Ano 3 - Número 30 - Distribuição gratuita - JANEIRO 2005 Inspiração providencial Uma frase valeu para a relações públicas Fernanda Moreno Silva, 27 anos, um empurrão providencial. Não foi por menos: a frase dela foi a vencedora do concurso cultural da Londrinatal 2004, que valeu a ela um apartamento no valor de R$ 50 mil. Fernanda está de casamento marcado para outubro. Para compor a frase, ela se inspirou na falta que sentiu de Londrina quanto morou fora. Leão avança sobre empresas de serviço Páginas 3 e 4 Série mostra o perfil do Norte do PR Páginas 18 a 22 Páginas 10 a 14 Eles fazem a noite acontecer O que seria dos jovens, dos notívagos e daqueles que gostam de dançar se não fossem eles, os empresários da noite? Resposta simples, realidade nem tanto. Para os empresários que fazem a noite de Londrina ser uma das mais agitadas do Estado, independente do público, a diversão dos freqüentadores exige muito trabalho, que vara a noite e abocanha também parte do dia. O Jornal da ACIL conversou com os donos de boates, bares, conveniências e casas de show de Londrina para mostrar a realidade dessas empresas. Fotos: Josoé de Carvalho Páginas 14 a 17 Esporte de Londrina terá que suar muito em 2005 Páginas 6 a 9 JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 2 EDITORIAL n o v o s ASSOCIADOS Um bom ano novo... Fechamos o ano de 2004 confirmando as expectativas de crescimento, índices mais que satisfatórios. A inflação ficou dentro do projetado, o crescimento das exportações foi recorde absoluto, as indústrias estão trabalhando com alta capacidade, o comércio fecha o ano com muito movimento e vendendo bem. A prestação de serviços não está dando conta de atender a demanda em diversos segmentos. Todos estes indicadores só não são ainda melhores porque abrimos janeiro com uma saraivada de imposições de reajustes que consomem o lucro de qualquer atividade. É mais que sabido que nenhuma atividade está com margens de lucros satisfatórias, fruto de um mercado que já vem recessivo há muito tempo e de uma economia controlada a migalhas. Quando o País começa a dar sinais de recuperação e fechamos um ano com crescimento e com indicadores de manutenção desta linha, novamente o governo em todas as esferas deixa de fazer a sua parte. Vamos imaginar como se as coisas acontecessem assim: temos uma empresa, trabalhamos desvairadamente, contratamos demais e quem quisermos, pagamos sempre os salários mais altos, por função e não por competência, não cobramos produtividade nem responsabilidade dos empregados, oferecemos benefícios muito além do que se faz no mercado, fazemos o que achamos mais correto, mesmo que não seja o mais importante nem o necessário para o momento, compramos indiscriminadamente, não cuidamos do patrimônio e estamos sempre tendo que reformar e repor, verticalizamos nossos negócios e não planejamos a longo prazo, ajudamos os conhecidos, amigos, parentes com favores direta ou indiretamente, não discriminamos quem nos trai ou nos engana, não somos justos com os desonestos, não temos o melhor produto nem o melhor serviço, mas não temos concorrência, o mercado é reservado para nós. Fazemos o nosso preço a partir da somatória dos nossos custos e da adoção de nossa margem de lucros e crescimento e impomos estes preços ao mercado que é obrigado a pagar. Certamente esta situação fictícia na iniciativa privada seria fadada ao fracasso. O empresário seria chamado de incompetente e estaria fora do mercado rapidamente, por mais necessário que fosse o produto ou serviço. Mas, para os governos, é sempre possível transformar em realidade o que para o setor privado não passa de ficção. Basta passar a conta para outro, nesse caso, nós, empresários, prestadores de serviço e profissionais liberais. O ano mal se iniciou e temos os aumentos absurdos do Imposto de Renda para a prestação de serviços, do transporte coletivo, e outros, IPTU, IPVA, etc...etc...sempre na forma de tributos, taxas e impostos, inúmeras contas que temos que pagar em janeiro, sem análise sobre se a capacidade de pagamento é suportada. Pois vai a informação oficial: ninguém suporta mais tais situações. Estão matando as galinhas! Araci De Fatima Cabral Massariol .................................................................................................................................... Topcafé E Cia. Borges E Prado Ltda. ........................................................................................................................................................... Smart Celular Ca Moraes Calhas. ................................................................................................................................................. Funilaria Celso Calhas Classy - Gran Marmores E Granitos Ltda. ......................................................................................... Classy Gran Marmores E Granitos Cleomodas Presentes Ltda ....................................................................................................................................................... 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Geo Travel Agência De Viagens Associação de Pais e Mestres do Col. Est. Vicente Rijo .............................................................................. Associação De Paes Mestres José Augusto Rapcham FUNDADA EM 5 DE JUNHO DE 1937 RUA MINAS GERAIS, 297, 1º ANDAR, ED. PALÁCIO DO COMÉRCIO. LONDRINA – PR CEP 86010-905 TELEFONE (43) 3374-3000 FAX (43) 3374-3060 E-MAIL [email protected]. Presidente José Augusto Rapcham Diretor Comercial José Roberto Alves Vice-Presidente Rubens Benedito Augusto Segunda Diretora Comercial Silvana Martins Cavicchioli Diretor-Secretário Milton Kazunobo Tamagi Diretor Industrial Nivaldo Benvenho Segunda Diretora-Secretária Juliana de Souza Segundo Diretor Industrial Herson Rodrigues Figueiredo Junior Diretor Tesoureiro Francisco Ontivero Diretor de Serviços Bruno Veronesi Segundo Diretor Tesoureiro Francisco Henrique Francovig Segundo Diretor de Serviços Fernando Lopes Kireeff Presidente do Conselho da Mulher Empresária Helenida Taufik Tauil da Costa Branco CONSELHO DELIBERATIVO George Hiraiwa, Eduardo Yoshimura Agita, Nestor Dias Correia, Brasílio Armando Fonseca, Leonardo Makoto Yoshii, Cristiane Yuri Toma SUPLENTES - Marcelo Massayuki Cassa, Nasser Hassan El Kadri, José Mario Tarozzo O “Jornal da ACILé uma publicação da Associação Comercial e Industrial de Londrina. Distribuição gratuita. Correspondências para o “Jornal da ACIL”, incluindo reclamações e sugestões de reportagens, devem ser enviadas à sede da Associação ou pelo e-mail [email protected]. Coordenação e edição Roberto Francisco Fotografia Josoé de Carvalho Colaboradores Fábio Cavazotti Fernanda Mazzini Jaime Kaster Márcio Leijoto Diagramação e tratamento de imagens Alessandro Camargo Impressão Jornal de Londrina Tiragem JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 3 CARGA TRIBUTÁRIA Mordida silenciosa e feroz MP 232, editada pelo governo na virada do ano, é definida por especialistas como “imoral” e “inconstitucional” Silvio Oricolli Especial para o Jornal da ACIL “Uma mistura de imoralidade e inconstitucionalidade.” Essa é a definição que o advogado tributarista Frederico de Moura Theophilo dá à Medida Provisória 232, editada no dia 30 de dezembro, que surpreendeu e decepcionou os empresários do setor de prestação de serviços. Com a medida, a carga tributária – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) – calculada sobre o lucro presumido ficou 25% maior. Para Theophilo a elevação de 32% para 40% da base de cálculo do IRPJ e CSLL é “imoral”, enquanto a obrigatoriedade de pagamento da CSLL e do IRPJ sobre ganho de grandes empresas, com participação acionária no exterior, de acordo com as variações cambiais, é “inconstitucional”. O presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis, Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas de Londrina (Secon-LDA), José Joaquim Martins Ribeiro, assegura que os prestadores de serviço não têm condições de absorver novos custos, que terão de ser divididos com os clientes. “Por exemplo, no caso dos contadores, não há mais espaço para absorver o aumento pela margem pequena de ganho e nem como repassar aos clientes, que se encontram em situação delicada, tanto que atualmente, o setor convive com uma inadimplência muito alta”, constata. Tanto o presidente do Sescon_LDA como o tributarista Theophilo prevêem que a ganância do governo em aumentar a receita tributária terá dolorosos efeitos colaterais, a começar pelo desemprego. “Até por uma questão de sobrevivência, o setor terá de demitir, como forma de reduzir custos”, alertam. Ribeiro diz que o impacto da medida sobre o prestador de serviços seria menor se pudesse reajustar os honorários na mesma proporção imposta pelo governo, ou seja, em 25%. “O governo pegou pesado e vai complicar a vida de muita gente, justamente no setor “O governo pegou pesado e vai complicar a vida de muita gente, justamente no setor que mais emprega no País” José Martins Ribeiro que mais emprega no País” analisa o presidente do Sescon-LDA. Segundo ele, o governo ao mexer na base de cálculo da tarifa, que passou de 32% para 40%, causou impacto de 25% no valor que o empresário terá de recolher. Ribeiro exemplifica: na tabela passada, sobre o lucro de R$ 100 mil, o empresário previa ganho de R$ 32 mil, ou seja, 32%, sobre o qual recaia os 15% do tributo, totalizando R$ 4,8 mil; com a MP estabelecendo os 40%, o lucro presumido passa para R$ 40 mil, o que resultará em R$ 6 mil. “É muita coisa”, conclui. MEDIDA ANTIÉTICA - Para o tributarista Frederico Theophilo, o objetivo do governo com a MP 232 é tão-somente aumentar a carga tributária sobre as empresas prestadoras de serviço. “Uma medida dessa só pode ser gerada por incompetência ou por falta de ética. Como quem a elaborou não é incompetente, é, portanto, aético. É um ato que, numa análise mais profunda, ofende até a moralidade pública”, desabafa o advogado. “O aumento da carga tributária é imoral e ainda fere o princípio de igualdade, porque é o organizador da produção que acaba taxado no JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 4 “Uma medida dessa só pode ser gerada por incompetência ou por falta de ética. Como quem a elaborou não é incompetente, é, portanto, aético” Frederico Theophilo País. O justo seria que o empregador, que corre todo o risco, tivesse uma carga tributária menor que a dos empregados, porque é ele que, independente de qual seja a situação, terá de pagar os salários. Mas essa é uma questão muito difícil de ser discutida no Judiciário, que se tornou um apêndice do Poder Executivo, pois endossa tudo o que o governo faz. Por isso, estamos órfãos de algo que poderia assegurar os nossos direitos. Este é o sentimento de todos nós, juristas”, enfatiza o tributarista. MALDADES - Para Theophilo, o argumento utilizado pelo governo para editar a MP 232, de compensação para a queda da receita tributária que viria com a correção de 10% na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), não tem fundamento. “O governo não está perdendo nada, pois, ao contrário do que diz, vinha cobrando indevidamente, porque a defasagem do Imposto de Renda é de 46%, já que a tabela está sem correção desde 1996”, argumenta o advogado, ao acrescentar que, em vez de ter redução de R$ 1,8 bilhão com a correção do IR, como apregoa setores do governo, com a medida editada no final do ano, haverá lucro de R$ 4 bilhões. “Os 10% de correção do Imposto de Renda, como o governo anunciou, nem de longe recuperam a defasagem da tabela. Então, a título de pacote de bondade, o governo anunciou um saco de maldades, porque prejudica o setor terciário, que é o maior empregador do País. Por isso, se as empresas não conseguirem repassar esse aumento, vai ocorrer a demissão dos que seriam beneficiados com os dez por cento na tabela do imposto de renda. É a lei da sobrevivência, afinal vivemos em uma selva, sem nenhum direito”, argumenta. José Martins Ribeiro diz que, ao contrário do que o governo anuncia, a tão falada correção de 10% na tabela do IRPF não representará redução significativa para o contribuinte. Em alguns casos, será nula. Por isso, não teria impacto tão grande, como previsto, no resultado da arrecadação tributária do País. “No início do ano, até pode ser ocorra isso, mas depois, com os reajustes dos salários, a arrecadação desse imposto será recomposta”, prevê. Segundo Ribeiro, o empregado que pagava R$ 75,00 a título de IR sobre um salário mensal de R$ 1,5 mil, irá recolher R$ 72,90, caso seu salário seja corrigido em 10% e passe para R$ 1,65 mil. Se o salário for de R$ 3 mil mensais, não haverá Ônibus mais caro engole parte do faturamento Outro aumento que teve impacto direto sobre os custos das empresas foi o do valor da tarifa do ônibus urbano de Londrina, que passou de R$ 1,60 para R$ 1,90, em conseqüência do reajuste de 18,75% autorizado pela Prefeitura e que está em vigor desde o dia 9. O segmento de confecções, por exemplo, que tem 175 empresas e emprega cerca de 5 mil funcionários na Cidade, segundo o Sindicato das Indústrias do Vestuário do Estado do Paraná (Sivepar), já contabiliza os efeitos negativos sobre a margem de ganho. Dependendo da área, podem ocorrer até demissões para diminuir o prejuízo. Laércio João Rockenbach, proprietário da Clarear Beneficiamento de Confecções, que tem 200 funcionários, avalia que o impacto para a empresa foi muito grande, especialmente pela dificuldade que terá de repassar o aumento dos custos aos seus clientes. “A verdade é que estamos em um mercado onde a competição é globalizada, o que dificulta o repasse dos custos”, pondera. Pelos cálculos de Rockenbach, o aumento de R$ 0,30 no valor da tarifa representou acréscimo de 15,46% no gasto com o vale-transporte na empresa, que passou de 2,78% para 3,21% sobre o faturamento bruto da Clarear. “Como se pode ver, o impacto é grande, porque é preciso considerar que ele se soma a outros, como o aumento da carga tributária sobre o lucro presumido das empresas prestadoras de serviço, como é nosso caso, e também a alta do preço da matéria-prima, que não acompanha a queda do dólar. Isso causa um transtorno nos custos”, diz. Com margem de lucro reduzida, em torno de 5%, quando o ideal seria 10%, pela análise do empresário, e como o mercado não tem condições de assimilar o repasse do aumento da tarifa do transporte coletivo, Rockenbach, que também é secretário do Sivepar, diz que o empresário fica “de cabelo em pé”, porque tem de reduzir custos para poder continuar no mercado. “E isso significa redução de mão-deobra e de salário do pessoal.” De acordo com o empresário, a esperança é que as exportações aumentem, o que pode contribuir para melhorar a situação da indústria de confecção brasileira, que atualmente vende apenas 2% da produção ao mercado externo. Álvaro Augusto Gerard, assistente financeiro da Sonhart Confecções, diz que em comparação com os R$ 15 mil gastos na compra de vale-transporte no mês passado, a empresa teve de de- sembolsar R$ 18,6 mil para adquirir os vales deste mês, o que representa um acréscimo de 24% ou R$ 3,6 mil a mais. “Isso é muito, porque o preço dos nossos produtos não sobe há dois anos”, compara. Gerard diz que a Sonhart, que emprega 530 pessoas em dois turnos de trabalho, não tem condições de arcar com mais custos, considerando que sua margem de lucro é de 3%. A alternativa é repassá-lo ao preço dos produtos que vende em todo o País. “De uma forma ou de outra, haverá o repasse, porque a empresa não tem condições de absorver isso”, diz. Segundo Gerard, a empresa não pensa em demitir funcionários por causa disso. No entanto, nas futuras contratações pode dar preferência para quem mora em Cambé, porque o preço da passagem é R$ 1,65. “Como a Sonhart fica próxima à avenida Tiradentes, pode ser que adotemos essa estratégia, como redução de custos, porque, dependendo do número de funcionários, a economia acaba sendo expressiva”, comenta. Atualmente, quase a metade dos empregados da indústria é de Cambé, revela. (Silvio Oricolli) nenhuma vantagem para o empregado, que na tabela antiga recolhia na fonte R$ 401,92: se tiver um aumento salarial de 10%, com os vencimentos passando para R$ 3,3 mil, a retenção do IR passará para R$ 442,15, pelos cálculos do contabilista. “Então, prevalece o velho ditado: o governo dá com uma mão, mas toma com duas”, ironiza. CULPA DO EMPRESÁRIO - Ribeiro diz que o governo adota essas medidas porque sabe que serão aceitas passivamente pela sociedade. “Nós, os empresários, sentimos os efeitos diretos desse tipo de medida, no entanto, aceitamos, com uma ou outra reclamação isolada, o aumento da carga tributária. Era preciso que nos uníssemos em busca de soluções para esse tipo de problema”, reclama. Já o tributarista Theophilo defende que a classe empresarial deveria ter mais representatividade no Congresso Nacional para impedir que o governo continue adotando medidas lesivas ao setor produtivo, como a MP 232. “É mais do que legítimo cobrar do sonegador. Mas é vergonhoso continuar impondo aumentos da carga tributária aos empresários”, sustenta. JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 5 JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 6 ESPORTE Dinheiro curto, desafio maior Com exceção do handebol, outras equipes esportivas da Cidade decepcionaram o torcedor em 2004. Agora, têm a difícil missão de se reerguer, apesar de estarem começando o ano com o ‘caixa quebrado’ Jaime Kaster Especial para o Jornal da ACIL 2004 definitivamente não foi o ano do esporte londrinense. No futebol, o Londrina foi o último colocado da Série B e caiu para a terceira divisão do Campeonato Brasileiro. O rebaixamento agravou a crise financeira do clube. No basquete, a equipe que nos últimos oito anos sempre lotou o Moringão em jogos contra os grandes times do País por pouco não acabou. Com a perda da vaga no Campeonato Nacional para um time de Curitiba, o Londrina Basquete desmontou o elenco em novembro e o presidente já ia renunciar quando surgiu um convite da Confederação Brasileira (CBB) para a equipe jogar o Nacional de 2005. Até a bela seleção de ginástica rítmica – as meninas que sempre representaram Londrina em Olimpíadas e Mundiais da modalidade – foi dissolvida, por ordem da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG). O motivo foi a contenção de gastos. Seria um ano perdido não fosse a boa participação da Unifil na Liga Nacional de handebol. Por isso, 2005 será o ano das equipes tentarem “juntar os cacos” para recuperarem a confiança da torcida e, esta, recobrar sua auto-estima. Futebol, com a bola baixa O Londrina Esporte Clube (LEC) terá a difícil tarefa de reatar com o torcedor, que ainda está magoado com o time, devido ao rebaixamento à Série C. O clube agora precisa dar a volta por cima e inicia a sua luta dia 19 deste mês, quando recebe o Francisco Beltrão, às 20h30, no Estádio Vitorino Gonçalves Dias, em sua estréia no Campeonato Paranaense de 2005. A meta da diretoria é que o time se classifique entre os quatro primeiros do Grupo B para disputar as quartas-de-final. “Embora estejamos com um elenco humilde e barato, com a maior parte dos jogadores formados nas nossas categorias de base, acho que temos condições até de chegar às semifinais do Estadual, como fizemos em 2003 e 2004”, diz o presidente do LEC, Agostinho Garrote. No ano passado, o time terminou em 4º lugar no Paranaense e na temporada anterior havia sido o 3º. Essas boas campanhas garantiram a participação do Tubarão na Copa do Brasil. No ano passado, neste torneio nacional, a equipe passou pelo América-RJ e depois caiu diante do GrêmioRS. Este ano voltará à Copa do Brasil fazendo sua estréia dia 2 de fevereiro, contra o Esportivo, de Bento Gonçalves (RS). Se passar, enfrentará Fluminense Agostinho Garrote: “Temos condições de chegar às semifinais do Paranaense” ou Sampaio Correa (MA). “Dada a situação ruim em que o clube se encontra, a presença na Copa do Brasil ao menos é um estímulo para os jogadores e projeta o nome do clube na mídia”, afirma Garrote. As boas participações do Londrina nesta competição vêm desde 2002, quando o time chegou à segunda fase (perdeu somente para o Cruzeiro, de Sorín e Edílson). E a equipe irá para a Copa do Brasil com o mesmo grupo inscrito no Paranaense. Fora oito a nove jogadores mais experientes, os restantes são ex-juniores oriundos das categorias de base do LEC ou de outras equipes menos expressivas. Com isso, a responsabilidade por levar o Tubarão adiante ficará com jogadores como o goleiro Vilson, os zagueiros Alex, Rodrigo e o volante Jean (vice-campeões estaduais com o Paranavaí em Mesmo com um elenco barato, com boa parte dos jogadores formado nas categorias de base, o LEC planeja chegar à fase final do Campeonato Paranaense 2003); os laterais Cassiano, Fabinho e o meia Marcos Cruz (atletas revelados no LEC); e os meias Edmilson e Nem (que tiveram atuação destacada no clube sob o comando de Freitas Nascimento, em 2001). Mesmo que venha a ter limitações técnicas, o técnico Itamar Bernardes promete que o time de 2005 será “aguerrido, unido e com muita vontade de vencer”. Se dentro de campo as coisas parecem estar se encaminhando, fora dele o clima é sombrio. O clube tem uma despesa fixa mensal que chega a R$ 75 mil, mas ainda não fechou com nenhum patrocinador. O prefeito Nedson Micheleti e a Sercomtel (principal patrocinadora em 2004) ainda não receberam a diretoria para conversar sobre um possível contrato, a PVC Brazil rompeu com o clube no ano passado e o empresário Marcelo Quelho (grupo CDI) vem encontrando muita dificuldade para comercializar cotas de patrocínio do LEC. “O Londrina vê apenas os problemas de cada dia e vem contando com ajudas de pequenas empresas para conseguir se manter”, admite Agostinho Garrote. JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 7 Basquete, com o pé no chão Pelos lados do Londrina Basquete Clube (LBC) a situação é ainda mais desanimadora. Após a perda do título paranaense de 2004 para o Petrocrystal, de Curitiba, a equipe pévermelho – que se tornou uma marca da Cidade e havia sido campeã das oito edições anteriores do Estadual – correu o risco de ser extinta em dezembro. Sem a vaga no Campeonato Nacional de 2005 (que ficou com Curitiba), pela primeira vez desde 1996 o time londrinense ficaria sem calendário. Com isso, obviamente os patrocinadores – entre eles a TIM e o Colégio Maxi – não repassariam qualquer verba à equipe este ano. E aí restaria na Cidade apenas um time amador para disputas como a dos Jogos Abertos. Diante desse cenário desolador e do abandono total por parte dos outros diretores e conselheiros, o presidente Walter Montagna se cansou de tocar o barco sozinho e anunciou que iria renunciar em dezembro, mesmo sem haver qualquer outro diretor disposto a continuar o trabalho. Terminado o Campeonato Paranaense, no final de novembro o time sofreu um desmanche completo e foram embora os principais jogadores que haviam sido contratados às pressas para tentar salvar o time, caso dos cariocas Jamison, Mingão e Victor Mansure. Dias depois, a diretoria recebeu uma notícia que foi um alento em meio às tribulações. A CBB oficializou um convite para o Londrina participar do Nacional 2005, divido à sua boa posição no ranking nacional (8º colocado). Só que na condição de convidado, o Londrina teria de pagar antecipadamente uma cota no valor de R$ 150 mil, para custear as despesas das equipes que viriam jogar aqui. Gestão terceirizada Vinícius Panerari: “Como não tínhamos muitos recursos, montamos um time de garotos” O Londrina Basquete Clube vai disputar o Nacional 2005 com uma equipe renovada e com idade média de 20 anos, mas “de muita ambição” Após muitas discussões, a Prefeitura concordou em pagar o valor extra e o Londrina foi inscrito no Nacional de 2005, que começa no próximo dia 23. Com essa garantia, o presidente Walter Montagna voltou atrás e decidiu permanecer à frente do clube por mais uma temporada. Porém, a novela teve novos capítulos. Como a Prefeitura não depositou os R$ 150 mil na conta da CBB até o dia 12 deste mês, o time quase ficou fora do campeonato de novo. O prefeito Nedson Micheleti disse que não poderia mais liberar o valor devido à Lei de Responsabilidade Fiscal, e a diretoria voltou a ficar na mão. O impasse e o nervosismo dos jogadores só terminaram no final do dia 12, quando a TIM decidiu antecipar R$ 150 mil da verba total de patrocínio (de R$ 250 mil) para bancar a vaga. O orçamento do time londrinense será complementado com uma verba de R$ 310 mil da Fundação de Esportes do município (FEL). Ginástica rítmica, sem seleção Outra notícia triste para o esporte local no ano passado foi a dissolução da seleção brasileira de ginástica rítmica (GR) de conjunto, que há 12 anos estava sediada na Unopar e tinha no seu comando a técnica Bárbara Laffranchi. As meninas sempre foram um orgulho da Cidade (afinal, além da treinadora e de sua assistente Camila Ferezin, também eram londrinenses três das seis titulares que foram à Olimpíada de Atenas: Dayane Camillo, Jeniffer Oliveira e Ana Maria Maciel). Mas agora não levarão mais o nome da Cidade ao mundo. Em novembro, Bárbara Laffranchi tornou pública uma decisão que lhe foi transmitida pela presidente da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), Vicélia Florenzano: como a seleção de GR não possuía patrocinador oficial (a exemplo da ginástica olímpica, que é bancada pela CocaCola), e não teria compromissos internacionais após os Jogos Olímpicos, ela seria desfeita. Diante da negativa da CBG em A novidade este ano foi o acerto de uma parceria com o empresário maringaense Vinícius Fontana Panerari, que irá dirigir a equipe de forma terceirizada. Ele é um dos representantes no Brasil da Soresport (empresa espanhola que agencia jogadores de basquete em toda a Europa) e empresaria, segundo ele, mais de 30 atletas brasileiros. Com o contrato assinado, Panerari foi atrás de jogadores jovens e de salário acessível e montou uma equipe com média de idade entre 20 e 21 anos. “A ordem é ter nos pés no chão. Como não tínhamos muitos recursos, a saída foi montar um time de garotos, que, embora contem com pouca experiência, têm bastante ambição e isso é importante. E dessa forma Londrina retorna à sua raiz, que sempre foi a revelação de talentos, uma marca do técnico Enio Vecchi.” Panerari compara que, enquanto os times favoritos ao título nacional, como Uberlândia e Telemar (RJ) – equipe montada por Oscar – têm uma folha mensal que chega a R$ 200 mil, o Londrina gastará cerca de R$ 50 mil com o elenco. Como todo o time só se apresentou dia 4 de janeiro, o treinador Enio Vecchi – que está na Cidade desde 1997 – terá apenas 20 dias para tentar entrosar o grupo. “É uma situação inusitada. Isso nunca aconteceu nos anos anteriores. A equipe que disputava o Paranaense sempre ficava para o Nacional e esse ano não ficou ninguém. Vamos ter que começar tudo do zero. Mas como são jovens, acredito que esses garotos poderão aprender rápido o nosso estilo de jogo”, aposta. JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 8 manter a seleção de GR, a técnica Bárbara Laffranchi levou a polêmica a uma audiência pública realizada dia 1º de dezembro, na Comissão Permanente de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). Fim da seleção brasileira de ginástica rítmica foi um duro golpe para a modalidade e para Londrina, já que o conjunto estava sediado na Unopar há 12 anos Bárbara participou com um objetivo: exigir justiça para a sua equipe. Segundo ela, Vicélia Florenzano privilegiou a ginástica artística (olímpica) e a equipe individual de GR. A técnica conta que recebeu a notícia da pior forma possível: no dia 4 de agosto, a apenas quatro dias do embarque do grupo para competições na Europa (Rússia, Alemanha e Bulgária) e para a Olimpíada. “Com tudo pronto, depois de meses de preparação, a presidente da CBG nos comunicou que a seleção iria acabar. Disse ainda que só a Daiane dos Santos (da ginástica artística) tinha chance de medalha em Atenas”, criticou Bárbara. “Estamos todos indignados com o descaso por parte da CBG. Vou cobrar providências. Quem perde é o esporte e principalmente nós de Londrina, que sempre apoiamos a GR”, desabafou a treinadora. Com o fim da seleção, as ginastas agora se mantêm apenas como atletas da Unopar, que ganhou com folga o último Campeonato Brasileiro, disputado entre 9 e 12 de dezembro, em Curitiba. Handebol cresce e quer o título Se as outras modalidades decepcionaram em 2004, ao menos uma ‘salvou a pátria’ dos londrinenses: o handebol masculino da Unifil, que conseguiu um resultado inédito na última Liga Nacional. Foi vice-campeão, perdendo a final para a heptacampeã Metodista (SP). A meta para este ano é mais arrojada. “Queremos chegar ao título e temos condições”, avisa o técnico Giancarlos Ramirez. Ancorado pela estrutura da instituição de ensino, o time vem numa ascendente e desde 2001 não fica fora das semifinais do Brasileiro. Em 2003 foi 3º colocado e em 2004 fez uma final emocionante com a Metodista, levando a decisão para o terceiro jogo. O primeiro passo na busca de chegar “mais longe” será a renovação com os 16 atletas do elenco atual e a contratação de reforços. “Se quisermos ser campeões, precisamos de mais um goleiro de nível de seleção brasileira, como o Marcão e o Alexandre”, adianta o supervisor da Unifil, Júlio César Brevilhéri. Este mês os jogadores estão de férias, à exceção do armador Léo e do pivô Alê, que estão com a seleção brasileira e viajaram no último dia 5 para disputar torneios na Europa. Eles participarão de três competições na França e na Dinamarca antes de embarcarem para o Mundial da Tunísia, que acontece de 23 de janeiro a 6 de fevereiro. Os demais só voltam às atividades em fevereiro. No calendário, o grupo terá a Copa do Brasil, em março, em Londrina; um torneio sul-americano, em junho; e a Liga Nacional, de julho a dezembro. Comparado às outras modalidades da Cidade, o handebol é o que deverá sofrer menos para obter recursos para disputar os seus campeonatos. Já tem garantidos R$ 200 mil da Fundação de Esportes e pelo menos R$ 300 mil da Unifil (valor aproximado que a universidade já injetou no time em 2004). Fora isso, a equipe recebeu R$ 50 mil da Sercomtel e espera renovar o patrocínio. “Mesmo com alguns valores já certos, vamos em busca de outros parceiros porque, se quisermos chegar ao título, teremos que trabalhar com um orçamento anual de R$ 800 mil”, prevê Brevilhéri. (J.K.) Atravessando um bom momento, como vice-campeão da última Liga Nacional, o handebol masculino da Unifil não deverá ter dificuldades para fechar os patrocínios para o ano Giancarlos Ramirez: “Queremos chegar ao titulo e temos condições” JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 9 Com um perfil diferente dos outros esportes, que dependem ou de verba pública para se manter (basquete, handebol ou futsal) ou de grande apoio da torcida local para obter resultados (como é o caso do futebol), o automobilismo de Londrina sobrevive de forma independente e atravessa períodos de crise sem correr o risco de ver seus campeonatos esvaziados. Isso porque a maior parte dos pilotos corre em categorias que não exigem grande investimento (como Speed Fusca e Marcas) e por isso eles próprios bancam parte das despesas da equipe. Aqueles que não são empresários ou profissionais liberais correm atrás de vários patrocínios e geralmente são atendidos por empresas. O resultado vem sendo um Campeonato Metropolitano bastante movimentado, com mais de 30 carros em cada grid, e nove etapas ao longo do ano (entre março e novembro). O Metropolitano de Velocidade é organizado pelo Automóvel Clube do Café, que este ano está com nova diretoria, com Márcio de Albuquerque Lima na presidência. Além das provas regionais, o Autódromo Ayrton Senna também recebe as etapas paranaenses – serão nove este ano, nas mesmas categorias do Metropolitano (Speed, Marcas, Protótipos), e cinco delas serão em Londrina. Em cada uma dessas provas, o autódromo recebe pelo menos 3 mil pessoas. Fora as provas dos carros, desde o ano passado vêm ocorrendo simultaneamente etapas dos campeonatos Metropolitano e Paranaense de Motovelocidade, organizadas pelo Moto Clube de Londrina. É um festival de motos na pista, divididas em categorias que vão desde as tradicionais 125cc até ‘Superbikes’ (motos de 500cc a 1.000cc). Londrina é referência também em provas nacionais, uma vez que recebe as principais categorias do calendário da CBA Confederação Brasileira de Automobilismo. TURISMO DE EVENTOS - “Além de ser esporte para o praticante, o automobilismo é também um evento que reúne grandes públicos e gera divisas para o município, pois a cada prova nacional os hotéis, restaurantes e shoppings da Cidade ficam lotados. É o turismo de eventos, que movimenta milhões em uma cidade do porte de Londrina”, observa o presidente da ACIL, José Augusto Rapcham, que além de empresário é piloto – corre na categoria Protótipos (carros em geral com motor 2.0, montados somente para as pistas) pela equipe Indrel Racing. E Londrina tem sido privilegiada nos últimos anos, com a realização de duas etapas da Stock Car V8, a principal categoria do País e que tem provas transmitidas pela Rede Globo. “As equipes e pilotos gostam daqui porque o nosso autódromo é seletivo; exige arrojo e habilidade do piloto. Outro atrativo é que a Cidade está numa localização intermediária para quem vem de Brasília, do Rio ou de Porto Alegre. Além disso, o autódromo aqui está inserido no Centro da Cidade e não como nas capitais, onde fica muito fora de mão”, comenta Augusto Rapcham. Para ele, é por esse motivo que os promotores da categoria optam por vir duas vezes a Londrina. “Em Porto Alegre o autódromo fica no município de Viamão, a 50 km do Centro, e no caso de Curitiba, fica em Pinhais, a 25 km da capital”, compara. Para este ano, segundo o diretor do autódromo, Gumercindo Marcantonio, por enquanto só está confirmada uma etapa da Stock: dia 7 de agosto. A vinda de qualquer pro- Divulgação Autonomia dà estabilidade ao automobilismo va nacional para Londrina é comemorada como um evento pelos empreendedores locais, pois fazem girar a economia. “Uma corrida destas tem pelo menos 30 carros no grid, e cada carro uma equipe com sete a dez pessoas. Somados aos familiares que vêm para acompanhar o piloto e desfrutar dos serviços que a Cidade oferece são pelo menos 600 pessoas de bom poder aquisitivo se hospe- dando e comprando aqui”, calcula o presidente da ACIL. (J.K.) PROVAS QUE MOVIMENTARÃO O AUTÓDROMO EM 2005 Do calendário da FPA (Federação Paranaense de Automobilismo) Campeonato Metropolitano de Velocidade (março a novembro)* Paranaense Velocidade (março a novembro)* Campeonato Metropolitano de Motovelocidade (março a novembro) Paranaense Motovelocidade (março a novembro) Categorias Speed, Marcas, Multimil 1.0 e Protótipos Do calendário da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) Fórmula Renault ......................................................................................................... 13 de março Copa Clio .................................................................................................................... 13 de março Copa Mitsubishi MM ........................................................................................................ 3 de julho Fórmula Truck ................................................................................................................. 10 de julho Stock Car V8 ................................................................................................................. 7 de agosto Stock Car Light ............................................................................................................. 7 de agosto Brasileiro de Sport Protótipos (Brascar) 5º Encontro Internacional de Motociclismo 500 Milhas de Londrina ....................................................................................... 10 de dezembro Campeonato Brasileiro de Endurance (categorias Turismo e Protótipos)** ** Esta competição, que reúne importados de grandes marcas, como Audi, BMW, Ferrari e Mercedes, ainda não está com a etapa confirmada em Londrina JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 10 INTEGRAÇÃO REGIONAL Nas pegadas do desenvolvimento Londrina e Maringá se integram em torno de um eixo macrorregional com 13 município em busca de expansão socioeconômica Fábio Cavazotti Especial para o Jornal da ACIL Fundada em 1947 pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, empresa sucessora da Companhia de Terras Norte do Paraná, que 13 anos antes havia iniciado a colonização de Londrina, a cidade de Maringá desponta, 58 anos depois, como o segundo pólo da região e um dos principais do Estado. Posicionada geograficamente no limite das férteis terras roxas com a formação conhecida como “arenito caiuá”, característica do Noroeste do Paraná, Maringá se transformou, por meio da diversificação econômica e cultural, no centro de referência de uma região com 127 municípios e população próxima a 1,7 milhão de habitantes. Quando se fala em integração da região Norte para fins de desenvolvimento socioeconômico, é preciso apontar o papel de destaque que Londrina e Maringá, as duas maiores cidades do eixo de 13 municípios, exercem sobre a região. A estratégia de somar os potenciais locais e “vender” o eixo como um todo, visando a atração de investimentos, recebeu forte impulso do setor privado com a criação da Agência Regional de Desenvolvimento “Terra Roxa Investimentos”, no último dia 10 de dezembro, em Rolândia. Com participação das associações comerciais dos 13 municípios do eixo IbiporãPaiçandu – a leste de Londrina e oeste de Maringá, respectivamente - entre outras entidades dos poderes público e privado, a Agência elegeu uma diretoria executiva e nomeou como primeiro presidente o executivo Adrian von Treunfels, cônsul honorário da Alemanha em Rolândia, cidade que também abriga a sede da entidade. A partir desta edição, o Jornal da ACIL inicia a publicação a município. Desde as origens, a cidade cumpriu importante papel como núcleo de comercialização agrícola, centro de abastecimento, negociação de terras e prestação de serviços, para os municípios vizinhos. Remonta daí sua importância como pólo regional, condição que hoje alcança parte dos estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. À frente da média nacional, Maringá obteve o sexto melhor Índice de Desenvolvimento Humano do Paraná (IDH), com 0,841% de uma série de seis matérias para mostrar um pouco da realidade econômica dos municípios que dividem com Londrina a tarefa de integrar as estratégias de desenvolvimento para “turbinar” o crescimento regional. Maringá, também conhecida como “Cidadão Canção”, é a cidade que abre a série. HISTÓRIA - O planejamento inicial de Maringá foi feito pelo arquiteto paulistano Jorge Macedo de Vieira, que, segundo a bibliografia histórica, não chegou a conhecer pessoalmente a região. Com base em informações repassadas pela Companhia Melhoramentos, ele desenhou uma cidade bastante arborizada, com amplas avenidas, calçadas e canteiros. O zoneamento se divide em zonas residenciais, comerciais e industriais, e reserva como parques municipais duas áreas de floresta nativa, com quase 100 hectares, praticamente no centro da cidade. Em 1951, quatro anos após a fundação, quando a população já se aproximava de 40 mil habitantes, Maringá deixa de ser distrito de Mandaguari e é elevada INDUSTRIALIZAÇÃO - Até o início da década de 1960, a população de Maringá era predominantemente rural. O processo de industrialização e a redução do cultivo do café contribuíram para a migração de milhares de pessoas do campo para a cidade. Nos anos 70, a taxa de urbanização chegou a 82,6%, decorrente da diversificação da economia urbana. Contribuiu para isso, também, a introdução de novas técnicas agrícolas que reduziam o uso de mão-de-obra. O êxodo rural, entre os anos 60 e 70, alcançou aproximadamente 30 mil pessoas, para uma população total de 123 mil ao final do período. O processamento da produção obtida no campo deu origem à agroindústria, primeiro ramo industrial desenvolvido na região e, até hoje, um dos mais importantes da economia local. Da década de 70 para cá, a indústria maringaense se diversificou muito, com forte presença nos setores de tecelagem, confecções e calçados, metal-mecânico e mobiliário. O crescimento das indústrias impulsionou, a partir de meados dos anos 70, o comércio varejista e atacadista, ramo que, atualmente, registra quase 10 mil estabelecimentos no município. Além do comércio e da indústria, a cidade desenvolveu a JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 11 área de prestação de serviços, com destaque para educação (fundamental a superior), saúde (atendimento básico e especializado), e as áreas de telecomunicações (jornais, rádios e TVs) e financeira (bancos). SÉC. XXI - EM 1998, a Assembléia Legislativa aprovou a criação da Região Metropolitana de Maringá (RMM), composta por 12 municípios – Maringá, Sarandi, Paiçandu, Mandaguaçu, Mandaguari, Marialva, Iguaraçú, Floresta, Ivatuba, Ângulo, Itambé e Doutor Camargo -, com de 493.853 habitantes. A população O setor privado, com a criação da Agência Regional de Desenvolvimento “Terra Roxa Investimentos”, aderiu à estratégia de somar os potenciais locais e “vender” o eixo como um todo, em busca de investimentos que garantam a expansão dos 13 municípios regional somava, em 2000, 493.853 habitantes, segundo o IBGE. A exemplo de Londrina, que também teve sua região metropolitana contemplada por Lei Estadual, Maringá não sentiu os efeitos práticos da medida até hoje, porque o Governo do Estado ainda não tirou os projetos metropolitanos do papel. Em 2004, Maringá obteve o sexto melhor Índice de Desenvolvimento Humano do Paraná (IDH), à frente de Londrina e os demais municípios da região Norte. A média da cidade, 0,841%, é sensivelmente maior que a do País, de 0,764%. INDICADORES DE MARINGÁ ANO POPULAÇÃO 1950 1960 1970 1980 1991 2000 38.588 94.450 123.111 160.240 240.141 288.650 CRESCIMENTO ANUAL URBANIZAÇÃO 9,36% 2,55% 3,31% 3,29% 1,93% 18,8% 46,8% 82,6% 95,5% 97,4% 98,4% Fonte: IBGE PRINCIPAIS SETORES INDUSTRIAIS PRINCIPAIS SETORES ECONÔMICOS Industria – 51% Serviços – 35% Comércio – 13% Agropecuária – 1% Fonte: Codem (2000) SETOR NÚMERO DE ESTABELECIMENTO Vestuário, Calçados e Tecidos ........................................................................ 858 Produtos Alimentares ......................................................................................... 304 Metalúrgica ......................................................................................................... 240 Mobiliário ............................................................................................................. 177 Mecânica .............................................................................................................. 99 Fonte: Caged/Sine (1998) Cidades-pólo estão à frente da integração Para o prefeito de Maringá, Silvio Barros II, as duas maiores cidades da região têm a obrigação de liderar o processo de integração e desenvolvimento. “É função das cidades-pólo; os outros municípios esperam isso da gente.” Formado em engenharia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), consultor do Sebrae por quase uma década, filho e irmão de ex-prefeitos de Maringá, Silvo Barros II, que foi Secretário de Turismo durante a gestão do ex-governador Jaime Lerner, assumiu o primeiro cargo eletivo de sua vida, no dia 1º de janeiro, prome- tendo todo o apoio possível à iniciativa deflagrada pelo setor privado, por meio da Agência. “O primeiro setor é o governo, o segundo, a classe empresarial, e o terceiro, a sociedade civil organizada, e eles não devem trabalhar dissociados. Quando a parceria está orientada e dirigida pelo setor privado o modelo é vacinado contra a descontinuidade política”, afirmou o prefeito. “A fórmula adequada para o nosso desenvolvimento passa pela consolidação das regiões metropolitanas de Maringá e Londrina, nas duas pontas, e a integração do eixo. Isso nos torna Com a integração, as prefeituras irão oferecer o suporte necessário às ações a serem desenvolvidas pelo empresariado Prefeito Silvio Barros II: “Quando a parceria está orientada e dirigida pelo setor privado o modelo é vacinado contra a descontinuidade política” uma região muito mais competitiva, com dois aeroportos, mais universidades e uma estrutura muito superior. Essa consolidação vai nos ajudar a crescer e aumentar nossa produção, em volume e valor agregado”, acrescenta. Silvio Barros, três semanas antes de assumir o cargo de prefeito, participou da solenidade de lançamento da Agência, em Maringá, onde conversou com o prefeito de Londrina, Nedson Micheleti (PT), pela primeira vez. Ambos deixaram o encontro com o mesmo discurso de oferecer o suporte necessário às ações desenvolvidas pelo empresariado da região. Sobre as rixas regionais, Nedson e Silvio Barros, declaram que elas já ficaram para trás. “O momento é de somar. Maringá está um pouco atrás de Londrina, temos que reconhecer isso, mas vamos trabalhar para ir chegando junto. Queremos aproveitar os exemplos de Londrina e deixar à disposição as experiências bem sucedidas de Maringá, nacional e internacionalmente, em diversos setores”, disse Barros. (Fábio Cavazotti) JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 12 "Democracia participativa deve prevalecer" Somar esforços para consolidar o eixo Londrina-Maringá como pólo de uma região de 4 milhões de habitantes significa uma estratégia de desenvolvimento com alcance de “um pequeno estado brasileiro”, de acordo com o professor de economia e diretor da Faculdade Nobel, de Maringá, João Celso Sordi. Além de coordenador técnico do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem), Sordi é representante da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM) na diretoria executiva da Agência de Desenvolvimento Terra Roxa. “Atualmente, a sociedade só evolui se se organizar, o empresariado não deve pensar apenas no mercado local, há grandes oportunidades regionais”, defende o professor. “Associações, como essa, criam oportunidades para o empresário participar do processo de desenvolvimento: a democracia representativa está chegando ao final. Cada vez mais, passa a prevalecer a democracia participativa.” A seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao Jornal da ACIL sobre o processo de integração do norte: Jornal da ACIL - Quando se espera obter os primeiros resultados do trabalho desenvolvido pela Agência? João Celso Sordi - O trabalho é de longo prazo. É preciso definir primeiro o que se quer, quais as atuações prioritárias, para agir sobre elas. O resultado leva algum tempo, é um trabalho que se inicia agora, mas não tem fim. Esperamos que em torno de uma geração haja reflexos bastante significativos no contexto da região de Londrina a Maringá. Jornal da ACIL - A Agência pretende atuar no apoio aos ramos empresariais que fazem parte do potencial de cada município. Não há risco de problemas entre as cidades que compartilham determinados setores industriais, como têxtil e de confecções, por exemplo? João Celso Sordi - Veja, é até bom que haja pontos comuns entre cidades, porque, para quem vai fazer investimento, há mais opções. De repente, dentro de um mesmo ramo de atividade, há demandas muito características que são atendidas por uma única cidade, então, no conjunto, há mais possibilidades de atender a necessidade de quem vai se instalar. Além disso, já estão definidos em nosso plano de trabalho os chamados mecanismos de compensação, de maneira que quando a Agência vai atuar por uma cidade - porque sob o ponto de vista dela aquela é a melhor oportunidade para determinado investimento – os outros municípios não vão brigar, porque estarão participando do resultado daquele empreendimento. É o mecanismo de compensação. Jornal da ACIL - Num processo de integração regional, cada município entra com um pouco do seu potencial e das suas qualidades econômicas, e tem a expectativa de obter algum tipo de retorno. O que Maringá tem a fornecer para os outros municípios e, por outro lado, o que espera receber? João Celso Sordi - Maringá pode contribuir de várias maneiras. Primeiro, por suas características, não tem praticamente área rural, só urbana, e enfrenta dificuldades para localização industrial, então muitas empresas podem se instalar em cidades próximas, utilizando a infra-estrutura, a parte de formação de recursos humanos, a disponibilidade de conhecimento tecnológico, entre outros, que Maringá tem. Esse tipo de contribuição, tanto Londrina quanto Maringá deverão dar a toda a região. E o que recebe? O empresário não deve pensar apenas no mercado local, mas também nas grandes oportunidades regionais Sabemos que Londrina e Maringá são os pólos, então qualquer empreendimento novo, num raio de 100 a 150 quilômetros, irá beneficiar diretamente essas duas cidades. Jornal da ACIL - A integração econômica da região norte pode reverter a contínua concentração de força econômica em Curitiba, nas últimas três décadas? João Celso Sordi - Eu acho que pode, porque nós temos um potencial muito grande que ainda não foi devidamente explorado. Somos uma região para a qual, infelizmente, os governos estadual e federal pouco olharam. Os programas federais de investimentos são definidos em cima da Região Metropolitana de Curitiba. É o tal negócio, quando há aglomeração urbana, se cria demanda; a demanda é atendida pelo governo e esse atendimento vai atrair novos agrupamentos, que vão gerar novas demandas. Precisamos quebrar esse círculo em torno apenas da capital, com organização, para fazer com que as demandas locais também sejam atendidas. (Fábio Cavazotti) JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 13 A VOLTA DO TREM Londrina e Maringá pela linha férrea Projeto, com custo estimado em R$ 95 milhões pelo BNDES e que já está nas mãos do Governo Federal, pode trazer o trem de passageiros de volta à região Estudo elaborado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em 1998, e atualizado em 2002, aponta o trecho Londrina-Maringá como o mais viável do País para a retomada do transporte ferroviário de passageiros. O custo de recuperação da malha e compra dos dois módulos de vagões, para um total de 500 a 600 passageiros, foi estimado em torno de R$ 95 milhões. A taxa de retorno pode chegar a 47,2%. “O potencial é muito grande, representa um dos melhores trechos do País porque liga centros economicamente fortes - não só Londrina e Maringá -, mas cidades intermediarias de grande importância regional”, disse por telefone ao Jornal da ACIL, o chefe de Desenvolvimento Urbano do BNDES, João Scharinger. O estudo do banco selecionou 14 regiões do País com distância máxima de 100 quilômetros e pelo menos uma cidade com mais de 100 mil habitantes, situação que o Norte do Paraná ultrapassa com folga. Os vagões, menores que os trens normais, seriam movidos a óleo diesel e desenvolveriam velocidade entre 80 e 110 Km/hora. A previsão é que a passagem fique 10% mais cara que o transporte rodoviário. “Em compensação seria mais seguro, menos poluente, não precisaria parar em sinaleiros e quebra-molas e permitira um novo eixo de desenvolvimento ao longo da via”, declarou Scharinger. “Além disso, o custo de manutenção de ferrovia é bem menor que o das estradas.” Scharinger acredita que é grande a possibilidade do projeto virar realidade nos próximos anos. “Depende de uma decisão de governo, o presidente Lula e o presidente do Banco, Guido Mantega, têm essa visão, de que o transporte de passageiros é um serviço público. O BNDES está profundamente envolvido nisso”. O volume de tráfego da linha ferroviária de passageiros pode atingir, inicialmente, sete milhões de pessoas ao ano, entre Londrina e Maringá, cerca de 20% da movimentação rodoviária atual. A previsão é de que haja estações intermediárias em Cambé, Rolândia, Apucarana, Jandaia do Sul e Mandaguari. De acordo com o BNDES, a instalação de trens de passageiros iria aumentar a taxa de ocupação da linha férrea entre Londrina e Maringá, atualmente circunscrita aos seis meses do ano em que há transporte da safra agrícola. Fábio Cavazotti JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 14 15 VIDA NOTURNA Cores, sons, sabores nas noites londrinenses A magia que bares, restaurantes e boates exercem sobre seus freqüentadores tem origem complexa, que passa pela estrutura do local, boa música, atendimento e muito jogo de cintura dos empresários Márcio Leijoto Especial para o Jornal da ACIL Um senhor com cabelos e bigode grisalhos, camisa vinho de mangas cumpridas arregaçadas nos ombros, calça jeans e um perfume perceptível mesmo não tão perto se aproxima e cumprimenta Mauro. Este senhor pede a Mauro que libere a entrada de uma moça sem carteira de identidade na boate, uma casa de música dançante destinada a um público mais adulto. Mauro Antonio Garcia está há sete anos administrando a Casa de Shows Albatroz, boa parte deste tempo com o sócio Pedro dos Santos, e todas as noites ouve inúmeros pedidos como este ou de clientes querendo um favor. Mauro sabe que alguns ele não pode atender, mas tem de ter muito jogo de cintura para não perder o cliente. Naquele momento, a casa estava ainda metade ocupada, uma banda tocava alguma música de forró e várias pessoas já haviam cumprimentado ou pedido um favor para o empresário. E ainda eram 22h30 de uma sexta-feira. Normalmente, nestes dias, a casa fecha no final da madrugada. Mauro não permitiu a entrada da mulher, alegando que se o juizado de menores aparecesse lá, e ela fosse menor de idade, iria dar problemas para ele. O senhor ainda tentou argumentar, garantiu que ela tinha mais de 18, mas não adiantou. Mesmo assim, ele se despede de Mauro com um sorriso. “O segredo do sucesso de uma casa está em tratar todo mundo bem, dando atenção a todos”, diz Mauro. Esse caso é um dos mais leves, considerando todos os problemas enfrentados pelos empresários de bares, boates e casas noturnas que agitam a noite londrinense. Quanto mais cheio for o local, mais trabalho. “Você tem sempre de estar atento, vendo se as pessoas estão satisfeitas, se o atendimento está sendo rápido, se a música e o ambiente estão agradando, se não está muito quente, se os funcionários estão sendo educados, impedir que haja confusão, verificar se não está faltando nada”, disse Carlos Eduardo Carvalho Grade, coordenador de marketing da boate Empório Guimarães. E se não for assim, um dado é bastante ilustrativo: segundo Carlos, desde que o Empório funciona, há oito anos, 34 boates abriram as portas e fecharam. Fruto da má administração, segundo os entrevistados. De acordo com o sindicato local dos proprietários de hotéis, restaurantes, bares e similares, Londrina tem 35 estabelecimentos para os notívagos – levando em conta aqueles com um público considerado grande. São 10 boates e casas de shows e o resto bares, freqüentados por pessoas de 15 a 40 anos. “É difícil agradar tanta gente diferente. Nunca dá para saber como vai ser a noite, por mais que o público seja quase o mesmo. É uma incerteza gostosa, mas muito trabalhosa”, conta William Amador Bueno de Moraes, que há 26 anos administra o tradicional bar e restaurante Vilão. E ainda tem o trabalho que o público não vê, realizado durante o dia. “É repor o estoque, comprar o que foi perdido, como copos, conversar com fornecedores, resolver pendengas, avaliar se os funcionários estão trabalhando bem, estar se atualizando, ver o que pode ser melhorado... enfim, trabalho para o dia inteiro”, diz Gilberto Camargo, sócio-proprietário da boate GLS Friends, aberta há 13 anos. Há muito trabalho durante o dia, com alguns absurdos. “Teve uma época que toda a semana tínhamos de refazer uma parede, porque no final da noite sempre apareciam buracos provocados por chutes e pancadas”, conta Carlos Grade, do disse Osmaldo, referindo-se ao ponto numa rua central da Cidade. Há cinco anos, eles resolveram abrir um outro bar, o Pau Brasil. “É preciso muito jogo de cintura. Mas o segredo para dar certo eu acredito que está na paciência, porque o retorno não é imediato e num conjunto de outros fatores: o estilo do bar, o atendimento, a cerveja bem gelada, a altura do som, a qualidade da música, a segurança. Hoje vivemos disso e não podemos descuidar de nada”, afirma. E existem boates, poucas, mas há. Tecno, pop-rock, aberta para bandas covers e de garagem, elitizadas, GLS, não importa o estilo, o tempo tem mostrado uma coisa: só estão sobrevivendo as que investem em infra-estrutura e as quais o proprietário procura dar atenção especial no atendimento. Os proprietários do Empório, Alexandre Guimarães, e da Friends, os sócios Gilberto Camargo e Miguel Palma, são donos dos prédios das boates e gastam bastante em infra-estrutura e novidades. “Você pode ver que nas boates que abrem e fecham normalmente os empresários alugam o prédio e por isso não querem gastar muito dinheiro na modificação do imóvel e, mais, querem um retorno imediato do dinheiro, o que não existe”, diz Gilberto, cuja boate ficou um ano no vermelho até se tornar uma referência do público GLS. “Contratamos os melhores profissionais, investimentos em equipamentos modernos, buscamos as músicas que estão tocando nas melhores boates da Europa e dos Estados Unidos, sempre promovemos festas, atualizamos a decoração, sempre tentando agradar o público. E temos conseguido”, completa. Carlos Grade informa também que Guimarães Empório Guimarães. Manter um local funcionando para atender quem sai à noite não é fácil. O cliente que vai num lugar e acha que lá apenas trabalham os donos, os garçons, os caixas e o segurança, mas está errado. Existe toda uma estrutura invisível aos nossos olhos. Por exemplo, o Pátio São Miguel, uma espécie de confeitaria, lanchonete, loja de conveniência e local de venda de ingressos para a maioria dos eventos londrinenses, funciona 24 horas por dia, desde sua inauguração há 10 anos (completados no dia 11 deste mês). Para manter tudo isso impecável, são cinco sócios administrando 95 funcionários. “Aqui nunca faltou nada. Você pode vir a hora que for, que vai encontrar o produto que quer”, diz Alexandre Alves. Se não tiver jeito para o negócio, o empresário pode se dar mal: em oito anos, 34 boates tiveram vida efêmera em Londrina “É uma estrutura enorme, envolvendo vários fatores, por isso não existem outros pátios em Londrina. Não é só abrir e pronto. É preciso uma bagagem e um capital que muitos não têm”, comenta. O pátio se tornou ponto de encontro de jovens um ano depois de inaugurado, pois era a única alternativa de “reabastecimento” para quem estava na “balada”. De acordo com os entrevistados, os locais preferidos pelos londrinenses à noite são bares. Como a Casa de Cachaça, inaugurada em 1991, pelos cunhados Osmaldo Bueno de Oliveira e João Francisco Brandão. “Nós trabalhávamos em outras áreas e um dia resolvemos abrir um bar. Encontramos essa casa para alugar, antes era uma escola de línguas e vimos aqui um ponto bom para começar”, tem contratado profissionais de destaque nacional para trazer as novidades para o Empório. Mas esse é o segredo do sucesso? Ou tem mais? A reportagem ouviu 19 empresários de bares, boates e estabelecimentos que atendem os notívagos londrinenses. Num determinado momento da conversa, os entrevistados acabam repetindo muitas coisas, como o amor pelo negócio, o envolvimento deles com o local, as dificuldades enfrentadas por quem resolve trabalhar no ramo e os motivos pelos quais outros não dão certo. É preciso gostar da noite, ou pelo menos de lugares semelhantes ao qual o empresário resolve abrir? Se você perguntar isso para Alexandre Vieira, sócio de Alexandre Guimarães na boate Luz, ou para Edmar Matos, da casa noturna Acústico, ambos vão responder que sim. Os dois foram promotores de festas boêmias, shows e por um tempo trabalharam como promoters de boates. Até que resolveram abrir cada um o seu próprio negócio. “O que me ajudou bastante é que eu tenho uma boa base de trabalho na rua, no contato com o público, do tempo em que trabalhava para outros. Acho que tenho um pouco de prática em saber o que o Continua na página 16 JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 16 Gilberto Camargo, da Friends Alexandre Alves, do Pátio São Miguel público está querendo, se está gostando ou não”, diz Edmar. Outros que gostam do que fazem e sempre estiveram envolvidos no ramo são filhos de gente que já estava na noite. Jean de Souza Pêra é filho de José Pêra Neto e os dois administram o bar underground Armazém, aberto há 13 anos e destinado ao público que gosta de rock e com apresentações de bandas locais e exibição de vídeos de shows internacionais, com mesas de sinuca e pimbolim. “Sempre esteve cheio aqui. E eu cresci neste meio. Não é algo que dê um retorno financeiro imediato, mas estamos há bastante tempo aí”, disse. Marlon Augusto Zanoni tinha oito anos quando o tio, Laerte, começou a vender gelo e carvão, em 1992. Logo depois, o tio ampliou o negócio e passou a fazer churrasco. Em 12 anos, o Gelobel se tornou uma das principais referências para quem busca comer e beber à noite com os amigos. Laerte foi assassinado durante um assalto perto de casa há quase dois anos e desde então o irmão, Odair, e o sobrinho cuidam do local. Há uma filial do Gelobel que é administrada pela viúva de Laerte, Maria Cristina. “Eu ajudo meu pai há quatro anos, sempre gostei daqui. É uma casa sempre movimentada e ajudo em tudo. Não fui forçado a nada, faço porque gosto”, afirma Marlon, enquanto coordena a equipe antes de abrir a casa para o público num sábado. Ele estava sozinho naquele dia, pois seu pai viajara. Os entrevistados reconheceram que muitas vezes o bar “ganha vida própria”, a tradição do nome e o boca-a-boca (principal forma de propaganda de uma casa noturna) dão tanta fama ao local, que as pessoas vão independente da estrutura. Lourival Brasil e a esposa Mara, há 16 anos tocam o tradicional Bar Brasil, que desde sua fundação, na década de 80, passou pelas mãos de quatro proprietários e várias reformas. “Quando chegamos aqui, havia apenas esta parte”, explica Lourival, apontando para uma área equivalente a um terço do bar. “Mas aí o lugar foi enchendo de jovens e precisamos ampliar.” O Bar Brasil, quem entra percebe, é Os locais preferidos pelos londrinenses são os bares. Por isso, há alguns que se tornaram tradicionais e se incorporaram à cultura da cidade um local que, mesmo depois de ampliado, se mantém apertado, quente e com certas curiosidades, como as caixas de ovos que fazem o revestimento acústico do ambiente. Mesmo assim, o bar é um sucesso, principalmente nas quartasfeiras e sábados. “Não sei porque começou a encher de jovens, depois que compramos aqui. A nossa intenção era fazer um bom bar. Antes eram mais aposentados e idosos e estava muito feio. Há uns 10 anos que isso aqui começou a virar point e aí não parou mais”, afirma o proprietário, acrescentando que nestes anos eles foram fazendo pequenas adaptações, como investir na transmissão de jogos de futebol nas noites de quarta e no final de semana e de DVDs musicais. “A tradição ajuda, mas o importante é a amizade que vamos fazendo com o tempo”, diz Lourival. Outro bar que não tem muita estrutura, que fica lotado e apertado mesmo sem receber tanta gente, mas que é bastante freqüentado é o Bar do Jota, localizado na rua João Cândido, quase esquina com a avenida JK. A atual proprietária, Maib Piassa das Neves, que antes trabalhou por 12 anos como garçonete do bar, conta com a ajuda de seu companheiro, Joaquim Biz, e de outros poucos funcionários para tocar o bar seis noites por semana. Enquanto Maib recebia o Jornal da ACIL, dois secretários municipais e outros dois membros do primeiro escalão da prefeitura de Londrina tomavam suas cervejas e conversavam animadamente com colegas. “O segredo aqui é não termos preconceitos contra ninguém. Somos bastante democráticos. Quem quiser vir aqui se divertir com amigos, tomar uma cerveja, jogar conversa fora, pode se sentar, não importa o que ele é, como se veste, ou que gosta. Só não pode importunar os outros”, resume a Maib. É necessário ser “da noite” para saber tocar um estabelecimento “da noite”? Valdomiro Chammé diz que ele e sua esposa, Rosangela, freqüentam o bar deles, o Valentino, de vez em quando, mas há quatro anos tem dormido cedo para cuidar da farmácia que mantém em sociedade com Rosângela. Foi naquela época que ele passou a admi- nistrar o bar durante o dia, deixando a noite para dois garçons antigos que se tornaram sócios. Tirando os dez anos que ficou com a esposa cuidando integralmente do Valentino, nunca havia se envolvido com a noite como empresário ou funcionário. “O Valentino tem vida própria e isso é muito interessante. As mudanças, o ritmo de funcionamento quem determina é o público e mais importante do que qualquer coisa, para o sucesso de um lugar como este é preciso essa interação entre o público e o lugar”, comenta Chammé. Lourival Brasil, do Bar Brasil Osmaldo Bueno de Oliveira, do Pau Brasil JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 17 Pizzaria no lugar de um ex-badalado bar Às vezes, gostar da noite, de música e do ambiente notívago de um bar não basta para o sucesso da casa. Wanderley Carlos administrou por quase sete anos o MPB Bar, que pelo nome já se tem uma idéia da proposta. Foram duas fases. Na a primeira, de 1993 a 1995, a casa sempre estava cheia – “Fechei porque me mudei para o nordeste”. A segunda come;ou em 2000, quando o empresário voltou para Londrina, e foi até 2004. Neste retorno, o início foi promissor. “No começo, na fase do modismo, a casa recuperou o público de antes, mas depois foi esvaziando”, conta. Mas o que aconteceu então? “O problema é que fui muito radical. Não me arrependo, pois não saberia fazer algo diferente. Mas é que acredito que no momento da apresentação musical, o público deve permanecer em silêncio. E a proposta deste bar não era ser da balada, para encher, ficarem todos de pé, tumulto. E eu me envolvi emocionalmente com o local. Nestes anos todos não houve alteração da minha proposta”, disse. Há poucas semanas, Waldomiro, que diz gostar da noite e que freqüentaria um bar do mesmo estilo que o seu, caso houvesse um, inaugurou uma pizzaria no mesmo espaço do antigo bar. Talvez o caso mais emblemático de que para tocar a noite é preciso gostar da noite seja o de Jonisvaldo Castanho, 53 anos. Em abril de 1983, O tempo passou e o empresário da noite cansou-se da noite. E hoje tem saudades do bar que vendeu ele inaugurou o Clube da Esquina, que seis meses depois, após um incêndio que destruiu toda sua estrutura, se transformou num dos principais points da Cidade. “Tínhamos de tudo aqui, universitários, políticos, trabalhadores, gente querendo bater papo, namorar, muita gente que viveu nestes últimos 20 anos em Londrina e que era da noite tem história para contar no bar”, relembra, saudoso. A saudade vem do fato que em novembro do ano passado, Jonisvaldo passou o ponto à frente. “Na verdade, eu já estava estressado com aquilo tudo. Quem toca a noite tem de estar na mesma freqüência que os seus clientes e eu já não agüentava mais ter de ficar acordado todos os dias até o sol nascer, esperando os clientes irem todos embora. Chegou um momento em que comecei a chutar todo mundo”, conta. Nos últimos anos, o Clube da Esquina já não lotava como nos anos 80 e boa parte da década passada. E os novos proprietários ainda não conseguiram trazer o público de volta. Outro bar que corre o risco de fechar, mas não por vontade do dono (aliás, pelo contrário, segundo o próprio) é um dos mais tradicionais e sempre um dos mais cheios da cidade, o Valentino, freqüentado por estudantes, pessoas ligadas ao meio artísticos, adultos que um dia foram estudantes e o público GLS. O bar corre o sério risco de fechar porque os proprietários do terreno onde ele está localizado querem transformar o espaço num estacionamento de um centro comercial ainda em construção. O imóvel do bar deveria ter sido entregue no final de 2004, mas os proprietários prolongaram o prazo para o final deste ano. Outra possibilidade é transferir a casa para outro local ou abrir o Valentino em outro espaço. Há também um movimento para que se convença o dono do terreno a deixar o bar onde está. (Márcio Leijoto) Mauro Antonio Garcia, do Albatroz Jean de Souza Pêra, do Armazém Mistura de entretenimento com cultura William Amador Bueno de Moraes, do Vilão Marlon Zanoni, do Gelobel Uma das características da noite londrinense é a verve cultural forte. É comum bares e restaurantes investirem em exposições e apresentações artísticas. Várias bandas e músicos de relativo sucesso local, muitos com composições próprias e conhecidas nacionalmente, começaram suas carreiras tocando em bares da cidade, como o Valentino, o antigo Clube da Esquina entre outros. Recentemente, os londrinenses passaram a contar com mais um espaço para comer, beber e apreciar um espetáculo. O Tomate Seco Café Teatro há um ano oferece exposições, filmes fora do circuito comercial, apresentações musicais, de circo e teatro. Arnaldo Falanca, 53 anos, veio para Londrina há cinco anos e acabou montando “sem querer” o bar/restaurante. Ele veio para ajudar um amigo dono de uma lanchonete e acabou montando uma filial em outro bairro da cidade. Aos poucos, foi fazendo modificações até transformar o local no que é hoje. “Eu viajei muito, vivi na Índia, na Europa, em São Paulo. Vi muita coisa. Não tenho experiência com a noite, sou projetista por profissão, mas fui fazendo modificações que achava interessante e resolvi investir na parte cultural. Londrina tem muita gente boa em várias áreas artísticas. Mas é um investimento a longo prazo”, disse. Mas quem resolve investir em cultura em casas noturnas e bares sofre. Que o diga Arnaldo, Maib, Chammé, Vanderley, entre outros. Todos reclamaram de vários problemas imposto pelo município ou Por falta de espaços adequados, alguns bares e restaurantes se dão ao requinte de brindarem os freqüentadores com exposições e apresentações artísticas pelo próprio público. “O público daqui é muito exigente. Quer sair bem, como se sai em São Paulo, mas sem gastar nada. O que lá custa R$ 50, R$ 100, aqui você tem de fazer por R$ 10, R$ 30. Mas os londrinenses estão aprendendo”, reclama Carlos Grade, do Empório Guimarães. Mas a principal reclamação de quem tenta promover eventos na cidade é a falta de espaço adequado. “Nós já tivemos de cancelar dois shows de cantores nacionais neste mês porque Londrina não tem um lugar apropriado para receber muita gente sem gerar reclamações do público e da sociedade. A cidade tem público para um show de médio porte a cada quinze dias e um de grande porte a cada dois meses. Mas não tem local para isso”, afirma Eduardo Martins, sócio da organizadora de shows e eventos Madame X. Mesmo com tanta dificuldade, ele e seu sócio, André Guedes, conseguiram promover 30 shows de músicos de nove países desde 1997 quando fizeram sociedade. “Mas poderíamos ter feito mais”, reclama. (Márcio Leijoto) JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 18 NATAL DOS 70 ANOS Bem traçadas linhas Consumidores fizeram do concurso de frases da Londrinatal 2004 uma grande vitrine da criatividade e do amor à Cidade. Prêmios foram mais do que merecidos Fernanda Mazzini Especial para o Jornal da ACIL Os consumidores do comércio de Londrina foram os grandes vencedores da campanha Londrinatal Premiado, idealizada pela ACIL em parceria com a Prefeitura de Londrina e a Sercomtel. No total, foram distribuídos R$ 108 mil em prêmios. Ao invés de sorteios de prêmios, a campanha elaborada neste ano trouxe uma inovação: foi um concurso de cunho cultural. Para participar da promoção, os consumidores tiveram que responder a uma questão: Como você comemora o Natal dos 70 anos de Londrina? Entre os cerca de 100 mil participantes, uma frase foi escolhida e contemplada com um apartamento no valor de R$ 50 mil. A composição vencedora “Comemoro entre os mais diversos povos, que aqui construíram morada, erguendo as mãos para o céu e agradecendo pela terra abençoada!”, foi escrita pela relações públicas Fernanda Moreno Silva, de 27 anos. No entanto, foram distribuídos prêmios praticamente durante todo o mês de dezembro. Desde o início da promoção (dia 2) até o dia 28 foram entregues diariamente 42 vale-compras de R$ 50. No último dia da Avaliadores da Unopar acompanhados de diretores da ACIL: melhores frases venceram promoção, além do apartamento, foram entregues oito vales-compra de R$ 1 mil. Os consumidores já premiados durante o mês com os vales de R$ 50 é que concorreram ao apartamento e aos vales de R$ 1 mil. Esses cupons deveriam ser gastos até o dia 8 de janeiro em qualquer uma das 274 lojas participantes da promoção. A quantia teria que ser gasta integralmente em uma única empresa. O processo de seleção das frases premiadas foi um Se não tiver jeito para o negócio, o empresário pode se dar mal: em oito anos, 34 boates tiveram vida efêmera em Londrina trabalho diário e exaustivo, que contou com a participação de mais de 30 pessoas, entre diretores da ACIL, professores da Unopar do Departamento de Comunicação e Artes e estagiários. A seleção seguiu os critérios determinados no regulamento do concurso e foi baseada em uma contagem de pontos, que obedeceu a itens como: criatividade, adequação ao tema proposto e estilo literário. Foram considerados critérios de exclusão a legibilidade das informações pessoais e da frase, além da utilização correta da língua portuguesa. Durante o processo de elaboração da campanha, o objetivo da ACIL era oferecer um prêmio que agregasse valor entre o comércio e os consumidores. “Uma casa própria ainda é o sonho de boa parcela da população e esse prêmio (o apartamento) vai agregar valor à família, que pode usufruir o imóvel ou ter uma outra fonte de renda com ele”, destacou o presidente da entidade José Augusto Rapcham. Segundo ele, a participação na campanha foi positiva. “A premiação despertou interesse em todas as camadas da população, uma vez que um apartamento é um bem almejado por todos”, disse. O número de participantes também surpreendeu, já que um concurso de cunho cultural não tem a adesão de todos os consumidores que recebem o cupom de participação. Na avaliação da coorde- nadora da equipe de correção das frases, Sônia Maria Mendes França, coordenadora de extensão universitária e dos cursos de Artes Visuais, no geral as frases apresentadas tinham um bom nível para competir. “Gostaria de ressaltar a importância de um concurso cultural que incentiva o pensamento criativo, que exige raciocínio e que os participantes devem pensar em uma resposta”, afirmou. Ela lembra, no entanto, que muitos participantes não entenderam a proposta do concurso. “Muitos escreveram poemas belíssimos, fizeram homenagens bonitas e inteligentes à Cidade, mas não responderam à pergunta do concurso e acabaram fugindo do seu foco”, explicou. Sônia acrescenta que a avaliação foi feita pela equipe com muita responsabilidade para que a sociedade tivesse uma resposta séria e coerente do resultado concurso. “Foram seguidos todos os critérios propostos no regulamento”, observou. Os nomes de todos os consumidores premiados e o regulamento do concurso estão disponíveis no site da entidade (www.acil.com.br). Os locais preferidos pelos londrinenses são os bares. Por isso, há alguns que se tornaram tradicionais e se incorporaram à cultura da cidade JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 19 NATAL DOS 70 ANOS Confira as melhores frases Ganhadora do Apartamento Fernanda Moreno Silva “Comemoro entre os mais diversos povos, que aqui construíram morada, erguendo as mãos para o céu e agradecendo pela terra abençoada!” Ganhadores dos vales-compras R$ 1.000,00 Elias Alves Pinheiro Isabelle Perez Frisa “Comemoro encontrando amigos em cada canto que vou; comemoro fazendo amigos em cada passo que dou. Em tantos anos de Londrina, minha grande amiga a cidade se tornou.” “Da vida uma história, da cidade uma memória, do comércio uma glória. É assim Londrina, que comemoro os 70 anos de sua vitória.” Iuri de Godoi Márcio Nascimento “Anunciando: Londrina brilha e sempre brilhará, pois é a estrela guia do norte do Paraná.” “Londrina do tempo da lamparina, Londrina dos tempos da brilhantina, quero comemorar seus setenta anos, dançando contigo, menina.” Maria José dos Santos Maria Luiza das Dores “Brindando a visão dos que aqui se instalaram. Saudando os pioneiros que aqui plantaram e desejando prosperidade aos que aqui ficaram.” “Fazendo uma retrospectiva: ‘Londrina das perobas rosas às extensas lavouras cafeeiras, hoje cidade cosmopolita, metrópole, mas sempre hospitaleira’”. Sandra Jaqueline Kalocsay “Com orgulho, trabalho e dignidade. Porque assim foi escrita a história desta cidade.” Zélia de Souza Zago “Comemoro agradecendo a Deus por nos ter dado esse lar. Aqui tudo prospera, basta semear.” JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 20 NATAL DOS 70 ANOS Inspirada na saudade Vencedora da Londrinatal 2004, Fernanda Moreno Silva diz que a falta que sentiu da Cidade quando morou fora inspirou a criação da frase vencedora A londrinense Fernanda Moreno Silva se considera uma pessoa sem sorte. Nunca havia ganhado prêmios distribuídos ou sorteados em concursos e promoções. No entanto, sua estréia não poderia ser melhor. Ela, que tem apenas 27 anos, foi a vencedora da campanha Londrinatal Premiado, idealizada pela ACIL em parceria com a Prefeitura e a Sercomtel. Fernanda ganhou um apartamento com valor estimado em R$ 50 mil. Fernanda participou da promoção e sua frase foi considerada a melhor entre cerca de 100 mil composições. A promoção pedia aos consumidores que elaborassem uma frase com base na seguinte pergunta: “Como você comemora os 70 anos de Londrina?” “Comemoro entre os mais diversos povos, que aqui construíram morada, erguendo as mãos para o céu e agradecendo pela terra abençoada!”, a frase de Fernanda. Além do apartamento, ela já havia ganhado um vale-compra de R$ 50, gasto na compra do presente de Natal do seu pai. Fernanda recebeu o cupom depois de comprar o presente de Natal do noivo em uma loja de artigos esportivos no Calçadão, a Bolivar Sportware. Preferiu não elaborar a frase na hora. Levou o cupom para a casa para pensar na melhor resposta. Depois de “dois ou três dias” achou que tinha encontrado a solução e preencheu o papel. A resposta à pergunta veio das saudades que Fernanda sentiu de Londrina, onde nasceu, quando ficou um ano e Fernanda, no apartamento que ganhou da Londrinatal: prêmio mais que bem-vindo para ela e o noivo, que estão de casamento marcado para outubro meio longe da Cidade. Ela, que é relações públicas, trabalhou em São Francisco do Sul (litoral de Santa Catarina) em uma usina do ramo siderúrgico e tinha voltado para Londrina há apenas um mês e meio. Conseguiu emprego na indústria farmacêutica Hexal, em Cambé. Foi o único período longe da Cidade. “Quando estava fora sentia falta daqui e conversava sobre isso com meus amigos. Fazia propaganda mesmo de Londrina, falava do clima bom e do povo que é bastante acolhedor. Todos ficavam com vontade de conhecer a Cidade”, conta Fernanda. Partindo deste princípio, ela acreditava que deveria expressar esse sentimento na frase. E deu certo. A relações públicas lembra que para compor a frase escreveu em uma folha “palavraschave” que lembravam a Cidade como: terra vermelha, saudade, comemoração, agradecimento. “Não queria dizer que iria comemorar o aniversário de Londrina com festa, queria uma coisa mais diz acreditar muito na existência de Deus. Por isso, ela agradeceu pela “terra abençoada”. E mesmo lembrando do Criador, Fernanda diz que não esperava receber o prêmio máximo da campanha. “Quando recebi o vale-compra de R$ 50 fiquei com esperança, mas muito remota”, conta. Esperança que se tornou realidade. Fernanda estava em Meia Praia (litoral de Santa Catarina) quando recebeu a notícia que tinha ganhado o apartamento da campanha. Tinha chegado à praia naquele dia com uma amiga e iria passar quatro dias. Voltaria a Londrina para passar o Rèveillon com os familiares. Acabou voltando no mesmo dia e chegou à sede da ACIL no dia seguinte, ainda com algumas horas de folga para receber as chaves do apartamento. “O apartamento é muito bom, não é pequeno nem grande. Tem dois quartos. Ideal para um casal recém-casado.” subjetiva. Aí lembrei da terra abençoada e fértil, do clima bom e as coisas foram se encaixando”, comenta. A frase vencedora foi a primeira das cinco composições que Fernanda elaborou para participar do concurso. Apenas uma foi premiada. E justamente a frase vencedora foi a mais fácil de ser escrita, na sua opinião. “Como usei a idéia da saudade na primeira, achei mais difícil pensar em assuntos diferentes nas outras frases”, diz. Embora tenha formação católica, atualmente ela não é praticante de nenhuma religião. No entanto, a relações públicas “Quando estava fora sentia falta daqui e conversava com meus amigos. Fazia propaganda de Londrina, falava do clima bom e do povo que é bastante acolhedor.” O prêmio agora vai fazer parte do seu futuro. Ela está de casamento marcado para outubro. Fernanda e o noivo já estavam procurando um imóvel para morar e mesmo recebendo o apartamento não há possibilidade de adiantar a união. “O buffet já foi contratado”, diz. No entanto, ainda não está decidido se o apartamento 903 do Condomínio Residencial D’Angelo, localizado na Vila Nova, será o novo endereço do casal. Afinal, a decisão tem que ser tomada em conjunto com o noivo. Fernanda diz ter gostado muito do imóvel e, por enquanto, descarta a sua venda mesmo que o casal não se instale inicialmente no imóvel. “O apartamento é muito bom, não é pequeno nem grande. Tem dois quartos. Ideal para um casal recém-casado”, reforça. JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 21 NATAL DOS 70 ANOS Comerciantes também foram premiados O Londrinatal Premiado deste ano não premiou somente os consumidores. Os comerciantes também receberam prêmios através do concurso de decoração de fachadas e vitrines. Foram premiados os seguintes estabelecimentos: Shopping Via Pio XII, A Vantajosa e Celular Mendes. Cada um recebeu R$ 5 mil, R$ 3 mil e R$ 2 mil, respectivamente. Os prêmios foram entregues durante solenidade na sede da ACIL, no último dia 28. Podiam participar do concurso apenas os associados da ACIL. Vinte e cinco empresas estabelecidas na região central e na Zona Norte aderiram à competição. Durante o mês de dezembro, uma equipe formada por cinco profissionais (quatro professores da Unopar das áreas de Arquitetura, Design e Artes Visuais e um arquiteto) visitou todas as lojas e empreendimentos inscritos no concurso. Foram avaliados itens como criatividade, harmonia e composição do tema natalino. Para cada um dos três critérios foram dadas notas de 0 a 10. Neste caso, cada loja poderia conseguir no máximo 150 pontos. O vencedor foi o empreendimento que obteve a maior somatória de notas. Na avaliação do arquiteto Edson Júnior, coordenador dos trabalhos, todos os participantes apresentaram um bom nível na decoração. “Vimos decorações muito interessantes, mas acreditamos que os empresários poderiam ter valorizado mais uma decoração para o dia, sem o uso de muita luz, já que estamos com o horário de verão e há pouco tempo para aproveitar essas luzes. Em muitas decorações as luzes é que faziam a diferença”, avalia Edson Júnior. No entanto, na sua opinião, o objetivo do concurso foi fazer com que a cidade se enfeitasse para a chegada do Natal. “Com isso o comércio fica mais atrativo e os consumidores se sentem estimulados a consumir. Há Shopping Via Pio II, vencedor do concurso de decoração de fachadas e vitrines: enfeites começaram a ser estudados em outubro uma potencialização do consumo. Neste caso, o concurso foi um mero coadjuvante”, diz. Como esta competição foi uma das primeiras já realizadas na cidade, o arquiteto acredita que no próximo ano haverá mais participação dos empresários. “Esse foi o primeiro e agora todos viram que é possível competir e ganhar”, afirma. SURPRESA - Já os comerciantes premiados manifestaram surpresa pela premiação. Mas apesar da reação, todos planejaram a decoração com uma certa antecedência e até contaram com a ajuda de especialistas. Foi o caso do primeiro colocado, o Shopping Via Pio XII. Os enfeites natalinos começaram a ser pensados em outubro, quando foi realizada uma reunião com o decorador Sergio Figueiredo, autor da decoração do shopping. “Queríamos que o shopping ficasse bonito e que atraísse os consumidores”, explica André Sipoli Fontana Bertin, sócio-proprietário do estabelecimento. O investimento na decoração variou de R$ 3 mil a R$ 5 mil. Parte desse recurso foi tirado de um fundo de promoção, arrecadado entre os lojistas durante o ano. A outra parte foi bancada pela própria administra- Loja da Tim – Celular Mendes, em seu primeiro ano de funcionamento: criação coletiva dos funcionários ção do shopping. Agora, o dinheiro do prêmio será guardado e aplicado na decoração natalina do próximo ano. “Com esse prêmio ficamos mais animados e vamos caprichar mais no ano que vem”, diz Bertin. Já a decoração da loja A Vantajosa foi planejada pelo departamento de marketing da empresa e montada pela Tok Final, empresa especializada em decoração. “Foi uma decoração simples, mas que chamou a atenção. Todos os anos planejamos a decoração de Natal com capricho e vontade, mas não esperávamos receber este prêmio”, comenta o gerente Osmar A Vantajosa: decoração criada pelo departamento de marketing da empresa e montada por loja especializada Cassoto. Ele também revela que a premiação lhes deu mais ânimo para continuar caprichando na decoração. REFERÊNCIA - Os enfeites da Celular Mendes foram planejados pelos próprios funcionários da loja. Este foi o primeiro ano de funcionamento da empresa e, por isso, os empreendedores nunca tinham trabalhado com decoração natalina. “Fizemos um treinamento de decoração de vitrines e, a partir daí, cada membro da nossa equipe deu uma opinião”, explica a vendedora Regiane Oldembergas. Segundo ela, a decoração foi montada para dar mais visibilidade à loja e, conseqüentemente, atrair mais clientes. E o sucesso da decoração da Celular Mendes foi tanto que a TIM (operadora de telefonia celular da qual a loja é franqueada) elegeu a decoração da empresa como uma das melhores entre todas as suas representantes. “Isso também foi um reconhecimento ao nosso trabalho”, observa Regiane. JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 22 NATAL DOS 70 ANOS Uma campanha democrática As estatísticas do concurso cultural da Londrinatal 2004 mostram que a campanha teve um público heterogêneo. Os dados referentes às frases premiadas, num total de 1.008, atestam que o concurso foi democrático e que a criatividade não tem endereço preferido em Londrina. O maior número de premiados é da Zona Norte, com 22%, seguida da Zona Leste, com 17% das cartas premiadas. Outra estatística importante que o Jornal da ACIL traz é o das empresas que mais distribuíram prêmios. Confira os gráficos: JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 23 JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 24 MORTE SÚBITA CARDÍACA O músculo da vida Negligenciar a saúde e ignorar problemas com pressão, colesterol e diabetes podem ocasionar a parada cardíaca. É preciso evitar e também socorrer a tempo Quais são as chances de você estar andando na rua, de repente sentir uma dor no peito, um ataque cardíaco fulminante, cair e morrer? Depende. Se você leva uma vida sedentária, fuma, sofre e não cuida de diabete, pressão alta ou colesterol alto, não tem uma alimentação saudável, está acima do peso, então a chance é grande. Mesmo que você só tenha um dos problemas citados, estes são os principais fatores de risco para uma doença cardiovascular – a principal causa de morte segundo estatísticas da maior parte do mundo. E as chances de você morrer por causa de um ataque cardíaco são maiores no Brasil e em lugares onde a maioria da população não sabe o que fazer diante de uma vítima de enfarte. “Quando uma pessoa tem uma parada cardíaca, quem está por perto tem até dez minutos para conseguir salvá-la sem lesão cerebral. A cada minuto, 10% dos que tiveram parada cardíaca morrem, então em 10 minutos 100% faleceram. Por isso a ajuda precisa ser rápida”, explica o cardiologista Cláudio Fuganti. O médico é especialista em marca-passo, trabalha em seu consultório e nos hospitais da Cidade e faz parte da diretoria do Departamento de Cardiologia da Associação Médica de Londrina (AML). Ele deu recentemente uma palestra para empresários sobre “Morte Súbita Cardíaca”, no auditório da ACIL, numa parceria entre as duas entidades. O mote do evento foi a morte do zagueiro Serginho, do São Caetanto, no dia 27 de outubro, em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro de Futebol. É claro que a causa da morte do atleta é diferente da maioria das vítimas Cláudio Fuganti: “Deveríamos ter de 20% a 30% das pessoas treinadas para este atendimento emergencial” de paradas cardíacas com perfil semelhante ao público presente na palestra. Fuganti explica que o atleta sofreu o ataque porque apresentava, aparentemente, um engrossamento do músculo do coração. “É uma doença que provoca arritmia. Quem tem isso não pode praticar atividade física competitiva”, afirmou. O médico aproveitou que toda a atenção da mídia estava voltada para o caso Serginho para dar um aviso aos empresários e às pessoas que participaram da palestra: “A morte súbita, na maior parte das vezes, é de origem cardíaca. E destes, 85% dos casos são por problema em uma das coronárias (artérias que irrigam o coração). Ou entupimento parcial, ou uma isquemia (deficiência de circulação) parcial ou um enfarte mesmo. Como 85% das causas são relaciona- As medidas preventivas só funcionam, é lógico, se tomadas com antecedência das a doenças da coronária, então temos de estar atentos aos fatores que predispõe ao rompimento das coronárias”, disse. E quais são os fatores de risco? São os citados no primeiro parágrafo da reportagem. “Você tem de evitar ter pressão alta, evitar a obesidade, ter uma dieta saudável, estilo de vida saudável, ter uma atividade física, não fumar, controlar o peso... Se você já tem algum dos problemas, então tem estar sempre se tratando com o médico, tomar os remédios indicados e não abusar”, diz Fuganti à reportagem do Jornal da ACIL. Fuganti comenta que as pessoas ainda procuram os médicos só quando apresentam os sintomas da doença, mas acredita que a população está mais consciente da importância da prevenção. “Lógico que as pessoas estão bem mais conscientes. Se não estiverem, por falta de informação não é. A prevenção é divulgação. E acho que está havendo bastante. Não passa três meses sem que saia na revista Veja, por exemplo, uma reportagem sobre coração”, afirmou. Mesmo assim, ainda é pou- co, na opinião do médico. “Apesar de estarem mais conscientes, elas ainda estão pouco informadas. Porque só se consegue falar sobre morte súbita ou prevenção quando você tem algo como a morte de um atleta, por exemplo, que é quando a população se assusta. Aí vem a discussão que deveria haver sempre. Fora isso, cai um idoso na rua, não chama tanto a atenção. Nem da imprensa”, disse. As medidas preventivas só funcionam, é lógico, se tomadas com antecedência. Na hora em que a pessoa tem um ataque cardíaco, é preciso agir com rapidez para socorrê-la. “As pessoas não estão preparadas para este tipo de socorro. Deveríamos ter de 20% a 30% das pessoas treinadas para este atendimento emergencial. É um cálculo que leva em conta que não importa onde a vítima esteja, teoricamente vai haver uma pessoa preparada para socorre-la”, comenta o cardiologista. E Fuganti falou que a população sabe muito pouco sobre como tratar e atender uma vítima de parada cardíaca. “Porque aí que entra a questão do atendimento rápido. Em nenhuma hipótese se deve tentar levar esta pessoa para o hospital. O importante é prevenir. Mas se a pessoa tiver o ataque cardíaco, alguém que estiver por perto tem de saber o que fazer e também precisamos de um sistema de saúde emergencial rápido e ágil para que possa intervir nos pacientes em casa (local onde acontecem a maioria dos casos de enfarte, ressalta o médico) e, quando forem locais de grande circulação, precisamos ter os aparelhos “de choque” à disposição”, comentou o médico, referindo-se ao desfribilador, aparelho muito comentado depois da morte de Serginho. “Se você começar a fazer uma massagem cardíaca imediatamente e conseguir um aparelho que dá choque no coração, e faça o coração bater novamente, quanto menor for este intervalo, maior a chance de recuperar a vítima. Nos melhores centros, hoje se consegue sucesso em 25% a 30% dos casos. Cerca de 85% dos que têm parada cardíaca por problemas na coronária são pessoas que tiveram arritmia cardíaca e precisam do aparelho que dá choque para o coração voltar a bater. Então se o aparelho não chegar rapidamente, não adianta”, explica o médico, lembrando que Londrina tem uma legislação que obriga locais de grande circulação de gente a terem estes aparelhos, como rodoviária, shopping. “E, é claro, precisa ter gente preparada para mexer neste aparelho”, complementou. Cerca de 85% dos que têm parada cardíaca por problemas na coronária são pessoas que tiveram arritmia cardíaca JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 25 Investimentos buscam criar estrutura para grandes eventos A falta de estrutura para abrigar eventos de grande porte pode comprometer a exploração deste tipo de turismo. Londrina perde para outras cidades, principalmente, a realização de eventos técnico-científicos que necessitam de diversas salas de apoio. Além do Centro de Eventos - o maior estabelecimento do gênero - o município conta com espaços de médio e pequeno porte. Uma das provas desta falta de estrutura é a realização do Congresso Brasileiro de Soja, promovido pela Embrapa Soja. O evento já estava agendado para maio de 2006 e deve contar com a participação de mais de 1,5 mil pessoas. No entanto, a direção da instituição voltou atrás e a definição se o evento fica mesmo na Cidade só sairá no final deste mês. Esse recuo é resultado do assédio de outras cidades, que estariam melhor preparadas para receber congressos com essas dimensões. A direção da Embrapa Soja ainda não bateu o martelo. Segundo a chefe do órgão, Vânia Castiglione, os organizadores ainda estão discutindo o assunto. “O evento precisa ser realizado em um local próximo ao Centro da cidade ou que ofereça condições de alimentação. As salas onde ficarão expostos os trabalhos e as pesquisas também devem ficar no mesmo local do congresso para que haja maior integração entre os participantes”, explica. Mas estão sendo feitos esforços para melhorar a estrutura local. A direção do Centro de Eventos, por exemplo, já se dispôs a fazer algumas adaptações em seu prédio. Já foram construídas quatro salas de apoio, com investimentos de Londrina conta com excelentes estruturas de pequeno e médio portes, Catuaí vai mas sofre com a falta de espaço para eventos de grande público montar espaço para 2 mil pessoas Operários montam estrutura metálica de novas salas do Centro de Eventos: adequação atende exigências do mercado mais de R$ 200 mil. “Mas como o custo é alto, essa produção é feita aos poucos”, diz Maitê Ulhman, diretora executiva do Londrina Convention & Visitors Bureau. Foram esses investimentos que seguraram na Cidade a realização do 4º Simpósio de Pesquisa de Cafés do Brasil, marcado para maio. O evento é organizado pelo Iapar, em parceria com o Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, através da Embrapa Café. Segundo Isaura Pereira Granzotti, coordenadora de eventos do Iapar, caso o Centro de Eventos não se dispusesse a fazer algumas modificações o simpósio não seria realizado em Londrina. O Centro de Eventos cons- Congresso Brasileiro de Soja, que estava confirmado para Londrina, poderá ir para outra cidade truiu três auditórios: dois com capacidade para 150 pessoas cada um e outro vai abrigar 250. RETORNO - O investimento em eventos de grande porte pode ser alto, mas traz retorno. O orçamento do Congresso Brasileiro da Soja, por exemplo, que será realizado em quatro dias, é de cerca de R$ 1 milhão. “Esse dinheiro é dividido entre todos os setores da Cidade. Movimenta a economia formal e informal”, salienta Maitê. Ela acrescenta que cada turista que chega à Cidade para participar deste tipo de evento costuma gastar cerca de R$ 300 por dia, entre hospedagem, alimentação, lazer e souvenires. Maitê afirma que Londrina tem grande potencial para a realização deste tipo de evento, principalmente nas áreas técnico-científicas, saúde, ciência e tecnologia. Os organizadores são atraídos pelo baixo custo de hotéis e alimentação (em média 30% a 40% mais barato do que Curitiba ou municípios do interior de São Paulo); pela qualidade de vida (a cidade é bonita, limpa e relativamente segura); e também oferece mão-de-obra barata. “Por isso é preciso incentivar e apoiar a realização deste tipo de evento. Há O Catuaí Shopping também está de olho no turismo de eventos. Os empreendedores do estabelecimento já estão à procura de parceiros para investir em melhorias na infraestrutura de um espaço com capacidade para abrigar cerca de 2 mil pessoas. Com 2,5 mil metros quadrados, o espaço fica no mezanino logo acima da entrada principal do Catuaí, onde já funcionaram algumas boates. Deverão ser investidos R$ 1 milhão, em obras de acústica e na compra de equipamentos e mobília. A intenção ainda é disponibilizar divisórias removíveis para montar até seis salas de apoio. Neste caso, o salão maior teria capacidade para abrigar até 700 pessoas. A expectativa é que as obras sejam iniciadas ainda neste semestre. algumas parcerias com a Codel, mas não é efetivamente uma política municipal. A Prefeitura poderia ser mais pontual”, sugere Maitê. Ela acrescenta que o governo municipal deveria investir mais no turismo de eventos, enquanto a iniciativa privada poderia aderir a entidades que incentivam essa prática, como o Convention. “Com maior adesão, teríamos mais poder de fogo para negociar a realização destes eventos. Poderíamos fazer mais investimentos para vender a imagem da Cidade”, observa. A reportagem tentou conversar sobre o assunto com o novo presidente da Codel, Cláudio Tedeschi, mas não foi atendida. JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 26 ESPAÇO APP LONDRINA Janeiro: mês de retração do mercado ou mito? A história de que o mês de janeiro é uma época marcada pela retração do mercado surgiu possivelmente da idéia de que os brasileiros só funcionam após o Carnaval. Sem dúvida, este é um conceito ultrapassado, característica de um Brasil que vivia baseado na trilogia futebol-samba-carnaval. O Brasil de hoje é muito mais ativo e produtivo. Os indicadores de nossa economia comprovam este cenário. Em 2004, as exportações atingiram o recorde de U$ 87 bilhões. Em dezembro de 2004, o Brasil vendeu US$ 9,149 bilhões no comércio internacional, valor recorde para meses de dezembro e 30,3% superior à média de embarques registrada em igual período de 2003. As importações totalizaram US$ 5,684 bilhões e não batiam recorde desde 1996, quando alcançou US$ 5,635 bilhões. O saldo comercial do período, que também é recorde, totalizou US$ 3,510 bilhões e se tornou o sétimo mês do ano em que o superávit comercial fica acima da marca dos US$ 3 bilhões. Hoje, a palavra-chave é competitividade, condição somente conquistada e mantida com muito trabalho. Parar suas atividades por um mês, ou simplesmente diminuir o ritmo, pode significar sair em desvantagem sobre a concorrência no ano que começa. Podemos entender o mundo dos negócios como uma maratona. Na maratona, a vantagem de um corredor sobre o outro não pode ser muito grande porque, caso contrário, quem está atrás dificilmente alcançará aquele segue na frente. Imaginemos uma empresa como um corredor de maratona. Se esta empresa conseguiu conquistar uma vantagem competitiva, ficar parada ou simplesmente diminuir o ritmo significa possibilitar que o concorrente a Parar suas atividades por um mês, ou simplesmente diminuir o ritmo, pode significar sair em desvantagem sobre a concorrência no ano que começa Início do ano não é de retração e sim de oportunidades. Na maratona que é a competição do mercado, qualquer vantagem pode ser decisiva para o sucesso de uma organização alcance, fazendo com que todo o esforço para manter a concorrência à distância tenha sido em vão. É por esta razão que acredito que, se o início do ano for uma época de retração, as empresas estarão perdendo terreno para a concorrência que manteve o ritmo ou acelerou para se distanciar dos outros competidores. O consumo não pára no mês de janeiro e, sim, obedece a uma sazonalidade de segmentos diferentes. Existem alguns setores em que o pico ocorre nesta época do ano, como o de educação e material escolar, por exemplo. Há outros que também ficam mais ativos neste período: bebidas, turismo, higiene pessoal e beleza são alguns deles. Mesmo o setor de varejo, que tem seu pico no final do ano, começa o ano com as grandes liquidações de estoque. Na verdade, as empresas, em sua maioria, não pos- suem uma grande quantidade de estoques acumulados. Hoje, elas estão adotando uma estratégia de marketing com o objetivo de levar o consumidor às compras. Em resumo, o início do ano não é de retração e sim de oportunidades. Na maratona que é a competição do mercado, qualquer vantagem pode ser decisiva para o sucesso de uma organização. A Rede Globo, por exemplo, apesar de sua liderança folgada em relação às outras emissoras, lança novas atrações no início do ano, enquanto a grande maioria reprisa programas. A recomendação é aproveitar o mês de janeiro para abrir vantagem sobre a concorrência, deixandoa que corra atrás de quem já disparou na frente ao longo do ano. Dirceu Simabucuru Gerente de Marketing RPC-TV Espaço APP-Londrina é uma publicação da Associação dos Profissionais de Propaganda – Capítulo Londrina em parceria com a Associação Comercial e Industrial de Londrina. Sede: Rua Minas Gerais, 297, 2 o andar – Edifício Palácio do Comércio – Tel.: (43) 3329-5999. Endereço eletrônico: [email protected] Edição: Claudia Romariz - CR Comunicação Texto: Chico Amaro Editoração eletrônica: Jornal da ACIL APP-Londrina Presidente: Rafael Lamastra Jr. Vice-presidente: JB Faria Diretor financeiro: Nivaldo Benvenho Diretora secretária: Rosana Modelli Kuhnlein Diretores e membros do Conselho de Administração: Antonio Carlos Macarini, Carlos Roberto Cunha, Cláudia Romariz, Francisco Senra Neto, Maria Aparecida Miranda, Nilton Tanabe, Renato Bastos Junior, Rosana Andrade, Valduir Pagani e Wagner Rodrigues Conselho Fiscal: Alexandre Pankoski, Carlos Umberto Forti Galli, José Jarbas Gomes da Silva, Luiz Felipe Moreira de Souza, Milton Fabrício Pereira e Victor Gouveia JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005 27 P A I N E L J U R Í D I C O Cláudia Rodrigues Especial para o Jornal da ACIL Cheques sustados: inadimplência ou fraude? Atualmente o comércio vem enfrentando um problema que está se tornando muito comum, a inadimplência. A falta de cumprimento das dívidas contraídas pelo consumidor têm se manifestado tanto através da emissão de cheques sem fundos como também pela falta de pagamento à prazo nos crediários. Entretanto, é com relação aos pagamentos feitos através de cheque que um problema maior vem se instaurando: a sustação dos cheques, prática que se tornou muito comum na esfera comercial e nos bancos. A sustação dessas cártulas muitas vezes é utilizada – e é uma tendência crescente – como um meio fraudulento para livrar o mal pagador da obrigação assumida, ou seja, do pagamento de seu débito. Através desse expediente, o devedor livra-se tanto do pagamento como da inclusão de seu nome nos bancos de dados de inadimplentes, isto é, além de não pagar a dívida, ainda não é incluído no Cadastro Emitentes de Cheques sem Fundos do Banco Central, uma vantagem, sem dúvida, já que hoje o comércio verifica a idoneidade do pagamento através de cheques nesse cadastro. A sustação de cheques só pode ser feita antes da compensação dos mesmos, por escrito e com a justificativa fundada em relevante razão de direito, dispõe a Lei dos Cheques e a Resolução 2747/2000. O que ocorre normalmente é um grande engano quanto às razões para se sustar um cheque. Fala-se e até mesmo adota-se esse procedimento, que um cheque pode ser sustado quando é roubado, furtado ou extraviado. Esses três motivos não ensejam a sustação de cheque, mas sim, o cancelamento do título por parte da Instituição Financeira, que deverá adotar o mesmo procedimento da sustação, ou seja, o pedido por escrito do correntista com a declaração do motivo. momento é exatamente esclarecer acerca da possibilidade da sustação de cheque, visto que sua utilização tem sido feita como forma do devedor não pagar sua dívida. Conforme foi dito acima, o pedido de sustação de cheque deve ser feito por escrito à Instituição Financeira, com a declaração do motivo em que se funda o pedido, sendo que este motivo deve configurar relevante razão de direito, não cabendo à Instituição Financeira julgar a relevância da razão invocada pelo emitente. E o que se entende por relevante razão de direito já que a Lei não traz um rol das hipóteses de se encaixam nessa expressão? A questão deve, sempre, ser analisada em vista ao caso concreto, pois só é possível analisar a relevância da razão de direito diante da realidade negocial apresentada. Uma hipótese muito comum e corriqueira é o conhecido de- sacordo comercial, isto é, aqueles casos onde fica caracterizado que uma das partes do negócio não cumpriu ou cumpriu defeituosa ou diversamente a obrigação por si assumida. Exemplo disso tem-se no caso da entrega do produto ao comprador fora do prazo ou das especificações do pedido. Aqui a sustação tem a finalidade de evitar maiores prejuízos ao comprador, pois a lei civil prevê expressamente que uma das partes não pode deixar de cumprir sua obrigação alegando que a outra deixou de cumprir a sua. Ou seja, imaginese o caso do comprador de determinada matéria prima que diante da entrega de mercadoria diversa da comprada, tem que pagar o preço, para só depois, através de ação judicial, discutir que o negócio não se concretizou nos termos do pactuado e só depois de ficar comprovado esse fato, poder pedir o valor que pagou de volta por ser indevido e, ainda, correndo o risco de mesmo tendo o direito a esse recebimento, o vendedor não ter numerário para saldar essa dívida. Então, pode-se dizer que a relevante razão de direito está configurada em todas as hipóteses em que há descumprimento contratual de qualquer natureza (empresarial ou prestação de serviços). Sustado o cheque, o favorecido ou portador tem o direito de conhecer a razão apontada pelo emitente como relevante para fundamentar esse pedido, para poder verificar se realmente é caso de sustação ou se a sustação está sendo usada como expediente fraudulento, apenas para inibir o pagamento. Assim, se solicitado, o banco sacado é obrigado a fornecer ao portador ou favorecido as informações acerca do motivo da sustação, não bastando, somente, como ocorre geralmen- O art. 171 do Código Penal prevê expressamente a figura criminosa da fraude no pagamento por meio de cheque sustado sem relevante razão jurídica te, o carimbo no verso do cheque indicando a alínea da devolução. Embora os bancos geralmente se neguem a fornecer essas informações, alegando o dever de sigilo bancário, eles estão obrigados a fornecê-las se solicitado, nos termos da normatização da apresentação de informações por parte das instituições financeiras, regulamentada pelo Banco Central do Brasil (Circular 2.989 de 2000, art. 4o, caput e inc. II). De posse do motivo declarado pelo emitente como apto a justificar a sustação, o favorecido ou portador poderá tomar as medidas cabíveis para o recebimento do valor do cheque sustado, pois se não estiver configurada a relevante razão jurídica, além da cobrança do valor, poderá valer-se da via criminal, para apurar a responsabilidade do emitente por fraude realizada através da injustificada sustação. O art. 171, do Código Penal, prevê expressamente a figura criminosa da fraude no pagamento por meio de cheque sustado sem relevante razão jurídica como uma modalidade de estelionato, prevendo uma pena de 1 a 5 anos para quem realizar esse delito. Em suma, a sustação de cheques nos dias atuais tem sido utilizada indiscriminadamente nas relações comerciais, como uma forma do mal pagador livrarse do pagamento da dívida e da inclusão do seu nome nos cadastros de inadimplentes, sem configurar a relevante razão jurídica, única hipótese legal para a sustação. Assim, o portador ou favorecido de cheque sustado, querendo, tem o direito de conhecer a razão declinada para a sustação, para que, diante da inexistência de causa a justificar a sustação, possa tomar as medidas cíveis para o recebimento da dívida e criminais para punição do estelionatário. Cláudia Rodrigues é doutoranda em Direito Comercial pela PUC/SP. Sócia da Pinheiro, Rodrigues & Advogados Associados em Londrina 28 JORNAL DA ACIL/Janeiro 2005