SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO DO VALE DO IPOJUCA FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA – FAVIP COORDENAÇÃO DE PSICOLOGIA CURSO DE PSICOLOGIA FRANCIS BEZERRA FERREIRA JOELMA MARIA BEZERRA DA SILVA SPENCER DE HOLANDA A IMPORTÂNCIA DO CUIDADO COM O IDOSO NO CONTEXTO FAMILIAR PARA O SEU BEM-ESTAR CARUARU – PE 2012 FRANCIS BEZERRA FERREIRA JOELMA MARIA BEZERRA DA SILVA SPENCER DE HOLANDA A IMPORTÂNCIA DO CUIDADO COM O IDOSO NO CONTEXTO FAMILIAR PARA O SEU BEM-ESTAR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade do Vale do Ipojuca, como requisito parcial para obtenção da formação em Psicologia. Orientadora: Profª.Geórgia Mônica Menezes CARUARU– PE 2012 Catalogação na fonte Biblioteca da Faculdade do Vale do Ipojuca, Caruaru/PE F383iFerreira, Francis Bezerra. A importância do cuidado com o idoso no contexto familiar para o seu bem-estar. / Francis Bezerra Ferreira e Joelma Maria Bezerra da Silva Spencer de Holanda. – Caruaru: FAVIP, 2012. 44 f. Orientador(a) : Geórgia Mônica Marques Menezes. Trabalho de Conclusão de Curso (Psicologia) -- Faculdade do Vale do Ipojuca. 1. Idoso. 2. Família. 3. Cuidado. 4. Afeto. I. Holanda, Joelma Maria Bezerra da Silva Spencer de. II. Título CDU 159.9 [13.1] Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário: Jadinilson Afonso CRB-4/1367 2012 Aos nossos queridos avôs Sebastião Ferreira da Silva, que muito nos ensinaram sobre os valores da vida, nossa referência de sabedoria, nosso apoio nos momentos difíceis com seus conselhos e o compartilhar sorrisos nos momentos alegres, Dedicamos. AGRADECIMENTOS Não poucas pessoas foram importantes para que mais essa etapa se realizasse. Sem o auxílio deles, nada teria sido possível. Assim, nosso muito obrigado: A Deus, presença constante e essencial em nossas vidas, por nos presentear com grandes vitórias; Aos nossos amados esposos Ernandes Albuquerque Bezerra e Nilson Sá Perreira Spencer de Holanda e aos nossos amados (as) filhos (as) Heitor B. Ferreira Albuquerque, e Júlia Spencer de Holanda pela compreensão das nossas ausências e incentivos; A todos os nossos colegas de curso, pelo convívio, por partilhar momentos de dúvidas e de descontração e pela amizade; A todos os professores do curso de Psicologia, que foram tão importantes em nossas vidas acadêmicas e no desenvolvimento de nossas visões profissionais, especialmente, a nossa Orientadora Geórgia Mônica Menezes, pela paciência e dedicação; Por fim agradecemos a todos que de alguma forma contribuíram para a elaboração deste trabalho monográfico. Gostariamos de dizer: “Há uns que nos falam e não ouvimos; Há outros que nos tocam e não sentimos; Há alguns que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas há aqueles que simplesmente vivem, e nos marcam por toda a vida.” “O idoso se renova a cada dia que começa, o velho se acaba em cada dia que termina, pois o idoso tem seus olhos postos para o horizonte e o velho tem seu olhar voltado para as sombras do passado. O idoso faz plano e o velho só tem saudades e assim o idoso tem muita idade e o velho perdeu a jovialidade.” (Autor Desconhecido) RESUMO Contextualização temática deste trabalho versa sobre a importância dos cuidados e do afeto da família na garantia da qualidade de vida do parente idoso. Este TCC segue com a A contribuição de muitos autores, entre eles: Anita L. Neri (2008) sobre a importância do cuidar; a Organização Mundial de Saúde (OMS); o Estatuto do Idoso, a visão biogerontológica de Papaléo Netto (2002); o estudo de família de Simionato e Oliveira (2003); etc. O objetivo desta pesquisa é o de analisar a relação família x idoso a partir da perspectiva do cuidado e laços de afetividade, percebendo a influência dos mesmos na garantia do bem-estar do parente idoso. Suas justificativas se devem aos fatos pessoais das pesquisadoras se identificarem com o tema por possuírem parentes idosos e perceberem como é fundamental o papel da família na sua recuperação física e psicológica. A fundamentação teórica segue a seguinte estrutura: no primeiro capítulo: Conceito de família; Conceito de idoso; Família e o Idoso na História Brasileira; A Dependência do Idoso no Seio Familiar e o Cuidador; A Importância da Afetividade e do Cuidado na Garantia da Qualidade de Vida do Idoso. O segundo capítulo trará a abordagem metodológica e o terceiro aborda as considerações finais. Os procedimentos metodológicos se caracterizam por ser uma pesquisa qualitativa e bibliográfica na qual foram consultadas diversas fontes: livros, artigos científicos, revistas, leis e artigos via internet sobre o tema. Diante dos resultados encontrados, conclui-se que é imprescindível que a família tome consciência do seu papel na segurança afetiva da vida do idoso, mudando a visão de que o mesmo é inútil e tratando-o como ele de fato merece, como alguém que muito já contribuiu e agora tem um direito a um retorno afetivo através do cuidado, do respeito e do amor. Palavras-chave: Idoso. Família. Cuidado. Afeto. Psicologia. ABSTRACT Context of this thematic work focuses on the importance of family affection and care in ensuring the quality of life of elderly relative. This TCC follows with the contributions of The many authors, among them: Anita l. Neri (2008) about the importance of caring; the World Health Organization (who); the status of the elderly, biogerontológica vision of Papaléo Netto (2002); the study of family of Simionato and Oliveira (2003); etc. The goal of this research is to analyze the relationship family x elderly from the perspective of care and ties of affection, realizing the influence of them on welfare assurance of elderly relative. Its justification is because staff of the researcher to identify with the theme by owning an elderly relative and realize how crucial the role of the family in their physical and psychological recovery. The theoretical reasoning follows the following structure: in the first chapter: concept of the family; Concept of elderly; Family and the elderly in Brazilian history. The second chapter will bring the methodological approach and the third discusses the final considerations. The methodological procedures are characterized by a qualitative research and literature on which have been consulted several sources: books, scientific articles, magazines, internet laws and articles on the topic. Before the results, it is concluded that it is essential that the family becomes aware of their role in life of elderly affective security, changing the view that it is useless and treating it as it actually deserves, as someone who has already contributed and now has a right to an emotional return through the care, respect and love. Keywords: elderly. Family. Care. Affection. Psychology. SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................................... 10 1. Capítulo 1......................................................................................................................... 15 1.1 Conceito de Família......................................................................................... 15 1.2 Conceito de Idoso (Velhice) ........................................................................... 17 1.3 Família e o Idoso ao Longo da História Brasileira.......................................... 21 1.4 A Dependência do Idoso no Seio Familiar e o Cuidador................................. 26 1.5 A Importância da Afetividade e do Cuidado na Garantia da Qualidade de Vida do Idoso....................................................................................................................... 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 37 REFERÊNCIAS................................................................................................................... 39 10 INTRODUÇÃO Esta monografia faz uma reflexão teórica sobre a importância dos cuidados e da demonstração de afeto da família na garantia da qualidade de vida do parente idoso. No Brasil, o percentual de pessoas com mais de 60 anos duplicou nos últimos 50 anos. Estima-se que, daqui a 20 anos, a população idosa exceda a cifra de 30 milhões de pessoas, o equivalente a uma percentagem de mais de 13% da população brasileira (IBGE, 2011). O conceito de velhice está em processo de desenvolvimento e expansão; a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas (ONU) adotam o critério biológico e consideram idosos os indivíduos com 60 anos ou mais. Eles são uma grande parte da população. Essa parcela da população vem crescendo consideravelmente em virtude do aumento da expectativa de vida e do acelerado envelhecimento populacional do país nas últimas décadas. Os referenciais para designação do discernimento de velhice alteram de uma sociedade para outra, podendo relacionar-se com o cessar das atividades produtivas ou questões vinculadas à saúde física e mental (in Dicionário Houaiss, 2012). O envelhecimento é um processo natural, contínuo a todos os seres vivos. Um processo biológico cujas alterações determinam mudanças estruturais no corpo e em decorrência se modificam suas funções. Devemos levar em consideração que na espécie humana o envelhecimento é mais complexo manifestando-se em todas as múltiplas dimensões: fisiológicas, emocionais, cognitivas, sociológicas, econômicas e interpessoais, que influenciam o funcionamento e o bem-estar social (CORTELLETTI, 2002). Destaca-se como sendo primordial para garantia do bem-estar do idoso o apoio da família visto que a mesma pode garantir a estabilização física e afetiva desse parente. Este trabalho parte do pressuposto segundo o qual a desestrutura e a fragilização dos vínculos familiares tem consequências vitais no bem-estar do idoso, ocorrendo quando o mesmo torna-se um “peso” para as famílias, somado muitas vezes as doenças próprias dessa fase da vida. Tudo isso ocasiona algumas repercussões psíquicas, como preocupações ou estados depressivos, angústias, inseguranças, alterações na autoimagem e dependência. Tal fato tem alertado os psicólogos para as fragilidades e os problemas enfrentados pelos idosos, revelado a necessidade de se garantir aos mesmos, condições que possibilitem o envelhecimento com dignidade, pois geralmente a pessoa idosa passará por um estado de 11 dependência devido às características de cronicidade do adoecimento, o que requer cuidado de um parente por longos períodos, sendo, portanto, nestas ocasiões, a família e fundamental fonte de cuidados, responsabilidade e vínculo afetivo. Segundo Goldfarb e Lopes (2009, p. 145), na nossa cultura, a função de transmissão psíquica é preferencialmente exercida pela família. O cuidado com o idoso é, portanto, de fundamental importância nesse processo. O verbo cuidar, de acordo com Grandi (1998), significa assistir, ter atenção e cuidados com alguém ou consigo mesmo, ou ainda, significa dar amparo, assistência, proteção e representação, uma vez que o cuidador torna-se mediador e o executor das atividades entre o paciente e a realidade que o cerca. O cuidar significa zelar, dar atenção, desvelo. O cuidado somente surge quando a existência de alguém tem importância para o cuidador (BOFF, 2008). “Cuidar é estimular e incentivar a maior autonomia e independência possível do paciente, permitindo a superação de obstáculos” (GRANDI, 1998; p. 72). Para Waldow (2007), o ato de cuidar inclui afeto e consideração, significa agir no sentido de promover o bem-estar do outro. Anita Liberalesso Neri (2008) adverte para a importância do cuidar: Cuidar na meia idade e na velhice é uma tarefa normativa que, se por um lado pode acarretar ônus de natureza física, social e psicológica, por outro pode trazer ganhos afetivos sociais. Numa perspectiva de interdependência, cuidar é um processo de dar e receber, um caminho de mão dupla. Implica responsabilidade, palavra que remete a ideia de responder pelo outro. Implica respeito, que significa olhar para o outro, ou seja, de conhecê-lo e levar em conta as seus desejos. (...) Quanto mais frequentes os afetos positivos, maior a capacidade dos idosos de acionar recursos psicológicos para enfrentar emoções negativas e para diminuir a intensidade das respostas fisiológicas automáticas associativas a afetos negativos (NERI, 2008, p. 103 e 107). Nesse sentido, cabe à família a responsabilidade de cuidar do idoso. Geralmente a função do cuidador é assumida por uma única pessoa, denominada cuidador principal, seja por vontade, disponibilidade ou capacidade. Este assume tarefas de cuidado atendendo às necessidades do idoso e responsabilizando-se por elas. Mas toda a família precisa ter consciência da responsabilidade perante o idoso. Afinal, a família é importante instituição na construção de valores morais, éticos e espirituais. E cuidar do parente idoso é um dever moral. No que se refere ao cuidar do idoso, o próprio Estado também garante essa responsabilidade. O Estatuto do Idoso foi uma importante conquista nesse sentido e prescreveu, no artigo 2.º, que: 12 O idoso deve gozar de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade (BRASIL, 1994). Cabe à instituição familiar cumprir seu dever de cuidar do idoso. Esse cuidar torna-se mais efetivo quando efetuado não por pura obrigação, mas por amor, afetividade e solidariedade. Esse trabalho se situa no contexto da Psicologia Clínica e apresenta como objeto de pesquisa a importância dos cuidados e afetos da família para com o parente idoso no lar. Diante disso, essa investigação levanta o seguinte Problema de Pesquisa: Qual a importância da afetividade e do cuidado familiar na qualidade de vida do idoso? Embora de natureza descritiva, o embasamento teórico e o objeto mencionado possibilitaram elaborar a seguinte hipótese: “O cuidado familiar é determinante na saúde física e psíquica do idoso”. Nessa perspectiva, a presente monografia aborda os objetivos de, de maneira geral, “Analisar a relação família x idoso a partir da perspectiva do cuidado e laços de afetividade, percebendo a influência dos mesmos na garantia do bem-estar do parente idoso, para a realização dessa análise será efetuada uma pesquisa bibliográfica.” e, de maneira mais específica, “Compreender o significado dos cuidados da família para idosos”; “Analisar como a afetividade familiar interfere na saúde e qualidade de vida do idoso”; “Identificar as principais causas da fragilização e rompimento de vínculos familiares dos idosos”; e “Perceber qual é a visão do idoso para a família.” A motivação que levou a realização desse trabalho e a escolha do tema se deu pelo fato pessoal das pesquisadoras se identificarem com o tema por possuírem parentes idosos e perceberem como é fundamental o papel da família na sua recuperação física e psicológica. O processo de envelhecimento neste país precisa ser alvo de nova postura da sociedade, e traça o perfil de uma realidade que precisa ser estudada e divulgada por estudos psicológicos sérios. É de extrema importância que se efetivem estudos sobre o valor da afetividade familiar na vida do idoso, mostrando as positivas consequências que essa afetividade acarreta na qualidade de vida do mesmo. Por outro lado, é preciso conscientizar as famílias sobre a importância do idoso em suas vidas, rompendo preconceitos quanto à visão de que o mesmo é um fardo. 13 Assim, a evidência da importância da família para o idoso surge, para esta pesquisa, do contato das pesquisadoras com idosos, seja no seu próprio lar, nas visitas aos asilos ou nas visitas domiciliares onde o idoso ainda se encontra, por vezes, como provedor da renda familiar. Esse trabalho proporcionará uma grande contribuição teórica e social enquanto estudo da importância das nossas famílias tratarem com zelo, cuidado e amor, os frágeis idosos. Por isso, é de suma importância que o tema em questão seja alvo de análise e reflexão no campo da psicologia. Acompanhando esta linha de organização, para a elaboração e concretização deste estudo em forma de Monografia, este trabalho apresenta a seguinte estrutura organizada em capítulos originados do levantamento teórico, a partir da seguinte composição: Capítulo I, referente à Fundamentação Teórica, na qual serão abordados os seguintes subtemas: 1º. Conceito de família; Conceito de idoso; Família e o Idoso ao Longo da História Brasileira; A Dependência do Idoso no Seio Familiar e o Cuidador; A Importância da Afetividade e do Cuidado na Garantia da Qualidade de Vida do Idoso; e as Considerações Finais que abordará as indicações futuras e limitações, como resultado desse trabalho. Com o intuito de levantar informações sobre a importância do cuidado e da afetividade familiar na vida do idoso, realizou-se uma análise de obras científicas recentes que deram embasamento teórico e metodológico para a elaboração desse relatório monográfico. A metodologia escolhida para este estudo é a revisão integrativa da literatura que é definida como aquela em que estudos realizados anteriormente podem ser sumarizados a fim de se formular inferências sobre um determinado assunto. A partir de sua realização abrem-se novos subsídios para a implementação de modificações que possibilitem a discussão de novos conhecimentos e condutas assistenciais de enfermagem (MENDES, SILVEIRA e GALVÃO, 2008, p.759). O presente estudo partiu de uma estrutura qualitativa, que, segundo Chizzoti (1995, p. 79) parte do fundamento de que há uma relação dinâmica ente o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade. O conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa. Foram seguidas as seguintes etapas de pesquisa: 3.1 Desenvolvimento do Estudo: A presente monografia se caracteriza por ser uma pesquisa bibliográfica; 3.2 Período de Estudo: O levantamento da pesquisa ocorreu no período de Março à Outubro de 2012; 14 3.3 Coleta de Dados: As pesquisas foram realizadas nas bases de dados LILACS e SCIELO, para artigos que abordassem textos psicológicos sobre velhice, cuidado, afetividade e família do idoso, além de consultas em livros, sites do Ministério da Saúde, revistas de psicologia, artigos científicos, monografias; 3.4 Organização de Resultados: após o levantamento e a leitura dos dados, iniciou-se a disposição de informações, em tópicos, de forma sistemática, a fim de melhor compreender o assunto trabalhado; 3.5 Organização de Referências: as referências desta monografia estão formatadas de acordo com as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR: 14724). 15 Capítulo 1 1.1 Conceito de Família Profissionais de variadas áreas do conhecimento têm pesquisado a família enquanto objeto de estudo a partir da verificação de que ela exerce papel fundamental na garantia da saúde e no equilíbrio emocional de seus membros. Quando se pensa no termo “família” geralmente se faz a relação com os laços de parentesco e de consanguinidade que unem as pessoas entre si. Mas o termo família origina-se do latim “familiae”, significando grupos de pessoas que vivem em um ambiente comum sob a liderança de um chefe. Ela baseia-se na vida em comum revela-se como principal unidade social, sendo de grande significado para o desenvolvimento da sociedade (ALVES, 1997). O dicionário da Língua Portuguesa, descreve a seguinte definição para o termo família: Pessoas aparentadas, que vivem em geral, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos, ou ainda, pessoas do mesmo sangue, e grupo formado por indivíduos que são ou se consideram consanguíneos uns dos outros, ou por descendentes dum tronco ancestral comum (filiação natural) e estranhos admitidos por adoção (FERREIRA, 1986, p. 609). Osório (1996) considera que as funções da família são: biológica, psicológicas e sociais, sendo intrinsecamente relacionadas, às vezes se confundindo entre si: A função biológica, segundo a concepção deste autor, seria o dever de assegurar a sobrevivência da espécie, oferecendo os cuidados básicos para o desenvolvimento dos indivíduos e não compreenderia a função reprodutiva. As funções psicológicas seriam o afeto, o suporte familiar para a superação de crises individuais que ocorrem no ciclo de vida, a transmissão de experiências de vida para os descendentes, a atuação facilitadora da aprendizagem empírica e, também, a intermediação de informações com o universo extrafamiliar. Como funções sociais pode - se destacar a transmissão de valores culturais e a preparação para o exercício da cidadania. O autor concebe a família como um grupo no qual se desdobram três tipos de relações: a aliança - relativa ao casal, à filiação — entre pais e filhos e a consanguinidade —entre irmãos. 16 Segundo Osório (1996), a família, com os objetivos de preservação, proteção e alimentação de seus membros e ainda com a atribuição de propiciar a construção da identidade pessoal, desenvolveu em sua história atribuições diferenciadas de transmissão de valores éticos, culturais, morais, religiosos. Para Elsen (2002) a família é um sistema no qual se conjugam valores, crenças, conhecimentos e práticas, formando um modelo explicativo de saúde/doença, através do qual a família desenvolve sua dinâmica de funcionamento, promovendo a saúde, prevenindo e tratando a doença de seus membros. Família também pode ser conceituada como uma unidade de pessoas em interação, um sistema semiaberto, com uma história natural composta por vários estágios, sendo que a cada um deles correspondem tarefas específicas por parte da família (BURGENS; ROGERS apud ELSEN, 2002). Em termos mais atuais e contemporâneos, Szymanski (2002) afirma que a família é constituída por um grupo de indivíduos que, devido à existência de laços afetivos, optam por conviverem juntos, com o acordo do cuidado mútuo entre seus membros. Este significado acolhe em seu seio numerosos tipos de possibilidades que há vários anos coexistem na sociedade e que nunca puderam ser oficialmente reconhecidos como uma família. Mioto (1997), ao abordar o tema família, também aponta que a família contemporânea abrange uma heterogeneidade de arranjos familiares presentes atualmente na sociedade brasileira, não se podendo falar em um único conceito de família, mas sim de ‘famílias’, a família pode ser definida como um núcleo de pessoas que convivem em determinado lugar, durante um lapso de tempo mais ou menos longo e que se acham unidas (ou não) por laços consanguíneos. Ela tem como tarefa primordial o cuidado e a proteção de seus membros, e se encontra dialeticamente articulada com a estrutura na qual está inserida (MIOTO, 1997, p.120). Com base nas afirmações modernas das últimas autoras, considera-se que o conceito de família suplanta os parâmetros da consanguinidade e do parentesco e oferece um sentido mais amplo, baseado na convivência e nas relações recíprocas de cuidado e proteção entre indivíduos que construíram laços afetivos entre si. A Constituição Federal de 1988 representou um marco na evolução do conceito de família, ao corporificar o conceito de Lévy-Brul, de que o traço dominante da evolução da família é sua tendência a se tornar um grupo cada vez menos organizado e hierarquizado e que cada vez mais se funda na afeição mútua (GENOFRE, 1997). 17 A partir dessas definições, percebe-se a importância fundamental do bom funcionamento da estrutura familiar para a garantia de bem-estar de seus membros. O cuidado com o membro idoso é, portanto, fundamental no seio familiar. 1.2 Conceito de Idoso (Velhice) Das diversas formas de categorização – sociais, culturais, psicológicas que tentam definir os limites entre as idades, nenhuma delas é capaz de descrever o experienciar da velhice, tornando-se vagas arbitrárias generalizações (DOURADO e LEIBING, 2002). Portanto, não há consenso entre os diversos autores a respeito do conceito de velhice. Aqui serão abordados alguns desses consensos. Muitos são os termos usados, idoso, velhice, terceira idade, quarta idade, etc. Embora os termos variem, pode-se dizer que as idades correspondentes a cada termo se identificam. Assim, a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002) classifica o envelhecimento em quatro estágios: Meia-idade: 45 a 59 anos; Idoso (a): 60 a 74 anos; Ancião: 75 a 90 anos; Velhice extrema: 90 anos em diante. Sabe-se que na atualidade, a expectativa de vida das pessoas aumentou e é mais frequente que atinjam o grau de velhice extrema no país. Ferreira (1999, p.79) apresenta palavras ligadas ao envelhecimento no qual a palavra Velho é originada do latim Vetulu. Como adjetivo quer dizer muito idoso; de época remota; antigo; que tem muito tempo de existência; gasto pelo uso; usadíssimo; que há muito possui certa qualidade ou exerce certa profissão; desusado; antiquado, obsoleto. Como substantivo velhice apresenta as seguintes conotações: estado ou condição de velho; idade avançada; as pessoas velhas, etc. Ainda com Ferreira, diversos autores utilizam uma variabilidade de expressões para o termo velhice. O Estatuto do Idoso, criado no Brasil em 2003, também legitima como idosa a pessoa com mais de 65 anos. As políticas públicas voltadas para essa população se expandiram e a 18 sociedade começa a olhar de outra forma seus idosos. Porém, ainda há muito que ser conquistado para que se torne digna a vida de nossos velhos. Levi (1999) defende que o conceito de velhice distingue-se do conceito de terceira idade. Para o autor, a velhice se inicia por volta dos 70/80 anos e esta representa a denominada quarta idade. No que diz respeito à terceira idade, esta se inicia um pouco mais cedo, por volta dos 60 anos, período este que, normalmente, coincide com o início da reforma. Robledo (1994), explica que o envelhecimento é um processo inexorável, que, considerando-se os fatores genéticos, ambientais e psicológicos, isto é, as condições a que uma pessoa está exposta, pode ocorrer de variadas formas. O envelhecimento para o autor pode ser analisado a partir dos pontos de vista cronológico, biológico, psíquico, social, fenomenológico e funcional, cada qual com suas especificidades e respondendo diferentemente aos questionamentos em relação ao processo de envelhecer. Tomando como referencial a Psicologia, o envelhecimento orgânico estimula investigações sobre as alterações cognitivas e comportamentais, as quais vêm contribuindo para a caracterização dos estágios da vida e gerando uma espécie de compreensão ordinária dos processos psíquicos que decorreriam da utilização de uma causalidade mecânica, supondo que exista uma forma de sentir e entender o mundo que é decorrente do envelhecimento e universal. Com isso, a Psicologia vem sustentando significações que, ao longo dos anos, vêm contribuindo como material para a construção e manutenção dos estereótipos e da crença na existência de um “envelhecimento psíquico”, que sacrificam o lugar do velho na família e na sociedade (EIZIRINK, et.al., 1998). Dentro de uma visão biogerontológica, Papaléo Netto elaborou o seguinte conceito de envelhecimento: O envelhecimento (processo), a velhice (fase da vida) e o velho ou idoso (resultado final) constituem um conjunto cujos componentes estão intimamente relacionados. [...] o envelhecimento é conceituado como um processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo à morte. [...] Às manifestações somáticas da velhice, que é a última fase do ciclo da vida, as quais são caracterizadas por redução da capacidade funcional, calvície e redução da capacidade de trabalho e da resistência, entre outras, associam-se a perda dos papéis sociais, solidão e perdas psicológicas, motoras e afetivas (PAPALÉO NETTO, 2002, p. 10). Percebe-se que envelhecer nas palavras do autor, é um processo humano natural e irreversível que é composto por diversos fatores que se relacionam ao longo do ciclo da vida. Nesse sentido, todo ser humano passará por um processo de envelhecimento orgânico, físico e 19 psíquico. A família terá um papel importante para que ele tenha qualidade de vida nesse processo. A principal característica da velhice é o declínio, comumente físico, que acarreta em alterações sociais e psicológicas. Os teóricos classificam tal declínio de duas maneiras: a senescência e a senilidade. A senescência é um fenômeno fisiológico e universal, arbitrariamente identificada pela idade cronológica, pode ser considerada um envelhecimento sadio, onde o declínio físico e mental é lento, e compensado, de certa forma, pelo organismo (PIKUNAS, 1979). A senilidade caracteriza-se pelo declínio físico associado à desorganização mental (PIKUNAS, 1979). Vale ressaltar que a senilidade também pode ocorrer prematuramente, pois, identificam-se com uma perda do funcionamento físico e cognitivo, observável pelas alterações na coordenação motora, a alta irritabilidade, além de uma considerável perda de memória. Para os autores (FEATHERMAN, SMITH & PETERSON, 1991; NERI, 2000), o processo de envelhecimento tem sido visto como um conjunto de transformações ocorridas após a maturação sexual, que culmina nos anos finais da vida e acarreta alterações funcionais e comportamentais. Costuma ser classificado da seguinte forma: a) Normal ou primário – afeta gradual e cumulativamente todo o organismo, mas de forma diferenciada para cada parte ou função, variando mesmo entre os indivíduos. Resulta em diminuição na capacidade de adaptação e está sujeito à influência de fatores internos e externos ao organismo; b) Ótimo ou bem-sucedido – no qual a plasticidade comportamental está preservada e são mantidas as características e funcionalidade do idoso em níveis comparáveis aos de indivíduos mais jovens, excedendo os da maioria de seus contemporâneos. Secundário ou patológico — neste se observa muitas alterações ocasionadas por doenças que têm a probabilidade de ocorrência aumentada devido ao aumento da idade (como a demência senil); c) Terciário ou terminal — relacionado com o padrão de declínio terminal, caracterizado pelo grande aumento nas perdas físicas e cognitivas em período relativamente curto, mais provável de ocorrer na velhice avançada. Nessa concepção a velhice é um processo contínuo desde o nascimento. As formas de vivenciá-la vão se diferenciar de acordo com as condições de vida de cada indivíduo, porém, todos culminarão com o momento final da vida, indistintivamente. Essa é a única realidade e certeza de todo ser humano. De fato, como explica Simões: 20 O uso de certos meios para retardar o envelhecimento pode impedir ou até inverter tal processo, sem alterar, porém, a data final da morte. E se o limite da vida humana é a morte, a velhice é a fase da existência que está mais próxima deste horizonte. Porém, deve-se lembrar de que a morte não é um privilégio da velhice (SIMÕES, 1999, p. 34). De acordo com Featherman, Smith e Peterson (1991), o envelhecimento bem sucedido é uma competência adaptativa do indivíduo e é fenômeno de natureza multidimensional. Suas dimensões mais representativas são: a) A emocional, envolvendo, por exemplo, a presença de estratégias e habilidades para lidar com eventos estressantes; b) A cognitiva, expressa na capacidade para resolução de problemas; c) A comportamental, em termos de desempenho e competência social. Marques (1998) lembra que a própria família tende a ter certas expectativas em relação ao comportamento adequado e esperado para um velhinho. Dessa forma, os familiares podem não incentivar e até punir o comportamento social e a prática de atividades do idoso, contribuindo para a visão a respeito de sua autoeficácia. Neri (2001), em relação ao idoso faz notar que, embora se saiba que o estudo científico do envelhecimento humano está ainda engatinhando, há acordo entre os especialistas do envelhecimento quanto aos seguintes pontos: A natureza de envelhecimento e da velhice é mais complexa e diferenciada do que normalmente se pensa; e A questão essencial do desenvolvimento integral na velhice é a busca do equilíbrio entre as potencialidades e limitações - se por um lado o envelhecimento implica declínio, fragilização e incapacidade, a cultura e o próprio indivíduo podem gerar condições que promovam progresso psicológico, a despeito ou por causa mesmo dessas limitações. Portanto, são muitos os fatores que têm influência sobre o processo de envelhecimento, não dependendo somente do indivíduo a obtenção de um envelhecimento saudável. Dentre os fatores mais relevantes destacam-se a herança genética, a alimentação saudável ao longo da vida, o meio ambiente, a educação, a habitação, o trabalho, a seguridade social, a cultura e o lazer, os hábitos de higiene, os cuidados com a saúde e prevenção de doenças desde a infância através das vacinações, a ausência de vícios como álcool e tabagismo, etc., pois se eles forem bem conduzidos durante toda a vida, produzirão um constante padrão de alta qualidade de vida que certamente persistirá na velhice. 21 O ser humano quando está bem física e psicologicamente pode vir a ter uma velhice bem sucedida (autoaceitação, relações positivas com os outros, autonomia, objetivos na vida etc.). Torna-se conexa à afirmativa que Neri (1993) apud Andrade (1996) faz ao expor que: A promoção da qualidade de vida do ser humano na idade madura e na velhice excede limites da responsabilidade pessoal e dever ser vista como um empreendimento de caráter sociocultural; a velhice satisfatória não reúne só atributos pessoais em níveis biológico, psicológico e social, mas resulta da interação entre pessoas em mudança, vivendo numa sociedade também em mudança (NERI, 1993, p. 16). Por isso, é muito importante que os familiares tenham informação sobre o processo de mudanças que ocorre na vida em geral da pessoa idosa, para que possa lidar com suas limitações, dependências e até irritabilidade com mais compreensão e afeto. 1.3 Família e o Idoso ao Longo da História Brasileira A história da família brasileira é permeada por transformações nos panoramas social, político, cultural, econômico e biológico que influenciaram os conceitos da mesma e as tendências de conduta e comportamento e atitudes para com o membro idoso. Expressivas mudanças aconteceram na sociedade brasileira. Sua transformação de sociedade rural — na qual predominava a família patriarcal e fechada em si mesma, na qual o chefe de família era o homem mais velho e provedor das despesas do lar, o mandante e a quem todos deviam obediência e total respeito — para uma sociedade de bases industriais com as suas implicações de mobilidade social, geográfica e cultural acarretou transformações igualmente marcantes na estrutura do modelo tradicional de família. O século XX foi cenário de grandes transformações na estrutura da família. Ainda hoje, porém, observamos algumas marcas deixadas pelas suas origens. Da família romana, por exemplo, temos a autoridade do chefe da família, onde a submissão da esposa e dos filhos ao pai confere ao homem o papel de chefe. Da família medieval perpetua-se o caráter sacramental do casamento originado no século XVI. Da cultura portuguesa, temos a solidariedade, o sentimento de sensível ligação afetiva, abnegação e desprendimento (RIGONATTI, 2003, p. 47). Em todo o mundo, o conceito de família nuclear e a instituição casamento profundamente ligada à família, passaram por modificações. A expressão mais acentuada 22 dessas transformações aconteceu no final da década de 60: cresceu o número de separações e divórcios, a religião foi perdendo sua força, não mais segurando casamentos com relações insatisfatórias. A igualdade entre os sexos passou a ser um pressuposto em muitas relações matrimoniais. A partir daí, surgem organizações familiares alternativas: casamentos sucessivos com parceiros distintos e filhos de diferentes uniões; casais homossexuais adotando filhos legalmente; casais com filhos ou parceiros isolados ou mesmo cada um vivendo com uma das famílias de origem; as chamadas “produções independentes” tornam-se mais frequentes; e mais ultimamente, duplas de mães solteiras ou já separadas compartilham a criação de seus filhos. Chegamos ao século XXI com a família pós-moderna ou pluralista, como tem sido chamada, pelos tipos alternativos de convivência que apresenta. (SIMIONATO e OLIVEIRA, 2003). Peixoto e Cicchelli (2000) assinalam que nas últimas décadas falou-se muito a respeito da crise da família, numa alusão à baixa taxa de fecundidade, ao aumento da expectativa de vida e à crescente proporção da população com mais de 60 anos. Além disso, os autores também aludem ao declínio do casamento e da banalização das separações como fatores constituintes da tal “crise”. Os autores afirmam que o que caracteriza esse processo a que se chama de crise, não é o enfraquecimento da instituição família, mas o surgimento de novos modelos familiares, de novas relações entre os sexos, mediante maior controle da natalidade, e a inserção da mulher no mercado de trabalho, entre outros aspectos (SIMIONATO e OLIVEIRA, 2003). Senna e Antunes (2003) apontam que a composição das famílias brasileiras, nas últimas três décadas, vem passando por várias alterações, do ponto de vista demográfico, e embora tais alterações ocorram de forma diferenciada nas diversas regiões do país, algumas ocorrem de forma mais ou menos similar, como a redução da natalidade e o aumento da longevidade das pessoas. As autoras assinalam que as famílias vêm se tornando menores, e com um número maior de idosos em sua composição, com prevalência de doenças crônicas e de problemas decorrentes do processo de envelhecimento. De acordo com Cortelletti, Casara & Herédia (2004, p. 16) “o envelhecimento da população brasileira se deu em três décadas, a partir de 1970, e a rapidez com que esse processo ocorreu, dificulta à sociedade, ao Estado, à família e ao próprio indivíduo o devido preparo e as providências para enfrentar a velhice de forma digna”. Isso significa que a população idosa aumentou e que, portanto é preciso aumentar e melhorar os recursos de assistência aos mesmos. 23 A preocupação com a população idosa no final deste século surge pela constatação de que uma das maiores conquistas sociais do século XX foi o aumento da longevidade. Jamais uma vida adulta tão longa foi experienciada de forma tão massiva pela população de quase todo o mundo. É sabido que durante a maior parte da História da humanidade somente uma em cada 10 pessoas teria sobrevivido ao 65º aniversário. Hoje, nos países desenvolvidos oito em cada 10 pessoas ultrapassam os 65 anos. No Brasil, isto ocorre entre seis de cada 10 homens e sete de cada 10 mulheres. O fenômeno da longevidade provocou verdadeira revolução no curso de vida das pessoas, redefinindo relações de gênero, arranjos e responsabilidades familiares e alterando o perfil das políticas públicas. Os idosos são hoje 14,5 milhões de pessoas, 8,6% da população total do Brasil e constitui a classe que mais cresce, devendo apresentar um crescimento de 91,7% em 2020, com relação a 1960. (MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, 1999). Essa mudança no perfil epidemiológico gera amplas despesas com tratamentos médicos e hospitalares. O idoso consome mais serviços de saúde, as internações são constantes e o tempo de ocupação do leito é maior do que o de outras faixas etárias. Em geral, as doenças dos idosos são crônicas e múltiplas, persistem por incertos anos e demandam acompanhamento médico e de equipes multidisciplinares permanentes, além de intervenções contínuas. A família pobre é a que mais sofre com essa realidade porque nem sempre pode suprir as necessidades do parente idoso e a Saúde Pública ainda deixa muito a desejar para atendimento médico e psicológico dos nossos idosos. Nesse novo panorama, percebe-se que não existe um único modelo de família, porém vários e que em geral, todos terão que cuidar de seus velhinhos que conseguem sobreviver por mais tempo e requerem dos familiares cuidados, tempo, recursos humanos, físicos e psicológicos. A imagem da velhice está ainda associada a seus aspectos negativos, como a dependência, a doença, a debilidade física e mental, a incapacidade produtiva (MINAYO e Jr. 2002; MOTTA, 2002; LIMA, 1998), embora, muitas vezes ele ofereça contribuições financeiras e/ou assistenciais para a família. No entanto essa imagem aos poucos vem se modificando na sociedade atual, pois embora o preconceito seja uma realidade, percebe-se que o idoso está mais integrado a atividades sociais e fazendo cada vez mais parte de variados grupos de terceira idade que instigam o papel do idoso como ser atuante e dinâmico. Esses grupos oferecem ao idoso a possibilidade de autorrealização através de práticas de lazer, práticas esportivas, relações de amizade com outros idosos, trocas de experiências de vida, danças, etc.; possibilitando uma 24 qualidade de vida mais saudável e prazerosa, através de expectativas positivas para o futuro. Os idosos que aderem a esses grupos fazem parte de uma categoria participativa e ativa, onde cada componente é respeitado uma pessoa socialmente atuante de acordo com as suas limitações. Com esta nova visão, o idoso deixa de ser visto como a tradicional visão de um ser que não tem mais serventia, dependente, improdutivo, um empecilho pra sociedade, simplesmente pelo fato de já ter vivido muitas décadas. Toda essa reintegração do idoso à sociedade está proporcionando um processo de envelhecimento bem-sucedido e saudável para os participantes dos grupos. As famílias contemporâneas que percebem a importância de colocar seus idosos não acamados em grupos de terceira idade melhoram a qualidade de vida dos mesmos. Em 4 de janeiro de 1994, foi criada a Política Nacional do Idoso (PNI) através da Lei n º 8842. Contudo, somente em 3 de julho de 1996 ela foi regulamentada através do Decreto nº 1948 (KUNRATH, 2001; SIQUEIRA, 2001). A PNI define cinco princípios e nove diretrizes que garantem os direitos sociais do idoso e as condições para a promoção de sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Citados por SCHONS & PALMA (2000), os princípios são: 1. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida; 2. O processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos; 3. O idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza; 4. O idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através dessa política; 5. As diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral na aplicação dessa lei. (p. 69). Na sociedade contemporânea do século XXI, após muitos anos de embate político, em que as organizações sociais dos idosos (associações, federações e confederação nacional dos aposentados e pensionistas, Associação Nacional de Gerontologia e outras) reivindicavam a aglutinação em uma só norma das diversas postulações legais acerca de seus direitos, em 1º de Outubro de 2003 foi sancionada a Lei 10.741, denominada de Estatuto do Idoso, que tem 25 como objetivo assegurar os direitos sociais dos idosos. Como essas leis passaram a ser regulamentadas com status de estatuto, permitem ao Ministério Público uma atuação mais rápida, já que está tudo concentrado num só documento (BRASIL, 2003). Em seus 118 artigos, o Estatuto do Idoso versa sobre várias áreas dos direitos básicos e das precisões de proteção dos idosos. Designa que os idosos não poderão ser vítimas de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão. Prevê também que, para a pessoa a partir de sessenta anos, há prioridade no atendimento prestado pelo Sistema Único de Saúde, o SUS e o acesso a medicamentos sem custos. Rezam os dois primeiros artigos do Estatuto: Art. 2º O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. Assim, o idoso passa a ter direitos e ser inserido na sociedade, e a família passa a ter o dever legal de cuidar de seus velhos com dignidade. Cabe ao poder público ampliar na prática, essas garantias de forma a toda família ter maior acesso à melhor qualidade de saúde hospitalar e psicológica para seus membros da terceira e quarta idade. Ideologicamente, de acordo com Medeiros (2004), em algumas sociedades antigas, o velho era tradicionalmente respeitado como àquele possuidor de experiência e sabedoria. Porém atualmente na sociedade capitalista, a juventude torna-se um valor, onde o desafio é se manter jovem o maior tempo possível. Essa preocupação é influenciada pela mídia, com o apoio da indústria de cosméticos, contando com a ajuda de parte da ciência. A significativa mudança que a chegada da informática produziu no cotidiano das pessoas atingiu os velhos de maneira incontestável. Apesar de sua extensa experiência de vida, de seu conhecimento acumulado durante anos, muitos passaram a serem “analfabetos funcionais”. Os netos “sabem” mais que os avós (MEDEIROS, 2004, p. 188). É preciso buscar revalorizar o antigo respeito por nossos idosos, que tanto tem a nos ensinar. Resgatar valores pressupõe respeitar neles seus pontos positivos, fazendo-os se sentir importantes, dignos e úteis no seio familiar e na sociedade. 26 1.4 A Dependência do Idoso no Seio Familiar e o Cuidador Na velhice a dependência é muito intensa e se configura como perda de autonomia, de espaço, de valores e de autodeterminação, como consequência da impossibilidade de conduzirem suas próprias vidas. Os Idosos são mais vulneráveis a doenças que indivíduos jovens. A fragilidade da saúde, devido ao cansaço do organismo, leva-os a adquirirem diversas patologias, já admitidas como corriqueiras a essa fase da vida. Nesse sentido, o papel da família e do parente designado para ser o cuidador do idoso é primordial no amparo físico e psicológico do velho. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA apud Pinheiro (2006), 27% dos idosos brasileiros precisam de ajuda diária. Entre os que passaram dos 80 anos, cerca de 90.000 mulheres e 184.000 homens são incapazes de andar ou subir poucos degraus de uma escada. A consequência disso é que cada vez mais famílias terão de lidar com a difícil tarefa de assumir seus doentes. E, sobretudo, de escolher quem irá fazê-lo. Baltes e Silverberg (1995) comentam que a dependência, na velhice, é resultado de mudanças ocorridas ao longo do curso de vida e acrescentam que elas englobam desde as mudanças biológicas até as transformações exigidas pelos meios sociais. As autoras discriminam a dependência em três níveis: A dependência estruturada, resultante da circunstância cultural que atribui valor ao homem em função do que e enquanto produz; A dependência física que decorre da incapacidade funcional, ou seja, falta de condições para realizar as tarefas da vida diária; e A dependência comportamental, que é socialmente induzida, pois advém do julgamento e das ações de outrem. Referimo-nos à circunstância em que uma pessoa é considerada incompetente para realizar suas tarefas. Diante dessa avaliação, alguém sempre assume a função de fazê-lo em seu lugar, mesmo que não haja necessidade ou que a própria pessoa não o deseje (BALTES & SILVERBERG, 1995). Múltiplos fatores são identificados como proeminentes à depressão na fase tardia da vida. Entre eles estão à fragilidade na saúde, pobreza, viuvez, institucionalização e solidão. São situações que o idoso passa e que podem ser amenizados pelo carinho do cuidador familiar. Sigmund Freud (1930) nos fala que o sofrimento nos ameaça a partir de três direções: Do nosso corpo, condenado à decadência, pois o adiamento do processo não elimina a promessa de dissolução nem a angústia que se origina na premência dos sinais de advertência que acompanham o envelhecimento; Do mundo externo, a natureza, que pode surpreender-nos 27 com sua força devastadora; e Do outro, tanto do social quanto dos nossos relacionamentos mais íntimos, e que, talvez, seja o mais penoso. Na velhice, o sofrimento e a dependência ganham intensidades que causam uma progressiva fragilização, pressionando os sujeitos a serem menos exigentes nas suas reivindicações de felicidade, contentando-se mais com a simples evitação do sofrimento, e com ter um ente da família que o cuide e não o abandone num asilo, ficando a tarefa de obter prazer em segundo plano. Nesse sentido toda família costuma designar um membro da mesma para se tornar o cuidador do idoso, embora em geral, todos colaborem, cabe ao cuidador a maior responsabilidade sobre o parente velhinho. Mendes (1995) explica que o processo de tornar-se cuidador pode ser mais imediato ou gradual. As decisões para assumir os cuidados são mais ou menos conscientes e as pesquisas revelam que, embora a designação do cuidador seja informal e decorrente de uma dinâmica específica, o processo parece obedecer a certas regras refletidas em quatro fatores que estão relacionados com o “parentesco, com frequência maior para os cônjuges antecedendo sempre a presença de algum filho; o gênero, com predominância para a mulher; a proximidade física, considerando quem vive com a pessoa que requer os cuidados e a proximidade afetiva, destacando a relação conjugal e a relação entre pais e filhos”. Segundo Karsch (1998), outro fator determinante para o familiar tornar-se o cuidador é a obrigação e/ou dever que o mesmo tem para com o idoso. Isto pode ser entendido como um sentimento natural e subjetivo ligado a um compromisso que foi sendo construído ao longo da convivência familiar. “Os cuidadores atribuem sua vontade e seu compromisso à solidariedade com o companheiro (a) de vida, ao desejo de retribuir os cuidados recebidos na infância, ao seu horror ao isolamento e à ausência de alternativas” (KARSCH, 1998). Este trabalho parte do pressuposto de que o bem-estar e a qualidade de vida do idoso envolvem valores como: cuidado familiar, transmissão de afeto, capacidade de se adaptar a mudanças, saúde física e psíquica, respeito, relações sociais e bom convívio familiar. Em pesquisas com idosos de 70 a 105 anos, Baltes e Mayer (1999) relataram que os sentimentos de solidão emocional aumentam com a idade. Dentre as conclusões gerais dos estudos sobre integração social e bem-estar na velhice, destaca-se que: a manutenção de relações sociais com o conjugue, com os familiares e amigos da mesma geração favorece o bem-estar psicológico e social do idoso (NERI e CAPITANINI, 2005, p. 75). 28 O cuidado familiar faz parte da cultura. Quando não cumpre esta função adequadamente, a família sofre sanções sociais, pois é considerada negligente, e irresponsável (CALDAS, 2004). Segundo Neri (2002), os cuidadores familiares criam várias estruturas de cuidado que diferem de acordo com o tipo e a combinação de apoios oferecidos. Os idosos mais dependentes e os mais pobres provavelmente são cuidados por estruturas mais complexas, que envolvem filhas, noras, netos, sobrinhos, vizinhança e amigos; não em virtude das características dos idosos ou dos cuidados prestados, mas por causa da coresidência, das necessidades de sobrevivência, que dificilmente permitem que uma só pessoa se dedique em tempo integral ao cuidado. A abundância de sobrecarga do cuidador vai depender dos graus de dificuldades do idoso na vida diária. As incumbências mais custosas para o cuidador, do ponto de vista físico e emocional, são os que compreendem a sobrevivência física e os que envolvem o manejo de déficits comportamentais e de distúrbios cognitivos. É muito natural que o cuidador se veja em variados estados de estresse devido às tensões, sobrecarga de natureza física e estado cansaço por que passam, gerando insônia e problemas de saúde. Segundo Sommerharlder e Néri (2001, p. 31), os aspectos mais comumente citados numa pesquisa sobre o estresse e a sobrecarga do cuidador são os seguintes: As tarefas acarretam ônus físico e financeiro, que tende a se agravar com a evolução da doença do idoso; Os cuidadores não possuem informações suficientes para exercer o cuidado, há poucos recursos sociais de apoio, há escassez de pessoas especializadas que possam lhes dar suporte e há poucas fontes de apoio emocional; A tarefa de cuidar rivaliza com o trabalho profissional ou mesmo com o papel familiar desempenhado pelos cuidadores; A dinâmica cuidar e ser cuidado pode fazer aflorar sentimentos negativos antigos e a situação pode ficar de difícil manejo, tanto para o cuidador quanto para o idoso; A atividade de cuidar geralmente é um trabalho exercido por um membro da família, sem ajuda ou reconhecimento dos outros integrantes; Os efeitos negativos do cuidado são potencializados pela presença de déficits cognitivos e de problemas de comportamento que são típicos nas demências; A situação de cuidar faz aflorar inversão de papéis, compaixão pelo idoso, medo da morte e da dependência por parte do cuidador, que tornam a situação mais delicada; Quando e enquanto o idoso é consciente do que se passa, a submissão ao cuidado pode acarretar-lhe baixa autoestima, vergonha e ressentimento e dificultar o cuidado. Em outros, poder falar com o idoso pode funcionar como fonte de conforto e de significado existencial para ele e para o seu cuidador. 29 Estudos revelam que a maioria dessas pessoas sofre da síndrome do cuidador, que tem como principais sintomas, a depressão e o estresse em alto grau. Nos casos mais extremos a ideia de suicídio se torna mais constante. Segundo o geriatra Norton Sayeg, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, enquanto os pacientes, muitas vezes, nem se dão conta de sua doença, os cuidadores se sentem cansados e deprimidos na maior parte do tempo. São batalhadores invisíveis de uma tarefa árdua e muito pesada (PINHEIRO, 2006, p. 98). As pessoas que exercem papel de cuidador devem ter cuidado com a sobrecarga da tarefa do cuidar. O desgaste físico e emocional leva ao estresse e em consequência a problemas de saúde. A literatura sobre o bem-estar do cuidador familiar tem sido uma literatura sobre esse estresse do cuidador. Dentre alguns modelos existentes, há o modelo de Selye (1956), sobre o estresse, no qual a reação de estresse é uma resposta adaptativa a exigências externas e internas impostas às capacidades físicas e psicológicas do indivíduo. Em reportagem concedida a Sandoval (2006) na revista VEJA, a professora de Gerontologia Social da Pontifícia Universidade Católica – PUC de São Paulo, Úrsula Karsch, falou sobre o tema A Idade Vai Chegar, no qual alertava sobre a importância que se deve dar ao processo de envelhecimento e divulgou estudo por ela realizado, no qual constatou que 40% dos brasileiros com mais de 65 anos precisam de algum tipo de ajuda para realizar tarefas do cotidiano, e que os 40% das pessoas que têm de cuidar de idosos dependentes se sentem “usadas” e “injustiçadas“ e que 70% se desentendem com o cônjuge e os filhos devido à constante dedicação que a situação exige. O supramencionado autor, descreveu outro estudo do IPEA ainda inédito e em fase final de preparação, mostrando que apenas 100.000 dos 2 milhões de idosos dependentes estão em instituições especializadas. A sociedade não está preparada para cuidar do parente que envelhece, afirma a pesquisadora Ana Amélia Camarano, do IPEA. Muitos lares não têm sequer espaço físico, muito menos estrutura emocional e financeira para lidar com esse tipo de situação. A pesquisa enfatiza o problema de quem vai cuidar do idoso. O idoso acaba perdendo o direito a um endereço fixo, morando ora com um filho, ora com outro, sentindo-se um peso para todos (SANDOVAL, 2006, p.124). O maior problema do cuidador familiar de um doente é a falta de orientação adequada. Lidar com os sintomas como: ataques de agressividade, mudanças de personalidade e perda da memória é uma situação dificílima sobre a qual pouco se fala. A falta de orientação do cuidador pode originar situações conflitantes, desgastantes, tanto para o cuidador como para 30 paciente idoso que também é vitima de toda essa estória, pois o cuidador não saberá agir no momento em que o paciente apresentar uma crise, como ataques de agressividade. Médicos revelam ser comum os cuidadores abandonarem a própria vida. A confusão de sentimentos vividos nesse período é intensa. Ao mesmo tempo em que a pessoa se sente satisfeita por tratar o doente com carinho, a culpa por querer ver-se livre ou dar fim àquela situação é recorrente. Às vezes a carga de estresse é tão ampla que o cuidador chega a agredir fisicamente o idoso sem intuito de machucá-lo, como por exemplo, ao gritar ou apertar o braço do idoso para lhe chamar a atenção de algo errado que esteja fazendo. Esse é um momento de total desequilíbrio psicológico para o cuidador, pois além de não resolver o problema, só vai piorar a situação. Querer cuidar do idoso sem orientação de algum profissional habilitado, com certeza se tornará uma tarefa muito difícil. Com as modificações sofridas na composição familiar, é comum existir idosos residindo em famílias muitigeracionais, bem como idosos residindo sós ou com o cônjuge (também idoso), o que não corresponde ao abandono pelos familiares ou à inexistência de uma relação de afeto com sua família. Cuidar nem sempre é escolha, muitas vezes impõe-se pelas circunstâncias. Por isso, os especialistas advertem: quem toma conta de um doente, precisa de um sólido suporte emocional. Um alto índice de estresse pode refletir de maneira negativa nos cuidados prestados ao próprio doente. Alguns especialistas asseguram que o afeto, carinho, amor e atenção, têm uma importância essencial para que o idoso se perceba como um ser existente, que está presente, que tem o seu lugar na família, e continua fazendo parte da relação familiar. A Constituição Brasileira apud SCHONS & PALMA (2000, p.105) possui dois artigos que salientam a importância do papel da família no processo de envelhecimento: Art. 229 – ‘... Os filhos maiores têm o dever de ajudar a amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade’. Art. 230 – ‘A família, a sociedade e o Estado têm o dever de aparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida’. E, ainda sobre a família, as autoras citam a publicação de França ao pressupor os dez mandamentos para a família do idoso: 31 1) Amar e respeitar o idoso; 2) Aceitá-lo com seus defeitos e qualidades; 3) Preservar sua dignidade; 4) Dar-lhe autonomia enquanto puder responder por si; 5) Incentivá-lo a viver e a aproveitar a vida; 6) Integrá-lo à comunidade; 7) Ouvi-lo atentamente; 8) Acolhê-lo nos momentos difíceis; 9) Tratá-lo nos momentos de enfermidade; 10) Partilhar com ele a fé e os sentimentos. (p. 107) Portanto percebe-se que o elo entre família e idoso é muito estreito e fundamental para uma convivência saudável. 1.5 A Importância da Afetividade e do Cuidado na Garantia da Qualidade de Vida do Idoso A velhice é uma época de forte fragilidade afetiva no ser humano. Às mudanças neurobiológicas que acompanham o envelhecimento cerebral se somam a perdas, que afetam as emoções, a condição física e a situação social da pessoa idosa. Entre essas perdas destacam-se: a perda do trabalho (com a aposentadoria), mudanças na estrutura familiar que os faz passar de pais e cabeças da família ao papel de avós, com menor participação na familiar, morte do cônjuge ou ente querido, enfermidade médica ou cirúrgica, depressão, incapacidade, perda de funcionalidade e suporte social. Assim, a carência de afeto é muito acentuada na idade madura. Nesse sentido, o afeto representa importante elemento para a realização da dignidade humana do idoso, pois o mesmo precisa dele para estruturar sua vida, sendo essencialmente obtido, no seio familiar. O termo afeto1 é oriundo do latim ad (= para) e fectum (= feito), significando “feito um para o outro”. 1 Fonte: BARROS, Sérgio Resende de. A ideologia do afeto. Disponível em: http://www. srbarros.com.br/artigos. php?TextID=40> Acesso em 12 abr. 2012. 32 No dicionário virtual Wikipédia (2012), afetividade é a relação de carinho ou cuidado que se tem com alguém íntimo ou querido. É o estado psicológico que permite ao ser humano demonstrar os seus sentimentos e emoções a outro ser. Pode também ser considerado o laço criado entre humanos, que, mesmo sem características sexuais, continua a ter uma parte de “amizade” mais aprofundada. A origem etimológica da palavra afeto é o verbo latino afficere, que significa ser afetado, estar comovido, ter disposição da alma. Numa expressão poética, afeto é tudo aquilo que nos faz oscilar entre a entrega e o espanto. Nesse sentido, vivenciar o mundo dos afetos torna os seres humanos criativos, envolvidos, amantes, tanto quanto passionais, ciumentos e irados. Portanto, falar de afetividade é falar da alma, da psique, do coração, do amor (MARTINS, 2004, p. 59). Verifica-se, portanto, que a afetividade é a característica fundante da família estruturada e saudável. A falta de afeto faz dos idosos seres tristes e revoltados e com sentimento de rejeição; além de mostrarem-se rebeldes, depressivos, ou simplesmente incapazes de agir com segurança e serenidade. Cuidar do idoso não só por obrigação, mas principalmente por afeto cria laços e vínculos mais duradouros e sustentáveis da relação e maior paciência para com o paciente. A afetividade é considerada a essência, elemento definidor do grupo familiar, ou seja, esse sentimento que dá vida à família, sendo a criação e o desenvolvimento do afeto funções da família, porquanto através desse sentimento proporciona-se ao ser humano “respeito, liberdade e a igualdade” (NOGUEIRA, 2001, p. 54). O idoso que não recebe afeto de ninguém tende a piorar seu quadro depressivo porque a rejeição lhe pesa muito, punindo-o por estar velho. Os familiares precisam compreender que além de cuidados físicos e médicos, o idoso precisa de afeto. Há uma desvalorização das necessidades do idoso, por se acreditar que elas se limitam a certas prioridades fisiológicas (alimentação, vestuário, moradia, cuidados de saúde e higiene), remetendo ao esquecimento as de nível social, afetivo e sexual. O idoso tem dificuldade em assumir aspectos da sua vivência, enquanto pessoa plena, isolando-se afetiva e socialmente, negando ou desvalorizando as suas capacidades (PIMENTEL, 2001). A convivência com a solidão, a perda de sentido de vida, a desinteresse, a desistência são desafios corriqueiros no processo de envelhecimento, que devem ser levados em consideração quando do diagnóstico da depressão em idosos. Assim Cuidar por afeto é muito melhor. 33 O afeto, sentimento esse que invadiu e passou a fazer parte da vida dos seres humanos, nada mais é do que uma troca recíproca entre os sujeitos de cuidados e de atenção, buscando apenas o bem da outra pessoa, ou seja, é a forma de expressar sentimentos e emoções (ROSSOT, 2009, p. 08). Para que o idoso possa enfrentar suas dificuldades que variam de pessoa pra pessoa (condição econômica, demência, neorroses e psicoses, depressão, mal de Alzheimer, doença de Parkinson, doenças crônicas, etc.), é imprescindível que o afeto ande junto com os cuidados dos familiares gerando bem-estar psicológico. Para Lee e Ishi-Kuntz (1988, apud DEPS, 1993), o bem-estar psicológico refere-se ao estado da mente, incluindo sentimentos de felicidade, contentamento e satisfação com as condições da própria vida. Assim, o idoso que por muito foi visto pela sociedade como um fardo, um problema social em razão da sua condição de vulnerabilidade decorrente da idade avançada passa a ser entendido como um ser humano digno de respeito, afeto e cuidados especiais, possuidor de direitos legais. A família que abandona seus idosos em asilos ou o despreza num cantinho da casa, está agindo de forma desumana. A necessidade de afeto aumenta com a chegada de tanta fragilidade física e emocional e cabe a família a sensibilidade de entender e suprir essa necessidade. Tanto o idoso que ainda administra as contas do lar e é um chefe de família participativo na sociedade, quanto o idoso acamado e dependente dos cuidados dos familiares necessitam de carinho, afeto e amor para ter uma mente saudável. O abandono afetivo traz consequências sérias na vida emocional da pessoa idosa. Afeto é uma atitude, e não somente um sentimento. O cuidado e o afeto andam de mãos dadas. Waldow (2001) em “Cuidado humano: o resgate necessário”, explica que: O cuidado, portanto, é o fenômeno resultante do processo dinâmico de cuidar que requer capacidade de modificar o próprio comportamento frente às necessidades do outro e atitudes de honestidade, humildade, esperança e coragem. Tais requisitos são considerados qualidades essenciais para o cuidar/cuidado e devem permear o cuidado, porém, nunca criar dependência no ser cuidado, pois o cuidador tem o dever de possibilitar ao outro o conhecimento, para que ele possa utilizar suas próprias capacidades (WALDOW, 2001, p. 57). Cuidar do idoso com afeto não é fácil. Requer muita disposição, paciência e doação. Porém, a dimensão afetivo-expressiva faz parte da ação terapêutica do cuidado e pode ser explicitada pela relação de confiança, no trato com carinho, no ser gentil, no demonstrar 34 compreensão, conversar, tocar, falar, escutar, olhar, dar força, interessar-se, aconselhar e outros. O ser humano é um ser que tem sentimentos e é a sua capacidade de envolver-se, de afetar e de ser afetado pelo outro, que o torna humano. É esse sentimento, que se chama cuidado e se situa na lógica do afeto. O cuidado pressupõe uma relação, e essa relação não deve ser de domínio sobre o outro, mas de convivência. O cuidado se dá na interação e comunhão. É a partir do cuidado com o outro, que o ser humano desenvolve a dimensão de alteridade, de respeito, valores fundamentais da experiência humana. Assim, o cuidado se dá numa relação afetiva, e engloba o modo de ser do ser humano, em seus laços afetivos (BOFF, 2008). O estado afetivo gera acolhimento e alivia o sofrimento, a solidão e a dor de quem está velho, doente e acamado. Esse tratamento não é fácil porque é comum que o paciente de muita idade se torne intransigente, resmungão e até que passe a delirar, algo que requer muita dedicação, paciência e amor de quem cuida. O cuidar se apresenta como uma manifestação de afeto, pois como diria o poeta, “quem ama, cuida”, e a concepção popular de amar remete a essa forma de compromisso com o outro. Na língua portuguesa cuidar denota “aplicar a atenção; o pensamento; ter cuidado com os outros e consigo mesmo; tratar de assistir”, dentre outros sinônimos (FERREIRA, 1999, p. 589). A entidade familiar deve ser percebida como grupo social fundado, fundamentalmente, por laços de afetividade e obrigação de condutas éticas. O intuito da família é o de amparo, proteção e assistência à pessoa física e psíquica idosa, aquele que, no passado, criou e educou seus filhos. O benefício maior do afeto familiar em relação com o idoso é a possibilidade da realização da ternura na vida do mesmo, promovendo momentos de paz e ausências de conflitos. Portanto, a afetividade é o elemento definidor da união familiar, consolidado na solidariedade com outro. A função afetiva unifica e estabiliza, onde o respeito, a liberdade e a igualdade são práticas constantes para com o idoso, acamado e doente. O sangue e os afetos são razões autônomas de justificação para o momento constitutivo da família, mas o perfil consensual e o afeto constante e espontâneo exercem cada vez mais o papel de denominador comum de qualquer núcleo familiar. O merecimento de tutela da família não diz respeito exclusivamente às relações de sangue, mas, sobretudo, àquelas afetivas que se traduzem em uma comunhão espiritual e de vida (PERLINGIERI, 2007, p. 244). 35 Uma dica importante é a de que os próprios familiares também podem procurar ajuda na psicoterapia para trabalhar suas questões pessoais de envelhecimento e/ou para descobrir uma maneira de lidar melhor com o processo de envelhecimento na vida de seu familiar, pois está comprovado que um convívio conflituoso dos idosos com seus parentes contribuem para prolongar ou piorar o estado de saúde dos mesmos, descontrolando a pressão arterial e os deixando mais nervosos e angustiados. Os idosos são pessoas carentes de atenção, carinho e afeto. Mas além de receber afeto dos parentes e amigos é muito importante que o idoso desenvolva também sua autoestima. Para Beauvoir, Velhice é um destino, e quando ela se apodera da nossa própria vida, deixanos estupefatos [...] quando adultos, não pensamos na idade: parece que essa noção não se aplica a nós [...] a velhice é particularmente difícil de assumir, porque sempre a consideramos uma espécie estranha: será que me tornei, então, uma outra pessoa, enquanto permaneço eu mesma? (BEAUVOIR, 1970, p. 348). A autoestima, conforme Brander (2000) é a valorização de si mesmo. Amor próprio. É a opinião e o sentimento que cada pessoa tem por si mesma. É ser capaz de respeitar, confiar e gostar de si. A autoestima é a vivência de sermos apropriados à vida, de sentirmos a vida, estando de bem com ela. Para este autor, autoestima é: 1. A confiança em nossa capacidade para pensar e enfrentar os desafios da vida. 2. A confiança em nosso direito de ser feliz, a sensação de sermos merecedores, dignos, qualificados a expressar nossas necessidades e desejos de desfrutar os resultados de nossos esforços. Os aspectos inter-relacionados da autoestima são: 1. A noção da eficiência pessoal (autoeficiência). 2. A noção do valor pessoal (autorrespeito). Na qualidade de uma vivência psicológica plenamente realizada, a autoestima é a soma integrada desses dois aspectos. O Idoso já em idade avançada, hospitalizado, ou acamado em casa, muitas vezes se encontra com sua autoestima muito baixa, uma vez que o preconceito acerca do envelhecimento ocasiona por si só um impacto negativo na sua autoimagem. Por isso que trabalhar na mente do idoso o amor próprio, o autoperdão, a autoestima, e a afetividade é muito importante. 36 A partir do momento em que grande número de pessoas espera gozar de uma longa velhice, o bem-estar psicológico passa a ter um significado de fundamental importância na vida do idoso. A afetividade é um fator muito importante na vida do idoso. É importante enfatizar que a afetividade é a capacidade de experimentar sentimentos e emoções, como um estado de ânimo que proporciona a tonalidade do relacionamento do indivíduo com o mundo e consigo próprio (MARTINS, 2004, p. 59). O bem-estar psicológico, segundo Diener e Suh (1997), refletirá em uma avaliação que o doente faz de sua vida que foi influenciada por valores pessoais, padrões sociais e aspectos históricos que possuem componentes cognitivos (saúde, relações sociais e espiritualidade) e afetivos (afetos positivos, felicidade e alegria, e afetos negativos, tristeza, infelicidade). Nesse sentido, a assistência psicológica é muito importante para proporcionar o alívio emocional para idoso e sua família. Por outro lado, sentimentos de compaixão, amor, afeto, respeito devem permear o lar de toda família, inclusive daquela que possui um idoso sadio ou doente. Os psicólogos, preocupados com a qualidade de vida na velhice devem ter como meta a conservação da autonomia dos idosos até onde for possível, e a permanente promoção do bem-estar psicológico dos mesmos. 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS A discussão apresentada nesse trabalho foi extremamente importante e esclarecedora para se entender as características biológicas, sociais e psicológicas que passa o ser humano em seu processo de envelhecimento. O estado físico e emocional do mesmo traz dificuldades que para serem auxiliadas precisam ser compreendidas. Nesse panorama, mostrou-se como a família do idoso possui um papel fundamental e como o cuidado e a afetividade são essenciais para a garantia de qualidade de vida da pessoa idosa. Este estudo nos permitiu identificar os principais aspectos emocionais do idoso. Além disso, observou-se o quanto o apoio da família é relevante na vida do idoso, principalmente o idoso dependente, doente e acamado. Junto com a idade e as doenças degenerativas próprias desse estado, surgem sentimentos de solidão, desamparo, desmotivação, sentimento de inutilidade, estados depressivos. É na família, em especial a pessoa designada para ser o cuidador do idoso, que o mesmo irá encontrar o suporte emocional, afetivo, cuidado, amparo e segurança física e psicológica. Porém, a família e o cuidador também devem estar preparados para enfrentar as mudanças e dificuldades que acompanham o processo de envelhecimento e adoecimento, pois só assim, poderá haver compreensão, zelo e afetividade no ambiente familiar. Contanto, o estudo nos mostrou que é necessário haver também preocupação com as consequências que o cuidador possa adquirir diante dessas dificuldades, ressaltando a sobrecarga, o estresse e o desgaste físico e emocional que atinge diretamente a pessoa que cuida do idoso e a repercussão disso tudo no idoso. Nesse sentido, o apoio do profissional de psicologia é muito importante tanto para a família, especialmente o cuidador, quanto para o idoso. Assim, os valores humanísticos de solidariedade, respeito, afeto e compaixão devem fazer parte da comunicação empática entre o psicólogo, o paciente e a família, o que só pode ocorrer em uma dinâmica terapêutica afetiva, peculiar, em cuja construção relacional do psicólogo com o idoso e sua família está inserida a equipe de saúde num atendimento multidisciplinar integrativo (MARTINS, 2004, p. 70). É imprescindível, portanto que a família tome consciência do seu verdadeiro papel na segurança afetiva da vida do idoso, mudando a visão de que o mesmo é inútil, um fardo e 38 tratando-o como ele de fato merece ser tratado, como alguém que muito já contribuiu e que agora tem um direito a um retorno afetivo através da gratidão, do cuidado, do respeito e do amor. Envelhecer implica perdas, mas também implica ganhos. Mediante atuações embasadas em solidez teórica e discernimento, na análise das condições de contexto, os psicólogos podem apoiar os idosos, na sua justa busca por continuidade no desenvolvimento do bem-estar. Podem ajudar a sociedade a construir as condições necessárias ao desenvolvimento e ao envelhecimento bem sucedidos de todos os seus membros (NERI, 2008, p. 109). É necessário que se aprenda a cuidar da saúde física e mental, obter informações para que se possa envelhecer de uma forma saudável e preparando a sociedade para uma melhor aceitação da velhice, pois não é possível rejuvenescer a velhice, mas proporcionar condições psicológicas, físicas e sociais para se viver com satisfação, bem-estar e equilíbrio durante esse período da vida e também provando que o idoso tem importante papel social, quebrando as discriminações e os preconceitos para com os mesmos. No entanto os dados aqui apresentados pressupõem uma ampliação do estudo, visando oportunizar aos profissionais da área de psicologia para despertarem para novas descobertas, uma vez que um estudo não esgota um assunto tão complexo, principalmente os afetos, as emoções e comportamentos que permeiam a vida de todo idoso e sua família. 39 REFERÊNCIAS ALVES, M. D. S. Mulher e saúde: representações sociais no ciclo vital. Fortaleza: PósGraduação/ DENF/ UFC/ Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura, 1997. ANITA, L. B. et all. E por falar em boa velhice. São Paulo: Papirus, 2000. BALTES, M. M; SILVERBERG, S. A dinâmica da dependência-autonomia no curso de vida. In: NERI, L. (org) Psicologia do envelhecimento: tópicos selecionados numa perspectiva do curso de vida. Campinas: Papirus, 1995. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. BRASIL, Congresso Nacional. Lei n. 8842. 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