CHUVAS DIÁRIAS EM JOÃO PESSOA . UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A DEFESA CIVIL Bernadete Lira dos Anjos¹, Alissandra da Mota Costa², Diego Lira dos Anjos³ RESUMO O estudo das chuvas máximas em 24 horas disperta grande interesse, não só por sua aplicação em estudos hidrológicos e na agricultura, mas também sob o ponto de vista de que ao atingir determinado limite ela passa a assegurar a tomada de decisões por parte dos órgãos de defesa civil, possibilitando um melhor planejamento das suas atividades. Como toda região costeira que sofre influências da circulação local nas áreas litorâneas, que normalmente produzem chuvas fracas e de curta duração na primavera e verão, João Pessoa tem enfrentado entre os meses de março e julho eventos diários intensos e duradouros responsáveis por vários transtornos a sua população. Esse trabalho tem o objetivo de estudar duas características fundamentais das chuvas diárias em João Pessoa, mais precisamente sua intensidade e freqüência, trazendo subsídios a deflagração das ações do Plano Preventivo de Defesa Civil do Estado da Paraíba. ABSTRACT For opportunity of intense the lasting rains as large cities was to confront disruption various in some case with losses of lifes humane. It large João Pessoa-PB the rains intense are more frequent between march and july. The our study objective the acquaintance of the quantity extreme of precipitation in the city João Pessoa-PB. Palavras chave: chuvas máximas, defesa civil _______________________________________________________________ ¹ Msc. Bernadete Lira dos Anjos – INMET – [email protected] , ² Geografa. – INMET/CONSERVO – [email protected] , ³ Aluno do Curso de Graduação em Biologia/UFPE – INMET/CIEE [email protected] 1. INTRODUÇÃO Eventos de chuvas diárias extremas, que se caracterizam por apresentar intensidade muito superior aos seus valores climatológicos, sempre se constituirá em preocupação para a defesa civil e sua população. Nestas condições, elas são as causas de inundações, destruições, queda de barreiras, espalhando o caos com prejuízos e em muitos casos com perdas de vidas humanas. O grande número de acidentes causados pelas chuvas intensas e os danos por elas provocados vem forçando organismos municipais, estaduais e internacionais a estimular o estabelecimento de medidas preventivas com o propósito de minimizar as conseqüências sociais e econômicas causadas por tais eventos. Preocupada com o aumento das tempestades tropicais nas últimas décadas, a OMM (Organização Meteorológica Mundial) criou o Plano de Ação 2005-2015, cuja finalidade é a integração de governos municipais, estaduais, agências regionais e internacionais e outros atores em prol da prevenção de todo o tipo de desastres naturais, a exemplo de uma chuva de 100 mm/dia. Infelizmente riscos e prejuízos relacionados com chuvas intensas sempre vão ocorrer, pois elas fazem parte dos padrões da dinâmica geral da atmosfera, e como não podemos viver sem ela, resta-nos saber conviver com seus limites diários. O estudo das chuvas máximas em 24 horas apresenta grande interesse, não só por sua aplicação em estudos hidrológicos e na agricultura, mas também sob o ponto de vista de que ao atingir determinado limite ela passa a assegurar a tomada de decisões por parte dos órgãos da defesa civil, possibilitando um melhor planejamento das suas atividades, objetivando a mitigação dos prejuízos causados pelas chuvas intensas. Dada a importância da precipitação como o elemento climático mais variável, alguns pesquisadores tem destacado em seus trabalhos aspectos da precipitação diária na Região Nordeste do Brasil. Entre estes, destacamos os trabalhos de Kousky (1979), Tavares e Elliz (1980), Anjos e Anjos (1986), Silva e Neto (1996), Anjos (1998), Almeida et al (2004). Como toda região costeira que sofre as influências da circulação local nas áreas litorâneas que normalmente produzem chuvas fracas e de curta duração na primavera e verão, João Pessoa tem enfrentado entre os meses de março e julho eventos diários intensos e duradouros responsáveis por vários transtornos a sua população. Esse trabalho tem o objetivo de estudar duas características fundamentais das chuvas diárias em João Pessoa, mais precisamente sua intensidade e freqüência, trazendo subsídios a deflagação das ações do Plano Preventivo da Defesa Civil do Estado da Paraíba. 2. DADOS E METODOLOGIA Neste estudo, foram utilizados dados diários de precipitação de janeiro de 1961 a dezembro de 2005 da Estação Climatológica Principal de João Pessoa – PB (Altitude: 7.73m, Latitude: 07º06’S e Longitude: 34º52’W) pertencente à rede do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET. Foram realizadas análises estatísticas da freqüência da precipitação, ou seja, do número de dias com ocorrência de chuva em três intervalos de altura diária. Calculamos a freqüência relativa mensal, sazonal e anual de dias com chuva em quatro classes. As precipitações abaixo de 20mm não foram consideradas. Classe 1 – chuva maior ou igual a 20mm; Classe 2 - chuva maior ou igual a 20mm e menor que 50mm; Classe 3 - chuva maior ou igual a 50mm e menor que 100mm Classe 4 - chuva maior ou igual a 100mm. Foi escolhido o limite de 20mm para identificar a altura da chuva diária que se constituem em preocupação para a defesa civil e população em geral, principalmente, quando as chuvas ocorrem no período chuvoso de março a agosto na capital paraibana. 3. RESULTADOS E DISCURSÕES A figura 1 mostra que em média, a freqüência anual de dias com chuvas na Classe 1 é de 27 dias, dos quais 20 dias ocorrem na Classe 2, seguidos de 6 dias na Classe 3, e apenas 1 evento anual na Classe 4, ocorre ao longo do ano em João Pessoa. 35 20 25 Dias Classe 1 – chuva ≥ 20mm Classe 2 – 20mm ≤ chuva < 50mm Classe 3 - 50mm ≤ chuva < 100mm Classe 4 - chuva ≥ 100mm 27 30 20 15 6 10 1 5 0 Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4 Fig. 1 - Freqüência anual da ocorrência de dias com chuva diária nas Classes 1, 2, 3, e 4 em João Pessoa–PB. A figura 2 evidencia a freqüência mensal da ocorrência de dias com chuva, destacando-se os meses de março, abril, maio, junho e julho como os meses com maior número de dias com chuva na Classe 1. Em outubro, novembro e dezembro não é comum a incidência na Classe 1 na capital paraibana. Nas Classes 2 e 3 verificamos que os meses com maior incidência são abril, maio, junho e julho, com pico máximo nos meses de maio e junho o que confirma o fato de que praticamente as estações do outono e inverno é caracteristicamente chuvoso em João Pessoa. Apesar de ocorrer com pouca freqüência, não é muito comum chuva na Classe 2 entre os meses de setembro a fevereiro. Por outro lado, em média espera-se apenas um evento de chuva na Classe 4, principalmente, no mês de junho na capital paraibana. Classe 1 - Dias 6 5 Classe 2 - 4 Classe 3 - 3 Classe 4 - 2 1 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Fig. 2 - Freqüência mensal da ocorrência de dias com chuva diária nas Classes 1, 2, 3 e 4 em João Pessoa–PB. A figura 3 mostra que a freqüência relativa percentual de dias com chuvas mais intensas Classe 1, ultrapassa o limite de 60% entre março e julho, com pico máximo atingindo 69,5% e 78,0% em maio e junho respectivamente. Entre agosto e dezembro esses limites diminuem variando entre 42,9% e 13,6%, o que se explica pela predominância das chuvas diárias abaixo de 20mm nesse período do ano. Esta figura, evidencia ainda o quanto as chuvas intensas no período de abril a julho contribuem para o total anual de precipitação da capital paraibana. Constatamos ainda que chuvas diárias nas Classes 3 é mais significativa no 1° semestre do ano, ultrapassando o limite de 21% nos meses de janeiro, março, abril, maio, junho e julho com exceção apenas de fevereiro que atinge 17,1%. Na Classe 4 ultrapassa o limite de 11% nos meses de abril, maio e junho. Raramente chuvas na Classes 3 são observadas nos meses de outubro e novembro e na Classe 4 em novembro e dezembro. Apesar de ocorrer apenas um evento diário ao longo do ano, as chuvas na Classe 4, ultrapassam o limite de 10% nos meses de abril, maio e junho, com o máximo de 13,5% em junho. 90 Classe 1 - porcentagem (%) 80 70 Classe 2 - 60 50 40 Classe 3 - 30 20 Classe 4 - 10 0 Jan Fev M ar Abr M ai Jun Jul Ago Set Out Nov D ez Fig. 3 – Freqüência relativa percentual mensal das chuvas diárias nas Classes 1, 2, 3 e 4 em João Pessoa. 4. CONCLUSÕES De modo geral, a ocorrência anual de chuvas diárias maior ou igual a 20mm em João Pessoa tem início no mês de março, estendendo-se até setembro, com uma freqüência de vinte e sete dias. As chuvas maior ou igual a 20mm e menor que 50mm tem freqüência anual de 20 dias ocorrendo principalmente nos meses de abril, maio, junho e julho. Ocorrem também nesse período chuvas acima de 50mm com uma freqüência de 7 dias. Já as chuvas diárias acima de 100mm são representativas apenas no mês de junho com uma única freqüência anual, e sua contribuição percentual ultrapassa o limite de 10% nos meses de abril, maio e junho. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida, J.M. V., Aragão, M. R. S., Correia, M. F., Bezerra, W. A. Intensidade máximas de chuvas no Estado de Pernambuco. XIII CBMet. 2004. Fortaleza.CE. Anjos, R. J ., Anjos, B. L. Características da Precipitação no Recife. I Congresso Interamericano de Meteorologia e IV CBMet. Anais 1, 1986, Brasilia.DF. Anjos, R. J. Aguaceiros em Recife – PE: Uma Climatologia de 36 anos. X CBMet e VIII Congresso da Flismet. 1998. Brasília. DF Kousky, V. E. Frontal influences on Northeast Brazil. Mon. Wea. Ver. 1979. 107, 1140-1153. Silva, M. A. V., Neto, J. P. S. Análise de dados Diários de Precipitação no Cerrado Baiano. Início das Chuvas e Estação Chuvosa. IX Congresso Brasileiro de Meteorologia. Vol. 1. 1996. Campos do Jordão. SP Tavares, A. S., Elliz, J. Chuva máxima em um dia no Nordeste do Brasil. Boletim Técnico. Nº 18. 1980. Instituto Nacional de Meteorologia. Brasília. DF