O BANCÁRIO Edição Diária 4989 | Salvador, terça-feira, 18.10.2011 Filiado à Presidente Euclides Fagundes Neves CAMPANHA SALARIAL Paralisação de 21 dias apresentou o maior nível de adesão da história recente dos bancários Greve acaba, menos no BNB Depois de 21 dias de paralisação, que apresentou o maior nível de adesão da história recente da categoria, os bancários da rede privada, da Caixa e do Banco do Brasil voltam ao trabalho hoje. A decisão foi tomada durante assembleia-geral realizada ontem à noite, com o Ginásio de Esporte superlotado. Os bancários aceitaram a proposta da Fenaban de 9% de reajus- te, o que inclui 1,5% de aumento real. Apenas os funcionários do Banco do Nordeste decidiram pela continuidade da greve. Consideraram a proposta da empresa rebaixada. Páginas 2 e 3 Fotos Manoel Porto A assembleia de ontem lotou o Ginásio de Esporte, onde os bancários da rede privada, da Caixa e do Banco do Brasil votaram, em massa, pela volta hoje ao trabalho, depois de 21 dias de paralisação nacional Bancos pagam menos imposto de renda do que a pessoa física Página 4 Foram 711 agências fechadas no último dia de paralisação na Bahia Página 2 www.b an car i os b ah i a.org .b r CAMPANHA SALARIAL Os dados são de ontem e se referem ao Estado da Bahia No último dia da greve 711 agências fechadas No 21º dia de greve, ontem, 711 agências foram fechadas na Bahia. Em Salvador, 237 unidades amanheceram com as portas fechadas. Das agências privadas sem funcionamento na capital baiana, 50 são do Bradesco, 45 do Itaú, 25 do Santander, nove do HSBC, três do Citibank, duas do Safra e uma do Mercantil do Brasil. Entre os bancos públicos, o Banco do Brasil responde por 60 das paralisações, a Caixa por 39 e BNB por três. Nas cidades do interior, a adesão também é ampla. No total são 474 agências fechadas. Destaque para os bancos públicos. No Banco do Brasil, 256 unidades estão sem atendimento, na Caixa são 61 e no BNB, 38. Entre as privadas, 63 são do Bradesco, 28 do Itaú, 15 do Santander e nove do HSBC. Se contabilizados os dados da base da Federação dos Bancários da Bahia, chega a 860 o número de unidades com as portas trancadas durante a greve. (AB) Manoel Porto Os empregados do BB, que paralisaram 256 unidades na Bahia, voltam ao trabalho Enquete para saber as queixas contra bancos A população não está nada satisfeita com os serviços prestados pelos bancos. Tanto que as empresas estão, há muito tempo, entre as primeiras no ranking de reclamações do Procon. A situação é tão grave que basta entrar em uma agência para ouvir as queixas. Forte aliado dos consumidores, o Sindicato da Bahia, vem denunciando constantemente as práticas abusivas. Seja pela taxa de juros alta ou cobranças indevidas, seja pelo descumprimento da lei dos O BANCÁRIO Fundado em 30 de outubro de 1939. Edição diária desde 1º de dezembro de 1989 2 O Bancário Fundado em 4 de fevereiro de 1933 15 minutos. Tudo é motivo de reclamação. Para ampliar ainda mais a luta, o site da entidade quer saber: Qual é a sua principal reclamação em relação aos bancos? Entre as opções, cobrança indevida, desrespeito à lei dos 15 minutos, juros altos, agências com poucos funcionários e quebra de contrato. Para votar é fácil. Basta acessar www. bancariosbahia.org.br e clicar em uma das opções. A enquete fica disponível até o dia 31 de outubro. Parabéns a todos vocês que fazem a Diretoria do Sindicato. Já trabalhei aí e os considero verdadeiramente de luta”. Quero parabenizar a atuação brilhante do sindicalista Bacelar pela brilhante atuação pacífica na área da Calçada, onde nunca houve na história de greve uma adesão tão forte e consciente. Parabéns ao Sindicato e em particular ao companheiro Bacelar”. Colegas Sindicalistas. Venho apenas parabenizá-los pelo maior empenho do todos na greve de 2011. Para mim ficou visível a cota extra de determinação e garra desde os primeiros dias da greve de cada um dos componentes do sindicato. Como exemplo, o maior número de cartazes na porta das agências e a quantidade de agências fechadas, principalmente, dos bancos da rede privada. 100% Itaú, 100% Santander, 100% Bradesco. Poderia continuar dando vários exemplos. Mas, está bom. O importante é que neste ano eu fiquei realmente feliz, satisfeito com o meu sindicato. Mesmo que o resultado não seja o almejado, farei novamente minha sindicalização que cancelei há dois anos por decepções anteriores com o resultado de outras greves. Hoje só tenho a agradecer muito! E pedir, que é hora de recrudescer, não desistir, manter a firmeza e coragem para não aceitar qualquer proposta e manter a greve!” Os bancos no Brasil estão sadios, sólidos e sempre lucrativos, mas não querem distribuir renda, que deveria também ser de interesse do governo. A sociedade sempre é chamada para socorrer os banqueiros. E agora? Os bancários não são escravos. Não querem só alimentos, querem um mínimo de dignidade. É pecado querer o fruto de seu trabalho?” O índice da Fenaban é baixo, mas temos de seguir o restante do país para termos os nossos dias descontados. Quero também parabenizar os sindicatos país e os trabalhadores pela greve”. Informativo do Sindicato dos Bancários da Bahia. Editado e publicado sob a responsabilidade da diretoria da entidade - Presidente: Euclides Fagundes Neves. Diretor de Imprensa e Comunicação: Adelmo Andrade. Endereço: Avenida Sete de Setembro, 1.001, Mercês, Centro, Salvador-Bahia. CEP: 40.060-000 - Fone: (71) 3329-2333 - Fax: 3329-2309 - www.bancariosbahia.org.br - [email protected] Jornalista responsável: Rogaciano Medeiros - Reg. MTE 879 DRT-BA. Repórteres: Maiana Brito - Reg. MTE 2.829 DRT-BA, Renata Andrade e Rose Lima. Estagiários em jornalismo: Adriana Roque, Ana Beatriz Leal e Vinícius Brandão. Projeto gráfico: Danilo Lima. Diagramação: Tiago Lima. Impressão: Muttigraf. Tiragem: 10 mil exemplares. Os textos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. www.bancariosbahia.org.br • Salvador, terça-feira, 18.10.2011 CAMPANHA SALARIAL Categoria volta ao trabalho hoje, depois de 21 dias de paralisação que fechou mais de 9 mil agências Greve acaba nos privados, BB e Caixa A greve dos bancários terminou. Graças à força da categoria, que em 21 dias fechou mais de 9 mil agências em todo o país, a Fenaban melhorou a proposta. O índice de reajuste, de 9%, embora longe do ideal, representa avanços. Inicialmente, os bancos queriam pagar 7,8%, ou seja, a reposição da inflação. O piso salarial de R$ 1,4 mil também é outra importante conquista. No início dos debates, a Fenaban não aceitava nem discutir o assunto. A Participação nos Lucros e Resultados também será maior, com o aumento da parcela fixa básica para R$ 1,4 mil (reajuste de 27,2%) e do teto da parcela adicional de R$ 2,8 mil (reajuste de 16,7%). As melhorias só vieram porque os bancários mostraram união e fizeram da greve a maior dos últimos anos. Na Bahia, a adesão dos trabalhadores foi surpreendente. No primeiro dia de paralisação, em 27 de setembro, os baianos fecharam 346 unidades bancárias. Aos poucos, os funcionários foram aderindo ao movimento e, no quarto dia de paralisação, o Estado contava com 605 agências fechadas. Nem mesmo o assédio moral e as ameaças de demissão foram capazes de impedir a participação da categoria. Do interior chegavam, a todo o momento, mensagens de apoio e informações sobre a paralisação nos municípios. Eram bancários que faziam questão de engrossar a luta contra a enrolação da Fenaban e por uma proposta decente. Agora, é hora de voltar ao trabalho. Mas, a luta contra os abusos dos bancos continua e deve ser diária. Manoel Porto Em assembleia concorrida, realizada ontem, no Ginásio de Esporte, os bancários decidiram pela volta ao trabalho, mas prometem manter a luta diária contra os abusos dos bancos União que faz a diferença no movimento bancário Assim como em anos anteriores, a participação dos bancários na campanha salarial foi fundamental para alcançar a vitória na campanha salarial. Até mesmo nos dias de greve a categoria mostrou combatividade para superar os abusos dos bancos, que tentavam, a todo o custo, acabar com o movimento legítimo dos trabalhadores. O resultado não podia ser melhor. Mais de 42 mil trabalhadores no país cruzaram os braços em prol de um reajuste decente. Em Salvador, a participação também foi intensa. Para se ter ideia, o movimento conseguiu fechar todas as Paralisação só continua no BNB agências do Santander. No Itaú, praticamente todas foram fechadas. Os funcionários dos bancos públicos têm tradição em fazer greve e mais uma vez mostraram unidade durante o movimento. Em Salvador, todas as agências do Banco do Brasil, Caixa e BNB ficaram sem prestar atendimento. As tentativas das empresas de impedir a paralisação foram todas por água abaixo. Isso porque as denuncias chegavam a todo instante e eram rapidamente apuradas pelos diretores do Sindicato da Bahia, de plantão nos comitês de esclarecimento. Por considerar a proposta do Banco do Nordeste fraca, rebaixada e sem avanços, os funcionários da base do Sindicato da Bahia decidiram continuar com a greve. A lista de pendências da instituição é grande e, pelo jeito, sem previsão de solução, entre as quais isonomia, Plano de Cargos e Remuneração digno, dignidade previdenciária, reposição das perdas, fim das terceirizações e convocação dos concursados, entre outras. Os trabalhadores estão cansados de não terem as reivindicações atendidas. “A greve continua até que a gente arranque uma proposta digna, coerente com a realidade do banco. Todo ano é essa falta de respeito”, diz o diretor do Sindicato Geraldo Galindo. O Bancário Salvador, terça-feira, 18.10.2011 • www.bancariosbahia.org.br 3 ECONOMIA A classe média pagou percentual de 9,9% de arrecadação federal Brasileiro gasta mais com imposto do que os bancos Os trabalhadores pagam mais impostos do que os banqueiros. É o que revela estudo realizado pelo Sindfisco (Sindicato Nacional de Auditores-Fiscais da Receita Federal). A classe média pagou percentual de 9,9% da arrecadação federal apenas com o recolhimento do Imposto de Renda de um ano. Os bancos desembolsaram menos da metade, ou seja, 4,1%. A pesquisa analisou a arrecadação de impostos federais entre setembro do ano passado a agosto deste ano. O total arrecadado por pessoas físicas chegou a R$ 87,6 bilhões em Imposto de Renda, já inclusos os valores retidos na fonte como rendimentos do trabalho. No mesmo período, os bancos pagaram somente R$ 36,3 bilhões de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), contribuição para o PIS/Pasep, Cofins e Imposto de Renda. Trabalho doméstico Debater sobre os progressos obtidos na Convenção da OIT (Organização Internacional do Trabalho) sobre o Trabalho Decente para os Trabalhadores Domésticos é o principal motivo da reunião que ocorre hoje na Câmara Federal. A iniciativa é dos deputados federais Daniel Almeida (PCdoB-BA) e Manuela D’Ávila (PCdoB-RS). De acordo com a OIT, 53 milhões de pessoas são trabalhadores domésticos no mundo. O número ainda pode chegar a 100 milhões, já que muitos não possuem registros. Segundo a Organização, 83% são mulheres e imigrantes. No Brasil, existem cerca de 7,2 milhões de empregados domésticos. Destes, somente 15% têm carteira assinada. Outubro Rosa em Salvador A cidade de Salvador, desde o início do mês, está rodeada por iluminações na cor rosa em monumentos, prédios, pontos turísticos, praças e hospitais. O motivo é a campanha mundialmente conhecida como Outubro Rosa. O nome remete à cor que simboliza a luta contra o câncer de mama. Várias empresas mundiais apóiam o evento, o que garante o crescimento e adesão à campanha internacional, que ocorre desde 2002. Em Salvador, facilmente percebe-se a adesão ao Outubro Rosa com a iluminação nesta cor no Elevador Lacerda, Farol da Barra, Hospital Santo Amaro e nas esculturas Meninas do Brasil, de Eliana Kertesz, popularmente conhecidas na cidade como “Gordinhas da Ondina”. O projeto integra a luta de combate ao câncer de mama PRÊMIO MORTAL O caso do tenente Alexnaldo Santana Souza, responsável pela desastrada e violenta operação que terminou na morte do menino Joel Conceição Castro, de apenas 10 anos, em novembro de 2010, e que até a semana passada era subcomandante da BCS (Base Comunitária de Segurança) do Nordeste de Amaralina, mesmo palco da tragédia, reafirma o espírito de corpo, que beira a irresponsabilidade, dentro da Polícia Militar. O oficial só deixou o cargo por força de denúncia da mídia. Quer dizer, um PM acusado de assassinato é premiado com cargo de comando. Por isso há tantos casos de violência e crimes envolvendo policiais e ex-policiais. É a certeza da impunidade. TRAVESSIA JUDICIAL O caos no sistema Ferry Boat, que inferniza a vida de milhares de pessoas na ligação entre Salvador e a Ilha de Itaparica, não passa de invenção dos usuários e da mídia na opinião da juíza da 7ª Vara da Fazenda Pública. Lisberte Maria Teixeira determinou a drástica redução das multas aplicadas este ano pela Agerba à TWB, empresa que explora a travessia, e que chega a R$ 1 milhão. A juíza, com certeza, não freqüenta a ilha ou então viaja de barco próprio. Por essas e outras que o Judiciário é um poder cujo descrédito perante a sociedade é cada vez maior. TRISTE JUDICIÁRIO A decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que ainda este mês promete colocar em execução os julgamentos através da internet, por mensagem eletrônica, continua a gerar muitos protestos nos meios jurídicos e acadêmicos. O Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) promete recorrer ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para impedir a novidade. Alega que o procedimento atenta contra o Estado democrático de direito e fere a Constituição nacional, a qual estabelece que todos os julgamentos devem ser públicos. Realmente, é um absurdo inconcebível. SÓ PARA TURISTA Amanhã, a Prefeitura de Salvador faz uma apresentação em São Paulo para vender o Carnaval ao mercado publicitário e o trade turístico paulistas. Nada de mais em tentar buscar financiamento externo para a folia. Acontece, no entanto, que cada vez mais a festa é voltada única e exclusivamente para os foliões de fora, principalmente paulistas, cariocas, mineiros, gaúchos e brasilienses. Tem mais, todo dinheiro que entra vai para o bolso de empresários espertalhões e associados. Não é em vão que pesquisa feita ano passado mostrou que cerca de 60% dos moradores de Salvador não brincam mais o Carnaval da cidade. 4 O Bancário www.bancariosbahia.org.br • Salvador, terça-feira, 18.10.2011