passou pelas empresas Cabovisão e Fibnet, vindo a assumir, em 2003 e 2004, funções de direcção na Fomentinvest, empresa liderada por Angelo Correia por onde também passou o agora Em 2004, saltou primeiro-ministro. para a REN, onde foi administrador de várias empresas. Em Maio de 2010, Henrique Gomes assumiria o cargo de director-geral da REN, com a coordenação dos investimentos, relações laborais e comité de gestão do risco. Em 2011, deu-se a sua entrada para o Governo, onde viria a agitar a bandeira de "pôr a energia ao serviço da economia". A encomenda de um estudo a peritos de Cambridge da Universidade acabou por traçar o futuro de Henrique Gomes. Esse relatório levou o Governo a denunciar a existência de "rendas excessivas" na produção de electricidade em Portugal, em especial em contratos com a EDP. 0 rótulo das "rendas excessivas" contestado seria firmemente por António Mexia, antes, durante e depois da privatização da EDP. António Mexia é um osso duro de roer, mas faz e aproveita as oportunidades que tem. HENRIQUE GOMES Ex-Secret. Estado Energia, 27 Agosto