Ciências Humanas
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QUESTÃO 1
(Hubert Robert. A Bastilha nos primeiros dias de sua
demolição, 20 de julho de 1789. Museu Carnavalet,
Paris, França.)
Esta representação da Bastilha, prisão política do absolutismo monárquico, foi pintada
em 1789. Indique dois elementos da tela que
demonstrem a solidez e a força da construção e o significado político e social da jornada popular de 14 de julho de 1789.
que o complexo da Bastilha abrigava outras
funções; de fato, fora instalado ali um quartel
da guarda real e (ainda mais importante) o
arsenal de Paris. Analisando por esse ângulo, o movimento popular parisiense do 14 de
julho ganha dimensões simbólicas (a invasão
de um ícone do Absolutismo) e práticas (a
apropriação do arsenal, dando origem, a partir daí, à rebelião armada). Ao mesmo tempo, reagindo às medidas repressivas da Monarquia Absolutista – demissão do ministro
reformista Necker, tentativa de dissolução
da autoproclamada Assembleia Nacional em
Versalhes –, a insurreição dos trabalhadores
urbanos de Paris (os famosos sans-culottes)
demonstrava, com a Tomada da Bastilha, a
unidade imediata de propósitos das diversas
parcelas e facções do Terceiro Estado na deflagração daquilo que se tornaria conhecido
como Revolução Francesa.
QUESTÃO 2
Resposta
Antigo castelo na área central de Paris (convertido em prisão no século XVII), a Bastilha
apresenta os elementos típicos das fortalezas
medievais. Cercada por um fosso (desviado
do rio Sena), apresenta-se como um volume
maciço em pedra, das fundações às ameias
(postos de vigia na elevação do entorno).
Deve-se notar o caráter inexpugnável do
conjunto, com suas muralhas e torres praticamente sem aberturas, alcançando cerca de 20 m de altura. Ao ser transformada
em prisão política, a Bastilha passou a ser
um símbolo visível do poder real absoluto,
que para lá despachou indivíduos em algum
momento vistos como ameaça – a título de
exemplo, o iluminista Voltaire (quando jovem) e o famoso Marquês de Sade (quando velho) lá cumpriram temporadas como
prisioneiros – sem a necessidade de um
processo jurídico formal. Entretanto, diante
de suas amplas dimensões, é fácil perceber
Cheio de glória, coberto de louros, depois de ter derramado seu sangue em defesa da pátria e libertado um
povo da escravidão, o voluntário volta ao país natal
para ver sua mãe amarrada a um tronco! Horrível
realidade!...
(Ângelo Agostini. A Vida Fluminense, 11.06.1870.
Adaptado.)
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Identifique a tensão apresentada pela representação e por sua legenda e analise a importância
da Guerra do Paraguai para a luta de abolição
da escravidão.
Resposta
Imagem e legenda nos apresentam a tensão que se forma quando um soldado combatente na Guerra do Paraguai, muito provavelmente um ex-escravo liberto justamente
por conta do conflito, volta à sua terra natal
e depara-se com uma realidade que ele já
não considera mais possível de se sustentar, a saber: não só a de sua mãe ainda sofrer maus tratos, mas, sobretudo, a de que
a escravidão continuava a existir.
O Exército brasileiro, pela falta de contingente, se comprometeu a libertar escravos
que compusessem suas frentes. Isso fez
com que ideias abolicionistas ganhassem
força nos meios militares a partir do conflito supracitado. Com o fim da Guerra do
Paraguai (1870), a posição dos militares, de
forma geral, passa a ser de combate à escravidão, contribuindo decisivamente para
a formação do movimento abolicionista e,
consequentemente, para o desgaste dessa
forma de trabalho.
QUESTÃO 3
O Governo Provisório foi deposto; a
maioria de seus membros está presa. O poder soviético proporá uma paz democrática imediata a
todas as nações. Ele procederá à entrega aos comitês camponeses dos bens dos grandes proprietários, da Coroa e da Igreja... Ele estabelecerá o
controle operário sobre a produção, garantirá a
convocação da Assembleia Constituinte para a
data marcada... garantirá a todas as nacionalidades que vivem na Rússia o direito absoluto de
disporem de si mesmas.
O Congresso decide que o exercício de
todo o poder nas províncias é transferido para os
Soviets dos deputados operários, camponeses e
soldados, que terão de assegurar uma disciplina
revolucionária perfeita. O Congresso dos Soviets
está persuadido de que o exército revolucionário
saberá defender a Revolução contra os ataques
imperialistas.
(Proclamação do Congresso dos Soviets, outubro de
1917. Apud Marc Ferro. A Revolução Russa de 1917, 1974.)
O documento, divulgado em outubro de
1917, relaciona diversas decisões do novo
governo russo.
Quais eram as principais diferenças políticas e sociais entre o governo que se iniciava
(Congresso dos Soviets) e o que se encerrava
(Governo Provisório)? Cite uma das realizações do novo governo, explicando o contexto em que se deu.
Resposta
Diferenças sociais e políticas entre o governo provisório e o governo dos sovietes:
Em seguida à abdicação do czar Nicolau II
(março de 1917), organiza-se um governo
provisório estabelecido pela Duma (órgão
legislativo vigente desde 1905), que passa
a exercer o poder legal, e neste estão representados, entre outros, os mencheviques,
os socialistas revolucionários e os constitucionalistas democráticos (“cadetes”). Entretanto, estabelece-se um poder paralelo
de fato que veio a ser liderado pelos bolcheviques. Tais divisões político-partidárias,
por sua vez, expressam as diferentes bases
sociais envolvidas no processo revolucionário. O governo provisório possuía representantes dos interesses agrários (socialistas
revolucionários), de setores sociais urbanos
com ideais liberais (constitucionalistas democráticos) e setores sociais urbanos com
posições mais à esquerda moderada (mencheviques – sociais-democratas).
Desde o início do governo provisório, são
discerníveis as posições políticas entre o
ordenamento legal (governo provisório) e o
poder de fato (os sovietes – conselhos de
soldados, marinheiros, operários e camponeses), que, devido à eficácia de suas ações
frente à inoperância do governo provisório,
adquire credibilidade e passa a ser disputado
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pelos setores políticos mais à esquerda. As
bases sociais dos sovietes correspondem,
portanto, aos estratos sociais que até então
estavam legalmente excluídos da efetiva
participação política (marinheiros, soldados,
operários e camponeses), diferindo, portanto, significativamente das bases sociais de
sustentação do governo provisório (classes
média e alta). O desfecho desse embate resulta na Revolução de Outubro, que põe um
fim ao governo provisório tal como é anunciado, por exemplo, no texto do enunciado
desta questão.
Entre as principais realizações do governo
soviético instalado em fins de 1917 podemos citar o Tratado de Brest-Litovsky
(1918) – um acordo de paz em separado
com a Alemanha que permitiu a retirada
da Rússia da I Guerra Mundial –; a suspensão da propriedade privada dos meios
de produção; a organização de um exército (Exército Vermelho) para combater as
forças adversárias ao novo governo; bem
como a fundação, em 1922, de um Estado
socialista – a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Tais realizações pertenceram ao contexto da chamada Revolução
Russa de 1917, mais precisamente a ascensão política dos bolcheviques, comunistas liderados por Lênin e que haviam
elaborado um programa de governo popular e radical.
QUESTÃO 4
Getúlio Vargas paira entre palavras e
imagens. Em um dos quadros, sorridente, ladeado
de escolares também sorridentes, Getúlio toca
o rosto de uma menina; ao seu lado, um menino empunha a bandeira nacional. Os textos são
todos conclamativos e supõem sempre uma voz
a comandar o leitor infantil e a incitá-lo para a
ação. A mesma getulização dos textos escolares
se faz presente na ampla literatura encomendada
pelo DIP [...].
(Alcir Lenharo. Sacralização da política, 1986.)
Explique o que o autor chama de “getulização dos textos escolares” e analise o
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papel do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) durante o Estado Novo
(1937-1945).
Resposta
O Período do Estado Novo (1937-45) foi caracterizado pela concentração de poderes
nas mãos do presidente Getúlio Vargas, que
estabeleceu um governo autoritário no país.
Os diversos setores da sociedade, da política às manifestações culturais, passaram a
sofrer um forte controle por parte do Estado, sendo intensa a repressão aos setores
de oposição. De acordo com o texto, a educação passou a ser utilizada para valorizar
a figura do presidente como “uma voz a
comandar o leitor infantil e a incitá-lo para
a ação”. Assim, foi estabelecido um culto à
personalidade de Getúlio, ocorrendo uma
“getulização dos textos escolares”, em que
o presidente era representado como guia
para toda a nação. Durante essa fase, teve
atuação destacada o DIP (Departamento
de Imprensa e Propaganda) como instrumento de propaganda “positiva” do governo, valorizando suas realizações, e ao mesmo tempo de censura à imprensa e outras
manifestações culturais. A atuação na educação demonstrava essa estratégia do DIP,
que produzia obras de apoio ao governo e
a Getúlio.
QUESTÃO 5
Observe as figuras.
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A manchete noticia o fechamento do Aterro
Sanitário Metropolitano do Jardim Gramacho, após 34 anos de existência. O maior
aterro sanitário da América Latina estava
localizado à beira da Baía de Guanabara, sobre áreas de manguezais e cercado pelos rios
Iguaçu e Sarapuí.
Cite e explique três razões ambientais ou
sociais para esse fato ter sido comemorado.
Resposta
(Analúcia Giometti et al. (orgs.). Pedagogia cidadã –
ensino de Geografia, 2006. Adaptado.)
Faça uma análise espaço-temporal da paisagem, identificando quatro transformações
feitas pelo homem.
Resposta
Com base na análise da paisagem apresentada, observamos o desmatamento de
encostas, o aterro de áreas litorâneas, a
ocupação irregular de morros com grande
declividade e a tomada de áreas de várzea
no processo de urbanização.
QUESTÃO 6
Rio de Janeiro fecha o maior aterro sanitário da
América Latina
(O Estado de S.Paulo, 04.06.2012.)
O aterro sanitário se encontra sobre áreas de
manguezais. A primeira razão para o fechamento do aterro ser comemorado é o fato de
que diminuirão as pressões ambientais nessas áreas, que são importantes “berçários
ecológicos” do ecossistema costeiro. A segunda razão está relacionada à redução da
poluição hídrica e do solo e, com isso, a melhoria da salubridade da área. Por fim, como
terceira razão, podemos citar a redução do
risco de contaminação humana, pois muitas
pessoas trabalham diariamente no aterro sanitário em condições precárias e insalubres.
Ainda podemos citar o fim do trabalho informal dos “catadores de lixo”, que trabalham na
coleta de material reciclável sem nenhuma
proteção trabalhista, além de melhorias da
infraestrutura urbana no entorno do aterro
com o seu fechamento, etc.
QUESTÃO 7
Brasileiros de várias cidades precisam
adaptar a rotina a fenômenos climáticos. Mas
Montes Claros, em Minas Gerais, tem um desafio diferente: seus habitantes têm de aprender a
conviver com terremotos. É pelo menos um abalo
por ano – são 23 desde 1995, segundo o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília. O
mais forte, porém, ocorreu há oito dias, atingindo
magnitude 4,5 na escala Richter e foi sentido em
toda a cidade. Nos dias seguintes, houve mais
três tremores menores – resultando em “pavor
total” da população.
(Marcelo Portela. A cidade que tem de viver
com terremotos. O Estado de S.Paulo, 27.05.2012.
Adaptado.)
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Distribuição das placas litosféricas da Terra. As setas indicam o sentido do movimento, e os números, as
velocidades relativas, em cm/ano, entre as placas. Por exemplo, a placa Sul-Americana avança sobre a
placa de Nazca a uma velocidade considerada alta, que varia de 10,1 a 11,1 cm por ano.
(Wilson Teixeira et al. (orgs.). Decifrando a Terra, 2009. Adaptado.)
A partir da leitura do texto, da análise do planisfério e de seus conhecimentos, defina a expressão “placa tectônica” e explique qual é o padrão de ocorrências de abalos sísmicos no
Brasil.
Resposta
Placas tectônicas são as porções em que está dividida a litosfera continental e oceânica, e
que estão em contato com o manto terrestre.
No Brasil a ocorrência de abalos sísmicos é reduzida, de baixa intensidade e está relacionada à acomodação dos terrenos ou aos reflexos oriundos de sismos na cordilheira dos
Andes ou na cadeia Meso-Oceânica.
QUESTÃO 8
Analise os climogramas dos principais tipos climáticos do Brasil e as fotos que retratam as
formações vegetais correspondentes.
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vegetal do cerrado e uma característica do
clima no qual ela ocorre.
Resposta
(Maria Elena Simielli. Geoatlas, 2011. Adaptado.)
O climograma e a paisagem que representam o cerrado são, respectivamente, o número 3 e a letra C.
A vegetação do cerrado se caracteriza pela
combinação entre arbustos, árvores de pequeno porte e gramíneas, com aspecto xeromórfico (galhos retorcidos, casca grossa e
raízes profundas).
O clima dominante no cerrado é o tropical
típico (ou continental), com duas estações
melhor definidas (verão úmido e inverno
seco).
QUESTÃO 9
Ninguém pode deixar de reconhecer a influência
da teoria do bom selvagem na consciência contemporânea. Ela é vista no presente respeito por
tudo o que é natural (alimentos naturais, remédios naturais, parto natural) e na desconfiança
diante do que é feito pelo homem, no desuso dos
estilos autoritários de criação de filhos e na concepção dos problemas sociais como defeitos reparáveis em nossas instituições, e não como tragédias inerentes à condição humana.
(Steven Pinker. Tábula rasa – a negação contemporânea
da natureza humana, 2004. Adaptado.)
Explique a origem e o conteúdo da “teoria
do bom selvagem” na história da Filosofia e
comente sua implicação na análise dos problemas sociais.
Resposta
(Maria Elena Simielli. Geoatlas, 2011. Adaptado.)
Identifique o climograma e a respectiva foto
que representa a vegetação do cerrado.
Mencione duas características da formação
A “teoria do bom selvagem” está referenciada na obra de Jean-Jacques Rousseau
Discurso sobre a origem e os fundamentos
da desigualdade entre os homens, na qual,
questionando a posição de Hobbes de que
no “estado de natureza” o homem não teria
“nenhuma ideia da bondade (por não conhecer nenhuma virtude)”, Rousseau, inversamente, conclui que no “estado de natureza,
aquele no qual o cuidado de nossa conser-
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vação é menos prejudicial ao de outrem (...)
e consequentemente mais propício à paz é
o mais conveniente ao gênero humano”.
Também, para Rousseau, no “estado de
natureza” os homens ainda não teriam
desenvolvido tantas necessidades, como
encontravam-se nas sociedades europeias
(corrompidas) do século XVIII. Isso, entre
outros fatores, permitiria que estas vivessem ainda em um estágio de relativa paz.
À medida que a tecnologia e a produção de
novas necessidades fossem criadas ao longo da história humana, e diante da desigualdade social, que faria com que apenas alguns pudessem usufruir de tais benefícios;
aumentaria a hostilidade entre os homens
e seu afastamento da bondade do estágio
natural. Tal visão negativa do progresso humano estaria presente na consciência contemporânea, segundo o texto.
A implicação mais decisiva relaciona a teorias antropológicas (sociedades pré-históricas) e sociológicas que suspeitam que as
instituições e sistemas socioeconômicos
funcionam como determinantes de problemas, desajustes e conflitos sociais.
QUESTÃO 10
Preguiça e covardia são as causas que explicam
por que uma grande parte dos seres humanos,
mesmo muito após a natureza tê-los declarado
livres da orientação alheia, ainda permanecem,
com gosto, e por toda a vida, na condição de menoridade. É tão confortável ser menor! Tenho à
disposição um livro que entende por mim, um
pastor que tem consciência por mim, um médico
que prescreve uma dieta etc.: então não preciso
me esforçar. A maioria da humanidade vê como
muito perigoso, além de bastante difícil, o passo
a ser dado rumo à maioridade, uma vez que tutores já tomaram para si de bom grado a sua supervisão. Após terem previamente embrutecido
e cuidadosamente protegido seu gado, para que
estas pacatas criaturas não ousem dar qualquer
passo fora dos trilhos nos quais devem andar, os
tutores lhes mostram o perigo que as ameaça caso
queiram andar por conta própria. Tal perigo, po-
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rém, não é assim tão grande, pois, após algumas
quedas, aprenderiam finalmente a andar; basta,
entretanto, o perigo de um tombo para intimidá-las e aterrorizá-las por completo para que não
façam novas tentativas.
(Immanuel Kant, apud Danilo Marcondes.
Textos básicos de ética – de Platão a Foucault, 2009.
Adaptado.)
O texto refere-se à resposta dada pelo filósofo
Kant à pergunta sobre “O que é o Iluminismo?”. Explique o significado da oposição por
ele estabelecida entre “menoridade” e “autonomia intelectual”.
Resposta
Segundo Kant, menoridade é a incapacidade
de um homem de se servir do próprio intelecto (capacidade de julgar) sem a orientação de um outro homem. Por outras palavras, aquele que consegue julgar e agir
racionalmente sem se deixar comandar por
outro homem alcançaria a maioridade ou autonomia intelectual, que para o filósofo seria
a verdadeira liberdade. Assim, menoridade
e autonomia intelectual são conceitos antagônicos.
QUESTÃO 11
Texto 1
Para santo Tomás de Aquino, o poder político,
por ser uma instituição divina, além dos fins
temporais que justificam a ação política, visa
outros fins superiores, de natureza espiritual.
O Estado deve dar condições para a realização
eterna e sobrenatural do homem. Ao discutir a
relação Estado-Igreja, admite a supremacia desta
sobre aquele. Considera a Monarquia a melhor
forma de governo, por ser o governo de um só, escolhido pela sua virtude, desde que seja bloqueado
o caminho da tirania.
Texto 2
Maquiavel rejeita a política normativa dos gregos, a qual, ao explicar “como o homem deve
agir”, cria sistemas utópicos. A nova política,
ao contrário, deve procurar a verdade efetiva, ou
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seja, “como o homem age de fato”. O método de
Maquiavel estipula a observação dos fatos, o que
denota uma tendência comum aos pensadores do
Renascimento, preocupados em superar, através
da experiência, os esquemas meramente dedutivos da Idade Média. Seus estudos levam à constatação de que os homens sempre agiram pelas
formas da corrupção e da violência.
(Maria Lúcia Aranha e Maria Helena Martins.
Filosofando, 1986. Adaptado.)
Explique as diferentes concepções de política
expressadas nos dois textos.
Resposta
A oposição entre as duas concepções pode
ser apresentada a partir da relação que cada
autor estabelece com o pensamento político grego. Tomás de Aquino, sob influência
direta dos escritos de Aristóteles, endossa
a ideia de que a política é encarregada de
encaminhar os homens em sociedade na
direção de seu fim supremo – o que, para o
pensador cristão, é a salvação da alma por
meio de seu encaminhamento ao reino celeste. A esse respeito, é evidente a distância em relação ao pensamento de Maquiavel. Para o escritor renascentista, a política
não se preocupa em identificar e alcançar
um fim supremo, mas sim em descrever e
compreender o jogo político efetivo, extraindo da história as lições que devem orientar
o governante na luta pela manutenção e
expansão do poder político. Daí a rejeição,
mencionada no excerto, da “política normativa dos gregos”.
Outra diferença marcante entre os autores
mencionados reside na maneira como cada
um apresenta a figura do governante.
Nos dois casos é exigido do monarca a presença de virtudes impreteríveis na ação.
Mas, enquanto Aquino subscreve as virtudes especificamente cristãs, juntamente
com a sua visão de mundo, a virtù maquiavélica é de outra ordem: ela é especifica-
mente política e, enquanto tal, está voltada
para as relações de poder.
QUESTÃO 12
Do lado oposto da caverna, Platão situa uma
fogueira – fonte da luz de onde se projetam as
sombras – e alguns homens que carregam objetos por cima de um muro, como num teatro de
fantoches, e são desses objetos as sombras que se
projetam no fundo da caverna e as vozes desses
homens que os prisioneiros atribuem às sombras.
Temos um efeito como num cinema em que olhamos para a tela e não prestamos atenção ao projetor nem às caixas de som, mas percebemos o som
como proveniente das figuras na tela.
(Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia,
2001.)
Explique o significado filosófico da Alegoria da Caverna de Platão, comentando sua
importância para a distinção entre aparência
e essência.
Resposta
Segundo Platão, as projeções das imagens
no interior da caverna representariam o
mundo sensível, aparente. Para os homens
que não conhecem a luz (que simboliza o
Conhecimento ou o Bem), porque nunca a
viram, as sombras dos objetos reais seriam
algo em si mesmo, a “verdade”. No entanto,
aqueles que já viram a luz, isto é, que conseguiram se libertar dos grilhões que aprisionam os homens na escuridão (no Reino da
doxa ou da opinião), saberiam que as sombras dos objetos são uma verdade aparente
e que é preciso transcendê-las para caminhar em direção à essência das coisas e
da aparência, cópias imperfeitas do Mundo
das Ideias ou mundo real. Em suma, Platão
vale-se da Alegoria da Caverna para tentar
explicar o que é o Bem verdadeiro, que para
ele é o conhecimento verdadeiro, já que a
ignorância seria a causa de todo o mal.
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