Simulado COC – ENEM 2009 Linguagens e Códigos Leia o texto a seguir e responda à questão. Falta de civilidade Sofremos de um mal na atualidade: a incivilidade. A toda hora, somos obrigados a testemunhar cenas de grosseria entre as pessoas, de falta de respeito pelo espaço que usamos e de absoluta carência de cortesia nas relações interpessoais. Os adultos perderam a vergonha de ofender publicamente e em alto e bom som, de transgredir as normas da vida comum por quaisquer razões. Parece mesmo que nossa vida segue um lema: cada um por si e, ao mesmo tempo, contra todos. Por isso, perdemos totalmente a sensibilidade pelo direito do outro: cada um de nós procura, desesperadamente, seus direitos, sua felicidade, seu poder de consumo, seu prazer, sem reconhecer o outro. E, claro, isso gera intolerância, discriminação, ameaça. O pacto social parece ter sido rompido e não tomamos nenhuma medida para reverter esse processo. As mídias, por exemplo, comentam cenas de incivilidade ocorridas entre pessoas que ocupam posição de destaque. Virou moda e ganhou visibilidade dizer tudo o que se pensa, agredir para se defender, fazer pouco do outro. Pessoas que ocupam cargos de cheia expressam seu descontentamento com seus funcionários aos berros e assim por diante. (...) Um garoto disse que achava que os alunos maiores intimidavam os menores porque a escola e os pais ensinam que se deve respeitar os mais velhos. Veja você: o conceito de mais velho deixou de significar adulto ou velho e passou a ser usado como de mais idade. Assim, revelou o garoto, uma criança de um ou dois anos a mais que a outra se considera um “mais velho” e, por isso, pode explorar os de menos idade. Podemos ampliar esse conceito apreendido pelas crianças e, além da idade, pensar em poder, por exemplo. Isso nos faz pensar que o bullying ocorre principalmente, mas não apenas, porque crianças e adolescentes desenvolvem relações assimétricas entre eles, por causa da idade, do tamanho, da força e do poder. Talvez seja em casa e na escola que pais e professores possam e devam repensar e reinventar o conceito de cidadania. Mas também temos nós, os adultos, o dever de adotar boas maneiras na convivência social. Afinal, praticar boas maneiras e ensinar aos mais novos o mesmo nada mais é do que reconhecer o outro e buscar formas de boa convivência com ele. Disso depende a sobrevivência da vida social porque somos todos interdependentes. Vocabulário Bullying: ameaça; intimidação SAYÃO, Rosely. Falta de civilidade. Folha de S. Paulo. São Paulo, 9 jul. 2009, Folha Equilíbrio. 01. Marque a alternativa em que o tema central do texto pode ser depreendido corretamente. a) Precisamos aprender a respeitar nosso organismo, nossas vontades e necessidades para não nos sentirmos reprimidos, causando ressentimento. b) A falta de respeito com o outro, seja esse quem for, é apenas o reflexo da falta de respeito por si mesmo e, principalmente, da falta de autoconhecimento. c) Cada um deve agir de acordo com seu nível de evolução, sendo capaz de enxergar e compreender sua limitação, sem considerar o próximo. d) A falta de respeito pelo outro ocorre devido ao egoísmo, ou seja, à falta de projeção em tentar vivenciar a realidade do outro para compreendê-la e conseguir respeitá-la. e) O limite ajuda-nos a perceber quem somos; a responsabilidade ensina-nos que tudo tem o seu preço, que estamos sempre em relações de troca, colhendo aquilo que semeamos. Resposta: D Nessa questão, deve-se recorrer ao texto jornalístico para discutir o problema do respeito entre as pessoas no convívio em sociedade. O trecho “Por isso, perdemos totalmente a sensibilidade pelo direito do outro: cada um de nós procura, desesperadamente, seus direitos, sua felicidade, seu poder de consumo, seu prazer, sem reconhecer o outro.” confirma a alternativa D como correta. (Competência 1 – Habilidade 2) 02. Considerando o gênero, o texto anterior é: a) descritivo, já que apresenta como característica a contraposição de ideias e a defesa de uma delas pela autora. b) descritivo, porque tem como característica a presença de verbos de estado e a ausência do ponto de vista da autora. c) dissertativo-argumentativo do tipo subjetivo, porque a autora apresenta e defende seu ponto de vista sobre a falta de civilidade nas relações interpessoais em nossa sociedade. d) dissertativo do tipo objetivo, porque a autora expõe ideias sem posicionar-se pessoalmente a respeito delas, apenas relatando fatos vividos em nossa sociedade devido à falta de respeito entre as pessoas. e) narrativo, no qual a autora apresenta uma introdução para, a seguir, narrar diversos episódios que mostram o desrespeito das pessoas umas com as outras, devido ao individualismo excessivo presente em nossa sociedade. Resposta: C Deve-se, nessa questão, identificar o tipo de linguagem e os recursos expressivos característicos do texto dissertativo, presente em meios de comunicação, tais como jornais e revistas. O texto lido é claramente dissertativo-argumentativo, pois sua finalidade principal é persuadir o leitor a aceitar o ponto de vista da autora a respeito do assunto. (Competência 1 – Habilidade 1) 03. A gradação é uma figura de linguagem que consiste em apresentar uma sequência de ideias em sentido crescente ou decrescente, como ocorre em: “Tudo começou no meu quarto, onde concebi as ideias que me levariam a dominar o bairro, a cidade, o país, o mundo.” Assinale a alternativa em que esse tipo de recurso aparece no texto lido. a) “Sofremos de um mal na atualidade: a incivilidade.” b) “E, claro, isso gera intolerância, discriminação, ameaça.” c) “O pacto social parece ter sido rompido e não tomamos nenhuma medida para reverter esse processo.” d) “Um garoto disse que achava que os alunos maiores intimidavam os menores porque a escola e os pais ensinam que se deve respeitar os mais velhos.” e) “As mídias, por exemplo, comentam cenas de incivilidade ocorridas entre pessoas que ocupam posição de destaque.” Resposta: B A questão envolve identificar a linguagem figurada (gradação) como elemento que concorre para a progressão temática e para a organização e a estruturação de textos dissertativoargumentativos. É evidente a presença da gradação de forma crescente na alternativa B, presente no trecho: “intolerância, discriminação, ameaça.” (Competência 6 – Habilidade 18) 04. No fragmento “Assim, revelou o garoto, uma criança de um ou dois anos a mais que a outra se considera um ‘mais velho’ e, por isso, pode explorar os de menos idade.”, a palavra destacada pode ser substituída, sem alterar o significado original do trecho, por: a) b) c) d) e) descobrir. percorrer. pesquisar. examinar. desrespeitar. Resposta: E Nessa questão é preciso relacionar a opinião da autora ao tema do texto jornalístico, conseguindo perceber que o verbo “explorar”, no texto, significa “desrespeitar, abusando da boa fé, da ignorância ou da posição de alguém”, sendo, por isso, a alternativa E a resposta correta. (Competência 7 – Habilidade 22) 05. Em “Talvez seja em casa e na escola que pais e professores possam e devam repensar e reinventar o conceito de cidadania. Mas também temos nós, os adultos, o dever de adotar boas maneiras na convivência social.”, a expressão destacada expressa: a) b) c) d) e) conclusão. adição. alternância. oposição. explicação. Resposta: B Na questão é necessário identificar os elementos coesivos usados para unir sintagmas nominais, orações, enunciados, introduzindo novas informações, argumentos, que possibilitam a progressão textual, a estruturação e a organização do texto dissertativo-argumentativo. “Mas também”, no texto lido, indica soma, adição, podendo ser substituído por “e” e “mais ainda”. (Competência 6 – Habilidade 18) 06. O mal maior da gíria reside na sua adoção como forma permanente de comunicação, desencadeando um processo não só de esquecimento, como de desprezo ao vocabulário oficial. Usada no momento certo, porém, a gíria é um elemento de linguagem que denota expressividade e revela grande criatividade, desde que, naturalmente, adequada à mensagem, ao meio e ao receptor. A gíria é admitida na língua falada. Na língua escrita deve ser evitada, a não ser na reprodução da fala de determinada época, com a visível intenção de documentar o fato, ou em casos especiais de comunicação entre amigos, familiares, namorados etc., caracterizados pela linguagem informal. De posse das informações do texto, leia as frases a seguir. I. II. III. IV. V. O ancião quedou-se estático e boquiaberto. O velho ficou parado e de boca aberta. O coroa ficou na dele mosqueando. O véio encarangô. O cavalheiro de idade permaneceu quieto, em atitude contemplativa. Todas essas frases apresentam o mesmo significado. Baseando-se no texto anterior, identifique aquelas que, apesar de transmitirem a mesma informação das demais, apresentam uso de gíria. a) b) c) d) e) III e IV III e II I e IV I, II e III I, II e IV Resposta: A A questão envolve reconhecer o uso de gírias (III – O coroa ficou na dele mosqueando. / IV – O véio encarangô) em situações informais de comunicação e o emprego da norma-padrão em situações formais de comunicação. (Competência 8 – Habilidade 27) A norma gramatical é aquela relacionada à gramática normativa: só o que está de acordo com ela é correto. Porém ela incorpora muitas regras que não são usadas cotidianamente. A norma-padrão, por sua vez, está vinculada a uma língua modelo. Segue prescrições representadas na gramática, mas é marcada pela língua produzida em certo momento da história e em uma determinada sociedade. Como a língua está em constante mudança, diferentes formas de linguagem que hoje não são consideradas pela norma-padrão, com o tempo, podem vir a se legitimar. Por fim, a norma culta é a que resulta da prática da língua em um meio social considerado culto – tomando-se como base pessoas de nível superior completo e moradoras de centros urbanos. No Brasil, ela foi estudada por meio de pesquisa de campo realizada há quase 50 anos, tomando-se como base falantes de algumas capitais. Como desde então não foram realizados novos estudos, a norma culta caiu em desuso. O uso dessas regras varia de acordo com as situações e condições de vida de cada um. Em muitos casos, é na escola que ocorre o único contato das crianças com a gramática normativa e com a normapadrão. Consultoria Eni Orlandi, professora do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). S.O.S. Português. Revista Nova Escola. Edição 222, p. 28, mai. 2009. 07. Em relação ao texto anterior, marque a única afirmação correta. a) A gramática normativa apresenta o dialeto regional como uma das possíveis variedades da língua, adequado em certas circunstâncias e inadequado em outras. b) O modo de expressão dos falantes cultos, aquelas pessoas que têm acesso às regras padronizadas, incutidas no processo de escolarização, é a norma culta. c) Toda forma elevada de linguagem, que se aproxime dos padrões informais da linguagem, configura a norma culta. d) As pessoas podem transitar pela norma culta e pela linguagem coloquial sem fazer distinção entre as duas, pois não há uma linha demarcatória entre elas. e) A norma gramatical descreve as variantes linguísticas, observando a expressividade, as intenções e as situações em que essas variantes são empregadas. Resposta: B A questão abrange reconhecer os usos da gramática normativa, norma-padrão e norma culta, levando em consideração as diferentes situações de comunicação. Dentre as alternativas da questão, a única que está correta em relação ao texto é a B, como confirma o seguinte fragmento: “(...) a norma culta é a que resulta da prática da língua em um meio social considerado culto – tomando-se como base pessoas de nível superior completo e moradoras de centros urbanos.” (Competência 8 – Habilidade 27) 08. Leia a frase, retirada de um jornal: “Uma garota diz que prefere ir para a cadeia do que realizar uma tarefa humilhante num programa de TV.”Levando em consideração o trecho “A norma gramatical é aquela relacionada à gramática normativa: só o que está de acordo com ela é correto. Porém ela incorpora muitas regras que não são usadas cotidianamente.”, a frase retirada do jornal apresenta uma transgressão à gramática normativa. Identifique a alternativa que consegue adequá-la à norma gramatical. a) Uma garota diz que prefere ir para a cadeia e realizar uma tarefa humilhante num programa de TV. b) Uma garota diz que prefere ir para a cadeia, mas realizar uma tarefa humilhante num programa de TV. c) Uma garota diz que prefere ir para a cadeia, por isso realizar uma tarefa humilhante num programa de TV. d) Uma garota diz que prefere ir para a cadeia depois de realizar uma tarefa humilhante num programa de TV. e) Uma garota diz que prefere ir para a cadeia a realizar uma tarefa humilhante num programa de TV. Resposta: E Na questão, deve-se relacionar a variedade linguística apresentada na gramática normativa aos meios de comunicação da mídia impressa (jornais, revistas etc.). No caso da frase, retirada de um jornal, percebe-se que, na linguagem do dia a dia, de fato, é muito comum o uso do verbo “preferir” para fazer uma espécie de comparação: prefiro isto do que aquilo, como se “preferir” fosse “gostar mais” de algo. Na verdade, “preferir” é escolher, pôr alguma coisa antes de outra. O verbo rege dois objetos, sendo o direto expresso por aquilo que se escolhe, e o indireto regido pela preposição “a” e expresso por aquilo que se deixa em segundo plano. Assim, preferimos uma coisa à outra. (Competência 8 – Habilidade 26) 09. Leia este e-mail que circulou na Internet recentemente. Cinema no Nordeste! Para conseguir a aceitação do público nordestino, os cinemas locais decidiram mudar os nomes dos filmes. Vejam abaixo os novos títulos. De: Uma linda mulher Para: Uma quenga aprumada De: O poderoso chefão Para: O coroné arretado De: Os sete samurais Para: Os jagunço di zóio rasgado De: Perfume de mulher Para: Cherim de cabocla De: Guerra nas estrelas Para: Arranca-rabo no céu De: Um peixe chamado Wanda Para: Um lambari cum nome di muié De: A noviça rebelde Para: A beata increnquêra De: O fim dos dias Para: Nóis tâmo é lascado Pode-se afirmar que o autor do e-mail conseguiu produzir humor ao adaptar títulos de filmes famosos para a variedade linguística utilizada na região Nordeste do país. Em relação a essa variedade linguística, seria incorreto afirmar que: a) reproduz situação de linguagem informal. b) não é empregada na redação de leis e decretos. c) não cumpre a sua função comunicativa. d) faz parte de determinada região e meio social. e) é mais relacionada à linguagem oral do que à escrita. Resposta: C A questão mostra a identificação das marcas linguísticas que singularizam a variedade de linguagem nordestina. Com isso, pode-se perceber que, apesar de o vocabulário presente no texto não pertencer à norma-padrão da língua, ele cumpre sua função comunicativa, já que consegue ser compreendido por todos. (Competência 8 – Habilidade 25) Leia o anúncio publicitário a seguir e responda às questões de 10 a 13. http://www.talent.com.br/blog/?p=498 10. Na frase “Saia da Sibéria e vem pra NET já”, não há uniformidade de tratamento, pois a forma verbal “saia” está no imperativo afirmativo da 3ª pessoa do singular (você) e “vem” está no imperativo afirmativo da 2ª pessoa do singular (tu). Sabendo disso, encontre a alternativa em que a uniformidade de tratamento na frase da propaganda é mantida. a) Saia da Sibéria e venha pra NET já. b) Sai da Sibéria e venha pra NET já. c) Sais da Sibéria e vem pra NET já. d) Saias da Sibéria e vem pra NET já. e) Saias da Sibéria e venha pra NET já. Resposta: A Deve-se identificar, no anúncio publicitário, marca linguística comum na oralidade: falta de uniformidade de tratamento no uso das formas verbais no imperativo, como pode ser visto na mensagem da propaganda que, de uma só vez, usou “saia” (imperativo afirmativo da 3ª pessoa do singular: você) e “vem” (imperativo afirmativo da 2ª pessoa do singular: tu). (Competência 8 – Habilidade 25) 11. O uso do verbo “ter” como impessoal no lugar de “haver” é comum na linguagem sem formalidade. Basta observar a frase do anúncio publicitário: “Tem pacote pra todo tipo de família”. Assinale a alternativa em que isso ocorre. a) Ela tem lindos vestidos. b) A polícia tem nas mãos o criminoso mais procurado do país. c) A garota não se teve de alegria ao receber o presente. d) Teve ocasiões em que me senti frustrado. e) Maria teve seu filho ontem. Resposta: D Relacionar a propaganda, em que se costuma privilegiar a linguagem coloquial, ao uso informal do verbo “ter”, como impessoal, na frase da alternativa D e do anúncio publicitário apresentado. (Competência 8 – Habilidade 26) 12. Um dos recursos usados pelas agências de publicidade para envolver o consumidor no anúncio publicitário é a linguagem conotativa, figurada. As expressões, presentes na propaganda, que apresentam esse tipo de linguagem são: a) “num só cabo” e “Internet”. b) “família” e “olhe lá”. c) “paga chorando” e “olhe lá”. d) “paga chorando” e “várias contas”. e) “opção” e “Internet”. Resposta: C A questão envolve reconhecer a linguagem figurada presente na propaganda selecionada (“paga chorando” e “olhe lá”) como estratégia argumentativa para o convencimento do público consumidor. (Competência 7 – Habilidade 24) 13. Os textos, orais ou escritos, buscam sempre um efeito sobre o receptor. Pode-se afirmar que, nessa peça publicitária, a principal intenção é: a) informar. b) consultar. c) ordenar. d) convencer. e) proporcionar prazer. Resposta: D Deve-se analisar que a principal função da linguagem da peça publicitária é a apelativa, já que a propaganda é dirigida ao receptor com o objetivo de influenciá-lo a fazer alguma coisa. (Competência 6 – Habilidade 19) O texto a seguir refere-se às questões 14 e 15. O papa recebe conselhos de Lula, mas “talvez” não combina com “certamente” Em encontro com o papa em Roma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o concitou a aproveitar os sermões das missas domingueiras para exortar os dirigentes dos países ricos a darem um jeito de combater a crise financeira mundial com mais vigor. Afinal, ele lembrou, os pobres não têm nada com isso.” (...) a crise é grave”, contou o presidente Lula a Bento XVI. E completou: “Eu pedi ao papa que nos seus pronunciamentos ele fale da crise econômica, pois, se todo domingo o papa der um ‘conselhozinho’, quem sabe a gente encontra mais facilidade para resolver o problema”. Pode ser. Depois, encontrou-se com o finado George W. Bush num dos encontros do G-20. Disse Lula: “Esta certamente talvez seja uma das maiores crises que já enfrentamos”. (...) MACHADO, Josué. O bom conselheiro. Revista Língua Portuguesa. Ed. 41, mar. 2009. 14. A afirmação feita no título do artigo pode ser justificada porque, na frase “Esta certamente talvez seja uma das maiores crises que já enfrentamos.”, os vocábulos destacados expressam, respectivamente: a) tempo e modo. b) intensidade e modo. c) afirmação e tempo. d) modo e dúvida. e) afirmação e dúvida. Resposta: E Para resolver a questão, é necessário reconhecer a circunstância que os advérbios “certamente” (afirmação) e “talvez” (dúvida) expressam, segundo a norma-padrão da língua portuguesa. (Competência 8 – Habilidade 27) 15. No fragmento “Em encontro com o papa em Roma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o concitou a aproveitar os sermões das missas domingueiras para exortar os dirigentes dos países ricos a darem um jeito de combater a crise financeira mundial com mais vigor.”, os vocábulos destacados poderiam ser substituídos, sem alterar o significado desse fragmento, respectivamente, por: a) “provocou” e “convencer”. b) “desafiou” e “constranger”. c) “estimulou” e “convencer”. d) “estimulou” e “implorar”. e) “enfureceu” e “constranger”. Resposta: C É necessário reconhecer os significados de “concitou” (estimulou) e “exortar” (convencer) como forma de o autor dar importância ao patrimônio linguístico nacional, com a utilização de vocabulário pouco empregado em linguagem informal. (Competência 6 – Habilidade 20) Leia o texto a seguir e responda às questões 16 a 19. Poesia concreta ganha “passarela” de TVs na SPFW Cassiano Elek Machado da Folha de S. Paulo Enquanto dentro das salas da Bienal passeiam as gazelas da Fashion Week, em um de seus corredores o desfile é de poemas. “Vestidos” com animações de última moda, com trilhas sonoras compostas especialmente para acompanhar suas passadas, 12 textos de oito poetas mostrarão suas curvas no evento do parque Ibirapuera. “Street Wall” é o nome do projeto, concebido pela encenadora Daniela Thomas, batizado pelo poeta Augusto de Campos e “curado” pela artista plástica e poeta Lenora de Barros. A palavra “wall”, muro, vem de “videowall” (aqueles agrupamentos de TVs que formam um grande televisor quadrado). A novidade é indicada pelo termo “street”. As animações de poemas serão exibidas em uma fileira horizontal de monitores, como uma rua. (...) São concretistas, neoconcretistas ou parentes espirituais da concretude os poetas que terão animações no “Street Wall”. (...) “Cada poema recebeu um tratamento visual diferente”, conta Lenora de Barros. “Em alguns fizemos um trabalho só tipográfico; em outros, entram imagens, como cenas de carros no fundo do poema ‘cidade’.” (...) Grima Grinaldi, videomaker que trabalhou em parceria com Lenora, diz que o resultado final continuou “urbano”. “Olhar os poemas andando por essas telas é como alguém em um ônibus vendo a cidade passar na janela.” Completando o núcleo de “Street Wall” está o músico Cid Campos, que fez os “tratamentos sonoros” das criações. “Meu trabalho é uma musicalização da poesia, compor em cima dela, para ela (...)”, explica Campos. http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u40917.shtml Glossário Curador: indivíduo encarregado judicialmente de administrar ou fiscalizar bens ou interesses de outrem. Fashion Week: nome de um desfile de moda Gazela: moça bonita e elegante Videomaker: profissional que se dedica à atividade criativa, utilizando o vídeo. 16. Durante a década de 1950, surgiu no Brasil o movimento poético concretista, que busca unir a sonoridade, a ideia e a forma das palavras como meio de expressão. De acordo com o poeta Frederico Barbosa, os concretistas “nos fizeram olhar para o verso de uma maneira diferente...” e, ao colocar uma palavra num poema, o poeta precisa “ser consciente de sua expressão e plástica, da possibilidade de utilização dessa palavra de uma outra maneira na frase”. Sabendo disso, assinale a afirmação correta. a) O uso de televisores típicos da década de 1950, na Fashion Week, mostra o caráter passadista da exposição. b) De acordo com o texto, o videowall é uma forma utilizada, nos anos 1960, para a veiculação de poemas. c) A poesia concreta, iniciada na década de 1950, é retomada por meio das tecnologias do século XXI, ao ser incorporada à Fashion Week. d) A falta de acompanhamento sonoro, na exposição de poemas concretos na Fashion Week, é resultado do desenvolvimento visual do século XXI. e) A idade avançada dos organizadores da Fashion Week é apontada como o motivo da retomada dos poemas concretistas. Resposta: C Pode-se perceber o uso de tecnologias, no século XXI, como fruto do desenvolvimento da sociedade, ao compará-lo com o desenvolvimento tecnológico de outras épocas. Além disso, podemos ver que a poesia concretista, apesar de surgida na década de 1950, tem lugar de destaque em um evento atual. A – Não há referências a televisores próprios da década de 1950, na SPFW. B – Em nenhum momento o texto afirmou ser o “videowall” uma forma de veiculação de poemas utilizada na década de 1960. D – O último parágrafo do texto mostra haver acompanhamento sonoro no projeto “Street Wall”. E – Não houve, no texto, referência à idade avançada dos organizadores da SPFW. (Competência 9 – Habilidade 30) 17. Sabendo que o desfile de moda da São Paulo Fashion Week, a que alude o texto, ao ser realizado na Fundação Bienal de São Paulo, apresentou também poemas concretistas, assinale, entre as opções a seguir, aquela que faz uma interpretação correta do texto de Cassiano Elek Machado. a) Apesar de feitos por escritores brasileiros, de acordo com o texto, os poemas apresentados no “Street Wall” são compostos em inglês. b) O texto critica o título em inglês “Street Wall”, usado no lugar de “Parede-rua”, em português. c) Daniela Thomas, Lenora de Barros e Cid Campos são poetas que incorporam as tendências concretistas. d) Ao falar de poemas “vestidos” com animações, prontos a desfilar sob trilhas sonoras, o texto revela a inter-relação da poesia com o mundo da moda. e) Por ter maior consistência artística, adquirida em séculos de cultivo, a literatura ocupou um espaço maior do que os desfiles de moda na SPFW. Resposta: D A questão possibilita reconhecer a diversidade de expressões artísticas por meio da análise da inter-relação da poesia com o mundo da moda, como podemos ver a partir da forma como os poemas são comparados às modelos da Fashion Week, mostrando, assim, a intersecção de diferentes formas de expressão artística. A – O texto não diz que os poemas são escritos em inglês. B – Não há críticas, no texto, ao uso do termo inglês “ Street Wall”. C – A cenógrafa e diretora Daniela Thomas é apresentada pelo texto como encenadora; Lenora de Barros, como artista plástica e Cid Campos, como músico. E – O texto não afirma que a exposição de poemas ocupou espaço maior do que o desfile de modas, durante a SPFW. (Competência 4 – Habilidade 14) 18. Estamos acostumados a ler poemas impressos em livros ou, então, na tela do computador, quando navegamos pela Internet. O texto apresentado mostra outra possibilidade de se entrar em contato com a poesia. Tendo isso em mente, assinale a alternativa correta. a) A TV, normalmente usada para difusão de comunicação, informação e algumas formas de entretenimento, passa a ser veículo de poesia, no evento. b) Como usam o suporte televisivo para propagar poemas, os organizadores não se preocupam com o aspecto visual deles. c) Colocando os poemas no “Street Wall”, os idealizadores do evento procuram ressaltar a importância da leitura de poemas em voz alta. d) Ao mostrar poemas por meio de telas de TV, critica-se a massificação cultural imposta pela cultura televisiva. e) Ao juntar apenas TV e poemas, o evento critica outra forma de comunicação e informação: o rádio. Resposta: A Nessa questão, deve-se identificar, por meio da leitura do texto apresentado, linguagens da comunicação e informação usadas para veicular a linguagem poética. O veículo da poesia, no lugar do papel ou do computador, passa a ser telas de TV. B – O aspecto visual é uma das principais preocupações dos organizadores. C – Em nenhum momento do texto é mencionada a leitura de poemas em voz alta. D – O texto não apresenta argumentos contra a massificação cultural televisiva. E – O fato de poemas aparecerem em telas de TV não significa, por si só, uma crítica ao rádio. (Competência 9 – Habilidade 29) 19. Grima Grinaldi, citada pelo autor do texto, afirma que “olhar os poemas andando por essas telas é como alguém em um ônibus vendo a cidade passar na janela”. Partindo dessa afirmação, assinale a alternativa correta. a) A videomaker Grima Grinaldi critica a forma descuidada com que os poemas foram dispostos, similar às ruas mal conservadas das cidades. b) A forma como os poemas são apresentados no “Street Wall” reflete o modo de vida urbano contemporâneo de várias cidades, como São Paulo. c) A frase mostra que a forma usada para dispor os textos é inadequada, já que os poemas são atemporais e, portanto, imunes aos avanços tecnológicos. d) Ao usar o verbo “olhar”, e não “ler”, Grima Grinaldi tece uma crítica ao próprio evento, que menospreza a leitura. e) Ao fazer essa afirmação, Grima mostra acreditar que apenas pessoas que vivem nas grandes cidades poderão compreender a exposição. Resposta: B Ao ler a questão, pode-se reconhecer a função e o impacto da tecnologia do “Street Wall”. Além disso, por meio dela, vê-se que a exposição dos poemas incorpora e retrata o modo urbano de vida, marcado pelo deslocamento constante com veículos motorizados. A – A frase não revela crítica à forma de exposição dos poemas. Além disso, não alude ao descuido com que as ruas das cidades são mantidas, mas ao movimento criado pelo ônibus, que passa por diferentes paisagens. C – Não há referências à dos poemas às novas tecnologias. D – O aspecto visual é ressaltado por meio do “Street Wall”, no entanto, isso não revela desprezo pela leitura. E – Grima compara a exposição dos poemas ao passeio de ônibus pela cidade. Nada, em sua frase, no entanto, mostra que pessoas que não tenham essa vivência não possam compreender o evento. (Competência 9 – Habilidade 28) Leia o texto a seguir e responda às questões 20 e 21. O que é torcer? Uma coisa que o futebol nos ensina é a perder. Raciocinem comigo: (...) a Seleção Brasileira, maior potência do esporte, perdeu duas Copas do Mundo para cada uma das cinco que ganhou. Perder é algo que um torcedor de verdade acaba aprendendo. (...) Mas, se isso é verdade, por que tanta gente continua indo aos estádios e amando seus clubes? Masoquismo? Nada disso. O que aprendemos, com o tempo, é que o amor é mais importante do que a vitória, que a perseverança é mais importante do que a vitória, que a fé é mais importante do que a vitória, que o ritual de ir ao estádio com quem amamos é mais importante do que a vitória. Pode parecer um paradoxo, mas ninguém acompanha futebol para ver seu time vencer. Acompanhamos futebol para aprender a acompanhar futebol e, assim, aprendermos a viver melhor. Futebol é celebração. É celebrar o que a vida coloca diante de nós, sejam coisas boas ou ruins. É, acima de tudo, um exercício de humildade, que faz entender que não podemos controlar todos os eventos da vida. Com os nossos times, aprendemos a aceitar os inevitáveis fracassos que virão e a lidar melhor com a vitória, entendendo que ela será sempre fugaz. (...) Enquanto os bons torcedores amam o clube de uma forma quase religiosa – sem exigir nada em troca –, uma parte significativa dos torcedores brasileiros, especialmente os bárbaros das organizadas, se consideram donos dos clubes. (...) Tudo isso só serve para cristalizar ainda mais a impressão que alguém registrou certa vez, com grande acerto: o torcedor brasileiro não ama o esporte. Ama apenas e tão somente as conquistas, as vitórias. E isso não é torcer. É necessidade de autoafirmação, busca de compensações pelas frustrações da vida. CAETANO, Marcos. O que é torcer? O Estado de S. Paulo, São Paulo, 30 mai. 2009. Esportes, p. 2. 20. Assinale, de acordo com o texto lido, a alternativa correta. a) Futebol, de acordo com o autor, é manifestação sem importância numa sociedade. b) Como futebol é apenas celebração, não se deveria dar tanta importância a ele nem se gastar tanto com ele. c) Como o próprio autor diz, futebol não serve para nada além de ensinar a acompanhar futebol. d) De acordo com o texto, o espaço delimitado do campo coloca o futebol fora da realidade da vida. e) O autor afirma que acompanhar futebol nos ensina, entre outras coisas, a viver melhor. Resposta: E O texto afirma que, ao acompanharmos jogos de futebol, aprendemos a viver melhor, aceitando, inclusive, as derrotas e os fracassos impostos pela vida. Dessa forma, a questão ajuda a reconhecer o fenômeno futebolístico como originário de necessidades profundas dos grupos sociais. A – Ao contrário do que afirma a alternativa A, o autor do texto mostra a importância do futebol na sociedade. B – Futebol como celebração é importante à sociedade. Além disso, não há referências aos gastos efetuados com o futebol. C – Futebol nos ensina a acompanhar futebol e, fazendo isso, ensina-nos também a viver, entre outras coisas. D – O autor não afirmou que o futebol está separado da realidade cotidiana. (Competência 3 – Habilidade 9) 21. Ao falar sobre derrotas e vitórias que acontecem no futebol, o autor afirma que: a) os jogos de futebol nos ensinam a ser guerreiros e a não aceitar a derrota, superandoa sempre. b) nada é mais importante do que a celebração que acontece depois da vitória, independentemente dos excessos de algumas torcidas. c) os torcedores capazes de compreender o fracasso do time são, na verdade, masoquistas, pois gostam de sofrer. d) como a seleção brasileira perde mais do que ganha, devemos parar de torcer por ela. e) o amor, a perseverança, a fé e a companhia de quem amamos são mais importantes do que a vitória. Resposta: E Vários são os aspectos envolvidos ao acompanharmos um jogo de futebol, como o amor, a fé, a perseverança e a convivência social. Eles são destacados como mais importantes do que a vitória do time. Assim, ao resolver essa questão, passa-se a perceber o evento esportivo do futebol como oportunidade de reconhecer e aprender diferentes valores, entre eles, o de interação social. A – O autor, ao contrário, mostra a importância de se aceitar a derrota. B – No texto, o autor critica os excessos das torcidas e não enfatiza a importância da celebração após as vitórias. C – Aqueles capazes de compreender a derrota do time preferido não são chamados de masoquistas. D – O fato de a Seleção Brasileira perder muito, apesar de ter vários títulos, mostra que a derrota é um fato normal no futebol. (Competência 3 – Habilidade 11) FOI UMCONSELHO DO MEUESTILISTA. LISTRAS HORIZONTAIS ENGORDAM MAIS... ...QUE AS LISTRAS VERTICAIS! www.am arildo.com.br 22. Observe a charge e responda à questão. http://portaldearaguari.blogspot.com Assinale a alternativa correta. a) A charge satiriza o comportamento do jogador, que não se preocupa com o próprio condicionamento físico. b) A falta de uma bola de futebol, na charge, indica que esta se refere, na verdade, a problemas políticos, e não a problemas do futebol. c) A crítica maior da charge é feita à qualidade dos times de futebol, representados pelos uniformes do jogador. d) O fato de o autor não ter tirado das camisas de uniforme as marcas patrocinadoras dos times mostra crítica ao excesso de propaganda no futebol. e) A referência ao estilista do jogador mostra uma crítica do autor da charge à invasão do mundo fashion nos gramados, por meio de uniformes estilizados. Resposta: A A questão nos leva a pensar como a falta de condicionamento físico prejudica a atuação de um jogador de futebol. B – A charge não se refere a problemas políticos. C – Os times de futebol representados pelos uniformes não são criticados. D – Não há crítica à propaganda no futebol. E – Não há referências à invasão do mundo fashion nos gramados. (Competência 3 – Habilidade 10) 23. Observe a tira a seguir e responda à questão. http://www.nadaver.com/namoro-virtual/ As tiras criam o humor por meio da união da linguagem verbal e da linguagem não verbal. A partir dessa afirmação e da observação da tira apresentada, assinale a alternativa correta. a) O uso abundante de adjetivos, na tirinha, enfatiza o humor. b) O humor é conseguido por meio da ambiguidade da palavra “louro”. c) Mesmo se não houvesse imagens, o humor seria compreendido por meio do texto. d) A face atônita do papagaio mostra que ele não é nada esperto. e) Como o rosto da namorada virtual não aparece, o humor da tira fica comprometido. Resposta: B É possível observar a interação entre recursos verbais e recursos não verbais, construindo o humor da tira, já que a ambiguidade da palavra “louro” – significando “cabelos claros” ou “papagaio” – só pode ser percebida por meio do confronto do texto com a imagem da tira. A – Não há uso abundante de adjetivos na tira. C – Sem imagens, não seria possível compreender a ambiguidade da palavra “louro” e o humor decorrente dela. D – O papagaio foi esperto ao usar, para definir-se, uma palavra com duplo sentido. E – O humor da tira não depende do aparecimento da face da namorada virtual do papagaio. (Competência 7 – Habilidade 21). Leia os textos a seguir para responder adequadamente às questões 24 a 28. Texto I João Romão não saía nunca a passeio, nem ia à missa aos domingos; tudo que rendia a sua venda e mais a quitanda seguia direitinho para a caixa econômica e daí então para o banco. Tanto assim que (...) tratou, sem perda de tempo, de construir três casinhas de porta e janela. (...) E o fato é que aquelas três casinhas, tão engenhosamente construídas, foram o ponto de partida do grande cortiço de São Romão. Hoje quatro braças de terra, amanhã seis, depois mais outras, ia o vendeiro conquistando todo o terreno que se estendia pelos fundos da sua bodega; e, à proporção que o conquistava, reproduziam-se os quartos e o número de moradores. (...) Noventa e cinco casinhas comportou a imensa estalagem. (...) As casinhas eram alugadas por mês e as tinas por dia; tudo pago adiantado. O preço de cada tina, metendo a água, quinhentos réis; sabão à parte. As moradoras do cortiço tinham preferência e não pagavam nada para lavar. (...) E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco. AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. São Paulo: Ática, 1992. Texto II Aluguel mais caro de SP é de cortiço Moradias antigas, (...) os cortiços têm banheiros coletivos, cozinhas no quarto e servem de casa para pessoas com renda em torno de R$ 700,00. Mesmo em condições precárias, os moradores dos cerca de 2 mil imóveis que funcionam como pensões informais (...) pagam o mais alto valor de aluguel por m2 da capital paulista. (...) “O aluguel dos cortiços nunca perdeu a vitalidade. Ele atende pessoas sem acesso ao mercado formal, que não têm fiador nem carteira assinada para alugar uma casa e precisam morar no centro, perto de onde estão empregos e serviços sociais”, explica (...) o arquiteto Luiz Kohara. Opções baratas de residências desde o fim do século 19, (...) cortiços respaldaram o desenvolvimento econômico da metrópole, garantindo aluguel barato para imigrantes europeus (...). A partir de 1960, mesmo com a multiplicação de favelas na periferia, os cortiços resistiram e atravessaram o século como a principal alternativa para pessoas de baixa 2 renda (...). “Comparando o preço por m , o cortiço é caro. Mas os valores mensais cabem no bolso das famílias mais pobres”, afirma Alonso Lopez. MANSO, Bruno Paes. Aluguel mais caro de SP é de cortiço. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 12 abr. 2009, Cidades, p. 1. 24. Lembrando que a obra O cortiço, de Aluísio Azevedo, escrita no final do século XIX, retrata a realidade da cidade do Rio de Janeiro, mostrando o crescimento urbano da época, assinale a opção correta. a) João Romão conseguiu formar uma propriedade rural extremamente produtiva, empregando vários funcionários que nela moravam. b) De acordo com o texto, o cortiço de João Romão é formado por três casinhas que abrigam inúmeros moradores. c) Como João Romão estava consciente do crescimento urbano desordenado, procurava tirar sua renda apenas do aluguel de pequenas casas. d) Como no século XIX o crescimento urbano não foi tão desenfreado como é hoje, o dono do cortiço não conseguia alugar todas as moradias. e) O cortiço, ao mostrar o nascimento de um aglomerado de moradias, retrata a realidade urbana típica do contexto histórico da época em que foi escrito. Resposta: E Após estabelecer relações entre a obra literária O cortiço e o seu contexto histórico e social, é possível perceber que essa obra retrata a realidade urbana do Rio de Janeiro. A – O cortiço não era uma propriedade rural. B – O cortiço, ao final, é formado por 95 pequenas moradias. C – A renda do cortiço vinha do aluguel das casas e das tinas de água para lavagem de roupa. D – O trecho “ia o vendeiro conquistando todo o terreno que se estendia pelos fundos da sua bodega; e, à proporção que o conquistava, reproduziam-se os quartos e o número de moradores” prova estar incorreta a alternativa D. (Competência 5 – Habilidade 15) 25. De acordo com Alfredo Bosi, Aluísio Azevedo, em O cortiço, ao falar dos mais humildes, “não [são] raras as comparações [que faz com] com vermes ou com insetos” (BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1997, p. 190). Levando isso em consideração e lembrando que o Naturalismo, do qual Aluísio era um expoente, procurava denunciar os aspectos degradantes da sociedade, assinale a alternativa correta. a) Ao retratar o cortiço como um lugar em que os seres humanos são comparados a larvas no esterco, o autor os reduz ao nível animal, mostrando sua degradação. b) Ao descrever o caráter recluso de João Romão, o texto apresenta uma característica típica do período em que foi escrito: falta de contato social. c) Ao mostrar que as moradoras do cortiço pagavam, além do aluguel da casa, o aluguel das tinas para lavar roupa, o texto as mostra como pessoas civilizadas. d) O nome do cortiço, “São Romão”, confirma a religiosidade de João Romão, que, mesmo trabalhando muito, não deixava nunca de ir à missa dominical. e) O trecho confirma o caráter caridoso de João Romão, que sempre ajudava os moradores carentes do cortiço, deixando-os morar de graça. Resposta: A A corrente naturalista vê o ser humano como regido pelo instinto e pela fisiologia. Ligando esse aspecto ao texto literário apresentado, é possível perceber que a degradação dos homens é mostrada por meio de sua redução ao estado animal. B – A falta de contato social não é característica do período em que a obra foi escrita. C – As moradoras do cortiço não pagavam pelo aluguel da tina. D – Ao contrário do que afirma a alternativa, João Romão deixava de ir à missa aos domingos. E – O trecho “As casinhas eram alugadas por mês e as tinas por dia; tudo pago adiantado.” mostra que a alternativa está incorreta. (Competência 5 – Habilidade 16) 26. O texto publicado no jornal O Estado de S. Paulo fala de cortiços existentes na capital paulista, nos dias de hoje, e o texto de Aluísio de Azevedo trata de cortiços cariocas do século XIX. Sabendo disso, assinale a alternativa incorreta. a) Os cortiços do século XXI continuam a abrigar pessoas de renda mais baixa. b) Um dos atrativos dos cortiços de hoje é fornecer moradia a quem não faz parte do mercado formal. c) Diferentemente do cortiço retratado por Aluísio Azevedo, os cortiços de São Paulo preservam a intimidade dos moradores por meio de instalações individuais. d) Se for levado em conta o valor do m² dos cortiços paulistas, pode-se afirmar que ele custa mais caro do que o m² de outros tipos de moradias alugadas na capital. e) As favelas, apesar de terem se multiplicado a partir da década de 1960, não ameaçaram a existência dos cortiços. Resposta: C Comparando o retrato das condições sociais e humanas dos cortiços do século XIX ao do século atual, por meio de textos diferentes, é possível perceber, entre outras coisas, que a intimidade dos moradores não é preservada nos cortiços paulistas de hoje, já que estes não possuem sequer banheiros individuais. A – A alternativa faz uma afirmação correta. B – A alternativa faz uma afirmação correta. D – A alternativa faz uma afirmação correta. E – A alternativa faz uma afirmação correta. (Competência 5 – Habilidade 17) 27. De acordo com o site da Folha de S. Paulo, o texto jornalístico “deve ser um texto claro e direto. Deve desenvolver--se por meio de encadeamentos lógicos. Deve ser exato e conciso. Deve estar redigido em nível intermediário, ou seja, utilizar-se das formas mais simples admitidas pela norma culta da língua”. Sabendo disso e com base em sua leitura dos textos apresentados, assinale a opção que relacione corretamente o texto de Aluísio Azevedo e a reportagem sobre cortiços veiculada no jornal O Estado de S. Paulo. a) O trecho da matéria de jornal (texto II) cita o livro de Aluísio Azevedo como fonte de suas ideias, fazendo, inclusive, uma descrição dos aspectos formais do livro do escritor naturalista. b) O texto de Bruno Paes Manso, apresentado em O Estado de S. Paulo, apesar de pretender passar informações sobre as condições de vida nos cortiços de São Paulo, não atinge seu objetivo, pois usa uma linguagem muito rebuscada. c) Ao falar dos cortiços de São Paulo, por meio de um texto jornalístico, sem citar os cortiços do Rio de Janeiro, o texto II critica o fato de o romance de Aluísio Azevedo falar apenas da vida carioca. d) Apesar de tratarem do mesmo assunto, O cortiço é um texto predominantemente narrativo, já que apresenta narrador, personagens e enredo, enquanto o segundo (texto II) é um texto jornalístico direto e objetivo. e) O texto II, apesar de ter sido veiculado por um jornal, é, assim como O cortiço, um texto narrativo, pois apresenta várias personagens, como Luiz Kohara e Alonso Lopez. Resposta: D Ao se comparar os dois textos apresentados, é possível identificar elementos que ajudam a estruturar, de forma diferente, o texto narrativo de Leia os textos a seguir para responder adequadamente à questão. O cortiço e o texto jornalístico (texto II), apesar de eles tratarem do mesmo assunto. A – O trecho de matéria de jornal não cita O cortiço e não o descreve. B – A linguagem do texto de Bruno Paes Manso é clara e não rebuscada. O seu entendimento, portanto, não fica comprometido. C – Não há, no texto II, elementos que revelem crítica ao romance de Aluísio Azevedo. E – O texto II não é narrativo. (Competência 6 – Habilidade 18) 28. De acordo com a ênfase que se queira dar ao texto, predominam nele diferentes funções de linguagem. Sabendo disso, podemos dizer que no texto II predomina: a) a função fática, pois a todo momento o autor mostra-se preocupado com o canal de comunicação, testando-o. b) a função metalinguística, pois o autor está preocupado em refletir sobre a língua portuguesa. c) a função referencial, pois Bruno Paes preocupa-se em fazer referência a fatos, com o objetivo de transmitir informações. d) a função emotiva, pois o mais importante, no texto, é o retrato das emoções do autor em relação à vida dos moradores do cortiço. e) a função conativa, já que o autor pretende convencer o leitor a apoiar a construção de novos cortiços. Resposta: C Ao analisar a função predominante no texto II, percebe-se que há preocupação em colocar em destaque o referente ou o contexto (função referencial). (Competência 6 – Habilidade 19) Leia o texto a seguir e responda às questões 29 e 30. Fazer nas coxas? Ignácio de Loyola Brandão (...) Percorri o museu que Ângela Gutierrez, obstinada, montou, peça por peça, ao longo das décadas. (...) Caminhei entre velhas ferramentas (...) de carpinteiros, ferreiros, funileiros, ourives, tecelões. Os ofícios se sucedem: transporte, ambulantes, comércio, energias, mineração, fogo, madeira, cerâmica (...). Diante de telhas antiquíssimas, Fátima Dias, que me acompanhava, acentuou com um sorriso: “Aqui você tem a origem da expressão fazer nas coxas!” Como? Fazer nas coxas? “Olhe aí. As telhas primitivas eram moldadas nas coxas dos escravos. Colocava-se o barro sobre a coxa e eram dados os arremates. Claro, as alturas dos homens eram variáveis e as coxas tinham grossuras diversas, então cada telha acabava saindo com um tamanho. Quando colocadas no telhado, resultavam interstícios pelos quais a água penetrava. Daí a expressão fazer nas coxas para algo malfeito.” A língua se faz e refaz no cotidiano. BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Fazer nas coxas? O Estado de S. Paulo, São Paulo, 10 abr. 2009, Caderno 2, p. 10. 29. Assinale a alternativa que melhor analisa o uso da expressão “fazer nas coxas”, de acordo com o texto. a) b) c) d) e) A frase não deveria ser usada hoje, pois perdeu o significado original. A expressão só é usada para explicar a manufatura das telhas do museu. O autor do texto acredita que a língua é estática, não aceitando modificações. Usada hoje com sentido geral, a frase revela peculiaridades da história do Brasil. Somente Angela Gutierrez conhece a origem da expressão “fazer nas coxas”. Resposta: D Pode-se reconher, por meio do texto, a importância do patrimônio linguístico para que a memória nacional seja preservada. No caso, a origem da frase feita “fazer nas coxas” revela um momento histórico do Brasil. A – O texto não afirma que a frase não deveria ser usada hoje. B – A expressão não é usada apenas para explicar a manufatura das telhas do museu. C – O autor acredita que a língua “se faz e refaz no cotidiano”. E – Fátima Dias conhece a origem da expressão. (Competência 6 – Habilidade 20) 30. Ao relatar sua experiência em um museu, por meio do texto veiculado no jornal, Ignácio de Loyola Brandão consegue: a) corromper o jornal, que deveria ser usado apenas para noticiar fatos recentes. b) gerar preconceitos, pois, como afirma, a origem de “fazer nas coxas” é depreciativa. c) divulgar a origem da expressão “fazer nas coxas” de forma mais ampla do que se o fizesse pela TV. d) mostrar seu descaso pela Internet, já que não a usou para divulgar seu texto. e) usar o sistema de informação jornalístico para divulgar a origem da expressão. Resposta: E A divulgação da origem histórica da expressão “fazer nas coxas” revela a função social do sistema de informação jornalístico. A – Jornais não veiculam apenas fatos recentes. B – O autor não gera preconceitos, pois não afirma ser depreciativa a origem da expressão. C – A TV conseguiria divulgar a origem da expressão de forma mais ampla do que o jornal. D – Não sabemos se o texto foi divulgado também por meio da Internet. De qualquer forma, mesmo se isso não tivesse sido feito, isso não demonstraria descaso pela Internet. (Competência 1 – Habilidade 3) Leia os textos a seguir e responda às questão 31 e 32. Texto I Tudo vale a pena Composição: Pedro Luís e Fernanda Abreu Crianças nas praças Praças do morro Morro de amores, Rio Rio da leveza desse povo Carregado de calor e de luta Povo bamba Cai no samba, dança o funk, tem suingue até no jeito de olhar Tem balanço no trejeito, no andar (...) Rio de baixadas com seus vales vale a pena Sua pobreza é quase um mito quando fito os teus contornos (...) Tudo vale a pena Sua alma não é pequena Disponível em: <http://letras.terra.com.br/pedro-luis-e-a-parede-musicas/396202/> Acesso em: 18 jul. 2009 Texto II O charme da Cidade Maravilhosa O Rio de Janeiro atrai, há décadas, turistas de todo o mundo e não perde o status que conquistou de Cidade Maravilhosa. O Pão de Açúcar e o Cristo Redentor, lugares que fazem do Rio um grande polo turístico, dividem atenções com as belas praias e até mesmo com as favelas nos morros, que também são uma atração para os estrangeiros que visitam a cidade. (...) Sua orla é uma das mais conhecidas do mundo, com praias como Copacabana e Ipanema, imortalizadas nas letras das músicas de Vinícius de Morais e Tom Jobim, entre outros amantes do sol carioca. (...) Os morros, tomados pela favela, mostram outra paisagem, que consegue viver harmoniosamente nesse cenário contrastante. Disponível em: <http://www.terra.com.br/turismo/roteiros/2001/10/19/018.htm> Acesso em: 18 jul. 2009 31. Assinale a alternativa que interpreta de forma incorreta um dos textos. a) b) c) d) e) O texto I exalta, entre outras coisas, as belezas da paisagem do Rio de Janeiro. O segundo texto ressalta as atrações da Cidade Maravilhosa. O texto I fala do povo carioca, destacando sua produção musical. O texto I, ao falar da pobreza carioca, mostra como ela atrapalha a cidade. De acordo com o texto II, o Rio continua sendo uma cidade maravilhosa. Resposta: D Ao relacionar os dois textos, percebe-se que ambos exaltam a Cidade Maravilhosa. A pobreza da capital carioca, apresentada como “quase um mito”, de acordo com o texto I, não atrapalha a visão otimista da cidade que a letra apresenta. A alternativa D, portanto, está incorreta. A – A afirmativa está correta, de acordo com o texto. B – A afirmativa está correta, de acordo com o texto. C – A afirmativa está correta, de acordo com o texto. E – A afirmativa está correta, de acordo com o texto. (Competência 7 – Habilidade 22) 32. O texto II está na parte de divulgação de turismo do site do provedor de Internet Terra. Levando isso em consideração, aponte a alternativa correta sobre ele. a) O objetivo do texto é traçar um panorama histórico do turismo no Rio de Janeiro. b) Cada beleza carioca é descrita minuciosamente, com o intuito de informar o viajante. c) Como o texto pretende conquistar o viajante, levando-o ao Rio, exalta as belezas da cidade. d) Querendo ser imparcial, o texto fala de favelas, mostrando que elas atrapalham o turismo. e) A orla marítima não é mencionada, já que não apresenta valor turístico, apesar de ter sido exaltada por músicas famosas. Resposta: C Analisando os procedimentos argumentativos do texto, percebe-se que ele tem como objetivo levar turistas ao Rio de Janeiro, seduzindo-os por meio de suas belezas naturais. A – Apesar de falar da atração exercida nos turistas há décadas pelo Rio de Janeiro, o objetivo do texto é conquistar novos visitantes, e não traçar um panorama histórico do turismo. B – O texto cita belezas cariocas, mas não descreve cada uma em minúcia. D – Ao contrário, por não ser imparcial e tentar convencer turistas a visitar o Rio, o texto mostra as favelas como harmonicamente integradas à paisagem e, inclusive, destacadas como atração turística. E – O trecho “O Pão de Açúcar e o Cristo Redentor, lugares que fazem do Rio um grande polo turístico, dividem atenções com as belas praias” mostra serem as praias uma atração turística. (Competência 7 – Habilidades 23 e 24) Faça uma leitura cuidadosa do texto a seguir e responda às questões 33 a 35. E se todo mundo ficasse cego? Para José Saramago seria o caos. Em seu livro Ensaio sobre a Cegueira, o mundo praticamente acaba enquanto a humanidade vai perdendo a visão. Mas para a ciência as coisas poderiam tomar um caminho diferente. “Há várias tecnologias que ajudariam: bengalas ultrassônicas que podem indicar se há objetos pela frente ou até robôs que atuariam como cães-guia”, diz o especialista em robótica Darwin Caldwell (...). Além disso, precisaríamos de coisas como carros que andam sozinhos e máquinas capazes de substituir médicos em cirurgias. Mas como esses carros- -robôs e outros aparelhos seriam construídos sem ninguém para ver que peça apertar? Fábricas totalmente automatizadas também não estão longe de ser realidade. “Robôs seriam capazes de se autoconstruir”, diz Ken Young, presidente da Associação Britânica de Automação e Robótica. Ou seja: se a cegueira generalizada se espalhasse devagar, daria para a gente remodelar o mundo – mudando tudo para que nada mude. Com algumas adaptações, claro. CINQUEPALMI, João Vito. E se todo mundo ficasse cego? Superinteressante. São Paulo, n. 264, p. 48, abr. 2009. 33. Assinale a alternativa que faz uma interpretação incorreta do texto. a) Saramago, por meio de sua obra, mostra que a forma como a sociedade é organizada poderia mudar drasticamente se perdêssemos a capacidade da visão. b) O autor do texto, ao citar Saramago, especula como a ciência lidaria com o mesmo fato trabalhado pelo escritor em seu romance. c) Ao apresentar alternativas científicas para a cegueira, o autor cita várias tecnologias e, além disso, o uso de animais como guias de cegos. d) Para o autor do texto, se a cegueira fosse se espalhando sem muita rapidez, a humanidade conseguiria se adaptar a ela. e) Um dos desafios da ciência seria conseguir formas tecnológicas que se autoconstruíssem, já que a cegueira impediria os humanos de participarem desse processo. Resposta: C Ao ler o texto, deve-se reconhecer a interferência da obra literária no contexto em que se insere, pois leva um autor de revista científica a refletir sobre fatos levantados por ela. A alternativa C é incorreta, pois o autor não cita animais como guias para conduzir os cegos, mas “robôs que atuariam como cães-guia”. A – Afirmação correta, de acordo com o texto. B – Afirmação correta, de acordo com o texto. D – Afirmação correta, de acordo com o texto. E – Afirmação correta, de acordo com o texto. (Competência 4 – Habilidade 12). 34. A norma-padrão é normalmente usada em textos de revistas e jornais. No entanto, no texto da Superinteressante, a linguagem coloquial também é usada. Assinale a alternativa em que o uso coloquial da linguagem aparece. a) b) c) d) e) “o mundo praticamente acaba”. “precisaríamos de (...) carros que andam sozinhos”. “mudando tudo para que nada mude”. “daria para a gente remodelar o mundo”. “Para José Saramago seria o caos”. Resposta: D Na questão, é necessário reconhecer o uso da norma-padrão da língua em comparação com o seu uso coloquial, possibilitando assinalar a alternativa D, já que a expressão “a gente” é própria do uso informal da língua. (Competência 8 – Habilidade 27) 35. Apesar de poderem coexistir várias funções de linguagem em um mesmo texto, normalmente uma delas é predominante. Sabendo disso, assinale a alternativa correta. a) Apesar de citar um texto literário, em que a função poética normalmente aparece, o texto apresentado tem a predominância da função referencial, já que o autor faz referência a soluções científicas para problemas. b) O texto é metalinguístico, pois faz uma grande reflexão sobre como a linguagem se estrutura. c) Como o autor está envolvido com a questão hipotética de uma cegueira generalizada, podemos afirmar que no texto predomina a função emotiva, em que seus sentimentos são destacados. d) Como o título do texto é uma pergunta, há nele o predomínio da função apelativa, já que é convencido a tomar certar atitudes. e) Percebemos no texto a preocupação em destacar o canal de comunicação entre o autor e o leitor, portanto a função que predomina nesse texto é a fática. Resposta: A Ao analisar a função predominante do texto, percebe-se que o referente é colocado em destaque, já que o autor do texto procura pensar sobre soluções científicas para a cegueira generalizada. Dessa forma, a função que predomina é a referencial. Leia o texto e responda às questão 36 a 38. Quando as deficiências do Ensino Médio são apresentadas à sociedade pelos fracos resultados do ENEM, uma sensação de que há um imenso descompasso entre alunos, professores, governos e pais parece inevitável. São os jovens que estão desinteressados, é o mestre que está desmotivado, é o governo que investe pouco ou são os pais que estão alheios à vida escolar dos filhos? A resposta da equação é uma mistura desses fatores. Mas, para o pedagogo Lino de Macedo (...), o desencontro acontece mesmo entre as instituições de ensino e o aluno no ambiente escolar. “A escola está voltada para o próprio umbigo, não olha para o aluno real, que está na sala de aula, e não tenta compreendê-lo”, explica. Para promover esse encontro – desejado por todos, mas alcançado por poucos –, Macedo, que foi um dos cinco formuladores do ENEM, acredita que aproximar o conteúdo programático do cotidiano do jovem é uma das soluções possíveis. (...) “A educação básica tem de desenvolver competências e habilidades nos alunos. (...) O que sobra da educação básica é o que o sujeito aprendeu como disciplina no sentido de habilidade e competência para fazer o melhor possível em determinada situação, saber tomar decisões. É importante que o jovem saiba demonstrar um teorema, argumentar, ler uma fórmula, fazer um cálculo mais sofisticado, ler e interpretar um texto, trabalhar com escalas, grandezas etc.” TAVARES, Flávia. Escola só olha o próprio umbigo. O Estado de S. Paulo. São Paulo, 10 mai. 2009, Aliás, p. 3. 36. De acordo com as informações veiculadas pelo O Estado de S. Paulo, com base em entrevista feita ao pedagogo Lino Macedo, podemos afirmar que: a) para o pedagogo, o impasse estabelecido entre governo, escola, pais e alunos precisa ser urgentemente resolvido. b) para sanar os problemas revelados por meio de baixos desempenhos no ENEM, é necessário aproximar a realidade do aluno ao conteúdo das disciplinas. c) este acredita que o exame do ENEM solucionará os problemas do Ensino Médio, pois somente o poder governamental deve organizar e definir a educação. d) é preciso deixar de lado o conteúdo das disciplinas e focalizar apenas no raciocínio lógico do aluno, para assim melhorar seu aprendizado. e) competências e habilidades são necessárias no Ensino Médio, mas devem ser colocadas em segundo plano na universidade. Resposta: B Uma leitura atenta do texto revela que deficiências da educação podem ser sanadas na medida em que se aproxima a realidade do aluno ao conteúdo programático. Dessa forma, as reflexões geradas pelo jornal podem ser aplicadas para se solucionar problemas enfrentados por alunos, pais e professores, exercendo função social. A – O pedagogo não afirma que esse impasse deva ser resolvido. Pelo contrário: mostra que, na verdade, o desencontro maior acontece entre as instituições de ensino e o aluno, no próprio ambiente escolar. C – O pedagogo não afirma acreditar no poder do exame do ENEM para organizar e definir os rumos da educação. D – Não foi afirmado que é necessário abandonar o aprendizado do conteúdo das disciplinas. E – O texto não faz essa afirmação. (Competência 1 – Habilidade 3) 37. Apesar de estar concedendo uma entrevista para um jornal renomado, em que normalmente usa-se a norma-padrão da língua, Lino Macedo faz uso de expressão coloquial na frase “A escola está voltada para o próprio umbigo”. Assinale, a seguir, a alternativa que a interpreta corretamente. a) A escola, com o intuito de proteger os alunos, impede--os de entrar em contato com a realidade, muitas vezes danosa. b) As instituições educacionais preocupam-se em transformar alunos em pessoas centradas e compenetradas. c) A maior preocupação das escolas é com os itens curriculares das “ciências humanas”, definidores de seu caráter mais intrínseco. d) A escola não leva em conta o aluno real e o seu cotidiano, focalizando-se apenas em seu próprio conteúdo programático. e) A frase é inadequada. De acordo com o texto, o correto seria afirmar que “a escola não está voltada para o próprio umbigo”. Resposta: D Por meio da questão, é possível reconhecer o uso da língua padrão em contraponto ao uso da expressão de origem coloquial. A alternativa D interpreta adequadamente a frase apresentada. A – A alternativa está incorreta, de acordo com o texto. B – A alternativa está incorreta, de acordo com o texto. C – A alternativa está incorreta, de acordo com o texto. E – A alternativa está incorreta, de acordo com o texto. (Competência 8 – Habilidade 27) 38. Analisando as argumentações do texto, podemos afirmar que ele tem como público-alvo, exceto: a) b) c) d) e) profissionais da educação. profissionais liberais de outros países. alunos. pais. pessoas interessadas no desenvolvimento do Brasil Resposta: B Esse não é o público-alvo do texto. A – Profissionais da educação são um dos públicos-alvo do texto. B – Alunos são um dos públicos-alvo do texto. C – Pais são um dos públicos-alvo do texto. D – Pessoas interessadas no desenvolvimento do Brasil são um dos públicos-alvo do texto. (Competência 7 – Habilidade 23) 39. Observe o quadro de Rubens, do século XVII, em que três deusas são representadas, e responda à questão. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/licao-peso-475584.shtml> Acesso em: 19 jul. 2009. Se compararmos as mulheres da obra de Rubens ao padrão de beleza atual veiculado pela mídia, não podemos afirmar que: a) o quadro expressa padrões estéticos femininos próprios da época em que foi produzido. b) hoje, ao contrário do século XVII, a magreza é cultuada, levando muitas jovens a ter problemas de anorexia. c) a maneira como a tela procura reproduzir fielmente a realidade dita os rumos da arte do Modernismo. d) os conceitos de beleza mudam de acordo com a época. e) procura representar o corpo feminino de forma minuciosa e detalhista. Resposta: C A questão leva a perceber padrões de beleza diversos em épocas diferentes. A alternativa C é incorreta, pois a arte moderna não procura reproduzir fielmente a realidade. A – A alternativa está correta. B – A alternativa está correta. D – A alternativa está correta. E – A alternativa está correta. (Competência 4 – Habilidade 13) 40. Uma das funções da arte é fazer crítica social. Aponte, a seguir, a alternativa que contenha trecho com esse tipo de crítica. a) Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas (...) E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão atrapalhando o tráfego. Chico Buarque b) Haviam de ser, por que possa vê-los, que uns olhos tão belos não se hão de esconder; Luís de Camões c) Você é assim Um sonho pra mim E quando eu não te vejo Eu penso em você Desde o amanhecer Até quando eu me deito... Tribalistas d) As minhas grandes saudades São do que nunca enlacei Ai, como eu tenho saudades Dos sonhos que não sonhei!... Mário de Sá-Carneiro e) Tão cedo passa tudo quanto passa! Morre tão jovem ante os deuses quanto Morre! Tudo é tão pouco! Nada se sabe, tudo se imagina. Circunda-te de rosas, ama, bebe E cala. O mais é nada. Fernando Pessoa Resposta: A A questão envolve reconhecer a função de crítica social presente em manifestações artísticas, como pode ser vista na letra de Chico Buarque, em que se retrata o desrespeito ao ser humano, refém da sociedade. (Competência 4 – Habilidade 12) 41. Que tal darmos uma volta de camelo? Disponível em: <http://www.nea.fe.usp.br/sigepe/informacoes/upload/M3U3%20varia%C3%A7%C3%A3o.gif> Acesso em: 15 jul. 2009. A forma como os falantes de uma mesma língua se expressam para determinadas coisas pode variar de acordo com o grupo social em que formando as gírias. Assim, “camelo”, citado no quadrinho e presente composição de Renato Russo “Se encontraram então no parque da cidade; se referir a se inserem, também na a Mônica de moto e o Eduardo de camelo”, não significa “mamífero ruminante, usado como animal de sela em regiões desérticas”, e sim “bicicleta”. De posse dessas informações assinale a alternativa que não apresenta uso de gíria, como o citado anteriormente. a) b) c) d) e) “Aquela gata só namora jogadores de futebol”. “Gosto muito dessa praia, brother”. “A minha mina já tá chegando”. “Preciso vazar, tá ligado?” “Meu irmão quer ficar com corpo escultural”. Resposta: E Nessa questão, o objetivo é identificar o uso de gírias. Na alternativa “A”, temos o termo “gata”. Em “B”, temos “brother”, usado para referir-se a “amigos”. Em “C”, é apresentado “mina”, que significa “namorada” e, na alternativa “D”, “vazar”, que significa “ir embora”. (Competência 8 – Habilidade 25) 42. Texto I Propagandas Rosely Sayão A publicidade está cada vez mais entranhada no nosso dia a dia. E o pior é que não querem mais nos vender apenas objetos, mas também conceitos e estilos de viver. Como os temas na ordem do dia são saúde e qualidade de vida, eles são explorados por peças publicitárias e anúncios de todo tipo. Alguns deles tentam dar um caráter quase científico às qualidades dos produtos anunciados e, para tanto, usam até mesmo nomes de profissionais. Dessa forma, tomamos conhecimento que o pediatra da personagem do anúncio indica o uso de tal sabonete para o banho de seus filhos, que ginecologistas recomendam outro para a higiene íntima de mulheres, que odontólogos preferem usar determinada marca de pasta dentifrícia e que nutricionistas aconselham certo alimento, por exemplo. Recentemente, li nos jornais uma notícia interessante que tem íntima relação com o assunto de hoje. O Conselho Federal de Medicina, preocupado com o tipo de relacionamento estabelecido pela indústria farmacêutica com os médicos, pretende regulamentar a distribuição de benefícios da primeira aos profissionais da medicina no novo Código de Ética Médica, que está em discussão. Oferecer presentes caros como viagens e inscrições em congressos internacionais, objetos de uso pessoal, refeições e brindes de todos os tipos são algumas das práticas usadas por muitos laboratórios no assédio aos médicos. A intenção é clara: que eles receitem este ou aquele medicamento aos pacientes, que somos nós. Por isso, a discussão é muito bem-vinda! (...) Disponível em: <http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/arch2008-10-16_2008-1031.html>(com adaptações). Acesso em: 15 jul. 2009. Texto II Disponível em: <http://eupodiatamatando.com/?s=bebe+cheio+de+anuncios>. Acesso em: 15 jul. 2009. Considerando que a imagem pode ser pensada como um texto, confronte as informações apresentadas por ela (texto II) e pelo texto Propagandas, de Rosely Sayão (texto I). A partir desse confronto, é correto afirmar: a) Assim como pediatras que, pensando na qualidade de vida dos filhos dos espectadores, indicam sabonetes, a publicidade impressa na pele da criança da imagem está sendo recomendada para seu bem-estar. b) A imagem apresenta exemplo de saúde relativa à infância proporcionada por profissionais que se deixam seduzir pelas ofertas publicitárias da indústria farmacêutica. c) A saúde do ser humano depende do estilo de vida que ele tem, por isso as propagandas com crianças, como a do texto II, tentam convencer o espectador a assumir determinados estilos de vida, que proporcionam tranquilidade e bem-estar. d) A relação entre a imagem e o fragmento “Como os temas na ordem do dia são saúde e qualidade de vida, eles são explorados por peças publicitárias e anúncios de todo tipo.” é coerente, pois a imagem apresenta uma criança bastante saudável e feliz e vários anúncios de produtos para melhorar a saúde. e) Desde o nascimento, o ser humano está envolto pelas propagandas, que tentam determinar inclusive o estilo de vida de cada um, influenciando as pessoas nas escolhas que fazem. Resposta: E Nessa questão, deve ser reconhecido o posicionamento crítico sobre o uso das propagandas na sociedade, a partir de diferentes tipos de texto, ou seja, texto escrito e imagem. Assim, de acordo com o enunciado, a alternativa “E” garante a interpretação crítica de ambos os textos, apresentando a relação entre os dois. (Competência 1 – Habilidade 4) Leia os poemas O poeta da roça, de Patativa do Assaré, e Vício na fala, de Oswald de Andrade, e responda às questões 43 e 44. O poeta da roça Sou fio das mata, canto da mão grossa, Trabáio na roça, de inverno e de estio. A minha chupana é tapada de barro, Só fumo cigarro de paia de mío. Sou poeta das brenha, não faço o papé De argun menestré, ou errante cantô Que veve vagando, com sua viola, Cantando, pachola, à percura de amô. Não tenho sabença, pois nunca estudei, Apenas eu sei o meu nome assiná. Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre, E o fio do pobre não pode estudá. Meu verso rastero, singelo e sem graça, Não entra na praça, no rico salão, Meu verso só entra no campo e na roça Nas pobre paioça, da serra ao sertão.(...) Patativa do Assaré Vício na fala Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados. Oswald de Andrade 43. Marque verdadeiro (V) ou falso (F) nas afirmações que se seguem e assinale a alternativa correspondente. I. É evidente que a fala influencia a escrita do poema O poeta da roça e, com isso, compromete-se a emoção que o leitor poderia sentir ao ler o texto. ( ) II. O último verso do poema de Oswald de Andrade mostra a norma-padrão “telhado”, ressaltando, por meio do contraste com a forma “teiado”, as diferenças entre linguagem culta e linguagem coloquial, sem, no entanto, menosprezar a forma coloquial, que contribui para a construção da identidade do falante. ( ) III. Determinadas variedades linguísticas são manifestações aceitas pela tradição cultural brasileira. Os falantes retratados nos poemas, por exemplo, não deixam de gozar de prestígio social, devido ao seu modo de falar. ( ) a) b) c) d) e) Todas as afirmações são verdadeiras. Somente as afirmações I e II são verdadeiras. Somente as afirmações II e III são verdadeiras. Somente a afirmação I é verdadeira. Somente a afirmação II é verdadeira. Resposta: E Nessa questão, por meio dos poemas, observa-se a relação de variedades linguísticas em diferentes situações de uso social. (Competência 8 – Habilidade 26) 44. A obra de Oswald de Andrade apresenta, de maneira geral, características da primeira fase do Modernismo. Assinale a alternativa que não expõe característica relacionada à obra desse autor. a) b) c) d) e) Nacionalismo ufanista, herdado do Romantismo. Visão crítica da realidade brasileira. Valorização do falar cotidiano, numa busca da “língua brasileira”. Inovação no aspecto formal com pequenos poemas. Análise crítica da sociedade burguesa capitalista. Resposta: A O nacionalismo presente na obra de Oswald de Andrade distancia-se do apresentado no Romantismo, pois esse autor modernista expõe em suas obras uma visão crítica da realidade brasileira. Assim, nessa questão, deve-se reconhecer as funções da arte nos contextos cultural e social. (Competência 4 – Habilidade 12) 45. A seguir, temos duas imagens, sendo que a primeira delas mostra La Pietá (em português Piedade), uma das mais famosas esculturas feitas por Michelangelo. Essa obra representa Jesus morto nos braços da Virgem Maria. De posse dessa informação, observe as imagens que se seguem. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Piet%C3%A0> Acesso em: 8 jul. 2009. Revista Veja, edição de setembro de 2004. Disponível em <http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/080904/imagens/capa380.jpg> Acesso em: 8 jul. 2009. A partir da observação e da análise das imagens apresentadas, é possível afirmar que: a) ao apresentar a imagem da mãe com a filha morta, a capa da revista sugere que o leitor assuma a religião que induziu a criação de La Pietá (1498), de Michelangelo. b) a capa da revista está relacionada a uma memória que remete à intensidade do sofrer e à realidade da perda, visualizada em La Pietá (1498), de Michelangelo. c) não se pode estabelecer relação entre a capa da revista e a escultura, já que a fotografia jornalística é um elemento, primordialmente, informativo. d) a capa da revista é uma cópia fiel da escultura de Michelangelo, diferenciando-se apenas por apresentar aspectos da realidade atual, como os citados na manchete. e) é impossível fazer analogias entre o aspecto religioso, apresentado claramente em La Pietá, e o real, visível na capa da revista. Resposta: B A capa da revista apresenta possibilidades de estabecermos inter-relações com a arte, reconhecendo seu valor. (Competência 4 – Habilidade 14)