Eis aqui um grande poeta . Muitos gostariam de fazer suas as suas palavras, ter vivido do mesmo jeito que ele viveu, mas estará sempre fraseando , seus poemas e sonetos, lindos e imortais, que foram feitos na hora certa para a pessoa certa no momento não mais do que certo, pois você meu caro poeta foi um grande curtidor neste mundo de meu Deus. O sujeito que mais soube amar na vida. viveu muitos amores, carioca da gema, poeta essencialmente lírico que notabilizou-se pela poesia com característica própria associada ao seu nome, autor de mais de 400 poesias e cerca de 400 letras de musicas, homem da noite, de muitos amigos e muitos amores, poeta e diplomata, também conhecido com grande conquistador (foi casado nove vezes) transcendental, materialista, boêmio CLIQUE AQUI inveterado, apaixonado por multidões de mulheres, fumante e grande bebedor de Whisky, alias autor de celebres frases como: “O whisky é o melhor amigo do homem é o cachorro engarrafado. As feias que me perdoem mas a beleza e fundamental. A vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro pela vida”. Lembro-me bem de sua passagem aqui pela Bahia por volta dos anos 1973/74 quando esteve casado com a atriz baiana Gesse Gessy, que sem duvida foi uma das maiores paixão de sua vida, foi a Gesse, que aproximou o poeta do candomblé apresentando-o à mãe menininha do Gantois. VINICIUS ANTOLOGIA POÉTICA Solidão A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro. O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre. 11ª eDIÇÃO CLIQUE AQUI Soneto de Separação De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama De repente não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente Fez-se do amigo próximo, distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente CLIQUE AQUI AMIGOS Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. CLIQUE AQUI AMIGOS “ Eu poderia suportar, embora não sem dor, Que tivessem morrido todos os meus amores, Mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida... Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não. Declare e não os procure sempre...” CLIQUE AQUI A UMA MULHER Quando a madrugada entrou, eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito. Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias. E a angustia do regresso morava já nos teus olhos. Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino. Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne. Quis beijar-te num vago carinho agradecido. Mas quando meus lábios tocaram teus lábios, Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo. E que era preciso fugir para não perder o único instante, Em que fostes realmente a ausência de sofrimento Em que realmente foste a serenidade CLIQUE AQUI SONETO DE DEVOÇÃO Essa mulher que se arremesa, fria E lúbrica aos meus braços, e nos seios Me arrebata e me beija e balbucia Versos, votos de amor e nomes feios. Essa mulher, flor de melancolia Que se ri dos meus pálidos receios A única entre todas a quem dei os carinhos que nunca a outra daria. Essa mulher que a cada amor proclama A miséria e a grandeza de quem ama E guarda a marca dos meus dentes nela Essa mulher é um mundo ! - uma cadela. Talvez … - mas na moldura de uma cama Nunca mulher nenhuma foi tão bela. CLIQUE AQUI Poética De manhã escureço De dia tardo De tarde anoiteço Outros que contem Passo por passo: Eu morro ontem De noite ardo A oeste a morte Nasço amanhã Contra quem vivo Ando onde há espaço Do sul cativo - Meu tempo é quando. O este é meu norte CLIQUE AQUI AGONIA No teu grande corpo branco depois eu fiquei. Tinha os olhos lívidos e tive medo. Já não havia sombra em ti – eras como um grande deserto de areia E teus seios eram dunas desfeitas pelo vendaval que passara. Eu estremecia agonizando e procurava me erguer Mas teu ventre era como areia movediça para os meus dedos. Procurei ficar imóvel e orar, mas fui me afogando em ti mesma. Onde eu houvesse tombado após uma longa caminhada sem noites. Desaparecendo no teu ser disperso que se contraía como a voragem. Na minha angústia eu buscava a paisagem calma Depois foi o sono, escuro, a morte. Quando despertei era claro e eu tinha brotado novamente. Vinha cheio do pavor de tuas entranhas. Que me havia dado tanto tempo Mas tudo era estéril e monstruoso e sem vida CLIQUE AQUI SONETO À LUA E tão fatal para os meus versos duros ? Por que tens, por que tens olhos escuros. E mãos lânguidas, loucas, e sem fim. Fugaz, com que direito tensme presa Quem és, que és tu, não eu, e estás em mim. Impuro, como o bem que está nos puros ? E não és Tatiana e nem Teresa: Que paixão fez-te os lábios tão maduros. Num rosto como o teu criança assim. Quem te criou tão boa para o ruim. A alma, que por ti soluça nua E és tão pouco a mulher que anda na rua. Vagabunda, patética e indefesa Ó minha branca e pequenina lua ! CLIQUE AQUI Soneto do Amor Total Amo-te tanto, meu amor … não cante O humano coração com mais verdade … Amo-te como amigo e como amante. Numa sempre diversa realidade. Dentro da eternidade e a cada instante Amo-te como um bicho, simplesmente, De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço e permanente. Amo-te afim, de um calmo amor prestante. E de te amar assim muito e amiúde, Eu te amo além, presente na saudade. É que um dia em teu corpo de repente Amo-te emfim, com grande liberdade Hei de morrer de amar mais do que pude. CLIQUE AQUI SONETO DE FIDELIDADE E rir meu riso e derramar meu pranto. De tudo, ao meu amor serei atento. Ao seu pesar ou seu contentamento. Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto. E assim, quando mais tarde me procure. Que mesmo em face do maior encanto. Quem sabe a morte, angústia de quem vive. Dele se encante mais meu pensamento. Quem sabe a solidão, fim de quem ama. Quero vivê-lo em cada vão momento. Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama. E em seu louvor hei de espalhar meu canto. Mas que seja infinito enquanto dure. CLIQUE AQUI MARCUS VINICIUS DE MELLO MORAES Nasceu a 19 de outubro de 1913, no bairro da Gávea, Rio de Janeiro, filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes e Lydia Cruz de Moraes. Fez o curso primário na Escola Afrânio Peixoto, na Rua da Matriz. Curso secundário no Colégio Santo Ignácio. Em 1930 ingressou na Faculdade de Direito do Catete 1938 com dois livros publicados, recebeu do British Council uma bolsa de estudos de dois anos para estudar Literatura Inglesa em Oxford. Em 1939 foi obrigado a abandonar o curso e voltar ao Brasil, devido à eclosão da guerra. CLIQUE AQUI Em 1943, é aprovado no concurso para o Itamarati. Designado em 1946 para servir no Consulado do Brasil em Los Angeles, lá permanecendo por cinco anos. Serviu também em Paris (duas vezes) e Montevidéu. Foi cronista e crítico de cinema, foi delegado do Brasil nos festivais internacionais de cinema de Cannes, Berlim, Locarno, Veneza e Punta del Leste e, em 1966, membro do Júri Internacional de Cannes. Escreveu seu primeiro poema aos 7 anos. É de 1953 o seu primeiro samba – música e letra – intitulado QUANDO TU PASSAS POR MIM. No ano seguinte lança uma peça musical – ORFEU DA CONCEIÇÃO – recebendo o primeiro prêmio no concurso de teatro do IV Centenário do Estado de São Paulo, foi encenada no Teatro Municipal com música de Antônio Carlos Jobim.. Iniciava-se aí a parceria que, pouco depois, com contribuição do cantor e violonista João Gilberto, daria início à Bossa Nova. O drama ORFEU DA CONCEIÇÃO, foi transposto para o cinema por Marcel Camus, em 1959 e recebeu nesse ano a Palma de Ouro no Festival de Cannes e o Oscar da Academia de Hollywood, como o melhor filme estrangeiro. Teve várias parcerias musicais, a saber: Carlos Lyra, Edu Lobo, Pixinguinha, Baden Powell, Ary Barroso, Francis Hime e Toquinho, entre outros. Casou-se várias vezes e teve cinco filhos. Faleceu no Rio de Janeiro, a 09 de julho de 1980. CLIQUE AQUI Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor. Para viver um grande amor, mistério é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa ! é prá quem quer - não tem nenhum valor. Para viver um grande amor, primeiro, é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro - seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada - para viver um grande amor. Para viver um grande amor direito , não basta apenas ser um bom sujeito; é preciso também ter muito peito - peito de remador. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, - para o seu grande amor ? É sempre necessário ter em vista um crédito de rosas no florista - muito mais, muito mais que na modista ! -- para viver um grande amor. Conta ponto saber fazer coisinhas : ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, filés com fritas, comidinhas para depois do amor. Para viver um grande amor é muito, muito importante, viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto - pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente - e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia - não ser um ganhador. Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a grande amada para viver um grande amor. Fiquem com Deus !!! Boas Férias... Receita escrita e dita pelo grande poeta de Ipanema Vinicius de Moraes