DOIS MOMENTOS NOTÁVEIS NA VIDA DA MATEMÁTICA: O NASCIMENTO E A MAIORIDADE John A. Fossa UFRN [email protected] Resumo Definimos a matemática pela sua metodologia de verificação, a axiomatização, originária da escola pitagórica, provavelmente na época de Platão ou um pouquinho antes. Denominamos outras atividades, que são geralmente vistas como parte da matemática, de atividades proto-matemáticas. A axiomatização visava a investigação do número e da forma até o século XIX, quando George Boole, entre outros, abstraiu do proposto conteúdo da matemática, fazendo dela uma ciência formal. Finalmente, salientamos a importância das atividades proto-matemáticas, bem como a formalização da matemática, para a Educação Matemática. Palavras-chave: História da matemática; Matemática antiga; Matemática do século XIX. Depois de repensar a História da Matemática, cheguei a algumas conclusões um pouco diferentes das que tenho expressado no passado, especialmente em referência à matemática antiga. Gostaria de compartilhar estas novas conclusões com vocês, refletindo sobre elas e as justapondo aos desenvolvimentos da matemática do século XIX, pois, com isto, podemos tirar algumas conclusões importantes sobre o ensino da matemática. O Nascimento Entre os historiadores contemporâneos da matemática, é geralmente aceito que a matemática nasceu com o homem. Há, de fato, vários artefatos pré-históricos – como ossos ou chifres riscados em maneiras que indicam seus usos para a contagem (provavelmente) do tempo – que parecem ser evidências para este ponto de vista. De novo, entre os etnomatemáticos contemporâneos, é geralmente aceito que a matemática tem acompanhado o homem nas suas diversas manifestações culturais, manifestando-se de maneiras diferentes em culturas diferentes. Mais uma vez, há muito que parece ser evidência para esta opinião; Anais do VIII ENEM – Mesa Redonda 2 há, por exemplo, os diversos sistemas de numeração e os diferentes algoritmos usados para fazer as operações aritméticas. Apesar da solidariedade dos referidos grupos de estudiosos e apesar das evidências que eles têm acumulado a favor das suas opiniões, muitos matemáticos rejeitam as mencionadas teorias desses historiadores e, especialmente, desses etnomatemáticos. Geralmente, a rejeição das teses históricas e etnomatemáticas pelos matemáticos é explicada pelo suposto fato, de que os matemáticos são altamente conservadores. Tudo isto dito, parece-me que a posição dos matemáticos não seja um resultado do seu suposto conservadorismo, mas de uma percepção de que as referidas teorias têm pouco a ver com o que eles fazem no dia-a-dia. Por outro lado, os historiadores e etnomatemáticos procuram uma justificativa convincente para os seus estudos – estudos que são obviamente ricos e interessantes, mas teoricamente sem embasamento. Assim, infelizmente, gasta-se muita energia sobre um conflito que é viciado pela falta de uma clara concepção do que seja a própria matemática. Para expor mais claramente a natureza da matemática, faço duas perguntas ingênuas: 1. Quando Mariazinha está fazendo as suas contas na escola, ela está fazendo matemática? 2. Quando um contador está fazendo as suas contas para, digamos, determinar o imposto de renda de um cliente, ele está fazendo matemática? Digo que as perguntas são ingênuas porque escondem uma série de pressupostos que deveriam ser esclarecidos, especialmente sobre certas ambigüidades na frase "fazendo matemática". Mesmo assim, porém, essas perguntas serão úteis. Respondemos da mesma maneira ingênua em que as perguntas foram feitas: Mariazinha "está aprendendo" matemática e o contador "está usando" matemática! Mas, se insistimos se estas atividades contam como "fazendo matemática", a única resposta consistente com a posição dos acima mencionados historiadores e etnomatemáticos é "sim, estão fazendo matemática." Em contraste, a nossa intuição é responder, no primeiro caso, "talvez!" e, no segundo, "não!" Mas, em qualquer caso, ficamos hesitantes e sem segurança nas nossas respostas. Qual a fonte da nossa hesitação? Ou melhor, por que podemos ser levados a pensar que Mariazinha e o contador estão fazendo matemática? Parece-me que a resposta é porque Anais do VIII ENEM – Mesa Redonda 3 eles estão lidando com números e operações numéricas – isto é, conteúdos matemáticos. No entanto, há dois erros embutidos nessa resposta. O primeiro erro é que, pelo menos desde o século XIX, como veremos adiante, a matemática não é vista como sendo "sobre" números. O segundo erro é que não é legitimo definir a matemática pelo seu proposto conteúdo. O mesmo acontece com o conceito de ciência. Defini-la por estipular seus propostos conteúdos ou trivializa o conceito ou o torna estreito demais. Assim, a ciência é definida pela sua metodologia de verificação, nomeadamente, a verificação empírica. Devemos fazer o mesmo em relação ao conceito de matemática, definido-a pela sua metodologia de verificação. De fato, a metodologia de verificação, no caso da matemática, é bastante clara. É o método dedutivo, ou, mais precisamente, o método axiomático. Assim, defino a matemática como sendo as áreas de investigação que validam as suas proposições através do método axiomático. Interessantemente, apesar do fato da matemática ser eventualmente vista, no mundo antigo, como a ciência (num sentido lato) do número e da forma, parece que não houve uma só disciplina identificada como "matemática" até a época dos pitagóricos. Houve, sim, uma multiplicidade de práticas inter-relacionadas, mas, independentes umas das outras: uma ciência que os gregos mais tarde chamariam de "logística", uma geometria largamente ocupada com o cálculo de áreas e volumes de várias figuras, uma ciência de planejamento que Aristóteles chamou de economia doméstica, e assim por diante. São inter-relacionadas pelo fato de que era o conhecimento de número e das operações aritméticas que era necessário para lidar com estas práticas. Mas, foi possível vê-las como uma única disciplina – a matemática – somente quando várias dessas práticas foram transformadas pela adoção do método axiomático. Evidentemente, as práticas que antecederam o surgimento da matemática e que possibilitaram esse surgimento mantiveram relações estritas com a própria matemática e, de fato, eram chamadas – e continuam a ser chamadas – de matemática. No entanto, essas práticas são chamadas de matemática por extensão e não porque se enquadram no próprio significado deste termo. Geralmente, isto não acarreta grandes problemas, mas em algumas ocasiões, como o contexto da presente discussão, gera confusões. Assim, referirei a essas práticas como atividades proto-matemáticas. Anais do VIII ENEM – Mesa Redonda 4 O prefixo "proto" indica o papel que as referidas atividades tinham no desenvolvimento da matemática. Sem elas, certamente teria sido impossível que a matemática surgisse. Agora, no entanto, podemos tentar precisar o "nascimento" da matemática, uma vez que não exigimos precisão demais! Há indícios de que os babilônios tinham algumas noções de dedução, mas até o presente momento não temos informação suficiente para fazer um julgamento mais ajuizado sobre isto. O que sabemos é que a dedução foi desenvolvida na escola pitagórica e o método axiomático fez parte da doutrina da Academia platônica. O próprio Platão parece ter tido uma boa compreensão do método1 e Aristóteles abordou o mesmo bastante detalhadamente nos seus escritos lógicos. Talvez a mais conhecida obra axiomática dos gregos seja Os Elementos de Euclides. No entanto, na época de Euclides, o método já era bem estabelecido como definitivo para a matemática. De fato, noutro lugar2 mostrei como a "álgebra geométrica" dos gregos não foi tanto o resultado da descoberta da incomensurabilidade, mas da necessidade de enquadrar a aritmética num sistema axiomático. É, porém, necessário ter o cuidado de não supor que o prefixo "proto" quer dizer inferior. As atividades proto-matemáticas dos babilônios, de fato, eram muito sofisticadas, pois chegaram, por exemplo, a uma descrição paramétrica que gera todos os triângulos pitagóricos primitivos (e somente eles) e, também, aplicaram suas práticas à administração de um grande império e à astronomia. Como já indicamos, sem toda esta experiência protomatemática, a matemática propriamente dita não poderia ter surgido. É também necessário reconhecer que as atividades proto-matemáticas não desapareceram com o advento da matemática, nem que foram localizadas apenas em algumas culturas. Desta forma, houve – e continua havendo – vários conjuntos, mais ou menos independentes, de atividades proto-matemáticas entre os vários grupos e subgrupos de seres humanos. Assim, defino a etnomatemática como o ramo da História da Matemática que investiga as várias atividades proto-matemáticas.3 Dada a minha definição de matemática, pode parecer estranho que defino a etnomatemática como um ramo da História da Matemática, mas deve estar claro que a História da Matemática precisa levar em conta 1 Ver Erickson e Fossa (no prelo). Ver Fossa (2003). 3 Em contraste, defino a Etnomatemática como o estudo do papel da matemática e/ou das várias etnomatemáticas dentro da sociedade. 2 Anais do VIII ENEM – Mesa Redonda 5 aquelas atividades das quais a matemática emergiu. Ainda mais, as atividades protomatemáticas não somente são importantes porque possibilitaram o nascimento da matemática, mas também têm uma importância contínua na vida quotidiana das pessoas. Assim, a etnomatemática, como um campo de investigação, tem a mais alta importância para a compreensão do homem e a sua cultura.4 A Maioridade Segundo o conceito aristotélico de axiomatização, os axiomas são proposições intuitivamente verdadeiras. Essa atitude perdurou até o século XIX, quando vários acontecimentos levaram os matemáticos a desenvolver uma nova concepção da sua disciplina. Houve, por exemplo, a sempre crescente preocupação com o rigor no estabelecimento dos fundamentos do Cálculo. Isso, culminando na chamada "aritmetização da análise", contribuiu para a visão da matemática como uma "ciência" formal. Além disso, a descoberta das geometrias não-euclideanas mostrou que consistência não é sinônimo de verdade.5 Mais tarde, os paradoxos da Teoria dos Conjuntos vieram a fortalecer a nova atitude. A nova visão da matemática é que os axiomas são pontos de partida arbitrários, dos quais os matemáticos começam a fazer suas deduções. Desta forma, a matemática abstrai da questão da verdade das suas proposições, preocupando-se apenas com a validade das deduções e/ou a adequação dos axiomas para a tarefa específica sob consideração, seja ela teórica ou aplicada. Tem, é verdade, vozes dissidentes, como a de L. E. J. Brouwer, que queria fundamentar a matemática na intuição kantiana, ou, atualmente, Philip Kitcher, que quer fundamentar a matemática no empirismo. No entanto, a visão majoritária parece ser de que a matemática é uma "ciência" formal. Uma outra grande contribuição para o desenvolvimento da nova visão da matemática ocorreu entre alguns algebristas ingleses em meados do século XIX. O conflito sobre "números impossíveis" é sintomático da situação nesta época. "Números impossíveis" 4 De fato, estou atualmente investigando, junto com um colega, a possibilidade da etnomatemática ser caracterizada como o estudo de grafic design, ou seja, da produção de signos permanentes. É esta capacidade que distingue o homo sapiens de outras espécies de homens e que lhe deu uma enorme vantagem seletiva, a ponto de eliminar as outras espécies. Se isso estiver correto, a etnomatemática será a ciência que caracteriza a nossa espécie. 5 Para mais detalhes, ver Fossa (2001). Anais do VIII ENEM – Mesa Redonda 6 foi a designação dada a números negativos e números complexos. A grande maioria dos matemáticos recusou levar esses números a sério. Alguns até usavam os números negativos como ficções convenientes – por exemplo, representando o conceito de débito –, enquanto outros simplesmente os ignoravam ou os taxavam de "sem sentido". Os números complexos eram considerados ainda mais monstruosos, porque não pareciam ter qualquer aplicação ou modelo no mundo físico. Finalmente, o matemático irlandês, William Rowan Hamilton, mostrou como os números complexos podem ser usados para descrever rotações e elaborou a aritmética deles como pares ordenados. Ao mesmo tempo, um pequeno grupo de algebristas ingleses, liderado por George Peacock, conseguiu incorporar os números negativos à álgebra, tornando essa área de pesquisa mais coerente e mais geral. A incorporação dos números impossíveis à álgebra foi parte de um movimento geral que tornava a álgebra sempre mais formal. O passo decisivo, porém, ocorreu com a lógica de George Boole, um contemporâneo, mais moço, de Peacock e Hamilton. Até a época de Boole, a álgebra era vista como uma maneira conveniente de resumir as propriedades aritméticas dos números naturais (ou dos racionais positivos). Boole, porém, desenvolveu um formalismo em que algumas das regras aritméticas comuns não são satisfeitas. Ainda mais, deu explicitamente pelo menos duas interpretações completamente distintas para esse formalismo. Assim, foi com o trabalho de Boole que a matemática chegou a sua maioridade, pois, como ele reconheceu, a matemática não podia ser mais vista como sendo "sobre" número e forma. Desta maneira, a partir do Boole,6 a matemática passa a ser vista como sendo completamente abstrata e de natureza formal, envolvendo questões de verdade e falsidade somente em suas aplicações. Lições para a Didática da Matemática A investigação dos dois momentos notáveis na vida da matemática, o seu nascimento e a sua maioridade, nos permitiu esboçar uma boa concepção do que seja a matemática. Podemos agora extrapolar destes dados estritamente históricos para considerar o que eles nos dizem sobre a pedagogia da matemática. 6 Para mais informação sobre George Boole e a sua mulher, Mary Everest Boole, ver dos Anjos, Costa e Fossa (2001), dos Anjos e Fossa (2002) e Sousa e Fossa (2004). Anais do VIII ENEM – Mesa Redonda 7 Em primeiro lugar, vimos que historicamente foi importante, por assim dizer, criar uma massa crítica de conhecimentos na forma de atividades proto-matemáticas, antes que a matemática pudesse emergir. Acredito que o mesmo fenômeno acontece na aprendizagem da matemática. Da mesma forma que o domínio do conceito de número e das operações aritméticas era a chave para que certas classes restritas da Antigüidade pudessam lidar com as atividades proto-matemáticas, número e operações aritméticas são fundamentais para todos os nossos alunos, porque sem essas habilidades a verdadeira matemática não poderá emergir no seu pensamento. Assim, é absolutamente necessário que o aluno tenha uma compreensão sólida do nosso sistema de numeração e que interiorize as tabuadas referentes às operações básicas, a ponto de poder reproduzi-las imediatamente e sem hesitação. Em conseqüência, devemos rejeitar as teorias educacionais que alegam que não importa qual seja o conteúdo das aulas de matemática. Importa, sim! Em segundo lugar, uma olhada rápida às várias etnomatemáticas revela que as atividades proto-matemáticas são quase sempre voltadas para a resolução de algum problema prático da vida quotidiana. Este tipo de atividade é, de fato, essencial para o desenvolvimento de um espírito capaz de fazer a matemática e gostar da matemática. Assim, enquanto é provavelmente mais prudente utilizar atividades estruturadas como a espinha dorsal da didática da matemática do ensino fundamental – pois esses tipos de atividades promove a compreensão mencionada no parágrafo anterior –, na medida em que o aluno crescer, estas atividades devem ser substituídas por atividades de resolução de problemas. Em terceiro lugar, devemos lembrar que a nossa meta é chegar à matemática, ou seja, aos sistemas axiomatizados. A maioria dos educadores da matemática parecem ter esquecido este ponto fundamental. Para ao menos um deles, porém, esta meta é muito clara. Referimos a Zoltan P. Dienes7. Dienes sempre argumentou que o aluno deveria eventualmente chegar à axiomatização, embora a viagem, começando com atividades estruturadas e material concreto, seja bastante comprida. É fácil esquecer desta meta devido à distinção entre o contexto de descoberta e o contexto de justificação, o que afirma que o contexto de descoberta não é axiomático.8 Muitos educadores parecem pensar que a 7 Para mais sobre Dienes, ver Fossa (2002) e Fossa 2003). Esta, a formulação tradicional da posição, é forte demais, pois, às vezes o contexto de descoberta é, de fato, axiomático. 8 Anais do VIII ENEM – Mesa Redonda 8 mencionada distinção implica que a axiomatização é meramente uma maneira conveniente de organizar e apresentar os resultados matemáticos. Isso, porém, é completamente falso. O método axiomático, como já vimos, é a metodologia de validação de proposições matemáticas e, portanto, é essencial à matemática. Todos os nossos alunos deveriam, pelo menos, apreciar como sistemas axiomáticos funcionam. Finalmente, lembramos que Boole deu duas interpretações distintas a um só sistema formal e que isto mostra a nova visão da matemática. Esse procedimento é implícito no ensino usando atividades estruturadas, pois, nesta metodologia de ensino, várias atividades que instanciam uma só estrutura matemática são usadas para que o aluno possa abstrair das atividades para a estrutura. O mesmo processo pode ser incorporado na metodologia de ensino que usa atividades de resolução de problemas. A mesma estrutura matemática pode ser utilizada para resolver problemas em contextos bastante diferentes. Isso pode ser feito sem o uso explícito da axiomatização. O que deveria ser explícito, porém, é que a mesma estrutura está sendo usada para resolver problemas distintos. De fato, isso deveria ser temático em todo o ensino da matemática, dos primeiros dias na escola básica até o ensino superior. Essa temática não somente ressalta a natureza abstrata e estrutural da matemática, mas também ajuda o aluno a desenvolver habilidades importantes. Conclusão Em resumo, vimos que a matemática provavelmente nasceu entre os primeiros pitagóricos e é essencialmente axiomática. Também vimos que há um grupo de atividades muito importantes, tanto no passado quanto atualmente, que batizamos de atividades protomatemáticas. A reflexão sobre a relação entre a matemática e as atividades protomatemáticas, e, especialmente, a reflexão sobre a re-conceitualização desta relação feita no século XIX, nos leva a uma compreensão do que seja a matemática e isto, por sua vez, nos leva a algumas conseqüências para o ensino da matemática. Estas conseqüências não são inteiramente novas, mas são importantes na construção de uma pedagogia eficaz da matemática.9 9 Agradeço à colega, Profa. Isabel Cristina Rodrigues de Lucena, pela sua ajuda na correção do português do presente trabalho. Anais do VIII ENEM – Mesa Redonda 9 Referências Bibliográficas DOS ANJOS, Marta Figueredo, Janaina Alves COSTA e John A. FOSSA. "Boole e as Leis do Pensamento". In: John A. FOSSA (Ed.). Anais do IV Seminário Nacional de História da Matemática. Rio Claro: SBHMat,: 2001. DOS ANJOS, Marta Figueredo e John A. FOSSA. "O Método de Boole". In: Luiz M. CARVALHO e Luiz C. GUIMARÃES (Orgs.). História e Tecnologia no Ensino de Matemática. Vol. 1. CD-ROM. Rio de Janeiro: IME-UERJ, 2002. ERICKSON, Glenn W. e John A. FOSSA. A Linha Dividida: Uma Abordagem Matemática à Filosofia Platônica. Rio de Janeiro: Relume Dumará, (no prelo). FOSSA, John A. "Mary Boole: Duas Analogias sobre a Natureza da Matemática". In: Luiz Mariano CARVALHO e Carlos A. de MOURA (Eds.). Anais do Segundo Colóquio de História e Tecnologia no Ensino de Matemática. CD-ROM. Rio de Janeiro: IME-UERJ, 2004. ______. "A História da Teoria dos Números de Pitágoras a Fermat." In: Marcos V. TEIXEIRA e Sergio R. NOBRE (Eds.). Anais do V SNHM. Rio Claro: SBMat, 2003a. ______. "On the Ancestry of Z. P. Dienes's Theory of Mathematics Education". Revista Brasileira de História da Matemática. 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Novos e revolucionários caminhos: soluções e novas perspectivas Sergio Nobre∗ O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise sobre o desenvolvimento histórico de alguns problemas da matemática, cujas soluções foram perseguidas durante anos, e até séculos, com base na experiência acumulada a partir da resolução de outros problemas, mas que, porém não se chegou a resultados que foram aceitos pela comunidade científica. O século XIX é o período onde muitos destes problemas obtiveram uma compreensão teórica mais aprimorada, e alguns resultados alcançados serviram como base para a ciência moderna. No âmbito educacional, esta apresentação tem como objetivo evidenciar que a construção teórica da Matemática teve seu desenvolvimento tanto por caminhos tradicionais, onde foram seguidas idéias que brilharam no passado e que também serviram (e ainda servem) para resolver problemas que surgiram em tempos mais avançados, como também foi necessário o abandono dos caminhos tradicionais para serem trilhados novos e revolucionários caminhos, os quais possibilitaram a criação de uma nova mentalidade científica. Para o Professor de Matemática, que, muitas vezes, segue os manuais tradicionais onde o conteúdo científico é apresentado de forma "pronta e acabada", o conhecimento sobre a existência de tropeços históricos para o desenvolvimento de determinados assuntos pode vir a tornar-se um estímulo em seu caminhar educacional. ∗ Professor do Departamento de Matemática da UNESP - campus de Rio Claro.