I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012
ALIMENTOS TRADICIONAIS, MANIFESTAÇÕES CULTURAIS E “SABER
FAZER” LOCAL NOS DISTRITOS DE OURO PRETO – MG
Henrique Moreira de Castro
Prefeitura Municipal de Betim – MG / Secretaria de Governo
[email protected]
José Antônio Souza de Deus
Programa de Pós-Graduação em Geografia
Instituto de Geociências / UFMG
[email protected]
Paulo Henrique Correia da Silva
Escola Estadual Custódio Félix- Ribeirão das Neves/ MG
[email protected]
GT 01 – A Produção de Alimentos Tradicionais em Territórios Rurais e Urbanos
Resumo
Este artigo objetiva investigar a identidade cultural de distritos de Ouro Preto/ MG, cidade
localizada numa região de antiga mineração (Quadrilátero Ferrífero), mas que também se
destaca pela diversidade/ singularidade do “saber fazer” local, preservado na extensa área
rural do município. Em nossa investigação, o método privilegiado fundamentou-se nas
categorias de análise e paradigmas de interpretação da Geografia Cultural, adotando-se como
procedimentos metodológicos: pesquisa bibliográfica; inventário toponímico; trabalhos de
campo; sistematização/ contextualização dos dados; análise, retrabalhamento e reflexão
críticas sobre as informações obtidas na pesquisa. Os reconhecimentos de campo tiveram
como meta principal reinterpretar as manifestações culturais, aspectos gastronômicos e
alimentos tradicionais locais, procurando-se captar aí uma multiplicidade de sentidos para os
temas pesquisados.
Palavras – chave: Alimentos Tradicionais, Manifestações Culturais, Cultura Gastronômica,
Identidade Cultural e Gastronomia.
Introdução
Em função da crescente mobilidade e globalização da economia, postulava-se, nas últimas
décadas, uma inevitável uniformização planetária (DEUS, BARBOSA, TUBALDINI, 2011).
1
I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012
Atualmente, contudo, é cada vez mais significativa a influência exercida por fenômenos e
processos como o consumo de natureza cultural, os valores, visões de mundo, imaginário e
paradigmas. Consequentemente, “dedica-se hoje uma atenção nova à irredutibilidade do fato
cultural” (BONNEMAISON, 2002, p. 86).
Bertha Becker (1999, p. 32) localiza, no contexto dessas contínuas transformações, hoje em
curso, a potencialização das vantagens comparativas dos lugares, isto é, a “valorização das
diferenças”. Ainda no âmbito dessas questões / problematizações, Claval (1973, p. 238,
tradução nossa), por sua vez sinaliza, com muita propriedade que:
quase continuamente tem-se colidido com as questões culturais, ao se
descrever o corpo social e sua configuração espacial: elas condicionam a
percepção que os indivíduos têm do mundo físico e humano, alimentam os
valores que modelam a personalidade e presidem às escolhas, elas dão
significação à situação de cada um no corpo social e definem as forças que
conferem a cada grupo seu dinamismo.
Nesse contexto de intensificação e difusão dos debates sobre a questão cultural na “pósmodernidade” a valorização de produtos locais tradicionais vai colocar em evidência questões
tais como a preservação da diversidade e do patrimônio cultural, material e imaterial de
localidades e comunidades (CASTRO, DEUS, 2011).
O geógrafo Romero R. Barbosa (2008, p. 217) que investigou a cultura gastronômica goiana,
assinala que as abordagens da geografia cultural, em particular, permitem “compreender que o
aparecimento de novas formas de produzir e de preparar os alimentos, tem respaldos
importantes com o lugar da produção e com aquilo que está sendo produzido”. As pequenas
produções agro-alimentares de qualidade caracterizam-se, a propósito, por estarem íntima e
estreitamente ligadas ao território e por seguirem métodos tradicionais de cultivo que
crescentemente lhes conferem um diferencial qualitativo.
Tais produtos são, em geral, fruto do trabalho de núcleos familiares, fortemente enraizados
em modos de cultivo e produção tradicionais. E vale assinalar, nesta perspectiva, que para a
maioria das pessoas, os alimentos não constituem apenas um item de consumo, uma vez que
as escolhas alimentares estão fortemente relacionadas ao estilo de vida e a aspectos
simbólicos e imateriais.
Em nossa investigação, o método privilegiado fundamentou-se nas categorias conceituais de
análise e paradigmas de interpretação da Geografia Cultural privilegiando-se na pesquisa
2
I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012
bibliográfica, autores que têm recentemente pesquisado temas imbricados com o estudo da
Memória, visualizada aí como bem imaterial.
A pesquisa de campo, mais verticalizada, constituiu um segundo procedimento metodológico
adotado e consistiu na coleta de dados por meio de abordagem de segmentos da população
local da área-foco de investigação com ênfase na análise das interfaces entre o Rural e o
Urbano, tendo se estabelecido neste processo, uma interação/ interlocução com os habitantes
dos distritos ouro-pretanos, e sido utilizadas então, técnicas de observação participativa.
O reconhecimento de campo teve como meta principal conhecer e visualizar as manifestações
culturais, os aspectos gastronômicos e os alimentos tradicionais locais procurando se captar aí
uma multiplicidade de sentidos para os conceitos e temas pesquisados. Conversarmos
informalmente com as pessoas que se mostravam mais receptivas a este diálogo de modo que
a conversa não alterasse o seu cotidiano. Não foram entrevistas formais, mas sim, tomada de
breves depoimentos coletados durante a realização das pesquisas de campo.
Discutiremos a seguir essas dimensões da realidade, contextualizando-as em Minas Gerais,
estado brasileiro para o qual, historicamente, a exploração de depósitos aluvionares de ouro e
diamante atraiu milhares de pessoas, provenientes de todas as partes do país, interessadas em
ganhar dinheiro aí, com o garimpo.
As Atividades Agrícolas em Minas Gerais nos Séculos XVII e XVIII
Em Vila Rica, a principal atividade econômica era, como se sabe, a extração do ouro, metal
que se encontrava em abundancia no leito dos córregos. O fluxo populacional que se
direcionou para a capitania tinha basicamente como objetivo engajar-se no trabalho com a
mineração. Dessa forma, a agricultura ficou a princípio relegada a um segundo plano na
região das Minas. Não houve uma preocupação inicial com o suprimento alimentar das
populações que ali estavam se fixando.
Analisando esse período histórico, Adriana Romeiro e Ângela Vianna Botelho (2003, p. 1920), a propósito destacam que:
A carestia marcou profundamente os anos iniciais de exploração das minas.
A distância entre as lavras e as regiões que produziam alimentos e artigos
necessários aos mineradores, somavam-se às péssimas condições de acesso,
a precariedade dos meios de transporte, a falta de moedas, que dificultava as
3
I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012
trocas comerciais, e a multiplicidade de tributos que incidiam sobre as
mercadorias importadas pelos mineiros. Quanto mais intensos eram os
fluxos de mineradores, mais se evidenciava a escassez de produtos,
principalmente os destinados à alimentação.
A partir do momento em que os núcleos mineradores se expandiram nas Minas Gerais,
mercadorias diversas oriundas de outras capitanias, como a carne de boi, o peixe seco, o
milho, o feijão, a farinha e o toucinho começavam, entretanto, a chegar à região.
Foram os bandeirantes paulistas que descobriram as riquezas minerais (metais preciosos e
gemas). No Rio de Janeiro, situava-se, por sua vez, o porto mais próximo para a saída do ouro
e a entrada de mercadorias estrangeiras e escravos vindos da África. Já os fazendeiros da
região nordeste traziam para a região das Minas, o gado, e também, produtos agrícolas. No sul
do país, os tropeiros gaúchos forneciam carne bovina e mulas para o transporte de utensílios e
mercadorias diversas para as Minas. A culinária mineira é o resultado de toda essa mistura de
influências de regiões brasileiras diversas (sem nos esquecermos da influência dos imigrantes
que ingressariam na região num período histórico subseqüente). E em Minas Gerais, as
receitas vindas de diversas partes do Brasil sofreram a seguir, mudanças e adaptações.
O consumo de frutas tropicais e alimentos que as sociedades indígenas tradicionalmente
coletavam ou cultivavam como a mandioca, o milho, a batata doce e o mel também
contribuíram substancialmente para enriquecer e diversificar a dieta dos mineiros. A
influência da culinária indígena na sociedade brasileira em geral, e mineira em particular,
pode ser evidenciada pelos vocábulos que designam iguarias, hortaliças, temperos, etc.
(aipim, amendoim, beiju, macaxeira, mandioca, mingau, mocotó, paçoca, pipoca, pirão,
taioba, tapioca, urucum...), ou frutas (abacaxi, araçá, araticum, biribá, buriti, caju, cambuci,
goiaba, ingá, jabuticaba, jatobá, jenipapo, juá, maracujá, murici, pitanga, pequi...), derivados,
sobretudo do tupi (CUNHA, 1999, TIBIRIÇÁ,1984) e incorporados à língua portuguesa ao
longo do processo de colonização, em que ocorreu forte intercâmbio intercultural entre
europeus e indígenas (DEUS, NOGUEIRA, FANTINEL, 1998).
O mesmo ocorreu com neologismos da língua portuguesa derivados de línguas africanas,
sobretudo de origem banto (como o quimbundo) como: andu (feijão-guandu), canjica, farofa,
fubá, quiabo e jiló. Esses alimentos de origem africana e indígena constam como ingredientes
de vários pratos típicos da cozinha mineira (alguns deles também conhecidos / consumidos
4
I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012
em outras regiões do Brasil), como o “leitão à pururuca” (BARBOSA, 2008); o frango
caipira; o frango com quiabo; o frango ao molho pardo (BARBOSA, 2008); o angu com
quiabo; a suã de porco com mandioca; o tutu de feijão com torresmo (BARBOSA, 2008); a
moqueca de surubi; a farofa de andu; as farinhas de mandioca e beiju; o mingau de milho
verde; a goiabada; o bolo de fubá; o “pé-de-moleque”, a geléia de mocotó; o doce de buriti; a
mousse de maracujá; o suco de caju; os licores de jenipapo, jabuticaba, pequi, etc.
Como assinala muito pertinentemente Barbosa (2008, p. 211): “negros, índios e brancos
proporcionaram uma interação de saberes e sabores na construção de uma identidade
culinária”- saberes e sabores esses que constituíram “importantes elementos culturais na
caracterização do verdadeiro sentido de brasilidade”. Apesar das distâncias sociais que
separavam cada grupo, todos eles “contribuíram substancialmente com métodos culinários
herdados de seus antepassados” e trazidos para a colônia pelos seus integrantes (BARBOSA,
2008, p. 211/ 212).
Vale ressaltar que as dimensões agroalimentares e agropastoris estão sugestivamente também
muito presentes nos topônimos regionais, como poderiam demonstrar / ilustrar vários
registros: Araçaí (Rio dos Araçás), Juatuba (Sítio do Juá), Ingaí (Rio do Ingá), Pequi, Pitangui
(Rio das Pitangas), Jaboticatubas (Sítio das Jabuticabas), Jatobá, Jenipapo de Minas, Bananal,
Arrozal, Santo Antônio do Arrozal, Santo Antônio do Bacalhau, Santo Antônio da Figueira,
Santo Antônio do Leite, Santo Antônio do Limoeiro, Assa-Peixe, Pescador, Peixe Cru,
Goiabeiras, São José do Goiabal, São José do Mantimento, São José do Buriti, Sant’Ana do
Buriti, Buritis, Buritizeiro, Milho Verde, Chácara, São Sebastião da Chácara, São Sebastião
do Feijão Cru, Frutal, Manga, Figueira, Barra da Figueira, Barra do Bacalhau, Dores do
Marmelada, Ribeirão das Pitangas, Palmital, Limoeiro, Laranjal, Laranjeiras, Divino das
Laranjeiras, Pimentas, Pimenteira, Rapadura, Taiobas, Taiobeiras, Mangabeiras, Cafezal,
Curral de Dentro, Curralinho, Serra do Curral, Porteirinha, Novilhona, Fazenda Velha, Cerca
Grande, Capim Branco, Rancharia, etc. (COSTA, 1997).
No período colonial, a carne de porco conservada na banha e refogada no tacho de cobre era
uns dos alimentos mais comumente utilizados pelos garimpeiros (os “faiscadores” de ouro),
cujo consumo foi posteriormente incorporado aos hábitos alimentares de todos os mineiros.
Desde então se desenvolveu ainda uma prática queijeira artesanal em Minas Gerais, que
5
I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012
atualmente continua, aliás, como salienta a geógrafa Sônia S. Mendonça Menezes (2011, p.
4):
“a ser praticada nos moldes tradicionais, transmitida por diversas gerações,
transformando-se em uma herança culturalmente difundida na região. Ela
exprime sentimentos vividos e valores, conformando uma das mais
significativas e importantes manifestações, do ponto de vista econômico e
cultural, fortemente enraizadas no universo do cotidiano dos agricultores que
configuram os territórios queijeiros”.
Outra vertente de análise difundida pelos pesquisadores na literatura científica disponível é
que o espaço econômico da Capitania das Gerais nos séculos XVII e XVIII não pode mais ser
descrito como uma estrutura exclusivamente organizada em função da extração aurífera e
voltada ao mercado europeu (BOTELHO, REIS, 2001). Com base nas Cartas de Sesmarias
concedidas aos moradores das Minas os autores destacam que, desde o início (como se
observa em inventários e testamentos), eram complexas as relações entre comércio, produção
e consumo de gêneros alimentícios, no interior da capitania.
Existia então uma dinâmica econômica regional própria baseada em alimentos que faziam
parte da dieta diária dos mineiros, produzidos por criadores de animais, lavradores e roceiros
que viviam nas proximidades de vilas e arraiais (ROMEIRO, BOTELHO, 2003). E apesar de
todos os problemas enfrentados, o abastecimento acontecia – não por serem as autoridades
eficientes e capazes de impor a ordem nas Minas –, mas porque os núcleos internos de
produção estavam suficientemente organizados e eram bastante próximos do seu mercado
para garanti-lo. A política de concessão de sesmarias, empreendida pelas autoridades desde as
primeiras décadas do século XVIII, aliás, permitiu significativa oferta dos chamados “frutos
da terra”, o que estabilizou o mercado e acabou anulando as possíveis conseqüências das
ações dos atravessadores, dos quilombolas e dos demais fatores desestabilizadores da ordem
sobre o fluxo de alimentos para as vilas e arraiais mineiros.
O abastecimento de gêneros alimentícios nessas vilas e arraiais era considerado uma questão
de utilidade pública. E as autoridades ficavam preocupadas com os atravessadores, pois eles
interferiam no fluxo de gêneros básicos como a carne (de boi ou de porco), o milho, o sal, o
fubá, o azeite de mamona, a farinha de mandioca, o arroz e o feijão. Vale ressaltar que esses
gêneros, além de serem utilizados na alimentação, tinham grande importância política, pois
caso faltassem, poderia haver motins nas Minas.
6
I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012
Podemos ressaltar que, a ausência de caminhos e a má conservação daqueles que existiam no
interior da capitania, representavam um entrave para o abastecimento de gêneros alimentícios
na região. E assim a construção de estradas e caminhos também fazia parte da política
administrativa do governo e das Câmaras e, muitas vezes, as autoridades colocaram em
evidência a relação entre essa política e o abastecimento.
As Raízes da Cultura Tropeira e suas Conexões e Interfaces com a Gastronomia em
Minas Gerais
De acordo com as pesquisadoras Ângela V. Botelho e Liana M. Reis (2001, p. 310),
“tropeiros” era a denominação aplicada a:
homens que conduziam tropas de muares, burros e bestas e penetravam no
interior do Brasil transportando todo tipo de cargas e mercadorias. O cavalo
foi introduzido na Colônia pelos portugueses como meio de locomoção e
transporte, sendo também utilizados nas guerras. “Devido ao alto custo e à
escassez desse animal, os que mais se adaptaram às ‘picadas” e as trilhas
foram o burro e o jumento. Descritos nas obras dos viajantes – Eschwege,
Saint Hilaire, Spix e Martius, entre outros -, os tropeiros ocuparam papel de
destaque nos séculos XVIII e XIX principalmente em Minas Gerais, São
Paulo e Rio de Janeiro.
O tropeirismo foi atividade de grande importância para a história econômica do Brasil, e em
particular, nas regiões de antiga mineração, atividade produtiva que viveu seu apogeu nos
séculos XVIII e XIX. Percorrendo caminhos e trilhas que ligavam distantes localidades das
regiões sul, sudeste e centro-oeste, a atividade foi responsável pelo desenvolvimento do
comércio de mercadorias e de animais de carga numa época em que o sistema de transporte
dependia quase que exclusivamente destes cargueiros. De acordo com Antonio Filho (2011, p.
151), a propósito, “o tropeirismo tornou-se uma verdadeira instituição, um modo de vida, com
costumes peculiares e regras bem definidas para os diversos tipos de trabalho que envolviam
aquela atividade. Tornou-se, enfim, uma autêntica cultura incorporada à sociedade e
fundamental para dinamizar sua existência material”.
Eram os tropeiros que, no lombo de mulas atravessavam os sertões do hinterland brasileiro,
levando cargas e realizando longas viagens a fim de comercializá-las. As mulas eram levadas
do Rio Grande do Sul para a feira de Sorocaba, no estado de São Paulo (STRAFORINI,
2001). Santos também era um centro de negócios desses animais de carga, assim como
Congonhas do Campo, em Minas Gerais. Os tropeiros, originários da Capitania de São Paulo,
7
I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012
transportavam alimentos, roupas, escravos, animais, ferramentas, armas e artigos
manufaturados para os povoados mineiros, retornando com o ouro.
Os tropeiros
transportavam tudo no lombo de burros e mulas, e nas paradas dessas comitivas surgiram
diversos povoados. Uns se desenvolveram mais do que outros, dando origem a vilas, distritos
e mais tarde, municípios. As tropas caminhavam de quatro a cinco léguas diariamente (o que
corresponde, aproximadamente a uma distância de trinta a quarenta quilômetros). Nessas
paradas, os tropeiros faziam roçados, plantavam milho e mandioca, para que as futuras tropas
que por ali passassem pudessem alimentar as pessoas e os animais que as integravam. Em
relação à mandioca podemos enfatizar que se tornou o produto mais popular da alimentação
brasileira desde o início da colonização. Os bandeirantes, em suas incursões pelas matas,
abrindo caminhos e clareiras, deixavam plantações de mandioca para que ao retornarem a
determinados lugares, encontrassem alimento para refazer as forças dos integrantes de suas
comitivas, desgastadas pelas longas caminhadas, pelo trabalho na garimpagem e pelas lutas
contra os índios. Debret e Rugendas além de mencionarem a mandioca com freqüência em
seus textos representam-na também em sua iconografia. Um dos desenhos de Rugendas
reproduz, por exemplo, o trabalho escravo dentro de uma casa de farinha (DEBRET, 1993,
RUGENDAS, 1998 a / b).
No século XVIII, com a descoberta de ouro nas Gerais, criadores da Bahia, começaram a
levar o seu gado para as minas, seguindo o curso do Rio São Francisco – o rio dos currais -,
onde as reses encontravam pastos e depósitos salinos. Nas rotas dos tropeiros, os pontos de
pouso e de feiras – vale ressaltar-, serviam para o comércio do gado, como também de
produtos agrícolas e manufaturados para continuar a caminhada rumo ao interior. Os pousos e
feiras assumiram importância também como centros de fabricação e difusão de tecidos de
teares manuais, para abastecer os tropeiros e a própria comunidade. Com a melhoria dos
caminhos que ligavam São Paulo às Gerais, as mulas gradativamente foram substituindo os
escravos no transporte de cargas e mantimentos para a área mineradora, assim como na
descida do ouro para os portos de Santos ou de Parati. Às margens dos novos caminhos
surgiam plantações de milho para alimentar os muares, assim como locais de pouso para
condutores que muitas vezes traziam de longe, mensagens, cartas e notícias para os
moradores. Merece destaque, ainda, então, a criação de suínos cujos subprodutos – toucinho e
banha –, eram amplamente consumidos pela população das Minas Gerais (muitas vezes
desenvolvida nos quintais urbanos ou rurais).
8
I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012
A dieta dos tropeiros marcou a culinária do brasileiro nas várias regiões por eles percorridas.
Os alimentos empregados no preparo de sua comida tinham que ser duráveis, secos e fáceis de
carregar além de proporcionarem energia suficiente para o trabalho. Com sua atividade, aos
poucos foram se regionalizando hábitos alimentares que faziam parte do seu dia-a-dia, do seu
espaço vivido. Sua dieta baseava-se, em geral, em alimentos não sujeitos à fácil deterioração,
como feijão, toucinho, fubá, farinha, café e carne salgada. Quando os pousos se davam
próximos a algum lugarejo, se buscava nas vendas, carne e lingüiça, além de outros alimentos,
que lhes permitiam uma diversificação de dieta. Em cada localidade, novos produtos eram
adquiridos para serem consumidos; e outros, eram aí vendidos. O “feijão tropeiro” se
expandiu por todo o caminho percorrido por esses viajantes intrépidos. Seus ingredientes
básicos são: feijão, ovos, farinha de milho ou de mandioca, carne seca (de boi ou de porco),
ou ainda lingüiça. Porém sabe-se que, dependendo da região, o prato apresenta variantes em
relação aos tipos de carnes salgadas, ou mesmo, em relação à(s) forma(s) de preparo da
iguaria e ao local onde os tropeiros cozinhavam o feijão.
Além da culinária, a atividade do tropeirismo contribuiu para a integração territorial das
diversas regiões de Minas e teve grande importância no desenvolvimento econômico da
região, no seu povoamento e formação de uma identidade regional. E mesmo com o
enfraquecimento do movimento tropeiro, as influencias deixadas por ele podem ser
percebidas até os dias atuais em localidades como os distritos e a sede da cidade de Ouro
Preto, bem como em outras regiões do estado de Minas Gerais.
Os Alimentos Tradicionais e as Paisagens Culturais dos Distritos Ouro-Pretanos
Hoje em dia, os produtos alimentares oriundos dos distritos de Ouro Preto – o mais
importante centro histórico do estado -, são, como já sinalizamos anteriormente, preparados
pelas famílias locais, incluindo-se aí desde o preparo das farinhas de milho e de mandioca,
dos doces, das quitandas, atividades vinculadas à agricultura de subsistência e à criação de
gado (leiteiro principalmente), além de suínos e aves.
A agricultura tem um papel fundamental na manutenção e diversificação das paisagens
regionais – é relevante assinalar. Nas áreas mais planas, predomina o cultivo do milho, do
feijão e da cana-de-açúcar, entremeado de frutas tropicais, enquanto que as áreas de
topografia mais acentuada são ocupadas por pastagens, matas e plantações de árvores exóticas
(silvicultura de eucalipto).
9
I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012
Nos distritos ouro-pretanos são produzidos vários tipos de doces como: o rocambole, a
ambrosia, o arroz doce, doces de frutas (abacaxi, coco, abóbora, cidra ralada, bananada,
goiabada, marmelada...) e cocadas brancas e pretas. As compotas e geléias de frutas também
são produzidas a partir de frutos como o figo, mamão, pêssego e laranja da terra. O doce de
leite apresenta peculiaridades regionais e alguns levam pitadas de condimentos. Isso o torna
especial em cada distrito. Geralmente, a receita oficial consome litros de leite e açúcar e o
doce demora cerca de 6 horas para “ficar no ponto”. O tacho de cobre, a colher de pau e um
bom fogão à lenha são indispensáveis para a fabricação dessas “delícias”. Há detalhes
secretos envolvidos na sua produção que as doceiras preservam cuidadosamente (VITALINA,
CASTRO, 2003).
A história de Cachoeira do Campo, Amarantina, Glaura... tem muito pontos em comum com
as demais localidades rurais de Ouro Preto. Surgidas no século XVII, como resultantes da
ocupação demográfica ao rush do ouro apoiavam-se economicamente no mercado
abastecedor e exploratório, com propriedades agrícolas e mineradoras detentoras de mão-deobra escrava. Glaura é um dos distritos mais antigos de Ouro Preto e é tido como um
importante lugar de passagem dos bandeirantes. Foi ponto de divisão entre Vila Rica e São
João Del Rei, quanto editado o primeiro termo de separação entre as comarcas de Minas
Gerais em 1714 (BOTELHO, REIS, 2001).
Nos distritos de Glaura e São Bartolomeu, além das atividades agropecuárias tradicionais,
podemos nos defrontar coma existência de produtos derivados do desenvolvimento in loco de
uma culinária típica (como o pão de queijo, o bolo de fubá, a canjica, biscoitos fritos, couve,
angu, carne de porco, doces e outros “quitutes”, como pudemos verificar em incursões de
campo que realizamos aí (vinculados a interesses/ propósitos de pesquisa em Geografia
Agrária e Geografia Cultural). No distrito de Glaura observamos a produção da farinha de
mandioca de modo artesanal em que se distinguem as seguintes etapas: colheita da mandioca,
lavagem e descascamento das raízes, ralamento, prensagem, peneiramento e torração (todos
eles, processos rústicos e totalmente manuais). Nas casas de farinha, a força de trabalho conta
com grande participação feminina. São as mulheres que geralmente cuidam do descascamento
da mandioca, da extração do polvilho e da fabricação dos beijus (termo de origem tupi que
significa: pão, bolo). A ralação, prensagem e torração, por serem atividades que requerem
maior força física, ficam a encargo dos homens. O café da manhã também é destaque nos
distritos de Glaura e São Bartolomeu, onde essa refeição é servida com variados bolos,
10
I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012
biscoitos, doces caseiros (em calda e em barra- de goiaba, marmelo, leite, mamão ralado ou
em rodelas, abóbora e cocadas) e geléias de frutas.
Segundo Paul Claval (1999, p. 255): “alimentar-se, beber e comer: não há terreno de análise
mais fascinante para os geógrafos”. O autor inclusive enfatiza que “as relações ecológicas dos
homens com seu ambiente exprimem-se diretamente nos consumos alimentares”. Um tesouro
cultural de São Bartolomeu é representado pela tradição secular da produção dos doces. No
distrito, algumas pessoas trabalham com horticultura orgânica para a produção de doces que
são vendidos em restaurantes de Ouro Preto. Os doces no Brasil, e mais especificamente em
Minas Gerais - é relevante assinalar -, constituem uma tradição familiar que advém da época
da colonização portuguesa. Antigamente, em São Bartolomeu segundo os habitantes, o doce
mais famoso era a marmelada. Todavia, esse doce deixou de ser produzido no local devido a
adversidades naturais, passando a ocupar lugar de destaque a partir daí a “goiabada cascão”.
Hoje a população do distrito é em sua maioria idosa e, por isso, não pode mais exercer
determinadas atividades. Observa-se na localidade a existência de organizações familiares
rurais, que visam à produção de doces caseiros, preparados com as frutas e com o leite da
região. Segundo os moradores, na década de 1980/90, a produção de doces foi reduzida,
devido à competição de similares industrializados no mercado tendência que se reverteu,
contudo, com a revalorização atual do produto artesanal. Com o fenômeno do turismo
centrado no rural e a procura pelos doces, foi criada aí a “Festa da Goiabada”, promovida pela
Associação de Doceiros Agricultores Familiares de São Bartolomeu (ADAF) e Associação
de Desenvolvimento Comunitário de São Bartolomeu (ADESCOB) e conta com suporte da
Prefeitura (materializado através de ações da Secretaria de Cultura e Turismo). A iniciativa,
que já se incorporou ao calendário turístico do município de Ouro Preto, retrata o ciclo da
goiaba, desde a colheita (que acontece nos meses de fevereiro, março e abril), até a produção
artesanal do doce, que envolve uma parcela significativa da comunidade local. A festa conta
com o apoio da Prefeitura e da Secretaria da Cultura e Turismo de Ouro Preto e tem como
objetivo celebrar a colheita da goiaba para a produção da tradicional “goiabada cascão”.
Além disso, iniciativa tomada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN), que em 2008, registrou o processo de fabricação do doce de goiaba como
patrimônio cultural imaterial do distrito, fomentou o retorno da produção de doces artesanais.
O IPHAN forneceu ainda capacitação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (SEBRAE) para as doceiras a fim de que essas padronizassem a sua produção e
11
I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012
pudessem ter melhores condições de competir no mercado. Grande parte dos doces de São
Bartolomeu (produzida por mão-de-obra familiar, como já acentuamos), atividade essa que
está associada ao “saber fazer” local (CASTRO, DEUS, 2011), pois as receitas do doce de
leite e da “goiabada cascão” são passadas de geração em geração e propicia complementação
de renda e fixação da família nas áreas rurais e periurbanas. A viabilização dessa atividade
tradicional local só foi possível devido à abundância de frutas nesse distrito cultivadas nos
extensos terreiros e quintais das residências.
O distrito constitui um grande centro comercial no século XVIII e sua rua central era então
tomada por estabelecimentos comerciais e depósitos de mercadorias. As fazendas se
desenvolveram muito na região e a agricultura era onipresente aí. E até hoje, como alternativa
de sustentação econômica, a população se dedica à agricultura e à fabricação de doces. Nos
quintais dos moradores locais são montados pequenos fogões a lenha onde o doce é cozido em
tachos de cobre. Todas as famílias de São Bartolomeu sabem fazer doces e as que não os
vendem, os produzem para consumo próprio. Foi possível perceber nos reconhecimentos de
campo que efetuamos que em uma determinada família, a produção de doces artesanais
possibilitou a permanência na escola dos estudos de todos os filhos. No meio rural local - vale
ressaltar-, como noutros contextos territoriais, o homem desenvolve as funções de agricultor
ou de pecuarista, enquanto a mulher absorve as atividades domésticas e mantêm os misteres
da fiação, da tecelagem, dos afazeres domésticos, dos bordados, dentre outras.
Já no distrito ouro-pretano de Cachoeira do Campo, desde os tempos coloniais, a jabuticabeira
compõe a paisagem local, algumas árvores já tendo atingido mais de cem anos de idade e
vários metros de altura. Nas estradas que fazem conexão entre Cachoeira do Campo e Ouro
Preto, a propósito, em cada canto há alguém vendendo jabuticaba. Essas frutas são
transformadas em geléias e licores que são servidos e vendidos em pousadas, hotéis e
restaurantes da região. O queijo é destaque nos distritos de Amarantina e de Cachoeira do
Campo, assim como a lingüiça.
Nas festas tradicionais locais, cada comunidade exalta sua memória histórica, seus valores,
suas características e usa modo peculiar de se manifestar e de receber os visitantes. São
Bartolomeu, por exemplo, realiza a “Festa da Goiabada Cascão”; Cachoeira do Campo, o
“Festival da Jabuticaba”; Amarantina, o “Festival da Cachaça”. Essas manifestações podem
12
I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012
ter caráter religioso ou profano - e na maioria das vezes se desenvolve nelas uma forte
simbiose entre o espaço profano e o sagrado - tal qual os define Rosendahl (2003).
A agricultura é a base essencial para o desenvolvimento sustentável das zonas rurais, mas não
a única. Nesse espaço, várias outras atividades estão a acontecer e foi possível se perceber que
diversos setores da economia capitalista destacam-se nesse território, nos setores primário,
secundário e terciário. Assim sendo, é possível se criar alternativas agrícolas e não agrícolas,
como o turismo rural, visando se alcançar o desenvolvimento local sustentável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As manifestações culturais tradicionais dos distritos de Ouro Preto são transmitidas oralmente
ou de forma gestual sendo recriadas coletivamente e modificadas ao longo do tempo. Esta
porção intangível da herança cultural da população residente nos distritos se materializa
assim, como seu patrimônio cultural imaterial.
Mas como assinala Menezes (2011, p. 3) a polêmica que envolve a produção artesanal no Brasil
“está intrinsecamente relacionada à preservação de um alimento como identidade, à sua
contribuição na reprodução social do agricultor familiar e à controvérsia a respeito da
informalidade e dos entraves, isto é, a problemática higiênico-sanitária no processo de produção e
da legalização”. Pois um dos maiores problemas que os produtos tradicionais enfrentam no
Brasil está relacionado com a questão da industrialização em grande escala e com a noção de
qualidade dos alimentos atrelada ao cumprimento de exigências sanitárias rígidas,
visualizadas nos meios oficiais como instrumento necessário para se garantir a segurança dos
alimentos. E o “saber fazer tradicional” encontra dificuldades em responder a tais exigências
legais em termos de estrutura sanitária, e nos aspectos fiscais, entre outros. E assim, em
decorrência do modo de produção desses produtos ser considerado inadequado em relação aos
critérios presentes na legislação sanitária vigente, muitos produtores vivem sob ameaça de
apreensão dos seus produtos e sob risco de terem que pagar elevadas multas. Mas o atual
processo de revalorização e revitalização de alimentos tradicionais têm desafiado o sistema
agroalimentar moderno, pois a lógica industrial de produção, ao buscar a padronização perde
a identidade e subestima ou desconsidera a importância do vínculo dos alimentos com seus
locais de origem, sobrepondo-se de forma autoritária, arbitrária e formalista, às práticas de
consumo locais diferenciadas.
13
I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012
Como registra Barbosa (2008, p. 214): “entende-se que peculiaridades históricas conferiram
um perfil à cozinha e fato de comer, de tal modo, que se constitui como uma marca
identitária...” A “Geografia dos Sabores” certamente constitui uma sugestiva linha de
pesquisa para as abordagens culturais, etnogeográficas e geohistóricas até porque vale
ressaltar que... já se descobriram “novos mundos”... quando, no intuito de se buscar (e se
consumir e se comercializar) exóticas e cobiçadas “especiarias”, nas Índias: o cravo, a canela,
a pimenta, o gengibre, a noz-moscada..., os navegadores ibéricos se aventuraram por “mares
nunca dantes conhecidos” (à época da contraditória experiência histórica das “Grandes
Navegações”- saga que marcou indelevelmente a gênese da grande nação que hoje
conhecemos como Brasil).
Referências Bibliográficas
ANTONIO FILHO, Fadel David – O Vale Histórico da Serra da Bocaina (SP) e os
“Caminhos” dos Tropeiros: Considerações Sobre Um Espaço Geográfico “Deprimido”.
Geografia, Rio Claro (SP), v. 36 (no. especial), p. 143-156, set. 2011.
BARBOSA, Romero Ribeiro – Saberes, Sabores e Sentidos: A Gastronomia no Contexto da
Geografia Cultural. In: ALMEIDA, Maria Geralda, CHAVEIRO, Eguimar Felíceo, BRAGA,
Helaine da Costa. Geografia e Cultura: A Vida dos Lugares e os Lugares da Vida. Goiânia:
Editora Vieira, 2008, p. 204-221.
BECKER, Bertha Koiffmann - Os Eixos de Integração e Desenvolvimento e a Amazônia.
Território, Rio de Janeiro, v. 4, n. 6, p. 29-42, jan./jun. 1999.
BONNEMAISON, J. - Viagem Em Torno do Território. In: CORRÊA, Roberto Lobato,
ROSENDAHL, Zeny. Geografia Cultural: Um Século (III). Rio de Janeiro: EdUERJ, 2002,
p. 83-131.
BOTELHO, Angela Vianna; REIS, Liana Maria - Dicionário Histórico do Brasil: Colônia e
Império. Belo Horizonte: Editora do Autor, 2001, 316p.
CASTRO, Henrique Moreira; DEUS, José Antônio Souza - Uma Abordagem Geohistórica e
Etnogeográfica do Barroco Mineiro Aplicada aos Estudos da Paisagem nas Regiões de Antiga
Mineração do Brasil. Ateliê Geográfico, Goiânia, v. 5, n. 3, p. 57-80, dez. 2011.
CLAVAL, Paul - A Geografia Cultural. Florianópolis: UFSC, 1999, 453 p.
____________ - Principes de Géographie Sociale. Paris: Génin Librairies Techniques,
1973, 351p.
COSTA, Joaquim Ribeiro - Toponímia de Minas Gerais Com Estudo Histórico da
14
I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012
Divisão Territorial e Administrativa. 2 ed. Belo Horizonte, BDMG Cultural, 1997, 478 p.
CUNHA, Antônio Geraldo – Dicionário Histórico das Palavras Portuguesas de Origem
Tupi. 5 ed. São Paulo: Companhia Melhoramentos/ Editora UnB, 1999, 397 p.
DEBRET, Jean Baptiste - O Brasil de Debret. Rio de Janeiro: Villa Rica, 1998, 104 p.
DEUS, José Antônio Souza; BARBOSA, Liliane de Deus; TUBALDINI, Maria Aparecida
dos Santos- Realidades Culturais na Organização do Espaço: Lutas Pela Terra e Emergência
de Identidades Coletivas no Contexto da Amazônia Sul-Americana e Brasileira. Geografia,
Rio Claro (SP), v. 36 (no. especial), p. 157-167, set. 2011.
DEUS, José Antônio Souza; NOGUEIRA, Marly; FANTINEL, Lúcia Maria –
Índios e
Quilombolas nas Regiões de Antiga Mineração no Brasil: A Dimensão Geohistórica e a
Percepção do Espaço, Caderno de Ciências Humanas, Belo Horizonte, v. 6, n. 1, p. 68-76,
out. 1998.
MENEZES, Sônia de Souza Mendonça – Queijo Artesanal: Identidade, Prática Cultural e
Estratégia de Reprodução Social em Países da América Latina, Revista Geográfica de
América Central, San José (Costa Rica), Número Especial EGAL, 2º. Semestre 2011, p. 116.
ROMEIRO, Ariana; BOTELHO, Ângela Vianna - Dicionário Histórico das Minas Gerais.
Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2003, 318p.
ROSENDAHL, Zeny - Espaço, Cultura e Religião: Dimensões de Análise. In: CORREA,
Roberto Lobato, ROSENDAHL, Zeny. Introdução à Geografia Cultural. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2003, 187-224p.
RUGENDAS, Johann Moritz - O Brasil de Rugendas. Belo Horizonte: Editora Itatiaia,
1998a, 100 p.
________________________ – Viagem Pitoresca Através do Brasil. Tradução de Sérgio
Milliet. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1998 b, 166 p.
STRAFORINI, R. - No Caminho das Tropas, Sorocaba (SP): Editora TCM, 2001, 130 p.
TIBIRIÇÁ, Luiz Caldas – Dicionário Tupi - Português Com Esboço de Gramática de Tupi
Antigo. São Paulo: Traço Editora, 1984, 200 p.
VITALINA, Rosemary; CASTRO, Henrique Moreira; TUBALDINI, Maria Aparecida dos
Santos - Doces Antunes Preserve and Candy Factory and Small - Scale Milk Producers. In:
THE REGIONAL DIMENSION AND CONTEMPORARY CHALLENGES TO RURAL
SUSTAINABILITY: ALTERNATIVE PATHS TO RURAL SUSTAINABILITY IN MINAS
15
I SEMINÁRIO SOBRE ALIMENTOS E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS TRADICIONAIS
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE – 21 a 23 de maio de 2012
GERAIS, 1, 2003, Belo Horizonte (MG). Anais… Belo Horizonte (MG), IGC / UFMG, 2003,
v. 1, p. 39-44.
16
Download

OS ALIMENTOS TRADICIONAIS, AS MANIFESTAÇÕES