UNIVERSIDADE POSITIVO
LEDA MARIA GUARESCHI
MILENA THÁ BATISTA
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL - ANÁLISE DOS RESULTADOS
ALCANÇADOS A PARTIR DA CERTIFICAÇÃO NBR ISO 14001 POR
ORGANIZAÇÕES DE ENGENHARIA CIVIL E SUAS FORNECEDORAS
NA CIDADE DE CURITIBA-PR
CURITIBA
2010
2
LEDA MARIA GUARESCHI
MILENA THÁ BATISTA
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL - ANÁLISE DOS RESULTADOS
ALCANÇADOS A PARTIR DA CERTIFICAÇÃO NBR ISO 14001 POR
ORGANIZAÇÕES DE ENGENHARIA CIVIL E SUAS
FORNECEDORAS NA CIDADE DE CURITIBA-PR
Trabalho de conclusão de curso,
apresentado como requisito parcial para
a obtenção do título de Engenheiro Civil
do curso de Engenharia Civil da
Universidade Positivo.
Orientador: Prof. Claudio Cesar Ferreira
CURITIBA
2010
3
AGRADECIMENTOS
Não podemos acreditar que o mesmo Deus que nos dotou de sentidos,
como razão e intelecto, pretenda que não os utilizemos. Sendo assim,
agradecemos a ele por ter nos fortalecido a cada dia difícil, nos ajudando a
concluir este trabalho.
Agradecemos também:

Aos nossos pais, por terem nos incentivado nessa jornada, acreditando
sempre no nosso potencial;

À Cláudio Cesar Ferreira, nosso mestre, professor e orientador, que a
cada encontro nos ouviu, corrigiu, direcionou e motivou, atuando como
principal norte deste trabalho;

À Mari Elizabete Bernardini Seiffert, nossa professora, que forneceu
dados essenciais para a seleção das empresas entrevistadas;

À todos os outros professores, que participaram deste trabalho com
informações, recomendações e orientações;

À Bruno Fernando S. Kasper, por ter colaborado com seu conhecimento
e paciência em todos os momentos, principalmente nos finais de semana;

Aos nossos amigos, por terem compreendido nossa ausência em muitos
momentos para que o trabalho fosse finalizado;

E, finalmente, às empresas entrevistadas, pois sem elas não
poderíamos chegar ao final deste trabalho.
ii
4
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS
v
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
vi
LISTA DE FIGURAS
vii
RESUMO
viii
1 INTRODUÇÃO
10
2 JUSTIFICATIVA
11
3 OBJETIVOS
13
3.1 OBJETIVO GERAL
13
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
14
4 REVISÃO DA LITERATURA
14
4.1 VANTAGEM COMPETITIVA NAS ORGANIZAÇÕES
14
4.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
18
4.3 SUSTENTABILIDADE E GESTÃO AMBIENTAL
25
4.4 SGA ISO 14001
28
4.5 VANTAGENS DA IMPLEMENTAÇÃO DO SGA
30
4.6 IMPLEMENTAÇÃO DO SGA A PARTIR DA NBR ISO 14001
33
4.6.1 Política ambiental
35
4.6.2 Planejamento
37
4.6.3 Implementação e operação
43
4.6.4 Verificação e ação corretiva
49
4.6.5 Auditoria do Sistema de Gestão Ambiental
55
4.7 DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE A CERTIFICAÇÃO NBR ISO 14001
60
4.8 RESULTADOS DO SGA SOB O PONTO DE VISTA DE EMPRESÁRIOS
65
iii
5
5 METODOLOGIA
66
5.1 PLANO METODOLÓGICO SINTÉTICO
67
5.2 SELEÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES
67
5.3 DESENVOLVIMENTO DO PLANO DE PESQUISA
68
5.4 DESENVOLVIMENTO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
69
5.5 COLETA DE DADOS
79
5.6 APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
80
6 CONCLUSÕES
94
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
100
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
102
iv
6
LISTA DE TABELAS
Tabela
1 - Quantidade de certificações NBR ISO 14001 por continente
61
Tabela 2 - Quantidade de organizações certificadas pela NBR ISO 14001
por estado da federação Brasileira
61
Tabela 3 - Percentual de organizações certificadas pela NBR ISO 14001 por
setor produtivo brasileiro
63
Tabela 4 - Caracterização das empresas pesquisadas
80
Tabela 5 – Avaliação dos benefícios observados por cada uma das
organizações a partir da certificação NBR ISO 14001
88
Tabela 6 – Avaliação dos benefícios observados pelas organizações a partir
da certificação NBR ISO 14001
92
v
7
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas
ADA
Avaliação de Desempenho Ambiental
ASCE
American Society of Civil Engineers
BI
Business Intellingence
BID
Banco lnteramericano de Desenvolvimento
BIRD
Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento
BNDES
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
Cerf
Civil Engineering Research Foundation
CONAMA
Conselho Nacional do Meio Ambiente
Confea
Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
Embrapa
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
IBAMA
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
ICA
Indicador de Condição Ambiental
IDA
Indicador de Desempenho Ambiental
IDO
Indicador de Desempenho Operacional
IDG
Indicador de Desempenho de Gestão
INMETRO
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial
ISO
International Organization for Standardization
NBR
Norma Brasileira
OHSAS
Occupational Health & Safety Advisory Services
ONGs
Organizações não-governamentais
PGA
Programa de Gestão Ambiental
RNC
Relatório de Não-Conformidades
SGA
Sistema de Gestão Ambiental
vi
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – As cinco tarefas da gerência estratégica
20
Figura 2 – Planos de negócios
24
Figura 3 – O gráfico dos seis passos
27
Figura 4 – A espiral da melhoria contínua
35
Figura 5 – Os três pilares da política ambiental
37
Figura 6 – Fluxo do macroprocesso de uma organização com detalhe no
processo de aquisição
39
Figura 7 – Fluxograma guia para o ciclo PDCA
53
Figura 8 – Percentual de organizações certificadas pela NBR ISO 14001 por
região.
63
Figura 9 – Grau de avaliação dos benefícios observados pela organização
“A” a partir da certificação NBR ISO 14001
89
Figura 10 – Grau de avaliação dos benefícios observados pela organização
“B” a partir da certificação NBR ISO 14001
89
Figura 11 – Grau de avaliação dos benefícios observados pela organização
“C” a partir da certificação NBR ISO 14001
90
Figura 12 – Grau de avaliação dos benefícios observados pela organização
“D” a partir da certificação NBR ISO 14001
91
Figura 13 – Grau de avaliação dos benefícios observados pelas
organizações a partir da certificação NBR ISO 14001
vii
93
9
RESUMO
Em vista ao atendimento dos requisitos da preservação do meio ambiente,
muitas organizações almejam a certificação NBR ISO 14001, a qual especifica os
requisitos relativos a um sistema de gestão ambiental. O setor da construção civil,
por gerar grande quantidade de resíduos e por ser um grande consumidor de
matéria-prima, necessita de um sistema de gestão que gerencie suas atividades e
sua interface com o meio ambiente, a fim de tentar diminuir os impactos que
causa. Entretanto, em muitas ocasiões, o empresariado não encontra subsídios
suficientes para a tomada de decisão pela adoção da NBR ISO 14001, uma vez
que os resultados obtidos a partir da implementação da mesma ainda são
demasiadamente desconhecidos e a própria implementação da norma demanda
recursos adicionais, os quais nem sempre estão disponíveis nas organizações.
Considerando essa dificuldade encontrada pelos gestores das organizações em
adotar um Sistema de Gestão Ambiental, tem-se como principal objetivo deste
trabalho a avaliação dos resultados obtidos pelas organizações de engenharia
civil e seus fornecedores, que estão localizados na cidade de Curitiba-PR, a partir
das suas certificações NBR ISO 14001. Para tanto, foi feita uma pesquisa das
organizações certificadas na NBR ISO 14001, constantes na base de dados do
INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial),
no estado do Paraná, e um questionário foi enviado às 7 organizações
encontradas (todas na cidade de Curitiba-PR) , sendo 4 de engenharia civil e 3
suas fornecedoras. O questionário, baseado nos benefícios alcançados pelas
organizações após a certificação da norma, afirmados por Harrington e Knight
(2001), foi respondido por 4 das 7 organizações, representando uma taxa de
retorno de 57%. Pode-se notar nos resultados dessa pesquisa os benefícios que
realmente foram significativos para as organizações, como a melhoria no acesso
ao mercado, na gestão de conformidade, a redução de responsabilidade e do
risco, entre outros, bem como os considerados medianos, e ainda, os que não
foram obtidos, como a melhoria no acesso ao capital de baixo custo.
Palavras-chave: sistema de gestão ambiental na construção civil, NBR ISO 14001
nas organizações de engenharia civil, avaliação dos benefícios da NBR ISO
14001.
viii
10
1
INTRODUÇÃO
A
engenharia
pode
ser
considerada
a
mola
propulsora
para
o
desenvolvimento de um país, pois no Brasil, por exemplo, só o setor da
construção civil representa 9% do PIB (produto interno bruto) do país (CETESB,
2010).
No atual cenário econômico, onde o mundo enfrenta crises financeiras,
engenharia e inovação, juntamente com a responsabilidade social, são essenciais
para a sobrevivência e o progresso da nação. Pode-se ressaltar o papel da
engenharia como vetor da inovação tecnológica e como sendo de vital
importância para o desenvolvimento humano, social e principalmente econômico
sustentável (1Marcos Túlio de Melo, Presidente do Confea).
Ainda nesta linha de pensamento, Seiffert (2009) ressalta que a importância
dos recursos naturais é fundamental para a sobrevivência humana, considerandose que, apesar de todo o desenvolvimento tecnológico até aqui alcançado, ainda
não existem condições que possibilitem a substituição dos elementos fornecidos
pela natureza.
Diante destas condições, o mercado está cada vez mais exigente quanto ao
crescimento tecnológico aliado à melhoria da qualidade ambiental. Apesar de isso
poder representar custos iniciais a uma organização, pode também, à longo
prazo, representar melhorias na produtividade e assegurar competitividade em
mercados globalizados (Kopp e Outros, 2008).
Desse modo, para que uma organização atinja seu objetivo de melhoria da
qualidade ambiental e assim melhore sua produtividade e competitividade, ela
deve se apoiar em um Sistema de Gestão Ambiental. Para tal, a NBR ISO 14001
é uma norma que estabelece as melhores práticas a serem adotadas no
gerenciamento de um Sistema de Gestão Ambiental, sendo também um modelo
mundialmente reconhecido, que permite estabelecer através de um número
mínimo de procedimentos devidamente planejados, ações para promover
proteção ambiental e as atitudes preventivas na geração de poluição, realização
dos seus produtos ou serviços, assim como das atividades associadas a estes. A
referida norma é a única da série ISO 14000 que possui fins de certificação.
1
Entrevista cedida ao jornal Fisenge, em dezembro de 2008.
11
Uma vez que a implementação de um sistema de gestão ambiental pode
gerar benefícios para as organizações, como o aumento de produtividade e
competitividade, este trabalho de conclusão de curso procurou avaliar os
resultados atribuídos à certificação da NBR ISO 14001 nas organizações de
engenharia civil, bem como em suas principais fornecedoras, como indústrias de
cimento e aço.
2
JUSTIFICATIVA
Sabe-se que o setor da construção civil consome matéria prima em
abundância, além de gerar uma grande quantidade de resíduos, interferindo
diretamente no meio ambiente. Segundo pesquisa realizada pela Civil
Engineering Research Foundation (Cerf) – entidade vinculada à American Society
of Civil Engineers (Asce), as organizações da área de construção civil estão entre
as maiores poluidoras do mundo. A referida pesquisa revela que o setor é
responsável por 15% a 50% do consumo dos recursos naturais extraídos (Agenda
Sustentável2).
Fazendo uma retrospectiva, nos anos 80 a preocupação com o meio
ambiente já estava sendo traduzida em ações preservacionistas nos países ricos.
No Brasil, esta ainda não era a realidade, pois o ritmo das agressões era
alarmante, tanto na Floresta Amazônica, por meio das queimadas e da derrubada
ilegal de madeira, quanto nos grandes centros, por causa da poluição.
Apesar de naquele momento ter sido possível para os países se
desenvolverem afetando o meio ambiente, hoje se sabe que o crescente aumento
da consciência ambiental do consumidor faz com que este exija, além de um
produto de qualidade, um produto que, no seu ciclo de vida, seja ambientalmente
correto.
O site da Agenda Sustentável tem como objetivo compartilhar Programas de Sustentabilidade
entre empresas, executivos, jornalistas, estudantes, consultores e interessados na área de
Sustentabilidade Corporativa. A BiO2 Sustentabilidade, editora responsável pelo site, foi fundada
por executivos em fevereiro de 2008, com a intenção de promover um resultado ambiental, social
e econômico de melhor qualidade para o Brasil, incentivando tanto ações integradas entre as
empresas como a participação da sociedade pública.
2
12
Assim sendo, a proteção ambiental passa a ser uma qualidade desejada do
produto, e a certificação ambiental torna-se a garantia da qualidade deste produto
para o consumidor, que compartilha de preocupações com o meio ambiente.
Logo, cabe às organizações buscarem essas certificações para continuarem ou
tornarem-se competitivas no mercado atual, bem como para contribuírem para o
desenvolvimento sustentável das próprias cidades nas quais estão localizadas.
A cidade de Curitiba-PR, por exemplo, através de várias ações de
citymarketing, feita pelos seus governantes durante décadas, juntamente com
projetos voltados para a preservação ambiental, tornou-se a “capital ecológica” e,
ainda recentemente, ganhou o prêmio de Cidade Sustentável pela Globe Forum,
entidade sueca que reúne empreendedores preocupados com a sustentabilidade
global (SEMA, 2010).
No entanto, apesar do título de cidade sustentável, Curitiba-PR ainda está
longe de encontrar o equilíbrio, possuindo diversos problemas ambientais e
socioculturais. Desse modo, é importante que os gestores das organizações
localizadas na capital paranaense desenvolvam ações no que diz respeito às
questões ambientais, para que as organizações tornem-se menos agressivas ao
meio ambiente e, assim, contribuam para a manutenção do título de capital
ecológica.
Uma certificação que permite às organizações estarem voltadas à
preservação do meio ambiente é a NBR ISO 14001, que tem como título
“Sistemas de Gestão Ambiental”, pois traça as diretrizes a serem seguidas pelas
organizações nas suas interfaces com o meio ambiente.
A NBR ISO 14001 é, portanto, uma norma para a implantação de um
Sistema de Gestão Ambiental que norteia as organizações que se preocupam
com o meio ambiente e tem ou desejam adquirir uma visão sustentável.
Com isso, as organizações, ao receberem a certificação na NBR ISO 14001,
e ao agirem com responsabilidade ambiental, podem gerar lucro, atingindo não
apenas o ganho social e da imagem empresarial, mas também a receita
econômica, pois as grandes corporações, principalmente aquelas ligadas ao
mercado externo, estão exigindo o certificado ambiental de seus fornecedores, e
13
o não atendimento dos seus requisitos poderá acarretar perdas na negociação de
contratos de novos projetos (Seibt, 2008).
Seiffert (2009, p.32) ao tratar da implantação de sistemas de gestão
ambiental segundo a NBR ISO 14001 pelas organizações, ressalta: “Apesar de a
adoção e a implantação de formas sistemáticas de gestão ambiental terem o
potencial de proporcionar excelentes resultados a todas as partes envolvidas, não
existe garantia de que resultados ambientais excelentes sejam efetivamente
alcançados”.
Assim, considerando-se que o processo de implantação do SGA ainda
enfrenta a resistência de empresários pouco informados acerca dos benefícios
que este pode trazer para o empreendimento, gerando principalmente questões
quanto ao custo de implementação, retorno e ao esforço necessário pelos
colaboradores da organização (Moreira, 2001), surge à questão que motiva a
realização deste trabalho: Quais foram os resultados obtidos pelas
organizações de engenharia civil e seus fornecedores, que estão localizadas
na cidade de Curitiba-PR, a partir do momento que conquistaram a
certificação NBR ISO 14001?
A resposta a esta questão contribuirá para os gestores das organizações de
engenharia civil e seus fornecedores, bem como para a própria “academia”, na
medida em que é de grande importância uma avaliação nos processos da
organização no que diz respeito às suas interfaces com o meio ambiente, sendo
de grande valia para os empresários a identificação de indicadores que mostrem
mudanças a partir da implementação do Sistema de Gestão Ambiental segundo a
NBR ISO 14001 e, principalmente, se estes estão interferindo nos fatores de
competitividade da organização.
3
3.1
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Avaliar os resultados obtidos pelas organizações de engenharia civil e seus
fornecedores, que estão localizados na cidade de Curitiba-PR, a partir das suas
certificações na NBR ISO 14001.
14
3.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Identificar os ganhos mais significativos, segundo a percepção dos
gestores, a partir da certificação NBR ISO 14001.
 Identificar os ganhos menos significativos, segundo a percepção dos
gestores, a partir da certificação NBR ISO 14001.
4
4.1
REVISÃO DA LITERATURA
VANTAGEM COMPETITIVA NAS ORGANIZAÇÕES
Com o nível acelerado das mudanças tecnológicas e com o aumento da
concorrência global, os produtos estão com um ciclo de vida cada vez mais curto
e qualquer ideia específica se tornará obsoleta mais rápido do que em qualquer
ponto do passado, interferindo fortemente na capacidade de competição das
organizações (Collins e Porras, 1995).
Para Porter (1991, p.48), existem cinco forças competitivas que materializam
a natureza da competição: a ameaça de novas organizações, a ameaça de novos
produtos ou serviços, o poder de barganha dos fornecedores, o poder de
barganha dos compradores e a rivalidade entre competidores existentes. O autor
ainda afirma que "as organizações conseguem vantagem competitiva ao conceber
novas maneiras de realizar atividades, empregando novos procedimentos, novas
tecnologias ou diferentes insumos".
Ao lidar com as cinco forças competitivas, a organização pode optar por um
dos dois tipos básicos de vantagem competitiva: menor custo ou diferenciação. “A
diferenciação é a capacidade de proporcionar ao comprador um valor excepcional
e superior, em termos de qualidade do produto, características especiais ou
serviços de assistência" e “as vantagens de menor custo são, com frequência,
menos sustentáveis do que as de diferenciação” (Porter, 1991).
A estratégia de diferenciação consiste em diferenciar o produto ou o serviço
oferecido pela organização, criando algo que seja considerado único, no âmbito
de toda a indústria. Assim, se alcançada, é uma estratégia viável para se obter
retornos acima da média em um setor, pois ela cria uma posição de defesa para
15
evitar as cinco forças competitivas, mas de forma diferente que na liderança de
custos (Porter, 1991).
Para que uma organização sobreviva e prospere, ela precisa obter vantagem
sobre os concorrentes. Essa vantagem competitiva é obtida pela adoção de
abordagens de administração que satisfaçam às pessoas (tanto dentro quanto
fora da organização) por meio de competitividade em quatro fatores: custos,
produtos de alta qualidade, velocidade e inovação (Bateman e Snell, 1998).
Dentro dos fatores competitivos de uma organização, o fator custo constitui o
dinheiro gasto em insumos, no processo de transformação dos mesmos e na
forma como a organização apresentará os resultados ao mercado interessado.
Deve-se lembrar que produto com preço competitivo não significa produto de
qualidade, apesar de o custo ser um dos fatores decisivos na aquisição de um
produto e/ou serviço. Segundo Bateman e Snell (1998), há um consenso entre
estudiosos no assunto que o custo de um produto é julgado pela qualidade que o
mesmo oferece. Assim, um grande desafio é desenvolver tecnologias que
permitam produzir produtos e/ou serviços que atinjam alta qualidade com o menor
custo, sendo a qualidade um fator sempre atrelado ao custo do produto.
A velocidade, por sua vez, com que um produto é feito ou inserido no
mercado é determinante na vantagem competitiva de uma organização, pois em
um cenário marcado por alta competição, este fator separa vencedores de
perdedores.
O último fator a ser descrito, o qual é imprescindível para o alcance da
vantagem competitiva das organizações, é a inovação, que significa disponibilizar
novos produtos aos consumidores diante das novas necessidades a serem
atendidas.
Para ser uma organização inovadora, esta precisa estar sempre atenta às
tendências do mercado. Quando as organizações percebem maneiras novas e
melhores de competir, criam vantagem competitiva, e quando levam ao mercado
essas descobertas, estas passam a ser consideradas ato de inovação. Segundo
Stewart (1998, p.161) “[...]para prosperar, as organizações e indivíduos precisam
descobrir formas de trabalhar que sejam tão diferentes de suas antigas formas
como os pássaros são diferentes das pedras.”
16
Mas não somente os fatores descritos anteriormente serão suficientes para
uma administração de sucesso. Uma organização não é simplesmente um grupo
aleatório de pessoas que estão unidas por acaso. Ela precisa estabelecer
formalmente como os integrantes deste grupo deverão atingir seus objetivos,
através de um sistema administrado, projetado e operado para que se consiga
alcançar os mesmos (Bateman e Snell, 1998).
Segundo Stewart (1998), o capital intelectual torna-se uma nova vantagem
competitiva das organizações. O autor ainda observa que o conhecimento dos
mercados, dos clientes, das tecnologias e dos processos ajuda qualquer
organização a crescer, mas, também com eles, o conhecimento ganha mais
poder quando é o ingrediente primário de um negócio.
As organizações que aprendem com seus clientes passam a obter
informações privilegiadas e, assim, pessoal e sistema – capital humano e
estrutural, interagem de uma maneira mais eficiente. As organizações fazem parte
do mundo dos negócios, visando lucro (retorno dos capitais investidos) no menor
tempo possível. Em um cenário altamente competitivo como este, as informações
assumem um papel fundamental no sucesso dessa empreitada e, em face da
enorme quantidade dessas informações, há a necessidade de critérios para a
seleção e organização dos dados que são de interesse da organização.
Diante desta necessidade do recolhimento de informações, não só com a
finalidade de avaliar o ambiente empresarial, surge o BI (Business Intellingence),
que possibilita um ganho de sustentação na vantagem competitiva, pois permite
que a organização detecte tendências e tome decisões eficientes no tempo
correto através da exploração das informações obtidas. Esse sistema proporciona
lucros quando permite que uma maior quantidade de bens seja produzida, uma
maior quantidade de clientes sejam atendidos, a satisfação e fidelização dos
mesmos sejam conquistadas e, finalmente, permite uma melhor alocação dos
recursos disponíveis, gerando economia e, consequentemente, maximização dos
lucros.
A obtenção dessas informações pelo BI de forma rápida e estruturada
permite à organização descobrir os problemas com seus produtos, possibilitando
corrigi-los com maior velocidade, saber se seus clientes estão satisfeitos e, assim,
17
ter a possibilidade de definir novas estratégias para expansão no mercado. Numa
economia globalizada e veloz como a atual, essas tecnologias são um grande
diferencial competitivo (Bevilacqua e Bitu, 2003).
Uma nova estratégia adotada pelas organizações para obter esse diferencial
competitivo é a melhoria nos seus sistemas de gestão. Um sistema de gestão de
vital importância para a organização é o sistema de gestão ambiental, que tem
como objetivo maior a busca permanente de melhoria da qualidade ambiental dos
serviços, produtos e ambiente de trabalho de qualquer organização pública ou
privada. A busca permanente da qualidade ambiental é, portanto, um processo de
aprimoramento constante do sistema de gestão ambiental global, de acordo com
a política ambiental estabelecida pela organização.
A legislação ambiental exige cada vez mais respeito e cuidado com o meio
ambiente, exigência essa que conduz coercitivamente a uma maior preocupação
ambiental, sendo que pressões públicas de cunho local, nacional e mesmo
internacional
exigem
cada
vez
mais
responsabilidades
ambientais
das
organizações. Deve-se lembrar, porém, que a organização é a única responsável
pela adoção de um SGA e, por conseguinte, de uma política ambiental. Só após
sua adoção, o cumprimento e a conformidade devem ser seguidos integralmente,
pois eles adquirem configuração de “sagrados”. Portanto, ninguém é obrigado a
adotar um SGA e/ou Política Ambiental, porém, uma vez adotados, é de bom tom
que a organização cumpra o estabelecido, sob pena de a mesma cair em um
enorme descrédito no que se refere às questões ambientais (Ambiente Brasil –
Portal Ambiental).
Segundo Hodja (1998), a adoção de um SGA pode oferecer às organizações
vantagens competitivas matematicamente mensuráveis, como a redução de
custos, em função da economia de recursos naturais e a diminuição da geração
de resíduos, possibilidades de conquistar mercados restritos, como o da União
Européia, economia de recursos pertinentes a indenizações por responsabilidade
civil, maior facilidade para a obtenção de financiamentos junto a organismos
multilaterais de crédito, como o Banco Mundial (Bird), Banco lnteramericano de
Desenvolvimento (BID) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) e atendimento às legislações inerentes ao meio ambiente.
18
Ressalta-se ainda que a grande vantagem competitiva é o ganho na
imagem da organização junto aos Clientes, Órgãos Públicos e a Sociedade,
(Valle, 2000) não restrito somente ao mercado nacional e internacional, mas
também demonstrando o compromisso ambiental, o que resulta em um grande
diferencial estratégico em relação ao cuidado e à preservação do meio ambiente.
Pode-se constatar atualmente uma grande tendência de evolução no que diz
respeito à disposição crescente dos consumidores e clientes em adquirir produtos
ou serviços de organizações ambientalmente corretas, ou seja, pró-ativas em
relação à preservação do meio ambiente e no controle dos seus impactos
ambientais, sendo consideradas pelo mercado como exemplo e referência
(Master Qualidade – Assessoria & Treinamento).
Portanto, para ser considerada exemplo e referência no mundo empresarial,
a organização deve dispor de uma administração que proporcione bons
resultados e alcance liderança no mercado. Para tanto, é importante que a
organização disponha de um planejamento estratégico, pois ao utilizá-lo de forma
coerente, a organização está “lançando mão” de uma “arma” competitiva, na
medida em que embasa a sua gestão em objetivos, metas e estratégias (Drucker,
1984).
4.2
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
A organização eficiente é aquela que mescla sua estrutura, práticas
gerenciais, recompensas e pessoas em um único “pacote” que, por seu turno,
ajusta-se com sua estratégia. Entretanto, estratégias mudam e, portanto, as
organizações precisam mudar (Mintzberg e Quinn, 2001).
O conceito de estratégia é oriundo de um cenário de guerra. Segundo
Chiavenato (1994), as constantes lutas e batalhas ao longo dos séculos fizeram
com que os militares começassem a pensar antes de agir, e a condução das
guerras passou a ser planejada com antecipação. Este conceito sofreu uma série
de refinamentos, de tal maneira que hoje, sem planejamento, uma organização
dificilmente consegue sobreviver.
A elaboração de um planejamento estratégico aumenta a probabilidade de
que, no futuro, a organização esteja bem situada no mercado e, independente de
19
seu porte, o mesmo pode indicar a direção a ser seguida para o alcance dos
objetivos visados.
Para Drucker (1984), planejamento estratégico é um processo contínuo e
sistematizado, com o maior conhecimento possível do futuro. Ele permite à
organização tomar decisões que envolvam riscos, organizar sistematicamente as
atividades necessárias à execução destas decisões e, através de uma
retroalimentação organizada e sistemática, medir o resultado dessas decisões em
confronto com as expectativas alimentadas.
Uma outra definição de planejamento estratégico, proposta por Oliveira
(1999), revela que ele é um processo gerencial que possibilita ao executivo
estabelecer o rumo a ser seguido pela organização, com vistas a obter um nível
de otimização na relação da organização com o seu ambiente.
Segundo o mesmo autor, o planejamento estratégico possui três dimensões
operacionais: delineamento, elaboração e implementação.
A primeira compreende a estruturação do processo de planejamento
estratégico, onde o executivo escolhe a estrutura metodológica desse processo.
A segunda, elaboração, inclui a identificação das oportunidades e ameaças
no ambiente da organização, bem como os riscos, os pontos fortes e os pontos
fracos, de modo a avaliar a capacidade da organização em tirar vantagem das
oportunidades percebidas e de enfrentar as ameaças. É nessa dimensão também
que o executivo deve explicitar os alvos ou situações a serem alcançados pela
organização, incluindo as maneiras de desenvolver as ações necessárias à
concretização do processo.
Já a fase de implementação envolve os assuntos organizacionais, os
sistemas de informações e incentivos, a competência operacional, o treinamento
e a liderança necessárias ao desenvolvimento dos projetos.
Merece destaque o fato de que a atividade de concepção de planejamento
estratégico é complexa em decorrência de sua própria natureza, na qual está
inserido um processo contínuo de pensamento sobre o futuro, desenvolvido
mediante a determinação de objetivos futuros almejados e a avaliação de cursos
de ação alternativos a serem seguidos para que tais objetivos sejam alcançados.
Uma análise mais esmiuçada destas ações permite ao gestor caminhar pelas
20
etapas do planejamento estratégico, as quais estão dispostas na Figura 1, a
seguir, proposta por Thompson e Strickland (2000, p.14):
Figura 1 – As cinco tarefas da gerência estratégica
Fonte: Thompson e Strickland, 2000.
Para Bateman e Snell (1998), o primeiro passo no planejamento estratégico
é o estabelecimento da missão e da visão da organização. A missão é a
declaração básica da razão de existência da organização, incluindo seus
propósitos e valores. Thompson e Strickland (2000, p.14) ressaltam que “uma
declaração de missão define o negócio da organização sucintamente, fornecendo
uma visão clara do que ela está tentando fazer para seus clientes.” A missão é
uma forma de se traduzir determinado sistema de valores em termos de crenças
ou áreas básicas de atuação, considerando as tradições e filosofias da
organização (Oliveira, 1999). Segundo Collins e Porras (1995), os valores centrais
de uma organização, juntamente com a missão, definem sua ideologia básica.
Os valores centrais da organização são seus princípios essenciais e
duradouros. Para Freitas (1991, p.18) “os valores são definições a respeito do que
é importante para a organização atingir o sucesso”. Assim, os valores exercem
grande influência no que diz respeito ao comportamento e à execução de ações
organizacionais, que são motivadas pelos mesmos. Portanto, os valores se
21
referem aos princípios éticos que permeiam todas as ações desenvolvidas pela
organização. Collins e Porras (1995) ressaltam que os valores são intrínsecos e,
portanto, não exigem justificativas externas. Cabe a cada organização, então,
escolher os valores que lhe são de interesse para o alcance de seus objetivos.
A visão é a posição na qual os executivos desejam que a organização se
encontre no futuro, sendo que a mesma proporciona o grande delineamento do
planejamento estratégico a ser desenvolvido e implementado pela organização
(Oliveira 1999). O mesmo autor ainda ressalta que toda e qualquer estratégia
deve ser precedida de uma visão, resultante do consenso e do bom-senso de um
grupo de líderes. Weiler (2008) considera que a visão e os valores devem
direcionar-se aos focos básicos, ou seja, aos consumidores, funcionários e
fornecedores para que, assim, a organização incremente a sua participação no
mercado e lucratividade através da percepção de seus produtos e serviços em
face aos concorrentes.
Estabelecidos a missão, a visão e os valores da organização, é necessária a
análise do ambiente externo à mesma. Segundo Bateman e Snell (1998, p.127) “a
administração estratégica bem-sucedida depende de uma avaliação ambiental
acurada e completa” e, ainda, para Almeida (2003, p.18) “a análise do ambiente é
geralmente a etapa mais importante do plano estratégico, pois é quando as
entidades são levadas a alcançar a eficácia pela descoberta de oportunidades e
ameaças.”
As oportunidades são as variáveis externas e não controláveis pela
organização que podem criar condições favoráveis para a organização, desde
que a mesma tenha condições e/ou interesse de usufruí-las (Oliveira, 1999). O
mesmo autor ainda ressalta (p.89): “Uma oportunidade devidamente usufruída
pode proporcionar um aumento dos lucros da organização, enquanto uma
ameaça não administrada pode acarretar diminuição nos lucros previstos, ou
mesmo prejuízos para a organização.”
A análise do ambiente externo contempla diversas outras análises, como a
do setor e do mercado, buscando informações sobre a taxa de crescimento,
ameaça de novos entrantes, produtos substitutos e o poder econômico dos
compradores e fornecedores, a análise dos concorrentes, buscando seu perfil,
objetivos, estratégias e participações no mercado, a análise política e de
22
regulamentação, a análise social, a análise de recursos humanos (questões
trabalhistas), a análise macroeconômica, buscando fatores que afetam a oferta,
demanda, crescimento, concorrência e lucratividade dentro do setor e, por fim, a
análise tecnológica, que visa identificar inovações recentes e potenciais (Oliveira,
1999).
Segundo Bateman e Snell (1998), a análise interna fornece aos tomadores
de decisão estratégica um panorama das habilidades e recursos da organização,
bem como de seus níveis de desempenho gerais e funcionais. Os autores ainda
ressaltam (p.127): “ao mesmo tempo que a análise externa é conduzida, os
pontos fortes e fracos das principais áreas funcionais da organização devem ser
avaliados”.
Um ponto forte é algo que a organização faz bem ou uma característica que
lhe proporciona uma capacidade importante, podendo ser uma habilidade, uma
perícia, um recurso organizacional ou capacidade competitiva valiosa, como um
empreendimento que coloca a organização numa posição de vantagem no
mercado. Já um ponto fraco é algo que a organização não tem ou não faz em
comparação com as outras ou, ainda, uma condição que a coloca em posição de
desvantagem (Thompson e Strickland, 2000).
Dentro da análise dos pontos fortes e fracos da organização estão a análise
financeira, a avaliação de recursos humanos, a auditoria de marketing, a análise
de produção e operação e outras análises de recursos internos, como a área de
pesquisa e desenvolvimento, engenharia, compras e sistemas de informação
(Bateman e Snell, 1998).
Uma vez identificadas as principais competências e dificuldades da
organização, é preciso compará-las com as outras organizações, processo
conhecido como Benchmarking. Para Thompson e Strickland (2000), o
Benchmarking é a melhor ferramenta do gerente para determinar se a
organização está executando certas funções ou atividades eficientemente, se
seus custos estão alinhados com os custos dos concorrentes e quais atividades e
processos internos precisam ser escrutinados para serem melhorados.
Feita a análise do ambiente externo e dos recursos internos, os tomadores
de decisão estratégica possuem a informação de que necessitam para formular
23
as estratégias empresariais, de negócios e funcionais da organização (Bateman e
Snell, 1998).
Para que a organização estabeleça as estratégias empresariais, devem ser
estabelecidos os objetivos e as metas. Oliveira (1999) conceitua os objetivos
como o estado, situação ou resultado futuro que o executivo deseja atingir. Para
Thompson e Strickland (2000, p.46) “eles dizem quanto, de que tipo de
desempenho, para quando. Eles direcionam atenção e energia para o que precisa
ser executado”.
Os mesmos autores ainda afirmam que, para que os objetivos de
desempenho tenham valor como ferramenta gerencial, eles devem ser
estabelecidos em termos quantificáveis e devem ter um prazo para serem
atingidos. Essa quantificação dos objetivos é denominada meta, e representa as
etapas realizadas para o alcance desses objetivos. Para atingir seus objetivos, é
preciso que o indivíduo ou grupo disponha de um conjunto de meios (estratégias),
cuja aplicação o conduza aos objetivos estabelecidos (Oliveira, 1999).
Segundo Thompson e Strickland (2000):
“...as estratégias organizacionais são o “como” atingir as metas de desempenho e,
portanto, os objetivos. A estratégia é inerentemente orientada pela ação, ela trata
do que fazer, quando fazer e de quem deve ser envolvido no esforço. Se não
houver ação, se não acontecer alguma coisa, se alguém não fizer alguma coisa, a
reflexão e o planejamento estratégico simplesmente constituem desperdício, sem
acrescentar coisa nenhuma.”
Portanto, as estratégias devem ser escolhidas de acordo com a capacidade
da organização em realizá-las eficientemente, de modo a obter vantagem
competitiva sobre os concorrentes.
A utilização de planos estratégicos ou de negócios é imprescindível para a
determinação dessas estratégias. Ferreira (2008) define planos de negócios como
sendo documentos de planejamento, elaborados de acordo com as necessidades
de cada empreendimento, capazes de mostrar toda a viabilidade e estratégias
deste, do ponto de vista estrutural, administrativo, estratégico, mercadológico,
técnico, operacional e financeiro. Aiub (2006) ressalta que o plano de negócios
24
pode ser concebido como uma das primeiras iniciativas da organização em
planejamento estratégico.
O plano de negócios de uma organização é composto por várias seções que
se relacionam e permitem um entendimento global do negócio. A figura 2 a seguir
mostra a distribuição destas seções do plano de negócios:
Figura 2 – Planos de negócios
Fonte: Adaptado de Westwood J., 1995.
Como pode ser observado na figura 2, o plano de negócios pode ser dividido
em seções, que se denominam sub-planos, podendo ser compostas de planos de
marketing, de recursos humanos, financeiro, de produção e, atualmente, com a
crescente exigência do mercado; quanto à minimização de danos ao meio
ambiente, as organizações cada vez mais vêm procurando se adequar a esta
proposta de crescimento e integram ao seu plano corporativo um plano de gestão
ambiental, plano este que direciona e motiva a implantação de um Sistema de
Gestão Ambiental.
25
4.3
SUSTENTABILIDADE E GESTÃO AMBIENTAL
Desde a 1ª Conferência das Nações unidas sobre Ambiente Humano,
realizada em Estocolmo em 1972, o ambiente e, em especial, a relação entre
ambiente e organizações, transformou-se em tema cada vez mais importante de
política pública e de estratégia de negócios. Um resultado da Conferência de
Estocolmo foi a criação da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento. O relatório publicado pela comissão em 1987, Our Common
Future, conhecido também por Relatório Brundtland, nome da primeira-ministra da
Noruega e presidente da comissão, Gro Harlem Brundtland, teve importantes
efeitos. Além de consagrar a expressão desenvolvimento sustentável, o relatório
estabeleceu o importante papel que as organizações devem ter na gestão
ambiental.
A agenda 21, resultado da Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e
desenvolvimento do Rio de Janeiro (1992), conceituou o desenvolvimento
sustentável, afirmando que “o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de tal
forma que responda eqüitativamente às necessidades de desenvolvimento e
ambientais das gerações presentes e futuras”
Até o final da década de 80 e início da década de 90, a gestão ambiental em
qualquer âmbito era, em grande parte, tratada caso a caso. As melhorias
ambientais eram resultado de regulamentações com base no desempenho, após
uma série de questões mais ou menos distintas.
Quando se entendeu melhor os efeitos da gestão do meio ambiente, os
agentes reguladores começaram a pensar mais em termos de ecossistemas e
ecorregiões. Um número cada vez maior de organizações começou a considerar
o ambiente de forma sistêmica. Para integrar as questões ambientais a um
processo mais amplo de tomada de decisões, as organizações começaram a
tratá-las como questões de natureza estratégica (Harrington e Knight, 2001).
Segundo os mesmos autores, todo esse processo começou a ocorrer num
período em que as organizações cada vez mais se dirigiam para os mercados
internacionais. Considerando-se que o nível de legislação ambiental e a simples,
porém importante, presença desta legislação varia significativamente de país para
país, ficou claro para muitas organizações que administrar as questões
26
ambientais como item de custo dos negócios, as colocava em desvantagem
competitiva.
Foi necessário encontrar, portanto, maneiras para mitigar o custo e
transformar desvantagem em vantagem. As organizações logo descobriram que
isso não era, na verdade, difícil de alcançar. O importante era reconhecer que a
gestão ambiental tinha de ascender na escala de prioridades corporativas. As
maneiras como as organizações administram as questões ambientais podem ser
classificadas, segundo Harrington e Knight (2001), das seguintes maneiras:
i.
Baseada em Artifícios – Em resposta a uma questão ambiental, a
organização encerra suas operações e muda-se para outro local onde não haja
controles ou, se houver, sejam menos rigorosos quanto à problemática
ambiental.
ii.
Baseada em respostas – A organização responde aos incidentes e
regulamentações
ambientais
conforme
tenha
informações
a
respeito,
geralmente por meio de ações reguladoras para cada ocasião. Não possui
nenhum programa pronto que identifique ou administre as questões ambientais.
iii.
Baseada na conformidade – A organização tem um programa pronto para
identificar os requisitos reguladores; adota medidas que os satisfaçam,
geralmente medidas de controle adicionais e extremas; controla o risco e a
responsabilidade de acordo com a lei.
iv.
Gestão ambiental – a organização gerencia sistematicamente suas
questões ambientais, integrando-as, frequentemente, à administração global.
Identificam os aspectos ambientais e os impactos de suas atividades, produtos e
serviços; desenvolve políticas, objetivos e metas para administrá-los; aloca os
recursos necessários para uma implementação eficaz; mede e avalia o
desempenho e revê e examina suas atividades com vista no aperfeiçoamento.
v.
Prevenção de poluição – Tudo que a organização realiza denota
preocupação com o ambiente; para reduzir o potencial do impacto ambiental na
fonte, desenvolve produtos e processos; a seleção de matéria-prima leva em
consideração o impacto da colheita ou extração e os processos são mais
eficientes.
27
vi.
Desenvolvimento Sustentável – A organização considera o impacto social,
ambiental e econômico de suas atividades, produtos e serviços. A gestão das
questões ambientais é vista como responsabilidade social, moral e ética.
A figura 3 ilustra essas seis estratégias administrativas como uma série de
passos que resulta no desenvolvimento sustentável.
Figura 3 – O gráfico dos seis passos
Fonte: Adaptado de Harrington e Knight, 2001
Partindo do princípio de que o desenvolvimento sustentável significa atender
às necessidades da geração atual sem comprometer o direito das gerações
futuras de atenderem às suas próprias necessidades, é necessário ter ciência dos
dois principais conceitos relativos a esse desenvolvimento sustentável.
O primeiro é o conceito das necessidades, que podem variar de sociedade
para sociedade, mas que devem ser satisfeitas para assegurar as condições
essenciais de vida de todos, indistintamente. O segundo conceito é o de limitação,
que reconhece a necessidade de desenvolvimento de soluções que conservem os
recursos limitados atualmente disponíveis e que permitam renová-los na medida
em que eles sejam necessários às futuras gerações (Valle, 2002).
28
A partir do surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável, passou
a existir um discurso cada vez mais articulado, que procura condicionar a busca
de um novo modelo de desenvolvimento aliado à noção de conservação do meio
ambiente
(Seiffert,
2009).
Segundo
Sachs,
apud
Seiffert
(2009),
o
desenvolvimento sustentável somente será alcançado através de um equilíbrio
integrado entre cinco dimensões de sustentabilidade: econômica, ecológica,
social, espacial e cultural.
Uma questão de grande importância diz respeito à compreensão da
definição dos conceitos correlatos utilizados na discussão da relação meio
ambiente e desenvolvimento, sendo de elevada importância a distinção que
envolve os conceitos de preservação e conservação ambiental, estes que muitas
vezes são usados para significar a mesma coisa, mas na verdade expressam
ideias que têm origem em raízes e posturas distintas.
Na preservação ambiental adota-se o critério da intocabilidade da natureza e
do ecossistema pelo homem, acreditando-se que, uma vez rompido o equilíbrio
preexistente no sistema, este não mais se recomporá. Através da conservação,
ao contrário, admite-se o aproveitamento controlado dos bens e recursos
constituintes do ecossistema, em extensão e ritmos tais que permitam sua
recomposição, de forma induzida ou inteiramente natural (Valle, 2002).
4.4
SGA – NBR ISO 14001
Uma proposta resultante da discussão em torno do desenvolvimento
sustentável é a adoção pelas organizações de normas da série NBR ISO 14000,
as quais se destinam ao gerenciamento ambiental.
A série NBR ISO 14000 contempla um conjunto de normas e diretrizes de
adoção voluntária. Ela define os elementos de um SGA, a auditoria de um SGA, a
avaliação de desempenho ambiental, a rotulagem ambiental, a análise de ciclo de
vida de produto e aspectos ambientais em normas de produtos. A série contém 19
documentos e, entre eles, encontra-se a NBR ISO 14001, a qual trata dos
Sistemas de Gestão Ambiental – Especificações e diretrizes para uso.
(Harrington e Knight, 2001).
29
Das diversas normas constantes da série NBR ISO 14000, apenas a NBR
ISO 14001 é formulada para fins de certificação junto a entidades independentes.
Portanto, se a organização preferir almejar a certificação, a auditoria para
certificação focalizará as exigências de conformidade à NBR ISO 14001.
A NBR ISO 14001 especifica requisitos relativos a um SGA, permitindo a
uma organização formular uma política e objetivos que levem em conta os
aspectos legais e as informações referentes aos impactos significativos. Ela se
aplica aos aspectos ambientais que possam ser controlados pela organização e
sobre os quais se presume que ela tenha influência. Em si, ela não prescreve
critérios específicos de desempenho ambiental (NBR ISO 14001, 2004).
O termo gestão ambiental é bastante abrangente. Ele é frequentemente
usado para designar ações ambientais em determinados espaços geográficos,
como por exemplo: gestão ambiental de bacias hidrográficas, gestão ambiental de
parques e reservas florestais, gestão de áreas de proteção ambiental, gestão
ambiental de reservas de biosfera e outras tantas modalidades de gestão que
incluam aspectos ambientais
A gestão ambiental empresarial está essencialmente voltada para as
organizações, ou seja, companhias, corporações, firmas, organizações ou
instituições e pode ser definida como sendo um conjunto de políticas, programas
e práticas administrativas e operacionais, que levam em conta a saúde e a
segurança das pessoas e a proteção do meio ambiente através da eliminação ou
minimização de impactos e danos ambientais decorrentes do planejamento,
implantação,
operação,
ampliação,
realocação
ou
desativação
de
empreendimentos ou atividades, incluindo-se todas as fases do ciclo de vida de
um produto (Site Ambiente Brasil, 2010).
Ainda segundo o mesmo site, ao considerar-se a gestão ambiental no
contexto empresarial, percebe-se de imediato que ela pode ter (e geralmente tem)
uma importância muito grande, inclusive estratégica para a organização. Isso
ocorre porque, dependendo do grau de sensibilidade para com o meio ambiente
adotado pela alta administração, já se pode avaliar o potencial que existe para
que uma gestão ambiental efetivamente possa ser implantada pela organização.
30
A NBR ISO 14001 (2004) define o SGA como parte de um sistema global de
gestão usada para desenvolver e implementar a política ambiental da
organização, bem como, gerenciar seus aspectos ambientais.
Outra definição mais abrangente de sistema de gestão ambiental dada por
Harrington e Knight (2001, p.34) é que este “é parte do sistema global de gestão
que
inclui
a
estrutura
responsabilidades,
organizacional,
práticas,
o
procedimentos,
planejamento
de
processos
recursos
e
atividades,
para
desenvolver, implementar, adquirir, analisar criticamente e manter a política
ambiental da organização”. Os mesmos autores afirmam ainda que a
implementação de um sistema de gestão ambiental confere benefícios para as
organizações, aumentando a sua vantagem competitiva.
4.5
VANTAGENS DA IMPLEMENTAÇÃO DO SGA
Como citado pelos autores Harrington e Knight (2001) e ponderado
anteriormente no item sobre vantagem competitiva, a implementação de um SGA
pode trazer muitas vantagens para a organização.
Desse modo, os seguintes ganhos no uso de um sistema de gestão
ambiental são preconizados por Harrington e Knight (2001):
i.
Acesso ao mercado: Normas de gestão ambiental como a NBR ISO 14001
– e outras demonstrações eficazes de gestão ambiental – poderão ser précondições para se fazer negócio. Isso seria um requisito de negócio para
transações comerciais, não um requisito do governo.
ii. Gestão
de
conformidade:
Leis
e
regulamentações
têm
que
ser
administrados. Um SGA garante uma forma sistemática e documentada
de gerir e demonstrar a gestão de conformidade reguladora.
iii. Incentivos reguladores: Muitas jurisdições buscam oferecer incentivos
reguladores
para
quem
implementar
voluntariamente
os
SGA,
principalmente para quem apresentar o certificado NBR ISO 14001. Esses
incentivos podem vir em forma de inspeções menos frequentes,
aprovações,
permissões
consolidadas,
atenuação
de
multas
e
penalidades, menos rigor na exigência de relatórios. O comprometimento
31
e o investimento em medidas voluntárias também podem ajudar a
melhorar as relações com os legisladores.
iv. Redução da responsabilidade e do risco. Incidentes custam caro. Um SGA,
como a NBR ISO 14001, garante uma forma de identificar e administrar
sistematicamente o risco e a responsabilidade ambiental. Esta pode ser
uma contribuição importante à devida análise de competência no caso de
um acidente.
v. Melhor acesso ao seguro. As seguradoras podem reconhecer a
implementação de um SGA como sinal do devido empenho e
comprometimento para com um bom desempenho ambiental. Isso poderá
facilitar a aquisição de seguro e também diminuir seu custo. O uso da
NBR ISO 14001 tem, com certeza, alguma influência, conforme afirmam
as seguradoras e financeiras. Também indicam que a implementação da
NBR ISO 14001 irá, provavelmente, influenciar a maneira de as
seguradoras tratarem as organizações de pequeno e médio porte, em
comparação com o tratamento dado às 500 maiores organizações
apontadas pela revista Fortune, que já possuem boas práticas, em vigor,
de gestão de risco.
vi. Melhor acesso ao capital de baixo custo. Assim como as seguradoras, os
investidores e credores reconhecem a implementação de um SGA como
sinal do empenho e comprometimento com um bom desempenho
ambiental. Um SGA poderá dar à organização mais acesso ao capital de
baixo custo. Poderá, eventualmente, até se tornar uma condição para
investimentos. Muitos investidores já fazem algum tipo de investigação
desse desempenho durante as transações e muitos bancos estabelecem
pré-requisitos ambientais para os pedidos de empréstimo.
vii. Melhoria na eficiência do processo. Uma abordagem sistemática para
identificar os aspectos e impactos ambientais e para criar objetivos e
metas como resposta leva, em geral, à produção mais eficiente, enquanto
o desperdício de energia e de matéria-prima é reduzido e os processos
são
reconsiderados.
A
NBR
ISO
14001
também
exige
um
comprometimento com a prevenção de poluição. Isso irá, provavelmente,
possibilitar a reavaliação de processos e tecnologias.
32
viii. Melhoria no desempenho ambiental. A existência de um SGA em uma
organização geralmente conduz a melhorias no desempenho ambiental. A
natureza de uma organização determina que, quando uma questão é
levada à administração, ela tenta tratá-la de forma sistemática e positiva.
Quando metas e objetivos são estabelecidos dentro do sistema
administrativo, e pessoas e organização são avaliadas por completo para
verificar se esses objetivos e metas foram alcançados, o resultado é a
melhoria
ix. Melhoria na gestão global. Sistemas de gestão ambiental fornecem
abordagens comuns de terminologia e gestão. Em organização nas quais
as práticas de gestão são menos sofisticadas, uma abordagem
sistemática, tal qual é estabelecida a NBR ISO 14001, pode influenciar de
forma
positiva
as
outras
questões-chave
da
organização.
Nas
organizações com múltiplas divisões ou naquelas organizações que
trabalham com fornecedores e clientes, uma abordagem sistemática e
documentada pode gerar maior estabilidade e maior confiança.
x. Redução
de
custo/aumento
de
receita.
Como
países
altamente
desenvolvidos como Japão e Alemanha mostraram, mais eficiência
significa aumento de competitividade, diminuição dos custos de produção
e aumento da receita e da lucratividade.
xi. Relações com os clientes. Os clientes possuem uma série de expectativas
em relação à qualidade do produto e do serviço e também em relação ao
preço. Eles podem exigir que seus fornecedores atendam a certos
critérios
ambientais
específicos.
A
implementação
de
um
SGA
reconhecido pode ser uma forma de atender a essas expectativas.
xii. Melhoria na relação com os fornecedores. As organizações podem
beneficiar-se quando seus fornecedores cumprem certas metas de
política ambiental. Por isso, podem querer que seus fornecedores e
associados apresentem garantias sobre o produto e o desempenho do
sistema de gestão.
xiii. Melhoria na relação com os funcionários. Moral baixo e rotatividade alta de
funcionários podem custar caro. Uma força de trabalho motivada e de
qualidade pode representar muito no resultado final. O moral dos
funcionários aumenta quando eles se sentem orgulhosos de estarem
33
associados ao empregador. A qualidade da força de trabalho melhora
com um bom treinamento e procedimentos sistemáticos bem definidos.
xiv. Melhoria nas relações com outros detentores de interesses. Cada vez mais
as organizações percebem a importância de manterem boas relações
com as comunidades em que operam, assim como com grupos
ambientais, acadêmicos, de pesquisa e de outros tipos. Esses grupos
podem exercer forte pressão sobre uma organização, o tipo de pressão
que influencia a preferência do comprador e o resultado final.
xv. Melhoria na imagem pública. Uma organização que seja reconhecida por
seu SGA e por seu desempenho ambiental será vista de forma muito mais
positiva pela mídia do que outras organizações. As organizações já não
podem se envolver em “devastações” – tratando o meio ambiente mais
como uma questão de relações públicas do que de desempenho.
Precisam ser capazes de substanciar suas ações, não podem fazer
promessas vazias e tomar atitudes sem nada que as apóie.
xvi. Degrau para o desenvolvimento sustentável. Sob a perspectiva de política
pública,
um
SGA
desenvolvimento
eficiente
sustentável.
é
um
Em
passo
si
no
caminho
mesmo
não
para
o
constitui
desenvolvimento sustentável, mas é um passo essencial sem o qual o
caminho fica muito mais difícil.
Mediante a observação desses benefícios, os gestores das organizações
podem optar pela implementação de um sistema de gestão ambiental, sendo
necessário para isso o conhecimento das etapas de implementação contidas na
NBR ISO 14001.
4.6
IMPLEMENTAÇÃO DO SGA A PARTIR DA NBR ISO 14001
Para a adoção de um SGA de acordo com a NBR ISO 14001, segundo
Moreira (2001), o primeiro passo deve ser a decisão da alta administração da
organização em implantar o sistema. Desse modo, deve haver uma formalização
por parte da direção da organização perante a sua corporação, do seu desejo em
implementar um SGA, deixando claro suas intenções, e enfatizando os benefícios
a serem obtidos com a sua implementação. Isso se traduz em comprometimento
34
de sua alta administração ou, em alguns casos, dos gerentes e chefias de suas
unidades, com a realização de palestras de conscientização e de esclarecimentos
da abrangência pretendida, realização de diagnósticos ambientais, definição
formal do grupo coordenador, definição de um cronograma de implantação e,
finalmente, no lançamento oficial do programa de implantação do SGA.
Segundo Seiffert (2009, p.78) “o desenvolvimento e a melhoria contínua de
um SGA necessitam de orientações consistentes para que sejam levados a bom
termo”. Para tanto, a NBR ISO 14001 preconiza a utilização de uma abordagem
de processo. Neste sentido, os requisitos de sistema de gestão da norma ISO
14001 são baseados no ciclo PDCA (plan, do, check, action – planejar, executar,
verificar, agir), de Walter Shewhart (físico, engenheiro e estatístico estadunidense,
conhecido como o "pai do controle estatístico de qualidade”). O ciclo PDCA pode
ser descrito da seguinte forma:
• P - Planejar: estabelecer os objetivos e processos necessários para atingir
os resultados, em concordância com a política ambiental da organização.
• D - Executar: implementar o que foi planejado.
• C - Verificar: monitorar e medir os processos em conformidade com a
política ambiental, objetivos, metas, requisitos legais e outros requisitos e relatar
os resultados.
• A - Agir: implementar ações necessárias para melhorar continuamente o
desempenho do sistema de gestão ambiental, podendo atuar sobre o
planejamento e, em consequência, sobre outros passos do ciclo.
A essência desse ciclo é coordenar continuamente os esforços no sentido da
melhoria contínua, enfatizando e demonstrando que programas de melhoria
devem iniciar com uma fase cuidadosa de planejamento. O PDCA é materializado
através de ações, cuja efetividade é verificada através de análise crítica,
direcionando-se novamente a uma fase cuidadosa de replanejamento em um ciclo
contínuo de melhoria. Trata-se, portanto, de um modelo dinâmico em que a
melhoria contínua é atingida em ciclos contínuos como em uma espiral evolutiva
(Seiffert, 2009), como observado na figura 4, de Harrington e Knight (2001, p.80):
35
Figura 4 - A espiral da melhoria contínua
Fonte: Harrington e Knight, 2001.
Essa espiral, segundo Harrington e Knight (2001), retrata os próprios
requisitos da NBR ISO 14001, sendo composta de cinco partes, denominadas
subsistemas:
1 Política ambiental;
2 Planejamento;
3 Implementação e operação;
4 Verificação e ação corretiva;
5 Análise crítica pela administração
Cada um desses subsistemas é imprescindível para o desenvolvimento do
SGA, sendo importante que ocorra um intercâmbio significativo de informações
entre eles.
4.6.1 Política ambiental
A política ambiental é o ponto de partida para a implementação e
aprimoramento do sistema de gestão ambiental de uma organização. Como
citado na norma NBR ISO 14001 (2004), a política ambiental é a declaração da
36
organização, expondo suas intenções e princípios em relação ao seu
desempenho ambiental, na visão global, que provê uma estrutura para a ação e
definição de seus objetivos e metas ambientais. Dessa forma, a política ambiental
estabelece um senso geral de orientação e fixa os princípios de ação para a
organização.
A seção 4.2 da NBR ISO 14001 (2004), segundo Cajazeira (1998) prescreve
que “a alta administração deve definir a política ambiental da organização e
assegurar que ela:
a) seja apropriada à natureza, âmbito e impactos ambientais de suas
atividades, produtos ou serviços;
b) inclua o comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção
de poluição;
c) inclua o comprometimento com a obediência à legislação e normas
ambientais aplicáveis, e demais requisitos apoiados pela organização;
d) forneça a estrutura para o estabelecimento e revisão dos objetivos e
metas ambientais;
e) seja documentada, implementada, mantida e comunicada a todos os
funcionários ; e
f) esteja disponível para o público.”
A NBR ISO 140043 recomenda ainda que a política ambiental da
organização considere as seguintes questões:
- a missão, a visão, os valores essenciais e as crenças da organização;
- os requisitos das partes interessadas e comunicação com elas;
- os princípios orientadores;
- a coordenação com outras políticas organizacionais, como as de qualidade,
de saúde ocupacional e segurança no trabalho;
- as condições locais específicas ou regionais.
3
NBR ISO 14004 - Diretrizes para Princípios de Gestão Ambiental, ou partes dela, para iniciar e/ou melhorar seu SGA ISO
14001 contém somente os requisitos que podem ser objetivamente auditados com o propósito de Certificação/Registro ou
para propósito de "Auto-Declaração". A ISO 14004 inclui exemplos, descrições e opções que dão subsídios, tanto para a
implementação do SGA, como para o seu fortalecimento em relação à gestão global da organização. A ISO 14004 não tem
o propósito de ser usada por órgãos de certificação/registro (IBAMA, 2010).
37
Seiffert (2009) compreende que o texto da política ambiental deve evidenciar
o comprometimento com a melhoria contínua e a prevenção da poluição, sendo
que todo o seu conteúdo deve estar evidenciado de alguma forma dentro da
operação do SGA. Para a mesma autora, a política ambiental possui três pilares,
os quais podem ser observados na figura 5:
Figura 5 – Os três pilares da política ambiental
Fonte: Seiffert, M. E. B., 2009.
De forma geral, a política ambiental da organização deve estar devidamente
documentada, comunicada a todos do corpo funcional e disponível ao público.
Deve abordar todos os valores e filosofia da organização relativos ao meio
ambiente, bem como apontar os requisitos necessários ao atendimento de sua
política ambiental, por meio dos objetivos, metas e programas ambientais. A
política ambiental contém as diretrizes básicas para a definição e revisão dos
objetivos e metas ambientais da organização (Embrapa, 2004).
4.6.2 Planejamento
A NBR ISO 14001 (2004) recomenda que a organização formule um plano
para cumprir sua política ambiental, contendo os aspectos ambientais, os
38
requisitos legais e outros requisitos, os objetivos e metas e os programas de
gestão ambiental.
4.6.2.1
Aspectos ambientais
Pela seção 4.3.1 da NBR ISO 14001 (2004) a organização deve estabelecer
e manter um procedimento para identificar os aspectos ambientais de suas
atividades, produtos ou serviços que possam por ela ser controlados e sobre os
quais se presume que ela tenha influência, a fim de determinar aqueles que
tenham ou possam ter impactos significativos sobre o meio ambiente.
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (2005, p.45),
aspecto é um “elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização
que pode interagir com o meio ambiente” e impacto ambiental é “qualquer
modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em
parte, dos aspectos ambientais da organização”. Sendo assim, o aspecto é a
“causa” e o impacto é o “efeito”. Os impactos são difíceis de serem avaliados e
administrados e, por outro lado, são mais fáceis de determinar.
Portanto, nessa etapa, cabe à organização identificar os aspectos
relacionados às suas atividades, produtos ou serviços, bem como a gravidade, a
probabilidade de ocorrência e a frequência/duração do impacto, para que então
possa controlar esses aspectos e manter essas informações atualizadas.
Assim sendo, detectando-se os impactos gerados por esses aspectos, é
possível determinar a significância desses impactos. Harrington e Knight (2001)
ressaltam que a norma não define como a organização deve proceder para
determinar o que é significativo, sendo a mesma livre para desenvolver critérios e
procedimentos que possam determinar a significância, desde que, durante uma
auditoria, a organização seja capaz de justificar a validade dos procedimentos
para a determinação da significância.
Entende-se que todo e qualquer aspecto encontrado será feito em algum
nível do fluxo do macroprocesso e, especificamente, em alguma etapa do
processo deste nível. Pode-se entender melhor o fluxo do macroprocesso através
da observação da figura 6 a seguir:
39
Figura 6 – Fluxo do Macroprocesso de uma organização com detalhe no
processo de aquisição.
Fonte: Adaptado do material de aula do Professor Cláudio Ferreira, na disciplina de Gestão
de Projetos, do curso de Engenharia Civil, da Universidade Positivo, Curitiba-PR, 2010.
Na figura 6 podem ser observadas as fases do macroprocesso de uma
organização “genérica”, na qual os processos da organização formam um ciclo.
Em cada um deles, desde a engenharia de produto, por exemplo, até a análise de
marketing e de mercado, precedidos pela assistência técnica, fica estabelecida a
necessidade da aplicação do ciclo PDCA. Segundo Paladini (2002), um dos prérequisitos para gerar qualidade no processo é desenvolver mecanismos para
incentivar a melhoria contínua.
Assim, justifica-se a adoção do ciclo PDCA, porque este visa estabelecer um
novo padrão que deve ser implementado na organização ou processo ou, ainda,
no produto. De um modo geral, pode-se dizer que em todas as atividades da
organização são requeridos os conhecimentos e uso do ciclo PDCA, para que se
possa planejar, executar, verificar e corrigir o que é feito em cada rotina ou
atividade prevista (Canossa, 2010).
40
Ainda observando a figura 6, pode-se perceber no detalhamento feito na
etapa de aquisição, a presença de atividades a serem cumpridas, assim, somente
através da realização das atividades inerentes a cada etapa do fluxo, pode-se
chegar na transformação de entrada em saída (input em output), ficando
perceptível a necessidade destas atividades serem acompanhadas de contínuas
avaliações.
Para gerenciar um processo é necessário dispor de informações sobre ele.
Avaliar processos é estudar métodos para obter um conjunto de informações
acerca do desempenho de negócios que permita decidir sobre as ações
necessárias à implementação da estratégia do negócio e sobre a necessidade de
atualizar ou rever a estratégia.
Para Norton e Kaplan (1997), o aprendizado e crescimento são aspectoschave porque formam a base da melhoria da qualidade e da inovação. Uma
organização pode funcionar muito bem do ponto de vista financeiro, ter boas
relações com os clientes e contar com excelentes processos, mas se outra
organização obtiver vantagens semelhantes, isso de nada adiantará. Por isso que
não se deve ficar acomodado com o desempenho atual, ainda que seja
satisfatório.
É importante que os executivos entendam que serão superados pelos
concorrentes se não mudarem e aperfeiçoarem sua atuação continuamente e
mais rápido do que eles. Convém dar-se conta de que a fonte de aprendizado e
crescimento são os servidores da organização, aqueles que, de qualquer forma,
influenciam nos processos da organização (operadores, gerentes e etc.) Somente
graças a eles é possível continuar melhorando os processos.
4.6.2.2
Requisitos legais e outros requisitos
Esse item da norma determina que a organização deve estabelecer e manter
um procedimento para identificar e ter acesso à legislação e outros requisitos por
ela apoiados, ou aplicáveis aos aspectos ambientais de suas atividades, produtos
ou serviços (Harrington e Knight, 2001). Isso significa que os requisitos definidos
pela
política
ambiental
da
organização
colocam
com
clareza
os
41
comprometimentos,
destacando-se
o
atendimento
à
legislação,
normas
ambientais aplicáveis e outros requisitos ambientais (Embrapa, 2004).
Segundo Seiffert (2009), quando uma organização inicia a implantação de
um SGA ela passa a ser obrigada a identificar e manter atualizado um cadastro
desses requisitos. Esse cadastro deve conter itens legais ambientais identificados
nos níveis municipais, estaduais, federais e internacionais, bem como códigos
industriais, normas voluntárias e compromissos ambientais assinados em
contrato, que tenham qualquer relação com as atividades, produtos ou serviços
da organização.
A autora ainda ressalta que além de estar cadastrado, esse material deve
ser mantido e atualizado constantemente e comunicado aos setores da
organização que tenham relação com os aspectos ambientais, sendo a
comunicação feita por escrito e os documentos guardados de forma centralizada
para garantir sua atualização.
Harrington e Knight (2001) enfatizam a indicação da norma NBR ISO 14001
em que a organização só precisa satisfazer às regulamentações da jurisdição
onde a mesma opera e que a política organizacional deve ser adequada à
natureza e ao âmbito das operações, independente da maturidade da
regulamentação em qualquer jurisdição. Os autores também explicitam que a
norma não irá substituir a legislação e a regulamentação ambiental, mas que é
um complemento às mesmas.
Além dos requisitos legais e comprometimentos com requisitos negociados e
princípios e códigos de prática existentes, a NBR ISO 14001 também discute o
desenvolvimento de critérios internos de desempenho que seriam desenvolvidos
onde a organização tem alguma necessidade e não há nada disponível
externamente, ou onde há uma política para exceder requisitos legais existentes.
Desse modo, somente se a organização formalizar tais critérios, incluindo-os
nos objetivos e metas, o auditor da certificação terá o direito de verificar se os
sistemas necessários estão funcionando para assegurar que estão sendo
alcançados (Harrington e Knight, 2001).
42
4.6.2.3
Objetivos e metas
Para Seiffert (2009, p.124) “os objetivos e as metas representam um
subsistema fundamental, pois servem de parâmetro às ações operacionais da
organização”. A organização deve estabelecer e manter objetivos e metas
ambientais documentados para cada nível e função pertinentes da organização,
devendo considerar os requisitos legais e outros requisitos, os aspectos
ambientais significativos, as opções tecnológicas, os requisitos comerciais,
operacionais e financeiros e as opiniões das partes interessadas (Harrington e
Knight, 2001).
É necessário que a política ambiental seja implementada através da
materialização de objetivos e metas, criando um comprometimento da
organização com o controle, a melhoria e a eliminação dos impactos ambientais
adversos. Desse modo, a determinação de objetivos e metas ambientais relativos
a cada um dos processos é importante para direcionar e coordenar ações e
esforços dentro do sistema de gestão ambiental, permitindo a verificação da
conformidade dos controles operacionais com as medidas ambientais propostas
(Seiffert, 2009).
“Um objetivo é um alvo ambiental de nível elevado. Uma meta é um requisito
ambiental mensurável”, afirmam Harrington e Knight (2001, p.95) ao citarem que
para se alcançar um único objetivo, pode ser necessário o alcance de várias
metas. Seiffert (2009) ainda ressalta que cada meta desdobrada a partir de um
objetivo deve ser gerenciada através dos Programas de Gestão Ambiental (PGA).
4.6.2.4
Programas de Gestão Ambiental
Na forma como concebido pela Série NBR ISO 14000, o Programa de
Gestão Ambiental deve ser entendido pela organização sendo um roteiro para
implantar e manter um sistema de gestão ambiental que permita alcançar os
objetivos e metas previamente definidos, já que sem ação de nada servem os
objetivos e as metas à organização. O Programa deve conter um cronograma de
execução que permita comparação entre o realizado e o previsto, possuir
recursos financeiros alocados às atividades, ter definidos os responsáveis pelas
43
ações que serão realizadas pelo programa e possuir prazos de cumprimento dos
objetivos e metas ambientais.
Os PGA’s devem ser dinâmicos e passíveis de correção sempre que
necessário e, ainda, sempre que possível, devem ser integrados aos sistemas de
gestão de projetos e programas existentes na organização (Harrington e Knight,
2001).
4.6.3
Implementação e operação
Esse requisito explicita que, para que haja uma efetiva implantação da NBR
ISO 14000, a organização deve desenvolver os mecanismos de apoio
necessários para atender ao que está previsto em sua política e nos seus
objetivos e metas ambientais. Esses mecanismos incluem a determinação de uma
estrutura organizacional e delegação de responsabilidades, o treinamento,
conscientização e competência dos funcionários, a comunicação interna e externa
da organização, a documentação do SGA, o controle de documentos, o controle
operacional e a preparação e atendimento a emergências.
4.6.3.1
Estrutura organizacional e Responsabilidade
A NBR ISO 14001 (2004) afirma que as funções, responsabilidades e
autoridades da organização devem ser definidas, documentadas e comunicadas,
a fim de facilitar o desempenho das atividades de planejamento, implementação,
controle e análise crítica do SGA. Afirma, ainda, que a administração deve
fornecer os recursos – humanos, financeiros, tecnológicos e logísticos –
essenciais à implantação e controle do sistema de gestão ambiental.
Harrington e Knight (2001) citam que a norma não define como a
organização deve se estruturar ou que papéis e responsabilidades específicos
deve delinear, mas sim, exige que a alta administração designe um representante
administrativo para o sistema de gestão ambiental.
Para Seiffert (2009, p.132), “um aspecto considerado crítico neste processo
é o comprometimento da alta administração através da criteriosa escolha de um
líder de implantação ou representante da alta administração”. Esse líder deve
44
garantir que a organização seja capaz de atender aos requisitos de suas normas,
disponibilizando
recursos,
integrando
o
SGA
com
outros
sistemas
de
gerenciamento, definindo atribuições e responsabilidades, viabilizando o processo
de motivação e conscientização ambiental, identificando os conhecimentos e
habilidades necessários, estabelecendo processos para comunicação e relato e
implementando controles operacionais necessários (Seiffert, 2009).
Seiffert (2009) ressalta, ainda, que para a implantação de programas é
essencial obter sucesso
em
no mínimo
cinco
pontos, sendo
eles o
comprometimento da alta gerência, assegurando que todos os empregados
reconheçam que o gerenciamento ambiental é uma prioridade para a
organização, o estabelecimento de objetivos, fornecendo parâmetros para
avaliação de progressos em desempenho ambiental, o envolvimento e
responsabilidade dos empregados, reduzindo a resistência organizacional e
elevando o comprometimento, as avaliações de desempenho, reconhecendo os
empregados quanto aos resultados alcançados em desempenho ambiental e a
estimativa de custos ambientais, assegurando que os gerentes tomem decisões
com base em informações completas de custos, inclusive ambientais.
4.6.3.2
Treinamento, Conscientização e Competência
A organização deve estabelecer procedimentos que propiciem aos seus
empregados a conscientização da importância e responsabilidade em atingir a
conformidade com a política ambiental em avaliar os impactos ambientais
significativos, reais ou potenciais de suas atividades, os benefícios ao meio
ambiente que possam resultar da melhoria no seu desempenho pessoal, bem
como as consequências potenciais da inobservância dos procedimentos
operacionais recomendados.
A organização deve ainda identificar as necessidades de treinamento,
particularmente aos empregados cujas atividades possam provocar impactos
ambientais significativos sobre o meio ambiente. Seiffert (2009) entende que esse
processo nada mais é do que um processo de reeducação, já que os integrantes
da organização não consideravam em suas atividades diárias qualquer
preocupação em relação ao meio ambiente.
45
A autora ainda diferencia os processos de treinamento, conscientização e
competência, sendo a conscientização o “querer fazer”, o treinamento sendo o
empregado “ser competente para” ou “saber fazer” e a competência sendo o
empregado “ter requisito ou habilidade apropriada, conhecimento para completar
uma tarefa ou função”.
O treinamento tem o intuito de assegurar tanto a conscientização das
questões ambientais quanto a competência para realizar as tarefas necessárias
para administrá-las, sendo requerido pela norma que a organização tenha
procedimentos em uso para identificar qual o treinamento necessário para
oferecê-lo e para avaliar e oferecer segurança para que todo o pessoal que
executa tarefas que podem causar impactos ambientais significativos seja
competente e tenha educação, treinamento e experiência apropriados (Harrington
e Knight, 2001).
4.6.3.3
Comunicação
A organização deve criar e manter procedimentos para a comunicação
interna e externa. Desta forma, devem ser criados canais de comunicação
organizacional e técnica entre os vários níveis e funções dentro da organização. A
organização deve receber, documentar e responder a comunicação relevante
recebida das partes externas interessadas nos aspectos ambientais e no sistema
de gestão ambiental, manter registros das decisões relativas aos aspectos
ambientais importantes e sua comunicação às partes externas envolvidas.
Harrington e Knight (2001) entendem que a principal função da comunicação
é definir os fluxos de informação, significando não somente o seu destino, mas
também o método de comunicação que deve ser utilizado e que a chave é a
informação relevante no lugar e no momento certo.
Já Seiffert (2009) trata a comunicação como um componente aglutinador do
sistema que estabelece o fluxo de informações necessárias aos subsistemas.
Desse modo, as comunicações representam um importante elemento da dinâmica
de um sistema, uma vez que o poder, a liderança e tomada de decisões na
organização dependem do processo de comunicação. A autora enfatiza que a
comunicação possui o papel de agente transacional entre os diversos
46
subsistemas, possibilitando a troca de informações que acarretem a estabilidade
do sistema como um todo.
Seiffert (2009, p.154) ainda ressalta a importância da comunicação em um
SGA da seguinte forma:
“O
processo
de
comunicação/divulgação
da
política
ambiental
da
organização pode também ser considerado um fator determinante para o
sucesso da implantação de um SGA, uma vez que é essencial que todo
colaborador esteja ciente de sua existência e de como em sua atividade
diária pode contribuir para que seja cumprida”.
A identificação do tipo de divulgação pode ter impacto positivo sobre a
imagem da instituição, definindo um público de maior interesse e desenvolvendo
estratégias de comunicação externa. A organização deve selecionar canais
favoráveis, veículos e formas de comunicação deixando clara a intenção de
periodicidade da comunicação (Embrapa, 2004). Esses veículos podem ser na
forma de cartazes, quadros, placas, camisetas, informativos periódicos, folders,
etc..
4.6.3.4
Documentação do Sistema de Gestão Ambiental
A documentação pode ser compreendida como um meio de assegurar que o
sistema de gestão ambiental seja compreendido não só pelo público interno, mas
também pelo ambiente externo com o qual a organização mantém relações, tais
como clientes, fornecedores, governo, sociedade civil em geral, etc..
Recomenda-se também que a organização defina os vários tipos de
documentos, estabeleça e especifique os procedimentos e controle a eles
associados.
A natureza da documentação pode variar em função do porte e
complexidade da organização. A documentação pode estar sob a forma física ou
eletrônica. No entanto, a adoção de uma ou outra forma, não deve prescindir-se
de um processo de atualização e disponibilização aos interessados.
O elemento mais importante da documentação é o manual de gestão, cita
Seiffert (2009), que busca sintetizar as informações relativas aos procedimentos
47
do SGA. Entretanto, a NBR ISO 14001 não exige a elaboração desse manual,
desde que a organização tenha alguma evidência de que um procedimento existe
e é mantido. No entanto, ainda é muito útil categorizar ou desenvolver hierarquias
de documentação. A partir da NBR ISO 90004, surgiram os seguintes níveis de
documentação (Harrington e Knight, 2001):
 Política.
 Procedimentos e documentos de SGA.
 Procedimentos operacionais e instruções de trabalho.
 Documentos.
Também fazem parte da documentação relatórios de monitoramento e de
desenvolvimento de programas específicos e os planos e projetos (Seiffert, 2009).
As organizações que implementam a norma NBR ISO 14001 devem
maximizar a integração dos sistemas e documentação existentes e desenvolver
um sistema que atenda principalmente às suas necessidades, assegurando que
elas estejam em conformidade com os requisitos definidos pela própria norma
(Harrington e Knight, 2001).
4.6.3.5
Controle de documentos
Os documentos exigidos pela NBR ISO 14001 (2004) devem obedecer a
procedimentos para o seu controle, de maneira que toda a documentação possa
ser localizada, analisada e periodicamente atualizada quanto à conformidade com
os regulamentos, leis e outros critérios ambientais assumidos pela organização.
Da mesma forma, a norma exige que a organização possua um controle dos
documentos do sistema de gestão ambiental, requerendo, para isso, controle da
distribuição da versão atualizada e a eliminação das versões obsoletas (Seiffert,
2009).
Harrington e Knight (2001) especificam que a documentação deve ser
legível, datada e facilmente identificável, mantida de forma organizada e retida por
um período de tempo especificado. Devem, ainda, ser estabelecidos e mantidos
procedimentos e responsabilidades referente à criação e alteração dos vários
4
A expressão ISO 9000 designa um grupo de normas técnicas que estabelecem um modelo de gestão da qualidade para
organizações em geral, qualquer que seja o seu tipo ou dimensão.
48
tipos de documentos. Segundo os mesmos autores (p.108), “o controle eficaz de
documentos torna o processo de auditoria de certificação ordenado e eficiente em
qualquer organização que esteja considerando a certificação”.
A organização pode optar por meios digitais, físicos ou uma integração de
ambos para o controle de documentos. O enfoque do processo de controle de
documentos deve ser na eficácia do sistema de gestão e no desempenho
ambiental e não em um sistema complexo de controle de documentos (Harrington
e Knight, 2001).
4.6.3.6
Controle operacional
O controle operacional pressupõe a identificação por parte da organização
das operações e atividades potencialmente poluidoras em cada um dos
processos do SGA de acordo com sua política, objetivos e metas. Este controle
visa garantir o desempenho ambiental da organização, no que diz respeito ao
compromisso obrigatório expresso na Política Ambiental, no que se refere à
“prevenção da poluição”. Também serve para assegurar que a política ambiental,
os objetivos e metas da organização sejam atingidos e que atividades irrelevantes
ou inadequadas sejam eliminadas (Harrington e Knight, 2001).
O controle operacional deve consistir de atividades relacionadas à
prevenção da poluição e conservação de recursos em novos projetos, em
modificações de processos e nos lançamentos de novos produtos e embalagens.
Em termos práticos, o controle operacional na organização deve ser realizado
abordando noções sobre as principais atividades que impliquem em controle
ambiental: resíduos, efluentes líquidos, emissões atmosféricas, consumo de
energia e água.
Desse modo, para o cumprimento dos requisitos associados ao controle
operacional, a organização deve procurar o estabelecimento e manutenção de
procedimentos documentados para abranger situações em que sua ausência
possa acarretar desvios em relação à política ambiental, objetivos e metas.
Devem também ser estipulados critérios operacionais nos procedimentos,
visando o estabelecimento e a manutenção de procedimentos relativos aos
aspectos ambientais significativos identificáveis associados a produtos e serviços
49
da organização e à comunicação dos procedimentos e requisitos pertinentes a
serem atendidos por fornecedores e prestadores de serviços (Seiffert, 2009).
4.6.3.7
Preparação e atendimento a emergências
A organização deve estabelecer e manter mecanismos que possam ser
acionados a qualquer momento para atender a situações de emergência e
eventos não controlados. Isso implica em identificar as possíveis situações
emergenciais, definir formas de mitigar os impactos associados, prover os
recursos necessários e treinar periodicamente uma brigada de emergência e um
plano de abandono do local pelos funcionários (Harrington e Knight, 2001).
Com a identificação de acidentes e incidentes ocorridos no presente, podese estimar a possibilidade da ocorrência desses mesmos acidentes e incidentes
no futuro, já que parte-se do princípio de que tudo que ocorreu no passado possa
se repetir no futuro. Assim, procura-se identificar os diversos graus de risco
ambiental associados a esses eventos quanto à sua probabilidade de ocorrência
(Seiffert, 2009).
Os planos de ação para situações de emergência devem ser periodicamente
testados, mesmo sem a ocorrência da emergência, para assegurar que ainda
estão adequados e que os funcionários saibam o que fazer nessas situações. A
norma não especifica como devem ocorrer os registros de frequência desses
testes, mas eles devem existir e podem ser na forma de treinamentos e situações
práticas ou na forma de simulações computadorizadas (Harrington e Knight,
2001).
4.6.4 Verificação e ação corretiva
Este item da norma cria condições de se averiguar se a organização está
operando de acordo com o Programa de Gestão Ambiental previamente definido,
identificando aspectos não desejáveis e mitigando quaisquer impactos negativos,
além de tratar das medidas preventivas. A Verificação e Ação Corretiva são
etapas orientadas por quatro características básicas do processo de gestão
50
ambiental: Monitoramento e Medição, Não-conformidades e Ações Corretivas e
Preventivas, Registros e Auditoria do SGA.
4.6.4.1
Monitoramento e Medição
Todo e qualquer sistema de gestão empresarial envolve as fases de
planejamento, implementação, execução, operação e avaliação dos resultados
alcançados. Esta sequência de etapas interdependentes também se verifica com
o sistema de gestão ambiental. Desta forma, o sistema deve prever as ações de
monitoramento e controle para verificar a existência de problemas e formas de
corrigi-los. Conforme publicação da Embrapa (2004), monitorar um processo
significa acompanhar evolução dos dados, ao passo que controlar um processo
significa manter o processo dentro dos limites preestabelecidos. Consiste em
estabelecer medidas-padrão para a verificação do desempenho ambiental das
organizações.
Os aspectos ambientais significativos – emissões atmosféricas, efluentes
líquidos, ruídos, etc. - devem ter suas características medidas periodicamente e
seus resultados comparados com os padrões legais aplicáveis (Embrapa, 2004).
Geralmente, os órgãos de controle da qualidade ambiental estabelecem em
documentos apropriados as características a serem medidas e a periodicidade
das medições. O estabelecimento de medidas e o acompanhamento do
desempenho ambiental das organizações são ferramentas úteis no sentido de
gerenciar as atividades ambientais, principalmente aquelas consideradas
estratégicas.
Através do trabalho de servidores, de suas observações, da coleta de dados
e de sugestões à alta direção são desenvolvidos os indicadores. Estes são os
parâmetros representativos dos processos que permitem quantificá-los, e têm
como objetivo facilitar a compreensão de determinada situação, através da
apresentação de um reflexo da realidade, possibilitando uma base comum para a
tomada de decisão (Oliveira, 1999).
Para a determinação de indicadores é preciso identificar o que é preciso
acompanhar, ou seja, o que é importante no processo para o resultado final.
Pontos importantes para a construção de um indicador são (Noman, 2008):
51
 Nomear o indicador
 Definir seu objetivo
 Estabelecer sua periodicidade de cálculo
 Indicar o responsável pela geração e divulgação
 Definir sua fórmula de cálculo (método)
 Indicar seu intervalo de validade
 Listar as variáveis que permitem o cálculo
 Apontar onde e como as variáveis serão capturadas
Através dos indicadores podem-se tomar medidas de desempenho, e estas,
segundo Hronec (1994), são sinais vitais da organização, qualificando e
quantificando o modo como as atividades ou outputs de um processo atingem
suas metas. Frequentemente, por parte dos gestores organizacionais, há a
formulação de perguntas que refletem a necessidade do conhecimento do
andamento dos negócios. Essas perguntas perpassam todo o contexto
organizacional com evidências para os seus processos até a dimensão que mede
a satisfação do cliente externo.
Segundo Harrington e Knight (2001), as medições feitas nos processos são
fundamentais para o sucesso da organização. Se a organização não pode medir o
processo, não poderá controlá-lo, se não puder controlá-lo, não poderá gerenciálo, e, se não puder gerenciá-lo, não poderá aperfeiçoá-lo.
No âmbito do SGA, os indicadores ambientais constituem-se em
instrumentos de avaliação que devem ser adequados às realidades ambientais e
socioeconômicas da região a ser avaliada (FEAM, 2010).
Os indicadores ambientais são selecionados dentro dos seguintes aspectos
ambientais: ar, água, solo, biodiversidade, matéria-prima, resíduos, energia,
transporte, institucional e socioeconômico - sendo submetidos a um processo de
escolha e priorização por meio de métodos. Ressalta-se, ainda, que os
indicadores são classificados quanto a sua relevância como essenciais ou
adicionais.
Uma das referências conceituais utilizadas para seleção de Indicadores de
Desempenho Ambiental na organização é a NBR ISO 14031(2004) (ferramenta
de gestão ambiental, da série NBR ISO 14000), onde se descrevem duas
52
categorias gerais de indicadores a serem considerados na condução da Avaliação
de Desempenho Ambiental (ADA) que são: Indicador de Condição Ambiental
(ICA) e Indicador de Desempenho Ambiental (IDA).
O ICA fornece informações sobre a qualidade do meio ambiente onde se
localiza a organização por meio da comparação com os padrões e regras
ambientais estabelecidos pelas normas e dispositivos legais (Ex: Qualidade do Ar,
da água, etc.). Já o IDA analisa a eficiência da organização em relação a seus
principais aspectos ambientais (consumo de energia, de matéria prima, de
materiais e a geração de resíduos), sob o prisma (tipo) do Desempenho
Operacional (IDO), Informações relacionadas às operações do processo produtivo
da organização e Desempenho de Gestão (IDG), bem como informações dos
resultados dos esforços de gestão da organização.
Um bom indicador é mais que uma estatística. Ele representa uma
construção lógico-conceitual que permite uma correta interpretação da realidade e
dá subsídios para tomadas de decisão, sejam elas no âmbito das políticas
públicas ou decisões gerenciais das organizações ou segmentos corporativos
(Lavorato5, 2004).
Contudo, é uma exigência da norma que seja feito o mapeamento dos
processos da organização. Segundo a NBR ISO 14001 (2004), p15. a
organização deve:
a)
Identificar os processos necessários para o sistema de gestão
ambiental e sua aplicação por toda a organização;
b)
Determinar a sequência e interação desses processos;
c)
Determinar critérios e métodos necessários para assegurar que a
operação e o controle desses processos sejam eficazes;
d)
Assegurar a disponibilidade de recursos e informações necessárias
para apoiar a operação e o monitoramento desses processos;
e)
5
Monitorar, medir e analisar esses processos; e
A importância dos indicadores de desempenho ambiental para a competitividade das empresa e iniciativas ambientais.
Marilena Lino de Almeida Lavorato, Publicitária (PUCC), pós-graduada em Marketing (ESPM), Sociologia e Política
(EPGSP/SP), Gestão Estratégica de Negócios (FGV), Gestão Ambiental (IETEC), Gestão Empresarial Estratégica (USPcursando), Aluna especial da Faculdade de Saúde Pública (USP) – Sistema de Informações Ambientais para o
Desenvolvimento Sustentável.
53
f)
Implementar
ações
necessárias
para
atingir
os
resultados
planejados e a melhoria continua desses processos.
Esses processos devem ser gerenciados pela organização de acordo com
os requisitos da Norma. Quando
uma organização optar por adquirir
externamente algum processo que afete a conformidade do produto em relação
aos requisitos, ela deve assegurar o controle desses processos. O controle de tais
processos deve ser identificado no SGA.
Atender a todos esses itens nada mais é que exigir que a organização
prepare o seu P-D-C-A, definindo sua lógica operacional, resumida no seguinte
fluxograma:
Figura 7 – Fluxograma guia para o ciclo PDCA.
CONTINUA
Mapear os processos
→

Finalidade (produto)

Escopo de aplicação

Interações

Métodos e critérios

Controles e medidas

Provimento de recursos

Indicadores de desempenho
↓
Monitorar o Processo e Medir os
Resultados
↓
Analisar os resultados
↓
54
CONCLUSÃO
←
Planejar e Implementar Ações de
Melhorias
Fonte: Adaptado de Maranhão, 2001.
Conforme Seiffert (2009), a identificação dos aspectos ambientais relativos a
uma organização, assim como seus respectivos impactos, é uma atividade que
requer continuidade, não podendo ser negligenciada pelos agentes envolvidos no
gerenciamento ambiental. A autora ainda afirma que a identificação dos aspectos
ambientais associados a atividades, processos e produtos é uma das etapas mais
importantes da implementação de um SGA.
Por fim, Harrington e Knight (2001) destacam que o monitoramento e a
medição devem ser parte do próprio sistema de gestão, bem como os sistemas
operacionais e o desempenho ambiental. Os autores ainda diferenciam os
processos de monitoramento e medição e auditoria, explicando que o
monitoramento e a medição são contínuos e devem ser abrangentes, enquanto as
auditorias são periódicas e devem ser conduzidas utilizando técnicas de
amostragem e seu escopo pode ser limitado.
4.6.4.2
A
Não-conformidades e Ações Corretivas e Preventivas
organização
deve
estabelecer
procedimentos
para
definir
responsabilidades e autoridades no tratamento e investigação das nãoconformidades, adotando medidas para diminuir quaisquer impactos, bem como
para iniciar e concluir ações preventivas e corretivas (Seiffert, 2009).
Neste requisito é fundamental o entendimento do conceito de nãoconformidade
e
a
responsabilidade
pela
observação,
documentação,
comunicação e correção das não-conformidades. Não-conformidade, segundo
ainda a mesma autora, significa qualquer evidência de desvio dos padrões
estabelecidos com base nos aspectos legais ou de comprometimento da
organização. As ações corretivas devem ser pautadas em procedimentos que
possibilitem a eliminação da não-conformidade e sua não reincidência.
55
As ações preventivas devem apoiar-se na possibilidade de ocorrência de
não-conformidades, estabelecendo-se procedimentos para a verificação de suas
causas potenciais. Geralmente a análise de risco efetuada quando da elaboração
dos estudos de avaliação dos impactos ambientais é uma fonte de informação na
identificação da necessidade de adoção de medidas preventivas.
Devem ser observadas as causas das não-conformidades, o que é
necessário para correção imediata da situação, a maneira de alterar os
procedimentos, controles ou tecnologias para que os erros não se repitam e quais
alterações devem ser feitas nos procedimentos escritos para assegurar que não
haja repetição (Harrington e Knight, 2001).
Conforme Harrington e Knight (2001, p.115), “qualquer ação corretiva ou
preventiva adotada para eliminar as causas das não-conformidades, reais ou
potenciais, deve ser adequada à magnitude dos problemas e proporcional ao
impacto ambiental verificado”. Os autores ressaltam que a organização deve,
ainda,
implementar e
registrar quaisquer mudanças nos procedimentos
documentados, resultantes de ações corretivas e preventivas e realizar o
treinamento necessário para assegurar que os funcionários estejam conscientes
de quaisquer alterações.
4.6.4.3
Registros
A organização deve estabelecer procedimentos para o registro das
atividades do SGA, incluindo informações sobre os treinamentos realizados, as
conclusões de auditorias e as análises críticas. Estes registros, que podem ser
arquivados eletronicamente ou em papel, devem ser mantidos em ambiente
seguro, ser claros quanto ao seu conteúdo, estar prontamente disponíveis para
consulta e estar protegidos contra avarias, deterioração ou perda. O tempo de
retenção da documentação deve ser estabelecido e registrado (Seiffert, 2009).
4.6.5
Auditoria do Sistema de Gestão Ambiental
Por auditoria entende-se o procedimento de verificação dos cumprimentos
de todas as etapas de implementação e manutenção do sistema de gestão
ambiental.
56
Segundo Harrington e Knight (2001), a organização deve estabelecer e
manter programas e procedimentos para auditorias periódicas que possam
determinar se o SGA está em conformidade com as disposições planejadas para
a gestão ambiental e se foi devidamente implementado e tem sido mantido, bem
como visa fornecer informações à alta administração da organização sobre os
resultados das auditorias.
Seiffert (2009, p.181) explicita que “os procedimentos de auditoria devem
levar em conta o contexto de aplicação, a frequência, as metodologias, as
responsabilidades e requisitos que compõem a realização de auditorias e a
apresentação de resultados”. As auditorias do sistema de gestão ambiental
devem ser periódicas, sendo recomendadas duas auditorias internas por ano.
Harrington e Knight (2001, p.319), ao explicarem as atividades de uma
auditoria, citam alguns itens que devem ser contemplados:
 monitorar e medir a eficácia da implementação (inclusive os elementos, tais
como comunicações, treinamento, níveis de comprometimento e as mudanças de
comportamento exigidas);
 monitorar a adesão ao programa;
 determinar o quê, quando e onde as ações corretivas são indicadas.
 modificar o plano de transição;
 comunicar as constatações àqueles que podem executar as ações
corretivas.
Para a execução das auditorias internas é necessário, primeiramente,
capacitar o(s) auditor(es) responsável(is) de cada setor, devendo ser feitos
treinamentos de formação de auditores internos do SGA, que deverão conter os
temas de “requisitos legais e outros requisitos”, “conceitos básicos de sistemas de
gestão”, “norma ABNT NBR ISO 14001” e “técnicas de auditoria”.
Desse modo, as auditorias internas deverão ser programadas pelo auditor
líder e pelo responsável do setor, sendo que nessa programação devem estar
contidos a área auditada, a equipe de auditoria, a data, o horário e os requisitos
aplicáveis. A programação deverá ser repassada para os responsáveis pelas
áreas a serem auditadas.
57
Essa programação das auditorias é denominada “Plano de Auditorias”,
devendo ser feito no início do ano. O “Plano de Auditorias” tem a função de
assegurar que todos os requisitos da NBR ISO 14001 aplicáveis sejam auditados
durante o período de seis meses. Nada impede, porém, que sejam agendadas
auditorias extras, não previstas no plano.
O passo seguinte ao planejamento é a preparação da auditoria, feita para
cada auditoria pelo responsável pelas auditorias. Nessa fase deverá ser definido o
auditor-líder, bem com os demais auditores, assegurando que estes sejam
independentes dos que tem responsabilidade direta pela atividade a ser auditada.
A data prevista para a auditoria deverá ser marcada com base no “Plano Anual de
Auditorias”, sendo possível, caso necessário, a alteração do plano, desde que
essa alteração seja acordada entre os responsáveis das áreas a serem auditadas.
Após o planejamento e a preparação, a auditoria é de fato executada. O
auditor-líder da equipe conduz uma reunião de abertura, na qual deverão ser
esclarecidos o objetivo e a programação da auditoria, sendo imprescindível a
presença do responsável pela área auditada ou de seu representante.
Uma vez feita a reunião de abertura, inicia-se a auditoria propriamente dita,
na qual o auditor-líder e os demais responsáveis pela auditoria deverão, durante a
realização da auditoria, seguir as seguintes orientações (Seiffert, 2009, p.242):
 verificar sempre a conformidade do sistema: procedimento x prática;
 fazer anotações precisas, registrando as evidências objetivas e as nãoconformidades encontradas e o item da norma NBR ISO 14001 que está
relacionada à não-conformidade encontrada;
 não deixar dúvida quanto à existência da não-conformidade junto ao
auditado;
 a auditoria interna não poderá ser conduzida sem a presença de
representante do setor auditado;
 ao final da auditoria o auditor-líder deverá se reunir com a equipe de
auditores para elencar de forma sumarizada as não-conformidades encontradas,
abrindo os relatórios de não-conformidades (RNC) correspondentes.
Realizada a auditoria, o responsável pela área auditada deverá buscar as
causas das não-conformidades encontradas e tomar as ações corretivas
58
necessárias, registrando-as no Relatório de Não-Conformidades (RNC), conforme
o sistema de Tratamento de Ações Corretivas e Preventivas.
É importante salientar que deverá ser acordado um prazo para a definição
das ações corretivas necessárias entre o auditor-líder e o auditado, sendo que o
auditor-líder deverá entregar um relatório de auditoria para o responsável pelas
auditorias internas, que será arquivado e utilizado nas próximas auditorias, bem
como na análise crítica do sistema pela alta direção. Uma cópia desse relatório
deverá ser entregue também ao auditado.
O RNC deverá conter a descrição detalhada do problema, quando ocorreu o
fato, quem estava envolvido, onde, como e por que ocorreu (onde aplicável), bem
como as possíveis causas do problema e as ações imediatas à sua correção. As
ações corretivas deverão estar detalhadas em forma de planos simplificados,
sendo necessária a definição de no mínimo quem, como e quando será
executada a solução, para que a sua implementação seja sistematizada.
Implementadas as ações corretivas, o emitente do RNC e/ou seu designado
avaliam a eficácia das ações, sendo o RNC fechado e assinado caso a ação
tenha sido eficaz ou sendo abertas novas ações corretivas caso seja comprovada
a ineficácia das ações, sendo as mesmas identificadas com o prefixo “R”
(reincidente). Caso o prazo para a implementação das ações seja vencido, é
possível a readequação desse prazo de acordo com o emitente e o responsável
pela não-conformidade.
A responsabilidade pelo acompanhamento das ações corretivas é dos
emitentes e o acompanhamento da eficácia das ações previstas é realizado
conforme indicador ou forma qualitativa acordada entre emitente e responsável.
Encerrados os prazos de implementação de ações corretivas e avaliada a
eficácia das mesmas, é enviado um relato da auditoria para a alta administração
da organização, sendo os resultados das auditorias discutidos em reuniões de
análise crítica do SGA (Seiffert, 2009).
59
4.6.5.1
Análise crítica do SGA
Após a etapa da auditoria e, considerando possíveis mudanças nos cenários
internos e externos à organização, como novas pressões de mercado e as
recentes tendências do ambiente externo à organização - além do compromisso
de melhoria contínua requerido pela SGA - é o momento da alta administração
identificar a necessidade de possíveis alterações em sua Política Ambiental, nos
seus objetivos e metas, ou em outros elementos do sistema.
Para tanto, a NBR ISO 14001 preconiza que sejam realizadas análises
críticas do SGA, as quais devem ser abrangentes; no entanto, nem todos os
aspectos do SGA precisam ser analisados ao mesmo tempo. Estas análises são
de responsabilidade da alta administração, embora devam também envolver
outros níveis administrativos que possuem responsabilidade direta com os
elementos em análise.
O anexo da NBR ISO 14001, segundo Harrington e Knight (2001)
recomenda que a o documento que representa a análise crítica feita pela alta
direção contemple:
 Os resultados das auditorias.
 O nível de atendimento aos objetivos e metas.
 A adequação do SGA em relação a mudanças de condições.
 As preocupações das partes interessadas.
Segundo Seiffert (2009), é essencial que a alta direção programe e realize
pelo menos duas reuniões de revisão de administração durante o ano, sendo
necessárias as discussões de itens como a conveniência, suficiência e efetividade
da política ambiental, dos objetivos e metas ambientais e dos esforços de
treinamento, o nível de implantação do SGA como um todo e sua efetividade, o
nível de implementação das ações corretivas/preventivas com base nos
resultados das auditorias, as discussões dos resultados da auditoria posterior à
última reunião e os resultados do encaminhamento de ações recomendadas em
reunião prévia.
É necessário que durante essas reuniões sejam elaboradas minutas, a fim
de registro, contendo lista com os nomes e assinaturas dos participantes, resumo
60
dos assuntos-chave discutidos e ações a serem implementadas posteriormente à
reunião (Seiffert, 2009).
A autora ainda cita que as reuniões de análise crítica deverão ocorrer
periodicamente e ressalta a importância da realização das mesmas após a
realização das auditorias internas, possibilitando à alta administração ter ciência
dos problemas, para que possam ser discutidas e propostas as soluções para os
mesmos.
Em resumo, neste momento o processo de gestão ambiental pode ser
revisado, bem como o processo de melhoria contínua exercitado, visando o
melhor desempenho ambiental.
Desempenho ambiental, segundo a NBR ISO 14001, são resultados
mensuráveis do Sistema de Gestão Ambiental, que uma organização se propõe
atingir, sendo quantificado sempre que possível.
Assim, a análise crítica pela alta direção também possui relevante
importância por revelar se houve mudanças nos indicadores ambientais e,
principalmente, se os resultados “prometidos” pela norma NBR 14001 foram
alcançados. Desse modo, organização identifica os resultados alcançados através
do mapeamento de seus processos e da análise dos indicadores ambientais
previamente determinados, para que então disponha de uma base de dados para
a tomada de decisões.
Entre esses resultados, como já citado no item 4.3 (Sistema de Gestão
Ambiental – SGA), estão o acesso ao mercado, incentivos reguladores, redução
da responsabilidade e do risco, melhor acesso ao seguro e ao capital de baixo
custo, melhoria na eficiência do processo, no desempenho ambiental e na gestão
global, redução de custo/aumento de receita, melhoria nas relações com os
clientes, fornecedores, funcionários e outros detentores de interesses e melhoria
na imagem pública.
4.7
DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE A CERTIFICAÇÃO NBR ISO 14001
Números revelam a existência de uma quantidade significativa de
organizações certificadas pela NBR ISO 14001 no mundo. Até dezembro de 2006
61
foram emitidas 130.042 certificações; destas, 4.246, o que representa 3,3%, se
concentravam na América do Sul (INMETRO, 2005).
Em uma perspectiva mundial, pode-se verificar na tabela 1 que o continente
asiático e europeu são os que mais possuem certificações NBR ISO 14001,
sendo a América do Sul o 4° continente com mais certificações.
Tabela 1 – Quantidade de certificações NBR ISO 14001 emitidas por
continente.
CONTINENTE
AMÉRICA CENTRAL
ÁFRICA
AMÉRICA DO SUL
AMÉRICA DO NORTE
ÁSIA
EUROPA
OCEÂNIA
Total
TOTAL DE CERTIFICAÇÕES
109
1.098
4.246
7.673
57.945
56.825
2.146
130.042
Dados coletados até 31/12/2006
Fonte: INMETRO, 2010.
Segundo o INMETRO (2010), o Brasil possui 1339 certificações em
conformidade com a NBR ISO 14001. Destas, 8,7% se encontram no estado do
Paraná, sendo este o 3° estado com maior número de certificações. Estes dados
podem ser observados na tabela 2, onde se encontram os números de
certificações emitidos para cada estado da federação e as respectivas
porcentagens em relação a todo o país.
Tabela 2 – Quantidade de organizações certificadas (certificados emitidos)
pela NBR ISO 14001 por estado da federação Brasileira.
CONTINUA
ESTADOS
TOTAL
%
ALAGOAS
8
0,6
AMAPÁ
6
0,4
AMAZONAS
41
3,1
62
CONCLUSÃO
TOTAL
%
BAHIA
85
6,3
CEARÁ
12
0,9
DISTRITO FEDERAL
4
0,3
ESPÍRITO SANTO
20
1,5
GOIÁS
11
0,8
MARANHÃO
2
0,1
MATO GROSSO
8
0,6
MATO GROSSO DO SUL
2
0,1
MINAS GERAIS
102
7,6
PARÁ
13
1
PARAÍBA
6
0,4
PARANÁ
116
8,7
PERNAMBUCO
20
1,5
PIAUÍ
1
0,1
118
8,8
RIO GRANDE DO NORTE
7
0,5
RIO GRANDE DO SUL
72
5,4
RORAIMA
1
0,1
SANTA CATARINA
73
5,5
SÃO PAULO
610
45,6
TOCANTINS
1
0,1
1339
100
ESTADOS
RIO DE JANEIRO
TOTAL
Relatório emitidos em: 14/12/2010
Fonte: INMETRO, 2010.
Uma vez conhecidos os números de certificados emitidos por estado da
federação, é possível estabelecer o percentual por região do país, como
demonstrado na figura 8:
63
Figura 8 – Percentual de organizações certificadas pela NBR ISO 14001 por
região.
Depois dessas análises por continente, por estados e por regiões, ainda,
resta fazer uma análise por setor produtivo no país. Assim, pode-se perceber que
os setores automotivo, petroquímico e químico detêm as maiores porcentagens
de certificações, sendo que o setor da construção representa apenas 1,9% do
total das certificações (INMETRO, 2010). A tabela 3 demonstra essa distribuição
de porcentagem para os demais setores:
Tabela 3 – Percentual de organizações certificadas válidas pela NBR ISO
14001 por setor produtivo brasileiro.
CONTINUA
Setor produtivo
(%)
Agricultura, Pecuária , Caça, Silvicultura
0,7
Atividades de Serviços Sociais Comunitários e Serviços Pessoais – Outras
2,6
Atividades Imobiliárias; Locações e Prestação de serviços
6,2
Comércio; Concertos. de veículos auto; bens de pessoais e domésticos
3,6
Construção
1,9
Educação
0,5
Hotéis e Restaurantes
0,2
64
CONCLUSÃO
Setor produtivo
(%)
Ind. de Transf. - artigos de borracha e de plástico
5,8
Ind. de Transf. - Celulose, Papel, Papelão e seus Produtos; Edição e Impressão
2,9
Ind. de Transf. - Coque, Refinados de Petróleo e combustível nuclear.
Ind. de Transf. - Equipamentos de transporte
1
10,8
Ind. de Transf. - Madeira, Cortiça e seus produtos.
1
Ind. de Transf. - Máquinas e Equipamentos não específicos.
2,4
Ind. de Transf. - Metais de Base e Produtos Metálicos.
17,3
Ind. de Transf. – Outras
1
Ind. de transf. - Produtos minerais não metálicos - Outros.
Ind. de transf. - Química de Base, Produtos Químicos, e fibras sintéticas e
artificiais.
2,4
Ind. de Transf. – Têxteis
0,7
Ind. de Transf.- Eletrônica e Ótica
3,8
Ind. de Transf.- Produtos Alimentícios, Alimentos, Bebidas e fumo.
13,2
9,6
Ind. Extrat. - (Exceto produtos energéticos)
1
Suprimento de Energia Elétrica, gás e água
0,7
Transporte; Armazenagens e Telecomunicação
10,8
Relatório emitido em: 14/12/2010
Fonte: INMETRO, 2010.
Uma pesquisa realizada pela Civil Engineering Research Foundation (CERF)
com 1500 construtores, projetistas e pesquisadores de todo o mundo, detectou
que a questão ambiental é considerada a segunda mais importante tendência
fundamental para o futuro do setor, ficando atrás somente da informática.
Portanto, ainda que pequeno, o número de certificações NBR ISO 14001 em
relação a outros setores, a construção civil, como uma das mais importantes
atividades para o desenvolvimento econômico e social do país, grande
consumidora de recursos naturais e potencial geradora de impactos ambientais,
vem buscando cada vez mais a conciliação da execução de seus procedimentos
aliada a práticas ambientais.
Uma grande aliada para essa conciliação é a resolução CONAMA 207/2002,
que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos
da construção civil. Esta resolução contribui para a minimização dos impactos
ambientais provocados pelo setor.
65
Considerando-se que o setor da construção civil é responsável pelas
atividades relacionadas diretamente com o desenvolvimento econômico e social
de um país, principalmente de países como o Brasil, que está em fase de
transição para se tornar país de primeiro mundo, a preocupação com o meio
ambiente é fundamental para que o país não se desenvolva de forma
descontrolada e no futuro precise remediar impactos ambientais.
Uma forma de prevenir tais impactos é através da implementação e
monitoramento de SGA nas organizações brasileiras, pois através do alto
desempenho de um SGA, pode-se obter a melhoria contínua do sistema e, com
isso, a não ocorrência de danos ambientais, visto que estes serão previstos,
monitorados e controlados.
4.8
RESULTADOS DO SGA SOB O PONTO DE VISTA DE EMPRESÁRIOS
Observando o histórico de implementações de SGAs através da NBR ISO
14001, o número de organizações certificadas pelo INMETRO no âmbito brasileiro
em 2003 (146) e em 2010 (351), mostra que houve um crescimento de quase
139% de organizações certificadas em sete anos.
Isso demonstra uma maior preocupação das organizações em responder ao
mercado sobre a sua gestão ambiental. Consequentemente, a imagem do Brasil
no exterior vai sendo modificada, além de haver a solidificação do respeito e
reconhecimento internacional de importantes órgãos nacionais, como o INMETRO
- Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial.
É importante ressaltar que todos os dados estatísticos explorados neste
trabalho são referenciados pelo INMETRO, já que, segundo outras fontes não
oficiais, como sites na internet, o número de certificações pode ser 10 vezes
maior que o número divulgado pelo INMETRO, pois muitos certificados são
emitidos por organizações não credenciadas por este órgão (Ribeiro, 2005)
Para efeito de ilustração da importância da implementação do SGA sob o
ponto de vista das organizações, pode-se verificar a seguir os seus comentários
acerca dos benefícios alcançados após a certificação NBR ISO 14001, extraídos
de Harrington e Knight (2001):
66
“A primeira coisa que observamos é a redução de custos. Ao incluir técnicas
de melhoria contínua no SGA, a Acushnet economizou $ 2 milhões por ano.”
(Jack Bailey, diretor de meio ambiente, saúde e segurança, Acushnet Ruber
Company, New Bedford, Massachusetts).
“Nunca fizemos por benefício financeiro. Pelo contrário, a organização
buscou a certificação para demonstrar, aos funcionários e às comunidades onde
operamos, o comprometimento com o meio ambiente.” (Keith Seibert,
coordenador de sistemas de qualidade do Grupo de Informações e Controle de
Contrato, Rockwell Automation, Twinsburg, Ohio).
“Esses programas representam um compromisso com o meio ambiente e
com uma filosofia que não somente confirma que produzimos um produto de
qualidade superior, mas também demonstra nosso apoio aos clientes e à
comunidade”. (Steve Walling, presidente e diretor executivo da Plasticolors,
Ashtabula, Ohio).
"Em 2005 contratamos os serviços de uma organização para nos assessorar
na implantação de um sistema integrado de gestão na organização, com o qual
obtivemos a certificação nas normas ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001 no
ano seguinte. Para nós da VIMSA foi um grande desafio, pois fomos pioneiros no
país, no nosso segmento, na implantação de um sistema integrado como este.
Porém, o processo de implantação deste modelo de gestão aos poucos foi sendo
desmistificado e assimilado por todos na organização, e hoje, passados três anos,
com os bons resultados que obtivemos neste período, assim como, com a
crescente credibilidade que temos alcançado junto aos nossos clientes, temos
certeza de que fizemos a escolha correta." (Paulo Ricardo Ávila Schmitz - Gestor
de Qualidade, Segurança e Meio Ambiente, Viação Montenegro S/A – VIMSA,
Montenegro, RS).
5
METODOLOGIA
Para Marconi e Lakatos (2007), o método científico é o conjunto das
atividades sistemáticas e racionais que permitem alcançar o objetivo com maior
segurança e economia, auxiliando na tomada de decisão do pesquisador, bem
67
como detectando erros e determinando o caminho a ser seguido. Esta pesquisa
pode ser classificada, portanto, quanto às técnicas de pesquisa empregadas, de
acordo com Marconi e Lakatos (2007), como uma pesquisa de campo qualitativoquantitativo-descritiva.
O que caracteriza a pesquisa como de campo é o levantamento de
informações a partir da percepção dos gestores do mercado (campo) acerca dos
benefícios da implementação da NBR ISO 14001. É classificada como uma
pesquisa descritiva por mostrar a situação como ela é, em tempo e espaço (Selltiz
et al., 1975) e qualitativa e quantitativa por buscar percepções e entendimento
sobre os resultados do SGA e por buscar um histórico de informações com dados
mais concretos, respectivamente (IBOPE). Esse tipo de pesquisa pode ser feita
através de questionários, como no caso deste trabalho.
5.1
PLANO METODOLÓGICO SINTÉTICO
Para o alcance dos objetivos estabelecidos, foram seguidos (sinteticamente)
os seguintes passos:
 seleção das organizações certificadas com a NBR ISO 14001 que foram
pesquisadas;
 desenvolvimento do plano de pesquisa;
 desenvolvimento do instrumento de coleta de dados;
 coleta de dados propriamente dita;
 tabulação dos dados;
 apresentação e interpretação dos resultados;
 conclusões do trabalho.
5.2
SELEÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES
A primeira fase do trabalho envolveu a seleção das organizações de
engenharia civil e de insumos certificadas com a NBR ISO 14001 localizadas no
estado do Paraná, que permitissem a realização de uma pesquisa mediante a
proposta deste trabalho, que é avaliar os resultados obtidos pelas organizações
68
de engenharia civil e seus fornecedores a partir da suas certificações NBR ISO
14001.
Para a seleção das organizações foi feita uma pesquisa no site do
INMETRO, com o objetivo de identificar quantas e quais as organizações tinham
seus sistemas de gestão ambiental certificados de acordo com a NBR ISO 14001
naquele momento no estado do Paraná, onde foram encontradas
45
organizações.
Como dentre estas havia organizações de diversos setores, foi feito contato
com estas organizações para verificação de quais eram do setor de engenharia
civil e sua cadeia de fornecedores.
Assim, finalmente foram encontradas 7 organizações que estavam
qualificadas para a pesquisa necessária à consecução do trabalho. Dentre elas, 4
são organizações de engenharia civil e 3 são organizações de insumos da
engenharia civil, sendo todas localizadas na cidade de Curitiba-PR.
Em seguida, entrou-se em contato com estas organizações, via telefone,
informando que tratava-se de um projeto de conclusão de curso, qual era o
objetivo do trabalho e que, portanto, seria necessário visitar as organizações
certificadas para a coleta de dados. As organizações foram também informadas
que em nenhum momento seriam divulgados seus nomes, e que estas seriam
sempre referenciadas, neste trabalho, por questões éticas, simplesmente através
de letras.
As organizações contatadas demonstraram disponibilidade para participar da
pesquisa, sendo que este contato foi feito com o responsável pelo SGA
implementado. Assim, o respondente da pesquisa foi este responsável, bem como
eventualmente seus principais colaboradores.
5.3
DESENVOLVIMENTO DO PLANO DE PESQUISA
Após a seleção das 7 organizações, foi desenvolvido um plano de pesquisa
que consistiu na elaboração de um cronograma de visitas para a coleta de dados.
Estas visitas seriam feitas quando permitidas pelas organizações, porém, as
69
mesmas demonstraram maior interesse em receber, responder e enviar o
questionário via e-mail.
O cronograma elaborado definiu o início das pesquisas em 30/07/2010, com
término previsto para 18/08/2010; logo, foram reservadas três semanas para a
coleta de dados.
5.4
DESENVOLVIMENTO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Para que fosse possível a avaliação dos resultados atingidos pela
organização após a implementação da NBR ISO 14001, foram feitas pesquisas
via questionário, elaborado pelas autoras, e enviado aos responsáveis pelo
sistema de gestão ambiental das organizações via e-mail (considerando-se o
interesse demonstrado por esses profissionais em receber o questionário via email).
O questionário foi estruturado em 18 partes, contendo uma estrutura mista,
que contempla questões de múltiplas escolhas e discursivas, baseadas nos 16
ganhos esperados a partir da implementação do SGA (foco para a NBR ISO
14001) citados por Harrington e Knight (2001), os quais são: acesso ao mercado;
gestão de conformidade; incentivos reguladores; redução da responsabilidade e
do risco; melhor acesso ao seguro; melhor acesso ao capital de baixo custo;
melhor eficiência no processo; melhoria no desempenho ambiental; melhoria na
gestão global; redução dos custos/aumento de receita; relações com os clientes;
melhoria na relação com os fornecedores; melhoria na relação com os
funcionários; melhoria nas relações com outros detentores de interesses; melhoria
na imagem pública e degrau para o desenvolvimento sustentável.
As partes do questionário e suas respectivas justificativas são as descritas a
seguir:
Parte 1 - dados gerais da organização: nesta parte é feita a caracterização
da organização, contendo o nome, a área de atuação, n⁰ de funcionários (que
classifica o porte da organização) e a observação da data da certificação, para
que organizações com certificados de seis meses não sejam tratadas como
organizações que já tenham o certificado há três anos, por exemplo. Também é
70
observado se a organização possui outros certificados e quais são suas datas de
certificações, pois como a NBR ISO 14001 é relativamente nova, se torna comum
as organizações já estarem certificadas com outras normas, o que auxilia no
processo de estruturação do SGA.
Parte 1
1. Dados gerais da organização
1.1 Nome da organização:
1.2 Área de atuação:
1.3 N⁰ atual de funcionários:
1.4 Data da certificação NBR
ISO 14001:
1.5 Informações sobre
outros certificados (ex: NBR
ISO 9001, PBQPH), com
suas datas de emissões:
As partes seguintes (parte 2 a 18) são todas relativas ao período pósimplementação da NBR ISO 14001 na organização. Assim, tem como parte inicial
a expressão “A partir da certificação NBR ISO 14001...:”
Parte 2 - resultados relativos ao acesso ao mercado: nesta parte é
observado se surgem ganhos na melhoria e aumento na porcentagem de
transações comerciais, bem como o grau da intensificação dessas transações
quando observadas, visto que a certificação é requisito de negócio para negócio e
não um requisito do governo.
Parte 2
2. Resultados relativos ao acesso ao mercado
2.1 A organização firmou negócios nos quais a certificação era exigida?
Sim ( ) Não ( )
2.2 Em que grau as suas transações comerciais foram intensificadas?
a)
Abaixo de 10%
b)
De 10% a 30%
c)
De 30% a 50%
d)
Acima de 50%
e)
Não houve instensificação nas negociações comerciais.
Parte 3 - gestão de conformidade: nesta parte é observado se a organização
identifica melhoria na administração de leis e regulamentos, visto que um SGA
permite de forma sistemática e documentada a geração e demonstração de uma
gestão de conformidade reguladora.
71
Parte 3
3. Gestão de conformidade
3.1 Constatou-se que a melhoria na administração de regras ambientais impostas por leis e
regulamentos foi:
1 Pouco significativa
2 De significância moderada
3 Muito significativa
Parte 4 - incentivos reguladores: nesta parte é observado se a organização
identifica melhoria na sua relação com os legisladores, mediante a análise dos
fatores: inspeções; número de multas ambientais e benefícios, visto que muitas
jurisdições buscam oferecer incentivos reguladores para quem implementar
voluntariamente os SGAs, principalmente a NBR ISO 14001.
Parte 4
4. Incentivos reguladores
4.1 A organização sofreu inspeções pelos órgãos reguladores com menos frequência?
Sim ( )
Não ( )
4.2 A organização obteve redução nos números de multas ambientais?
Sim ( )
Não ( )
4.3 A organização obteve algum benefício perante órgãos reguladores?
Sim ( )
Não ( )
Se sim, especifique o benefício:
Parte 5 - redução da responsabilidade e do risco: nesta parte é observado
se a organização tem registro de algum acidente ambiental após a certificação,
bem como seu histórico e se identifica uma contribuição do SGA para a
prevenção do mesmo. A NBR ISO 14001 garante uma forma de identificar e
administrar sistematicamente o risco e a responsabilidade ambiental.
Parte 5
5. Redução da responsabilidade e do risco
5.1 A organização provocou algum acidente ambiental (lembrando que qualquer situação que
fuja do controle previsto caracteriza acidente ambiental, por menor que seja)?
Sim ( ) Não ( )
5.2 A partir da questão anterior cite o histórico da organização sobre acidentes ambientais,
como número de acidentes e quais foram:
72
5.3 Constatou-se que a melhoria na prevenção de acidentes e atendimentos à emergências foi:
1
Pouco significativa
2
De significância moderada
3
Muito significativa
Parte 6 - melhoria do acesso ao seguro: nesta parte é observado se a
organização identifica facilitações na aquisição de seguros e/ou renovação, bem
como a redução no custo deste seguro, visto que as seguradoras reconhecem a
implementação da NBR ISO 14001 como uma preocupação da organização em
se adequar às legislações ambientais.
Parte 6
6. Melhor acesso ao seguro
6.1 A organização notou facilitações na aquisição e/ou renovação do seguro?
Sim ( )
Não ( )
Se sim, cite
qual(is):
6.2 A organização obteve redução no custo do seguro?
Sim ( )
Não ( )
Parte 7 - melhoria no acesso ao capital de baixo custo: nesta parte é
observado se a organização identifica reconhecimento dos investidores e
credores relativo à implementação do SGA, baseados nos prazos, respostas aos
pedidos e taxas dos créditos, visto que muitos investidores já fazem algum tipo de
investigação sobre o desempenho ambiental e muitos bancos estabelecem prérequisitos ambientais para os pedidos de empréstimos.
Parte 7
7. Melhor acesso ao capital de baixo custo
7.1 A organização obteve maior prazo nos créditos?
Sim ( )
Não ( )
7.2 A organização obteve resposta mais rápida ao pedido de crédito?
Sim ( )
Não ( )
7.3 A organização obteve taxas de crédito mais baixas?
Sim ( )
Não ( )
Parte 8 - melhoria na eficiência do processo: nesta parte é observado se a
organização identifica uma melhor abordagem sistemática para identificar os
aspectos e impactos ambientais e para criar objetivos e metas, através de
indicadores e histórico dos processos, citando os indicadores que apresentam
melhora, estabilização ou regressão, visto que a NBR ISO 14001 visa uma
produção mais eficiente. A NBR ISO 14001 também exige um comprometimento
73
com a prevenção da poluição. Isto irá, provavelmente, possibilitar a reavaliação
de processos e tecnologias.
Parte 8
8. Melhoria na eficiência do processo (processos destacados no fluxo do macroprocesso, na
figura abaixo, onde há a representação de um ciclo de produção com vários processos e suas
atividades).
A organização apresentou melhoria na eficiência do processo? Se sim, para responder esse
bloco de questões, siga o exemplo do processo ilustrado a seguir:
Processo: Pintura
Indicador: Resíduos de tintas
Histórico: Diminuição de 10%
8.1 Cite os indicadores ambientais que têm apresentado evolução (melhoria):
Processo 1:
Indicador:
Histórico*:
Processo 2:
Indicador:
Histórico*:
Processo 3:
Indicador:
Histórico*:
Processo 4:
Indicador:
Histórico*:
Processo 5:
Indicador:
Histórico*:
8.2 Cite os indicadores ambientais que não têm apresentado evolução, nem tampouco
regressão (estáveis):
74
Processo 1:
Indicador:
Processo 2:
Indicador:
Processo 3:
Indicador:
Processo 4:
Indicador:
Processo 5:
Indicador:
8.3 Cite os indicadores ambientais que têm apresentado regressão (piora):
Processo 1:
Indicador:
Processo 2:
Indicador:
Processo 3:
Indicador:
Processo 4:
Indicador:
Processo 5:
Indicador:
* Destacar valores absolutos e/ou relativos no histórico. Ex: aumento de 15% no
reaproveitamento de materiais.
Parte 9 - melhoria no desempenho ambiental: nesta parte é observado se a
existência de um SGA em uma organização conduz a melhorias no desempenho
ambiental, visto que o sistema permite uma melhor verificação se os objetivos e
metas estabelecidos são alcançados, assim resultando em melhoria.
Parte 9
9. Melhoria no desempenho ambiental
9.1 Constatou-se que a melhoria do desempenho ambiental global da organização foi:
1
Pouco significativa
2
De significância moderada
3
Muito significativa
Parte 10 - melhoria na gestão global: nesta parte é observado se a NBR
ISO 14001 pode fornecer uma abordagem comum de terminologia e gestão,
através da verificação do impacto da SGA sobre os demais planos de gestão da
organização e da sistematização em outros processos, visto que em organizações
nas quais as práticas de gestão são menos sofisticadas, uma abordagem
sistemática pode influenciar de forma positiva as outras questões chaves da
organização.
75
Parte 10
10. Melhoria na gestão global
10.1 A organização notou um impacto do SGA sobre os demais planos de gestão, além do plano
de gestão ambiental (marketing, RH, financeiro, etc...)?
Sim ( )
Não ( )
10.2 A organização notou uma maior sistematização em outros processos além dos que
envolvem somente as questões ambientais, tais como os burocráticos, relacionados à
propaganda, relacionados à contratação de funcionários, etc.?
Sim ( )
Não ( )
Cite o processo:
Parte 11 - redução de custos/aumento de receita: nesta parte é observado
se a organização identifica diminuição dos seus custos, bem como aumento de
receita, visto que a NBR ISO 14001 conduz a maior eficiência, o que significa
aumento de competitividade.
Parte 11
11. Redução de custos/aumento de receita
11.1 Em que números de porcentagem foi a redução de custos na organização?
a)
Abaixo de 10%
b)
De 10% a 30%
c)
De 30% a 50%
d)
Acima de 50%
Não houve redução de custos.
e)
11.2 Em que números de porcentagem foi o aumento da receita da organização?
a)
Abaixo de 10%
b)
De 10% a 30%
c)
De 30% a 50%
d)
Acima de 50%
e)
Não houve aumento da receita.
Parte 12 - relações com os clientes: nesta parte é observado o atendimento
às expectativas dos clientes quanto à preocupação ambiental da organização e se
a organização conseguiu resgatar clientes perdidos pela falta da certificação.
Ainda é solicitada uma dissertação sobre os principais questionamentos desses
clientes quanto à questão ambiental, visto que questões não tão tradicionais como
a ambiental estão cada vez mais presentes nas considerações dos clientes, além
das preocupações comuns como preço e qualidade do produto.
Parte 12
12. Relações com os clientes
12.1 A organização percebeu aumento na preocupação dos clientes quanto às questões
ambientais?
Sim ( )
Não ( )
76
12.2 A organização conseguiu "resgatar" algum cliente que havia perdido justamente pela falta
da referida certificação?
Sim ( )
Não ( )
12.3 Disserte sobre os principais questionamentos (dúvidas e exigências) dos clientes quanto à
questão ambiental:
Parte 13 - melhoria na relação com os fornecedores: nesta parte é
observado o atendimento de questões ambientais exigidas por fornecedores,
através da firmação de novos contratos após a posse da certificação e a
exigência da organização perante seus fornecedores para que estes possuam a
certificação, bem como a porcentagem destes que já são certificados, visto que a
norma atende a todos os requisitos ambientais estabelecidos pelo mercado
mundial e hoje é muito comum organizações imporem restrições ambientais nos
termos e condições de seus subcontratos, a fim de reduzir o próprio risco e
responsabilidade.
Parte 13
13. Relação com os fornecedores
13.1 A organização firmou novos contratos de fornecimentos, antes não atendidos pela falta da
certificação?
Sim ( )
Não ( )
13.2 A organização passou a exigir de seus fornecedores a certificação?
Sim ( )
Não ( )
13.3 Que porcentagem de seus fornecedores mais frequentes possuem a certificação?
a) Abaixo 25%
b) De 25% a 50%
c) De 50% a 75%
d) De 75 a 100%
e) Os fornecedores não possuem a certificação NBR ISO 14001.
Parte 14 - melhoria na relação com os funcionários: nesta parte é observado
se a organização identifica diminuição da rotatividade, aumento da auto-estima
dos funcionários e a melhoria na relação destes com a alta administração, visto
que esses quesitos podem custar caro para a organização, sendo que uma força
de trabalho mais motivada e de qualidade pode melhorar a produtividade da
organização.
77
Parte 14
14. Relação com os funcionários
14.1 A rotatividade da organização diminuiu?
Sim ( ) Não ( )
14.2 Os funcionários expressam mais orgulho de seu trabalho?
Sim ( ) Não ( )
14.3 Constatou-se que a melhoria na relação da alta administração com os funcionários foi:
1
2
3
Pouco signifitiva
De significância moderada
Muito signifitiva
Parte 15 - melhoria nas relações com outros detentores de interesses: nesta
parte é observado se a organização identifica um controle de suas ações por
parte dos grupos ambientais e uma melhora na sua relação com as comunidades
onde operam, visto que a opinião de grupos ambientais, acadêmicos, de
pesquisas e de outros detentores de interesses sobre a organização exerce real
influência sobre as escolhas dos compradores.
Parte 15
15. Relações com outras partes interessadas
15.1 Os grupos ambientais locais expressam controlar as ações da organização relativas ao
meio ambiente?
Sim ( ) Não ( )
15.2 Constatou-se que a melhoria na sua relação com as comunidades onde opera foi:
1
Pouco signifitiva
2
De significância moderada
3
Muito signifitiva
Parte 16 - melhoria na imagem pública: nesta parte é observado se a
organização identifica ganho na imagem pública, através do recebimento de
elogios, a sua maior associação ao cuidado com o meio ambiente e o grau de
constatação da melhoria de imagem pública pela organização, visto que uma
organização que é reconhecida por seu SGA e por seu desempenho ambiental
será vista de forma muito mais positiva pela mídia do que outras organizações.
Parte 16
16. Melhoria na imagem pública
16.1 A organização vem recebendo elogios da comunidade (formais ou informais) pela sua
certificação e por suas ações ambientais?
Sim ( )
Não ( )
Não tenho conhecimento ( )
16.2 A imagem da organização está mais associada (sob o ponto de vista da comunidade) ao
cuidado com o meio ambiente?
Sim ( )
Não ( )
Não tenho conhecimento ( )
78
16.3 Constatou-se que a melhoria da imagem da organização (sob o ponto de vista da opinião
pública) foi:
1
Pouco significativa
2
De significância moderada
3
Muito significativa
Parte 17 - degrau para o desenvolvimento sustentável: nesta parte é
observado
se
a
organização
identifica
seu
encaminhamento
para
o
desenvolvimento sustentável, bem como o significado de sustentabilidade, visto
que a norma por si só não garante esse desenvolvimento, porém, a sua adoção
representa uma maior facilidade nesse caminho.
Parte 17
17. Degrau para o desenvolvimento sustentável
17.1 A organização conclui que está caminhando para um desenvolvimento sustentável?
Sim ( )
Não ( )
17.2 A partir da questão anterior disserte sobre o significado de sustentabilidade para a
organização:
Parte 18 - ganhos alcançados e não alcançados: nesta parte são
investigados quais os ganhos que a organização alcança com a implementação
da NBR ISO 14001 e os ganhos esperados pela alta direção mas não alcançados,
visto que nem todas as expectativas necessariamente serão verificadas.
Ressalta-se que esta questão deve ser respondida de modo discursivo.
Parte 18
18. Ganhos alcançados e não alcançados
18.1 Faça uma avaliação global e discorra sobre os ganhos alcançados pela empresa:
79
18.2 Faça uma avaliação global e discorra sobre os ganhos esperados, mas não alcançados
pela empresa:
5.5
COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi feita através do questionário enviado por e-mail ao
responsável pelo SGA de cada organização no período compreendido entre os
dias 06/08/2010 e 01/10/2010.
Ressalta-se que o tempo de coleta de dados foi duas vezes maior do que o
estabelecido no plano de pesquisa, motivado pela demora na resposta do
questionário por parte das organizações pesquisadas, sendo que somente quatro
das sete contatadas responderam ao instrumento de coleta de dados,
contrariando a expectativa inicial das pesquisadoras, uma vez que quando do
planejamento da pesquisa, realizado em fevereiro de 2010, as organizações
mostraram-se pré-dispostas em participar e colaborar com a execução da
pesquisa.
Merece destaque, também, o fato de que das quatro organizações
efetivamente pesquisadas, aqui denominadas simplesmente de empresas “A”,
“B”, “C” e “D”, três são, respectivamente, fornecedoras de insumos e somente
uma é de construção de obras de engenharia.
Uma vez que os questionários foram respondidos e enviados para as
pesquisadoras, procedeu-se, na sequência, uma avaliação prévia das respostas
dadas. Uma vez que houve dificuldades na interpretação das repostas, foram
80
feitos novos contatos telefônicos com os respondentes a fim de sanar as dúvidas
que se apresentaram.
A partir do momento que as dúvidas foram dirimidas, partiu-se para a efetiva
interpretação dos dados.
5.6
APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
A análise dos dados foi feita, primeiramente, considerando-se as questões
individualmente em cada uma das “partes” do questionário. Uma vez concluída a
análise individual, partiu-se para a avaliação da parte como um todo.
Para a apuração dos resultados, considerou-se inicialmente o conjunto
formado pelas quatro organizações avaliadas, sendo que estes dados estão
apresentados de forma escrita parte a parte. Posteriormente, avaliou-se cada uma
das organizações individualmente, e estes dados estão apresentados em tabelas
e figuras. Por fim, estão apresentados os dados relativos ao resultado final quanto
ao grau de avaliação de todas as organizações perante os benefícios
questionados.
Antes de apresentar os resultados encontrados em cada parte, será feita
uma
apresentação
das
características
de
cada
empresa
para
melhor
entendimento dos resultados na tabela abaixo:
Tabela 4 – Caracterização das empresas pesquisadas
CONTINUA
Empresa A
Setor de atuação
Fornecedora
N⁰ de Funcionários
637
Porte da empresa
Grande
Data da certificação NBR ISO 14001
37469
Certificado NBR ISO 9001
sim
Certificado OHSAS 18001
sim
81
CONCLUSÃO
Empresa B
Setor de atuação
Fornecedora
N⁰ de Funcionários
314
Porte da empresa
Grande
Data da certificação NBR ISO 14001
39022
Certificado NBR ISO 9001
sim
Certificado OHSAS 18001
sim
Empresa C
Setor de atuação
Fornecedora
N⁰ de Funcionários
698
Porte da empresa
Grande
Data da certificação NBR ISO 14001
37926
Certificado NBR ISO 9001
sim
Certificado OHSAS 18001
sim
Empresa D
Setor de atuação
Construtora
N⁰ de Funcionários
1200
Porte da empresa
Grande
Data da certificação NBR ISO 14001
39234
Certificado NBR ISO 9001
sim
Certificado OHSAS 18001
sim
Após a caracterização das empresas, segue-se com a apresentação dos
resultados parte a parte do questionário.
Parte 1 - dados gerais da organização
Os resultados revelam uma maior adesão do SGA por organizações de
médio e grande porte (no caso uma organização de médio porte -de 100 a 499
funcionários- e três organizações de grande porte - 500 ou mais funcionários), e
ainda
revela
que
todas
as
organizações
pesquisadas
conquistaram
conjuntamente ou anteriormente à NBR ISO 14001 os certificados da NBR ISO
9001 (Sistema de gestão com foco na qualidade) e OHSAS 18001 (Occupational
Health & Safety Advisory Services – Sistema de gestão com foco na saúde e
segurança).
82
Parte 2 - resultados relativos ao acesso ao mercado
Sobre os resultados relativos ao acesso ao mercado, três das quatro
organizações entrevistadas afirmaram ter firmado negócios nos quais a
certificação era exigida e, em duas delas, as transações comerciais foram
intensificadas entre 10% e 30%, em uma delas acima de 30% (organização D) e a
outra afirmou não haver intensificação das transações comerciais (organização
C).
Parte 3 - gestão de conformidade
A melhoria na administração de regras ambientais impostas por leis e
regulamentos foi muito significativa em duas das organizações e de significância
moderada nas outras duas.
Parte 4 - incentivos reguladores
Duas das quatro organizações notaram que as inspeções pelos órgãos
reguladores ocorreram com menos frequência. No entanto, nenhuma organização
obteve outro benefício perante estes órgãos, além da redução no número de
inspeções.
No que diz respeito às multas ambientais, a redução se mostrou presente
também em duas organizações e, tendo em vista que uma das organizações ao
responder a esta questão citou não ter em sua história multas ambientais, esse
resultado torna-se muito significativo, visto que as organizações mantiveram seu
desempenho ou evoluíram.
Parte 5 - redução da responsabilidade e do risco
A certificação garantiu a prevenção de acidentes em todas as organizações,
observando que duas delas afirmaram nunca terem tido acidente ambiental, o que
pode representar, na sua totalidade, a redução do risco ambiental. Assim, a
melhoria na prevenção de acidentes foi muito significativa em três das
organizações e de significância moderada em uma delas.
Parte 6 - melhoria do acesso ao seguro
As facilitações na aquisição e/ou renovação do seguro foram notadas por
três das quatro organizações, sendo que algumas delas até citaram que a
certificação já é um critério de forte influência na análise de risco das
83
seguradoras. Consequentemente, a redução no custo do seguro também foi um
ponto notado por duas das três organizações que notaram facilitações na
aquisição e/ou renovação do seguro.
Parte 7 - melhoria no acesso ao capital de baixo custo
O acesso ao capital de baixo custo foi um item em que as respostas obtidas
não foram as esperadas, pois nenhuma das organizações afirmou ter obtido maior
prazo nos créditos e nem respostas mais rápidas ao pedido de crédito, e apenas
uma das quatro organizações afirmou ter obtido taxas de crédito mais baixas. Tal
fato pode revelar que este benefício, citado pela bibliografia, pode ainda não ter
sido observado pelas organizações brasileiras ou do setor de engenharia civil e
insumos.
Parte 8 - melhoria na eficiência do processo
A organização “A” notou melhoria (entre 10% e 30%) na eficiência
operacional, na quantidade de CO2 por tonelada de cimento, na substituição
energética, na eficiência energética e no rasgamento de sacaria.
Devido ao fato da organização “A” fabricar cimentos, argamassas e
concretos, estes são indicadores muito significativos na produção, o que mostra o
real "ataque" do SGA nas questões ambientais mais importantes da produção.
Contudo, dentro dos indicadores citados como os de regressão (piora), foi
citado o indicador energético, o que contrapõe os dados dos indicadores de
evolução, assim como a melhoria registrada, que foi de somente 5% e, portanto,
concluiu-se que na verdade essa melhoria na eficiência energética possa ter sido
insignificante.
A organização “B” optou por não fornecer as informações sobre seus
indicadores ambientais, o que foi de grande surpresa, visto que ela declara em
seu site que o objetivo do seu SGA é garantir todo o acompanhamento do
processo, desde a utilização de matérias-primas, passando pela parte industrial e
de distribuição de produtos, até a correta destinação dos co-produtos gerados no
processo. A organização afirma, também, que quase 80% dos seus co-produtos
gerados são reaproveitados e cerca de 97% da água que utiliza é reaproveitada,
além de lançar projetos segundo o conceito de sustentabilidade, visando uma
melhor gestão sobre os resíduos siderúrgicos.
84
A organização “C” citou como indicador ambiental que tem apresentado
melhoria a emissão de particulados a partir da clinquerização, com uma redução
muito significativa, de 10 vezes menos material, a partir da data da certificação.
Tendo em vista que a clinquerização é um dos processos mais importantes da
fabricação do cimento, pois produz a matéria-prima principal para os diferentes
tipos de cimentos, essa melhoria pode ser o grande resultado da implementação
do SGA nesta organização. No entanto, partindo de declarações feitas pela
organização, de que a mesma possui co-processamento de resíduos, foi notada
na resposta ao questionário a ausência do indicador de resíduos gerados.
A organização “D” apresentou o resíduo de concreto, o resíduo de ferro, o
resíduo de madeira e o resíduo de papel como indicadores ambientais que
apresentaram melhoria, sendo que os resíduos de papel apresentaram índices de
melhoria entre 10% e 15%. Considerando que a organização realiza obras em
diversos setores da engenharia e possui muitos processos, percebe-se uma
quantidade muito pequena de processos monitorados nas questões ambientais.
Porém, os números apresentados são de grande importância para a organização,
sendo parte dos processos mais significativos da mesma.
Parte 9 - melhoria no desempenho ambiental
A melhoria no desempenho ambiental das organizações após a certificação
foi considerada moderadamente significativa em três das quatro pesquisadas e
muito significativa em uma delas, o que pode demonstrar que as organizações
esperavam mais após a implementação do SGA, ou já eram organizações com
desempenho ambiental significativo antes da implementação, e assim houve
somente uma evolução da simples continuidade das ações ligadas às
preocupações ambientais.
Parte 10 - melhoria na gestão global
No que diz respeito à gestão global, todas as organizações pesquisadas
afirmaram que notaram um impacto do SGA sobre os demais planos de gestão
(além do plano de gestão ambiental), e três das quatro organizações afirmaram
haver uma maior sistematização em outros processos além dos que envolvem
somente as questões ambientais.
85
Nesse sentido, na organização “A” observou-se essa sistematização na
contratação de prestadores de serviços e na aquisição de materiais e
equipamentos com mais eficiência; na organização “C” notou-se a inter-relação de
todos os processos, melhoria esta que foi atribuída à certificação integrada ISO
9001, ISO 14001 e OHSAS 18001; na organização “D” notou-se a sistematização
no processo de contratação de funcionários e terceiros.
Parte 11 - redução de custos/aumento de receita
Sobre a redução de custos/aumento de receita, duas das quatro
organizações obtiveram entre 10% e 30% de redução dos custos, uma obteve
aumento da receita de 10% a 30% e uma delas em menos de 10%, sendo que na
organização “D” essas informações não foram levantadas e na organização “C”
não houve redução dos custos ou aumento da receita. Fazendo-se uma análise
desses valores e considerando o pequeno número de entrevistados, pode-se
inferir que houve um relativo aumento da receita e redução dos custos pelas
organizações a partir da implementação da NBR ISO 14001, pois há que se
poderar, também, o recente “aquecimento” da economia brasileira.
Parte 12 - relações com os clientes
Dentre as organizações pesquisadas, todas afirmaram notar maior
preocupação dos clientes em relação às questões ambientais após a certificação,
sendo a destinação de embalagens e resíduos, o certificado de emissões de CO2,
o controle de documentação ambiental (licenças ambientais, alvarás de
funcionamento, certificados de regularidade do IBAMA - Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), as solicitações de
auditorias e o tratamento de efluentes os principais itens de indagação dos
clientes. Também em duas das quatro organizações houve o resgate de clientes
antes perdidos pela falta da certificação.
Parte 13 - melhoria na relação com os fornecedores
Apenas uma das quatro organizações (no caso a organização “D”) afirmou
ter firmado novos contratos de fornecimento antes não atendidos pela falta da
certificação, e somente a organização “A” afirmou que passou a exigir de seus
fornecedores a certificação.
86
Quanto à porcentagem dos fornecedores mais frequentes que possuem a
certificação, merece destaque o fato de que em três das quatro organizações,
menos de 25% dos fornecedores apresentam a certificação, e em apenas uma
organização a porcentagem dos fornecedores que apresentam a certificação é de
75% a 100% (organização “C”).
Parte 14 - melhoria na relação com os funcionários
Em todas as organizações observou-se que os funcionários passaram a
expressar mais orgulho de seu trabalho, bem como houve melhoria na relação da
organização com os seus funcionários a partir da certificação. Porém, somente
em duas delas notou-se menor rotatividade dos mesmos. Tal fato pode revelar
que somente a implementação de um SGA não garante a satisfação e o
desempenho máximo dos funcionários.
Parte 15 - melhoria nas relações com outros detentores de interesses
No que tange às relações com outras partes interessadas, todas as
organizações afirmaram que os grupos ambientais locais controlam suas ações
relativas ao meio ambiente, e constataram haver melhoria na relação com a
comunidade onde operam.
Parte 16 - melhoria na imagem pública
A melhoria da imagem pública, como já esperado, foi observada por todas
as organizações, por meio do recebimento de elogios da comunidade (formais ou
informais) pela sua certificação, por suas ações ambientais e pela imagem da
organização estar mais associada (sob o ponto de vista da comunidade) ao
cuidado com o meio ambiente, sendo que duas delas afirmaram que essa
melhoria foi muito significativa.
Parte 17 - degrau para o desenvolvimento sustentável
Todas as organizações concluíram que estão caminhando para um
desenvolvimento sustentável, e no seu conceito acerca de sustentabilidade, todas
apresentaram ideias semelhantes, as quais são: a preservação dos recursos
naturais para atender gerações futuras, a garantia de lucro para os acionistas e
colaboradores e a melhoria contínua do desempenho ambiental.
Parte 18 - ganhos alcançados e não alcançados
87
Sobre os ganhos alcançados a partir da certificação NBR ISO 14001, a
organização “A” cita que no ano de 2009 foi premiada por alcançar a menor
emissão de CO₂ por tonelada de produto, atribuindo esse resultado ao contínuo
comprometimento da indústria em reduzir o consumo de combustíveis fósseis, à
intensificação da utilização de combustíveis alternativos e matéria-prima, além da
melhoria contínua dos seus processos, intensificando a eficiência energética e a
redução de perdas.
A organização “B” notou melhorias na segurança e nos processos, bem
como a redução de desperdícios, a maior organização das áreas, o maior orgulho
dos colaboradores e o atendimento à legislação.
De semelhante modo, a organização “C” relata que, com a certificação
ambiental, o controle aplicado sobre a interação dos seus processos com o meio
ambiente foi sistematizado e que todos os aspectos e impactos ambientais estão
mapeados e gerenciados com o objetivo de melhoria contínua no desempenho
desse quesito, o que já era esperado, pois sem a determinação dos processos e
suas interações não é possível certificar o SGA.
A organização “D”, com uma visão mais econômica que o SGA lhe trouxe,
afirmou que está mais competitiva no mercado em que atua.
A organização “B” foi a única das quatro organizações que afirmou não ter
alcançado alguns resultados que eram esperados, relatando que ainda existem
poucos clientes que estão interessados nas questões ambientais dos produtos
que adquirem, mas que nos últimos dois anos esta postura está mudando
consideravelmente. Os dados revelam que três das quatro organizações não
apresentaram respostas a este item, o que pode significar que todos os ganhos
esperados foram alcançados por estas, ou esta foi uma questão simplesmente
não respondida.
Considerando-se o significativo volume de informações oriundas da
pesquisa realizada, a tabela 5 e as figuras 8, 9, 10 e 11 a seguir retratam, de
forma sumarizada, os resultados alcançados pelas organizações pesquisadas, a
partir do momento que conquistaram a certificação NBR ISO 14001:
88
Tabela 5 - Avaliação dos benefícios observados por cada uma das
organizações a partir da certificação NBR ISO 14001
Parte
Benefício
Avaliação
Organização
A
Avaliação
Organização
B
Avaliação
Organização
C
Avaliação
Organização
D
2
acesso ao
mercado
MS
SMOD
SMOD
MS
3
gestão de
conformidade
SMOD
MS
MS
SMOD
4
incentivos
reguladores
SMOD
MS
INS
SMOD
5
responsabilidade
e do risco
MS
MS
MS
SMOD
6
acesso ao
seguro
MS
MS
SMOD
INS
7
acesso ao
capital de baixo
custo
INS
INS
INS
SMOD
8
eficiência do
processo
MS
NINF
MS
MS
9
desempenho
ambiental
SMOD
SMOD
MS
SMOD
10
gestão global
MS
SMOD
MS
MS
11
redução de
custos/aumento
de receita
SMOD
SMOD
INS
NINF
12
relações com os
clientes
MS
SMOD
SMOD
MS
13
relação com os
fornecedores
SMOD
INS
SMOD
MS
14
relação com os
funcionários
SMOD
MS
MS
SMOD
15
relações com
outros
detentores de
interesses
MS
MS
MS
SMOD
16
imagem pública
SMOD
MS
MS
SMOD
17
desenvolvimento
sustentável
MS
MS
MS
MS
LEGENDA: MS – muito significativo; SMOD – de significância moderada; INS – insignificante; NINF –
não informado
89
Figura 9 – Grau de avaliação dos benefícios observados pela organização
“A” a partir da certificação NBR ISO 14001
A figura 9 mostra que a organização A afirmou ter avaliado a melhoria de
50% dos benefícios como muito significativa, 44% como de significância
moderada e 6% como insignificante.
Figura 10 – Grau de avaliação dos benefícios observados pela organização
“B” a partir da certificação NBR ISO 14001
90
A figura 10 mostra que a organização B afirmou ter avaliado a melhoria de
54% dos benefícios como muito significativa, 33% como de significância
moderada e 13% como insignificante.
Figura 11 – Grau de avaliação dos benefícios observados pela organização
“C” a partir da certificação NBR ISO 14001
A figura 11 mostra que a organização C afirmou ter avaliado a melhoria de
56% dos benefícios como muito significativa, 25% como de significância
moderada e 19% como insignificante.
Figura 12 – Grau de avaliação dos benefícios observados pela organização
“D” a partir da certificação NBR ISO 14001
91
A figura 12 mostra que a organização D afirmou ter avaliado a melhoria de
40% dos benefícios como muito significativa, 53% como de significância
moderada e 7% como insignificante.
Analisando os gráficos acima mostrados de forma a relacionar a
porcentagem de melhoria “muito significativa” e “insignificante”, pode-se verificar
que a organização que obteve melhor resultado quanto aos benefícios analisados
neste trabalho, foi a organização A, e a organização que teve o pior resultado foi a
organização D.
Considerando-se o grande número de aspectos avaliados e a consequente
dificuldade de uma avaliação conjunta dos mesmos, a tabela 5 a seguir retrata, de
forma sintética, os benefícios alcançados pelas organizações a partir da
certificação NBR ISO 14001.
Ressalta-se que os referidos benefícios foram relacionados com as
constatações das organizações quanto a eles, podendo ser estas muito
significativa, de significância moderada ou insignificante, onde muito significativa
representa resposta positiva na maioria das questões do item, de significância
moderada representa pelo menos uma resposta positiva no item e insignificante
representa nenhuma resposta positiva no item.
Ainda para uma melhor avaliação numérica dos resultados, foi calculada
uma média para cada parte do questionário. Para se obter essa média, foi
92
atribuído o número 3(três) para muito significativo, o número 2(dois) para
significância moderada e o número 1(um) para insignificante. Assim, a partir dos
resultados da tabela 5, foi feita a atribuição de valores e calculada a média
demonstrada na tabela 6. Vale ainda ressaltar que o arredondamento foi feito da
seguinte forma: média até a casa decimal de 0,49 foi arredondada para baixo e a
partir da casa decimal 0,50 foi arredondada para cima.
Assim, a tabela abaixo é resultado da síntese de todos os aspectos
verificados em cada parte do questionário.
Tabela 6 – Avaliação dos benefícios observados pelas organizações a
partir da certificação NBR ISO 14001
Parte
Benefício
Avaliação pelas
organizações
Média
2
acesso ao mercado
MS
2,5
3
gestão de conformidade
MS
2,5
4
incentivos reguladores
SMOD
2,0
5
responsabilidade e do risco
MS
2,8
6
acesso ao seguro
SMOD
2,3
7
acesso ao capital de baixo
custo
INS
1,3
8
eficiência do processo
MS
3,0
9
desempenho ambiental
SMOD
2,3
10
gestão global
MS
2,8
11
redução de custos/aumento de
receita
SMOD
1,7
12
relações com os clientes
MS
2,5
13
relação com os fornecedores
SMOD
2,3
14
relação com os funcionários
MS
2,5
15
relações com outros detentores
de interesses
MS
2,8
16
imagem pública
MS
2,5
17
desenvolvimento sustentável
MS
3,0
LEGENDA: MS – muito significativo; SMOD – de significância moderada; INS – insignificante
93
Mediante a observação da tabela 4, nota-se que 10 dos 16 benefícios
citados por Harrington e Knight (2001) foram altamente significativos nas
organizações, 5 foram parcialmente significativos e apenas um não foi
significativo nas organizações, o qual foi a melhoria no acesso ao capital de baixo
custo. A figura 13 a seguir expressa melhor visualização desses dados:
Figura 13 – Percentual relativo ao grau de avaliação dos benefícios
observados pelas organizações a partir da certificação NBR ISO 14001
Observando a figura 13, pode-se notar a grande parte dos benefícios
alcançados com muita significância pelas organizações a partir da certificação
NBR ISO 14001, os quais representam 63% dos 16 benefícios preconizados, e a
pequena parcela dos benefícios não alcançados, que representam apenas 6%.
94
6
CONCLUSÕES
Algumas bibliografias, como o caso de Harrington e Knight (2001), anunciam
diversos benefícios da implementação do SGA. O conhecimento sobre o real
alcance desses benefícios auxilia as organizações que estão em dúvida sobre a
implementação do sistema, tendo em vista que este utiliza de recursos financeiros
e humanos para sua execução. Assim, a intensa evolução da dinâmica
organizacional, exige que, constantemente, estes benefícios sejam verificados e
principalmente particularizados, considerando regiões menores e segmentos
empresariais específicos, para que representem mais fielmente a realidade de
grupos determinados.
Portanto, este trabalho pesquisou os benefícios em 16 diferentes
abrangências nas organizações de engenharia civil e suas fornecedoras
certificadas com a NBR ISO 14001 na cidade de Curitiba-PR. Os benefícios
afirmados pelos autores acima citados foram quase na sua totalidade
comprovados, ou seja, a maior parte dos benefícios foram confirmados, ainda que
com intensidades diferentes em alguns itens.
Após a apresentação e interpretação dos resultados no item anterior, nesta
etapa faz-se comparações e conclui-se sobre as afirmações e as efetivas
respostas dadas pelas organizações, comparações estas que apresentam-se a
seguir:
- sobre o acesso ao mercado era afirmado que ter o SGA poderia ser précondição para se fazer negócios, o que de fato foi comprovado quando as
organizações afirmaram ter fechado negócio onde a certificação era exigida e
ainda terem obtido intensificação nas transações comerciais;
- sobre a gestão de conformidade era afirmado que o SGA é uma garantia
de sistematização e documentação que demonstra a gestão de conformidade
reguladora, o que efetivamente foi verificado pelas organizações, quando estas
pontuaram a melhoria na administração de regras ambientais impostas por leis e
regulamentos como de significância moderada ou de muita significância (50% das
organizações para cada pontuação);
- sobre os incentivos reguladores era afirmado que após a implementação
do sistema a organização notaria incentivos por parte dos órgãos competentes
95
como: inspeções menos frequentes, aprovações, atenuação de multas e
penalidades e menos rigor na avaliação de relatórios, sendo que os incentivos
efetivamente notados foram somente as inspeções com menos frequência e a
redução no número de multas ambientais;
- sobre a redução da responsabilidade e do risco era afirmado que o SGA
garantiria
a
identificação
e
administração
sistemática
do
risco
e
da
responsabilidade ambiental, o que foi totalmente verificado pelas organizações,
pois nenhuma provocou acidente ambiental após a certificação, além de
afirmarem que a melhoria na prevenção de acidentes e atendimentos a
emergências foi muito significativa;
- sobre o melhor acesso ao seguro era afirmado que a obtenção do SGA
poderia facilitar o processo de aquisição do seguro e também poderia diminuir seu
custo, além de influenciar a maneira na qual as seguradoras tratam as
organizações de pequeno e médio porte, dando mais credibilidade a elas. Essas
afirmações foram comprovadas quando as organizações na sua maioria
confirmaram ter tido facilitações na aquisição e/ou renovação do seguro e metade
delas afirmaram ter redução no custo do seguro;
- sobre o melhor acesso ao capital de baixo custo era afirmado que o SGA
poderia dar à organização mais acesso ao capital de baixo custo, podendo até
tornar-se uma condição para investimentos. Este benefício praticamente não foi
verificado pelas organizações pesquisadas, pois nenhuma delas obteve maior
prazo nos créditos ou resposta mais rápida no pedido de crédito e somente uma
delas obteve redução nas taxas de crédito;
- sobre a melhoria na eficiência do processo era afirmado que, como o SGA
exige um comprometimento com a prevenção a poluição, isso iria possibilitar a
reavaliação dos processos, bem como suas matérias-primas e tecnologias. Esse
benefício de fato foi bem representativo para as organizações, principalmente nos
seus processos de produção, que pela pesquisa pôde-se notar que foi onde
ocorreu o maior enfoque do sistema;
- sobre a melhoria no desempenho ambiental era afirmado que o SGA
conduz a organização para as melhorias no desempenho ambiental, pois o
sistema leva a organização a tratar suas questões de forma sistemática e positiva,
96
dando sempre enfoque para a melhoria contínua. Essa melhoria no desempenho
ambiental foi moderadamente significativa para as organizações pesquisadas, o
que pode significar o não amadurecimento do sistema ou uma expectativa muito
acima da verificada;
- sobre a melhoria na gestão global era afirmado que nas organizações onde
as práticas de gestão são menos sofisticadas, uma abordagem sistemática, tal
qual é estabelecida na NBR ISO 14001, pode influenciar de forma positiva as
outras questões-chave da organização, e nas organizações quanto às relações
com fornecedores e clientes, uma abordagem sistemática e documentada pode
gerar maior estabilidade e maior confiança.
Esse benefício foi amplamente verificado pelas organizações, pois todas
notaram a influência do SGA em outros setores da organização que não fossem
diretamente ligados às questões ambientais, e a maioria delas notou a
sistematização de processos que não envolvem somente as questões ambientais;
- sobre a redução de custo/aumento de receita era afirmado que países
altamente desenvolvidos mostraram mais eficiência nos processos, o que significa
aumento de competitividade, diminuição dos custos de produção e aumento da
receita e da lucratividade. Como a pesquisa foi realizada com organizações em
um país em desenvolvimento, esse era um benefício no qual não era esperado
grande retorno.
Em vista disso, os resultados foram muito positivos, pois duas das quatro
organizações afirmaram ter redução nos custos entre 10% e 30% (as outras duas
não revelaram os dados), porém, somente uma delas obteve aumento de receita
com o mesmo percentual da redução de custos, o que também estava dentro do
previsto, já que esta era uma questão que as pesquisadoras esperavam menor
confiabilidade nas respostas, pois muitas organizações não revelam esses dados;
- sobre a melhoria na relação com os clientes era afirmado que, como estes
possuem uma série de expectativas em relação à qualidade do produto, do
serviço e também em relação ao preço, eles podem exigir que seus fornecedores
atendam a certos critérios ambientais específicos.
Desse modo, o SGA é a garantia do atendimento a essas exigências, o que
foi verificado de fato pelas organizações, pois todas afirmaram que após a
97
certificação perceberam aumento na preocupação dos clientes quanto às
questões ambientais e duas das quatro organizações conseguiram "resgatar"
algum cliente que haviam perdido justamente pela falta da referida certificação;
- sobre a melhoria na relação com os fornecedores era afirmado que os
fornecedores que possuem certa política ambiental beneficiam seus fornecidos
com a melhoria de seu produto e/ou serviço. Essa melhoria não foi tão
significativa, pois somente uma organização firmou novos contratos de
fornecimento, antes não atendidos pela falta da certificação, e também apenas
uma organização passou a exigir de seus fornecedores a certificação. Isso pode
significar que nessa relação organização e fornecedor não haja ainda a forte
exigência da certificação;
- sobre a melhoria na relação com os funcionários era afirmado que o SGA
poderia significar um orgulho ao funcionário e o motivaria mais no trabalho, isso
devido ao sistema visar o constante treinamento e capacitação dos funcionários e
a sistematização dos procedimentos. Essa melhoria foi notavelmente verificada
pelas organizações, pois todas afirmaram que os funcionários expressam mais
orgulho de seu trabalho e metade das organizações constatou redução na sua
rotatividade, sendo que a melhoria na relação da alta administração com os
funcionários foi moderadamente significativa ou muito significativa.
- sobre a melhoria nas relações com outros detentores de interesses era
afirmado que a boa relação da organização com a comunidade onde opera, assim
como com grupos ambientais e acadêmicos, significa influência direta na
preferência do comprador, e o SGA poderia garantir e melhorar essa relação.
Essa melhoria foi altamente notada pelas organizações, que afirmaram em sua
totalidade que os grupos ambientais locais acompanham e controlam as ações da
organização relativas ao meio ambiente após a certificação. Ainda, a melhoria na
sua relação com as comunidades onde operam foi no total muito significativa.
- sobre a melhoria na imagem pública era afirmado que a organização após
a sua certificação e demonstração de melhoria do desempenho ambiental seria
vista de forma mais positiva pela mídia, comparada com outras organizações que
não possuem a certificação. Assim, todas as organizações passaram a receber
elogios da comunidade por sua certificação e notaram que a imagem da
98
organização está mais associada (sob o ponto de vista da comunidade) ao
cuidado com o meio ambiente, constatando-se que a melhoria da imagem das
organizações (sob o ponto de vista da opinião pública) foi muito significativa.
- sobre a certificação significar um degrau para o desenvolvimento
sustentável era afirmado que sob a perspectiva de política pública, um SGA
eficiente é um passo no caminho para o desenvolvimento sustentável, deixando o
caminho mais fácil para o alcance da sustentabilidade. Esse benefício foi
verificado por todas as organizações, que afirmaram que o SGA faz com que a
organização caminhe para esse desenvolvimento sustentável.
Por fim, fazendo uma análise global dos resultados e buscando relações
diretas entre os benefícios, pode-se notar forte correlação entre itens, como
gestão da conformidade, incentivos reguladores e redução da responsabilidade e
do risco, ainda entre melhoria na relação com os clientes e a melhoria na imagem
pública. Os três primeiros benefícios compartilham das questões ligadas às ações
preventivas e corretivas do SGA e dois últimos apresentam uma correlação já
esperada, pois quem avalia a imagem da organização são os clientes, e, havendo
melhoria na relação destes com a organização, esta, consequentemente, terá sua
imagem melhor avaliada.
No entanto, também foi identificada a ausência de uma correlação que era
esperada, mas não se apresentou, esta foi entre os itens de melhoria na eficiência
do processo e a redução de custos/aumento da receita, visto que o processo de
produção pode ser considerado o coração da organização e todos os esforços
são direcionados a ele. No entanto, nesta pesquisa, notou-se uma grande
melhoria na eficiência do processo e somente uma moderada redução nos custos
e aumento da receita, o que pode ter sido decorrente da falta de maturidade das
organizações brasileiras quanto à sua relação econômico-ambiental.
Quando a organização implementa o SGA, são geradas expectativas quanto
à esse investimento. Sintetizando os ganhos esperados e alcançados pelas
organizações, pode-se concluir que são basicamente duas as principais
expectativas: a melhoria na imagem pública e a melhoria na eficiência do
processo. A primeira fortemente ligada à manutenção e obtenção de clientes e a
99
segunda é dada pela exigência do alto investimento na modificação dos
processos, às vezes para o atendimento aos requisitos do SGA.
Uma questão também colocada para as organizações foi quanto aos
ganhos esperados mas não alcançados. Nessa questão, somente uma
organização forneceu resposta, onde afirma que ainda existem poucos clientes
que estão interessados nas questões ambientais dos produtos que adquirem, mas
reconhece que esta postura está mudando e que percebeu aumento na
preocupação dos clientes quanto às questões ambientais. Assim, pode-se
concluir que o benefício que gerou grande expectativa mas não foi tão
significativo para esta organização foi a melhoria na relação com os clientes.
Finalmente, fazendo-se uma análise sobre as questões objetivas da
pesquisa, verificou-se que somente um benefício não foi observado pelas
organizações, que foi a melhoria no acesso ao capital de baixo custo, sendo que
nesta questão foram analisados o maior prazo nos créditos, a obtenção de
resposta mais rápida ao pedido de crédito e a obtenção de taxas de crédito mais
baixas, onde somente neste último item apenas uma das quatro organizações
afirmou resposta positiva. Tal fato talvez pode ser explicado pelos bancos e
financeiras ainda não estarem colocando a questão ambiental como exigência
nos seus empréstimos e financiamentos.
100
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
A implementação da NBR ISO 14001 – norma de sistema de gestão
ambiental é uma alternativa real, tangível e cada vez mais utilizada por
organizações de todo o mundo para aprimorar e controlar suas atividades, de
forma a gerenciar melhor seus riscos ambientais. Acredita-se que isso gera maior
produtividade e, consequentemente, maior competitividade para as organizações,
em função da modernização de projetos e processos, da redução do desperdício
de materiais, da emissão de resíduos e gases poluentes e do número de
ocorrências de multas ambientais.
Através dos resultados obtidos por esta pesquisa, espera-se contribuir com
os gestores, para que estes reavaliem seus conceitos ambientais, adotando a
NBR ISO 14001 e, por sua vez, tornarem o sistema gestão ambiental uma
estratégia empresarial efetiva, passando a agir de forma ambientalmente
adequada dentro e fora da organização, visto que foi observado, através dos
contatos com as organizações pesquisadas, que essa ideia de responsabilidade
ambiental declarada ainda não é totalmente verdadeira e eficaz.
No entanto, cabe lembrar que este trabalho possui algumas limitações, como
o número reduzido de entrevistados, justamente pelo estado do Paraná ter um
número pouco significativo de organizações certificadas no setor de construção
civil e sua cadeia de fornecedores, e o fato de que os questionários enviados
foram respondidos pelos responsáveis do sistema de gestão ambiental nas
organizações estudadas. Este alto grau de envolvimento com o sistema pode
influenciar, apesar do anonimato, a isenção das respostas. Contudo, são esses
profissionais que têm uma visão geral e maior conhecimento sobre os SGAs.
Ainda, dentre os maiores desafios encontrados neste projeto, foi exigido das
pesquisadoras uma percepção além do que os números poderiam afirmar; assim,
foi necessário um grande aprofundamento sobre o assunto, o que permitiu um
maior embasamento teórico na interpretação dos resultados.
Levando-se em consideração essa percepção além dos números obtidos na
pesquisa, e analisando a parte 8 do questionário – Melhoria da eficiência do
processo, na qual as empresas deveriam citar indicadores ambientais que
101
apresentaram evolução, regressão ou que não apresentaram evolução nem
regressão, percebeu-se que ainda não há um mapeamento completo das
atividades das organizações, em função das respostas dadas pelas mesmas, nas
quais foi citado um número muito menor de indicadores do que o esperado pelas
pesquisadoras. Isso deve-se, talvez, pelo fato do SGA ser muito recente nas
organizações e, portanto, ainda pouco “maduro”, lembrando que essas
constatações não advém de dados científicos e, sim, da análise da pesquisa
como um todo.
Sendo assim, acredita-se que a partir do momento que o SGA for ganhando
“maturidade” ao longo do tempo, a quantidade dos indicadores será maior e,
desse modo, os mesmos serão mais bem monitorados, revelando de forma mais
segura a eficiência do processo nas organizações.
Outro aspecto que é importante salientar é a redução dos custos/aumento
da receita que, como já discutido, não atingiram valores muito significativos.
Também pode-se inferir que a “imaturidade” dos SGA`s explica tal fato, uma vez
que esses benefícios podem ser considerados, portanto, benefícios de médio a
longo prazo.
Seguindo a mesma linha, constatou-se, por fim, que a implementação da
NBR ISO 14001 realmente traz benefícios às organizações, entretando, devido ao
fato dos seus sistemas de gestão ambiental serem relativamente recentes, esses
benefícios ainda não são alcançados efetivamente em seu potencial pleno,
situação que possivelmente mudará com a manutenção e melhoria contínua dos
SGA`s, além da contínua conscientização por parte dos gestores e funcionários
em relação às questões ambientais das organizações.
Segue assim algumas recomendações para novas pesquisas sobre o
assunto:
- abranger um número maior de entrevistados, expandindo a pesquisa a
nível nacional, se o questionário for enviado por e-mail ou se os pesquisadores
disponibilizarem de tempo suficiente para visitas;
- se possível visitar as organizações para verificar questões relativas aos
indicadores ambientais dos processos declarados.
102
8
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