Edição número 2042 sexta-feira, 11 de maio de 2012
Fechamento: 08h55
Veículos Pesquisados:
Clipping CUT é um trabalho diário de captação de notícias realizado pela equipe da
Secretaria Nacional de Comunicação da CUT. Críticas e sugestões com
Leonardo Severo ([email protected])
Isaías Dalle ([email protected])
Paula Brandão ([email protected])
Luiz Carvalho ([email protected])
William Pedreira ([email protected])
Secretária de Comunicação: Rosane Bertotti ([email protected])
Estadão.com
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Governo anuncia integrantes da Comissão da Verdade
Cerimônia de posse, em 16 de maio, terá a presença dos ex-presidentes Sarney,
Collor, FHC e Lula
Tânia Monteiro e Rafael Moraes Moura (Política)
A presidente Dilma Rousseff escolheu os sete integrantes da Comissão da Verdade.
São eles: José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça, Gilson Dipp, ministro Superior
Tribunal de Justiça, Rosa Maria Cardoso da Costa, ex-advogada da presidente
Dilma, Cláudio Fonteles, diplomata e ex-secretário de Direitos Humanos do
Ministério da Justiça Paulo Sérgio Pinheiro, a psicanalista Maria Rita Kehl e o
advogado e jurista José Paulo Cavalcanti Filho.
A posse está marcada para o dia 16 de maio e os ex-presidentes José Sarney,
Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva participarão
da cerimônia. O porta-voz do Planalto, Thomas Traumann, informou que os
convites foram feitos todos na tarde desta quinta-feira, pessoalmente, "Todos os
ex-presidentes já confirmaram suas presenças em uma demonstração de que esta
comissão não é de governo, é de Estado", afirmou o porta-voz.
A Comissão da Verdade gerou uma grande polêmica desde quando foi anunciada
por causa de questionamentos da área militar. Em todas as manifestações os
militares da reserva, principalmente do Exército, afirmar que a comissão será
revanchista e tentará reescrever a história à sua maneira. Mas o governo rebate
esta tese e insiste que a comissão será de Estado e agirá com imparcialidade. Em
seu discurso, quando sancionou a lei, a presidente Dilma afirmou que a Comissão
da Verdade consolida o processo democrático e salientou que "o silêncio e o
esquecimento são sempre uma grande ameaça. Não podemos deixar que no Brasil
a verdade se corrompa com o silêncio".
Dilma acrescentou ainda que "a verdade interessa muito às novas gerações que
tiveram a oportunidade de nascer e viver sob regime democrático. Interessa,
sobretudo, aos jovens que hoje têm o direito à liberdade e devem saber que essa
liberdade é preciosa e que, muitos, por ela lutaram e pereceram. As gerações
brasileiras se encontram hoje em torno da verdade. O Brasil inteiro se encontra,
enfim, consigo mesmo sem revanchismo, mas sem a cumplicidade do silêncio",
concluiu.
Entre os objetivos da comissão estão "esclarecer os fatos e as circunstâncias dos
casos de graves violações de direitos humanos" entre 1946 e 1988 e "promover o
esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos
forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria, ainda que ocorridos no exterior". A
partir da sua instalação, a comissão terá um prazo de dois anos para conclui os
trabalhos. Não está estabelecido como será o rito de funcionamento da comissão.
Cada integrante da comissão receberá um salário mensal de R$ 11.179,36.
A lei prevê que a comissão requisite documentos de órgãos públicos, convoque para
entrevistas "pessoas que possam guardar qualquer relação com os fatos e
circunstâncias examinados", promova audiências públicas e peça proteção para
indivíduos que eventualmente se encontrem "em situação de ameaça" por conta da
colaboração com a comissão.
A legislação ainda estabelece que as atividades não terão "caráter jurisdicional ou
persecutório" e que "é dever dos servidores públicos e dos militares colaborar" com
a comissão. A legislação ainda estabelece que as atividades não terão "caráter
jurisdicional ou persecutório" e que "é dever dos servidores públicos e dos militares
colaborar" com a comissão. Está prevista ainda que a comissão poder firmar
parcerias com instituições de ensino superior e organismos internacionais.
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Dilma dá caráter técnico à Comissão da Verdade
Ex-advogada da presidente durante regime militar; ex-procurador e ex-ministro
estão entre os 7 nomes escolhidos; posse será 4.ª-feira
Tânia Monteiro e Rafael Moraes Moura (Política)
A presidente Dilma Rousseff concluiu ontem a escolha dos sete nomes que
comporão a Comissão da Verdade. O anúncio foi feito no início da noite pelo portavoz da Presidência, Thomas Traumann. Os escolhidos são José Carlos Dias, Gilson
Dipp, Rosa Maria Cardoso da Cunha, Cláudio Fonteles, Paulo Sérgio Pinheiro, Maria
Rita Kehl e José Paulo Cavalcanti Filho.
De acordo com o porta-voz, os nomes devem ser publicados hoje no Diário Oficial
da União. A posse está prevista para quarta-feira, em cerimônia que deve contar
com as presenças dos ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor, Fernando
Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. "Todos já confirmaram presença,
numa demonstração de que essa comissão não é de governo, é de Estado", disse
Traumann.
A Comissão da Verdade, destinada a esclarecer casos de violações de direitos
humanos ocorridas entre 1946 e 1988, foi criada em novembro. Para começar a
funcionar, depende da nomeação dos integrantes, que dois anos para realizar o
trabalho e apresentar um relatório.
Remunerados. Não está estabelecido como será o rito de funcionamento da
comissão. Cada integrante receberá um salário mensal de R$ 11.179,36. Desde a
sanção da lei, a escolha dos nomes foi cercada de cuidados por parte do governo.
Na área militar, há grupos resistentes à própria criação da Comissão da Verdade,
temendo "revanchismo" e vendo no trabalho uma tática para rever a Lei da Anistia,
aprovada em 1979.
Organizações ligadas aos direitos humanos, por sua vez, fazem pressão para que o
trabalho do colegiado revele nomes de integrantes da ditadura militar que
praticaram tortura. Em seu discurso, ao sancionar a lei, a presidente afirmou que a
Comissão da Verdade consolida o processo democrático e salientou que "o silêncio
e o esquecimento são sempre uma grande ameaça".
"Não podemos deixar que no Brasil a verdade se corrompa com o silêncio", disse
Dilma. "A verdade interessa muito, às novas gerações, que tiveram a oportunidade
de nascer e viver sob regime democrático. Interessa, sobretudo, aos jovens que
hoje têm o direito à liberdade e devem saber que essa liberdade é preciosa e que
muitos por ela lutaram e pereceram."
Um dos escolhidos para a comissão, o ex-procurador-geral da República Claudio
Fonteles, disse ao Estado que o grupo "busca a reconstituição da história, sem
nenhum tipo de revanchismo ou perseguição", até porque "existe a Lei da Anistia,
que está em vigor e foi endossada recentemente pelo Supremo Tribunal Federal",
disse. "Existe uma lei que reconhece que o Estado brasileiro violou os direitos
humanos e é aí que vamos reconstituir a história, aproveitando já o trabalho da
comissão de mortos e desaparecidos políticos do Ministério da Justiça", concluiu o
ex-procurador-geral.
Favorito. Entre os sete nomes escolhidos por Dilma, o de Paulo Sérgio Pinheiro
surge como favorito para presidir o colegiado, pois o sociólogo tem bom trânsito
tanto entre petistas como tucanos, já atuou em colegiados semelhantes em outros
países e sua indicação era dada como certa desde a sanção da lei.
Ainda não está definido, porém, se a comissão terá um presidente e se ele será
mesmo escolhido por Dilma. Na avaliação de assessores da Presidência, seria
melhor, nos momentos de ataque aos trabalhos do grupo, se fosse tratado como
um colegiado.
A advogada Rosa Maria da Cunha foi a defensora de Dilma e de seu ex-marido,
Carlos Araújo, quando os dois foram presos pela ditadura militar, nos anos 1970.
Outro advogado que defendeu opositores do regime militar é o ex-ministro José
Carlos Dias.
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Tática nacional leva PT a intervir em candidaturas
Daiene Cardoso (Política)
Em reunião da Executiva Nacional, o PT anunciou nesta quarta que a escolha dos
candidatos à prefeitura das cidades com mais de 200 mil habitantes e polos
econômicos regionais terá de ser homologada pela direção nacional do partido. A
resolução aprovada será submetida à votação na reunião do Diretório Nacional no
próximo dia 18, em Porto Alegre (RS). O objetivo, segundo o presidente nacional
da legenda, deputado estadual Rui Falcão (SP), é evitar a intervenção direta da
cúpula petista nos diretórios regionais.
"(A resolução) é justamente para que, se você tiver de fazer cumprir o regimento e
a tática nacional, não ter de provocar a intervenção", explicou o dirigente. De
acordo com Falcão, uma intervenção direta nos diretórios onde a escolha for
contrária à orientação nacional causaria "confusão do ponto de vista político e
organizativo".
A resolução da Executiva Nacional atinge diretamente cidades como Mossoró (RN) e
Duque de Caxias (RJ), onde o PT quer obrigar seus líderes locais a desistir de
candidaturas próprias para apoiar o PSB. O acordo serviria como moeda de troca
para que os socialistas apoiem Fernando Haddad (PT) em São Paulo. "Nós
avocamos para a direção nacional tanto Mossoró quanto Duque de Caxias", avisou
Falcão. "No momento devido podemos eventualmente formalizar uma coligação
com o PSB", emendou.
No encontro de hoje, além de Mossoró e Duque de Caxias, os petistas discutiram a
situação de capitais como Fortaleza (CE) e Recife (PE), onde o PT submeterá a
escolha ao processo de prévia. Em São Paulo, Falcão revelou que ontem (09) o
partido voltou a conversar com a direção nacional do PCdoB sobre a possibilidade
de uma aliança já no primeiro turno. "Há possibilidades (de acordo)", sinalizou o
cacique petista. De acordo com ele, a direção do PCdoB deixou claro que não abre
mão da candidatura da deputada federal Manuela D''Ávila em Porto Alegre. Rui
Falcão afirmou ainda que, além do PCdoB e do PSB, as conversas com o PR estão
avançando e que o partido quer apresentar os aliados da chapa de Haddad no
encontro do dia 2 de junho.
Questionado sobre a pesquisa Ibope que apontou Haddad com apenas 3% das
intenções de voto, Falcão argumentou que mais de 30% do eleitorado paulistano
ainda não conhece o petista, mas que ele tende a crescer nas pesquisas quando for
associado ao PT, à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. "A despeito das pesquisas de recall hoje, nosso candidato tem amplo
potencial de crescimento", concluiu.
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Supremo blinda procurador-geral
convocação por CPI
e
ministros
criticam
‘Está descambando para o lado pessoal. Não é bom’, alerta Marco Aurélio Mello
Felipe Recondo (Política)
Alvo de integrantes da CPI do Cachoeira - que querem convocá-lo a depor e dar
explicações sobre suposta prevaricação nas investigações que revelaram as
primeiras ramificações políticas do esquema criminoso comandado por Carlos
Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira -, o procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, foi “blindado” nesta quinta-feira, 10, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Ministros deixaram claro que o procurador-geral não deve ir à CPI para explicar por
que não abriu, em 2009, durante a Operação Vegas, da Polícia Federal, um
inquérito para investigar o envolvimento de políticos com o bicheiro Carlinhos
Cachoeira.
Sob ameaça de ser convocado, Gurgel relacionou a pressão que sofre ao
julgamento do mensalão - disse que parlamentares da CPI defendem interesses de
réus - e afirmou que sua estratégia foi aguardar mais indícios contra políticos para
instaurar o inquérito. A controvérsia sobre a possibilidade de convocar o
procurador-geral, em última instância, pode chegar ao STF, a quem caberá a
palavra final se Gurgel deve ou não ir à CPI.
O ministro Gilmar Mendes afirmou que é “evidente” que o procurador-geral não
deve ir à Comissão Parlamentar de Inquérito para explicar sua atuação.
“Claro que não”, respondeu ele. O ministro Joaquim Barbosa afirmou não haver
razões para convocar o Gurgel. “Não há por que convocá-lo para explicar suas
atribuições, que são constitucionais”, afirmou Barbosa. “Está descambando para o
lado pessoal. Não é bom”, emendou o ministro Marco Aurélio Mello.
“Convocar o procurador-geral da República para falar à CPI poderia criar nulidades
ao processo. Como acusador, o procurador não poderia falar como testemunha ou
antecipar algum juízo de valor antes de concluídas as investigações”, acrescentou,
sob reserva, outro ministro.
Gilmar Mendes afirmou que o procurador pode retardar a abertura de uma
investigação se considerar esta a melhor estratégia.
Gurgel afirma que não começou a investigar o senador Demóstenes Torres (exDEM, sem partido-GO) em 2009 porque não teria indícios suficientes de sua
vinculação ao esquema de Cachoeira. O inquérito só foi aberto neste ano, depois de
os fatos se tornarem públicos.
“Evidente que a Procuradoria-Geral da República pode ter sua estratégia em relação
a isso”, afirmou Gilmar Mendes. “Eu tenho a impressão de que há uma certa
excitação até mesmo da imprensa e plantação notória. Grupos políticos
manipulando as próprias notícias”, acrescentou.
Pressão. Integrantes do PT consultaram advogados constitucionalistas para saber
se seria legalmente possível convocar Gurgel para falar à CPI. A resposta foi
negativa. Como investigador, o procurador não poderia falar como testemunha.
Os ministros do Supremo, além de se manifestarem sobre a possibilidade de
convocação de Gurgel, saíram em defesa de sua atuação. “É um servidor do Estado
inatacável”, disse Joaquim Barbosa. Na quarta-feira, o presidente do tribunal,
ministro Carlos Ayres Britto, disse que Gurgel é uma “pessoa que nós temos a mais
alta e sincera admiração”.
Na quarta-feira, Gurgel atribuiu a réus do mensalão as críticas que têm recebido.
“Eu tenho dito que são críticas de pessoas que estão morrendo de medo do
julgamento do mensalão.”
“É compreensível que pessoas ligadas a mensaleiros queiram atacar o procuradorgeral. Eu acho que, se não réus, protetores de réus do mensalão estão como
mentores (das críticas)”, disse.
Gurgel não quis nominar os responsáveis pelas críticas que têm sido feitas a ele.
Disse apenas, ao ser questionado se seria o ex-ministro José Dirceu, que é “notório
quem está por trás”. Gilmar Mendes concordou que as críticas podem ter relação
com o mensalão. Tenho a impressão de que sim (que há relação)”, afirmou. “Há
uma expectativa em torno disso, são pescadores em águas turvas, pessoas que
querem misturar estações e tirar proveito, inibir as ações de órgãos que estão
funcionando.”
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MP flagra trabalho análogo à escravidão em obra do 'Minha
Casa, Minha Vida'
Inquérito foi instaurado para investigar o caso e a obra, em Fernandópolis (SP),
está embargada até que todas as irregularidades sejam solucionadas
Ricardo Valota e Gheisa Lessa (Política)
Cerca de 90 operários de uma obra do 'Minha Casa, Minha Vida' foram encontrados
em condições de trabalho análogas à escravidão por agentes do Ministério Público
do Trabalho de Campinas, na última sexta-feira, 4. De acordo com o MP, um
inquérito foi instaurado para investigar o caso e a obra está embargada até que
todas as irregularidades sejam solucionadas.
Na última sexta, trabalhadores da obra em questão realizaram uma denúncia no
Ministério Público do Trabalho de São José do Rio Preto, pasta que atende a região
de Fernandópolis, onde a construção é realizada. De acordo com informações da
assessoria de imprensa do MPT, fiscais foram enviados ao local e constaram
diversas irregularidades, entre elas trabalho análogo à escravidão, péssimas
condições do canteiro de obra e do alojamento.
A pasta informa que o projeto 'Minha Casa, Minha Vida' é sustentado com verbas
do Ministério das Cidades e da Caixa Econômica Federal. Neste caso, assim que a
verba destinada é aplicada, cabe ao município ou cidade contratar uma empresa
terceirizada capaz de fornecer mão de obra para as construções.
A assessoria de imprensa do MPT, afirma que no entendimento da pasta, cabe à
Caixa Econômica Federal fiscalizar a regularidade do trabalho antes de liberar a
verba.
O trabalho análogo à escravidão foi apurado quando os trabalhadores afirmaram
trabalhar 15 horas por dia na obra, sem o pagamento salarial - segundo
informações do MPT, o pagamento estava sendo feito aos poucos, por meio de
vales de R$ 100, R$200 e R$300, nunca no valor integral do salário.
Outra denúncia investigada é a condição dos alojamento nos quais os operários
moravam. "As questões sanitárias destes alojamentos são lamentáveis, os
banheiros devem ser usados por, no máximo, 20 trabalhadores, e não foi isso que a
perícia presenciou", conta a assessoria da pasta.
Os agentes do Ministério Público do Trabalho de Campinas, órgão que conduz as
investigações do caso, efetuaram o resgate dos 90 trabalhadores no início desta
semana e determinou a rescisão do contrato de todos os operários. "Conforme
determina a lei", informa a assessoria de imprensa, "os homens têm direito a
receber as verbas rescisórias: o seguro desemprego, salário e 13º salário, férias e
fundo de garantia".
"Todos os operários são migrantes do nordeste do País, a maioria deles veio do
Piauí e do Maranhão para trabalhar nesta construção", afirma o MPT. A pasta
esclarece que, na maioria dos casos, há irregularidades inclusive na busca dessa
mão de obra.
"Esses operários são buscados por meio de empreiteiras terceirizadas, contratadas
pela construtora", explica a assessoria de imprensa do MPT. "Essa empreiteira
busca os trabalhadores no nordeste que, geralmente, chegam ao destino de forma
clandestina, em ônibus clandestinos, em ocasiões que eles mesmos chegam a
pagar a passagem", diz. Muitos operários são aliciados e chegam a trabalhar sem
registro de trabalho ou carteira assinada.
"Encontramos indícios de aliciamento de trabalho e a fiscalização provou que houve
irregularidades na vinda destes 90 homens para São Paulo", segundo a assessoria.
A pasta informa que a mão de obra deve ser contratada perante o Ministério do
Trabalho da cidade do contratado. O registro de trabalho é feito e o pagamento das
passagens aprovado pelo Ministério. Assim que a documentação é tida como
regular, a pasta libera a saída do trabalhador.
O Ministério Público do Trabalho de Campinas, que conduz as investigações e está à
frente do inquérito informou que irá notificar a Caixa Econômica Federal solicitando
esclarecimentos sobre a situação dos trabalhadores e a solução do caso.
O estadão.com.br procurou o Ministério das Cidades e a Caixa Econômica Federal e
a assessoria de imprensa de ambos os órgãos informou que a posição oficial será
enviada por e-mail.
Por telefone, a assessoria do Ministério das Cidades informou que, na maioria dos
casos, cabe à Caixa Econômica Federal fiscalizar as verbas do projeto "Minha Casa,
Minha Vida".
"O papel do Ministério é liberar a verba para a Caixa Econômica, que a repassa para
os Estados e Municípios", informa a assessoria de imprensa do Ministério das
Cidades. "Cabe aos Estados e Municípios contratar as empresas responsáveis pelas
obras do projeto. O Ministério das Cidades não tem nenhuma responsabilidade com
a contratação das empresas", explica a assessoria que também solicitou poder
posicionar-se oficialmente por e-mail.
Óbito. Depois de resgatados, os operários do "Minha Casa, Minha Vida" deveriam
receber a verba da rescisão do contrato de trabalho. Conforme informações do
Ministério do Trabalho de Campinas, a empresa construtora que os contratou iria
transportá-los até o Ministério. A empresa não apareceu com o transporte e os
homens decidiram seguir caminho a pé. Durante a caminhada, um dos operários
sofreu um ataque cardíaco e morreu.
O Ministério Público do Trabalho vai investigar se a empresa realmente tinha a
responsabilidade de efetuar o transporte dos operários.
PEC do Trabalho Escravo. A votação da chamada Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) do Trabalho Escravo, tramita no Congresso Nacional há dez
anos. Caso aprovada, a PEC permite a expropriação de terras nas quais seja
constatado o uso de mão de obra escrava.
Desde março deste ano, funciona na Câmara a Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) do Trabalho Escravo, criada para investigar denúncias sobre essa prática com
base em lista elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Atualmente, 292
empregadores estão na relação, acusados de explorar mão de obra de forma
análoga à escravidão.
De acordo com o Ministério, entre 1995 e março deste ano, 42.116 trabalhadores
submetidos a trabalho escravo foram resgatados e mais de R$ 70 milhões de
verbas rescisórias foram pagas.
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Dilma pede nova rodada de redução de impostos
Crescimento mais lento reforça a necessidade de novas desonerações tributárias
para estimular a economia
Adriana Fernandes (Economia)
A presidente Dilma Rousseff pediu à equipe econômica que procure espaço para
novas desonerações tributárias. O crescimento mais lento da economia brasileira
renovou no governo a discussão em torno da necessidade de adoção, o mais rápido
possível, de uma nova rodada de corte de impostos.
A expansão da atividade econômica no segundo trimestre deste ano continua
surpreendendo negativamente o governo e já se projeta internamente o risco real
de um crescimento anual inferior aos 3,5% previstos pelo Banco Central (BC) no
relatório trimestral de inflação. Um mês depois do lançamento da segunda fase do
Plano Brasil Maior, a presidente Dilma voltou a insistir que é preciso avançar na
redução da carga tributária.
Segundo o Estado apurou, à medida que novos indicadores econômicos são
divulgados, ganha espaço a percepção de que as ações já tomadas nestes últimos
meses para estimular a indústria e, mesmo os efeitos da queda mais forte da taxa
básica de juros (Selic), não serão suficientes para colocar a atividade econômica na
velocidade desejada no segundo semestre.
A desvalorização do real em relação ao dólar, com a política de intervenção do BC,
ajuda a reduzir as importações e fortalece o produto nacional, mas por outro lado o
crédito não reage.
Os dados da economia no primeiro trimestre vieram muito aquém do esperado e os
sinais neste início do segundo trimestre revelam um quadro também de
dificuldades. A "conta" do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2012 já
não é mais a projetada no início do ano pelo governo, quando se esperava alta em
torno de 4,5%, com a economia ao final do segundo semestre girando a uma
velocidade de 5% a 5,5%.
Agora, todos os esforços do ministro da Fazenda, Guido Mantega, são no sentido de
tentar mexer nas expectativas e garantir pelo menos um crescimento entre 3,5% e
4% neste ano.
As perspectivas ruins para o cenário externo, com desaceleração econômica na
Europa, reforçam o debate de que é preciso reduzir a carga tributária. Setores que
não foram beneficiados na segunda fase do Brasil Maior poderão ser atendidos. Os
ministros do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, e do Planejamento, Miriam
Belchior, já vêm defendendo o avanço no corte de tributos, reverberando o discurso
da presidente.
Inicialmente, a ideia da equipe econômica era deixar novas desonerações somente
para o ano que vem, mas o quadro, segundo fontes, deve exigir uma ação mais
rápida.
Técnicos do Ministério da Fazenda dizem que o problema será encontrar espaço
fiscal, pois num cenário de crescimento econômico lento o desempenho da
arrecadação também enfraquece. Mas, com as despesas com juros menores e a
dívida líquida do setor público em trajetória de queda, há quem defenda uma
flexibilização da política fiscal para estimular o crescimento.
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Desemprego na Grécia não chega nem perto do pior momento
brasileiro (Economia)
Brasil registrou taxa de desocupação de 13,1% em abril de 2004, a maior da série
do IBGE, enquanto a Grécia bateu o recorde no último mês de fevereiro, com o
índice de 21,7%
O problema do desemprego na Grécia é muito maior que o índice registrado no
Brasil, no pior momento do País.
O fato é que os gregos procuram emprego, mas não acham. A taxa de desemprego
na Grécia atingiu um novo recorde histórico e estava no patamar de 21,7% em
fevereiro, o maior desde 2004, quando o indicador começou a ser acompanhado.
O dado foi divulgado nesta quinta-feira pela Elstat, a agência de estatísticas do
país, após o ajuste sazonal da taxa de desemprego. Esse ajuste corrige as
distorções das temporadas. Por exemplo, no verão a Grécia tende a ter mais
empregos em função do turismo, o que muda em outras épocas.
São 1,07 milhão de gregos desempregados hoje.
Brasil
Em abril de 2004, o Brasil registrou taxa de desocupação de 13,1%, segundo a
Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). A série histórica foi iniciada em 2002, com metodologia revisada de acordo
com as recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
São oito pontos percentuais de diferença entre o mês que o Brasil teve mais
pessoas desempregadas e a situação da Grécia hoje.
Sem trabalho
Na comparação anual, os dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) revelam
situação parecida. Considerando a última década, desde 2009 a Grécia apresenta
taxas de desemprego superiores à brasileira.
Em 2011, o Brasil fechou o ano com taxa média de desempregados de 5,9%,
enquanto os gregos com 17,3%.
Folha de S.Paulo
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Vale-tudo na CPI (Poder)
Investigação corre perigo de descarrilar ao desviar foco de Cachoeira e Demóstenes
Torres para jornalistas e o procurador Roberto Gurgel
Começou mal a CPI mista para investigar o caso Cachoeira, com a já conhecida
aposta na confusão por parte dos setores mais aloprados do Congresso.
O que mais se deveria esperar de uma comissão em que personagens da estatura
de um Fernando Collor de Mello e de um Protógenes Queiroz se aliam na tentativa
de cercear a imprensa? Doses crescentes de desatino, por certo.
A CPI foi criada para investigar, com os amplos poderes que lhe dá o artigo 58 da
Constituição, a comprometedora teia de relações do empresário Carlos Augusto
Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado de explorar jogos ilegais, com figuras
públicas. Por exemplo, com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) e os
governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF) -além de uma
das maiores empreiteiras do país, a Delta, campeã em obras do PAC.
Foi o pretexto para a ala do PT mais afetada pelo processo do mensalão tentar
fazer da CPI um antídoto para o julgamento por iniciar-se no Supremo Tribunal
Federal. Em seu afã vindicativo, abriu até uma frente de conflito institucional com o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
O chefe do Ministério Público Federal ganhou a hostilidade do lulo-petismo por ter
pedido a condenação de mensaleiros. De forma maliciosa, com o indisfarçável
propósito de intimidá-lo, essa facção o acusa agora de ter protegido Demóstenes ao
apontar a insuficiência dos elementos colhidos pela primeira operação da Polícia
Federal (Vegas) contra Cachoeira.
O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), parece inclinado a seguir
em frente com a ideia extravagante de chamar Gurgel a se explicar perante a
comissão. O procurador-geral já deu sinais de que se recusará, em manifestação de
independência. É no mínimo duvidoso que o Supremo reconheça entre os poderes
da CPI o de forçá-lo a comparecer.
Tampouco surgiu até agora qualquer indício de má conduta que justifique a
intimação de jornalistas da revista "Veja" para depor, como almejam setores do PT
-que, aliás, não contam com o apoio do Planalto para essa revanche pelos
sucessivos escândalos revelados.
Igualmente descabido é o sigilo extremo adotado pelo presidente da CPI e seu
relator, deputado Odair Cunha (PT-MG). Não só já se mostrou ineficaz, pois não
cessam de vazar os depoimentos supostamente secretos, como ainda contraria o
escopo de toda CPI, que é expor ao público fatos e condutas de agentes oficiais sob
suspeita.
É comum ouvir que CPIs têm tendência a degenerar em circo. As sessões iniciais
sugerem que os piores prognósticos caminham para confirmar-se, e bem cedo.
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Painel
Vera Magalhães (Poder)
Saindo das cordas
O Supremo Tribunal Federal recebeu da Procuradoria-Geral da República novos
indícios do envolvimento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) com o
esquema de Carlinhos Cachoeira. Segundo membros da CPI, o material está sendo
periciado pela Polícia Federal e depois será enviado pelo Supremo à comissão.
Desde janeiro, quando foi retomado o monitoramento dos acusados de pertencer
ao grupo de Cachoeira, a PF interceptou 260 mil ligações e 5.000 emails.
Ao municiar o STF e a CPI com novas informações, o procurador-geral, Roberto
Gurgel, tenta se livrar da acusação de omissão que setores do PT lhe fazem.
Reação Gurgel tem se aproximado de alguns ministros do STF e integrantes da CPI
para tentar se blindar. "Alianças começaram a ser feitas entre membros dos Três
Poderes para impedir a impunidade da quadrilha'', afirma um parlamentar.
Infiltrado Aliados do procurador-geral temem os desdobramentos de eventual
representação do PT ao Conselho Nacional do Ministério Público. Luiz Moreira,
conselheiro indicado pela Câmara, é ligado a José Genoino, réu no processo do
mensalão.
Intimidade O delegado Matheus Mella Rodrigues, que comandou a Monte Carlo,
contou aos membros da CPI que o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) ligou no
celular pessoal de Cachoeira para dar parabéns no seu aniversário, e não no Nextel.
Sorte grande Rodrigues relatou também que o prefeito de Águas Lindas (GO),
Geraldo Messias (PP), ganhou de Cachoeira uma viagem à meca da jogatina, Las
Vegas, com direito a cartão de crédito com gastos liberados.
Zen Com a CPI chegando a cenas de quase pugilato, foi comemorada no Congresso
a sanção da presidente Dilma Rousseff ao Dia de Buda, a ser celebrado junto com o
Dia das Mães, sempre no segundo domingo de maio.
Surpresa O PR afirma que foi o último a saber da indicação de César Borges (BA)
para uma vice-presidência do Banco do Brasil. Foi o ex-senador que informou os
caciques Alfredo Nascimento e Valdemar da Costa Neto do convite da presidente.
Vias tortas Apesar do desejo do PT, congressistas do PR negam que a nomeação
vá levar o partido imediatamente para a campanha de Fernando Haddad em São
Paulo. "Gesto do avesso, né?", ironiza um senador.
Biodiversidade Com a adesão formal do DEM à coalizão de José Serra, o
secretário Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Social) será incorporado à coordenação
da campanha tucana. Aliados já oficializados, PV e PSD também terão assentos no
QG serrista.
Preventivo Com a antecipação da convenção que lançará Serra para 17 de junho,
tucanos pretendem sobretudo assegurar base legal para eventuais recursos à
Justiça com pedido de direito de resposta em caso de ataques ao ex-governador.
Novos ares Mozart Vianna, que foi secretário-geral da Câmara por 20 anos, deixou
a chefia de gabinete do senador Aécio Neves (PSDB-MG) para assumir a gerência
de relações institucionais da TV Globo em Brasília.
Chão de fábrica Róbson Andrade, presidente da CNI, conhecerá hoje projeto que
cria acordos coletivos especiais para trabalhadores no Sindicato dos Metalúrgicos e
numa montadora do ABC. Força Sindical e UGT são contra a ideia, enviada à
Secretaria-Geral da Presidência.
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Por Haddad, direção do PT terá poder de forçar aliança
Partido abre caminho para impor apoio a outras siglas fora de SP
Com apenas 3% das intenções de voto em nova pesquisa, petista diz que eleitor
segue campanha 'de longe'
Paulo Gama (Poder)
Para impulsionar a candidatura de Fernando Haddad a prefeito de São Paulo, a
Executiva Nacional do PT editou ontem resolução que exige que as candidaturas em
cidades com mais de 200 mil eleitores sejam homologadas pela cúpula do partido.
Na prática, isso abre espaço para vetar candidaturas próprias e impor alianças com
outras siglas sem a necessidade de intervir formalmente em diretórios petistas.
A medida atinge ao menos duas cidades importantes na negociação para atrair o
PSB à chapa de Haddad: Mossoró (RN) e Duque de Caxias (RJ).
Nesses municípios, os petistas locais querem candidatura própria, e a direção
nacional é favorável a uma aliança com os socialistas.
Outras cidades em que o PT negocia alianças com partidos diferentes -como Porto
Alegre, em que há tratativas com o PDT- também são abarcadas pela medida.
Para entrar em vigor, a resolução tem de ser aprovada pelo Diretório Nacional do
PT, que faz sua próxima reunião no dia 18, em Porto Alegre.
O presidente do partido, Rui Falcão justificou a medida como um instrumento para
evitar intervenções.
"Nas cidades com mais de 200 mil eleitores, ou em polos regionais, as chapas
deverão ser antes dos registros homologadas pela Executiva Nacional, justamente
para não ter que provocar intervenção."
O PT tem histórico de intervir em diretórios em nome de planos nacionais. Um
exemplo foi o veto à candidatura de Vladimir Palmeira a governador do Rio em
1998 em troca do apoio do PDT à candidatura presidencial de Lula.
Até aqui, nenhum partido declarou apoio a Haddad. "Esperamos já no encontro
municipal [em 2 de junho] ter alguma aliança firmada", disse.
PESQUISA
Em visita ontem a Itaquera, o pré-candidato do PT disse que a nova pesquisa Ibope
-em que aparece com 3% das intenções de voto contra 31% de José Serra (PSDB)mostra que "a população ainda acompanha de longe" a campanha. Falcão disse não
estar preocupado e que viu o resultado de "forma serena".
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Delegado reforça ligação de Perillo com Cachoeira
Em depoimento à CPI, ele diz que governador vendeu casa diretamente a
empresário
Tucano sempre negou negociação de imóvel com Cachoeira, com quem diz ter
apenas uma relação superficial
Andreza Matais, Leandro Colon e Rubens Valente (Poder)
O delegado da Polícia Federal Matheus Mela, que coordenou a Operação Monte
Carlo, afirmou ontem haver "indícios veementes" de que o governador de Goiás,
Marconi Perillo (PSDB), vendeu uma casa diretamente a Carlinhos Cachoeira.
A declaração, dada em depoimento sigiloso ontem à CPI, em Brasília, contradiz a
versão do tucano, que sempre negou ter vendido o imóvel a Cachoeira.
De acordo com o delegado da PF, a casa do governador, que fica em um
condomínio de luxo em Goiânia, custou R$ 1,4 milhão.
Os cheques para o pagamento, afirma, foram assinados por um sobrinho de
Cachoeira, nos valores de R$ 400 mil (dois) e R$ 600 mil.
O delegado contou ainda que o nome do governador foi citado em 237 conversas
telefônicas entre Cachoeira e pessoas do seu grupo, que são suspeitos de corrupção
e de explorarem jogo ilegal.
Perillo vem sustentando que a casa "foi vendida para a empresa do senhor Walter
Paulo Santiago, dono da Faculdade Padrão, de Goiânia" e que nunca fez negócios
com Cachoeira, com quem diz manter apenas uma relação superficial.
Diante das declarações do delegado, afirmou ontem, porém, que "não observou o
nome do emitente [dos cheques] pois a casa só seria escriturada após a devida
quitação".
A Folha teve acesso à íntegra do áudio da sessão sigilosa na qual depôs o delegado.
Perguntado pelo relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), sobre se a casa na
qual Cachoeira foi preso pertencia ao governador, o delegado respondeu: "Sim,
pertencia ao governador".
E complementou: "Há indícios veementes de que o senhor Carlos Cachoeira
adquiriu provavelmente essa casa. Foi feita uma interligação usando intermediário
que seria o sobrinho do senhor Carlos, que teria dado cheques para pagar essa
casa", contou.
Mela diz que é preciso investigação no Superior Tribunal de Justiça, corte que apura
casos de governadores.
A Folha revelou em abril que diálogos interceptados pela PF mostram Cachoeira
orientando um de seus auxiliares, o ex-vereador Wladimir Garcez, a entregar
dinheiro na sede do governo goiano.
O delegado contou ainda que o governador teve dois encontros pessoais com
Cachoeira e que o empresário tinha uma "cota" de cargos no governo de Goiás.
Perillo já confirmou que encontrou Cachoeira, quando teriam falado de incentivos
fiscais a um laboratório do empresário. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP)
disse que Perillo deveria ser ouvido "imediatamente".
O delegado citou ainda lista com 82 nomes que tiveram relações ou foram apenas
citados em conversas de Cachoeira.
A lista inclui os nomes de ministros do Supremo Tribunal Federal, de governadores,
senadores, deputados federais, prefeitos e até mesmo da presidente Dilma
Rousseff.
O delegado reforçou que o fato de estarem citados não significa que tenham
envolvimento com o grupo de Cachoeira.
Valor Econômico
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Argentina fracassa em conter salários
César Felício
A disputa pelo controle da máquina sindical na Argentina comprometeu a estratégia
que o governo havia traçado com a elite empresarial no fim do ano passado, que
moderaria o reajuste de preços em troca da pressão governista por reajustes
salariais abaixo da inflação. Ontem, fizeram greve no país os metalúrgicos e os
operadores do porto de Rosário, e pode haver paralisação nos setores bancário e de
saúde na próxima semana.
As reivindicações dos sindicatos oscilam entre 25% e 40% de reajuste. A inflação
extra-oficial no país ficou em cerca de 23% em 2011.
No meio patronal, nem o Estado conseguiu impor perdas em relação à inflação
passada. O governo fechou um acordo com parte dos sindicatos do funcionalismo
para reajuste de 21%, mas os servidores da Associação dos Trabalhadores do
Estado (ATE) não aceitaram a proposta e fecharam ontem por algumas horas um
acesso à capital.
Os metalúrgicos pedem 24% de reajuste, mas exigem a incorporação ao salário de
um abono de 300 pesos, o que, conforme a empresa, implicaria aumento de até
33%. O governo deverá mediar a negociação e pende para os trabalhadores.
O acirramento das negociações está ligado à eleição em julho para a direção da
CGT, a central sindical que tem 2,5 milhões de filiados.
O líder sindical metalúrgico Antonio Caló desafiou a reeleição do líder caminhoneiro
Hugo Moyano, que está se distanciado do kirchnerismo e procura mostrar
autonomia em relação à Casa Rosada. "Uma vitória clara de Caló permite pensar
em uma moderação no segundo semestre, em que os acordos que estão sendo
feitos agora serão revistos. A fragmentação de agora leva à radicalização. Mas
parece certo que a margem para negociar reajustes que diminuam a pressão sobre
preços será muito pequena", comentou Julio Burdman, da consultoria Analytica.
Caló tem o apoio dos sindicatos mais poderosos, como eletricitários, construção
civil, saúde e do setor automotivo. Moyano ganha força nas estruturas menores.
A radicalização é ainda maior nos sindicatos em que há disputa interna, como o da
indústria da alimentação, que escolheria ontem sua nova direção. As chapas em
disputa prometiam pedir reajuste de até 40%, os mais altos entre os principais
sindicatos argentinos.
Segundo levantamento do escritório de advocacia De Diego, especializado no
atendimento à área patronal, os aumentos salariais pactuados pelos sindicatos
vinculados à CGT superaram a inflação real em todos os anos desde 2003.
Pelos cálculos do escritório, um trabalhador no setor metal-mecânico necessitava
de dezesseis salários brutos para comprar um automóvel de médio padrão em
2002. Dez anos depois, adquire um carro com seis salários.
Com as indústrias operando no limite da capacidade, o desemprego recuou no país
de 23% para 9,9% entre 2003 e 2011, segundo levantamento da consultoria OJF.
Os aumentos salariais se descolaram da variação cambial desde 2007, quadro que
se acentuou no ano passado, com a pequena variação do dólar em relação ao peso.
Segundo estudo da empresa de consultoria Econométrica, entre 2009 e este ano o
custo médio do empregado no setor privado passou de US$ 1.074 para US$ 1.748,
uma variação de 63%.
Sem âncora nos salários, o governo tende a aumentar o controle sobre o câmbio
para evitar uma explosão inflacionária. "A chave para manter a inflação real
estabilizada entre 20% e 30% é a conter a formação de ativos no exterior, ou seja,
evitar a fuga de dólares. É absolutamente fundamental que a política atual
restritiva seja mantida", afirmou o economista Carlos Melconian, vinculado à
oposição ao kirchnerismo.
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Cliente desaparece e carros encalham
Aline Lima, Eduardo Laguna e Marli Olmos
Munir Faraj e o filho Fábio, que trabalham com compra e venda de automóveis,
sentem calafrios só de lembrar que o Vectra preto 2009 já passou dois natais com
eles. Quase um "membro da família", o veículo que chegou na loja em 22 de
dezembro de 2010, só deu despesa. Ganhou pneus novos e rodas de liga leve para
chamar a atenção dos clientes. Há poucos dias, apareceram dois interessados. Mas
em ambos os casos, os bancos negaram crédito para o financiamento. E o Vectra
permaneceu com a família Faraj.
"Tivemos que refazer a pintura de tanto que os vendedores passaram o pano no
capô para dar brilho", conta Munir. A cena da devolução de ficha se tornou comum
desde que os bancos, assustados com o aumento da inadimplência, se tornaram
mais seletivos. A taxa de inadimplência acima de 90 dias em veículos está em
5,7%, o maior patamar da série histórica do Banco Central.
Em março, a inadimplência entre 15 e 90 dias chegou a 8,5%, a mais alta desde
outubro de 2011 se o resultado for analisado mês a mês. Na comparação com os
meses de março, que tira efeitos sazonais, o índice é o mais elevado desde 2009,
pico da crise internacional.
"As financeiras diminuíram significativamente os juros, mas nem assim o
consumidor tem aparecido", afirma Paulo Pacito, outro empresário do comércio de
veículos. Ele lembra que o crédito só é aprovado para o cliente que oferece baixo
risco. O financiamento sem entrada praticamente não existe mais. "Somente para
aquele cliente com 'score' bem alto e garantias substâncias, risco zero", diz Pacito,
proprietário de loja de veículos que leva o mesmo nome.
"O crédito só está sendo liberado para quem não precisa dele", destaca o
presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
(Anfavea), Cledorvino Belini. O aumento do nível dos estoques de veículos novos o maior dos últimos três anos - levou algumas montadoras de veículos a reduzir o
ritmo nos últimos dias, por meio de licenças não remuneradas. Segundo o Sindicato
dos Metalúrgicos do ABC, Volkswagen e Ford adotaram a semana de quatro dias. As
horas extras foram cortadas em alguns casos e o recurso do banco de horas tem
sido utilizado com frequência. A produção da indústria automobilística caiu 7,5%
em abril na comparação com igual mês em 2011.
Já no setor de motocicletas, mais sensível às condições de crédito, o efeito já
aparece na redução de número de postos de trabalho nas fábricas de Manaus.
Segundo o sindicato local, 1,06 mil empregados foram desligados entre janeiro e
abril, quase o dobro das demissões de um ano antes (583 pessoas).
A Honda, a maior do segmento, com quase 80% do mercado, informa que 591
operários deixaram a fábrica nos quatro primeiros meses do ano e que, devido ao
cenário de crédito mais seletivo, só irá repor "eventuais desligamentos voluntários"
em momento oportuno.
Já a Kasinski realizou um corte de 20% de seu efetivo, o que corresponde a
eliminação de 250 vagas, diz o diretor comercial, Rogério Scialo. "Ainda vemos um
cenário ruim no segundo semestre", prevê. Segundo ele, apesar do corte nas taxas
de juros, os bancos aumentaram os filtros da análise de crédito, agregando
informações como endereço de parentes.
Segundo a Abraciclo, entidade que representa as montadoras de motos, o
financiamento pelas linhas de Crédito Direto ao Consumidor (CDC) representa 52%
das vendas. Apenas 21% dos negócios são fechados à vista e o restante - 27% - é
feito por consórcio. "O parcelamento, portanto, é fundamental. Sem ele, o setor
emperra", diz José Eduardo Ramos Gonçalves, diretor-executivo da entidade. Só
em abril, a produção de motos recuou 18,4% em relação ao mesmo período de
2011, para 145,69 mil unidades. Na mesma base de comparação, as vendas de
motos no atacado - do fabricante para a concessionária - caíram 20,2%, totalizando
138,6 mil unidades.
Os bancos de montadoras seguiram o rastro das demais instituições financeiras,
tanto estatais como privadas, e reduziram, há poucos dias, as taxas de
financiamento. Há expectativa no setor de que esse movimento não só estimule as
vendas como também traga de volta consumidores com melhor perfil de risco, que
ao longo de 2011 tendeu a postergar a compra do carro novo.
A maioria dos revendedores, porém, está pessimista em relação aos próximos
meses por conta da rigidez que os bancos vêm demonstrando na hora de conceder
financiamento. O Valor conversou com cinco concessionárias de diferentes capitais
e todos afirmaram que os financiamentos em 60 meses estão cada vez mais
escassos. A preferência é por 48 meses. A exigência de 20% de entrada - no
mínimo - é também terminante.
O corte promovido pelos bancos nas taxas para financiamento de veículos girou em
torno de 15% a 20%. Se antes o juro mensal variava entre 1,10% e 1,40%, em
média, agora está entre 0,90% e 1,20%. "Houve uma explosão de demanda nos
últimos anos mesmo com taxas altas. Não é esse o problema", avalia Marcos
Goldstein, da revendedora Saganor, de Fortaleza.
Para Décio Carbonari, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras
de Montadoras (Anef), as novas taxas deverão cativar clientes de maior renda que,
no ano passado, por conta das medidas tomadas pelo governo para "segurar" a
inflação, adiaram a troca do veículo. "O inadimplente não será atraído por juro
baixo", diz.
Até 2009, 60% das propostas aprovadas pelos bancos de montadoras eram de
clientes das classes A e B, segundo Carbonari. Atualmente, a participação desse
público caiu para 50%.
As políticas de concessão de crédito dos bancos permanecerão rigorosas. Segundo
Carbonari, também presidente do Banco Volkswagen, apenas 15% das propostas
de financiamento para o prazo de 60 meses foram aprovadas, enquanto um ano
atrás esse percentual era o dobro (30%). "Por enquanto, [a política de crédito]
segue como está. Se a inadimplência diminuir poderemos financiar mais em 60
vezes", diz Carbonari.
Quem trabalha no varejo percebe que o poder de compra do consumidor ficou
comprometido com financiamentos e crediários tomados em 2011 e inicio de 2012.
"A facilidade na aprovação de financiamentos e o incentivo ao consumo passou a
ideia de que o Brasil passaria incólume pela a crise", afirma Paulo Pacito.
A psicanalista Vera Rita de Mello Ferreira, especialista em psicologia econômica,
lembra que, por falta de experiência, muitos consumidores que compram "para
satisfazer o desejo imediato" desconhecem o peso das taxas de cartão de crédito e
cheque especial. "Nosso cérebro tende a lidar melhor com o curto prazo. Os
milhares de anos em que prevaleceu a cultura da sobrevivência deixaram marcas
profundas", destaca.
Para ela, o consumidor brasileiro terá de aprender a poupar, uma prática que ganha
importância diante do aumento da expectativa de vida. Para a psicanalista, também
favorece o consumo exacerbado "o fato de o brasileiro estar em lua de mel com o
país que está acontecendo". O resultado é um acúmulo de despesas que antes não
faziam parte do orçamento doméstico.
Talvez seja por isso que os clientes que hoje passam pelas lojas de veículos
estejam mais interessados em se desfazer de uma dívida do que em comprar. O
professor e auxiliar de enfermagem Eduardo Morais Pereira vai aproveitar esse fim
de semana para continuar procurando uma loja que aceite comprar o seu veículo
em troca de um mais velho, mais barato.
No ano passado, Eduardo comprou um Audi A3 seminovo em 36 meses. Pagou só
sete prestações. Faltam, portanto, mais 29 parcelas de R$ 1,3 mil. A dívida que ele
acumula hoje - R$ 38,5 mil - é maior do que vale o carro (R$ 30 mil). Esse não é o
primeiro financiamento de carro que ele faz. "Mas antes era muito mais fácil fazer a
troca de um carro alienado; não sei porque tudo agora ficou mais difícil", diz.
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Para mercado, discurso de Tombini sugere corte maior na
Selic
Claudia Safatle
Mensagens importantes foram transmitidas pelo presidente do Banco Central,
Alexandre Tombini, em discurso de abertura do Seminário Anual de Metas para a
Inflação, ontem, no Rio. Ele chamou a atenção sobre as várias mudanças
produzidas no pós-crise global para os Bancos Centrais, na condução da política
monetária, e a avaliação dessa nova fase alertou alguns agentes do mercado.
Ressaltou a necessidade de maior transparência na comunicação dos Banco
Centrais, para evitar interpretações extremas e mencionou a "grande variância no
cenário internacional", que piorou substancialmente nas últimas semanas.
Trechos do pronunciamento foram interpretados como um sinal de que o Comitê de
Política Monetária (Copom), no dia 30, pode deixar de lado a "parcimônia" que está
na última ata, e baixar a Selic em mais 0,75 ponto percentual, para 8,25% ao ano.
Tombini disse que a crise deixou clara a necessidade de os Bancos Centrais serem
menos herméticos, mais transparentes, na sua comunicação. Alguns BCs, antes
mesmo da crise, já haviam migrado para uma comunicação mais explícita sobre a
evolução quantitativa projetada de suas taxas básicas de juros. "Não se trata
apenas de fortalecer os mecanismos de formação de expectativas dos agentes, mas
também de evitar que interpretações com variância excessiva possam afetar o
funcionamento dos mercados", explicou.
O agravamento mais recente das condições da economia global está no centro das
preocupações do BC. "Basta observar a rapidez com a qual se modificou nas
últimas semanas a perspectiva de crescimento nos EUA, a probabilidade de
resolução da crise na zona do euro ou até os dados, por vezes contraditórios, sobre
o pouso suave na China", disse ele.
Diante de grandes incertezas, os Bancos Centrais têm procurado ser mais explícitos
em suas comunicações, reiterou o presidente do BC, salientando que essas vêm
"acompanhadas com uma repetida mensagem de que esses indicativos sempre
estão condicionados ao conjunto de informações disponível a cada momento".
Ocorre que atualmente essas informações estão mais voláteis, o que resulta na
necessidade da autoridade monetária ajustar-se com maior frequência aos
desdobramentos do cenário existente, ponderou.
"Ou seja, ao benefício de uma maior transparência na comunicação se contrapõem
mudanças mais frequentes nas sinalizações. Mas não penso que por conta disso
vamos ou devemos retornar ao hermetismo do passado ou a um estilo de
comunicação que permanece em generalidades e perde em precisão. Nesse
momento de transição, esse 'trade-off' apenas tende a acarretar um custo
reputacional um pouco maior para os Bancos Centrais."
Essas declarações levaram agentes do mercado à leitura de que o Copom pode
prosseguir no corte maior da Selic, de 0,75 ponto percentual e não 0,5 ponto
percentual como induzia a última ata.
A Europa voltou para a beira do abismo; a perda de dinamismo da economia
chinesa ameaça o crescimento daquele país e os últimos dados de comércio
exterior, com queda pronunciada da taxa de crescimento das exportações e das
importações, foram especialmente ruins. Os Estados Unidos não reagem e ontem o
presidente do Banco Central da Holanda, Klaas Knot, falou em "década perdida"
para a Europa.
Tombini discorreu, também, sobre a complexa relação entre estabilidade de preços
e estabilidade financeira e da revisão sobre a caixa de ferramentas dos bancos
centrais no debate pós- crise. Disse que o regime de metas para a inflação continua
sendo o melhor arcabouço de política monetária, mas que isso não impede
aperfeiçoamentos a partir das lições da crise. "Como, por exemplo, incorporando
nos modelos macroeconômicos informações sobre o segmento financeiro, inclusive
sobre preços de ativos, bem como sobre política fiscal", completou.
Dos debates surge "um pragmatismo", dois instrumentos para dois objetivos. A
política monetária deve assegurar a estabilidade de preços e as políticas micro e
macroprudenciais devem assegurar a estabilidade financeira. "Contudo, não
podemos ignorar que suas ações, seus objetivos e seus impactos apresentam fortes
interconexões."
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Relator da CPI, petista diz que não se pauta pelo Planalto
Fernando Exman
O relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), dará início na
quinta-feira aos pedidos de quebra dos sigilos fiscais, bancários e telefônicos de
pessoas físicas e jurídicas envolvidas no suposto esquema chefiado pelo empresário
Carlos Augusto Ramos. Além do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO),
estão na mira do parlamentar a construtora Delta, subempreiteiras citadas nas
operações Vegas e Monte Carlo e a indústria farmacêutica Vitapan. Para Odair
Cunha, nada muda com a venda da Delta para a holding J&F Participações,
controladora da processadora de carne JBS. Os novos donos da construtora não
deverão ser convocados à CPI, previu. Mas poderão ajudá-la enviando documentos
e o resultado da auditoria que será feita na empresa.
Odair Cunha diz ainda não ter como "adjetivar" condutas de jornalistas, e indica
que buscará "individualizar" o eventual envolvimento de governadores com o
empresário investigado. Segundo o relator, a sessão administrativa da quinta-feira
também poderá ser decisiva para a CPI decidir como cobrará explicações do
procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Mineiro de fala pausada, integrado à ala do partido liderada pelos ex-ministros
Patrus Ananias e Luiz Dulci, do governo Lula, Odair Cunha destaca que uma
pergunta central que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito deve responder é
qual foi o papel da Delta Construções na organização comandada por Ramos.
Conhecido como Carlinhos Cachoeira, o empresário goiano foi preso pela Polícia
Federal sob a acusação de chefiar um esquema ilegal de jogos de azar com
conexões no setor público e na iniciativa privada.
"Precisamos ter os dados dessas pessoas [físicas e jurídicas] para fazer uma análise
mais segura do envolvimento delas ou não com a organização", justificou Odair
Cunha ao Valor. "Estamos investigando fatos pretéritos, ações criminosas
praticadas no passado e qual o papel que a Delta tinha na organização criminosa. A
questão central é: qual o papel da Delta na organização criminosa? Ela lavava
dinheiro? Ela era instrumento para cooptar agentes públicos e corrompê-los para os
fins específicos da organização?"
No entanto, o relator se esquiva quando perguntado se há motivos para o governo
Dilma Rousseff se preocupar com os desdobramentos das apurações em relação à
atuação da Delta. Uma das apostas da oposição é justamente explorar eventuais
irregularidades em contratos executados pela Delta no Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), conjunto de obras prioritárias do governo federal.
Cunha assegura que não mantém articulações com o Palácio do Planalto em relação
à CPI. "Eu, não." Ele acrescentou que se preocupava integralmente com os
interesses do Executivo quando ocupava a vice-liderança do governo na Câmara.
Agora, concluiu, quer descobrir qual o nível de influência dessa organização em
governos municipais, governos estaduais e junto a órgãos do governo federal.
"Como relator, não tenho que me preocupar com a repercussão da investigação
sobre o governo. O governo responde por si, pelos seus atos e suas relações",
destacou o petista.
A Delta nega o envolvimento com irregularidades. Mesmo assim, a empresa estará
no centro das investigações relativas ao eventual envolvimento de governadores
com o grupo de Cachoeira. Por enquanto, os governadores de Goiás, Marconi Perillo
(PSDB), do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral
(PMDB), ocupam o centro das atenções na CPI. No entanto, outros governadores
que contrataram a Delta também foram citados nas operações da Polícia Federal.
Todos negam a prática de crimes.
"Tem que ver se o núcleo da organização criminosa usou a Delta para chegar a
Estados e corrompeu pessoas", sublinhou o relator, que integra a ala de
parlamentares governistas contrária à paralisação imediata das obras do governo
federal tocadas pela Delta. A empreiteira é investigada pela Controladoria-Geral da
União (CGU). Se considerada culpada, será proibida de fechar contratos com a
administração pública federal.
"Vamos investigar todas as pessoas e instituições que se envolveram com a
organização criminosa. Vamos individualizar condutas. Não há generalização",
destacou o petista. "Porque um governador foi citado necessariamente ele não
precisa vir depor na CPI. É preciso fazer uma análise específica da conduta de cada
governador em relação à organização criminosa."
Na entrevista concedida em seu gabinete, cuja entrada é decorada com fotos de
sua atuação parlamentar e na companhia da presidente Dilma Rousseff e aliados,
como o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República Luiz Dulci,
Odair Cunha também reforçou a cobrança de integrantes da CPI por explicações do
procurador-geral da República, Roberto Gurgel. A comissão quer saber se Gurgel
atrasou deliberadamente investigações da Polícia Federal que atingiriam o senador
Demóstenes Torres, que antes do escândalo era um dos mais ativos oposicionistas
do DEM.
Cunha lembrou que a Operação Vegas foi enviada à Procuradoria-Geral da
República e lá permaneceu durante três anos sem que Gurgel requisitasse à PF
novas diligências, arquivasse ou pedisse a abertura de inquérito ao Supremo
Tribunal Federal. O petista disse que é preciso saber qual o procedimento foi
tomado pelo procurador-geral. "Essa pergunta precisa ser respondida. A forma da
resposta nós vamos discutir até o dia 17, na próxima reunião administrativa",
sublinhou o relator. "O que eu estou preocupado é com a resposta. Estou menos
preocupado se convoca, se convida ou se ele manda uma carta. A forma não muda
o resultado."
Perguntado qual seria uma resposta aceitável, Cunha citou o instituto da "ação
controlada", medida que permitiria o retardamento da ação policial para que a
obtenção de provas fosse mais eficaz. "Ele pode se valer desse instituto, que requer
decisão judicial, e ter esperado mais provas. É uma resposta. Ele tem que agir nos
ditames da lei, ele tem instrumento legal para suspender ou sobrestar um processo
de investigação. Ele precisa mostrar qual o instrumento legal ele utilizou", afirmou
o petista.
Na quarta-feira, o procurador-geral da República afirmou que integrantes da CPI
buscam fragilizá-lo a fim de prejudicar sua atuação no julgamento do mensalão,
que deve ser pautado em breve pelo Supremo.
Assim como nega já ter encontrado indícios de que o grupo de Cachoeira financiou
campanhas eleitorais, Odair Cunha diz que até agora não tem como concluir se há
alguma conduta ilegal no contato de jornalistas com integrantes do esquema.
"Nessa altura das investigações, nós não temos elementos para adjetivar o
comportamento deste ou daquele jornalista", resumiu. "Eu não estou investigando
a imprensa nem a mídia, os meios de comunicação como um todo. Estou
investigando condutas individuais que podem ter sido criminosas. Não posso criar
adjetivos agora para dizer se foram ou se não foram."
Odair acrescentou que ainda não decidiu se irá requerer já no dia 17 quebra de
sigilos de jornalistas e dos deputados federais citados nas investigações, como
Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), Sandes Júnior (PP-GO) e Rubens Otoni (PT-GO).
"Estamos avaliando."
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Ruralistas lançam ofensiva contra vetos
Daniela Martins
Apoiada por 13 partidos na Câmara, a bancada ruralista apresentou ontem um
projeto que restabelece as Áreas de Preservação Permanente (APPs) no Código
Florestal, amplia as situações de "anistia" a quem derrubou florestas além do
permitido e prevê indenização aos produtores familiares obrigados a recompor
matas ciliares à beira de cursos d'água.
O texto é uma tentativa de restabelecer pontos retirados do novo Código Florestal,
aprovado na Câmara há duas semanas, mas ainda não sancionado pela presidente
Dilma Rousseff. E também de evitar vetos. O projeto dos ruralistas, costurado pelo
líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), também apresenta um pedido de
urgência para sua votação. O texto é apoiado por PMDB, PP, PSD, PSDB, PDT, PTB
e do bloco PR-PTdoB-PRP-PHS-PTC-PSL-PRTB.
Candidato a comandar a Câmara em 2013, Henrique Alves disse que pretende
preencher as "lacunas" do texto enviado à Dilma. "Algumas questões não podiam
ser aperfeiçoadas. Não era ideal o texto da Câmara ou a proposta integral do
Senado", disse, em referência ao novo Código aprovado na Câmara. Alves estimou
que o texto teria hoje 306 votos, mas que chegará a 350 se PMN, PSC e PHS
apoiarem a proposta. Assim, o novo texto teria suporte superior aos 274 votos
recebidos pelo relatório do deputado Paulo Piau (PMDB-MG) no fim de abril.
O novo texto prevê ampliação da "anistia" a desmatamentos ilegais ao propor que
valeria a partir da publicação da lei o benefício aos produtores que derrubaram
além do permitido até julho de 2008. A bancada ruralista argumenta que o texto do
novo Código Florestal só anistia o produtor depois do registro no Cadastro
Ambiental Rural (CAR) - o que poderia abrir brechas para multas antes dessa
etapa.
O texto também estabelece indenização do governo federal aos produtores de
imóveis rurais de até quatro módulos fiscais (de 20 a 400 hectares, segundo a
região do país) que tenham atividades produtivas em Áreas de Preservação
Permanente (APPs). São os polêmicos benefícios às chamadas áreas consolidadas.
Além disso, o projeto fixa as faixas de recomposição obrigatória da vegetação em
margens de rios, também consideradas como APPs. Pelo novo projeto, cursos
d'água com largura de até cinco metros terão área de preservação mínima de cinco
metros em cada margem. Para rios com largura entre cinco e dez metros, a APP
mínima será de 7,5 metros. A recuperação obrigatória em rios de 10 a 30 metros
deverá ser de dez metros. Além disso, cursos d'água com largura superior a 30
metros, a recomposição terá que ser igual à metade da largura do rio até o limite
máximo de 100 metros de cada lado da margem.
A única regra de recomposição para imóveis com áreas consolidadas em APPs nas
margens de rios que está no texto aprovado pelo Congresso é mais dura que a
prevista no projeto: prevê APP de 15 metros para rios de até dez metros de
largura. A nova proposta dos ruralistas fixa também que a recuperação de
nascentes em APPs "somente poderá ser exigida" após avaliação do órgão
ambiental local. A recomposição nessas áreas não deverá ultrapassar o limite de 30
metros de raio. O texto prevê, ainda, que o limite máximo de recomposição nas
pequenas propriedades com áreas consolidadas em APPs será de 50% na Amazônia
Legal e de 20% nas demais regiões do país.
O Globo
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Tentativa mensaleira de manipular a CPI (Editorial)
Fariam melhor se ajudassem a CPI a mapear o crime organizado
Continuam as manobras de facções radicais do PT, ligadas aos mensaleiros, para
usar a CPI do Cachoeira com objetivos sem qualquer relação com o escândalo da
montagem de uma rede de influência em todos os poderes da República pelo
bicheiro goiano.
Uma das intenções é constranger o procurador-geral da República, Roberto Gurgel,
por ser ele o responsável pelo encaminhamento da denúncia do Ministério Público
Federal contra os envolvidos no esquema de troca de dinheiro sujo — inclusive
público — por apoio parlamentar ao governo, na primeira gestão de Lula.
Estes grupos começaram a pressionar Gurgel quando, no estouro do escândalo,
com a descoberta da proximidade entre Carlinhos Cachoeira e o senador
Demóstenes Torres (GO), foi noticiado que o procurador-geral recebera em 2009 o
inquérito da Operação Las Vegas, da PF, e nada fizera. Nele já havia registros da
afinidade da dupla.
Instalada a CPI, as facções partiram para tentar uma convocação de Gurgel ou
convite. Não importava, contanto que o procurador-geral da República
comparecesse perante os holofotes da comissão, para certamente ouvir toda sorte
de provocações de representantes dos mensaleiros.
O procurador já explicara ter mantido o primeiro inquérito no gabinete, para que
seu conhecimento público não prejudicasse as novas investigações da PF, na
sequência da Operação Las Vegas. Além disso, afirmou, não havia bases sólidas
para o indiciamento de Demóstenes. Não há por que rejeitar a explicação lógica de
Gurgel, pois, de fato, a operação seguinte, a Monte Carlo, foi um sucesso. A CPI e o
início do processo de cassação do senador são a prova.
No primeiro depoimento tomado pela comissão, o delegado da PF Raul Alexandre
Marques Souza confirmou o envio do inquérito ao procurador e a decisão dele de
nada fazer naquele momento. E, com isso, as pressões sobre Gurgel voltaram. Na
quarta-feira, o procurador-geral foi claro: “Há protetores de réus (do mensalão)
como mentores disso”. Ou seja, da campanha para levá-lo à CPI.
Como o objetivo é político e de constrangimento pessoal, não adiantou, também,
Gurgel explicar que, por lei, não pode falar sobre inquéritos sobre os quais se
pronunciará como procurador da República.
Também é de fundo político-ideológico a definição por esta facção radical,
minoritária no PT, de um segundo alvo na CPI: a imprensa independente. O fato de
Cachoeira ter sido fonte de denúncias publicadas pela revista “Veja” contrárias a
interesses do grupo leva à tentativa de conversão da comissão num exótico tribunal
de julgamento do jornalismo profissional.
Parece uma forma de buscar alguma vantagem no “tapetão” político depois que as
tentativas institucionais de manietar a imprensa se frustaram. Dilma, como Lula, se
mantém distante dessas aventuras, numa demonstração de maturidade.
Acima de tudo, o Brasil já demonstrou que tem instituições em pleno
funcionamento, capazes de defender a Constituição, na qual é estabelecido como
cláusula pétrea o direito à liberdade de imprensa e expressão, entendimento
reafirmado não faz muito tempo pelo Supremo.
Fariam melhor os radicais se gastassem seu tempo fazendo a CPI funcionar para de
fato mapear as conexões do crime organizado dentro do Estado brasileiro.
Agência Brasil
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Indústria registra queda na produção em cinco das 14 regiões
pesquisadas em março pelo IBGE
Paulo Virgilio
Brasília - A produção industrial brasileira registrou em março queda em cinco dos
14 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
com três estados apresentando uma queda acima da média nacional para o período
(-0,5%). De acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal Produção FísicaRegional, divulgados ontem (10), a queda na comparação com fevereiro foi de
1,3% na Bahia, 0,7% em Minas Gerais e 0,7% em Santa Catarina. No maior parque
fabril do país, São Paulo, a taxa negativa foi 0,3%, inferior, portanto, à média
nacional.
Já no confronto com março de 2011, as perdas mais intensas foram verificadas em
São Paulo (-6,2%) e Santa Catarina (-6%). Rio de Janeiro e Espírito Santo, ambos
com uma queda de 2,4%, também registraram recuos maiores que a média
nacional nesse tipo de comparação (-2,1%).
De fevereiro para março, os indicadores regionais da produção industrial assinalam
resultados positivos no Paraná (9,8%), em Goiás (6,7%) e no Amazonas (6,5%).
Os três estados haviam apresentado quedas expressivas de produção no mês
anterior, chegando a 8% no Amazonas e a 7,4% no Paraná. Rio Grande do Sul
(2,6%) e Rio de Janeiro (2,5%) também tiveram desempenho positivo mais
acentuado em março.
Na comparação com março de 2011, Goiás, com 24%, e Paraná (15%)
apresentaram as expansões mais acentuadas. De acordo com o IBGE, esse
crescimento ocorreu devido à maior produção do setor de produtos químicos, no
primeiro estado, e de edição e impressão, no segundo.
No indicador acumulado para o primeiro trimestre de 2012, a queda na produção
industrial ocorreu em oito dos 14 locais pesquisados pelo IBGE. Na média nacional,
houve uma perda de 3%, mas quatro estados ficaram acima dessa taxa: Rio de
Janeiro (-6,8%); São Paulo (-6,2%); Santa Catarina (-5,9%) e Ceará (-4,3%).
Segundo o IBGE, o desempenho da indústria nos oito estados que registraram
taxas negativas reflete a redução na fabricação de bens de consumo duráveis
(automóveis, motos, aparelhos de ar condicionado, telefones celulares) e bens de
capital (caminhões), além de uma menor produção também nos setores extrativo
(minério de ferro), têxtil, vestuário e metalurgia básica.
Já os resultados positivos mais acentuados no trimestre foram registrados em Goiás
(18,8%), na Bahia (8%) e no Paraná (7,4%). De acordo com o IBGE, isso ocorreu
devido, respectivamente, à maior produção de medicamentos, resinas
termoplásticas e livros e impressos didáticos.
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Acidentes de trabalho mataram 464 pessoas no estado de São
Paulo em 2011
Daniel Mello
São Paulo – Os acidentes de trabalho mataram 464 pessoas no estado de São Paulo
ao longo de 2011, em uma média de mais de um caso por dia. Segundo balanço da
Divisão de Saúde do Trabalhador da Vigilância Sanitária Estadual, foram notificados
55,4 mil acidentes ocupacionais durante todo o ano passado.
As principais causas das mortes durante o trabalho foram os acidentes de trânsito,
as quedas de edifícios, a exposição à corrente elétrica e o impacto causado por
objetos lançados, projetados ou em queda.
Do total de acidentes notificados, 48% foram classificados como graves, fatais ou
em menores de 18 anos. Cerca de 25,5% das intoxicações têm causas externas e
20,1% foram provocadas por materiais biológicos. Há ainda registros de câncer
relacionado ao trabalho, transtorno mental e perda auditiva induzida por ruído.
Ocorrências de menor gravidade não precisam ser notificadas aos gestores
municipais de saúde.
Para a diretora da Divisão de Saúde do Trabalhador, Simone Alves dos Santos, a
maior parte das fatalidades poderia ter sido evitada. “Praticamente todos os
acidentes aconteceram em situações previsíveis e preveníveis”, ressaltou.
Simone considera o número de mortes em acidente ocupacionais preocupante.
Desde 2006 foram registradas 1,75 mil ocorrências desse tipo. De acordo com ela,
a partir das notificações, são realizadas investigações, com inspeções nos locais de
trabalho para averiguar as condições de segurança. “É no processo de investigação
que são caracterizadas as situações de risco”, ressalta.
Com a identificação dos problemas, a divisão atua com o objetivo de prevenir novos
casos. “A busca é sempre pela modificação da situação de trabalho”, destaca a
diretora. Além disso, Simone diz que as estatísticas envolvendo os acidentes estão
sendo aprimoradas para nortear políticas públicas que diminuam essas ocorrências.
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Conselho pede fim da reserva de leitos em hospitais públicos
para planos de saúde
Carolina Pimentel
Brasília – Resolução do Conselho Nacional de Saúde, aprovada ontem (10), pede à
Justiça de São Paulo que considere ilegal lei estadual que reserva 25% dos leitos
dos hospitais públicos, administrados por organizações sociais, a usuários de planos
de saúde.
Na próxima terça-feira (15), o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) irá julgar
mérito de recurso apresentado pelo governo de São Paulo para manutenção da lei,
contestada pelo Ministério Público estadual na justiça. Nas primeira e segunda
instâncias, os juízes concederam liminares suspendendo os efeitos do decreto.
Para o conselheiro Jorge Venâncio, os pacientes irão aguardar ainda mais tempo
por atendimento na rede pública se o decreto vigorar. Atualmente, a espera por
uma consulta básica na cidade de São Paulo é, em média, de 4 meses, e para
serviço especializado, cerca de 1 ano, conforme o conselheiro.
“Retirar 25% desse espaço público para ceder aos planos de saúde só pode piorar a
situação, não tem como melhorar. Essa medida é prejuízo grave para o usuário do
SUS se implantada. Esperamos que a justiça mantenha o bom senso que teve até
agora”, disse Venâncio, representante do segmento dos usuários do SUS no
conselho.
O conselho argumenta ainda que a lei favorece a prática de “dupla porta” de
entrada, “selecionando beneficiários de planos de saúde privados para atendimento
nos hospitais públicos, promovendo, assim, a institucionalização da atenção
diferenciada com preferência na marcação e no agendamento de consultas, exames
e internação e melhor conforto de hotelaria”.
A lei foi aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo e regulamentada por
decreto assinado pelo governador Geraldo Alckmin, em julho do ano passado.
O decreto diz que as entidades não devem dar preferência aos clientes dos planos
privados em detrimento de outros usuários. E prevê que as instituições devem
cobrar dos planos ressarcimento pelo atendimento de seus segurados “para
serem aplicados na melhoria e na oferta de serviços do Sistema SUS, observadas
as diretrizes fixadas pela Secretaria da Saúde”.
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Empresas paulistas fornecem dados falsos sobre autorizações
judiciais para trabalho infantil, diz auditora
Alex Rodrigues
Brasília – A Superintendência do Ministério do Trabalho e Emprego em São Paulo
decidiu, no mês passado, checar todos os casos das empresas paulistas que
informaram ter contratado funcionários com menos de 16 anos de idade graças à
obtenção de autorizações judiciais.
Segundo a coordenadora do projeto de combate ao trabalho infantil da
superintendência paulista, Carolina Vanderlei Castro de Almeida, só em 2010, as
empresas paulistas informaram a existência de 2.597 autorizações judiciais. Desse
total, 329 envolviam jovens da capital do estado, por onde os auditores começaram
o trabalho de inspeção por amostragem. De acordo com Carolina, dos 100 registros
de permissões já checados, nenhum foi confirmado.
“Ficamos um pouco surpresos com o número de alvarás judiciais existentes
informados pelas empresas. É um número tão grande que decidimos estabelecer
um percentual de amostragem que pretendemos fiscalizar até setembro. Ainda
estamos no início dos trabalhos, mas das 100 autorizações que já inspecionamos,
nenhuma existe de fato”, adiantou Carolina, sugerindo que o resultado inicial indica
que o número total de autorizações com que o Ministério do Trabalho e o Ministério
Público do Trabalho vêm lidando pode não corresponder à realidade.
Em outubro do ano passado, a Agência Brasil noticiou a existência de 33 mil
autorizações judiciais de trabalho infantil. São Paulo ocupava o primeiro lugar no
ranking de estados. Os dados fazem parte da Relação Anual de Informações Sociais
(Rais) fornecidos por empresas de todo o país entre os anos de 2005 e 2010.
De acordo com a coordenadora, isso ocorre porque muitas das empresas
forneceram informações erradas sobre seus empregados. “Uma empresa declarou
ter contratado um motorista de apenas 11 anos com a autorização de um juiz.
Também encontramos vários casos de pessoas cuja data de nascimento foi
registrada errada. É um erro de digitação. O problema é que, quando isso acontece,
o sistema [de preenchimento da Rais] pergunta se há o alvará judicial. O
responsável então simplesmente diz que sim e envia a Rais”, disse Carolina à
Agência Brasil.
“O erro de digitação pode ser displicência, mas responder que tem uma autorização
judicial em vez de corrigir o erro é fornecer informação falsa, uma infração passível
de ser multada”, ponderou a coordenadora, acrescentando que os auditores
identificaram um menor de idade trabalhando sem autorização judicial. “Já
autuamos 26 empresas que informaram ter um alvará e que não tinham e esse
auto de infração podem se tornar uma multa do Ministério do Trabalho”.
A Constituição Federal proíbe a contratação de menores de 16 anos (salvo na
condição de menor aprendiz, a partir de 14 anos) e veda a presença de menores de
18 anos em ambientes perigosos ou insalubres, incluindo o trabalho noturno.
Carta Maior
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Os encontros entre Policarpo, da Veja, e os homens de
Cachoeira
Levantamento feito a partir de documentos da Operação Monte Carlo indicam que o
editor da revista Veja esteve, pelo menos, 10 vezes com o contraventor Cachoeira
e membros de sua organização. Em geral, os temas dessas conversas acabaram se
transformando em matérias da revista. Operação no Hotel Nahoum, que envolveu
tentativa de invasão do quarto de José Dirceu, também foi tema dessas conversas.
Vinicius Mansur
Brasília - Um levantamento do inquérito 3430, resultado da Operação Monte Carlo,
da Polícia Federal (PF), indica que o editor da revista Veja em Brasília, Policarpo
Júnior, e a quadrilha do contraventor Carlinhos Cachoeira se encontraram
presencialmente, pelo menos, 10 vezes. Só com Cachoeira foram 4 encontros.
O número pode ser maior, uma vez que a reportagem de Carta Maior teve acesso
apenas ao apenso 1 do inquérito, com 7 volumes. Entretanto, existem mais dois
apensos que, juntos, tem 8 volumes.
O primeiro destes encontros foi marcado para o dia 10 março de 2011. Em ligação
telefônica no dia 9 daquele mês, às 22:59, Cachoeira diz ao senador Demóstenes
Torres (então do DEM, hoje sem partido):
“É o seguinte: eu vou lá no Policarpo amanhã, que ele me ligou de novo, aí na hora
que eu chegar eu te procuro.”
No dia 27 de abril, Cachoeira anunciou ao diretor da construtora Delta no CentroOeste, Cláudio Abreu, outro encontro com o jornalista. Sobre a ligação,
interceptada às 07:19, o inquérito da PF relata:
“Carlinhos diz que vai almoçar com a prefeita de Valparaíso e com Policarpo da
revista Veja”.
Às 09:02, o contraventor avisa a Demóstenes do almoço com Policarpo:
“Eu vou almoçar com o Policarpo aí. Se terminar o almoço e você estiver lá no
apartamento eu passo lá.”
O senador respondeu:
“Ok... o Policarpo me ligou, tava procurando um trem aí. Queria que eu olhasse pra
ele algumas coisas. Pediu até pra eu ligar para ele mais tarde, não quis falar pelo
telefone”.
Nesta mesma conversa, Demóstenes pediu conselhos a Cachoeira sobre sua
mudança de partido. Cachoeira afirmou que “esse DEM já naufragou” e disse:
“Tem que ir pro PMDB, até pra virar do STF né?”
O terceiro encontro: o alvo é Zé Dirceu, não a Delta
A partir do dia 7 de maio de 2011, aparecem conversas da quadrilha de Cachoeira
sobre a reportagem “O segredo do sucesso”, assinada por Hugo Marques e
publicada pela revista Veja na edição 2216, daquele mesmo fim de semana. A
matéria relaciona o crescimento da empresa Delta com os serviços de consultoria
de José Dirceu.
Em ligação do dia 8 de maio, às 19:58, Cachoeira diz a Cláudio Abreu que
Demóstenes vai trabalhar nos bastidores do Senado para abafar a reportagem.
No dia 9, às 23:07, Cláudio pergunta ao bicheiro se ele irá “no almoço com aquele
Policarpo” no dia seguinte. Cachoeira responde:
“Ah o Policarpo eu encontro com ele em vinte minutos lá no prédio, é rapidinho”.
No dia 10, às 14:43, Cachoeira conversa com Cláudio. O resumo da ligação feito
pela PF diz: ”Carlinhos conta a Cláudio sobre a conversa que teve com Policarpo, da
Veja, a respeito da reportagem que saiu na revista no último final de semana”.
Em outra ligação, no dia 11, às 09:59, Idalberto Matias de Araujo, o Dadá, tido pela
PF como braço direito de Cachoeira, conta ao bicheiro que conversou com o
repórter da Veja, Hugo Marques, que lhe revelou que o alvo de sua reportagem era
“Zé Dirceu e não a Delta”.
O quarto encontro foi com Cláudio Abreu. No dia 29 de junho de 2011, às 19:43,
Cláudio disse a Cachoeira que esteve com Policarpo e passou informações sobre
licitação da BR 280. As informações foram parar na reportagem “O mensalão do
PR”
, publicada na edição 2224 da revista Veja, dando origem as demissões no
Ministério dos Transportes.
No dia 7 de julho, às 09:12, Cláudio conta a Cachoeira que “o JR” quer falar com
ele.
Cachoeira: “Que que é JR?”
Cláudio: “PJ, né amigo.”
Cachoeira: “PJ?”
Cláudio: “Pole.”
Cachoeira: “O que?”.
Cláudio: “Engraçado lá, Carlinhos. Policarpo, porra.”
No dia 26 de julho de 2011, Policarpo perguntou a Cachoeira, em telefonema às
19:07, como fazer para levantar umas ligações entre o deputado Jovair Arantes
(PTB-GO) e “gente da Conab”.
No dia 28, às 17:19, uma ligação interceptada pela PF entre Jairo Martins, o
araponga de Cachoeira, e uma pessoa identificada apenas como “Editora Abril” é
sucintamente resumida pela palavra “encontro”.
No fim de semana seguinte a revista é publicada com a reportagem “Dinheiro por
fora”, trazendo informações sobre o financiamento de campanha de Jovair e de
outros políticos de Goiás por empresa favorecida pela Conab.
Invadindo o hotel Naoum
No dia 2 de agosto de 2011, às 10:46, Jairo Martins, marca encontro por telefone
“no Gibão do Parque da Cidade” com “Caneta”, identificado inicialmente pela PF
como alguém da Editora Abril. Às 12:04, Jairo informa a Cachoeira que irá almoçar
com “Caneta” às “15 pra uma” para tratar “daquela matéria lá (...) que ta pronta”.
Às 14:30, o araponga informa ao bicheiro que “Caneta” quer usar imagens do hotel
“pra daqui a duas semanas, que naquele período que ele me pediu, o cara recebeu
25 pessoas lá, sendo que 5 pessoas assim importantíssimas” (sic). Ele também se
mostra preocupado e diz que o combinado era não usar as imagens. Cachoeira diz:
“Põe ele pra pedir pra mim”.
Às 21:03, Cachoeira revela a identidade de “Caneta”. O contraventor conta a
Demóstenes:
“...o Policarpo vai estourar aí, o Jairo arrumou uma fita pra ele lá do hotel lá, onde
o Dirceu, Dirceu, é, recebia o pessoal na época do tombo do Palocci”.
Segundo Cachoeira, Policarpo pediu para “por a fita na Veja online”.
No dia 4, às 17:18, Cachoeira fala com Policarpo ao telefone e pede para ele ir
encontrar Cláudio Abreu, da Delta, que está esperando. Às 17:31, Cachoeira
diz para Claudio mandar Policarpo soltar nota de Carlos Costa.
Às 17:47, Cláudio pergunta onde a nota deve ser publicada. Cachoeira diz que no
“on-line já ta bom”, mas “se for na revista melhor”. Às 18:37, o bicheiro informa ao
diretor da Delta que Policarpo “está com um problema sério na revista”, pediu para
desmarcar o encontro e receber a nota por email.
No dia 10 de agosto, às 19:11, Cláudio conta ao chefe da quadrilha que estará em
Brasília no dia seguinte para falar com “PJ”. No mesmo dia, às 19:22, Jairo e
Policarpo combinam por telefone um “encontro no churrasquinho”. Às 20:41, Jairo
e Cachoeira falam sobre liberação das imagens.
No dia 11, às 08:58, Carlinhos fala a Demóstenes que almoçará com Policarpo. O
resumo de uma ligação às 14:09, entre Cachoeira e Cláudio, afirma que “Carlinhos
está no Churchill, possivelmente com Policarpo Júnior”. Às 20:05, em conversa com
Demóstenes, Cachoeira conta que encontro com Policarpo foi para ele “pedir
permissão para o trem lá do Zé”.
No dia 15, às 10:12, Cachoeira orienta Jairo para “matar a conversa com
Policarpo”:
“Nós temos que pedir aquele assunto para ele.”
Às 19:04, Policarpo marca encontro com Jairo “em 10 minutos no espetinho”. O
resumo de uma ligação entre os dois às 19:26 diz “encontro”.
O resumo de uma ligação às 12:45 do dia 16 descreve:
“Carlinhos diz que liberou, que só falta ele liberar. Jairo diz que falta pouca coisa.
Acha que hoje ele libera.”
No fim de semana de 27 e 28 de agosto de 2011, a revista Veja deu uma capa com
o título “O Poderoso Chefão”, em alusão a influência que o ex-ministro José Dirceu
ainda tinha sobre o PT e o governo de Dilma Rousseff. A reportagem trouxe
imagens de vários políticos visitando Dirceu dentro do Hotel Naoum, onde ele se
hospedava em Brasília, afirmando que Dirceu articulou a queda do então ministro
da Casa Civil, Antônio Palloci.
O repórter da Veja, Gustavo Ribeiro, foi acusado de tentar invadir o apartamento
de Dirceu. A polícia também investiga como as imagens do circuito interno do hotel
foram capturadas.
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Jornalista expõe vínculos entre grupo Murdoch e governo de
David Cameron
O depoimento do jornalista Andy Coulson perante a Comissão Leveson, que
investiga a relação entre os meios de comunicação e o mundo político britânico,
desnudou nesta quinta-feira os vínculos entre o grupo multimidiático Murdoch e o
governo do primeiro ministro David Cameron. O ex-chefe de imprensa de Cameron
e ex-editor da extinta publicação sensacionalista “News of the World” expôs
conflitos de interesse que mostram que governo foi, no mínimo, negligente. O
artigo é de Marcelo Justo.
Marcelo Justo - De Londres
A Comissão Leveson, que investiga a relação entre os meios de comunicação e o
mundo político britânico, desnudou nesta quinta-feira os vínculos entre o grupo
multimidiático Murdoch e o primeiro ministro David Cameron. O ex-chefe de
imprensa de Cameron e o ex-editor da extinta publicação dominical sensacionalista
“News of the World”, Andy Coulson, reconheceu ante a Comissão que tinha cerca
de 70 mil dólares em ações na companhia dos Murdoch, News International, e que
assistiu a reuniões dos organismos máximos de segurança do governo, sem se
submeter à checagem de segurança estabelecida para os funcionários de alto nível.
“Nunca me perguntaram se eu tinha ações e como eu sabia que não estava
envolvido em nenhuma atividade comercial, nem na oferta pela BSkyB, nunca me
ocorreu que poderia haver aí um conflito de interesse”, justificou-se Coulson.
O conflito de interesse era óbvio. Em junho de 2010, um mês depois de formada a
coalizão conservadora-liberal democrata, o grupo Murdoch, que controlava 39,1%
das ações da BSkiB, realizou uma oferta pelo resto do pacote acionário da cadeia
televisiva.
A oferta gerou uma intensa polêmica pelo impacto que podia trazer sobre a
liberdade de imprensa e obrigou o governo a pedir a intervenção da agência
regulador dos meios de comunicação, OFCOM. Naquele momento, Coulson era
responsável pela elaboração da agenda midiática governamental. Segundo as
regras ministeriais, Coulson deveria ter informado ao secretário de gabinete Gus
O’Donnel sobre seu vínculo com a News Corp, mas o fato de não fazê-lo não é um
mero problema individual. O governo, que tem uma série de códigos e mecanismos
para intervir nestes temas, aparece, no mínimo, como negligente.
A Comissão Leveson encontrou uma segunda instância em que não se aplicou a
Coulson o rigoroso sistema de verificação pessoal e financeira ao qual são
submetidos todos os funcionários de alto nível governamental antes que assumam
seus postos. Coulson reconheceu ante a Comissão que teve acesso a segredos de
estado durante o período em que trabalhou como chefe de imprensa de Cameron.
Os ministros e funcionários com acesso a este tipo de informação têm que ser
autorizados por um sistema interno de checagem que procura esclarecer se tem
algum “esqueleto no armário”, seja em nível ideológico, de conexões suspeitas ou
que os torne passíveis de extorsão. Até o momento, Downing Street (residência
oficial do governo) insistia que Coulson tinha recebido o nível apropriado de
autorização para seu cargo.
Segundo o próprio Coulson admitiu à Comissão nesta quinta, ele tinha na verdade,
um nível muito mais baixo e genérico que o requerido para ter acesso a operações
antiterroristas ou a segredos militares sobre o Afeganistão.
Esse relaxamento é mais surpreendente se se leva em conta sua história prévia. O
hoje ex-chefe de imprensa de Cameron renunciou como editor do “News of the
World” em 2007, logo depois de a justiça ter condenado um jornalista e um
detetive privado que trabalhavam para a publicação dominical, por sua participação
no escândalo das escutas telefônicas. Como editor de um jornal que se caracterizou
durante anos por expor a roupa suja ou trivialidades da monarquia, dos políticos,
artistas e celebridades, Coulson tinha potencialmente vários “esqueletos no
armário”. Apesar disso, foi nomeado por Cameron logo depois de sua renúncia
como chefe de imprensa do Partido Conservador.
Em seu testemunho ante a Comissão, Coulson negou que isso tenha tido algum
vínculo com a política da News Corp que, até então, apoiava o Novo Trabalhismo,
mas que dois anos depois de sua nomeação declarou seu apoio a Cameron. É difícil
determinar se, neste momento, Coulson era representante de Murdoch ante
Cameron ou de Cameron ante Murdcoh, mas se suspeita que, por seus contatos
com a New Corp era, no mínimo, uma peça essencial para azeitar os vasos
comunicantes entre ambos. Suas declarações abrem cada vez mais interrogações
sobre o primeiro ministro que, nesta sexta-feira, ficará exposto outra vez quando
Rebekah Brooks, ex-executiva da News International, o braço britânico da News
Corp, comparecerá ante a Comissão.
Opovo.com.br
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MP reage à demolição
O Ministério Público Estadual informa para esta Vertical que, por meio do promotor
de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Controle Urbano, Raimundo Batista de
Oliveira, está apurando a responsabilidade de quem determinou a demolição da
Chácara Flora, situada na rua Marechal Deodoro (Bairro Benfica). Essa chácara
passava por um processo de tombamento e estava sob proteção do município de
Fortaleza. A Construtora e Imobiliária Douglas demoliu a Chácara Flora em 30 de
dezembro de 2011 e acabou multada pela Seman em R$ 844.200,00. Raimundo
Batista cobra principalmente explicações da Secretaria de Cultura de Fortaleza
(Secultfor). Segundo o promotor, a própria Secultfor havia participado do processo
de tombamento da Chácara Flora e teria comunicado os representantes da Regional
IV a respeito da situação. Mesmo assim, a construtora foi autorizada a executar a
obra.
LIÇÃO DE PROTESTO
Professores da UFC e Unilab vão paralisar atividades na próxima terça-feira. Hora
de protestar contra a União, que não promoveu ainda a reestruturação de carreiras,
o que gera também perdas salariais. Pode vir greve em junho.
MARCHA DA POLÊMICA
Fortaleza terá amanhã uma “Marcha pela Legalização da Maconha”. A concentração
ocorrerá a partir das 14 horas, no aterro da Praia de Iracema, de onde
manifestantes sairão com destino ao calçadão da Beira Mar.
BÚSSOLA
Problemão na sinalização turística da rua Antônio Pompeu, Centro (foto). Indica
rota para a B-222, mas troca o “Litoral Oeste” pelo “Litoral Leste”. Quem não
conhece a cidade acaba mais perdido do que turista de primeira viagem.
NERVOSOS
Vereadores do PMDB estão desesperados com a possibilidade de rompimento do PT
com o PSB. Isso, porque o PMDB acompanharia o PSB de Cid Gomes e essa turma
acabaria tendo que ser infiel ou entregar cargos que lhe dão respaldo eleitoral.
A FILA ANDA
Os juízes Luiz Evaldo Gonçalves Leite e Francisco Gomes de Moura tomam posse
hoje, às 17 horas, como desembargadores - critérios de merecimento e antiguidade
respectivamente. Mas já surgiu nova vaga: a do desembargador José Maria dos
Martins Coelho vai para a compulsória.
DILMA DA CUT
O presidente nacional da CUT, Artur Emílio, participará hoje do congresso estadual
da entidade, que ocorrerá até sábado, em Beberibe. Joana Almeida, líder rural de
Crateús, pode ser eleita a presidente da CUT/Ceará.
BARRADO NO BAILE
O deputado federal Danilo Forte lamenta que a pesquisa do Ibope, encomendada
pelo PSB, sobre sucessão em Fortaleza, não tenha incluido o seu PMDB.
HORIZONTAIS
A Ceasa realiza a Feira Flor, com espécies variadas, que podem servir de presente
para as mães.
O encontro estadual de amanhã do PDT, na Câmara Municipal, terá sabor especial
para o presidente municipal Papito de Oliveira. Ele vai comemorar 26 anos de
filiado e se define como “brizolista” de primeiro costado.
Só lembrando: “Bom não deixar pra última hora a compra do presente da
mamãe!”
SOBE
CÂMARA Municipal de Fortaleza, que estende o “Ficha Limpa” para cargos
comissionados
DESCE
CIDADÃOS que não permitem acesso a sua casa dos agentes de saúde que
combatem a dengue
Rádio Web – Jornal Brasil Atual
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Artur Henrique, presidente da CUT será homenageado por
metalúrgicos do ABC nesta sexta-feira
O presidente da CUT Nacional, Artur Henrique, será homenageado com o prêmio
João Ferrador neste ano, personagem-símbolo dos metalúrgicos do ABC. A
premiação foi criada em 2009 para, segundo o sindicato, homenagear
personalidades e entidades que contribuem para a promoção da cidadania, dos
direitos humanos e sociais, da Justiça e da democracia
 http://www.redebrasilatual.com.br/radio/programas/jornal-brasilatual/artur-henrique-presidente-da-cut-sera-homenageado-pormetalurgicos-do-abc-nesta-sexta-feira/view
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O cheiro fétido das instituições
Ontem foi um dia duro para a democracia brasileira. Descobrimos o que
fundamenta a ousadia e a arrogância desmedidas dessas máfias da comunicação e
a razão do estado de miséria em que se encontram as nossas instituições. Sabemos
agora por que gangsteres empresariais, políticos, jurídicos e midiáticos ousam
tanto.
Apesar de Roberto Gurgel ter sido acusado por dois delegados da Polícia Federal de
ter engavetado denúncias contra o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o senador
Demóstenes Torres, o procurador-geral da República aparece na tevê, banhado de
arrogância, negando explicações e acusando os parlamentares do governo e da
oposição que as pediram.
Aí vem a mídia e sustenta a desfaçatez e a arrogância de Gurgel mesmo após ele
ter permitido a Carlinhos Cachoeira que continuasse corrompendo a República por
quase três anos além do necessário.
Em seguida, dois juízes do Supremo Tribunal Federal se mostram em sintonia com
o poder midiático. Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa dizem o impensável, que
Gurgel é inatacável, fazendo-nos refletir sobre como é possível que um cidadão
seja colocado acima da lei por… Juízes!
Mesmo que outro juiz, Marco Aurélio Mello, tenha surpreendido a todos ao
reconhecer a “extravagância” que foi Gurgel atribuir a envolvidos no escândalo do
mensalão a culpa por estar sendo cobrado por sua inação pretérita, note-se que a
opinião pública foi manipulada porque os telejornais esconderam o fato.
Legislativo e Judiciário, portanto, foram arrastados para o jogo político por meia
dúzia de impérios de comunicação pertencentes a meia dúzia de famílias. E como o
PT e aliados têm o Executivo e a maioria do Legislativo, além de seu quinhão no
Judiciário, vemos os dois lados mobilizando as instituições para uma guerra política.
Em jogo, o poder dessas empresas de comunicação de inocentarem e acusarem a
quem bem entendem enquanto se concedem licença para o que lhes der na telha,
num simulacro da mesma ascendência que outro empresário tinha sobre as
instituições e que considerava inesgotável.
Um empresário, no entanto, que hoje está vendo o sol nascer quadrado.
A mídia, portanto, engana-se. Mesmo com Gilmar Dantas – ou Mendes, tanto faz –,
com o chefe do Ministério Público Federal e com boa parte de seu corporativismo
nas mãos, não deve se esquecer, repito, de como Cachoeira já se considerou
“inatacável”, de como superestimou o próprio poder.
A mídia que acha que tem ainda menos explicações a dar do que Roberto Gurgel,
contudo, é a mesma que antes elegia presidentes e que há 9 anos perdeu esse
poder. E é a mesma que, agora, corre o risco de ver outra grande manipulação sua
virar pó.
Lembram-se de que a máfia midiática dizia que havia mais evidências de
envolvimento do governo Agnelo Queiróz com Cachoeira do que deste com o
governador Marconi Perilo? Lembram-se dos diagnósticos de Reinaldo Azevedo ou
de Merval Pereira, entre outros calunistas do PIG, nesse sentido?
Agora, a cada minuto que passa Perillo se enrola mais e vai ficando cada vez mais
claro que Agnelo não tem nada de mais grave pesando contra si. De que adiantou,
então, a mídia manipular os fatos? A verdade vai aparecendo. Quer queira, quer
não. E não irá parar de aparecer, pois, ainda que muitos não creiam, ela é uma
força da natureza como o vento ou a chuva.
O que preocupa, entretanto, é ver as instituições se digladiando e até membros do
STF estarem dando declarações a favor de Gurgel mesmo a despeito de que,
amanhã, esses mesmos membros poderão ter que julgá-lo.
Como Joaquim Barbosa julgaria o mesmo Gurgel que hoje diz “inatacável”? Como
Gilmar Mendes poderia julgá-lo após ter endossado sua acusação indigna de que os
questionamentos contra si derivam de “medo de envolvidos no mensalão”?
E mais: como dois juízes, sem conhecer a fundo um caso, sem estudá-lo, sem
analisar provas ou meras evidências, podem emitir sentença tão séria?
Mesmo que a verdade triunfe, vamos descobrindo quão podres ainda são as
instituições no Brasil, infestadas que estão de despachantes de interesses menores
que podem vir a se revelar apenas versões menos toscas de um Carlinhos
Cachoeira, mas que, nem por isso, são menos danosos à nossa combalida
democracia.
Altamiroborges.blogspot.com
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Noblat enterra o colunista Demóstenes
Altamiro Borges
Ricardo Noblat já decretou: “Cassação de Demóstenes será de goleada”. Ele só não
sabe se ela será antes ou depois do recesso do Congresso Nacional. “São
necessários 41 votos (metade mais um do total) para que se casse um senador.
Poucos se espantarão no Senado se Demóstenes acabar cassado por algo em torno
de 70 votos”, aposta o jornalista das Organizações Globo.
No artigo publicado hoje no sítio do jornal, Noblat alega que “a imagem do Senado
foi emporcalhada muitas vezes por senadores metidos em falcatruas, senadores
suspeitos de sustentarem a amante com dinheiro de empreiteira, senadores que
violaram o sigilo de votações e senadores que mentiram descaradamente para seus
pares. Ainda não se tinha ouvido falar em senador sócio de bicheiro e honorável
integrante de uma quadrilha”. Noblat está certo. Realmente, o caso é grave e exige
punição exemplar.
Emporcalhou a imagem da mídia
Noblat só não diz que Demóstenes – que ele rotula de senador “sem-partido”,
deixando de enfatizar que ele foi o líder do DEM no Senado, cogitado inclusive para
disputar a eleição presidencial de 2014 pela legenda – também “emporcalhou a
imagem” de setores da mídia. Afinal, o ex-demo era a principal fonte de factóides
da chamada grande imprensa, que o bajulava com arauto da ética.
Ricardo Noblat inclusive não informa os seus leitores que Demóstenes Torres foi,
durante muito tempo, colunista do seu blog! Ele também utilizava este "nobre
espaço" para defender os interesses da quadrilha de Carlinhos Cachoeira e para se
projetar como líder da oposição de direita no país.
Osamigosdopresidentelula.blogspot
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Agora é oficial: documento derruba Gurgel
Um ofício divulgado pela Procuradoria-Geral de Justiça de Goiás derruba a
versão de Gurgel.
Em 8 de março deste ano, o Ministério Público de Goiás, para afastar suspeitas
sobre o chefe do órgão, Benedito Torres, irmão do senador Demóstes Torres (exDEM-GO), divulgou nota comprovando que a Operação Monte Carlo surgiu a partir
de 10 de setembro de 2010, através de um ofício à Polícia Federal pedido pela
Promotoria de Justiça na cidade de Valparaíso.
Com este documento fica comprovado que, do lado dos agentes da lei, não houve
continuidade da Operação Vegas como alegou o Procurador-Geral da República,
Roberto Gurgel, e que entre 15 de setembro de 2009 até 10 de setembro de 2010,
a organização criminosa atuou sem ser importunada por investigações federais,
enquanto o relatório da Operação Vegas dormia na gaveta da Procuradoria.
Eis a íntegra do documento:
http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/1/docs/informe_operacao_monte_carlo.pdf
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