Simulado COC – ENEM 2009
Linguagens e Códigos
Leia o texto a seguir e responda à questão.
Falta de civilidade
Sofremos de um mal na atualidade: a incivilidade. A toda hora, somos obrigados a
testemunhar cenas de grosseria entre as pessoas, de falta de respeito pelo espaço que
usamos e de absoluta carência de cortesia nas relações interpessoais. Os adultos perderam a
vergonha de ofender publicamente e em alto e bom som, de transgredir as normas da vida
comum por quaisquer razões. Parece mesmo que nossa vida segue um lema: cada um por si
e, ao mesmo tempo, contra todos.
Por isso, perdemos totalmente a sensibilidade pelo direito do outro: cada um de nós
procura, desesperadamente, seus direitos, sua felicidade, seu poder de consumo, seu prazer,
sem reconhecer o outro. E, claro, isso gera intolerância, discriminação, ameaça.
O pacto social parece ter sido rompido e não tomamos nenhuma medida para reverter esse
processo. As mídias, por exemplo, comentam cenas de incivilidade ocorridas entre pessoas
que ocupam posição de destaque. Virou moda e ganhou visibilidade dizer tudo o que se pensa,
agredir para se defender, fazer pouco do outro. Pessoas que ocupam cargos de cheia
expressam seu descontentamento com seus funcionários aos berros e assim por diante.
(...)
Um garoto disse que achava que os alunos maiores intimidavam os menores porque a
escola e os pais ensinam que se deve respeitar os mais velhos. Veja você: o conceito de mais
velho deixou de significar adulto ou velho e passou a ser usado como de mais idade. Assim,
revelou o garoto, uma criança de um ou dois anos a mais que a outra se considera um “mais
velho” e, por isso, pode explorar os de menos idade.
Podemos ampliar esse conceito apreendido pelas crianças e, além da idade, pensar em poder,
por exemplo. Isso nos faz pensar que o bullying ocorre principalmente, mas não apenas,
porque crianças e adolescentes desenvolvem relações assimétricas entre eles, por causa da
idade, do tamanho, da força e do poder.
Talvez seja em casa e na escola que pais e professores possam e devam repensar e
reinventar o conceito de cidadania. Mas também temos nós, os adultos, o dever de adotar boas
maneiras na convivência social. Afinal, praticar boas maneiras e ensinar aos mais novos o
mesmo nada mais é do que reconhecer o outro e buscar formas de boa convivência com ele.
Disso depende a sobrevivência da vida social porque somos todos interdependentes.
Vocabulário
Bullying: ameaça; intimidação
SAYÃO, Rosely. Falta de civilidade. Folha de S. Paulo. São Paulo, 9 jul. 2009, Folha
Equilíbrio.
01. Marque a alternativa em que o tema central do texto pode ser depreendido corretamente.
a) Precisamos aprender a respeitar nosso organismo, nossas vontades e necessidades
para não nos sentirmos reprimidos, causando ressentimento.
b) A falta de respeito com o outro, seja esse quem for, é apenas o reflexo da falta de
respeito por si mesmo e, principalmente, da falta de autoconhecimento.
c) Cada um deve agir de acordo com seu nível de evolução, sendo capaz de enxergar e
compreender sua limitação, sem considerar o próximo.
d) A falta de respeito pelo outro ocorre devido ao egoísmo, ou seja, à falta de projeção em
tentar vivenciar a realidade do outro para compreendê-la e conseguir respeitá-la.
e) O limite ajuda-nos a perceber quem somos; a responsabilidade ensina-nos que tudo
tem o seu preço, que estamos sempre em relações de troca, colhendo aquilo que
semeamos.
Resposta: D
Nessa questão, deve-se recorrer ao texto jornalístico para discutir o problema do respeito entre
as pessoas no convívio em sociedade. O trecho “Por isso, perdemos totalmente a sensibilidade
pelo direito do outro: cada um de nós procura, desesperadamente, seus direitos, sua felicidade,
seu poder de consumo, seu prazer, sem reconhecer o outro.” confirma a alternativa D como
correta. (Competência 1 – Habilidade 2)
02. Considerando o gênero, o texto anterior é:
a) descritivo, já que apresenta como característica a contraposição de ideias e a defesa
de uma delas pela autora.
b) descritivo, porque tem como característica a presença de verbos de estado e a
ausência do ponto de vista da autora.
c) dissertativo-argumentativo do tipo subjetivo, porque a autora apresenta e defende seu
ponto de vista sobre a falta de civilidade nas relações interpessoais em nossa
sociedade.
d) dissertativo do tipo objetivo, porque a autora expõe ideias sem posicionar-se
pessoalmente a respeito delas, apenas relatando fatos vividos em nossa sociedade
devido à falta de respeito entre as pessoas.
e) narrativo, no qual a autora apresenta uma introdução para, a seguir, narrar diversos
episódios que mostram o desrespeito das pessoas umas com as outras, devido ao
individualismo excessivo presente em nossa sociedade.
Resposta: C
Deve-se, nessa questão, identificar o tipo de linguagem e os recursos expressivos
característicos do texto dissertativo, presente em meios de comunicação, tais como jornais e
revistas. O texto lido é claramente dissertativo-argumentativo, pois sua finalidade principal é
persuadir o leitor a aceitar o ponto de vista da autora a respeito do assunto. (Competência 1 –
Habilidade 1)
03. A gradação é uma figura de linguagem que consiste em apresentar uma sequência de
ideias em sentido crescente ou decrescente, como ocorre em: “Tudo começou no meu
quarto, onde concebi as ideias que me levariam a dominar o bairro, a cidade, o país, o
mundo.” Assinale a alternativa em que esse tipo de recurso aparece no texto lido.
a) “Sofremos de um mal na atualidade: a incivilidade.”
b) “E, claro, isso gera intolerância, discriminação, ameaça.”
c) “O pacto social parece ter sido rompido e não tomamos nenhuma medida para reverter
esse processo.”
d) “Um garoto disse que achava que os alunos maiores intimidavam os menores porque a
escola e os pais ensinam que se deve respeitar os mais velhos.”
e) “As mídias, por exemplo, comentam cenas de incivilidade ocorridas entre pessoas que
ocupam posição de destaque.”
Resposta: B
A questão envolve identificar a linguagem figurada (gradação) como elemento que concorre
para a progressão temática e para a organização e a estruturação de textos dissertativoargumentativos. É evidente a presença da gradação de forma crescente na alternativa B,
presente no trecho: “intolerância, discriminação, ameaça.” (Competência 6 – Habilidade 18)
04. No fragmento “Assim, revelou o garoto, uma criança de um ou dois anos a mais que a
outra se considera um ‘mais velho’ e, por isso, pode explorar os de menos idade.”, a
palavra destacada pode ser substituída, sem alterar o significado original do trecho, por:
a)
b)
c)
d)
e)
descobrir.
percorrer.
pesquisar.
examinar.
desrespeitar.
Resposta: E
Nessa questão é preciso relacionar a opinião da autora ao tema do texto jornalístico,
conseguindo perceber que o verbo “explorar”, no texto, significa “desrespeitar, abusando da
boa fé, da ignorância ou da posição de alguém”, sendo, por isso, a alternativa E a resposta
correta. (Competência 7 – Habilidade 22)
05. Em “Talvez seja em casa e na escola que pais e professores possam e devam repensar e
reinventar o conceito de cidadania. Mas também temos nós, os adultos, o dever de adotar
boas maneiras na convivência social.”, a expressão destacada expressa:
a)
b)
c)
d)
e)
conclusão.
adição.
alternância.
oposição.
explicação.
Resposta: B
Na questão é necessário identificar os elementos coesivos usados para unir sintagmas
nominais, orações, enunciados, introduzindo novas informações, argumentos, que possibilitam
a progressão textual, a estruturação e a organização do texto dissertativo-argumentativo. “Mas
também”, no texto lido, indica soma, adição, podendo ser substituído por “e” e “mais ainda”.
(Competência 6 – Habilidade 18)
06. O mal maior da gíria reside na sua adoção como forma permanente de comunicação,
desencadeando um processo não só de esquecimento, como de desprezo ao vocabulário
oficial. Usada no momento certo, porém, a gíria é um elemento de linguagem que denota
expressividade e revela grande criatividade, desde que, naturalmente, adequada à
mensagem, ao meio e ao receptor. A gíria é admitida na língua falada. Na língua escrita
deve ser evitada, a não ser na reprodução da fala de determinada época, com a visível
intenção de documentar o fato, ou em casos especiais de comunicação entre amigos,
familiares, namorados etc., caracterizados pela linguagem informal.
De posse das informações do texto, leia as frases a seguir.
I.
II.
III.
IV.
V.
O ancião quedou-se estático e boquiaberto.
O velho ficou parado e de boca aberta.
O coroa ficou na dele mosqueando.
O véio encarangô.
O cavalheiro de idade permaneceu quieto, em atitude contemplativa.
Todas essas frases apresentam o mesmo significado. Baseando-se no texto anterior,
identifique aquelas que, apesar de transmitirem a mesma informação das demais,
apresentam uso de gíria.
a)
b)
c)
d)
e)
III e IV
III e II
I e IV
I, II e III
I, II e IV
Resposta: A
A questão envolve reconhecer o uso de gírias (III – O coroa ficou na dele mosqueando. / IV – O
véio encarangô) em situações informais de comunicação e o emprego da norma-padrão em
situações formais de comunicação. (Competência 8 – Habilidade 27)
A norma gramatical é aquela relacionada à gramática normativa: só o que está de acordo
com ela é correto. Porém ela incorpora muitas regras que não são usadas cotidianamente. A
norma-padrão, por sua vez, está vinculada a uma língua modelo. Segue prescrições
representadas na gramática, mas é marcada pela língua produzida em certo momento da
história e em uma determinada sociedade. Como a língua está em constante mudança,
diferentes formas de linguagem que hoje não são consideradas pela norma-padrão, com o
tempo, podem vir a se legitimar. Por fim, a norma culta é a que resulta da prática da língua em
um meio social considerado culto – tomando-se como base pessoas de nível superior completo
e moradoras de centros urbanos. No Brasil, ela foi estudada por meio de pesquisa de campo
realizada há quase 50 anos, tomando-se como base falantes de algumas capitais. Como desde
então não foram realizados novos estudos, a norma culta caiu em desuso. O uso dessas
regras varia de acordo com as situações e condições de vida de cada um. Em muitos casos, é
na escola que ocorre o único contato das crianças com a gramática normativa e com a normapadrão.
Consultoria Eni Orlandi, professora do Instituto de Estudos da Linguagem da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
S.O.S. Português. Revista Nova Escola. Edição 222, p. 28, mai. 2009.
07. Em relação ao texto anterior, marque a única afirmação correta.
a) A gramática normativa apresenta o dialeto regional como uma das possíveis
variedades da língua, adequado em certas circunstâncias e inadequado em outras.
b) O modo de expressão dos falantes cultos, aquelas pessoas que têm acesso às regras
padronizadas, incutidas no processo de escolarização, é a norma culta.
c) Toda forma elevada de linguagem, que se aproxime dos padrões informais da
linguagem, configura a norma culta.
d) As pessoas podem transitar pela norma culta e pela linguagem coloquial sem fazer
distinção entre as duas, pois não há uma linha demarcatória entre elas.
e) A norma gramatical descreve as variantes linguísticas, observando a expressividade, as
intenções e as situações em que essas variantes são empregadas.
Resposta: B
A questão abrange reconhecer os usos da gramática normativa, norma-padrão e norma
culta, levando em consideração as diferentes situações de comunicação. Dentre as
alternativas da questão, a única que está correta em relação ao texto é a B, como confirma
o seguinte fragmento: “(...) a norma culta é a que resulta da prática da língua em um meio
social considerado culto – tomando-se como base pessoas de nível superior completo e
moradoras de centros urbanos.” (Competência 8 – Habilidade 27)
08. Leia a frase, retirada de um jornal: “Uma garota diz que prefere ir para a cadeia do que
realizar uma tarefa humilhante num programa de TV.”Levando em consideração o trecho
“A norma gramatical é aquela relacionada à gramática normativa: só o que está de acordo
com ela é correto. Porém ela incorpora muitas regras que não são usadas
cotidianamente.”, a frase retirada do jornal apresenta uma transgressão à gramática
normativa. Identifique a alternativa que consegue adequá-la à norma gramatical.
a) Uma garota diz que prefere ir para a cadeia e realizar uma tarefa humilhante num
programa de TV.
b) Uma garota diz que prefere ir para a cadeia, mas realizar uma tarefa humilhante num
programa de TV.
c) Uma garota diz que prefere ir para a cadeia, por isso realizar uma tarefa humilhante
num programa de TV.
d) Uma garota diz que prefere ir para a cadeia depois de realizar uma tarefa humilhante
num programa de TV.
e) Uma garota diz que prefere ir para a cadeia a realizar uma tarefa humilhante num
programa de TV.
Resposta: E
Na questão, deve-se relacionar a variedade linguística apresentada na gramática normativa
aos meios de comunicação da mídia impressa (jornais, revistas etc.). No caso da frase,
retirada de um jornal, percebe-se que, na linguagem do dia a dia, de fato, é muito comum o
uso do verbo “preferir” para fazer uma espécie de comparação: prefiro isto do que aquilo,
como se “preferir” fosse “gostar mais” de algo. Na verdade, “preferir” é escolher, pôr
alguma coisa antes de outra. O verbo rege dois objetos, sendo o direto expresso por aquilo
que se escolhe, e o indireto regido pela preposição “a” e expresso por aquilo que se deixa
em segundo plano. Assim, preferimos uma coisa à outra. (Competência 8 – Habilidade 26)
09. Leia este e-mail que circulou na Internet recentemente.
Cinema no Nordeste!
Para conseguir a aceitação do público nordestino, os cinemas locais decidiram mudar os
nomes dos filmes. Vejam abaixo os novos títulos.
De: Uma linda mulher
Para: Uma quenga aprumada
De: O poderoso chefão
Para: O coroné arretado
De: Os sete samurais
Para: Os jagunço di zóio rasgado
De: Perfume de mulher
Para: Cherim de cabocla
De: Guerra nas estrelas
Para: Arranca-rabo no céu
De: Um peixe chamado Wanda
Para: Um lambari cum nome di muié
De: A noviça rebelde
Para: A beata increnquêra
De: O fim dos dias
Para: Nóis tâmo é lascado
Pode-se afirmar que o autor do e-mail conseguiu produzir humor ao adaptar títulos de
filmes famosos para a variedade linguística utilizada na região Nordeste do país. Em
relação a essa variedade linguística, seria incorreto afirmar que:
a) reproduz situação de linguagem informal.
b) não é empregada na redação de leis e decretos.
c) não cumpre a sua função comunicativa.
d) faz parte de determinada região e meio social.
e) é mais relacionada à linguagem oral do que à escrita.
Resposta: C
A questão mostra a identificação das marcas linguísticas que singularizam a variedade de
linguagem nordestina. Com isso, pode-se perceber que, apesar de o vocabulário presente
no texto não pertencer à norma-padrão da língua, ele cumpre sua função comunicativa, já
que consegue ser compreendido por todos. (Competência 8 – Habilidade 25)
Leia o anúncio publicitário a seguir e responda às questões de 10 a 13.
http://www.talent.com.br/blog/?p=498
10. Na frase “Saia da Sibéria e vem pra NET já”, não há uniformidade de tratamento, pois a
forma verbal “saia” está no imperativo afirmativo da 3ª pessoa do singular (você) e “vem”
está no imperativo afirmativo da 2ª pessoa do singular (tu). Sabendo disso, encontre a
alternativa em que a uniformidade de tratamento na frase da propaganda é mantida.
a) Saia da Sibéria e venha pra NET já.
b) Sai da Sibéria e venha pra NET já.
c) Sais da Sibéria e vem pra NET já.
d) Saias da Sibéria e vem pra NET já.
e) Saias da Sibéria e venha pra NET já.
Resposta: A
Deve-se identificar, no anúncio publicitário, marca linguística comum na oralidade: falta de
uniformidade de tratamento no uso das formas verbais no imperativo, como pode ser visto
na mensagem da propaganda que, de uma só vez, usou “saia” (imperativo afirmativo da 3ª
pessoa do singular: você) e “vem” (imperativo afirmativo da 2ª pessoa do singular: tu).
(Competência 8 – Habilidade 25)
11. O uso do verbo “ter” como impessoal no lugar de “haver” é comum na linguagem sem
formalidade. Basta observar a frase do anúncio publicitário: “Tem pacote pra todo tipo de
família”. Assinale a alternativa em que isso ocorre.
a) Ela tem lindos vestidos.
b) A polícia tem nas mãos o criminoso mais procurado do país.
c) A garota não se teve de alegria ao receber o presente.
d) Teve ocasiões em que me senti frustrado.
e) Maria teve seu filho ontem.
Resposta: D
Relacionar a propaganda, em que se costuma privilegiar a linguagem coloquial, ao uso
informal do verbo “ter”, como impessoal, na frase da alternativa D e do anúncio publicitário
apresentado. (Competência 8 – Habilidade 26)
12. Um dos recursos usados pelas agências de publicidade para envolver o consumidor no
anúncio publicitário é a linguagem conotativa, figurada. As expressões, presentes na
propaganda, que apresentam esse tipo de linguagem são:
a) “num só cabo” e “Internet”.
b) “família” e “olhe lá”.
c) “paga chorando” e “olhe lá”.
d) “paga chorando” e “várias contas”.
e) “opção” e “Internet”.
Resposta: C
A questão envolve reconhecer a linguagem figurada presente na propaganda selecionada
(“paga chorando” e “olhe lá”) como estratégia argumentativa para o convencimento do
público consumidor. (Competência 7 – Habilidade 24)
13. Os textos, orais ou escritos, buscam sempre um efeito sobre o receptor. Pode-se afirmar
que, nessa peça publicitária, a principal intenção é:
a) informar.
b) consultar.
c) ordenar.
d) convencer.
e) proporcionar prazer.
Resposta: D
Deve-se analisar que a principal função da linguagem da peça publicitária é a apelativa, já
que a propaganda é dirigida ao receptor com o objetivo de influenciá-lo a fazer alguma
coisa. (Competência 6 – Habilidade 19)
O texto a seguir refere-se às questões 14 e 15.
O papa recebe conselhos de Lula, mas “talvez” não combina com “certamente”
Em encontro com o papa em Roma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o concitou a
aproveitar os sermões das missas domingueiras para exortar os dirigentes dos países ricos a
darem um jeito de combater a crise financeira mundial com mais vigor. Afinal, ele lembrou, os
pobres não têm nada com isso.” (...) a crise é grave”, contou o presidente Lula a Bento XVI. E
completou: “Eu pedi ao papa que nos seus pronunciamentos ele fale da crise econômica, pois,
se todo domingo o papa der um ‘conselhozinho’, quem sabe a gente encontra mais facilidade
para resolver o problema”.
Pode ser. Depois, encontrou-se com o finado George W. Bush num dos encontros do G-20.
Disse Lula: “Esta certamente talvez seja uma das maiores crises que já enfrentamos”.
(...)
MACHADO, Josué. O bom conselheiro. Revista Língua Portuguesa. Ed. 41, mar. 2009.
14. A afirmação feita no título do artigo pode ser justificada porque, na frase “Esta certamente
talvez seja uma das maiores crises que já enfrentamos.”, os vocábulos destacados
expressam, respectivamente:
a) tempo e modo.
b) intensidade e modo.
c) afirmação e tempo.
d) modo e dúvida.
e) afirmação e dúvida.
Resposta: E
Para resolver a questão, é necessário reconhecer a circunstância que os advérbios
“certamente” (afirmação) e “talvez” (dúvida) expressam, segundo a norma-padrão da língua
portuguesa. (Competência 8 – Habilidade 27)
15. No fragmento “Em encontro com o papa em Roma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o
concitou a aproveitar os sermões das missas domingueiras para exortar os dirigentes dos
países ricos a darem um jeito de combater a crise financeira mundial com mais vigor.”, os
vocábulos destacados poderiam ser substituídos, sem alterar o significado desse
fragmento, respectivamente, por:
a) “provocou” e “convencer”.
b) “desafiou” e “constranger”.
c) “estimulou” e “convencer”.
d) “estimulou” e “implorar”.
e) “enfureceu” e “constranger”.
Resposta: C
É necessário reconhecer os significados de “concitou” (estimulou) e “exortar” (convencer)
como forma de o autor dar importância ao patrimônio linguístico nacional, com a utilização
de vocabulário pouco empregado em linguagem informal. (Competência 6 – Habilidade 20)
Leia o texto a seguir e responda às questões 16 a 19.
Poesia concreta ganha “passarela” de TVs na SPFW
Cassiano Elek Machado da Folha de S. Paulo
Enquanto dentro das salas da Bienal passeiam as gazelas da Fashion Week, em um
de seus corredores o desfile é de poemas. “Vestidos” com animações de última moda, com
trilhas sonoras compostas especialmente para acompanhar suas passadas, 12 textos de
oito poetas mostrarão suas curvas no evento do parque Ibirapuera. “Street Wall” é o nome
do projeto, concebido pela encenadora Daniela Thomas, batizado pelo poeta Augusto de
Campos e “curado” pela artista plástica e poeta Lenora de Barros.
A palavra “wall”, muro, vem de “videowall” (aqueles agrupamentos de TVs que formam
um grande televisor quadrado). A novidade é indicada pelo termo “street”. As animações de
poemas serão exibidas em uma fileira horizontal de monitores, como uma rua. (...)
São concretistas, neoconcretistas ou parentes espirituais da concretude os poetas que
terão animações no “Street Wall”. (...) “Cada poema recebeu um tratamento visual
diferente”, conta Lenora de Barros. “Em alguns fizemos um trabalho só tipográfico; em
outros, entram imagens, como cenas de carros no fundo do poema ‘cidade’.” (...) Grima
Grinaldi, videomaker que trabalhou em parceria com Lenora, diz que o resultado final
continuou “urbano”. “Olhar os poemas andando por essas telas é como alguém em um
ônibus vendo a cidade passar na janela.”
Completando o núcleo de “Street Wall” está o músico Cid Campos, que fez os
“tratamentos sonoros” das criações. “Meu trabalho é uma musicalização da poesia, compor
em cima dela, para ela (...)”, explica Campos.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u40917.shtml
Glossário
Curador: indivíduo encarregado judicialmente de administrar ou fiscalizar bens ou
interesses de outrem.
Fashion Week: nome de um desfile de moda
Gazela: moça bonita e elegante
Videomaker: profissional que se dedica à atividade criativa, utilizando o vídeo.
16. Durante a década de 1950, surgiu no Brasil o movimento poético concretista, que busca
unir a sonoridade, a ideia e a forma das palavras como meio de expressão. De acordo com
o poeta Frederico Barbosa, os concretistas “nos fizeram olhar para o verso de uma maneira
diferente...” e, ao colocar uma palavra num poema, o poeta precisa “ser consciente de sua
expressão e plástica, da possibilidade de utilização dessa palavra de uma outra maneira na
frase”. Sabendo disso, assinale a afirmação correta.
a) O uso de televisores típicos da década de 1950, na Fashion Week, mostra o caráter
passadista da exposição.
b) De acordo com o texto, o videowall é uma forma utilizada, nos anos 1960, para a
veiculação de poemas.
c) A poesia concreta, iniciada na década de 1950, é retomada por meio das tecnologias
do século XXI, ao ser incorporada à Fashion Week.
d) A falta de acompanhamento sonoro, na exposição de poemas concretos na Fashion
Week, é resultado do desenvolvimento visual do século XXI.
e) A idade avançada dos organizadores da Fashion Week é apontada como o motivo da
retomada dos poemas concretistas.
Resposta: C
Pode-se perceber o uso de tecnologias, no século XXI, como fruto do desenvolvimento da
sociedade, ao compará-lo com o desenvolvimento tecnológico de outras épocas. Além
disso, podemos ver que a poesia concretista, apesar de surgida na década de 1950, tem
lugar de destaque em um evento atual.
A – Não há referências a televisores próprios da década de 1950, na SPFW.
B – Em nenhum momento o texto afirmou ser o “videowall” uma forma de veiculação de
poemas utilizada na década de 1960.
D – O último parágrafo do texto mostra haver acompanhamento sonoro no projeto “Street
Wall”.
E – Não houve, no texto, referência à idade avançada dos organizadores da SPFW.
(Competência 9 – Habilidade 30)
17. Sabendo que o desfile de moda da São Paulo Fashion Week, a que alude o texto, ao ser
realizado na Fundação Bienal de São Paulo, apresentou também poemas concretistas,
assinale, entre as opções a seguir, aquela que faz uma interpretação correta do texto de
Cassiano Elek Machado.
a) Apesar de feitos por escritores brasileiros, de acordo com o texto, os poemas
apresentados no “Street Wall” são compostos em inglês.
b) O texto critica o título em inglês “Street Wall”, usado no lugar de “Parede-rua”, em
português.
c) Daniela Thomas, Lenora de Barros e Cid Campos são poetas que incorporam as
tendências concretistas.
d) Ao falar de poemas “vestidos” com animações, prontos a desfilar sob trilhas sonoras, o
texto revela a inter-relação da poesia com o mundo da moda.
e) Por ter maior consistência artística, adquirida em séculos de cultivo, a literatura ocupou
um espaço maior do que os desfiles de moda na SPFW.
Resposta: D
A questão possibilita reconhecer a diversidade de expressões artísticas por meio da
análise da inter-relação da poesia com o mundo da moda, como podemos ver a partir da
forma como os poemas são comparados às modelos da Fashion Week, mostrando, assim,
a intersecção de diferentes formas de expressão artística.
A – O texto não diz que os poemas são escritos em inglês.
B – Não há críticas, no texto, ao uso do termo inglês “ Street Wall”.
C – A cenógrafa e diretora Daniela Thomas é apresentada pelo texto como encenadora;
Lenora de Barros, como artista plástica e Cid Campos, como músico.
E – O texto não afirma que a exposição de poemas ocupou espaço maior do que o desfile
de modas, durante a SPFW.
(Competência 4 – Habilidade 14)
18. Estamos acostumados a ler poemas impressos em livros ou, então, na tela do computador,
quando navegamos pela Internet. O texto apresentado mostra outra possibilidade de se
entrar em contato com a poesia. Tendo isso em mente, assinale a alternativa correta.
a) A TV, normalmente usada para difusão de comunicação, informação e algumas formas
de entretenimento, passa a ser veículo de poesia, no evento.
b) Como usam o suporte televisivo para propagar poemas, os organizadores não se
preocupam com o aspecto visual deles.
c) Colocando os poemas no “Street Wall”, os idealizadores do evento procuram ressaltar
a importância da leitura de poemas em voz alta.
d) Ao mostrar poemas por meio de telas de TV, critica-se a massificação cultural imposta
pela cultura televisiva.
e) Ao juntar apenas TV e poemas, o evento critica outra forma de comunicação e
informação: o rádio.
Resposta: A
Nessa questão, deve-se identificar, por meio da leitura do texto apresentado, linguagens da
comunicação e informação usadas para veicular a linguagem poética. O veículo da poesia,
no lugar do papel ou do computador, passa a ser telas de TV.
B – O aspecto visual é uma das principais preocupações dos organizadores.
C – Em nenhum momento do texto é mencionada a leitura de poemas em voz alta.
D – O texto não apresenta argumentos contra a massificação cultural televisiva.
E – O fato de poemas aparecerem em telas de TV não significa, por si só, uma crítica ao
rádio.
(Competência 9 – Habilidade 29)
19. Grima Grinaldi, citada pelo autor do texto, afirma que “olhar os poemas andando por essas
telas é como alguém em um ônibus vendo a cidade passar na janela”. Partindo dessa
afirmação, assinale a alternativa correta.
a) A videomaker Grima Grinaldi critica a forma descuidada com que os poemas foram
dispostos, similar às ruas mal conservadas das cidades.
b) A forma como os poemas são apresentados no “Street Wall” reflete o modo de vida
urbano contemporâneo de várias cidades, como São Paulo.
c) A frase mostra que a forma usada para dispor os textos é inadequada, já que os poemas
são atemporais e, portanto, imunes aos avanços tecnológicos.
d) Ao usar o verbo “olhar”, e não “ler”, Grima Grinaldi tece uma crítica ao próprio evento,
que menospreza a leitura.
e) Ao fazer essa afirmação, Grima mostra acreditar que apenas pessoas que vivem nas
grandes cidades poderão compreender a exposição.
Resposta: B
Ao ler a questão, pode-se reconhecer a função e o impacto da tecnologia do “Street Wall”.
Além disso, por meio dela, vê-se que a exposição dos poemas incorpora e retrata o modo
urbano de vida, marcado pelo deslocamento constante com veículos motorizados.
A – A frase não revela crítica à forma de exposição dos poemas. Além disso, não alude ao
descuido com que as ruas das cidades são mantidas, mas ao movimento criado pelo
ônibus, que passa por diferentes paisagens.
C – Não há referências à dos poemas às novas tecnologias.
D – O aspecto visual é ressaltado por meio do “Street Wall”, no entanto, isso não revela
desprezo pela leitura.
E – Grima compara a exposição dos poemas ao passeio de ônibus pela cidade. Nada, em
sua frase, no entanto, mostra que pessoas que não tenham essa vivência não possam
compreender o evento.
(Competência 9 – Habilidade 28)
Leia o texto a seguir e responda às questões 20 e 21.
O que é torcer?
Uma coisa que o futebol nos ensina é a perder. Raciocinem comigo: (...) a Seleção
Brasileira, maior potência do esporte, perdeu duas Copas do Mundo para cada uma das cinco
que ganhou. Perder é algo que um torcedor de verdade acaba aprendendo. (...)
Mas, se isso é verdade, por que tanta gente continua indo aos estádios e amando seus
clubes? Masoquismo? Nada disso. O que aprendemos, com o tempo, é que o amor é mais
importante do que a vitória, que a perseverança é mais importante do que a vitória, que a fé é
mais importante do que a vitória, que o ritual de ir ao estádio com quem amamos é mais
importante do que a vitória.
Pode parecer um paradoxo, mas ninguém acompanha futebol para ver seu time vencer.
Acompanhamos futebol para aprender a acompanhar futebol e, assim, aprendermos a viver
melhor.
Futebol é celebração. É celebrar o que a vida coloca diante de nós, sejam coisas boas ou
ruins. É, acima de tudo, um exercício de humildade, que faz entender que não podemos
controlar todos os eventos da vida. Com os nossos times, aprendemos a aceitar os inevitáveis
fracassos que virão e a lidar melhor com a vitória, entendendo que ela será sempre fugaz. (...)
Enquanto os bons torcedores amam o clube de uma forma quase religiosa – sem exigir
nada em troca –, uma parte significativa dos torcedores brasileiros, especialmente os bárbaros
das organizadas, se consideram donos dos clubes. (...)
Tudo isso só serve para cristalizar ainda mais a impressão que alguém registrou certa vez,
com grande acerto: o torcedor brasileiro não ama o esporte. Ama apenas e tão somente as
conquistas, as vitórias. E isso não é torcer. É necessidade de autoafirmação, busca de
compensações pelas frustrações da vida.
CAETANO, Marcos. O que é torcer? O Estado de S. Paulo, São Paulo, 30 mai. 2009.
Esportes, p. 2.
20. Assinale, de acordo com o texto lido, a alternativa correta.
a) Futebol, de acordo com o autor, é manifestação sem importância numa sociedade.
b) Como futebol é apenas celebração, não se deveria dar tanta importância a ele nem se
gastar tanto com ele.
c) Como o próprio autor diz, futebol não serve para nada além de ensinar a acompanhar
futebol.
d) De acordo com o texto, o espaço delimitado do campo coloca o futebol fora da
realidade da vida.
e) O autor afirma que acompanhar futebol nos ensina, entre outras coisas, a viver melhor.
Resposta: E
O texto afirma que, ao acompanharmos jogos de futebol, aprendemos a viver melhor,
aceitando, inclusive, as derrotas e os fracassos impostos pela vida. Dessa forma, a
questão ajuda a reconhecer o fenômeno futebolístico como originário de necessidades
profundas dos grupos sociais.
A – Ao contrário do que afirma a alternativa A, o autor do texto mostra a importância do
futebol na sociedade.
B – Futebol como celebração é importante à sociedade. Além disso, não há referências aos
gastos efetuados com o futebol.
C – Futebol nos ensina a acompanhar futebol e, fazendo isso, ensina-nos também a viver,
entre outras coisas.
D – O autor não afirmou que o futebol está separado da realidade cotidiana.
(Competência 3 – Habilidade 9)
21. Ao falar sobre derrotas e vitórias que acontecem no futebol, o autor afirma que:
a) os jogos de futebol nos ensinam a ser guerreiros e a não aceitar a derrota, superandoa sempre.
b) nada é mais importante do que a celebração que acontece depois da vitória,
independentemente dos excessos de algumas torcidas.
c) os torcedores capazes de compreender o fracasso do time são, na verdade,
masoquistas, pois gostam de sofrer.
d) como a seleção brasileira perde mais do que ganha, devemos parar de torcer por ela.
e) o amor, a perseverança, a fé e a companhia de quem amamos são mais importantes
do que a vitória.
Resposta: E
Vários são os aspectos envolvidos ao acompanharmos um jogo de futebol, como o amor, a
fé, a perseverança e a convivência social. Eles são destacados como mais importantes do
que a vitória do time. Assim, ao resolver essa questão, passa-se a perceber o evento
esportivo do futebol como oportunidade de reconhecer e aprender diferentes valores, entre
eles, o de interação social.
A – O autor, ao contrário, mostra a importância de se aceitar a derrota.
B – No texto, o autor critica os excessos das torcidas e não enfatiza a importância da
celebração após as vitórias.
C – Aqueles capazes de compreender a derrota do time preferido não são chamados de
masoquistas.
D – O fato de a Seleção Brasileira perder muito, apesar de ter vários títulos, mostra que a
derrota é um fato normal no futebol.
(Competência 3 – Habilidade 11)
FOI
UMCONSELHO
DO
MEUESTILISTA.
LISTRAS
HORIZONTAIS
ENGORDAM
MAIS...
...QUE AS
LISTRAS
VERTICAIS!
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22. Observe a charge e responda à questão.
http://portaldearaguari.blogspot.com
Assinale a alternativa correta.
a) A charge satiriza o comportamento do jogador, que não se preocupa com o próprio
condicionamento físico.
b) A falta de uma bola de futebol, na charge, indica que esta se refere, na verdade, a
problemas políticos, e não a problemas do futebol.
c) A crítica maior da charge é feita à qualidade dos times de futebol, representados pelos
uniformes do jogador.
d) O fato de o autor não ter tirado das camisas de uniforme as marcas patrocinadoras dos
times mostra crítica ao excesso de propaganda no futebol.
e) A referência ao estilista do jogador mostra uma crítica do autor da charge à invasão do
mundo fashion nos gramados, por meio de uniformes estilizados.
Resposta: A
A questão nos leva a pensar como a falta de condicionamento físico prejudica a atuação de
um jogador de futebol.
B – A charge não se refere a problemas políticos.
C – Os times de futebol representados pelos uniformes não são criticados.
D – Não há crítica à propaganda no futebol.
E – Não há referências à invasão do mundo fashion nos gramados.
(Competência 3 – Habilidade 10)
23. Observe a tira a seguir e responda à questão.
http://www.nadaver.com/namoro-virtual/
As tiras criam o humor por meio da união da linguagem verbal e da linguagem não verbal.
A partir dessa afirmação e da observação da tira apresentada, assinale a alternativa
correta.
a) O uso abundante de adjetivos, na tirinha, enfatiza o humor.
b) O humor é conseguido por meio da ambiguidade da palavra “louro”.
c) Mesmo se não houvesse imagens, o humor seria compreendido por meio do texto.
d) A face atônita do papagaio mostra que ele não é nada esperto.
e) Como o rosto da namorada virtual não aparece, o humor da tira fica comprometido.
Resposta: B
É possível observar a interação entre recursos verbais e recursos não verbais, construindo
o humor da tira, já que a ambiguidade da palavra “louro” – significando “cabelos claros” ou
“papagaio” – só pode ser percebida por meio do confronto do texto com a imagem da tira.
A – Não há uso abundante de adjetivos na tira.
C – Sem imagens, não seria possível compreender a ambiguidade da palavra “louro” e o
humor decorrente dela.
D – O papagaio foi esperto ao usar, para definir-se, uma palavra com duplo sentido.
E – O humor da tira não depende do aparecimento da face da namorada virtual do
papagaio.
(Competência 7 – Habilidade 21).
Leia os textos a seguir para responder adequadamente às questões 24 a 28.
Texto I
João Romão não saía nunca a passeio, nem ia à missa aos domingos; tudo que rendia
a sua venda e mais a quitanda seguia direitinho para a caixa econômica e daí então para o
banco. Tanto assim que (...) tratou, sem perda de tempo, de construir três casinhas de
porta e janela. (...)
E o fato é que aquelas três casinhas, tão engenhosamente construídas, foram o ponto
de partida do grande cortiço de São Romão.
Hoje quatro braças de terra, amanhã seis, depois mais outras, ia o vendeiro
conquistando todo o terreno que se estendia pelos fundos da sua bodega; e, à proporção
que o conquistava, reproduziam-se os quartos e o número de moradores. (...)
Noventa e cinco casinhas comportou a imensa estalagem. (...)
As casinhas eram alugadas por mês e as tinas por dia; tudo pago adiantado. O preço
de cada tina, metendo a água, quinhentos réis; sabão à parte. As moradoras do cortiço
tinham preferência e não pagavam nada para lavar. (...)
E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou
a minhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia
brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco.
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. São Paulo: Ática, 1992.
Texto II
Aluguel mais caro de SP é de cortiço
Moradias antigas, (...) os cortiços têm banheiros coletivos, cozinhas no quarto e servem
de casa para pessoas com renda em torno de R$ 700,00. Mesmo em condições precárias,
os moradores dos cerca de 2 mil imóveis que funcionam como pensões informais (...)
pagam o mais alto valor de aluguel por m2 da capital paulista. (...)
“O aluguel dos cortiços nunca perdeu a vitalidade. Ele atende pessoas sem acesso ao
mercado formal, que não têm fiador nem carteira assinada para alugar uma casa e
precisam morar no centro, perto de onde estão empregos e serviços sociais”, explica (...) o
arquiteto Luiz Kohara.
Opções baratas de residências desde o fim do século 19, (...) cortiços respaldaram o
desenvolvimento econômico da metrópole, garantindo aluguel barato para imigrantes
europeus (...).
A partir de 1960, mesmo com a multiplicação de favelas na periferia, os cortiços
resistiram e atravessaram o século como a principal alternativa para pessoas de baixa
2
renda (...). “Comparando o preço por m , o cortiço é caro. Mas os valores mensais cabem
no bolso das famílias mais pobres”, afirma Alonso Lopez.
MANSO, Bruno Paes. Aluguel mais caro de SP é de cortiço. O Estado de S. Paulo, São
Paulo, 12 abr. 2009, Cidades, p. 1.
24. Lembrando que a obra O cortiço, de Aluísio Azevedo, escrita no final do século XIX, retrata
a realidade da cidade do Rio de Janeiro, mostrando o crescimento urbano da época,
assinale a opção correta.
a) João Romão conseguiu formar uma propriedade rural extremamente produtiva,
empregando vários funcionários que nela moravam.
b) De acordo com o texto, o cortiço de João Romão é formado por três casinhas que
abrigam inúmeros moradores.
c) Como João Romão estava consciente do crescimento urbano desordenado, procurava
tirar sua renda apenas do aluguel de pequenas casas.
d) Como no século XIX o crescimento urbano não foi tão desenfreado como é hoje, o
dono do cortiço não conseguia alugar todas as moradias.
e) O cortiço, ao mostrar o nascimento de um aglomerado de moradias, retrata a realidade
urbana típica do contexto histórico da época em que foi escrito.
Resposta: E
Após estabelecer relações entre a obra literária O cortiço e o seu contexto histórico e
social, é possível perceber que essa obra retrata a realidade urbana do Rio de Janeiro.
A – O cortiço não era uma propriedade rural.
B – O cortiço, ao final, é formado por 95 pequenas moradias.
C – A renda do cortiço vinha do aluguel das casas e das tinas de água para lavagem de
roupa.
D – O trecho “ia o vendeiro conquistando todo o terreno que se estendia pelos fundos da
sua bodega; e, à proporção que o conquistava, reproduziam-se os quartos e o número de
moradores” prova estar incorreta a alternativa D.
(Competência 5 – Habilidade 15)
25. De acordo com Alfredo Bosi, Aluísio Azevedo, em O cortiço, ao falar dos mais humildes,
“não [são] raras as comparações [que faz com] com vermes ou com insetos” (BOSI,
Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1997, p. 190). Levando
isso em consideração e lembrando que o Naturalismo, do qual Aluísio era um expoente,
procurava denunciar os aspectos degradantes da sociedade, assinale a alternativa correta.
a) Ao retratar o cortiço como um lugar em que os seres humanos são comparados a
larvas no esterco, o autor os reduz ao nível animal, mostrando sua degradação.
b) Ao descrever o caráter recluso de João Romão, o texto apresenta uma característica
típica do período em que foi escrito: falta de contato social.
c) Ao mostrar que as moradoras do cortiço pagavam, além do aluguel da casa, o aluguel
das tinas para lavar roupa, o texto as mostra como pessoas civilizadas.
d) O nome do cortiço, “São Romão”, confirma a religiosidade de João Romão, que,
mesmo trabalhando muito, não deixava nunca de ir à missa dominical.
e) O trecho confirma o caráter caridoso de João Romão, que sempre ajudava os
moradores carentes do cortiço, deixando-os morar de graça.
Resposta: A
A corrente naturalista vê o ser humano como regido pelo instinto e pela fisiologia. Ligando
esse aspecto ao texto literário apresentado, é possível perceber que a degradação dos
homens é mostrada por meio de sua redução ao estado animal.
B – A falta de contato social não é característica do período em que a obra foi escrita.
C – As moradoras do cortiço não pagavam pelo aluguel da tina.
D – Ao contrário do que afirma a alternativa, João Romão deixava de ir à missa aos
domingos.
E – O trecho “As casinhas eram alugadas por mês e as tinas por dia; tudo pago adiantado.”
mostra que a alternativa está incorreta.
(Competência 5 – Habilidade 16)
26. O texto publicado no jornal O Estado de S. Paulo fala de cortiços existentes na capital
paulista, nos dias de hoje, e o texto de Aluísio de Azevedo trata de cortiços cariocas do
século XIX. Sabendo disso, assinale a alternativa incorreta.
a) Os cortiços do século XXI continuam a abrigar pessoas de renda mais baixa.
b) Um dos atrativos dos cortiços de hoje é fornecer moradia a quem não faz parte do
mercado formal.
c) Diferentemente do cortiço retratado por Aluísio Azevedo, os cortiços de São Paulo
preservam a intimidade dos moradores por meio de instalações individuais.
d) Se for levado em conta o valor do m² dos cortiços paulistas, pode-se afirmar que ele
custa mais caro do que o m² de outros tipos de moradias alugadas na capital.
e) As favelas, apesar de terem se multiplicado a partir da década de 1960, não
ameaçaram a existência dos cortiços.
Resposta: C
Comparando o retrato das condições sociais e humanas dos cortiços do século XIX ao do
século atual, por meio de textos diferentes, é possível perceber, entre outras coisas, que a
intimidade dos moradores não é preservada nos cortiços paulistas de hoje, já que estes
não possuem sequer banheiros individuais.
A – A alternativa faz uma afirmação correta.
B – A alternativa faz uma afirmação correta.
D – A alternativa faz uma afirmação correta.
E – A alternativa faz uma afirmação correta.
(Competência 5 – Habilidade 17)
27. De acordo com o site da Folha de S. Paulo, o texto jornalístico “deve ser um texto claro e
direto. Deve desenvolver--se por meio de encadeamentos lógicos. Deve ser exato e
conciso. Deve estar redigido em nível intermediário, ou seja, utilizar-se das formas mais
simples admitidas pela norma culta da língua”. Sabendo disso e com base em sua leitura
dos textos apresentados, assinale a opção que relacione corretamente o texto de Aluísio
Azevedo e a reportagem sobre cortiços veiculada no jornal O Estado de S. Paulo.
a) O trecho da matéria de jornal (texto II) cita o livro de Aluísio Azevedo como fonte de
suas ideias, fazendo, inclusive, uma descrição dos aspectos formais do livro do escritor
naturalista.
b) O texto de Bruno Paes Manso, apresentado em O Estado de S. Paulo, apesar de
pretender passar informações sobre as condições de vida nos cortiços de São Paulo,
não atinge seu objetivo, pois usa uma linguagem muito rebuscada.
c) Ao falar dos cortiços de São Paulo, por meio de um texto jornalístico, sem citar os
cortiços do Rio de Janeiro, o texto II critica o fato de o romance de Aluísio Azevedo
falar apenas da vida carioca.
d) Apesar de tratarem do mesmo assunto, O cortiço é um texto predominantemente
narrativo, já que apresenta narrador, personagens e enredo, enquanto o segundo
(texto II) é um texto jornalístico direto e objetivo.
e) O texto II, apesar de ter sido veiculado por um jornal, é, assim como O cortiço, um texto
narrativo, pois apresenta várias personagens, como Luiz Kohara e Alonso Lopez.
Resposta: D
Ao se comparar os dois textos apresentados, é possível identificar elementos que ajudam a
estruturar, de forma diferente, o texto narrativo de Leia os textos a seguir para responder
adequadamente à questão. O cortiço e o texto jornalístico (texto II), apesar de eles tratarem
do mesmo assunto.
A – O trecho de matéria de jornal não cita O cortiço e não o descreve.
B – A linguagem do texto de Bruno Paes Manso é clara e não rebuscada. O seu
entendimento, portanto, não fica comprometido.
C – Não há, no texto II, elementos que revelem crítica ao romance de Aluísio Azevedo.
E – O texto II não é narrativo.
(Competência 6 – Habilidade 18)
28. De acordo com a ênfase que se queira dar ao texto, predominam nele diferentes funções
de linguagem. Sabendo disso, podemos dizer que no texto II predomina:
a) a função fática, pois a todo momento o autor mostra-se preocupado com o canal de
comunicação, testando-o.
b) a função metalinguística, pois o autor está preocupado em refletir sobre a língua
portuguesa.
c) a função referencial, pois Bruno Paes preocupa-se em fazer referência a fatos, com o
objetivo de transmitir informações.
d) a função emotiva, pois o mais importante, no texto, é o retrato das emoções do autor
em relação à vida dos moradores do cortiço.
e) a função conativa, já que o autor pretende convencer o leitor a apoiar a construção de
novos cortiços.
Resposta: C
Ao analisar a função predominante no texto II, percebe-se que há preocupação em colocar
em destaque o referente ou o contexto (função referencial).
(Competência 6 – Habilidade 19)
Leia o texto a seguir e responda às questões 29 e 30.
Fazer nas coxas?
Ignácio de Loyola Brandão
(...) Percorri o museu que Ângela Gutierrez, obstinada, montou, peça por peça, ao
longo das décadas. (...) Caminhei entre velhas ferramentas (...) de carpinteiros, ferreiros,
funileiros, ourives, tecelões. Os ofícios se sucedem: transporte, ambulantes, comércio,
energias, mineração, fogo, madeira, cerâmica (...).
Diante de telhas antiquíssimas, Fátima Dias, que me acompanhava, acentuou com um
sorriso: “Aqui você tem a origem da expressão fazer nas coxas!” Como? Fazer nas coxas?
“Olhe aí. As telhas primitivas eram moldadas nas coxas dos escravos. Colocava-se o barro
sobre a coxa e eram dados os arremates. Claro, as alturas dos homens eram variáveis e
as coxas tinham grossuras diversas, então cada telha acabava saindo com um tamanho.
Quando colocadas no telhado, resultavam interstícios pelos quais a água penetrava. Daí a
expressão fazer nas coxas para algo malfeito.” A língua se faz e refaz no cotidiano.
BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Fazer nas coxas? O Estado de S. Paulo, São Paulo, 10
abr. 2009, Caderno 2, p. 10.
29. Assinale a alternativa que melhor analisa o uso da expressão “fazer nas coxas”, de acordo
com o texto.
a)
b)
c)
d)
e)
A frase não deveria ser usada hoje, pois perdeu o significado original.
A expressão só é usada para explicar a manufatura das telhas do museu.
O autor do texto acredita que a língua é estática, não aceitando modificações.
Usada hoje com sentido geral, a frase revela peculiaridades da história do Brasil.
Somente Angela Gutierrez conhece a origem da expressão “fazer nas coxas”.
Resposta: D
Pode-se reconher, por meio do texto, a importância do patrimônio linguístico para que a
memória nacional seja preservada. No caso, a origem da frase feita “fazer nas coxas”
revela um momento histórico do Brasil.
A – O texto não afirma que a frase não deveria ser usada hoje.
B – A expressão não é usada apenas para explicar a manufatura das telhas do museu.
C – O autor acredita que a língua “se faz e refaz no cotidiano”.
E – Fátima Dias conhece a origem da expressão.
(Competência 6 – Habilidade 20)
30. Ao relatar sua experiência em um museu, por meio do texto veiculado no jornal, Ignácio de
Loyola Brandão consegue:
a) corromper o jornal, que deveria ser usado apenas para noticiar fatos recentes.
b) gerar preconceitos, pois, como afirma, a origem de “fazer nas coxas” é depreciativa.
c) divulgar a origem da expressão “fazer nas coxas” de forma mais ampla do que se o
fizesse pela TV.
d) mostrar seu descaso pela Internet, já que não a usou para divulgar seu texto.
e) usar o sistema de informação jornalístico para divulgar a origem da expressão.
Resposta: E
A divulgação da origem histórica da expressão “fazer nas coxas” revela a função social do
sistema de informação jornalístico.
A – Jornais não veiculam apenas fatos recentes.
B – O autor não gera preconceitos, pois não afirma ser depreciativa a origem da
expressão.
C – A TV conseguiria divulgar a origem da expressão de forma mais ampla do que o jornal.
D – Não sabemos se o texto foi divulgado também por meio da Internet. De qualquer
forma, mesmo se isso não tivesse sido feito, isso não demonstraria descaso pela Internet.
(Competência 1 – Habilidade 3)
Leia os textos a seguir e responda às questão 31 e 32.
Texto I
Tudo vale a pena
Composição: Pedro Luís e Fernanda Abreu
Crianças nas praças
Praças do morro
Morro de amores, Rio
Rio da leveza desse povo
Carregado de calor e de luta
Povo bamba
Cai no samba, dança o funk, tem suingue até no jeito de olhar
Tem balanço no trejeito, no andar (...)
Rio de baixadas com seus vales vale a pena
Sua pobreza é quase um mito quando fito os teus contornos (...)
Tudo vale a pena
Sua alma não é pequena
Disponível em: <http://letras.terra.com.br/pedro-luis-e-a-parede-musicas/396202/> Acesso em: 18 jul.
2009
Texto II
O charme da Cidade Maravilhosa O Rio de Janeiro atrai, há décadas, turistas de todo o
mundo e não perde o status que conquistou de Cidade Maravilhosa. O Pão de Açúcar e o
Cristo Redentor, lugares que fazem do Rio um grande polo turístico, dividem atenções com
as belas praias e até mesmo com as favelas nos morros, que também são uma atração
para os estrangeiros que visitam a cidade.
(...) Sua orla é uma das mais conhecidas do mundo, com praias como Copacabana e
Ipanema, imortalizadas nas letras das músicas de Vinícius de Morais e Tom Jobim, entre
outros amantes do sol carioca.
(...) Os morros, tomados pela favela, mostram outra paisagem, que consegue viver
harmoniosamente nesse cenário contrastante.
Disponível em: <http://www.terra.com.br/turismo/roteiros/2001/10/19/018.htm> Acesso em:
18 jul. 2009
31. Assinale a alternativa que interpreta de forma incorreta um dos textos.
a)
b)
c)
d)
e)
O texto I exalta, entre outras coisas, as belezas da paisagem do Rio de Janeiro.
O segundo texto ressalta as atrações da Cidade Maravilhosa.
O texto I fala do povo carioca, destacando sua produção musical.
O texto I, ao falar da pobreza carioca, mostra como ela atrapalha a cidade.
De acordo com o texto II, o Rio continua sendo uma cidade maravilhosa.
Resposta: D
Ao relacionar os dois textos, percebe-se que ambos exaltam a Cidade Maravilhosa. A
pobreza da capital carioca, apresentada como “quase um mito”, de acordo com o texto I,
não atrapalha a visão otimista da cidade que a letra apresenta. A alternativa D, portanto,
está incorreta.
A – A afirmativa está correta, de acordo com o texto.
B – A afirmativa está correta, de acordo com o texto.
C – A afirmativa está correta, de acordo com o texto.
E – A afirmativa está correta, de acordo com o texto.
(Competência 7 – Habilidade 22)
32. O texto II está na parte de divulgação de turismo do site do provedor de Internet Terra.
Levando isso em consideração, aponte a alternativa correta sobre ele.
a) O objetivo do texto é traçar um panorama histórico do turismo no Rio de Janeiro.
b) Cada beleza carioca é descrita minuciosamente, com o intuito de informar o viajante.
c) Como o texto pretende conquistar o viajante, levando-o ao Rio, exalta as belezas da
cidade.
d) Querendo ser imparcial, o texto fala de favelas, mostrando que elas atrapalham o
turismo.
e) A orla marítima não é mencionada, já que não apresenta valor turístico, apesar de ter
sido exaltada por músicas famosas.
Resposta: C
Analisando os procedimentos argumentativos do texto, percebe-se que ele tem como
objetivo levar turistas ao Rio de Janeiro, seduzindo-os por meio de suas belezas naturais.
A – Apesar de falar da atração exercida nos turistas há décadas pelo Rio de Janeiro, o
objetivo do texto é conquistar novos visitantes, e não traçar um panorama histórico do
turismo.
B – O texto cita belezas cariocas, mas não descreve cada uma em minúcia.
D – Ao contrário, por não ser imparcial e tentar convencer turistas a visitar o Rio, o texto
mostra as favelas como harmonicamente integradas à paisagem e, inclusive, destacadas
como atração turística.
E – O trecho “O Pão de Açúcar e o Cristo Redentor, lugares que fazem do Rio um grande
polo turístico, dividem atenções com as belas praias” mostra serem as praias uma atração
turística.
(Competência 7 – Habilidades 23 e 24)
Faça uma leitura cuidadosa do texto a seguir e responda às questões 33 a 35.
E se todo mundo ficasse cego?
Para José Saramago seria o caos. Em seu livro Ensaio sobre a Cegueira, o mundo
praticamente acaba enquanto a humanidade vai perdendo a visão. Mas para a ciência as
coisas poderiam tomar um caminho diferente. “Há várias tecnologias que ajudariam: bengalas
ultrassônicas que podem indicar se há objetos pela frente ou até robôs que atuariam como
cães-guia”, diz o especialista em robótica Darwin Caldwell (...). Além disso, precisaríamos de
coisas como carros que andam sozinhos e máquinas capazes de substituir médicos em
cirurgias. Mas como esses carros- -robôs e outros aparelhos seriam construídos sem ninguém
para ver que peça apertar? Fábricas totalmente automatizadas também não estão longe de ser
realidade. “Robôs seriam capazes de se autoconstruir”, diz Ken Young, presidente da
Associação Britânica de Automação e Robótica. Ou seja: se a cegueira generalizada se
espalhasse devagar, daria para a gente remodelar o mundo – mudando tudo para que nada
mude. Com algumas adaptações, claro.
CINQUEPALMI, João Vito. E se todo mundo ficasse cego? Superinteressante. São Paulo, n.
264, p. 48, abr. 2009.
33. Assinale a alternativa que faz uma interpretação incorreta do texto.
a) Saramago, por meio de sua obra, mostra que a forma como a sociedade é organizada
poderia mudar drasticamente se perdêssemos a capacidade da visão.
b) O autor do texto, ao citar Saramago, especula como a ciência lidaria com o mesmo fato
trabalhado pelo escritor em seu romance.
c) Ao apresentar alternativas científicas para a cegueira, o autor cita várias tecnologias e,
além disso, o uso de animais como guias de cegos.
d) Para o autor do texto, se a cegueira fosse se espalhando sem muita rapidez, a
humanidade conseguiria se adaptar a ela.
e) Um dos desafios da ciência seria conseguir formas tecnológicas que se
autoconstruíssem, já que a cegueira impediria os humanos de participarem desse
processo.
Resposta: C
Ao ler o texto, deve-se reconhecer a interferência da obra literária no contexto em que se
insere, pois leva um autor de revista científica a refletir sobre fatos levantados por ela. A
alternativa C é incorreta, pois o autor não cita animais como guias para conduzir os cegos,
mas “robôs que atuariam como cães-guia”.
A – Afirmação correta, de acordo com o texto.
B – Afirmação correta, de acordo com o texto.
D – Afirmação correta, de acordo com o texto.
E – Afirmação correta, de acordo com o texto.
(Competência 4 – Habilidade 12).
34. A norma-padrão é normalmente usada em textos de revistas e jornais. No entanto, no texto
da Superinteressante, a linguagem coloquial também é usada. Assinale a alternativa em
que o uso coloquial da linguagem aparece.
a)
b)
c)
d)
e)
“o mundo praticamente acaba”.
“precisaríamos de (...) carros que andam sozinhos”.
“mudando tudo para que nada mude”.
“daria para a gente remodelar o mundo”.
“Para José Saramago seria o caos”.
Resposta: D
Na questão, é necessário reconhecer o uso da norma-padrão da língua em comparação
com o seu uso coloquial, possibilitando assinalar a alternativa D, já que a expressão “a
gente” é própria do uso informal da língua.
(Competência 8 – Habilidade 27)
35. Apesar de poderem coexistir várias funções de linguagem em um mesmo texto,
normalmente uma delas é predominante. Sabendo disso, assinale a alternativa correta.
a) Apesar de citar um texto literário, em que a função poética normalmente aparece, o
texto apresentado tem a predominância da função referencial, já que o autor faz
referência a soluções científicas para problemas.
b) O texto é metalinguístico, pois faz uma grande reflexão sobre como a linguagem se
estrutura.
c) Como o autor está envolvido com a questão hipotética de uma cegueira generalizada,
podemos afirmar que no texto predomina a função emotiva, em que seus sentimentos
são destacados.
d) Como o título do texto é uma pergunta, há nele o predomínio da função apelativa, já
que é convencido a tomar certar atitudes.
e) Percebemos no texto a preocupação em destacar o canal de comunicação entre o
autor e o leitor, portanto a função que predomina nesse texto é a fática.
Resposta: A
Ao analisar a função predominante do texto, percebe-se que o referente é colocado em
destaque, já que o autor do texto procura pensar sobre soluções científicas para a cegueira
generalizada. Dessa forma, a função que predomina é a referencial.
Leia o texto e responda às questão 36 a 38.
Quando as deficiências do Ensino Médio são apresentadas à sociedade pelos fracos
resultados do ENEM, uma sensação de que há um imenso descompasso entre alunos,
professores, governos e pais parece inevitável. São os jovens que estão desinteressados,
é o mestre que está desmotivado, é o governo que investe pouco ou são os pais que estão
alheios à vida escolar dos filhos?
A resposta da equação é uma mistura desses fatores. Mas, para o pedagogo Lino de
Macedo (...), o desencontro acontece mesmo entre as instituições de ensino e o aluno no
ambiente escolar. “A escola está voltada para o próprio umbigo, não olha para o aluno real,
que está na sala de aula, e não tenta compreendê-lo”, explica.
Para promover esse encontro – desejado por todos, mas alcançado por poucos –,
Macedo, que foi um dos cinco formuladores do ENEM, acredita que aproximar o conteúdo
programático do cotidiano do jovem é uma das soluções possíveis. (...)
“A educação básica tem de desenvolver competências e habilidades nos alunos. (...) O
que sobra da educação básica é o que o sujeito aprendeu como disciplina no sentido de
habilidade e competência para fazer o melhor possível em determinada situação, saber
tomar decisões. É importante que o jovem saiba demonstrar um teorema, argumentar, ler
uma fórmula, fazer um cálculo mais sofisticado, ler e interpretar um texto, trabalhar com
escalas, grandezas etc.”
TAVARES, Flávia. Escola só olha o próprio umbigo.
O Estado de S. Paulo. São Paulo, 10 mai. 2009, Aliás, p. 3.
36. De acordo com as informações veiculadas pelo O Estado de S. Paulo, com base em
entrevista feita ao pedagogo Lino Macedo, podemos afirmar que:
a) para o pedagogo, o impasse estabelecido entre governo, escola, pais e alunos precisa
ser urgentemente resolvido.
b) para sanar os problemas revelados por meio de baixos desempenhos no ENEM, é
necessário aproximar a realidade do aluno ao conteúdo das disciplinas.
c) este acredita que o exame do ENEM solucionará os problemas do Ensino Médio, pois
somente o poder governamental deve organizar e definir a educação.
d) é preciso deixar de lado o conteúdo das disciplinas e focalizar apenas no raciocínio
lógico do aluno, para assim melhorar seu aprendizado.
e) competências e habilidades são necessárias no Ensino Médio, mas devem ser
colocadas em segundo plano na universidade.
Resposta: B
Uma leitura atenta do texto revela que deficiências da educação podem ser sanadas na
medida em que se aproxima a realidade do aluno ao conteúdo programático. Dessa forma,
as reflexões geradas pelo jornal podem ser aplicadas para se solucionar problemas
enfrentados por alunos, pais e professores, exercendo função social.
A – O pedagogo não afirma que esse impasse deva ser resolvido. Pelo contrário: mostra
que, na verdade, o desencontro maior acontece entre as instituições de ensino e o aluno,
no próprio ambiente escolar.
C – O pedagogo não afirma acreditar no poder do exame do ENEM para organizar e definir
os rumos da educação.
D – Não foi afirmado que é necessário abandonar o aprendizado do conteúdo das
disciplinas.
E – O texto não faz essa afirmação.
(Competência 1 – Habilidade 3)
37. Apesar de estar concedendo uma entrevista para um jornal renomado, em que
normalmente usa-se a norma-padrão da língua, Lino Macedo faz uso de expressão
coloquial na frase “A escola está voltada para o próprio umbigo”. Assinale, a seguir, a
alternativa que a interpreta corretamente.
a) A escola, com o intuito de proteger os alunos, impede--os de entrar em contato com a
realidade, muitas vezes danosa.
b) As instituições educacionais preocupam-se em transformar alunos em pessoas
centradas e compenetradas.
c) A maior preocupação das escolas é com os itens curriculares das “ciências humanas”,
definidores de seu caráter mais intrínseco.
d) A escola não leva em conta o aluno real e o seu cotidiano, focalizando-se apenas em
seu próprio conteúdo programático.
e) A frase é inadequada. De acordo com o texto, o correto seria afirmar que “a escola não
está voltada para o próprio umbigo”.
Resposta: D
Por meio da questão, é possível reconhecer o uso da língua padrão em contraponto ao uso
da expressão de origem coloquial. A alternativa D interpreta adequadamente a frase
apresentada.
A – A alternativa está incorreta, de acordo com o texto.
B – A alternativa está incorreta, de acordo com o texto.
C – A alternativa está incorreta, de acordo com o texto.
E – A alternativa está incorreta, de acordo com o texto.
(Competência 8 – Habilidade 27)
38. Analisando as argumentações do texto, podemos afirmar que ele tem como público-alvo,
exceto:
a)
b)
c)
d)
e)
profissionais da educação.
profissionais liberais de outros países.
alunos.
pais.
pessoas interessadas no desenvolvimento do Brasil
Resposta: B
Esse não é o público-alvo do texto.
A – Profissionais da educação são um dos públicos-alvo do texto.
B – Alunos são um dos públicos-alvo do texto.
C – Pais são um dos públicos-alvo do texto.
D – Pessoas interessadas no desenvolvimento do Brasil são um dos públicos-alvo do texto.
(Competência 7 – Habilidade 23)
39. Observe o quadro de Rubens, do século XVII, em que três deusas são representadas, e
responda à questão.
Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/licao-peso-475584.shtml>
Acesso em: 19 jul. 2009.
Se compararmos as mulheres da obra de Rubens ao padrão de beleza atual veiculado pela
mídia, não podemos afirmar que:
a) o quadro expressa padrões estéticos femininos próprios da época em que foi
produzido.
b) hoje, ao contrário do século XVII, a magreza é cultuada, levando muitas jovens a ter
problemas de anorexia.
c) a maneira como a tela procura reproduzir fielmente a realidade dita os rumos da arte
do Modernismo.
d) os conceitos de beleza mudam de acordo com a época.
e) procura representar o corpo feminino de forma minuciosa e detalhista.
Resposta: C
A questão leva a perceber padrões de beleza diversos em épocas diferentes. A alternativa
C é incorreta, pois a arte moderna não procura reproduzir fielmente a realidade.
A – A alternativa está correta.
B – A alternativa está correta.
D – A alternativa está correta.
E – A alternativa está correta.
(Competência 4 – Habilidade 13)
40. Uma das funções da arte é fazer crítica social. Aponte, a seguir, a alternativa que contenha
trecho com esse tipo de crítica.
a) Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
(...) E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego.
Chico Buarque
b) Haviam de ser,
por que possa vê-los,
que uns olhos tão belos
não se hão de esconder;
Luís de Camões
c) Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito...
Tribalistas
d) As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...
Mário de Sá-Carneiro
e) Tão cedo passa tudo quanto passa!
Morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.
Fernando Pessoa
Resposta: A
A questão envolve reconhecer a função de crítica social presente em manifestações
artísticas, como pode ser vista na letra de Chico Buarque, em que se retrata o desrespeito
ao ser humano, refém da sociedade. (Competência 4 – Habilidade 12)
41.
Que tal darmos
uma volta de
camelo?
Disponível em: <http://www.nea.fe.usp.br/sigepe/informacoes/upload/M3U3%20varia%C3%A7%C3%A3o.gif>
Acesso em: 15 jul. 2009.
A forma como os falantes de uma mesma língua se expressam para
determinadas coisas pode variar de acordo com o grupo social em que
formando as gírias. Assim, “camelo”, citado no quadrinho e presente
composição de Renato Russo “Se encontraram então no parque da cidade;
se referir a
se inserem,
também na
a Mônica de
moto e o Eduardo de camelo”, não significa “mamífero ruminante, usado como animal de
sela em regiões desérticas”, e sim “bicicleta”. De posse dessas informações assinale a
alternativa que não apresenta uso de gíria, como o citado anteriormente.
a)
b)
c)
d)
e)
“Aquela gata só namora jogadores de futebol”.
“Gosto muito dessa praia, brother”.
“A minha mina já tá chegando”.
“Preciso vazar, tá ligado?”
“Meu irmão quer ficar com corpo escultural”.
Resposta: E
Nessa questão, o objetivo é identificar o uso de gírias. Na alternativa “A”, temos o termo
“gata”. Em “B”, temos “brother”, usado para referir-se a “amigos”. Em “C”, é apresentado
“mina”, que significa “namorada” e, na alternativa “D”, “vazar”, que significa “ir embora”.
(Competência 8 – Habilidade 25)
42. Texto I
Propagandas
Rosely Sayão
A publicidade está cada vez mais entranhada no nosso dia a dia. E o pior é que não
querem mais nos vender apenas objetos, mas também conceitos e estilos de viver. Como
os temas na ordem do dia são saúde e qualidade de vida, eles são explorados por peças
publicitárias e anúncios de todo tipo. Alguns deles tentam dar um caráter quase científico
às qualidades dos produtos anunciados e, para tanto, usam até mesmo nomes de
profissionais. Dessa forma, tomamos conhecimento que o pediatra da personagem do
anúncio indica o uso de tal sabonete para o banho de seus filhos, que ginecologistas
recomendam outro para a higiene íntima de mulheres, que odontólogos preferem usar
determinada marca de pasta dentifrícia e que nutricionistas aconselham certo alimento, por
exemplo.
Recentemente, li nos jornais uma notícia interessante que tem íntima relação com o
assunto de hoje. O Conselho Federal de Medicina, preocupado com o tipo de
relacionamento estabelecido pela indústria farmacêutica com os médicos, pretende
regulamentar a distribuição de benefícios da primeira aos profissionais da medicina no
novo Código de Ética Médica, que está em discussão.
Oferecer presentes caros como viagens e inscrições em congressos internacionais,
objetos de uso pessoal, refeições e brindes de todos os tipos são algumas das práticas
usadas por muitos laboratórios no assédio aos médicos. A intenção é clara: que eles
receitem este ou aquele medicamento aos pacientes, que somos nós. Por isso, a
discussão é muito bem-vinda!
(...)
Disponível em: <http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/arch2008-10-16_2008-1031.html>(com adaptações).
Acesso em: 15 jul. 2009.
Texto II
Disponível em: <http://eupodiatamatando.com/?s=bebe+cheio+de+anuncios>. Acesso em:
15 jul. 2009.
Considerando que a imagem pode ser pensada como um texto, confronte as informações
apresentadas por ela (texto II) e pelo texto Propagandas, de Rosely Sayão (texto I). A partir
desse confronto, é correto afirmar:
a) Assim como pediatras que, pensando na qualidade de vida dos filhos dos
espectadores, indicam sabonetes, a publicidade impressa na pele da criança da
imagem está sendo recomendada para seu bem-estar.
b) A imagem apresenta exemplo de saúde relativa à infância proporcionada por
profissionais que se deixam seduzir pelas ofertas publicitárias da indústria
farmacêutica.
c) A saúde do ser humano depende do estilo de vida que ele tem, por isso as
propagandas com crianças, como a do texto II, tentam convencer o espectador a
assumir determinados estilos de vida, que proporcionam tranquilidade e bem-estar.
d) A relação entre a imagem e o fragmento “Como os temas na ordem do dia são saúde e
qualidade de vida, eles são explorados por peças publicitárias e anúncios de todo tipo.”
é coerente, pois a imagem apresenta uma criança bastante saudável e feliz e vários
anúncios de produtos para melhorar a saúde.
e) Desde o nascimento, o ser humano está envolto pelas propagandas, que tentam
determinar inclusive o estilo de vida de cada um, influenciando as pessoas nas
escolhas que fazem.
Resposta: E
Nessa questão, deve ser reconhecido o posicionamento crítico sobre o uso das
propagandas na sociedade, a partir de diferentes tipos de texto, ou seja, texto escrito e
imagem. Assim, de acordo com o enunciado, a alternativa “E” garante a interpretação
crítica de ambos os textos, apresentando a relação entre os dois. (Competência 1 –
Habilidade 4)
Leia os poemas O poeta da roça, de Patativa do Assaré, e Vício na fala, de Oswald de
Andrade, e responda às questões 43 e 44.
O poeta da roça
Sou fio das mata, canto da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mío.
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.
Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.(...)
Patativa do Assaré
Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
Oswald de Andrade
43. Marque verdadeiro (V) ou falso (F) nas afirmações que se seguem e assinale a alternativa
correspondente.
I. É evidente que a fala influencia a escrita do poema O poeta da roça e, com isso,
compromete-se a emoção que o leitor poderia sentir ao ler o texto. ( )
II. O último verso do poema de Oswald de Andrade mostra a norma-padrão “telhado”,
ressaltando, por meio do contraste com a forma “teiado”, as diferenças entre linguagem
culta e linguagem coloquial, sem, no entanto, menosprezar a forma coloquial, que contribui
para a construção da identidade do falante. ( )
III. Determinadas variedades linguísticas são manifestações aceitas pela tradição cultural
brasileira. Os falantes retratados nos poemas, por exemplo, não deixam de gozar de
prestígio social, devido ao seu modo de falar. ( )
a)
b)
c)
d)
e)
Todas as afirmações são verdadeiras.
Somente as afirmações I e II são verdadeiras.
Somente as afirmações II e III são verdadeiras.
Somente a afirmação I é verdadeira.
Somente a afirmação II é verdadeira.
Resposta: E
Nessa questão, por meio dos poemas, observa-se a relação de variedades linguísticas em
diferentes situações de uso social. (Competência 8 – Habilidade 26)
44. A obra de Oswald de Andrade apresenta, de maneira geral, características da primeira fase
do Modernismo. Assinale a alternativa que não expõe característica relacionada à obra
desse autor.
a)
b)
c)
d)
e)
Nacionalismo ufanista, herdado do Romantismo.
Visão crítica da realidade brasileira.
Valorização do falar cotidiano, numa busca da “língua brasileira”.
Inovação no aspecto formal com pequenos poemas.
Análise crítica da sociedade burguesa capitalista.
Resposta: A
O nacionalismo presente na obra de Oswald de Andrade distancia-se do apresentado no
Romantismo, pois esse autor modernista expõe em suas obras uma visão crítica da
realidade brasileira. Assim, nessa questão, deve-se reconhecer as funções da arte nos
contextos cultural e social. (Competência 4 – Habilidade 12)
45. A seguir, temos duas imagens, sendo que a primeira delas mostra La Pietá (em português
Piedade), uma das mais famosas esculturas feitas por Michelangelo. Essa obra representa
Jesus morto nos braços da Virgem Maria. De posse dessa informação, observe as imagens
que se seguem.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Piet%C3%A0> Acesso em: 8 jul. 2009.
Revista Veja, edição de setembro de 2004.
Disponível em <http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/080904/imagens/capa380.jpg>
Acesso em: 8 jul. 2009.
A partir da observação e da análise das imagens apresentadas, é possível afirmar que:
a) ao apresentar a imagem da mãe com a filha morta, a capa da revista sugere que o
leitor assuma a religião que induziu a criação de La Pietá (1498), de Michelangelo.
b) a capa da revista está relacionada a uma memória que remete à intensidade do sofrer
e à realidade da perda, visualizada em La Pietá (1498), de Michelangelo.
c) não se pode estabelecer relação entre a capa da revista e a escultura, já que a
fotografia jornalística é um elemento, primordialmente, informativo.
d) a capa da revista é uma cópia fiel da escultura de Michelangelo, diferenciando-se
apenas por apresentar aspectos da realidade atual, como os citados na manchete.
e) é impossível fazer analogias entre o aspecto religioso, apresentado claramente em La
Pietá, e o real, visível na capa da revista.
Resposta: B
A capa da revista apresenta possibilidades de estabecermos inter-relações com a arte,
reconhecendo seu valor. (Competência 4 – Habilidade 14)
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