Leda Muhana
Leda Maria Muhana Martinez Iannitelli é natural de Caetité, interior da Bahia. Quando pequena
mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, no intuito de acompanhar o pai que era
bancário. Sua trajetória na dança inicia-se, então, no Rio de Janeiro, quando passa a fazer balé
juntamente com sua irmã, que tinha um problema no joelho. Ao retornar a Salvador, com então
8 anos de idade, continua a praticar dança na escola Dança Moderna, de Marta Saback, onde
foi aluna de Lia Robatto. Posteriormente fez balé na EBATECA, onde permaneceu até
completar 16 anos. Antes de ingressar no curso de licenciatura em dança na UFBA, em 1974,
fizera jazz e cursos de dança moderna.
Durante os 4 anos do curso de licenciatura em dança na Universidade Federal da Bahia, uma
das pioneiras neste âmbito no país, obtivera conhecimentos que até então desconhecia, como
coreografia, improvisação, composição sonística, criação etc. No início do segundo ano de
faculdade, começou a se organizara em grupos com alguns colegas da faculdade, fazendo
performances de seus próprios trabalhos em escolas públicas e no circuito universitário. Após
obter o grau de licenciada, Leda Muhana deu continuidade ao bacharelado em dança na
mesma universidade, obtendo uma dupla formação.
Em 1977, quando surgiu a Concurso Nacional de Dança Contemporânea teve a oportunidade
de conhecer trabalhos inovadores empreendidos em todo o país. Nesse sentido, o concurso
serviu como estimulo para que Leda Muhana passasse a se dedicar a criação de grupos e de
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projetos voltados para inovar o universo da dança, uma vez que o concurso em si não permitia
uma integração, mas sim uma acirrada competitividade entre grupos que buscavam
reconhecimento nacional.
Em 1980, quando o concurso transforma-se em Oficina Nacional de Dança Contemporânea,
recém-formada, Leda Muhana começa a receber propostas de colaboração, passando assim a
envolver-se em projetos em conjunto com pessoas de outras regiões do país. Neste processo
teve, portanto, vários grupos dentre os quais se destaca o Grupo Areia Preta do Brinco
dourado, que tinha uma proposta crítica ao caráter competitivo da oficina, inspirado na figura
do Carlitos, de Charles Claplin. Na época, recebeu menção honrosa por criatividade.
Posteriormente integra o Grupo Ecos, formado também por colegas, mas com caráter mais
profissional. Com esse grupo, apresentara-se no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM) e no
ICBA. Em 1980, cria, ao lado da professora e coreógrafa Betti Grebber, o balé Tran Chan, uma
bem-sucedida experiência da dança satírica com humor, cujo primeiro espetáculo,
"Exatamente mais ou menos", foi encenado pela primeira vez na sala do coro do Teatro Castro
Alves. Tal espetáculo ao mesmo tempo cômico e dramático revelou a forma como Leda
Muhana e Betti Grebber gostariam de ser no palco, sem preocupações com uma tradição de
dança já solidificada e sustentada por movimentos mais formais e músicas instrumentais.
Nesse sentido, as influências do contexto em que viviam, como a cultura pop, o movimento hip,
a resistência contra a ditadura e a própria ditadura, possuíam lugar na nova estética proposta
pelo Tran Chan.
No Balé Tran Chan, Leda Muhana produziu seus espetáculos na época da ditadura, num
momento de crise que a levou a tentar identificar seus anseios estéticos, ideológicos e
políticos. A partir do balé e da parceria com Betti Grebber, a coreógrafa buscou estabelecer
uma releitura da tradição em dança moderna, na qual se deu conta que não deveria repetir,
mas questionar e desafiar o que já era considerado sacralizado na arte.
Entre 1982 e 1984, ao tornar-se professora titular na Universidade Federal da Bahia e
mudar-se para os Estados Unidos para fazer mestrado em Masters Of Arts Dance Kinesiology,
na Universidade de Utha, dá uma pausa temporária ao seu casamento profissional com Betti
Grebber. Ao retornar, retoma a parceria, cujo primeiro espetáculo teve como base as fitas
cassetes trocadas por Leda e Betti durante o período de separação.
Entre 1989 e 1994, fizera dedicara-se ao doutorado em Dance Education, na Temple
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University, do qual resultou a tese sobre coreografia: Guiding Coreography: A process-oriented,
person-centered approach with contributions from psychoanalysis, humanistic, and congnitive
psychology. Entre 1995 e 1997, torna-se coordenadora da especialização em Coreografia, na
Escola de Dança da UFBA; e no período entre 1997 e 1999, passou a atuar na
vice-coordenação da mesma especialização.
Entre 2000 e 2005 compôs o corpo docente da UFBA, atuando nos cursos de licenciatura em
dança e Artes Cênicas, nos quais ministrou as disciplinas Seminário de Pesquisa Orientada,
Coreografia de Grupo I, Teoria Básica do Movimento e Teoria da Dança Moderna I; na
pós-graduação em Artes Cênicas, ministrou as disciplinas Processos de encenação,
Seminários Avançados I e II, Projeto de Dissertação em Encenação, Projeto de Tese, Projeto
de Dissertação e na disciplina Corpo e Criatividade. Nos anos de 2003 a 2004 faz
pós-doutorado no Smith College.
Dentre suas principais produções coreográficas destacam-se: Outras formas de perfecção
(2000), Projeto Cena Aberta (2000), Bolero (2000), Zaratustra e Nietzsche (2000), Dança
Interativa (2001), Meu Brasil Brasileiro (2002), O Beijo (2002), Orquestra em cena (2002),
Sinfonia coreográfica (2002), Você (2002), Apaixonada (2003), Day Free (2003), Interactive
Nutcracker (2003), Dance Score II (2003), Stream of Thoughts (2004, 2005), Let this be the
moment (2004), Breaking Through to the other side (2004), Eternal Return (2004), Ilinx (2006,
2007, 2009, 2010), Mobius (2009), Toast (2010) e Paradox (2010).
Atualmente é docente e diretora da escola de Dança da Universidade Federal da Bahia, na
qual desenvolve projetos na graduação e pós-graduação atuando principalmente na área de
dança, com ênfase em processos educacionais e corporeográficos.
Veja abaixo, os vídeos de trabalho de Leda Muhana.
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Leda Muhana - Memorial Brasil de Artes Cênicas