I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 ALIMENTOS TRADICIONAIS, MANIFESTAÇÕES CULTURAIS E “SABER FAZER” LOCAL NOS DISTRITOS DE OURO PRETO – MG Henrique Moreira de Castro Prefeitura Municipal de Betim – MG / Secretaria de Governo [email protected] José Antônio Souza de Deus Programa de Pós-Graduação em Geografia Instituto de Geociências / UFMG [email protected] Paulo Henrique Correia da Silva Escola Estadual Custódio Félix- Ribeirão das Neves/ MG [email protected] GT 01 – A Produção de Alimentos Tradicionais em Territórios Rurais e Urbanos Resumo Este artigo objetiva investigar a identidade cultural de distritos de Ouro Preto/ MG, cidade localizada numa região de antiga mineração (Quadrilátero Ferrífero), mas que também se destaca pela diversidade/ singularidade do “saber fazer” local, preservado na extensa área rural do município. Em nossa investigação, o método privilegiado fundamentou-se nas categorias de análise e paradigmas de interpretação da Geografia Cultural, adotando-se como procedimentos metodológicos: pesquisa bibliográfica; inventário toponímico; trabalhos de campo; sistematização/ contextualização dos dados; análise, retrabalhamento e reflexão críticas sobre as informações obtidas na pesquisa. Os reconhecimentos de campo tiveram como meta principal reinterpretar as manifestações culturais, aspectos gastronômicos e alimentos tradicionais locais, procurando-se captar aí uma multiplicidade de sentidos para os temas pesquisados. Palavras – chave: Alimentos Tradicionais, Manifestações Culturais, Cultura Gastronômica, Identidade Cultural e Gastronomia. Introdução Em função da crescente mobilidade e globalização da economia, postulava-se, nas últimas décadas, uma inevitável uniformização planetária (DEUS, BARBOSA, TUBALDINI, 2011). 1 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 Atualmente, contudo, é cada vez mais significativa a influência exercida por fenômenos e processos como o consumo de natureza cultural, os valores, visões de mundo, imaginário e paradigmas. Consequentemente, “dedica-se hoje uma atenção nova à irredutibilidade do fato cultural” (BONNEMAISON, 2002, p. 86). Bertha Becker (1999, p. 32) localiza, no contexto dessas contínuas transformações, hoje em curso, a potencialização das vantagens comparativas dos lugares, isto é, a “valorização das diferenças”. Ainda no âmbito dessas questões / problematizações, Claval (1973, p. 238, tradução nossa), por sua vez sinaliza, com muita propriedade que: quase continuamente tem-se colidido com as questões culturais, ao se descrever o corpo social e sua configuração espacial: elas condicionam a percepção que os indivíduos têm do mundo físico e humano, alimentam os valores que modelam a personalidade e presidem às escolhas, elas dão significação à situação de cada um no corpo social e definem as forças que conferem a cada grupo seu dinamismo. Nesse contexto de intensificação e difusão dos debates sobre a questão cultural na “pósmodernidade” a valorização de produtos locais tradicionais vai colocar em evidência questões tais como a preservação da diversidade e do patrimônio cultural, material e imaterial de localidades e comunidades (CASTRO, DEUS, 2011). O geógrafo Romero R. Barbosa (2008, p. 217) que investigou a cultura gastronômica goiana, assinala que as abordagens da geografia cultural, em particular, permitem “compreender que o aparecimento de novas formas de produzir e de preparar os alimentos, tem respaldos importantes com o lugar da produção e com aquilo que está sendo produzido”. As pequenas produções agro-alimentares de qualidade caracterizam-se, a propósito, por estarem íntima e estreitamente ligadas ao território e por seguirem métodos tradicionais de cultivo que crescentemente lhes conferem um diferencial qualitativo. Tais produtos são, em geral, fruto do trabalho de núcleos familiares, fortemente enraizados em modos de cultivo e produção tradicionais. E vale assinalar, nesta perspectiva, que para a maioria das pessoas, os alimentos não constituem apenas um item de consumo, uma vez que as escolhas alimentares estão fortemente relacionadas ao estilo de vida e a aspectos simbólicos e imateriais. Em nossa investigação, o método privilegiado fundamentou-se nas categorias conceituais de análise e paradigmas de interpretação da Geografia Cultural privilegiando-se na pesquisa 2 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 bibliográfica, autores que têm recentemente pesquisado temas imbricados com o estudo da Memória, visualizada aí como bem imaterial. A pesquisa de campo, mais verticalizada, constituiu um segundo procedimento metodológico adotado e consistiu na coleta de dados por meio de abordagem de segmentos da população local da área-foco de investigação com ênfase na análise das interfaces entre o Rural e o Urbano, tendo se estabelecido neste processo, uma interação/ interlocução com os habitantes dos distritos ouro-pretanos, e sido utilizadas então, técnicas de observação participativa. O reconhecimento de campo teve como meta principal conhecer e visualizar as manifestações culturais, os aspectos gastronômicos e os alimentos tradicionais locais procurando se captar aí uma multiplicidade de sentidos para os conceitos e temas pesquisados. Conversarmos informalmente com as pessoas que se mostravam mais receptivas a este diálogo de modo que a conversa não alterasse o seu cotidiano. Não foram entrevistas formais, mas sim, tomada de breves depoimentos coletados durante a realização das pesquisas de campo. Discutiremos a seguir essas dimensões da realidade, contextualizando-as em Minas Gerais, estado brasileiro para o qual, historicamente, a exploração de depósitos aluvionares de ouro e diamante atraiu milhares de pessoas, provenientes de todas as partes do país, interessadas em ganhar dinheiro aí, com o garimpo. As Atividades Agrícolas em Minas Gerais nos Séculos XVII e XVIII Em Vila Rica, a principal atividade econômica era, como se sabe, a extração do ouro, metal que se encontrava em abundancia no leito dos córregos. O fluxo populacional que se direcionou para a capitania tinha basicamente como objetivo engajar-se no trabalho com a mineração. Dessa forma, a agricultura ficou a princípio relegada a um segundo plano na região das Minas. Não houve uma preocupação inicial com o suprimento alimentar das populações que ali estavam se fixando. Analisando esse período histórico, Adriana Romeiro e Ângela Vianna Botelho (2003, p. 1920), a propósito destacam que: A carestia marcou profundamente os anos iniciais de exploração das minas. A distância entre as lavras e as regiões que produziam alimentos e artigos necessários aos mineradores, somavam-se às péssimas condições de acesso, a precariedade dos meios de transporte, a falta de moedas, que dificultava as 3 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 trocas comerciais, e a multiplicidade de tributos que incidiam sobre as mercadorias importadas pelos mineiros. Quanto mais intensos eram os fluxos de mineradores, mais se evidenciava a escassez de produtos, principalmente os destinados à alimentação. A partir do momento em que os núcleos mineradores se expandiram nas Minas Gerais, mercadorias diversas oriundas de outras capitanias, como a carne de boi, o peixe seco, o milho, o feijão, a farinha e o toucinho começavam, entretanto, a chegar à região. Foram os bandeirantes paulistas que descobriram as riquezas minerais (metais preciosos e gemas). No Rio de Janeiro, situava-se, por sua vez, o porto mais próximo para a saída do ouro e a entrada de mercadorias estrangeiras e escravos vindos da África. Já os fazendeiros da região nordeste traziam para a região das Minas, o gado, e também, produtos agrícolas. No sul do país, os tropeiros gaúchos forneciam carne bovina e mulas para o transporte de utensílios e mercadorias diversas para as Minas. A culinária mineira é o resultado de toda essa mistura de influências de regiões brasileiras diversas (sem nos esquecermos da influência dos imigrantes que ingressariam na região num período histórico subseqüente). E em Minas Gerais, as receitas vindas de diversas partes do Brasil sofreram a seguir, mudanças e adaptações. O consumo de frutas tropicais e alimentos que as sociedades indígenas tradicionalmente coletavam ou cultivavam como a mandioca, o milho, a batata doce e o mel também contribuíram substancialmente para enriquecer e diversificar a dieta dos mineiros. A influência da culinária indígena na sociedade brasileira em geral, e mineira em particular, pode ser evidenciada pelos vocábulos que designam iguarias, hortaliças, temperos, etc. (aipim, amendoim, beiju, macaxeira, mandioca, mingau, mocotó, paçoca, pipoca, pirão, taioba, tapioca, urucum...), ou frutas (abacaxi, araçá, araticum, biribá, buriti, caju, cambuci, goiaba, ingá, jabuticaba, jatobá, jenipapo, juá, maracujá, murici, pitanga, pequi...), derivados, sobretudo do tupi (CUNHA, 1999, TIBIRIÇÁ,1984) e incorporados à língua portuguesa ao longo do processo de colonização, em que ocorreu forte intercâmbio intercultural entre europeus e indígenas (DEUS, NOGUEIRA, FANTINEL, 1998). O mesmo ocorreu com neologismos da língua portuguesa derivados de línguas africanas, sobretudo de origem banto (como o quimbundo) como: andu (feijão-guandu), canjica, farofa, fubá, quiabo e jiló. Esses alimentos de origem africana e indígena constam como ingredientes de vários pratos típicos da cozinha mineira (alguns deles também conhecidos / consumidos 4 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 em outras regiões do Brasil), como o “leitão à pururuca” (BARBOSA, 2008); o frango caipira; o frango com quiabo; o frango ao molho pardo (BARBOSA, 2008); o angu com quiabo; a suã de porco com mandioca; o tutu de feijão com torresmo (BARBOSA, 2008); a moqueca de surubi; a farofa de andu; as farinhas de mandioca e beiju; o mingau de milho verde; a goiabada; o bolo de fubá; o “pé-de-moleque”, a geléia de mocotó; o doce de buriti; a mousse de maracujá; o suco de caju; os licores de jenipapo, jabuticaba, pequi, etc. Como assinala muito pertinentemente Barbosa (2008, p. 211): “negros, índios e brancos proporcionaram uma interação de saberes e sabores na construção de uma identidade culinária”- saberes e sabores esses que constituíram “importantes elementos culturais na caracterização do verdadeiro sentido de brasilidade”. Apesar das distâncias sociais que separavam cada grupo, todos eles “contribuíram substancialmente com métodos culinários herdados de seus antepassados” e trazidos para a colônia pelos seus integrantes (BARBOSA, 2008, p. 211/ 212). Vale ressaltar que as dimensões agroalimentares e agropastoris estão sugestivamente também muito presentes nos topônimos regionais, como poderiam demonstrar / ilustrar vários registros: Araçaí (Rio dos Araçás), Juatuba (Sítio do Juá), Ingaí (Rio do Ingá), Pequi, Pitangui (Rio das Pitangas), Jaboticatubas (Sítio das Jabuticabas), Jatobá, Jenipapo de Minas, Bananal, Arrozal, Santo Antônio do Arrozal, Santo Antônio do Bacalhau, Santo Antônio da Figueira, Santo Antônio do Leite, Santo Antônio do Limoeiro, Assa-Peixe, Pescador, Peixe Cru, Goiabeiras, São José do Goiabal, São José do Mantimento, São José do Buriti, Sant’Ana do Buriti, Buritis, Buritizeiro, Milho Verde, Chácara, São Sebastião da Chácara, São Sebastião do Feijão Cru, Frutal, Manga, Figueira, Barra da Figueira, Barra do Bacalhau, Dores do Marmelada, Ribeirão das Pitangas, Palmital, Limoeiro, Laranjal, Laranjeiras, Divino das Laranjeiras, Pimentas, Pimenteira, Rapadura, Taiobas, Taiobeiras, Mangabeiras, Cafezal, Curral de Dentro, Curralinho, Serra do Curral, Porteirinha, Novilhona, Fazenda Velha, Cerca Grande, Capim Branco, Rancharia, etc. (COSTA, 1997). No período colonial, a carne de porco conservada na banha e refogada no tacho de cobre era uns dos alimentos mais comumente utilizados pelos garimpeiros (os “faiscadores” de ouro), cujo consumo foi posteriormente incorporado aos hábitos alimentares de todos os mineiros. Desde então se desenvolveu ainda uma prática queijeira artesanal em Minas Gerais, que 5 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 atualmente continua, aliás, como salienta a geógrafa Sônia S. Mendonça Menezes (2011, p. 4): “a ser praticada nos moldes tradicionais, transmitida por diversas gerações, transformando-se em uma herança culturalmente difundida na região. Ela exprime sentimentos vividos e valores, conformando uma das mais significativas e importantes manifestações, do ponto de vista econômico e cultural, fortemente enraizadas no universo do cotidiano dos agricultores que configuram os territórios queijeiros”. Outra vertente de análise difundida pelos pesquisadores na literatura científica disponível é que o espaço econômico da Capitania das Gerais nos séculos XVII e XVIII não pode mais ser descrito como uma estrutura exclusivamente organizada em função da extração aurífera e voltada ao mercado europeu (BOTELHO, REIS, 2001). Com base nas Cartas de Sesmarias concedidas aos moradores das Minas os autores destacam que, desde o início (como se observa em inventários e testamentos), eram complexas as relações entre comércio, produção e consumo de gêneros alimentícios, no interior da capitania. Existia então uma dinâmica econômica regional própria baseada em alimentos que faziam parte da dieta diária dos mineiros, produzidos por criadores de animais, lavradores e roceiros que viviam nas proximidades de vilas e arraiais (ROMEIRO, BOTELHO, 2003). E apesar de todos os problemas enfrentados, o abastecimento acontecia – não por serem as autoridades eficientes e capazes de impor a ordem nas Minas –, mas porque os núcleos internos de produção estavam suficientemente organizados e eram bastante próximos do seu mercado para garanti-lo. A política de concessão de sesmarias, empreendida pelas autoridades desde as primeiras décadas do século XVIII, aliás, permitiu significativa oferta dos chamados “frutos da terra”, o que estabilizou o mercado e acabou anulando as possíveis conseqüências das ações dos atravessadores, dos quilombolas e dos demais fatores desestabilizadores da ordem sobre o fluxo de alimentos para as vilas e arraiais mineiros. O abastecimento de gêneros alimentícios nessas vilas e arraiais era considerado uma questão de utilidade pública. E as autoridades ficavam preocupadas com os atravessadores, pois eles interferiam no fluxo de gêneros básicos como a carne (de boi ou de porco), o milho, o sal, o fubá, o azeite de mamona, a farinha de mandioca, o arroz e o feijão. Vale ressaltar que esses gêneros, além de serem utilizados na alimentação, tinham grande importância política, pois caso faltassem, poderia haver motins nas Minas. 6 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 Podemos ressaltar que, a ausência de caminhos e a má conservação daqueles que existiam no interior da capitania, representavam um entrave para o abastecimento de gêneros alimentícios na região. E assim a construção de estradas e caminhos também fazia parte da política administrativa do governo e das Câmaras e, muitas vezes, as autoridades colocaram em evidência a relação entre essa política e o abastecimento. As Raízes da Cultura Tropeira e suas Conexões e Interfaces com a Gastronomia em Minas Gerais De acordo com as pesquisadoras Ângela V. Botelho e Liana M. Reis (2001, p. 310), “tropeiros” era a denominação aplicada a: homens que conduziam tropas de muares, burros e bestas e penetravam no interior do Brasil transportando todo tipo de cargas e mercadorias. O cavalo foi introduzido na Colônia pelos portugueses como meio de locomoção e transporte, sendo também utilizados nas guerras. “Devido ao alto custo e à escassez desse animal, os que mais se adaptaram às ‘picadas” e as trilhas foram o burro e o jumento. Descritos nas obras dos viajantes – Eschwege, Saint Hilaire, Spix e Martius, entre outros -, os tropeiros ocuparam papel de destaque nos séculos XVIII e XIX principalmente em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. O tropeirismo foi atividade de grande importância para a história econômica do Brasil, e em particular, nas regiões de antiga mineração, atividade produtiva que viveu seu apogeu nos séculos XVIII e XIX. Percorrendo caminhos e trilhas que ligavam distantes localidades das regiões sul, sudeste e centro-oeste, a atividade foi responsável pelo desenvolvimento do comércio de mercadorias e de animais de carga numa época em que o sistema de transporte dependia quase que exclusivamente destes cargueiros. De acordo com Antonio Filho (2011, p. 151), a propósito, “o tropeirismo tornou-se uma verdadeira instituição, um modo de vida, com costumes peculiares e regras bem definidas para os diversos tipos de trabalho que envolviam aquela atividade. Tornou-se, enfim, uma autêntica cultura incorporada à sociedade e fundamental para dinamizar sua existência material”. Eram os tropeiros que, no lombo de mulas atravessavam os sertões do hinterland brasileiro, levando cargas e realizando longas viagens a fim de comercializá-las. As mulas eram levadas do Rio Grande do Sul para a feira de Sorocaba, no estado de São Paulo (STRAFORINI, 2001). Santos também era um centro de negócios desses animais de carga, assim como Congonhas do Campo, em Minas Gerais. Os tropeiros, originários da Capitania de São Paulo, 7 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 transportavam alimentos, roupas, escravos, animais, ferramentas, armas e artigos manufaturados para os povoados mineiros, retornando com o ouro. Os tropeiros transportavam tudo no lombo de burros e mulas, e nas paradas dessas comitivas surgiram diversos povoados. Uns se desenvolveram mais do que outros, dando origem a vilas, distritos e mais tarde, municípios. As tropas caminhavam de quatro a cinco léguas diariamente (o que corresponde, aproximadamente a uma distância de trinta a quarenta quilômetros). Nessas paradas, os tropeiros faziam roçados, plantavam milho e mandioca, para que as futuras tropas que por ali passassem pudessem alimentar as pessoas e os animais que as integravam. Em relação à mandioca podemos enfatizar que se tornou o produto mais popular da alimentação brasileira desde o início da colonização. Os bandeirantes, em suas incursões pelas matas, abrindo caminhos e clareiras, deixavam plantações de mandioca para que ao retornarem a determinados lugares, encontrassem alimento para refazer as forças dos integrantes de suas comitivas, desgastadas pelas longas caminhadas, pelo trabalho na garimpagem e pelas lutas contra os índios. Debret e Rugendas além de mencionarem a mandioca com freqüência em seus textos representam-na também em sua iconografia. Um dos desenhos de Rugendas reproduz, por exemplo, o trabalho escravo dentro de uma casa de farinha (DEBRET, 1993, RUGENDAS, 1998 a / b). No século XVIII, com a descoberta de ouro nas Gerais, criadores da Bahia, começaram a levar o seu gado para as minas, seguindo o curso do Rio São Francisco – o rio dos currais -, onde as reses encontravam pastos e depósitos salinos. Nas rotas dos tropeiros, os pontos de pouso e de feiras – vale ressaltar-, serviam para o comércio do gado, como também de produtos agrícolas e manufaturados para continuar a caminhada rumo ao interior. Os pousos e feiras assumiram importância também como centros de fabricação e difusão de tecidos de teares manuais, para abastecer os tropeiros e a própria comunidade. Com a melhoria dos caminhos que ligavam São Paulo às Gerais, as mulas gradativamente foram substituindo os escravos no transporte de cargas e mantimentos para a área mineradora, assim como na descida do ouro para os portos de Santos ou de Parati. Às margens dos novos caminhos surgiam plantações de milho para alimentar os muares, assim como locais de pouso para condutores que muitas vezes traziam de longe, mensagens, cartas e notícias para os moradores. Merece destaque, ainda, então, a criação de suínos cujos subprodutos – toucinho e banha –, eram amplamente consumidos pela população das Minas Gerais (muitas vezes desenvolvida nos quintais urbanos ou rurais). 8 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 A dieta dos tropeiros marcou a culinária do brasileiro nas várias regiões por eles percorridas. Os alimentos empregados no preparo de sua comida tinham que ser duráveis, secos e fáceis de carregar além de proporcionarem energia suficiente para o trabalho. Com sua atividade, aos poucos foram se regionalizando hábitos alimentares que faziam parte do seu dia-a-dia, do seu espaço vivido. Sua dieta baseava-se, em geral, em alimentos não sujeitos à fácil deterioração, como feijão, toucinho, fubá, farinha, café e carne salgada. Quando os pousos se davam próximos a algum lugarejo, se buscava nas vendas, carne e lingüiça, além de outros alimentos, que lhes permitiam uma diversificação de dieta. Em cada localidade, novos produtos eram adquiridos para serem consumidos; e outros, eram aí vendidos. O “feijão tropeiro” se expandiu por todo o caminho percorrido por esses viajantes intrépidos. Seus ingredientes básicos são: feijão, ovos, farinha de milho ou de mandioca, carne seca (de boi ou de porco), ou ainda lingüiça. Porém sabe-se que, dependendo da região, o prato apresenta variantes em relação aos tipos de carnes salgadas, ou mesmo, em relação à(s) forma(s) de preparo da iguaria e ao local onde os tropeiros cozinhavam o feijão. Além da culinária, a atividade do tropeirismo contribuiu para a integração territorial das diversas regiões de Minas e teve grande importância no desenvolvimento econômico da região, no seu povoamento e formação de uma identidade regional. E mesmo com o enfraquecimento do movimento tropeiro, as influencias deixadas por ele podem ser percebidas até os dias atuais em localidades como os distritos e a sede da cidade de Ouro Preto, bem como em outras regiões do estado de Minas Gerais. Os Alimentos Tradicionais e as Paisagens Culturais dos Distritos Ouro-Pretanos Hoje em dia, os produtos alimentares oriundos dos distritos de Ouro Preto – o mais importante centro histórico do estado -, são, como já sinalizamos anteriormente, preparados pelas famílias locais, incluindo-se aí desde o preparo das farinhas de milho e de mandioca, dos doces, das quitandas, atividades vinculadas à agricultura de subsistência e à criação de gado (leiteiro principalmente), além de suínos e aves. A agricultura tem um papel fundamental na manutenção e diversificação das paisagens regionais – é relevante assinalar. Nas áreas mais planas, predomina o cultivo do milho, do feijão e da cana-de-açúcar, entremeado de frutas tropicais, enquanto que as áreas de topografia mais acentuada são ocupadas por pastagens, matas e plantações de árvores exóticas (silvicultura de eucalipto). 9 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 Nos distritos ouro-pretanos são produzidos vários tipos de doces como: o rocambole, a ambrosia, o arroz doce, doces de frutas (abacaxi, coco, abóbora, cidra ralada, bananada, goiabada, marmelada...) e cocadas brancas e pretas. As compotas e geléias de frutas também são produzidas a partir de frutos como o figo, mamão, pêssego e laranja da terra. O doce de leite apresenta peculiaridades regionais e alguns levam pitadas de condimentos. Isso o torna especial em cada distrito. Geralmente, a receita oficial consome litros de leite e açúcar e o doce demora cerca de 6 horas para “ficar no ponto”. O tacho de cobre, a colher de pau e um bom fogão à lenha são indispensáveis para a fabricação dessas “delícias”. Há detalhes secretos envolvidos na sua produção que as doceiras preservam cuidadosamente (VITALINA, CASTRO, 2003). A história de Cachoeira do Campo, Amarantina, Glaura... tem muito pontos em comum com as demais localidades rurais de Ouro Preto. Surgidas no século XVII, como resultantes da ocupação demográfica ao rush do ouro apoiavam-se economicamente no mercado abastecedor e exploratório, com propriedades agrícolas e mineradoras detentoras de mão-deobra escrava. Glaura é um dos distritos mais antigos de Ouro Preto e é tido como um importante lugar de passagem dos bandeirantes. Foi ponto de divisão entre Vila Rica e São João Del Rei, quanto editado o primeiro termo de separação entre as comarcas de Minas Gerais em 1714 (BOTELHO, REIS, 2001). Nos distritos de Glaura e São Bartolomeu, além das atividades agropecuárias tradicionais, podemos nos defrontar coma existência de produtos derivados do desenvolvimento in loco de uma culinária típica (como o pão de queijo, o bolo de fubá, a canjica, biscoitos fritos, couve, angu, carne de porco, doces e outros “quitutes”, como pudemos verificar em incursões de campo que realizamos aí (vinculados a interesses/ propósitos de pesquisa em Geografia Agrária e Geografia Cultural). No distrito de Glaura observamos a produção da farinha de mandioca de modo artesanal em que se distinguem as seguintes etapas: colheita da mandioca, lavagem e descascamento das raízes, ralamento, prensagem, peneiramento e torração (todos eles, processos rústicos e totalmente manuais). Nas casas de farinha, a força de trabalho conta com grande participação feminina. São as mulheres que geralmente cuidam do descascamento da mandioca, da extração do polvilho e da fabricação dos beijus (termo de origem tupi que significa: pão, bolo). A ralação, prensagem e torração, por serem atividades que requerem maior força física, ficam a encargo dos homens. O café da manhã também é destaque nos distritos de Glaura e São Bartolomeu, onde essa refeição é servida com variados bolos, 10 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 biscoitos, doces caseiros (em calda e em barra- de goiaba, marmelo, leite, mamão ralado ou em rodelas, abóbora e cocadas) e geléias de frutas. Segundo Paul Claval (1999, p. 255): “alimentar-se, beber e comer: não há terreno de análise mais fascinante para os geógrafos”. O autor inclusive enfatiza que “as relações ecológicas dos homens com seu ambiente exprimem-se diretamente nos consumos alimentares”. Um tesouro cultural de São Bartolomeu é representado pela tradição secular da produção dos doces. No distrito, algumas pessoas trabalham com horticultura orgânica para a produção de doces que são vendidos em restaurantes de Ouro Preto. Os doces no Brasil, e mais especificamente em Minas Gerais - é relevante assinalar -, constituem uma tradição familiar que advém da época da colonização portuguesa. Antigamente, em São Bartolomeu segundo os habitantes, o doce mais famoso era a marmelada. Todavia, esse doce deixou de ser produzido no local devido a adversidades naturais, passando a ocupar lugar de destaque a partir daí a “goiabada cascão”. Hoje a população do distrito é em sua maioria idosa e, por isso, não pode mais exercer determinadas atividades. Observa-se na localidade a existência de organizações familiares rurais, que visam à produção de doces caseiros, preparados com as frutas e com o leite da região. Segundo os moradores, na década de 1980/90, a produção de doces foi reduzida, devido à competição de similares industrializados no mercado tendência que se reverteu, contudo, com a revalorização atual do produto artesanal. Com o fenômeno do turismo centrado no rural e a procura pelos doces, foi criada aí a “Festa da Goiabada”, promovida pela Associação de Doceiros Agricultores Familiares de São Bartolomeu (ADAF) e Associação de Desenvolvimento Comunitário de São Bartolomeu (ADESCOB) e conta com suporte da Prefeitura (materializado através de ações da Secretaria de Cultura e Turismo). A iniciativa, que já se incorporou ao calendário turístico do município de Ouro Preto, retrata o ciclo da goiaba, desde a colheita (que acontece nos meses de fevereiro, março e abril), até a produção artesanal do doce, que envolve uma parcela significativa da comunidade local. A festa conta com o apoio da Prefeitura e da Secretaria da Cultura e Turismo de Ouro Preto e tem como objetivo celebrar a colheita da goiaba para a produção da tradicional “goiabada cascão”. Além disso, iniciativa tomada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que em 2008, registrou o processo de fabricação do doce de goiaba como patrimônio cultural imaterial do distrito, fomentou o retorno da produção de doces artesanais. O IPHAN forneceu ainda capacitação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) para as doceiras a fim de que essas padronizassem a sua produção e 11 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 pudessem ter melhores condições de competir no mercado. Grande parte dos doces de São Bartolomeu (produzida por mão-de-obra familiar, como já acentuamos), atividade essa que está associada ao “saber fazer” local (CASTRO, DEUS, 2011), pois as receitas do doce de leite e da “goiabada cascão” são passadas de geração em geração e propicia complementação de renda e fixação da família nas áreas rurais e periurbanas. A viabilização dessa atividade tradicional local só foi possível devido à abundância de frutas nesse distrito cultivadas nos extensos terreiros e quintais das residências. O distrito constitui um grande centro comercial no século XVIII e sua rua central era então tomada por estabelecimentos comerciais e depósitos de mercadorias. As fazendas se desenvolveram muito na região e a agricultura era onipresente aí. E até hoje, como alternativa de sustentação econômica, a população se dedica à agricultura e à fabricação de doces. Nos quintais dos moradores locais são montados pequenos fogões a lenha onde o doce é cozido em tachos de cobre. Todas as famílias de São Bartolomeu sabem fazer doces e as que não os vendem, os produzem para consumo próprio. Foi possível perceber nos reconhecimentos de campo que efetuamos que em uma determinada família, a produção de doces artesanais possibilitou a permanência na escola dos estudos de todos os filhos. No meio rural local - vale ressaltar-, como noutros contextos territoriais, o homem desenvolve as funções de agricultor ou de pecuarista, enquanto a mulher absorve as atividades domésticas e mantêm os misteres da fiação, da tecelagem, dos afazeres domésticos, dos bordados, dentre outras. Já no distrito ouro-pretano de Cachoeira do Campo, desde os tempos coloniais, a jabuticabeira compõe a paisagem local, algumas árvores já tendo atingido mais de cem anos de idade e vários metros de altura. Nas estradas que fazem conexão entre Cachoeira do Campo e Ouro Preto, a propósito, em cada canto há alguém vendendo jabuticaba. Essas frutas são transformadas em geléias e licores que são servidos e vendidos em pousadas, hotéis e restaurantes da região. O queijo é destaque nos distritos de Amarantina e de Cachoeira do Campo, assim como a lingüiça. Nas festas tradicionais locais, cada comunidade exalta sua memória histórica, seus valores, suas características e usa modo peculiar de se manifestar e de receber os visitantes. São Bartolomeu, por exemplo, realiza a “Festa da Goiabada Cascão”; Cachoeira do Campo, o “Festival da Jabuticaba”; Amarantina, o “Festival da Cachaça”. Essas manifestações podem 12 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 ter caráter religioso ou profano - e na maioria das vezes se desenvolve nelas uma forte simbiose entre o espaço profano e o sagrado - tal qual os define Rosendahl (2003). A agricultura é a base essencial para o desenvolvimento sustentável das zonas rurais, mas não a única. Nesse espaço, várias outras atividades estão a acontecer e foi possível se perceber que diversos setores da economia capitalista destacam-se nesse território, nos setores primário, secundário e terciário. Assim sendo, é possível se criar alternativas agrícolas e não agrícolas, como o turismo rural, visando se alcançar o desenvolvimento local sustentável. CONSIDERAÇÕES FINAIS As manifestações culturais tradicionais dos distritos de Ouro Preto são transmitidas oralmente ou de forma gestual sendo recriadas coletivamente e modificadas ao longo do tempo. Esta porção intangível da herança cultural da população residente nos distritos se materializa assim, como seu patrimônio cultural imaterial. Mas como assinala Menezes (2011, p. 3) a polêmica que envolve a produção artesanal no Brasil “está intrinsecamente relacionada à preservação de um alimento como identidade, à sua contribuição na reprodução social do agricultor familiar e à controvérsia a respeito da informalidade e dos entraves, isto é, a problemática higiênico-sanitária no processo de produção e da legalização”. Pois um dos maiores problemas que os produtos tradicionais enfrentam no Brasil está relacionado com a questão da industrialização em grande escala e com a noção de qualidade dos alimentos atrelada ao cumprimento de exigências sanitárias rígidas, visualizadas nos meios oficiais como instrumento necessário para se garantir a segurança dos alimentos. E o “saber fazer tradicional” encontra dificuldades em responder a tais exigências legais em termos de estrutura sanitária, e nos aspectos fiscais, entre outros. E assim, em decorrência do modo de produção desses produtos ser considerado inadequado em relação aos critérios presentes na legislação sanitária vigente, muitos produtores vivem sob ameaça de apreensão dos seus produtos e sob risco de terem que pagar elevadas multas. Mas o atual processo de revalorização e revitalização de alimentos tradicionais têm desafiado o sistema agroalimentar moderno, pois a lógica industrial de produção, ao buscar a padronização perde a identidade e subestima ou desconsidera a importância do vínculo dos alimentos com seus locais de origem, sobrepondo-se de forma autoritária, arbitrária e formalista, às práticas de consumo locais diferenciadas. 13 I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012 Como registra Barbosa (2008, p. 214): “entende-se que peculiaridades históricas conferiram um perfil à cozinha e fato de comer, de tal modo, que se constitui como uma marca identitária...” A “Geografia dos Sabores” certamente constitui uma sugestiva linha de pesquisa para as abordagens culturais, etnogeográficas e geohistóricas até porque vale ressaltar que... já se descobriram “novos mundos”... quando, no intuito de se buscar (e se consumir e se comercializar) exóticas e cobiçadas “especiarias”, nas Índias: o cravo, a canela, a pimenta, o gengibre, a noz-moscada..., os navegadores ibéricos se aventuraram por “mares nunca dantes conhecidos” (à época da contraditória experiência histórica das “Grandes Navegações”- saga que marcou indelevelmente a gênese da grande nação que hoje conhecemos como Brasil). 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