TERCEIRA IDADE E TURISMO EM JOÃO PESSOA: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A ATUAÇÃO DO SESC Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca Central - Campus I - Universidade Federal da Paraíba P843t Portela, Luciana Kalini Silva Terceira idade e turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC/ Luciana Kalini Silva Portela. - João Pessoa, PB: [s.n.], 2005. 76 p.: il. Orientadora: Carla Mary da Silva Oliveira Monografia (graduação) - UFPB/CCHLA/DECOM, 2005. 1. Turismo (aspectos culturais-João Pessoa). 2. Turismo (aspectos econômicos-João Pessoa). 3. Terceira Idade (turismo-João Pessoa). I. Portela, Luciana Kalini Silva. UFPB/BC CDU 2ª ed. 338.48 (043.2) UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES CURSO DE GRADUAÇÃO EM TURISMO Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC Luciana Kalini Silva Portela João Pessoa - PB Junho - 2005 LUCIANA KALINI SILVA PORTELA TERCEIRA IDADE E TURISMO EM JOÃO PESSOA: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A ATUAÇÃO DO SESC Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Turismo, do Centro de Ciência Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal da Paraíba - UFPB, em cumprimento às exigências da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Turismo. ORIENTADORA: Profª Dra. Carla Mary S. Oliveira João Pessoa - PB Junho - 2005 Esta monografia foi submetida à avaliação da Banca Examinadora composta pelos professores abaixo relacionados, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Turismo, outorgado pela Universidade Federal da Paraíba - UFPB e encontra-se à disposição dos interessados no Laboratório de Turismo da referida Universidade. A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que feita de acordo com as normas de ética científica. LUCIANA KALINI SILVA PORTELA TERCEIRA IDADE E TURISMO EM JOÃO PESSOA: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A ATUAÇÃO DO SESC Monografia aprovada em _____ / ______ / ________ Média Obtida: __________ BANCA EXAMINADORA _______________________________________________ Profª Dra. Carla Mary S. Oliveira Departamento de História - Universidade Federal da Paraíba (Orientadora - Membro da Banca Examinadora) _______________________________________________ Profª Karla Cristinne de Oliveira Matias IESP - Instituto de Educação Superior da Paraíba (Membro da Banca Examinadora) _______________________________________________ Profª Ms. Signe Dayse Castro de Melo e Silva Departamento de Comunicação e Turismo - Universidade Federal da Paraíba (Membro da Banca Examinadora) Dedico este trabalho a Maria do Socorro, minha mãe, por ter me ensinado a lutar por meus ideais, me conduzindo a perceber como é simples alcançar os nossos objetivos através da obstinação. AGRADECIMENTOS Á Deus, por permitir e abençoar o cumprimento desta etapa da minha vida. Ao Serviço Social do Comércio - SESC, por ter me acolhido com tanto carinho e ter permitido o acesso a todas as informações necessárias. À Universidade Federal da Paraíba - UFPB, por ter me conduzido à concretização deste estudo. Meu agradecimento especial à professora Carla Mary, orientadora desta pesquisa, pelo estímulo e solidariedade. Aos meus irmãos, Luciano Portela e Lúcia Portela, pelo incentivo aos meus estudos. À minha mãe, pelo carinho, compreensão e presença nos momentos difíceis. “A história nos ensina que a transformação dos ideais pessoais e, sobretudo sociais, é um processo muito lento. Quase sempre é necessário esperar muito, antes que o indivíduo traduza em fatos uma nova atitude, e antes que os novos valores se integrem também nas estruturas sociais. A mudança só é efetiva quando se galgam todas as etapas; ela não pode ser forçada, no máximo podemos trabalhar no sentido de encoraja-la.” Jost Krippendorf. RESUMO Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC O presente trabalho objetiva mensurar o efeito das atividades turísticas do SESC na promoção da qualidade de vida dos idosos vinculados aos grupos de convivência da mesma entidade. Investigar a operacionalização da política desta entidade se faz importante no sentido de adequar os seus objetivos à realidade que se faz presente, principalmente no que se refere à necessidade de atuação conjunta dos diversos setores afins quanto à promoção do bem-estar da sua clientela. Para possibilitar essa análise utilizou-se do método descritivo, através de uma pesquisa de campo de caráter quantitativo e qualitativo, por meio das técnicas de aplicação de questionários, entrevistas semi-estruturadas e observações empíricas. Os resultados obtidos mostraram que as atividades turísticas podem contribuir significativamente na promoção da qualidade de vida dos integrantes dos grupos da terceira idade do SESC. Porém, essa entidade termina por não favorecer o acesso desses idosos a tais atividades, por priorizar o aspecto categórico em detrimento da efetivação das ações sociais que se propõe a realizar. Palavras-Chave: SESC; Turismo Social; Grupos da Terceira Idade; Qualidade de Vida. ABSTRACT Third Age and Tourism in João Pessoa: a study about SESC and life’s quality This work intends to study the tourist activities of SESC (Serviço Social do Comércio Commerce Social Service) in the promotion of the life’s quality of Third Age Groups on this entity. With qualitative and quantitative surveys, we have measuring the approaching of SESC’s social policies to the reality that is made present, with special emphasis on the relationship between the promotion of the well-being of these groups and the theoretical concepts of Social Tourism. The obtained results showed that the tourist activities can contribute significantly in the promotion of Third Age Groups members life’s quality. However, that entity ends up not favoring the access of those people to such activities, for prioritizing the categorical aspect instead social actions that intends to accomplish. Keywords: SESC; Social Tourism; Third Age Groups; Life’s Quality. LISTA DE TABELAS Tabela 01 - Distribuição por faixa etária da demanda ........................................................... 56 Tabela 02 - Valores - Garanhus/Nova Jerusalém (PE) (2004/2005) ..................................... 56 Tabela 03 - Distribuição da demanda - Garanhus/Nova Jerusalém (PE) (2004/2005) ......... 57 Tabela 04 - Valores - Salvador (BA) (2004/2005) ................................................................ 57 Tabela 05 - Distribuição da demanda - Salvador (BA) (2004/2005) .................................... 58 Tabela 06 - Valores - Maceió (AL) (2004/2005) .................................................................. 59 Tabela 07 - Distribuição da demanda - Maceió (AL) (2004/2005) ...................................... 59 Tabela 08 - Valores - Natal (RN) (2004/2005)/Excursão para a terceira idade ................... 59 Tabela 09 - Categoria da clientela - Natal (RN) (2004)/Excursão para a terceira idade ...... 60 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01 - Distribuição por faixa etária .............................................................................. 39 Gráfico 02 - Distribuição por gênero ..................................................................................... 40 Gráfico 03 - Distribuição por estado civil ............................................................................. 41 Gráfico 04 - Distribuição por renda ...................................................................................... 41 Gráfico 05 - Distribuição por nível de escolaridade ............................................................. 42 Gráfico 06 - Distribuição por condição domiciliar ............................................................... 43 Gráfico 07 - Distribuição por situação de moradia ............................................................... 43 Gráfico 08 - Distribuição por categoria ................................................................................ 44 Gráfico 09 - Distribuição por condição de saúde .................................................................. 45 Gráfico 10 - Distribuição por preferência de atividades ....................................................... 45 Gráfico 11 - Distribuição por gosto pelas viagens ................................................................ 46 Gráfico 12 - Distribuição pela qualidade dos serviços turísticos .......................................... 47 Gráfico 13 - Distribuição por faixa etária .............................................................................. 48 Gráfico 14 - Distribuição por gênero .................................................................................... 49 Gráfico 15 - Distribuição por estado civil ............................................................................. 49 Gráfico 16 - Distribuição por renda ...................................................................................... 50 Gráfico 17 - Distribuição por nível de escolaridade .............................................................. 50 Gráfico 18 - Distribuição por condição domiciliar ................................................................ 51 Gráfico 19 - Distribuição por situação de moradia ................................................................ 51 Gráfico 20 - Distribuição por categoria ................................................................................. 52 Gráfico 21 - Distribuição por condição de saúde .................................................................. 52 Gráfico 22 - Distribuição por preferência de atividades ....................................................... 52 Gráfico 23 - Distribuição por gosto pelas viagens................................................................. 53 Gráfico 24 - Distribuição pela qualidade dos serviços turísticos .......................................... 54 SUMÁRIO Resumo Abstract Lista de Tabelas Lista de Gráficos 1. INTRODUÇÃO................................................................................................................... 13 2. LAZER E TURISMO SOCIAL ........................................................................................ 15 2.1 - O SESC e a Promoção do Turismo Social ................................................................. 21 2.2 - O Papel do Turismo Social na Promoção de Qualidade de Vida Para os Idosos .. 23 2.3 - Os Grupos de Terceira Idade do SESC ..................................................................... 32 2.3.1 - Grupo Renascer............................................................................................... 34 2.3.2 - Grupo Alegria de Viver .................................................................................. 37 3. OS GRUPOS DE TERCEIRA IDADE DO SESC EM JOÃO PESSOA E O TURISMO: UM PERFIL ESTATÍSTICO.......................... 39 3.1 - SESC Centro ................................................................................................................ 39 3.2. - SESC Cabo Branco..................................................................................................... 48 3.3 - Turismo Emissivo do SESC ........................................................................................ 55 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 61 5. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 65 5.1 - Web Sites Consultados ................................................................................................ 66 6. ANEXOS ............................................................................................................................. 67 Anexo 01 - Programações das viagens que foram utilizadas nas tabelas........................ 67 Anexo 02 - Roteiro dos questionários aplicados junto aos grupos de terceira idade do SESC.... 75 Anexo 03 - Roteiro das entrevistas ..................................................................................... 76 *** Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 13 1. INTRODUÇÃO No contexto atual da sociedade o lazer passou a ocupar um lugar de destaque dentro das necessidades humanas em virtude do próprio ritmo imposto pelo capitalismo. Em meados do século XX as classes média e baixa da população européia, através da luta por direitos a melhores condições de vida, passam a ter o acesso facilitado às atividades de lazer ao adquirirem várias conquistas sociais mediadas pelos movimentos sindicalistas. Diante de estudos sociológicos comprometidos com a promoção da sustentabilidade social, a atividade turística reconhece a necessidade e responsabilidade de valorizar a cidadania como uma forma de atividade turística. A partir de então ocorre a inserção social do turismo como uma estratégia para a formação de um novo mundo que busca o desenvolvimento atrelado ao conceito de qualidade de vida em detrimento daquele que vislumbra tão somente o aspecto econômico. O turismo social surge na Europa e passa a ser difundido a partir da primeira metade do século XX, chegando ao Brasil através do Serviço Social do Comércio - SESC a partir da década de 50, com o objetivo de atender aos trabalhadores de baixa renda que não dispunham de oportunidades de lazer turístico. Como ocorreu na promoção do turismo social, o SESC se fez pioneiro na realização do trabalho social com idosos no Brasil a partir da década de 60, ao objetivar contribuir na promoção da qualidade de vida deste segmento populacional, o que veio a influenciar diretamente na implantação da Lei nº 8.842, de 04 de janeiro de 1994, a qual dispõe sobre a Política Nacional do Idoso. Considerando a significância da atuação do SESC nestas duas linhas de ações e que ambas objetivam a promoção da qualidade de vida da população brasileira, surge a necessidade de investigar o grau de relação entre estes dois propósitos desta entidade. O presente trabalho tem como objetivo principal pesquisar e analisar a influência dos serviços de turismo emissivo oferecidos pelo Setor de Turismo Social do SESC na promoção da qualidade de vida dos idosos vinculados aos grupos de convivência desta mesma entidade na cidade de João Pessoa - PB. Apesar de existirem pesquisas abordando a temática - turismo para a terceira idade não foi encontrado nenhum material bibliográfico contemplando a realidade específica dos “Grupos da Terceira Idade” do SESC de João Pessoa, o que se fez necessário recorrer às atitudes dos idosos associados quanto às práticas turísticas realizadas, a fim de compreender como estas interferem na elaboração do conceito de qualidade de vida deste segmento. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 14 Tal investigação poderá influenciar esta entidade, especificamente na cidade de João Pessoa/PB, a refletir quanto à sua proposta, à demanda pretendida e à clientela efetiva que utiliza os seus serviços de turismo emissivo, e, a partir desta reflexão, poder desenvolver linhas de ações que possam maximizar a eficácia da Política Nacional determinada pelo Departamento Nacional do SESC. Além desta contribuição específica, este trabalho poderá subsidiar o desenvolvimento de políticas sociais que venham a dar suporte a programas públicos de promoção de lazer voltados para o segmento em questão, uma vez que, o alcance social do turismo para a terceira idade e seu papel como restaurador da qualidade de vida precisam ser efetivamente fomentados através de ações reais, as quais podem ser viabilizadas através de esforços conjuntos entre o SESC e demais instituições sociais que estejam preocupadas com a promoção da cidadania. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 15 2. LAZER E TURISMO SOCIAL Há muitas formas de definir o lazer, mas em todas as definições o foco central concentra-se nas dimensões do tempo livre, de acordo com (Parker, 1976, p. 21), o lazer é “o tempo de que o indivíduo dispõe, livre de trabalho e de outros deveres, e que pode ser utilizado para fins de repouso, divertimento, atividades sociais ou aprimoramento pessoal”, de livre e espontânea vontade. O mesmo autor alega que a quantidade de tempo de que dispomos para o lazer irá determinar o que poderemos fazer neste período e que, em nenhuma hipótese, poderemos considerar o lazer como sendo tão somente o tempo livre, pois, por exemplo, existem as pessoas que se aposentam com baixos rendimentos, dispondo geralmente de muito tempo livre, mas que não estão realizando necessariamente lazer neste tempo. O turismo, sendo uma atividade de lazer, encontra-se diretamente associado ao conceito de tempo livre, sendo este descrito por (Molina, 2001, p. 42) como “uma realidade e um conceito que, de forma geral, nasce durante o século XIX, nos países desenvolvidos do globo e significa o resultado das conquistas trabalhistas dos setores médio e baixo da população”. O tempo ocupado é conceituado pelo mesmo autor como sendo “aquele durante o qual o indivíduo realiza tarefas de caráter obrigatório ou indispensável para a sua sobrevivência”, incluindo-se em tais atividades os compromissos de caráter trabalhista, familiar, doméstico, social e fisiológico. Para o referido autor, o tempo livre deverá ser utilizado pelo indivíduo conforme os seus interesses pessoais, sendo assim, “o tempo livre representa uma oportunidade para a auto realização, a vivência transcendental e a plenitude; o tempo dedicado à sobrevivência seria o contrário” (Molina, 2001, p. 43). A concepção do lazer como algo a mais do que tempo livre vem desde os filósofos clássicos da antiga Grécia, especialmente Aristóteles e Platão: “A concepção grega de lazer baseava-se numa associação à ‘aprendizagem’ ou cultivo do eu, em lugar de basear-se em tempo livre” (Parker, 1976, p. 26). Para Aristóteles apenas duas atividades eram designadas como lazer: a música e a contemplação, sendo esta última enfatizada - “O homem em contemplação é um homem livre. De nada necessita. Portanto, nada determina ou deturpa seu pensamento. Ele faz aquilo que ama fazer, e o que faz é feito por prazer” (Parker, 1976, p. 27). Faz-se importante destacar que a sociedade grega associava o lazer “ideal” a natureza de um homem livre, e que tal sociedade encontrava-se dentro do modelo escravista, o qual restringia a liberdade para uma elite privilegiada. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 16 Nas sociedades primitivas não é definida a divisão entre trabalho e lazer, pois em muitas das atividades cotidianas existia o caráter lúdico; em tais atividades encontravam-se os aspectos recreativos, como cantos e narrações de histórias durante o trabalho, percebendo-se uma acentuada integração entre o trabalho e o lazer. Os rituais por ocasião de nascimento, iniciação, casamentos e mortes constituíam parte significativa da religião, mas as festividades, a dança e a bebida proporcionavam também uma quebra da monotonia cotidiana: “As atividades econômicas, rituais, religiosas e de lazer não eram tão nitidamente diferenciadas, temporal ou espacialmente, quanto o são na sociedade moderna” (Parker, 1976, p. 25). O equivalente ao lazer em sociedades mais simples consistia em parte no descanso do trabalho de subsistência, e em parte na participação em atividades estereotipadas, principalmente relacionadas às cerimônias. Tais atividades não eram categorizadas como lazer por aqueles que as praticavam, mas sim como algo integrante do próprio cotidiano; sendo assim, não havia propriamente um lazer consciente, mas algo equivalente ao que hoje definimos como tal. “Em tais sociedades a maior parte do tempo é usada, se não no trabalho, em alguma outra “atividade estruturada”. Ocasiões festivas, tais como casamentos, batizados, aniversários e festividades são comuns; mas, embora tendo caráter obrigatório, funcionam como atividades de lazer.” (Parker, 1976, p. 24) Na sociedade pré-industrial o trabalho constituía parte essencial da vida cotidiana e o lazer não era um período separado do dia, o trabalho era realizado dentro da própria casa ou próximo à ela, interagindo os afazeres da comunidade com conversas amistosas e outras distrações: “Apenas quando o trabalho veio a ser realizado em lugares especiais, durante um período específico e sendo determinadas as condições, o lazer passou a ser exigido como um direito” (Parker, 1976, p. 29). Percebemos assim que, ao contrário do “lazer” das sociedades mais simples, que estava naturalmente inserido nas demais atividades cotidianas, o lazer da sociedade moderna passa a ter uma estrutura complexa, sendo determinado por várias indústrias de entretenimento. A partir da sociedade industrial, caracterizada por sua produção e consumo de massa, o lazer torna-se um produto comercializado, sendo usufruído mais em bases individuais do que como parte da vida comunitária ou familiar. Alguns autores consideram que o lazer existia em todos os períodos e em todas as civilizações, já outros defendem que as condições para o desenvolvimento do conceito de lazer existem apenas nas sociedades industriais e pós-industriais, de acordo com Sebastian de Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 17 Gracia (apud Dumazedier, 1979, p. 26), “O tempo fora do trabalho seria tão antigo quanto o próprio trabalho, porém o lazer possui características específicas da civilização da Revolução Industrial”. Segundo Dumazedier foram necessárias duas condições básicas na sociedade para que o lazer se tornasse possível para a maioria dos trabalhadores: ¾ As atividades sociais não serem mais regradas por obrigações rituais impostas pela comunidade, passando o lazer a ser determinado pela livre escolha do indivíduo; ¾ O trabalho profissional passar a não ser mais tão dependente das regras da natureza, separando-se nitidamente o tempo livre do tempo de trabalho. Alguns estudiosos defendem a independência relativa do lazer com respeito ao trabalho, já outros concordam com a proximidade e até mesmo a interação destas duas atividades sociais. Os primeiros tendem a defender modelos de lazer criados para compensar a degradação que trabalho causa na vida dos que se tornam alienados diante de certas situações de trabalho; já os últimos, ao contrário, buscam uma revisão da situação laboral no que concerne ao progresso técnico e social das tarefas, a fim de promover um lazer de melhor qualidade. O turismo, sendo caracterizado como uma atividade de lazer, passou a ser considerado como um dos fenômenos mais expressivos da sociedade pós-industrial (dado o seu caráter econômico, político, social e cultural), o qual vem ganhando um espaço cada vez maior na sociedade moderna. A princípio, era reservado aos integrantes da classe aristocrática, tornando-se acessível para um público cada vez maior após o processo de democratização ocidental, marcado pelas revoluções sociais e pelo progresso tecnológico e organizacional, os quais vieram a aumentar a produtividade, a reduzir os custos e as jornadas de trabalho, além de elevar o nível dos recursos disponíveis para o consumo dos serviços de lazer e turismo para camadas cada vez mais amplas da sociedade. Foi a partir século XX que o lazer e o turismo tornaram-se atividades massificadas, atingindo, após a Segunda Guerra, um patamar de crescimento em que, sob o prisma econômico, passaram a ser consideradas como “indústrias”. Atualmente os setores de lazer e turismo estão entre os campeões de crescimento, sendo considerados como um dos mais promissores do futuro. Os fatores que realmente vieram a marcar o século XX no que concerne às condições favoráveis para o desenvolvimento da “indústria” do lazer e turismo foram as invenções do Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 18 cinema, do rádio, da televisão, do automóvel, do avião, da luz elétrica, entre outras, as quais passaram a introduzir hábitos novos na sociedade, modificando consideravelmente o ambiente doméstico, e, sobretudo, abolindo a barreira existente entre o tempo e o espaço. Tais atividades passaram a ocupar na modernidade um lugar de destaque dentro das necessidades humanas em decorrência do ritmo imposto pela sociedade industrial, tornandose para o homem moderno necessidades fundamentais que, quando são limitadas pela falta de recursos ou de tempo, continuarão presentes causando até mesmo anseios e alterações de comportamento. Percebe-se assim que o lazer das sociedades antigas era mais vinculado à vida cotidiana, sem instituições separadas, já na sociedade industrial, com o tempo de trabalho determinado, passam a ser definidas formas de lazer para os diferentes estratos da sociedade. Considerando o turismo como uma atividade da sociedade pós-industrial, faz-se necessário abordar alguns conceitos peculiares desta sociedade, tais como o de estratificação social, o qual vem determinar as condições em que os indivíduos irão dispor das atividades de lazer e turismo. “A estratificação social é um ingrediente importante das sociedades modernas, e o lazer adotado pelas pessoas é influenciado por sua classe ou condição social, embora alguns possam argumentar que esta influência é hoje menor do que no passado.” (Parker, 1976, p.32) A estratificação social consiste na divisão da sociedade em camadas ou classes sociais, sendo três os principais tipos de estratificação da sociedade moderna, a saber: ¾ Estratificação econômica: definindo as classes de acordo com a posse de bens materiais - os ricos, os pobres e os de situação intermediária; ¾ Estratificação política: a qual toma por base o nível de dominação social de uns grupos sobre os outros - grupos que têm e grupos que não têm poder; ¾ Estratificação profissional: baseada na hierarquia das atividades laborais existentes na sociedade capitalista - poderemos mencionar como exemplo os profissionais liberais e o proletariado. Ressaltamos que todos os aspectos de uma sociedade (econômico, político, cultural, etc.) se interligam no processo de estratificação, passando a determinar a existência das desigualdades sociais e, conseqüentemente, as diferentes formas de utilização das atividades de lazer e turismo. Para Marx, a desigualdade das classes determinaria todas as demais Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 19 desigualdades e resultaria da opressão dos que possuem a propriedade dos meios de produção sobre os que não a possuem. Sendo assim, os atrasos ou desigualdades sociais irão diferenciar o lazer dos diferentes meios sociais, pois o nível social é um dos aspectos que irá determinar o gênero de vida de cada pessoa no que concerne ao nível econômico, cultural, político etc. Diante da exploração que a classe proletária vinha sofrendo na sociedade industrial, surgem vários movimentos de revoltas e lutas por direitos a melhores condições de vida para os trabalhadores. A partir de então o direito ao lazer passa a ser conquistado pela classe operária através das pressões sindicalistas, fazendo-se importante destacar que a este, soma-se o fato de que o os detentores do capital facilitaram tal direito por estarem movidos pela necessidade de ampliação do mercado consumidor. Sem a redução da jornada de trabalho e o aumento do poder aquisitivo dos trabalhadores, capacitando-os a pagar por mercadorias e serviços além daqueles enquadrados nas necessidades básicas de sobrevivência, seria questionável se a indústria teria tido condições para chegar aonde chegou, pois não teria sido criada a demanda em massa para o consumo dos seus produtos: “Com a redução das horas de trabalho, na segunda metade do século XIX, o novo lazer das classes operárias trouxe um vácuo que foi amplamente preenchido pelas indústrias de divertimento.” (Parker, 1976, p. 38) Segmentando o mercado turístico de acordo com as classes, encontramos: ¾ A classe alta que consome o turismo individual e sofisticado; ¾ A classe média que consome o turismo de massa; ¾ A classe baixa, a qual, não dispondo de capital suficiente, precisa ser subsidiada a fim de tornar possível sua participação nas atividades turísticas. Em meio a este panorama e a partir da própria capacidade de organização e pressão dos trabalhadores junto ao Estado, surge o turismo social como uma atividade democrática fundamental para o lazer e uso do tempo livre do cidadão. O turismo social consiste em um serviço social que visa criar as condições necessárias para permitir o acesso ao turismo àquela parcela da população que não dispõe de condições financeiras para desfrutar sob a forma convencional do turismo, mas que também sente a necessidade de conhecer outros ambientes. É uma forma de turismo modesto, o que não significa a perda dos critérios de qualidade, estando sempre atrelado ao conceito de desenvolvimento sustentável que vem a ter como foco principal o desenvolvimento humano Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 20 em harmonia com o meio ambiente. Geralmente é administrado por associações sem interesses lucrativos e possui relação direta com o sindicalismo. O Bureau International du Tourisme Social - BITS conceitua o Turismo Social como: “Conjunto de relações e fenômenos resultantes da participação no turismo das camadas sociais menos favorecidas, participação que se torna possível ou facilitada por medidas de caráter social bem definidas, mas que implicam um predomínio da idéia de serviço e não de lucro.” A conceituação do termo social se faz no sentido de bem-estar social, ao proporcionar o direito de usufruto da atividade turística para aqueles cujas condições sócio-econômicas e culturais não lhes favorecem. O turismo social surge então na Europa e passa a ser difundido a partir da primeira metade do século XX, tendo como características fundamentais: ¾ Não visar o lucro; ¾ Ser comprometido em proporcionar a prática do turismo à população de menor poder aquisitivo que o turismo de massa não atinge; ¾ Ser comprometido com a qualidade de vida; ¾ Objetivar promover atividades que valorizem a natureza e os diversos aspectos culturais; ¾ Objetivar proporcionar o crescimento e o enriquecimento pessoal através da educação e interação social em prol do desenvolvimento humano. Terminada a II Guerra Mundial foram tomadas medidas sociais que garantiram maior proteção aos trabalhadores e suas famílias, as viagens se expandiram e os trabalhadores adquiriram maiores direitos e liberdade, entretanto, é a partir da década de 70 que o mundo passa a voltar sua atenção para o fenômeno turístico, sendo criado em 1973 o Bureau Internacional de Turismo Social (BITS). Em 1932, na Bélgica, a Central Geral de Trabalhadores da Madeira criou um hotel em Blakemberg, destinado para que os seus funcionários e familiares usufruíssem nas férias. A partir de então, diversas organizações sindicais belgas criaram centros de viagem em diversas regiões, criando-se, desta forma, as condições para o desenvolvimento do turismo social. Ao mesmo tempo, em outros países europeus, os trabalhadores sindicalizados canalizavam esforços em prol da criação de estruturas elementares que viessem a estabelecer um ambiente Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 21 positivo para o lazer dos trabalhadores e suas famílias, entretanto, os pioneiros do turismo social necessitavam de tempo e dinheiro para tornar viável a prática de viagens turísticas. Em 1936, após uma greve geral na França, os trabalhadores conquistaram o aumento dos salários, uma carga horária semanal de trabalho de 40h, a abertura das negociações para a criação de convênios, além das viagens financiadas pelos empregadores. Pela primeira vez os trabalhadores dispunham de tempo e dinheiro para desfrutar do que veio a se chamar de turismo social. Os trabalhadores da Bélgica, ao lutarem por estes mesmos direitos, conquistaram um acordo com o governo e os empregadores, sendo aprovado pelo parlamento belga em 08 de julho de 1932 a Lei de Férias Pagas. Logo as viagens financiadas se estabeleceram na Austrália, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Noruega e outros países. Na América Latina, o Turismo Social se iniciou a partir de 1945 na Argentina com a criação das viagens financiadas e o surgimento de unidades turísticas, outros países como Brasil e Venezuela passaram a se dedicar a esta modalidade de turismo na década de 50 com uma forte influência do sindicalismo. 2.1 - O SESC e a Promoção do Turismo Social O turismo social chega ao Brasil através das caravanas e colônias de férias dos comerciários, organizadas pelo Serviço Social do Comércio - SESC, que ao promover este tipo de turismo, visa caracterizá-lo como uma área complementar em atuação com a cultura, diferenciando-o assim do chamado turismo de massa, meramente comercial. As primeiras excursões organizadas na estrutura do sistema SESC ocorreram no Departamento Regional de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. A princípio buscou-se como alternativa de ampliação dos recursos, equipamentos alternativos como colégios e casas religiosas para acomodar os excursionistas, mas a partir de 1979 deu-se início aos esforços para ampliar e melhorar as condições para promoção desta atividade. Hoje as instalações e equipamentos turísticos do SESC formam um considerável patrimônio a serviço do lazer, tendo em sua rede nacional de turismo social uma grande infra-estrutura hoteleira dotada de 38 hospedarias em 20 estados, inúmeras colônias de férias, balneários, centros campestres e estâncias ecológicas, estando tais equipamentos voltados para atender aos interesses e expectativas da sua clientela. O turismo social do SESC busca atender, prioritariamente, aos trabalhadores das empresas de comércio de bens e serviços e seus dependentes, de todas as faixas etárias. Entretanto, estes bens, serviços e produtos turísticos podem ser utilizados pelo público não- Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 22 comerciário, havendo uma diferenciação dos preços cobrados, desde que não venha prejudicar a demanda interna. Destacamos que a segmentação do público alvo, embora atenda a todas as faixas etárias, tem como demanda principal o público específico da terceira idade, o qual foi escolhido como nosso objeto de estudo. A Ação Finalística do SESC preceitua o “Turismo de Lazer” como “(...) uma atividade que deverá contribuir efetivamente para a formação e integração sócio-cultural do ser humano, ajudando-o a assimilar os conhecimentos que possibilitem o desenvolvimento de valores, a expansão da consciência individual, bem como a inserção na cidadania.” Dentro das suas linhas de ação para o desenvolvimento do turismo social iremos nos deter na modalidade de turismo emissivo, concentrando-se naquela destinada aos grupos da terceira idade da mesma entidade na cidade de João Pessoa/PB, tal modalidade é caracterizada pelo SESC como “o conjunto de ações ligadas a atividades de viagem, destinadas a proporcionar o lazer fora da sede habitual de moradia, em busca de novas destinações e atrações turísticas de ordem recreativa, social, cultural e educacional.” Os objetivos que norteiam o Turismo Social do SESC têm como fundamentos: ¾ Proporcionar novas oportunidades de lazer, inacessíveis ao grande número de comerciários, através da redução de custos nas realizações de Turismo Social; ¾ Integração interpessoal; ¾ Enriquecimento cultural com ênfase na ação de educação para e pelo turismo; ¾ Possibilitar o desenvolvimento integral da saúde. De acordo com as suas Diretrizes Básicas: ¾ O SESC, que desenvolve o turismo social, dentro de um contexto social e econômico, deve estar sempre atento às modificações, no sentido de oferecer à sua clientela propostas turísticas emergentes, com a inclusão de roteiros e ações inovadoras de forte apelo à participação, alcançando, em ritmo crescente, grande fatia neste segmento de mercado. Deve-se então identificar destinações turísticas e inovar roteiros, com vistas a diversificar os fluxos e estimular o aproveitamento turístico dos recursos naturais, culturais e planejados em mercados emergentes, conjugando-se com a operacionalidade do processo. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 23 O programa de turismo social do SESC inclui a promoção de passeios e excursões, os quais são elaborados a fim de promover roteiros e programações que contemplem a valorização da natureza, além dos diversos aspectos culturais, proporcionando o crescimento e o enriquecimento pessoal. Tal entidade, ao ver o turismo como uma atividade democrática, que pode ser utilizada como um instrumento de inclusão social, busca torná-lo acessível para as pessoas de baixa renda ao abrir mão dos interesses de lucro, o que irá determinar uma baixa significativa nos valores cobrados em seus serviços turísticos. 2.2 - O Papel do Turismo Social na Promoção de Qualidade de Vida Para os Idosos As estatísticas vêm comprovando uma forte tendência mundial de envelhecimento da população; a Organização Internacional do Trabalho - OIT - prevê que em 2020 existirá nos países industrializados cerca de 270 milhões de pessoas inativas, significando 38 idosos aposentados para cada 100 cidadãos ativos. O Brasil encontra-se enquadrado entre os países da América latina com maior número de idosos, de acordo com os dados projetados pela World Health Statistics Annals, o Brasil, que era considerado o 16° país do mundo em número de idosos será, em 2025, a sexta nação com maior número de idosos do mundo. Em âmbito nacional, a Paraíba, segundo o IBGE, detém a terceira maior população idosa do Brasil. Em reportagem datada de 21 de dezembro de 2002, o jornal O Norte afirma que “dos aproximadamente 15 milhões de idosos existentes no Brasil, pelo menos 350 mil residem na Paraíba”, havendo na capital do Estado cerca de 50 mil idosos. Constitui-se tal realidade como um desafio para o Estado, no sentido de estabelecer políticas e estratégias que venham a possibilitar a melhoria da qualidade de vida, respeitando a dignidade do ser humano que está enfrentando a fase da velhice e até mesmo das pessoas que foram submetidas à aposentadoria precocemente, vindo a perder vínculos profissionais e sociais, uma vez que para muitos a aposentadoria é considerada como uma morte social. Entretanto, constata-se um sério paradoxo no contexto ideológico da sociedade contemporânea: de um lado percebe-se o acelerado crescimento da população de idosos e do outro se constata uma sociedade cheia de preconceitos acerca da velhice em virtude do sistema vigente, encarando os idosos como improdutivos e um peso para a sociedade capitalista. Percebendo-se tal problemática, a sociedade passa a ter a necessidade de reverter tal situação no sentido de garantir a qualidade de vida de uma parcela cada vez mais significativa da população. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 24 Com a chegada da aposentadoria ocorre uma quebra brusca no estilo e ritmo de vida, exigindo grande esforço de adaptação, assim, os indivíduos que passam por esta transição devem desenvolver projetos que venham a preencher o excesso de tempo livre e a ajudá-los a encarar esta fase com criatividade e energia, rompendo os preconceitos, no sentido de se reduzir o processo de perda da auto - estima que paira em todos aqueles que vêem no envelhecimento um tempo de perdas e improdutividade. Diante das discussões acerca da caracterização do que seja a terceira idade, tem-se que a OMS considera a idade de 65 anos como limite inicial caracterizador da velhice, enquanto que a ONU a considera a partir dos 60 anos; ressaltando-se que os programas turísticos voltados para este segmento englobam as pessoas a partir de 50 anos de idade. “A noção de terceira idade, como um espaço da vida entre a maturidade e a velhice propriamente dita, passou a se impor para designar esses indivíduos de ambos os sexos, já aposentados, mas em plena forma física e mental, com disponibilidade para uma vida cheia de experiências nos diversos campos da vida cultural.” (Camargo & Camargo, 1997 apud Barretto, 2002, p. 14) Quanto à categorização da velhice “a diferença está entre velhos dependentes, com graves problemas de saúde, e a velhice bem sucedida que procura e mantém uma qualidade de vida que torna prazerosa esta fase” (Barreto, 2002, p. 11-12). A pesquisa em questão enfocará o segundo grupo, a que propriamente se aplica o termo terceira idade, sugerido por Barreto para indicar a fase pós-idade madura, mas anterior à velhice propriamente dita. Segundo Neri, a velhice bem-sucedida corresponde a “(...) uma condição individual e grupal de bem-estar físico e social, referenciada aos ideais da sociedade, às condições e aos valores existentes no ambiente em que o indivíduo envelhece, e às circunstâncias de sua história pessoal e seu grupo etário. Finalmente, uma velhice bem-sucedida preserva o potencial individual para o desenvolvimento, respeitando os limites da plasticidade de cada um.” (Neri, 1995, p. 34) Tem-se como plasticidade, segundo a visão deste autor, a capacidade de adaptação e a habilidade de se ajustar as novas situações impostas pelo tempo. O mesmo autor, utilizando critérios diferentes da sucessão cronológica, define a velhice em três categorias, a saber: ¾ Velhice normal: caracterizada pelas perdas e alterações biológicas, psicológicas e sociais típicas da velhice, mas sem patologias; Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 25 ¾ Velhice ótima: compatível com um funcionamento comparável ao de indivíduos mais jovens; ¾ Velhice Patológica: presença de síndromes típicas da velhice ou o agravamento de doenças preexistentes. Os turistas potenciais da terceira idade estão enquadrados no conceito de velhice bemsucedida, dentro dos parâmetros de velhice normal ou ótima. “Ao procurar a melhoria sustentável da qualidade de vida, a mais alta prioridade deve ser concedida à satisfação das necessidades básicas de sobrevivência da população. Ao nível da pobreza e abaixo desse nível, a quantidade é naturalmente essencial tanto para os rendimentos como para os serviços. Na verdade é fundamental uma quantidade mínima antes que a qualidade de vida possa ter significado.” (Peixoto, 1998, p. 74) Tomando por base as informações supracitadas e considerando o contexto sócioeconômico do Brasil, percebemos a dificuldade para uma considerável massa da população de baixa renda praticar o turismo, mesmo considerando a existência da modalidade turismo social que tem a proposta de fomentar esta prática para aqueles com menor poder aquisitivo, pois viajar acaba tornando-se algo intangível quando se considera a carência econômica até mesmo para sanar as necessidades mais básicas como a de alimentação e saúde. A fim de melhor justificar o exposto, poderemos mencionar a teoria lançada pelo psicólogo e pesquisador do comportamento humano Abraham Maslow que criou a Hierarquia das Necessidades Humanas ou Pirâmide de Maslow, na qual ele dispõe as necessidades humanas em níveis hierárquicos de importância e influenciação no comportamento humano, seguem-se: ¾ As necessidades primárias: agrupam os níveis mais elementares como as “necessidades fisiológicas (alimentação, abrigo, etc., as quais são instintivas e vitais) e de segurança (busca de proteção contra ameaças e privações, surge quando as necessidades fisiológicas estão relativamente satisfeitas)”. ¾ As necessidades secundárias: estágio mais elevado de necessidades que surge quando os níveis mais baixos encontram-se relativamente satisfeitos, comporta as necessidades sociais - associação, participação e aceitação do próximo - sua insatisfação torna o indivíduo resistente, antagônico e hostil no seu meio; de estima - relacionadas com a maneira pela qual o indivíduo se vê e se avalia - sua frustração pode produzir sentimentos de inferioridade, dependência, desamparo e Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 26 etc., conduzindo ao desânimo e atividades compensatórias; e a de auto-realização - estágio mais elevado das necessidades, o qual está relacionado com a realização do próprio potencial. As necessidades são satisfeitas dos níveis mais baixos para os mais elevados, quando uma é satisfeita, ela deixa de ser motivadora de comportamento e dá lugar a outra de nível mais elevado, sendo importante ressaltar que nem todas as pessoas conseguem chegar ao topo da pirâmide das necessidades, as quais agem conjuntamente no organismo e cada uma está relacionada com o estado de satisfação ou insatisfação das outras; a frustração de certas necessidades passa a ser ameaça psicológica, colocando em questão o nível da qualidade de vida de cada indivíduo. Existem vários elementos objetivos e subjetivos que definirão esta qualidade de vida, nos quais “(...) baseiam-se na fruição garantida e tranqüila da saúde e da educação, da alimentação adequada e da habitação, de um ambiente estável e saudável, da equidade, da igualdade entre os sexos, da participação nas responsabilidades da vida, da dignidade e da segurança.” (Peixoto, 1998, p. 74) Além de todos estes aspectos, um outro determinante da qualidade de vida é o fator cultural, “(...) mesmo dentro de uma sociedade específica, os pontos de vista relativos ao que é a qualidade de vida diferem largamente entre as suas subculturas e os indivíduos que a compõe; assim, a noção de qualidade de vida pode reter sempre um elemento de subjetividade assim como de diversidade cultural.” (Peixoto, 1998, p. 75) Para muitos o lazer está situado fora do campo das “necessidades”, mas se esse pensamento fosse superado, o lazer constituir-se-ia como um fundamento da teoria da liberdade, desde que fosse utilizado a fim de despertar nos indivíduos uma autoformação permanente e voluntária em detrimento de ser reduzido a uma simples recreação sem nenhum valor que viesse a permitir a transcendência pessoal. “A teorização e a pesquisa sobre a qualidade de vida na velhice refletem uma multiplicidade de critérios e indicadores. Porém, ainda não foi possível estabelecer com clareza o grau de importância de cada um, suas inter-relações e a direção de causalidade entre eles. O que se sabe é que as diferentes variáveis relacionadas à qualidade de vida na velhice podem ter diferentes impactos sobre o bem-estar subjetivo.” (Neri, 1993 apud Melo, 2001, p. 58) Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 27 Considerando o caráter multidisciplinar do turismo, o qual vem a proporcionar uma série de relações e situações de ordem cultural, educacional, ambiental, de lazer e de saúde, poderemos considerá-lo como um instrumento a ser utilizado na busca da melhoria da qualidade de vida na terceira idade, sendo este um pensamento que ainda não está incutido na cabeça dos profissionais (médicos, psicólogos, agentes de turismo, etc.) e dos familiares. Para Maria Letícia Barreto, tal questão. “(...) torna-se delicada quando existe alguma limitação física no idoso, como pressão alta, por exemplo, e a pessoa escuta do médico ou dos familiares que isso vai restringir sua capacidade de viajar. A depressão ocorre muitas vezes nesse contexto. Daí a necessidade de projetos, nos quais cuidados com a saúde do idoso sejam parte importante da programação e capazes de convencer profissionais e familiares de que poucas síndromes realmente impedem a atividade turística.” (Barreto, 2002, p. 77) Associar a prática turística à promoção da qualidade de vida nos remete a utilizar os conceitos de ócio e evasão propostos por Molina. Considerando o uso do tempo livre para a realização das atividades turísticas e de divertimento, Molina caracteriza como sujeito da ação o ser humano que se converte em turista ou alguém que se diverte, e como objeto desta ação o conteúdo das atividades realizadas neste contexto, o qual ele distingue como sendo o ócio ou a evasão. No usufruto do tempo livre o homem irá determinar suas ações segundo as suas aspirações pessoais, ao contrário do que sucede num tempo comprometido, enfatizando-se que tais aspirações serão determinadas pelas experiências pessoais de cada um, manifestandose em atitudes refletidas no contexto da própria vida social. As condições que irão determinar a forma de utilização do tempo livre estão diretamente relacionadas com os contextos econômico, social, e político de cada estrato social, os quais são chamados por Molina de variantes causais. Tais variantes são assimiladas pela cultura pessoal, passando a determinar os hábitos, os valores e os costumes que determinarão a forma de vida de cada indivíduo. Uma vez que tais variantes sejam assimiladas e incorporadas à própria personalidade, serão produzidas ações traduzidas nas atitudes de ócio ou evasão. Diante da relação estabelecida entre os países dominantes e dominados ocorre uma significativa desvantagem qualitativa, quanto a utilização do tempo livre, para os países dominados, nos quais se enquadra o Brasil, em virtude da dependência econômica estabelecida no desenvolvimento da “indústria turística”. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 28 Tendo-se em vista que a prática do ócio caracteriza-se por atividades que permitam a transcendência pessoal e que é viabilizada em uma sociedade que tenha atingido um grau satisfatório de “desenvolvimento” social, político e econômico, sabe-se que quando uma sociedade atinge patamares satisfatórios de desenvolvimento, passa a desenvolver aparatos de lazer e turismo que possibilitem a prática do ócio. A forma como o turismo está sendo implementado no Brasil, visando o desenvolvimento mensurado em cifras, objetiva tão somente a elevação do PNB, concentrando-se no aspecto econômico em detrimento do físico-social. Tem-se como conseqüência a negligência com a qualidade de vida da população no que concerne a melhor distribuição de renda, melhor educação, enfim, condições favoráveis para possibilitar a prática do ócio na utilização do tempo livre para a maioria da população. “O ócio, atitude criativa, permite ao homem fortalecer ou ascender a níveis superiores de bem-estar espiritual, por meio do contato com o meio e com o conseqüente efeito nas necessidades de tipo material para obter seus interesses. Por outro lado, existem pessoas que dedicam seu tempo livre a atividades que, longe de levá-las para estados qualitativamente superiores de bem-estar, levam-nas no sentido contrário, devido a desconexão temporal com o meio. Em outras palavras, são pessoas que orientam sua atividades numa direção que nega sua realidade mais imediata e vital, resultando disso uma atitude que se qualifica como evasão ou alienação.” (Molina, 2001, p. 47) O indivíduo que pratica o ócio quer seja nas atividades de diversão ou turísticas, produzirá de alguma forma um efeito benéfico para o seu meio social, econômico, físico e cultural. “Caso contrário, a evasão por meio de alguma das formas de uso do tempo livre, provoca efeitos diametralmente opostos em todos os planos da atividade humana.” (Molina, 2001, p. 47) Sendo assim, a forma de uso do tempo livre será influenciada pelas condições econômicas, pelos determinismos sociais, pela forma como o indivíduo percebe a realidade e pelas questões referentes a personalidade de cada um, podendo ser uma fonte de “evasão” ou de “ócio”, sendo esta ultima o critério básico proposto por Molina para que as atividades de lazer e turismo venham de fato a proporcionar uma melhor qualidade de vida para o indivíduo. Ressaltando-se que a valorização social da expressão de si mesmo através do lazer caracteriza-se como uma nova etapa das conquistas históricas da sociedade. “Nos nossos dias, a necessidade de viajar é, sobretudo, criada pela sociedade e marcada pelo cotidiano. As pessoas viajam porque não se sentem mais a vontade onde se encontram, seja nos locais de trabalho ou Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 29 seja onde moram. Sentem necessidade urgente de se desfazer temporariamente do fardo das condições normais de trabalho, de moradia, de lazer, a fim de estar em condições de retomá-lo quando regressem.” (Krippendorf, 1989, p. 17) A fim de compensar essas relações cotidianas, o ser humano passa a buscar nas viagens uma suposta felicidade que venha a colocar em “equilíbrio” o seu estado de espírito, desta forma, a viagem passa a ser motivada muito mais pelo desejo de deixar algo do que ir buscar algo. O fato da evasão à vida cotidiana passa a desempenhar um papel muito mais importante do que o interesse de conhecer e vivenciar as regiões visitadas. A nossa sociedade propôs o que Krippendorf chama de ciclo de reconstituição do ser humano, em que se viaja para recompor as energias esgotadas pelo estresse cotidiano, enfatizando-se que esse estresse não resulta apenas de uma situação que se tornou incontrolável em razão da sobrecarga diária, ele pode muito bem estar associado ao tédio provocado pela deficiência nas relações humanas. COTIDIANO VIAGEM REGRESSO ESTRESSADO “ESPAÇOS TERAPÊUTICOS” REVIGORADO Neste contexto, o turismo passa a se assemelhar cada vez mais a uma fuga face as realidades cotidianas em direção a um reino imaginário da liberdade. Porém, a viagem não deve ser utilizada como uma fuga de um cotidiano desgastante, o interessante é que o dia-adia das pessoas esteja em harmonia para que o turismo não se caracterize como uma evasão e sim como a soma de experiências boas à um cotidiano agradável. “Se ele está feliz e satisfeito no cotidiano, se seu trabalho e sua vida lhes proporcionam liberdade e possibilidades para o desabrochar pessoal, se ele consegue evitar o estresse permanente ou o isolamento e compartilhar de uma vida estimulante com outras pessoas, se, enfim, ele se sente bem em sua própria casa, o ser humano não tem necessidade de recorrer à viagem e às férias para fugir e compensar.” (Krippendorf, 1989, p. 120) Para ele a viagem irá se caracterizar como um verdadeiro enriquecimento, tendo em vista que o seu cotidiano não é frustrante nem vazio, enfatizando-se que, aquele que não pode Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 30 ser feliz no seu próprio lar não o será plenamente em lugares externos, passando a buscar máscaras e maquiando o seu verdadeiro estado emocional. Ao mesmo tempo, as viagens podem oferecer a oportunidade de exercitar a liberdade, a autodeterminação, a responsabilidade e a solidariedade, levando-se assim a um novo sentido de vida que venha a melhorar o cotidiano, pois, ao estar em ambientes incomuns há um estimulo da consciência e reflexão da nossa própria realidade, “(...)temos tempo de nos ocupar do nosso próprio eu, de explorar a nossa própria alma, de redescobrir a nossa harmonia interior, de nos comparar ao outro e reconhecer nossas própria aptidões” (Krippendorf, 1989, p. 61). A expectativa de um indivíduo em relação a uma viagem permite-o refletir sobre sua personalidade, uma vez que, esta expectativa é indissociável da sua personalidade. Tal “dispositivo de reflexividade está estreitamente relacionado com a construção social da pessoa, na medida em que contribui para a construção de valores e significados particulares que demonstram a personalidade dessa pessoa” (Santos apud Barreto, 2001, p. 200). O lazer e o turismo podem e devem ser utilizados como alternativas para a expressão e formação da personalidade; na criação das expectativas e do imaginário em relação à viagem, o indivíduo pode enaltecer sua autonomia ao exercitar a sua liberdade de expressão, manifestando sua personalidade, tanto quando cria expectativas em torno do que pode acontecer durante a viagem, quanto na convivência com o grupo durante a viagem, ao expressar sentimentos, gestos e atitudes frente a situações que lhes possibilitam se livrar de certas amarras impostas pelo cotidiano. A viagem constitui-se assim como um estimulador das características individualistas, ao proporcionar exercitar com maior liberdade de escolha a condição básica da pessoa construída no modelo individualista. Outro aspecto que reforça as características do paradigma da individualidade é a expressão dos sentimentos proporcionada por meio da contemplação de cenários naturais, obras artísticas, música, teatro, etc., educando-se desta forma os sentidos. Tal aspecto é descrito por Santos de “dispositivo de sublimação”: “O dispositivo de sublimação demonstra a transferência de sentimentos que precisam ganhar forma palpável por meio de imagens que podem ser trazidas à lembrança” (Santos apud Barreto, 2001, p. 206). Como exemplo deste dispositivo podemos citar a aquisição de artigos do lugar visitado, visando a lembrança do tempo e do espaço vividos na viagem turística. “A célebre escada de degraus do psicólogo americano Maslow também pode se aplicar ao turismo, posto que as necessidades turísticas se Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 31 desenvolvem de acordo com um esquema análogo àquele das necessidades humanas.” (Krippendorf, 1989, p. 133-134) O desenvolvimento das necessidades turísticas obedecem a critérios semelhantes aos que foram propostos por Maslow, as necessidade de repouso puramente físico (dormir, comer, beber) vão diminuindo em benefício da necessidade de repouso de seu “universo emocional”, graças a atividades e experiências que venham a contribuir para elevação da qualidade de vida. “As necessidades psíquicas e sociais adquirem uma importância crescente. Muitos são aqueles que consideram que é chegado o reino da “liberdade”. Uma vez satisfeitas as principais necessidades materiais (grifo nosso), é perfeitamente concebível que o nosso interesse se volte para os bens imateriais. Daqui para a frente a arte de viver e a qualidade de vida vem antes do nível de vida. Valores como a liberdade, a participação, a expansão pessoal tornam-se prioritários a medida em que outros como a promoção profissional, a segurança material e o mérito perdem importância.” (Krippendorf, 1989, p. 149) Destacamos que existe um considerável contingente de desfavorecidos, para os quais a qualidade de vida e a transformação dos valores não significam nada, posto que se esbarram nos níveis das necessidades mais básicas de sobrevivência. É muito difícil tratar do tema turismo social sem se referir as viagens financiadas, as quais tem permitido que os trabalhadores dos países desenvolvidos disponham de tempo e dinheiro para a prática turística. Um número considerável de pessoas nos países subdesenvolvidos não desfruta do direito às viagens por estar em condições econômicosociais tão precárias que a atividade turística passa a ocupar um nível intangível de necessidades. “Em relação ao turismo, que exige a posse de recursos financeiros para a viagem, o alojamento, a alimentação e para atividades de entretenimento, ele deve ser incorporado às conquistas sociais fundamentais, que nesse caso se relacionam com o turismo popular social, praticamente inexistente nos países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos. Além disso, a qualidade de vida dos cidadãos deve alcançar níveis desejáveis em todos os campos: físico, cultural, social e psíquico.” (Ruschmann, 1997 apud Barreto, 2002, p. 78) Ainda são muito tímidas as iniciativas para desenvolver o turismo social voltado para a terceira idade, tanto no Brasil, quanto em outros países em desenvolvimento, sendo importante destacar novamente que o grande precursor desta prática no Brasil foi o SESC. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 32 Trabalhando com o turismo socializado, tal entidade busca colocar o turismo como um direito do cidadão da terceira idade, seja qual for a classe a que ele pertença. “É inegável a existência de uma demanda latente para o turismo socializado, mesmo reconhecendo as dificuldades para quantificar-se com exatidão as necessidades da população menos favorecida, em termos de férias e de lazer. Pode-se avaliar a escala da demanda partindo-se do pressuposto de que a demanda potencial cresce rapidamente sob o efeito de alguns fatores conhecidos como crescimento demográfico, aumento da taxa de urbanização, do tempo livre, do nível de informação cultural e alterações na estrutura da composição da pirâmide etária.” (Beni, 2001, p. 422) Promover o turismo social requer cumprir algo além dos métodos e critérios do turismo convencional, pois além de ter que identificar e atingir com eficácia as necessidades e desejos dos seus segmentos de mercado, o foco central não poderá ser, em nenhuma hipótese, a contrapartida econômica, dada a premissa básica deste tipo de turismo, a qual consiste em não visar o lucro em prol de viabilizar tal prática para aqueles que não possuem condições financeiras de usufruírem do turismo convencional. 2.3 - Os Grupos de Terceira Idade do SESC “O indivíduo é, por natureza, um ser gregário. Desde que nasce, vive em interação com outras pessoas e durante seu desenvolvimento passa por diferentes grupos: família, amigos, escola, trabalho.O velho, no decorrer da vida, transitou por todos esses grupos, devendo ter todas as condições internas e a necessidade de se filiar a um grupo de pessoas iguais a ele.” (Zimerman, 2000, p. 74) Um grupo social não consiste apenas na união de indivíduos, é preciso que se desenvolva um determinado tipo de relacionamento que leve a formação de um vínculo entre os integrantes, os quais passarão a ter um sentimento de pertinência ao grupo. “Em todo grupo se produz uma força interna que regula a conduta dos seus membros e os faz comportarem-se de uma maneira peculiar, distinta do comportamento que assumiriam os membros individualmente ou em interação com outro grupo qualquer.” (Zimerman, 2000, p. 75) Nesta interação humana ocorre um processo de influência mútua através da troca de pensamentos, sentimentos e reações, surgindo a partir daí experiências que irão determinar mudanças no comportamento de cada integrante, tanto no plano individual, quanto no plano social. “É no grupo que o indivíduo reconhece valores e normas, tanto os seus como os do outro, embora diferente dos seus ou mesmo opostos” (Zimerman, 2000, p. 75). Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 33 Existem alguns fatores peculiares que devem ser considerados na configuração de um grupo de idosos. “À medida que os anos vão passando, as perdas de pessoas aumentam e os grupos exigem uma reestruturação. O que acontece com muitos velhos é que, por uma série de razões, eles acabam não refazendo seus contatos e ficando sem seus grupos, sejam familiares, de trabalho, de lazer ou outros. Há uma grande necessidade de fazê-los participar de novos grupos e ajudálos a se enquadrar naqueles que mais satisfação vão lhes dar” (Zimerman, 2000, p. 75) O grupo de convivência para idosos consiste em um modelo de grupo em expansão na sociedade contemporânea por responder de uma maneira efetiva e imediata a uma das questões fundamentais do grupo etário em questão - o isolamento social. Os grupos de convivência para idosos surgem no intuito de estabelecer o equilíbrio social do idoso, incentivar a sua participação na sociedade e retardar os efeitos negativos da velhice. Guedes (apud Souza, 2002, p. 07) destaca que “(...) nos grupos organizados de idosos, as pessoas se sentem valorizadas, podendo renovar sua escala de valores e buscar novas formas de viver e pensar, criando novas expectativas para sua vida. É comum encontrar idosos que uma vez engajados nos grupos, assumem atitudes positivas em relação a vida, aceitando de forma sadia os processos de mudanças que vivenciam e que ocorrem muitas vezes de forma acelerada e até conflitante.” O SESC foi o precursor na realização do trabalho social com idosos no Brasil ao atentar para as mudanças no perfil da população no que concerne ao envelhecimento populacional. A primeira ação se deu na década de 1960, no Estado de São Paulo, onde foi criada uma rede de suporte social que objetivava a promoção de um envelhecimento saudável, através da criação de grupos de convivência e escolas abertas para a terceira idade, promovendo-se assim várias atividades que vieram a fortalecer a sociabilidade a fim de preservar a saúde, a melhoria da qualidade de vida, além de evitar o isolamento social do idoso. Tal medida tomou como parâmetro a Ação Finalística desta entidade, a qual prega que “(...) é necessário que sejam assimilados valores capazes de contribuir para o desenvolvimento de sentimentos de autonomia, iniciativa individual e solidariedade, estimulando o exercício da cidadania, o amor à liberdade e à democracia como principais caminhos de busca de bem-estar individual e coletivo.” Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 34 Um fato importante a ser considerado é que o SESC influenciou diretamente na implantação da Lei n. 8.842 de 04 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, constituindo-se como a primeira manifestação clara de decisão política com referência ao atendimento a este segmento populacional. Corroborando o seu compromisso em contribuir para o bem-estar físico, psicológico e social da população brasileira, o SESC passa a expandir o seu trabalho social com os idosos nas demais Unidades Operacionais do país. O desenvolvimento do trabalho com idosos no SESC de João Pessoa partiu da iniciativa da coordenadora do trabalho social, Maria Cabral da Silva Souza, no ano de 1989, através de uma carta convite destinada aos freqüentadores do SESC Cabo Branco, esta carta chamava o público comerciário e seus dependentes a participarem de uma “Tarde de Recreio para a Terceira Idade” no intuito de promover a reintegração do idoso com o meio social. Hoje o SESC João Pessoa conta com dois grupos da terceira idade, um na Unidade Centro - Grupo Renascer - e outro na Unidade Cabo Branco - Grupo Alegria de Viver - os quais serão tomados como objetos de investigação na presente pesquisa. O programa do SESC João Pessoa voltado para a terceira idade visa enfocar o estímulo à convivência e a participação social do idoso através de práticas sociais integrativas. Neste programa são executadas ações que abrangem as áreas de expressões artísticas, artesanato, literatura, biblioteca, cinema, vídeo, educação, recreação, filantropia, desenvolvimento físico, saúde e turismo social. 2.3.1 - Grupo Renascer Concordando com as informações supracitadas, este grupo foi formado no ano de 1989, na Unidade Cabo Branco, sendo transferido posteriormente para a Unidade Centro. Segundo a coordenadora do grupo (Souza, 2002, p. 33) “o objetivo principal era promover a reintegração do idoso com outros segmentos da clientela, abrindo espaços para novas amizades e novos relacionamentos”. A princípio as reuniões eram realizadas quinzenalmente a fim de desenvolver atividades de lazer com os participantes. Sua coordenadora afirma que “A programação de Gerontologia Social do SESC - PB é construída com a participação do Idoso. Dentro desta expectativa, no ato da inscrição ou renovação, aplicamos um questionário que é respondido por todos, o que permite traçar o perfil do Grupo, e formar os Grupos Temáticos, dentro do grande grupo de acordo com os interesses de cada um. A reunião do Grupo é quinzenal, e durante a semana, realizamos as Tardes de Convivência, onde são trabalhados os Grupos de Interesse.” (Souza, 2002, p. 34) Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 35 De acordo com a coordenadora do grupo, em entrevista realizada no dia 09/maio/05, a meta inicial era formar um grupo com 350 participantes, porém esta meta foi extrapolada e hoje o grupo conta com 460 inscritos, não sendo possível mensurar quantos participam assiduamente das atividades. “A maioria que se inscreve no grupo é objetivando o desconto de 50% nas atividades que é dado para quem é inscrito, mas, mesmo não estando inscrito no grupo, o idoso pode participar das atividades oferecidas, com uma diferenciação no preço cobrado.” (Depoimento colhido na pesquisa de campo - informante 1) Dentre as atividades e serviços disponibilizados podemos citar: Estímulo mental ¾ Oficinas de teatro ¾ Oficinas de dança ¾ Oficinas de Música/Coral ¾ Expressões artísticas Educação para saúde ¾ Exames periódicos (Serviço Médico de Saúde) ¾ Ginástica ¾ Hidroginástica ¾ Yoga ¾ Controle de P.A ¾ Palestras Educativas ¾ Campanhas de saúde Recreação e Lazer ¾ Excursões ¾ Passeios ¾ Tardes e Noites de Recreio ¾ Serestas ¾ Desfiles ¾ Gincanas ¾ Lual Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 36 Educação informal ¾ Seminários ¾ Encontros ¾ Foruns ¾ Assembléias ¾ Jornadas ¾ Reuniões Algumas destas atividades são oferecidas gratuitamente e em outras é cobrado uma taxa de serviço correspondente a 50% da tabela de preços do SESC. Segundo Souza (2002, p. 37), “Esse mesmo desconto é concedido também nos Serviços de Odontologia, nos Restaurantes credenciados, no SESC Gravatá, e nas hospedagens nas Colônias de Férias da Região Nordeste: Paraíba (grifo nosso), Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Ceará, Bahia, Rio Grande do Norte e Maranhão.” Ressaltamos que nos serviços oferecidos pelo Departamento de Turismo Social do SESC, o idoso filiado ao grupo, pagará os valores das categorias de comerciário, conveniado ou usuário, dependendo do seu enquadramento nestas, sem nenhuma política de diferenciação 1 de preços para aqueles integrantes inscritos no grupo em questão . Quando se perguntou a coordenadora sobre a forma que o SESC fomenta a participação dos idosos filiados nas viagens turísticas, ela respondeu: “Não existe um estímulo. Estímulo é você dar algo em troca, favorecer, mas isso não ocorre. O SESC tem outra visão, pois sua prioridade é o comerciário, apesar do forte de sua demanda ser o público idoso.” (Depoimento colhido na pesquisa de campo - informante 1) Um fato importante a ser destacado é que, compactuando com a política nacional do idoso, em seu artigo VII: a) Garantir ao Idoso a participação no processo de produção, reelaboração e fluição dos bens culturais. (...) c) Incentivar os movimentos de idoso a desenvolver atividades culturais. 1 Observação válida para quando o idoso quiser utilizar os serviços individualmente, por exemplo, quando quiser uma hospedagem que não esteja enquadrada nas atividades do grupo ou quando for adquirir um pacote turístico de uma excursão que não seja exclusiva do grupo. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 37 São realizadas oficinas gratuitas de reciclagem, pintura em tecido, artes em jornal, ponto de cruz, arranjos e demais bricolagens, em que os artigos produzidos são expostos em feiras promovidas pelo SESC, onde são vendidos por preços estipulados pelos próprios produtores, que ficam com o capital arrecadado. “O espaço onde funciona o Centro de Convivência, atende as recomendações da Política Nacional do Idoso; o piso é antiderrapante, com rampas de acesso, corrimão, e a iluminação e ventilação são naturais.” (Souza, 2002, p. 38) 2.3.2 - Grupo Alegria de Viver O SESC Cabo Branco deu início ao seu trabalho social com idosos em 01 de fevereiro de 2001 por iniciativa da assistente social da entidade, Maria Solange Mesquita Cabral, a qual objetivava “formar um grupo de convivência para pessoas aposentadas e idosas, contribuindo assim para a sua melhor qualidade de vida” (SESC-PB, 2001). De acordo com o projeto apresentado ao Departamento Regional do SESC a fim de propor a formação do grupo, os objetivos específicos consistiam em: ¾ Criar um espaço voltado à sociabilidade, de agradável convivência; ¾ Evitar o isolamento social; ¾ Contribuir para o bem-estar dentro e fora do grupo; ¾ Estimular o exercício da cidadania; ¾ Resgatar a motivação pela vida; ¾ Considerar as diferenças e necessidades de cada participante, partindo do princípio de que o homem é sujeito e dono de suas vontades e que pode construir e reconstruir a sua história de forma consciente e crítica; ¾ Proporcionar momentos de alegria, descontração e liberdade de expressão; ¾ Ocupar o tempo livre dos integrantes e favorecer as relações entre eles, possibilitando o compartilhar de experiências comuns; ¾ Melhorar a auto-estima através da realização de atividades lúdicas e prazerosas; ¾ Realizar dinâmicas de grupo, favorecendo o autoconhecimento, passeios, comemorações de aniversários, baile temático, seresta, lual, chá dançante, e outras atividades, de acordo com o interesse do grupo; ¾ Promover ações de promoção de saúde, incentivo aos membros do grupo quanto a prevenção de doenças, através de palestras educativas; Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 38 ¾ Motivar a participação da família em programações especiais do grupo, visando uma harmonização; ¾ Incentivar momentos de reflexão referente ao processo de envelhecimento; ¾ Incentivar o relacionamento intergeracional, como forma de conhecimento mútuo; ¾ Estimular a memória, atenção e raciocínio através de dinâmicas e jogos; ¾ Incentivar a solidariedade no grupo e em outras instituições, através de visitas em asilos e orfanatos. A meta inicial era de formar um grupo com 50 pessoas, hoje, apesar de existirem 90 inscritos, há uma média de 50 participantes efetivos. As reuniões ocorrem nas quartas-feiras e, de acordo com a coordenadora, em entrevista concedida no dia 09/maio/05, apesar de ter uma programação formal elaborada, esta é sempre adaptada de acordo com o interesse do grupo. “Todas as atividades têm o objetivo de socialização, integração, formação da cidadania e educação. Procuramos despertar a criatividade e o prazer (...). Faço questão de não só estimular as atividades de lazer, apesar de eles quererem mais isto, gosto de inserir nas atividades palestras educativas no sentido de promover a saúde e a consciência social.” (Depoimento colhido na pesquisa de campo - informante 2) O critério para ser integrante deste grupo consiste em apresentar a carteira de comerciário, ou cadastrar-se, caso não possua. Ao estar inscrito, o integrante terá os mesmos direitos concedidos aos associados do Grupo Renascer. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 39 3. OS GRUPOS DE TERCEIRA IDADE DO SESC EM JOÃO PESSOA E O TURISMO: UM PERFIL ESTATÍSTICO Neste tópico serão lançados os dados obtidos na pesquisa empírica realizada a fim de mensurar o efeito da atividade turística no conceito de qualidade de vida dos idosos vinculados aos grupos da terceira idade do SESC na cidade de João Pessoa. A coleta de dados se fez a partir das técnicas de observação empírica, de aplicação de questionários (contendo questões abertas, fechadas e mistas) e de entrevistas semiestruturadas. Além deste material, foram pesquisados dados secundários junto ao SESC, que foram de fundamental importância para a complementação das informações necessárias. Tais dados serão tratados a partir das perspectivas quantitativa e qualitativa. Assim, o presente capítulo será composto por gráficos, tabelas e comentários que irão auxiliar na caracterização do perfil de cada amostra pesquisada. Estas amostras foram selecionadas a partir de um sorteio aleatório em que se trabalhou com aproximadamente 10% do universo de 460 inscritos do Grupo Renascer, e 50% do universo de 50 participantes do Grupo Alegria de Viver. Considerando que o último grupo em questão constitui-se como um universo menor do que o primeiro, foi possível trabalhar com uma amostragem bem mais significativa. O perfil dos sujeitos das amostras em questão será definido a partir de algumas variáveis como faixa etária, gênero, renda, grau de escolaridade, entre outros, os quais foram selecionados de acordo com os aspectos demandados pelo referencial teórico a fim de se mensurar empiricamente o grau de contribuição das atividades turísticas para a qualidade de vida destes universos observados. 3.1 - SESC Centro Gráfico 01: Distribuição por faixa etária 20% 7% 4% 69% De 50 a 59 anos De 60 a 69 anos De 70 a 79 anos De 80 a 89 anos Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 40 A configuração apresentada no gráfico 01 demonstra que da amostra selecionada apenas 4% encontra-se na faixa etária dos 50 - 59 anos, 69% estão enquadrados na faixa etária dos 60 - 69 anos, seguidos de 20% na faixa etária dos 70 a 79 anos e 7% na faixa etária dos 80 - 89 anos de idade. Somadas as porcentagens das faixas etárias acima de 60 anos de idade, correspondente a 69% (60 - 69), 20% (70 - 79) e 7% (80 - 89), observa-se um total de 96% de sujeitos que se encontram inseridos na faixa etária acima de 60 anos, estabelecida pela ONU como limite inicial da terceira idade. Importante destacar a predominância da faixa etária de 60 a 69 anos (68,9%) e o decréscimo desta porcentagem a medida que a idade vai avançando. Tal fato pode ser atribuído à aproximação da velhice patológica, à qual Neri se refere. Gráfico 02: Distribuição por Gênero 2% 98% Masculino Feminino Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Importante destacar, que a amostra analisada, no tocante a variável gênero, indica uma expressiva participação do segmento feminino em detrimento do masculino na composição do grupo. Esta característica, inerente a maioria dos grupos de convivência para a terceira idade, pode ser atribuída ao maior número de mulheres na população idosa atual, bem como a outros fatores determinados tanto pelo contexto social em que viveu a faixa etária em questão, quanto pelos modelos de grupos implantados para atender a este público. “Neste sentido, se poderia pensar em algumas direções: a mulher sente mais necessidade de participar de eventos sociais e relacionar-se com outras pessoas, ou, as atividades oferecidas nestes grupos são direcionadas, e assim mais atraentes para as mulheres; ou que os homens são mais preconceituosos e menos sociáveis que suas companheiras, ou ainda que as mulheres idosas, ao longo de suas vidas, ficaram sempre restritas ao entorno doméstico e na idade madura, buscaram resgatar a participação Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 41 social a que não tiveram direito por causa dos costumes e da imposição da sociedade, em sua juventude.” (Souza, 2002, p. 52) Gráfico 03: Distribuição por Estado Civil 16% 13% 22% 49% Casado(a) Solteiro(a) Viúvo(a) Outra Situação Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). A predominância de viúvos(as) e solteiros(as) na amostra chama a atenção, principalmente pelo fato dos integrantes em quase sua totalidade serem mulheres. Isto corresponde a um indicador de que homens e mulheres vivenciam esta fase da vida de formas diferentes, procurando espaços até mesmo incomuns. Fato este determinado pela ideologia social adquirida a partir das normas estabelecidas acerca dos papeis do homem e da mulher no contexto cultural da época em que este segmento vivenciou sua juventude. É difícil apontar as conseqüências desencadeadas pela perda de um cônjuge para este segmento específico: vazio, solidão, medo, depressão, entre outras, o que repercutirá de uma forma dolorosa na vida de cada uma destas pessoas, surgindo a partir de então a necessidade de ressignificar a própria existência através de alguma alternativa. Considerando o conteúdo subjetivo da pesquisa, quando se perguntou o motivo pelo qual se procurou o grupo, 11,12% da amostra afirmou ter sido por causa da solidão decorrente da morte do marido, sem falar que esse número aumenta para 55,56% quando consideramos apenas o fator solidão, o qual pode estar relacionado ao fato da perda do cônjuge. Gráfico 04: Distribuição por Renda 11% 9% 20% 60% 01 a 03 SM 04 A 06 SM Acima de 06 SM SEM RESPONDER Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 42 Os dados indicam que a maioria dos sujeitos da amostra recebe renda mensal de 01 a 03 salários mínimos, afirmando-se assim que parte significativa da amostra está situada na faixa dos assalariados, na qual encontra-se um contingente significativo da população brasileira. É interessante observar que aqueles que não responderam este item, 09% da amostra, podem estar enquadrados dentro daquela parcela da população desprovida de renda. Estes percentuais podem ser tomados como indicativos das condições de vida destes sujeitos, que estando nesta fase da vida, passam a ter despesas adicionais decorrentes do próprio processo de envelhecimento, como aquelas destinadas à compra de medicamentos. Deste modo, a renda destes idosos tende a ser destinada as necessidades mais básicas de sobrevivência, com reduzidas chances de satisfazer outras necessidades de níveis superiores. Gráfico 05: Distribuição por Nível de Escolaridade 16% 26% 2% 20% 20% 16% EFI EFC EMI EMC ESI ESC Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Considerando o contexto no qual esses indivíduos experimentaram o processo educacional, podemos dizer que os dados obtidos sugerem um nível de escolarização relativamente bom na maioria da amostra estudado. O nível educacional consiste em um grande influenciador da demanda para o lazer. As oportunidades de escolha passam a ser limitadas pelo próprio conhecimento do indivíduo e pelas ocupações oferecidas, quanto ao tipo de lazer que ele deseja praticar. Os vários gostos para o lazer serão resultados das várias influências sociais do indivíduo, dentre as quais a educacional detém um significativo peso. Porém, é difícil destacar o efeito isolado do nível educacional do efeito causado por outras vantagens que a educação pode trazer, tais como uma renda mais elevada e uma melhor posição sócio-econômica. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 43 Gráfico 06: Distribuição por Condição Domiciliar 4% 7% 9% 80% Própria alugada Cedida Sem Responder Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Os dados indicam que a maioria da amostra, representada por 80%, possui domicílio próprio, fator este bastante positivo no que concerne ao conceito de qualidade de vida, pois para aqueles que possuem rendimentos mais baixos, uma possível despesa com aluguel passa a ser revertida para a satisfação de outras necessidades. Gráfico 07: Distribuição por Situação de Moradia 2% 29% 69% Mora Sozinho Mora com família Outra Situação Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Um fator contraditório a ser observado é que, apesar de 69% da amostra afirmar que mora com familiares, no conteúdo subjetivo da pesquisa aproximadamente 60% desses idosos afirmaram ter procurado o grupo por sentirem a necessidade de convivência com outras pessoas, tendo em vista o estado de solidão em que se encontravam. A família caracteriza-se como o agente primário da socialização dentro da sociedade. As relações e as atitudes familiares para com os idosos irão afetar diretamente na função e no significado que as atividades de lazer irão ter para eles, por meio das atitudes de ócio ou evasão. A interação do idoso com a família se faz extremamente importante, no sentido em que cada membro da família valorize a sua presença. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 44 Gráfico 08: Distribuição por Categoria 7% 11% 7% 75% Comerciário Conveniado Usuário NDA Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Tal estatística se faz importante no sentido de trazer à tona um fator contraditório em relação ao tipo de mercado pretendido pelo SESC e a demanda efetiva dos seus serviços. Apesar do SESC almejar o público comerciário, apenas 11% deste segmento utiliza os serviços oferecidos para a terceira idade, enquanto que 75% da clientela consiste no público usuário comum. Este fato precisa ser considerado pela entidade no sentido de tomar providências quanto a adequação entre o mercado pretendido e a real demanda, o que se faz sentir na própria política de preços da entidade, a qual desfavorece a maior porcentagem da clientela. Já que o SESC visa atender prioritariamente a categoria comerciária, faz-se necessário um estudo de demanda, para que se ofereçam produtos condizentes com as reais necessidades desta. Este contexto pode ser atribuído novamente à questão da configuração social em que se encontrava a clientela em questão, pois, deve-se considerar que o maior percentual do grupo é feminino e que o mercado de trabalho em que estas pessoas estavam inseridas na sua juventude era extremamente limitado para elas. Porém a sociedade tende a evoluir dialeticamente e os idosos do futuro terão vivido uma outra configuração social que irá permitir várias mudanças no perfil desta clientela que o SESC busca atender, sendo mais provável em um futuro próximo a existência de um maior número de idosos na categoria de comerciário. A partir deste ponto surge um outro questionamento no que se refere ao modelo de grupo adotado pela entidade, o qual terá que se adequar ao perfil da demanda futura, que em nenhuma hipótese será igual ao da clientela que o SESC atende atualmente. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 45 Gráfico 09: Distribuição por Condições de Saúde 12% 88% Sim Não Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Neste item foi perguntado se o idoso possuía algum problema de saúde que viesse a limitar a prática das atividades de lazer oferecidas pelo grupo, tendo como resultado uma resposta bastante positiva em que 88% da amostra declarou não ter problemas limitantes, desta forma, estes idosos encontram-se enquadrados dentro dos parâmetros das velhices normal ou ótima referenciadas por Neri. Os problemas mencionados pelos 12% que declararam ter limitações foram: problemas de coluna, hipertensão, pressão e osteoporose. Vê-se portanto que não há idosos na amostragem com problemas de saúde graves. Gráfico 10: Distribuição por Preferência de Atividades 9% 13% 44% 13% 21% Atividades Físicas Expressões Artísticas Passeios Bricolagem Reuniões Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). De acordo com os dados do gráfico, percebemos que as atividades preferidas são aquelas relacionadas aos exercícios físicos. A atividade mais citada neste item pelos associados foi a dança, tendo-se destaque também para a ginástica e a hidroginástica. Nas expressões artísticas destacaram-se o canto coral, os espetáculos de dança e teatro, além dos Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 46 movimentos folclóricos. Os passeios tiveram apenas 13% das citações, o que leva a deduzir 2 que estes não estão enquadrados dentro das atividades mais desenvolvidas pelo grupo . Gráfico 11: Distribuição por Gosto pelas Viagens 4% 96% Gosta de Viajar Não Gosta de Viajar Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Percebe-se pelos dados que praticamente todo o grupo gosta de viajar, apesar das viagens não terem sido citadas nenhuma vez no item das atividades preferidas. Interessante ressaltar que 24,44% da amostra declararam que as condições financeiras não permitem que participem das viagens tanto quanto gostariam, mas a maioria afirmou participar das viagens promovidas por gostarem e por se sentirem bem. Quando se perguntou sobre o que os idosos sentiam nas viagens, obtivemos 100% de respostas positivas destacando-se os sentimentos de felicidade, bem-estar, paz, renovação e liberdade. Dentre as respostas obtidas faz-se interessante mencionar: “Sinto liberdade, pois realizo os sonhos que na juventude não podia.” Os idosos destacaram dentre as atividades que mais gostam nas viagens: a companhia do grupo, conhecer novos lugares, observar a paisagem, conhecer outras culturas e o contato com a natureza. Apesar de terem tido poucas queixas quanto aos fatores desagradáveis, o fator destaque consistiu no cansaço provocado quando as viagens são longas. De acordo com a coordenadora do grupo, os próprios idosos que organizam as viagens que querem realizar, sem recorrer ao Setor de Turismo Social do SESC. “A maioria das viagens não é promovida pelo Setor de Turismo Social, e sim pelos próprios idosos, eles pesquisam o preço de tudo para deixar o pacote o mais barato possível. O SESC trabalha com uma margem de lucro pequena, mas os idosos não podem deixar nenhuma margem de lucro.” (Depoimento colhido na pesquisa de campo - informante 1) 2 Ressaltamos que neste item há uma quantificação de dados qualitativos. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 47 Por um lado, este fato considera-se positivo porque os próprios idosos articulam todo o processo das viagens, dando-lhes assim a sensação de utilidade mediante os critérios de responsabilidade e compromisso; por outro, percebe-se que o modelo de Turismo Social do SESC de João Pessoa mostra-se inadequado para atender as reais necessidades desta parcela de sua clientela. Gráfico 12: Distribuição pela Qualidade dos Serviços Turísticos 18% 31% 7% 44% Boa Regular Ótim a Sem Responder Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). A partir dos dados em questão, percebe-se que a maioria da amostra considera satisfatória a qualidade dos serviços turísticos, o que pode ser atribuído ao fato do próprio grupo organizar a maioria das viagens promovidas. Segundo a coordenadora do grupo, no ano de 2004 foram realizadas 05 viagens: uma 3 para Salvador/ Aracajú/ Maceió , duas para Natal e duas para Caruaru. No ano de 2005 foram promovidas três viagens: uma para Caruaru, uma para Toritama e outra para Fortaleza. Quanto à escolha dos destinos, a coordenadora afirma que há uma pesquisa de interesse junto aos idosos para que eles possam escolher aqueles que mais lhes agradar. Os destinos mais freqüentados consistem em Salvador, Caruaru e Fortaleza. De acordo com a coordenadora, o interior da Paraíba é utilizado na programação das viagens, além de serem promovidos passeios mais curtos para aqueles que não podem ir a destinos mais longos, seja por limitações fisiológicas ou financeiras. Muitas pessoas não possuem condições financeiras para irem à viagens mais distantes, mas, desde que se tenha um cotidiano agradável, este fato não impedirá destas pessoas estarem descobrindo várias formas agradáveis de usufruir do ambiente que está ao seu 3 A viagem Salvador/ Aracajú/ Maceió foi a única que foi organizada pelo Setor de Turismo Social do SESC. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 48 alcance: conhecendo a própria cidade (parques, museus, monumentos históricos, etc.), visitando cidades vizinhas, participando de jogos com amigos ou familiares, etc. Um fator interessante é que “o grupo sempre busca facilitar a participação nos passeios para aqueles que possuem maiores limitações financeiras, através da venda de rifas, bingos, camisas, etc.” (Depoimento colhido na pesquisa de campo - informante 1). Ao se perguntar sobre possíveis restrições quanto a participação dos idosos nas viagens, foi respondido: “Isso é relativo, pois as vezes agente acha que o idoso tem uma limitação, mas quando ele viaja não apresenta dificuldades, percebemos que ele fica mais limitado quando está próximo à família. Nós favorecemos a autonomia do idoso, não alimentando a idéia de que eles possuem limitações que os impeçam de viver normalmente. Buscamos focalizar o idoso como uma pessoa normal.” (Depoimento colhido na pesquisa de campo - informante 1) Quanto aos cuidados especiais destinados aos idosos durante a viagem. “Geralmente pedimos para que eles tragam uma avaliação médica, para que possamos viajar com maior segurança. Levamos a ficha de cada um e uma caixinha de medicamentos que possa atender todo o grupo. Lembramos sempre para eles dos medicamentos de uso continuado e pedimos o contato da família, para um caso de emergência”. (Depoimento colhido na pesquisa de campo - informante 1) 3.2. - SESC Cabo Branco Gráfico 13: Distribuição por Faixa Etária 8% 44% 8% 40% De 50 a 59 anos De 60 a 69 anos De 70 a 79 aos De 80 a 89 anos Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). É interessante destacar que a faixa etária mais significativa do grupo Alegria de Viver está compreendida entre 70 a 79 anos de idade, correspondendo a 44% da amostra, e que tanto a fase que antecede a terceira idade propriamente dita, faixa de 50 a 59 anos, quanto a fase caracterizada como a quarta idade, após os 80 anos, apresentam um percentual de 08% da Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 49 amostra cada, somando-se uma porcentagem de 84% daqueles indivíduos enquadrados na faixa de 60 a 79 anos de idade, auge da terceira idade. Gráfico 14: Distribuição por Gênero 8% 92% Masculino Feminino Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Concordando com as mesmas características da maioria dos grupos de convivência para a terceira idade, percebe-se uma predominância quase que total do gênero feminino. Gráfico 15: Distribuição por Estado Civil 20% 24% 8% 48% Casado(a) Solteiro(a) Viúvo(a) Outra Situação Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Comparando-se com os dados do Grupo Renascer percebemos que a parcela de idosos viúvos é praticamente a mesma, ocorrendo um aumento de 11% na parcela de idosos casados e um decréscimo de 14% na parcela de idosos solteiros. Subtende-se que os 20% que declararam estar em outra situação poderão estar de alguma forma relacionadas com alguém. Então, teoricamente, há neste grupo um percentual de 44% de idosos com algum companheiro afetivo. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 50 Gráfico 16: Distribuição por Renda 4% 24% 44% 28% 01 a 03 SM 04 a 06 SM Acim a de 06 SM Sem Responder Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Percebe-se que o Grupo Alegria de Viver tem um nível de renda significativamente melhor do que o Grupo Renascer, o que pode ser explicado pelo fato do SESC Cabo Branco estar localizado em uma área nobre da cidade, atraindo-se assim uma clientela com melhor poder aquisitivo. A partir desta constatação, deduzimos que os integrantes deste grupo tenham maiores facilidades para realizarem viagens. Porém, ainda é significativa a parcela de idosos que ganha até três salários mínimos, correspondendo a 44% da amostra. Gráfico 17: Distribuição por Nível de Escolaridade 16% 4% 4% 16% 16% 24% 20% SEF EFI EFC EMI EMC ESI ESC Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Verificamos que não há uma homogeneização quanto ao grau de instrução, mostrandose que este critério não foi determinante para a composição do grupo. Assim, convivem neste meio pessoas com os mais variados níveis de escolarização. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 51 Gráfico 18: Distribuição por Condição Domiciliar 4% 20% 76% Própria Alugada Sem Responder Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Interessante observar que na porcentagem dos idosos que moram em domicílio alugado neste grupo há um aumento de 11% em relação ao grupo do SESC Centro, mesmo considerando que a renda do grupo em análise seja mais elevada. Gráfico 19: Distribuição por Situação de Moradia 8% 36% 56% Mora Sozinho Mora com Família Outra Situação Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Da mesma forma que ocorreu na amostragem do Grupo Renascer, apesar de 56% desta amostra afirmar que mora com a família, 60% destes idosos alegaram ter procurado o grupo por necessidade de convivência com as pessoas ou por estarem procurando uma fuga contra a solidão. Esta constatação só vem a comprovar a deficiência que a sociedade está passando com respeito as relações sociais no seio familiar, principalmente no que se refere a valorização do idoso. Esta situação pode ser explicada através da análise do ambiente social em que estes idosos estão inseridos, pois seus descendentes seguem o ritmo do contexto capitalista, enquanto que eles podem estar deslocados justamente por representarem uma geração de transição social. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 52 Gráfico 20: Distribuição por Categoria 4% 8% 88% Comerciário Usuário N.D.A Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Mais uma vez é comprovado que a predominância da clientela deste tipo de serviço oferecido pelo SESC é da categoria usuário comum. Gráfico 21: Distribuição por Condição de Saúde 4% 36% 60% Sim Não Sem Responder Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Perguntando-se ao idoso sobre a existência de algum problema de saúde limitante quanto às práticas de lazer oferecidas pelo grupo, obtivemos novamente dados positivos, pois, apesar deste grupo apresentar um percentual mais elevado de idosos com algum problema de saúde do que o Grupo Renascer, os problemas mencionados não se caracterizam como graves, a saber: visão, reumatismo, coração, diabetes, osteoporose e varizes. Gráfico 22: Distribuição por Preferência de Atividades 6% 9% 15% 46% 24% Passeio e Viagens Dinâmicas de Grupo Festas e Dança Reuniões Palestras Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 53 Diferentemente do que ocorreu na amostra do primeiro grupo analisado, este citou como atividades preferidas os passeios e as viagens, o que leva a considerarmos que estas atividades 4 são praticadas com maior freqüência neste grupo . Faz-se importante analisar comparativamente os dois grupos em estudo, pois poderemos verificar que quanto a este item não teremos muita semelhança. Enquanto que no primeiro grupo ocorreu uma preferência pelas atividades físicas, não tendo nenhuma citação quanto a preferência por viagens e sendo mencionados em apenas 13% os passeios; no presente grupo as viagens juntamente com os passeios corresponderam a 46% das citações. Gráfico 23: Distribuição por Gosto pelas Viagens 100% Gosta de Viajar Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). Percebe-se pelo exposto que 100% dos integrantes deste grupo gostam de viajar, confirmando-se assim os dados do gráfico 22. Do total da amostra apenas 12% afirmaram não participar das viagens e, se considerarmos apenas aqueles que alegaram problemas financeiros, este número cai para 08%; considerando os que afirmaram ser limitados a viajar por problemas de saúde, temos um percentual de 04%. Quanto ao que os idosos sentem nas viagens, 100% respondeu positivamente, destacando-se os sentimentos de felicidade, bem-estar, liberdade e alívio dos problemas cotidianos, quanto a este ultimo poderemos citar: “Alegria e alívio de muitos problemas que temos no dia-a-dia” Em relação ao que os idosos mais gostam nas viagens, muitos afirmaram gostar de tudo, destacando-se: a oportunidade de conhecer novos lugares, as brincadeiras realizadas e a convivência com o grupo. Em relação ao que eles menos gostam, temos: a distância, o ônibus e a volta para casa. 4 Ressaltamos que neste item há uma tentativa de quantificar dados qualitativos. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 54 Gráfico 24: Distribuição pela Qualidade dos Serviços Turísticos 24% 56% 20% Boa Regular Ótima Fonte: Pesquisa de Campo (abr. 2005). De acordo com o gráfico, há uma satisfação de 80% com os serviços turísticos oferecidos, mesmo considerando que poucas viagens foram disponibilizadas exclusivamente para o grupo no ano de 2004 e 2005. De acordo com a coordenadora, no ano de 2004 apenas uma viagem interestadual foi realizada exclusivamente para o grupo, tendo como destino a cidade de Natal, porém vários passeios de um dia foram realizados para o próprio município de João Pessoa, principalmente para os litorais Norte e Sul. 5 Em 2005 ocorreu uma viagem para a Ilha de Itamaracá e estão sendo organizadas junto ao Setor de Turismo Social uma para Garanhuns e outra para Natal, previstas para o segundo semestre. Ao cruzarmos os dados dos questionários aplicados com os idosos aos da entrevista com a coordenadora, verificamos uma contradição: apesar das viagens estarem enquadradas dentro das atividades preferidas, ocorreu apenas uma viagem interestadual exclusiva do grupo no ano de 2004. Comparando-se novamente ao primeiro grupo analisado, apesar das viagens não estarem inseridas dentro das citações das atividades preferidas, o primeiro grupo viajou quatro vezes mais do que este no ano de 2004. Este fato pode ser explicado quando consideramos que a sede do grupo Alegria de viver está localizada no mesmo local do Setor de Turismo Social do SESC, e que muitos destes idosos viajam pelas programações oferecidas para o público em geral. Quando as viagens são programadas apenas para o grupo, a coordenadora afirma que são os idosos que decidem a escolha dos destinos através de uma pesquisa de interesses, ocorrendo a cidade de Natal como destino interestadual preferido. Quando se perguntou à coordenadora se o interior da Paraíba é utilizado como roteiro para as viagens, obtivemos a seguinte resposta: Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 55 “Ainda não, mas pretendemos fazer, pois tenho consciência de que temos que valorizar o que é nosso, mas faço questão de organizar passeios para a nossa cidade.” (Depoimento colhido na pesquisa de campo - informante 2) 3.3 - Turismo Emissivo do SESC Visando qualificar a mão-de-obra para garantir a qualidade dos produtos e serviços oferecidos na Colônia de Férias do SESC na cidade de João Pessoa, as entidades SESC e SENAC uniram esforços para formar o Centro de Formação em Turismo e Hotelaria SESC/ SENAC (CFTUH). A estrutura organizacional desta Unidade é formada por representantes do SESC e do SENAC, estando a Gerência da empresa sob a responsabilidade do SESC, e a área operacional sob a responsabilidade do SENAC. Nesta Unidade funciona o Setor de Turismo Social do SESC, que realiza a programação anual de excursões, reservas para o meio de hospedagem (o próprio CFTUH), além de fazer solicitação de reservas para outros meios de hospedagem da própria entidade, em outras regiões do País, por solicitação de seus clientes locais. Enfocaremos, aqui, o Setor de Turismo Social do SESC no que se refere às excursões promovidas pela programação do Turismo Emissivo. Na elaboração dos pacotes turísticos o SESC faz uso de sua rede extra-hoteleira, a qual é detentora de um alto padrão de qualidade, comportando 38 meios de hospedagem, com cerca de 14.000 leitos, em 20 estados do território nacional. Caso o destino escolhido para a excursão não possua meio de hospedagem próprio do SESC, busca-se para o atendimento deste serviço aqueles que tenham vínculos com a entidade através de convênios. Os destinos mais utilizados para a programação anual das excursões em João Pessoa são aqueles localizados dentro do perímetro do Nordeste brasileiro, destacando-se as cidades de Fortaleza (CE), Garanhuns, no interior de Pernambuco, Maceió (AL), Natal (RN) e Salvador (BA). Como o SESC prioriza atender à clientela comerciária, os valores de seus serviços são diferenciados de acordo com as categorias de Comerciário/ Dependente, Conveniado ou Usuário. Para ser considerado como Comerciário, o indivíduo deve trabalhar em empresas que se associam diretamente ao SESC; a categoria de Conveniado é para aqueles que trabalham em empresas que, mesmo não tendo um vínculo direto com o SESC estabelecem 5 Organizada pela própria coordenadora do grupo, sem nenhum vínculo ao Setor de Turismo Social do SESC. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 56 algum tipo de convênio com esta entidade; e a categoria Usuário é atribuída para aqueles que não trabalham em empresas vinculadas de forma alguma ao SESC. Tendo em vista que uma considerável parcela da demanda efetiva e potencial de Turismo Emissivo desta entidade corresponde aos idosos do grupo da terceira idade do SESC, atinamos para a necessidade de uma análise estatística acerca das excursões promovidas pelo Setor de Turismo Social. Assim, esta análise foi feita através da comparação entre as três primeiras viagens promovidas no ano de 2005 e as viagens correspondentes a estas ocorridas no ano de 2004, tendo como destinos escolhidos para a análise: Garanhuns/Nova Jerusalém (PE), Salvador (BA) e Maceió (AL). Além destes, utilizaremos o destino de Natal (RN), por ter sido utilizado para excursões voltadas exclusivamente para o Grupo Alegria de Viver. Observando a faixa etária da clientela do Turismo Emissivo do SESC no ano de 2004 obtivemos os seguintes dados: TABELA 01: DISTRIBUIÇÃO POR FAIXA ETÁRIA DA DEMANDA TURISMO EMISSIVO 2004: FAIXA ETÁRIA DA DEMANDA PORCENTAGEM (%) De 00 a menos de 12 anos 5,2 De 12 a menos de 18 anos 3,8 De 18 a menos de 25 anos 4,5 De 25 a menos de 40 anos 15,83 De 40 a menos de 55 anos 23,16 Mais de 55 anos 47,51 Fonte: Relatório Anual do STS do SESC - 2004 Comprova-se a partir destes dados que praticamente 50% da demanda pelas excursões no ano de 2004 consistiram no público da faixa etária acima de 55 anos de idade. TABELA 02: VALORES - GARANHUNS/NOVA JERUSALÉM (PE) (2004/2005) CATEGORIA 02 a 04 / abr./ 2004 18 a 20/ mar./ 2005 Comerciário/Dependente R$ 165,00 R$ 210,00 Conveniado R$ 170,00 R$ 220,00 Usuário R$ 180,00 R$ 230,00 Fonte: Arquivo SESC - 2004/ 2005 Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 57 TABELA 03: DISTRIBUIÇÃO DA DEMANDA GARANHUNS/NOVA JERUSALÉM (PE) (2004/2005) CATEGORIA 02 a 04 / abr./ 2004 18 a 20/ mar./ 2005 De 00 a menos de 12 anos 07 06 De 12 a menos de 18 anos 00 00 De 18 a menos de 25 anos 04 00 De 25 a menos de 40 anos 07 14 De 40 a menos de 55 anos 24 11 Mais de 55 anos 58 69 Fonte: Arquivo SESC - 2004/ 2005 Percebemos a partir dos dados da tabela 03 que 58% da demanda para a excursão de Garanhuns/Nova Jerusalém/PE no ano de 2004 correspondeu ao público acima de 55 anos e no ano de 2005 esta porcentagem elevou-se para 69%, a partir de observações empíricas, sabe-se que tais porcentagens correspondem majoritariamente ao público de idosos vinculados aos grupos da terceira idade do SESC. Considerando os dados dos gráficos 08 e 20, comprovamos que a maioria destes idosos que participaram destas viagens provavelmente 6 estão enquadrados na categoria de Usuários . TABELA 04: VALORES - SALVADOR (BA) (2004/2005) CATEGORIA 21 a 25 / abr./ 2004 24 a 27/ mar./ 2005 Comerciário/Dependente R$ 300,00 R$ 280,00 Conveniado R$ 320,00 R$ 360,00 Usuário R$ 340,00 R$ 460,00 Fonte: Arquivo SESC - 2004/ 2005 Ressaltamos aqui que a partir da viagem Salvador (24 a 27/mar/ 2005) foi determinado pela presidência do SESC-PB que aumentasse a diferença entre os valores das categorias no sentido de favorecer o público comerciário. 6 Tal excursão atrai bastante o público idoso em virtude de ser realizada na época em que ocorre o evento “Paixão de Cristo” em Nova Jerusalém (PE). Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 58 Comparando os dados obtidos na presente pesquisa com a atitude da presidência do SESC-PB, corroboramos novamente a necessidade de um estudo de demanda da entidade em questão no sentido de adequar sua política de marketing para o público almejado, sem abrir mão da real clientela, até porque, está em jogo o objetivo declarado pela entidade de promover ações em prol do bem-estar do público da terceira idade, o qual, como já foi dito, em sua maioria pertence a categoria de usuário. TABELA 05: DISTRIBUIÇÃO DA DEMANDA - SALVADOR (BA) (2004/2005) CATEGORIA 02 a 04 / abr./ 2004 18 a 20/ mar./ 2005 De 00 a menos de 12 anos 00 00 De 12 a menos de 18 anos 09 12 De 18 a menos de 25 anos 13 00 De 25 a menos de 40 anos 31 21 De 40 a menos de 55 anos 28 29 Mais de 55 anos 19 38 Fonte: Arquivo SESC - 2004/ 2005 Interessante observar que nesta excursão as porcentagens se equilibram, sendo diminuída significativamente a faixa etária acima de 55 anos em relação às viagens da tabela 03. Tomando os dados dos questionários aplicados, poderemos justificar este fato através das declarações dos idosos acerca das viagens para destinos distantes, as quais causam cansaço e incômodos provocados pelos ônibus. Deduzimos assim que as viagens mais curtas são mais atraentes para o público da terceira idade por serem menos cansativas. Outro ponto que merece observação é que, mesmo tendo uma diferença considerável no valor da excursão Salvador para usuários entre os anos de 2004 e 2005, a porcentagem da clientela com mais de 55 anos duplicou no ano de 2005. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 59 TABELA 06: VALORES - MACEIÓ (AL) (2004/2005) CATEGORIA 30 / abr. a 02/ mai. 2004 21 a 24/ abr./ 2005 Comerciário/Dependente R$ 125,00 R$ 220,00 Conveniado R$ 130,00 R$ 280,00 Usuário R$ 140,00 R$ 300,00 Fonte: Arquivo SESC - 2004/ 2005 TABELA 07: DISTRIBUIÇÃO DA DEMANDA - MACEIÓ (AL) (2004/2005) CATEGORIA 30 / abr. a 02/ mai. 2004 % 21 a 24/ abr./ 2005 % De 00 a menos de 12 anos 07 00 De 12 a menos de 18 anos 02 00 De 18 a menos de 25 anos 04 03 De 25 a menos de 40 anos 20 15 De 40 a menos de 55 anos 22 41 Mais de 55 anos 45 41 Fonte: Arquivo SESC - 2004/ 2005 Comparando as excursões em estudo, evidencia-se que, quanto mais próximo o destino da cidade de João Pessoa/PB, maior fica a participação do público acima de 55 anos. Nestas excursões da tabela 07 o público acima de 55 anos passa a representar novamente a maior porcentagem da demanda, com uma pequena queda no ano de 2005. TABELA 08: VALORES - NATAL (RN) (2004/2005) EXCURSÃO PARA A TERCEIRA IDADE CATEGORIA 20 a 21/ mar./ 2004 09 a 11/ set./ 2005 Comerciário/Dependente R$ 70,00 R$ 110,00 Conveniado R$ 75,00 R$ 130,00 Usuário R$ 80,00 R$ 150,00 Fonte: Arquivo SESC - 2004/ 2005 Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 60 Salientamos que a excursão do ano de 2004 corresponde a apenas 01 dia, enquanto que a excursão de 2005 corresponde a 02 dias. Verificamos que no ano de 2004 a diferença entre os valores das categorias de comerciário e usuário era de aproximadamente 14%, enquanto que essa diferença no ano de 2005 representa aproximadamente 36,5%. TABELA 09: CATEGORIA DA CLIENTELA - NATAL (RN) (2004) EXCURSÃO PARA A TERCEIRA IDADE CATEGORIA % DA CLIENTELA Comerciário/Dependente 27 Conveniado 07 Usuário 66 Fonte: Arquivo SESC - 2004 Observando os dados das tabelas 08 e 09 fica claro que não há nenhuma política de preço que venha a facilitar, para os idosos da categoria usuário, a participação nas viagens elaboradas exclusivamente para os grupos de convivência do SESC. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 61 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo Jéssika França, “O turismo vinculado à inclusão social é um tema pouco explorado, sobretudo se estiver voltado para a inclusão da pessoa idosa” (França, 2005). Tal fato se deve ao aspecto mercantilista em que a atividade turística está inserida desde o seu surgimento, precisando ser repensado pelas instituições sociais afins, no intuito de priorizar o ser humano sobre o aspecto econômico, passando este a ser visto como uma conseqüência do bem estar social. Sabe-se que recursos financeiros elevados facilitam a prática turística, ao mesmo tempo um contingente considerável de pessoas no Brasil esbarra em limitações financeiras que vêm a impedir sua participação em programações turísticas. Diante de tal problemática surge a proposta de turismo socializado, entendendo-se por este “aquele que é fomentado com o objetivo de facilitar o turismo interno das classes menos favorecidas economicamente” (Beni, 2001, p. 421). A Política Nacional do Turismo tem como uma das suas metas o processo de democratização do turismo. Porém, a concretização deste objetivo esbarra na configuração social brasileira que, dentre outros problemas, apresenta a concentração de renda como um dos fatores limitantes mais fortes, restringindo o acesso à prática do turismo para uma pequena parcela da população que detém as condições materiais. A relação social contemporânea imposta pelo neoliberalismo vem agravando a instabilidade estrutural dos países que possuem organizações sociais frágeis, tais como o Brasil, pois as mudanças institucionais e políticas não condizem com a evolução socioeconômica. Convivemos com graves violações aos direitos humanos, tanto no plano dos direitos civis e políticos quanto nos direitos econômicos, sociais e culturais, limitando-se assim as possibilidades do cidadão conquistar efetivamente o acesso aos direitos sociais mais básicos para garantir um grau satisfatório de qualidade de vida. Diante desta conjuntura atual, permeada pelos princípios neoliberais e regida pelo sistema capitalista, percebe-se o enfraquecimento das relações entre os seres humanos na vida cotidiana, tendo em vista as radicais transformações sociais, econômicas e ideológicas que vêm provocando uma mudança de valores nas relações sociais. As relações sociais da atualidade estão sendo marcadas por vários conflitos de classe, sexo, geração, etc., os quais vão evoluindo de acordo com o avanço da sociedade “Produzem-se mutações sociais e culturais que mudam profundamente não só o conteúdo das relações sociais, mas ainda a relação entre as obrigações Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 62 e as escolhas, os deveres sociais e os direitos individuais, os sistemas de valores individuais e os sistemas de valores coletivos.” (Dumazedier, 1979, p. 32) Tais mutações influenciam diretamente na significação do lazer e suas relações com a prática da cidadania. “Na nossa sociedade, os valores do “ter” suplantaram os valores do ‘ser’: posse, propriedade, fortuna, consumo e egoísmo vêm antes de comunidade, tolerância, moderação, busca de um sentido, modéstia e honestidade.” (Krippendorf, 1989, p. 29) A procura pelo desenvolvimento econômico se transformou numa preocupação dominante em todo o mundo. O desenvolvimento passou a ser associado diretamente ao crescimento econômico, ignorando-se implicações sociais importantes que refletem diretamente na qualidade de vida da sociedade. É preciso considerar que a realidade humana é multidimensional, não podendo ser reduzida simplesmente aos valores econômicos. O momento exige que a sociedade adote alternativas mais holísticas que venham a mitigar os problemas sociais provenientes do equívoco de ter-se considerado o desenvolvimento como uma questão meramente econômica. “A dificuldade de expansão do turismo interno por forças de questões estruturais somada a incapacidade histórica das políticas de turismo de promover o chamado turismo social no país são os principais pilares sobre os quais se apóiam as ações governamentais no sentido de favorecer a internacionalização de fluxos e de empreendimentos turísticos no Brasil. Tais ações acabam por perpetuar o modelo segregador do turismo brasileiro, tanto do ponto de vista social como espacial, conforme denotam os inúmeros empreendimentos incentivados pelo poder público federal espalhados por algumas porções do território nacional.” (Cruz, 2000, p. 10) Considerando a necessidade da democratização do acesso ao turismo como um direito social, a sociedade brasileira deve buscar um tipo de turismo que não seja passivo ao processo de turismo massificado no sentido da especulação financeira, mas sim que estabeleça uma harmonia na sociedade, considerando o contexto econômico, ou seja, fazendo com que este subsistema passe a se colocar a serviço da sociedade, e não o contrário. Para viabilizar o turismo social no Brasil faz-se necessário desenvolver ações coordenadas sob a forma de parcerias entre os órgãos públicos em nível estadual e federal, a iniciativa privada, os sindicatos, as associações culturais, as ONG’s e demais instituições afins, porém, dado o interesse econômico das forças de mercado na sociedade neoliberal, surge uma barreira a tais ações ao se colocar em questão os interesses mensurados em cifras. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 63 Em âmbito nacional, o SESC consiste na entidade representativa da promoção do turismo social, porém, o modelo adotado por tal instituição ainda não consegue atingir de fato a população de “baixa renda” do território brasileiro, tendo em vista o contexto social permeado pelo alto índice de desemprego e subemprego. É imperativo o potencial da rede SESC no que se refere aos equipamentos de lazer e turismo instalados em todo o território nacional, entretanto, faz-se necessário questionarmos até que ponto a população de “menor poder aquisitivo” consegue usufruir destes equipamentos, sobretudo aqueles que estão enquadrados na categoria de Usuário por não estarem empregados ou serem subempregados. Ao estudarmos o trabalho desenvolvido pelo SESC na cidade de João Pessoa, especialmente no que se refere à promoção do turismo social para a terceira idade, verificamos que, além de não conseguir atingir com eficácia a clientela pretendida - a categoria Comerciária - não há um fomento ao acesso às viagens turísticas para a sua real demanda, que consiste nos idosos da categoria de Usuário vinculados aos grupos de convivência da própria entidade. Percebe-se a partir do exposto que não há uma intercomunicação entre a cúpula organizacional do SESC de João Pessoa e os setores de turismo e serviço social, no sentido de perceber a Política Social da entidade e a real demanda pelo turismo emissivo, impedindo-se assim que sejam estabelecidas ações condizentes com a realidade. Tem-se como conseqüência que os grupos de convivência do SESC passam a organizar viagens independentes do setor de turismo social por não conseguirem ter acesso ao modelo de turismo implantado por esta entidade. Quanto aos dois grupos analisados, percebemos que as viagens estão mais acessíveis para os integrantes do grupo Alegria de Viver, os quais possuem melhores condições financeiras. Porém, o grupo Renascer recorre a alternativas que facilitam a prática das viagens pelos seus integrantes, mesmo assim, o número destas viagens realizadas ainda está aquém do necessário para atender as necessidades dos 460 inscritos no grupo. Foi provado que as atividades turísticas detêm um alto potencial para promover a melhoria na qualidade de vida destes idosos vinculados aos grupos de convivência do SESC, mas, ao mesmo tempo, uma considerável parcela destes idosos não possui as condições materiais para realizar tais viagens. Em meio a esse panorama o SESC poderia e deveria fomentar o acesso destas pessoas às atividades turísticas através de uma política de preço mais favorável, pois, apesar de seus pacotes serem comercializados abaixo dos valores do mercado, o acesso à estas viagens continua restrito para uma minoria destes idosos. A título de Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 64 sugestão, tal entidade poderia buscar parcerias com as agências de viagens no sentido de diminuir os custos das excursões promovidas para estes grupos de convivência, em contrapartida para estas agências parceiras, o governo poderia lhes dar um amortecimento nos impostos, assim os valores seriam aproximados da realidade econômica de muitos dos integrantes destes grupos em questão. “A mudança cultural em relação à qualidade de vida está apenas começando: só será completa quando a procura de bem-estar e o acesso aos bens culturais (através do turismo ou por outros caminhos) for um direito de todos, um empenho de muitos, um valor novo em uma nova civilização.” (Barreto, 2002, p. 79) Será relativo o nível de transcendência pessoal que estes idosos terão na prática das atividades de lazer e turismo, pois esta questão envolve vários fatores objetivos e subjetivos que permeiam o cotidiano de cada uma destas pessoas. É necessário se ter um cotidiano agradável, criativo e variado para que as atividades de lazer e turismo não representem uma forma de evasão. Ao mesmo tempo, dependendo do nível de percepção de cada um, a viagem poderá possibilitar a tomada de consciência da própria realidade, ao proporcionar a descoberta de outros contextos de vida e a partir daí uma reflexão da própria condição de vida. O desafio consiste, então, em encontrar uma forma para que as atividades de lazer melhorem não só a qualidade de vida, mas também o estilo de vida da nossa sociedade, pois, tais atividades podem ser, tanto um instrumento de alienação, quanto se constituir como uma operação de instrução da sociedade, através do desenvolvimento de ações contínuas e coerentes que possam induzir os indivíduos a despertar atitudes de sujeitos ativos. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 65 5. REFERÊNCIAS BARRETO, Maria Letícia F. Potencial turístico da terceira idade. Belo Horizonte: SESC, 2002. BARRETTO, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. 9. ed. Campinas: Papirus, 1995. BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. 6. ed. São Paulo: SENAC, 2001. CARVALHO, Mônica Fernandes de. A influência do grupo de terceira idade no processo de ressignificação da velhice. João Pessoa : NIETI-UFPB, 2001 (Monografia de Especialização em Gerontologia). CERQUEIRA FILHO, Gisálio. A questão social no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982. CRUZ, Rita de Cássia. Política de turismo e território. São Paulo: Contexto, 2000 DUMAZEDIER, Joffre. Sociologia empírica do lazer. Tradução de Silvia Mazza e J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 1979. FANTIN, Maristela. Construindo cidadania e dignidade. Florianópolis: Insular, 1997. FRANÇA, Jéssika Paiva. Lazer e turismo com inclusão social da pessoa idosa. Girus - Turismo, Informação e Debate. Web Site Institucional. S.r.: fev. 2005. Disponível em: <http://www.girus.com.br/artigos/visualiza.php?cod=163>. GIDDENS, Anthony. Modernidade e identidade. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do turismo. São Paulo: Pioneira, 1999. KRIPPENDORF, Jost. Sociologia do turismo: para uma nova compreensão do lazer e das viagens. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989. MELO, Sylvana Claudia de Figueiredo. Velhice e satisfação de vida em uma cidade rural. João Pessoa: CCHLA-UFPB, 2001 (Dissertação de Mestrado em Psicologia Social). MOLINA, Sergio. Planejamento integral do turismo: um enfoque para a América Latina. Bauru, SP: Edusc, 2001. NERI, Anita Liberalesso. Psicologia do envelhecimento. Campinas: Papirus, 1995. PARKER, Stanley. A sociologia do lazer. Tradução de George Allen e Unwin. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976. PEIXOTO, Delfina da Conceição Taveira. Cuidar o futuro: um programa radical para viver melhor. Lisboa: Trinova, 1998. POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS. Brasília: Ministério da Justiça, Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, 1998. SANTOS, Agatha Alexandre. Construção social da pessoa no turismo: um estudo de caso. In: SERRANO, Célia; BRUHNS, Heloísa T. & LUCHIARI, Maria Tereza (orgs.). Olhares contemporâneos sobre o turismo. Campinas: Papirus, 2000, p. 195-208. SILVA, Raimundo Pereira da. Terceira idade: a construção da cidadania no cotidiano. João Pessoa: NIETIUFPB, 2001 (Monografia de especialização em Gerontologia). SESC-PB. Projeto intervenção sobre: proposta para formação de grupo de convivência para pessoas aposentadas e idosas no SESC Cabo Branco. João Pessoa: SESC-PB, 2001. Trabalho não-publicado. SESC-PB. Proposta para formação de grupos de convivência para pessoas aposentadas e idosas no SESC Cabo Branco. João Pessoa: SESC-PB, 2001. Projeto de circulação restrita. Trabalho não publicado. SESC-RJ. Atividade Turismo Social. Rio de Janeiro: Folheteria, 2003. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 66 SESC-RJ. Turismo Social: Modelo da Atividade. Rio de Janeiro: Departamento Nacional, Divisão de Planejamento e Desenvolvimento - DPD, 2003 (Modelo da Ação de Turismo Social). SOUTO, Enedina Maria Soares. Cabelos de neve na serra: estudo antropológico dos grupos de convivência de idosos em Campina Grande - PB. João Pessoa: CCHLA-UFPB, 1997 (Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais). SOUZA,Maria Cabral da Silva. O perfil do grupo Renascer e sua relação com a velhice e bem-estar. João Pessoa: NIETI-UFPB, 2002 (Monografia de Especialização em Gerontologia). TRIGO, Luiz Gonzaga Godoi. A sociedade pós-industrial e o profissional em turismo. 2. ed. Campinas: Papirus, 1999. URRY, John. O olhar do turista: lazer e viagens nas sociedades contemporâneas. Tradução de Carlos Eugênio Marcondes de Moura. 3. ed. São Paulo: SESC/ Studio Nobel, 2001. ZIMERMAN, Guite I. Velhice: Aspectos Biopsicosociais. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. 5.1 - WEB SITES CONSULTADOS ADM Brasil. Teoria Comportamental da Administração. Texto publicado no web site de divulgação da Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação. Disponível em: <http://www.admbrasil.com.br/tex_teoria_comportamental.htm>. BIBLIOTECA Virtual de Economia. Web site institucional. Disponível em: <http://www.eumed.net/libros/>. CENTRO de Estudos em Lazer e Turismo. A pesquisa sobre lazer e turismo. Texto publicado no web site institucional da Fundação Getúlio Vargas. Disponível em: <http://www.fgvsp.br/academico/estudos/celt/pesquisa.htm>. EMBRATUR. Web site institucional. Disponível em: <http://www.embratur.gov.br/>. ESTUDOS Turísticos. Web Site institucional. Disponível em: <http://www.estudosturisticos.com.br>. JORNAL da Tarde. Web site institucional. Disponível em: <http://www.jt.estadao.com.br/>. JORNAL O Norte. Web site institucional. Disponível em: <http://www.jornalonorte.com.br/>. SESC - Serviço Social do Comércio - Seção Paraíba. Web site institucional. Disponível em: <http://www.pb.sesc.com.br/>. SIMON Schwartzman. Web Site Pessoal. Disponível em: <http://www.schwartzman.org.br/simon/>. 5.2 - ENTREVISTAS Entrevista 01 - Maria Cabral da Silva Souza. Coordenadora do Trabalho Social com Idosos - SESC Centro, João Pessoa - PB, 09 mai. 2005. Entrevista 02 - Maria Solange Mesquita Cabral. Assistente Social - SESC Cabo Branco, João Pessoa - PB, 09 mai. 2005. Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 67 6. ANEXOS Anexo 01 Programações das viagens que foram utilizadas nas tabelas Excursão: Garanhuns/ Nova Jerusalém Período: 02 a 04 abr. 2004 Sexta-feira (02 abr.) 06h30 – Saída com destino a Garanhuns – Saída da frente do SESC Cabo Branco, Av. Cabo Branco, 2788 – Cabo Branco. Fone 226 2022 12h30 – Chegada prevista no SESC Colônia Garanhuns, situado na Av. Manoel Clemente, 161 – Centro – Fone (0**87) 3761 0642 Tarde – Livre Noite – Saída p/ barzinho Sábado (03 abr.) Manhã – Livre 14h – City tour 20h – Saída p/ barzinho Domingo (04 abr.) Manhã – Livre 14h – Saída com destino a Nova Jerusalém – Fazenda Nova – Espetáculo Paixão de Cristo (início 18h) Saída com destino a João Pessoa após o espetáculo. Oferecemos: ônibus com ar condicionado, 02 diárias no SESC Colônia Garanhuns com pensão completa (café, almoço e jantar), serviço de bordo, guia local, guia do SESC e ingresso para o espetáculo. Valor do pacote Comerciário/dependente – R$ R$ 165,00, em 05 parcelas de R$ 33,00 Conveniado – R$ 170,00, em 04 parcelas de R$ 42,50 Usuário – R$ 180,00, em 04 parcelas de R$ 45,00 Crianças de 05 a 10 anos – 50% de desconto Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 68 Excursão: Garanhuns/ Nova Jerusalém/ PE Período: 18 a 20 mar. 2005 Sexta-feira (18 mar.) 06h30- Saída com destino a Garanhuns – Saída da frente do SESC Cabo Branco, Av. Cabo Branco, 2788 – Cabo Branco. Fone 226.2022 12h30- Chegada prevista no SESC Colônia Garanhuns, situado na Av. Manoel Clemente, 161- Centro – Fone (0**87) 3761.0642 Tarde – Livre Noite – Saída p/barzinho Sábado (19 mar.) Manhã- Livre 14h- City tour 20h- Saída para barzinho Domingo (20 mar.) Manhã- Livre 14h- Saída com destino a Nova Jerusalém – Fazenda Nova – Espetáculo Paixão de Cristo (início 18h). Saída com destino a João Pessoa após o Espetáculo. Oferecemos: ônibus com ar condicionado, 02½ diárias no SESC Colônia Garanhuns com pensão completa (café, almoço e jantar), serviço de bordo, guia local, guia do SESC e ingresso para o espetáculo. Valor do pacote Comerciário/dependente – R$ R$ 210,00, em 05 parcelas de R$ 42,00 Conveniado – R$ 220,00, em 04 parcelas de R$ 55,00 Usuário – R$ 230,00, em 04 parcelas de R$ 57,50 Crianças de 05 a 10 anos – 50% de desconto Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 69 Excursão: Salvador/BA Período: 21 a 25 abr. 2004 Quarta-feira (21 abr.) 06h- Saída com destino a Salvador – Saída da frente do SESC Cabo Branco, Av. Cabo Branco, 2788 – Cabo Branco. Fone 226.2022 21h- Chegada prevista no SESC Piatã, situado na Av. Otávio Mangabeira S/N – Piatã. Fone (71) 367 8520 Quinta-feira (22 abr.) 08h30 – Saída p/ o Pelourinho e Elevador Lacerda 12h – Retorno ao SESC (almoço) 16h – Saída p/ Lagoa do Abaeté e Aeroclube (Shopping) 21h – Saída p/ barzinho Sexta-feira (23 abr.) Manhã – Livre 14h – Saída p/ Igreja do Bonfim e Mercado Modelo 21h – Saída p/ barzinho Sábado (24 abr.) Manhã – Livre 15h – Saída p/ o Shopping Domingo (25 abr.) 08h30 – Saída com destino a João Pessoa, com chegada prevista às 23h30. Oferecemos: ônibus com ar condicionado, 04 diárias no SESC Piatã com pensão completa (café, almoço e jantar), serviço de bordo, guia local, guia do SESC. Valor do pacote Comerciários/ dependentes – R$ 300,00, em 06 parcelas de R$ 50,00 Conveniados – R$ 320,00 em 04 parcelas de R$ 80,00 Usuários – R$ 340,00 em 04 parcelas de R$ 85,00 Crianças de 05 a 10 anos – 50% de desconto Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 70 Excursão: Salvador/BA Período: 24 a 27 mar. 2005 Quinta-feira (24 mar.) 06h- Saída com destino a Salvador – Saída da frente do SESC Cabo Branco, Av. Cabo Branco, 2788 – Cabo Branco. Fone 3226.2022 21h- Chegada prevista no SESC Piatã, situado na Av. Otávio Mangabeira S/N – Piatã. Fone (71) 367 8520 Sexta-feira (25 mar.) 08h30 – Saída p/ o Pelourinho, Elevador Lacerda e Igreja do Bonfim 12h – Retorno ao SESC (almoço) 16h – Saída p/ Lagoa do Abaeté e Aeroclube (Shopping) 21h – Saída p/ barzinho Sábado (26 mar.) Manhã – Livre 14h – Saída p/ o Mercado Modelo 21h – Saída p/ barzinho Domingo (27 mar.) 08h30 – Saída com destino a João Pessoa, com chegada prevista às 23h30. Oferecemos: ônibus com ar condicionado, 03 diárias no SESC Piatã com pensão completa (café, almoço e jantar), serviço de bordo, guia local, guia do SESC. Valor do pacote Comerciários/ dependentes – R$ 280,00, em 05 parcelas de R$ 56,00 Conveniados – R$ 360,00 em 04 parcelas de R$ 90,00 Usuários – R$ 460,00 em 04 parcelas de R$ 115,00 Crianças de 05 a 10 anos – 50% de desconto Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 71 Excursão: Maceió/AL Período: 30 abr. a 02 mai. 2004 Sexta-feira (30 abr.) 06h30 - Saída com destino a Maceió/AL – Saída da frente do SESC Cabo Branco, Av. Cabo Branco, 2788 – Cabo Branco. Fone 226.2022 12h30 - Chegada prevista no SESC Guaxuma, situado na Av. Cel. Mário Saraiva, s/n – Praia de Guaxuma – Fone (0**82) 325.6077 ou 325.5021. 15h – City tour p/ conhecer os principais pontos turísticos de Maceió Noite - Livre Sábado (01 mai.) 09h – Saída p/ a praia do Francês – Litoral Sul 12h – Retorno ao SESC/Guaxuma 16h – Saída p/ o Shopping Iguatemy 19h – Saída p/ o SESC/Poço – Noite Dançante Domingo (02 maio.) Manhã - Livre 13h30 – Retorno a João Pessoa, com chegada prevista às 19h30. Oferecemos: ônibus com ar condicionado, 03 diárias no SESC Guaxuma com pensão completa (café, almoço e jantar), serviço de bordo, guia local, guia do SESC. Valor do pacote Comerciários/ dependentes – R$ 125,00, em 05 parcelas de R$ 25,00 Conveniados – R$ 130,00 em 04 parcelas de R$ 32,50 Usuários – R$ 140,00 em 04 parcelas de R$ 35,00 Crianças de 05 a 10 anos – 50% de desconto Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 72 Excursão: Maceió/AL Período: 21 a 24 abr. 2005 Quinta-feira (21 abr.) 06h30 - Saída com destino a Maceió/AL – Saída da frente do SESC Cabo Branco, Av. Cabo Branco, 2788 – Cabo Branco. Fone 226.2022 12h30 - Chegada prevista no SESC Guaxuma, situado na Av. Cel. Mário Saraiva, s/n – Praia de Guaxuma – Fone (0**82) 325.6077 ou 325.5021. 15h – City tour p/ conhecer os principais pontos turísticos de Maceió Noite - Livre Sexta-feira (22 abr.) 09h – Saída p/ a praia do Francês – Litoral Sul 12h – Retorno ao SESC/Guaxuma 16h – Saída p/ o Shopping Iguatemy 19h – Saída p/ o SESC/Poço – Noite Dançante Sábado (23 abr.) 08h – Saída p/ as Nove Ilhas Passeio de Escuna + frutas + almoço: R$ 25,00 (opcional) Noite – Casa de Show “O Lampião” Domingo (24 abr.) Manhã - Livre 13h30 – Retorno a João Pessoa, com chegada prevista às 19h30. Oferecemos: ônibus com ar condicionado, 03 diárias no SESC Guaxuma com pensão completa (café, almoço e jantar), serviço de bordo, guia local, guia do SESC. Valor do pacote Comerciários/ dependentes – R$ 220,00, em 05 parcelas de R$ 44,00 Conveniados – R$ 280,00 em 04 parcelas de R$ 70,00 Usuários – R$ 300,00 em 04 parcelas de R$ 75,00 Crianças de 05 a 10 anos – 50% de desconto Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 73 Excursão: Natal/RN Período: 20 a 21 mar. 2004 Sábado (20 mar.) 07h - Saída com destino a Natal/RN – Saída da frente do SESC Cabo Branco, Av. Cabo Branco, 2788 – Cabo Branco. Fone 226.2022 09h30 - Chegada prevista no SESC Ponta Negra, situado na Av. Dês. João Vicente da Costa, s/n – Ponta Negra – Fone (0**84) 219 6830 12h – Almoço (opcional – R$ 8,00 o quilo – self service) 13h30 – City tour 21h – Saída p/ barzinho Domingo (21 mar.) 08h – Saída p/ Genipabu (passeio de bugre – opcional) 11h30 – Retorno ao SESC para almoço (opcional) 15h – Saída com destino a João Pessoa (chegada prevista para 17h30) Oferecemos: ônibus com ar condicionado, 01 diária no SESC Ponta Negra com meia-pensão (café e jantar), serviço de bordo, guia local, guia do SESC. Valor do pacote Comerciário/dependente – R$ 70,00, em 04 parcelas de R$ 17,50 Conveniado – R$ 75,00, em 04 parcelas de R$ 18,75 Usuário – R$ 80,00, em 04 parcelas de R$ 20,00 Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 74 Excursão: Natal/RN Período: 09 a 11 set. 2005 Grupo “Alegria de Viver” Sexta-feira (09 set.) 08h - Saída com destino a Natal/RN – Saída da frente do SESC/CFTUH, Av. Cabo Branco, 2788 – Cabo Branco. Fone: 3226.2022 Com hospedagem no SESC Ponta Negra, situado na Av. Dês. João Vicente da Costa, s/n – Ponta Negra – Fone: (0**84) 3219 6830 16h – City tour Noite – Livre Sábado (10 set.) 08h30 – Saída para o Litoral Sul com visita ao maior cajueiro do mundo e lagoa do Arituba 20h – Saída para a casa de show “Zás-Trás” Domingo (11 set.) Manhã – Livre (aproveitando o balneário do SESC) 12h – Saída para Shopping Midway Mall 16h – Retorno a João Pessoa com chegada prevista às 20h. Oferecemos: ônibus com ar condicionado, 02 diárias no SESC Ponta Negra com café da manhã, serviço de bordo, seguro viagem, guia local e guia do SESC. Valor do pacote Comerciário/dependente – R$ 110,00, em 05 parcelas de R$ 22,00 Conveniado – R$ 130,00, em 04 parcelas de R$ 32,50 Usuário – R$ 150,00, em 04 parcelas de R$ 37,50 Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC Anexo 02 Roteiro dos questionários aplicados junto aos grupos de terceira idade do SESC Responda as questões a seguir: 1. Idade: ______ anos 2. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 3. Estado civil: ( ) Casado(a) ( ) Solteiro(a) ( ) Viúvo(a) ( ) Outro(a) 4. Renda: ( ) 01 a 03 salários mínimos ( ) 04 a 06 salários mínimos ( ) acima de 06 salários mínimos 5. Escolaridade: ( ) Sem Escolaridade Formal ( ) Ensino Fundamental Incompleto (até 4ª série do antigo Primário) ( ) Ensino Fundamental Completo (até 4ª série do antigo Ginásio) ( ) Ensino Médio Incompleto (antigo Colegial) ( ) Ensino Médio Completo (antigo Colegial) ( ) Ensino Superior Incompleto – Área: ______________________ ( ) Ensino Superior Completo – Área: _______________________ ( )Pós Graduação – Área:___________________Nível:_______________ ( )Outra Situação – Qual?_______________________________________ 6. Habitação: ( 7. Mora: ( ) Própria ( ) Sozinho(a) ( 8. Possui carteira de: ( ) Alugada ( ) Com família ( )Comerciário ( ) Cedida ) Outra situação )Conveniado ( )Usuário ( )N.D.A 9. Qual o motivo que lhe levou a participar do grupo? 10. Qual a importância que o grupo passou a ter em sua vida? 11. De quais atividades do grupo mais gosta de participar? 12. Tem algum problema de saúde que o impeça de praticar alguma atividade desenvolvida pelo grupo? ( ) Não ( ) Sim Qual: ___________________________ 13. Gosta de viajar? ( )Sim ( ) Não 14. O que sente quando viaja? 15. O que mais gosta e o que menos gosta nas viagens? 16. Participa das atividades turísticas desenvolvidas pelo grupo? Por quê? 17. A quantidade de viagens realizadas é satisfatória? Por quê? 18. A qualidade dos serviços turísticos oferecidos é: ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ótima 75 Terceira Idade e Turismo em João Pessoa: um estudo de caso sobre a atuação do SESC 76 Anexo 03 Roteiro das entrevistas Data da entrevista: Lugar da entrevista: Nome da entrevistada: Função que ocupa no SESC: Há quanto tempo está nesta função? Nº de inscritos e nº de participantes do grupo: Como é o trabalho desenvolvido com os idosos? Fale-me das atividades de lazer voltadas para os idosos. Existe alguma restrição quanto à participação dos idosos nas atividades de lazer? Quais as atividades que são mais praticadas? Há limite de vagas para participar das atividades de lazer? Quantas viagens foram promovidas para o grupo no ano de 2004 e 2005? Quais os critérios que são utilizados para as escolhas dos destinos? Quais os destinos mais freqüentados nas viagens promovidas para o grupo? O interior da Paraíba é utilizado como roteiro para as viagens? São promovidos passeios para os pontos turísticos da cidade de João Pessoa? Oferece-se alguma alternativa de passeios curtos para aqueles que não podem, seja por limitações financeiras ou de saúde, participar das viagens mais longas? Quem elabora os pacotes das viagens? Os idosos participam de que forma na elaboração dos pacotes turísticos destinados a eles? São realizadas reuniões para debater sobre as viagens antes e depois delas ocorrerem? Há alguma restrição quanto a participação dos idosos nestas viagens? Os idosos apresentam alguma limitação fisiológica que os limitem a participar das viagens? É tomado algum cuidado especial nas viagens realizadas com os idosos? É comum surgirem problemas de saúde com os idosos durante as viagens? Os idosos se queixam de limitações financeiras? Há política de diferenciação de preços que facilite a participação destes idosos nas viagens? Como o SESC fomenta a participação dos idosos nas viagens? O SESC busca alguma parceria no intuito de diminuir os custos dos pacotes, objetivando facilitar a participação dos idosos com menor poder aquisitivo?