I Universidade Camilo Castelo Branco Instituto de Engenharia Biomédica, São José dos Campos. ADRIANA CRISTINA LOURENÇÃO VALÉRIO ANÁLISE DA FUNÇÃO DA MÃO IPSILATERAL À LESÃO EM INDIVÍDUOS COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO NA FASE CRÔNICA ANALYSIS OF THE FUNCTION OF HAND IPSILATERAL IN INDIVIDUALS WITH VASCULAR BRAIN INJURY IN CHRONIC PHASE São José dos Campos, SP 2013 II Adriana Cristina Lourenção Valério ANÁLISE DA FUNÇÃO DA MÃO IPSILATERAL À LESÃO EM INDIVÍDUOS COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO NA FASE CRÔNICA Orientador: Prof. Dr. Renato Amaro Zângaro Co-Orientador: Prof. Dr. Vando Edésio Soares Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica da Universidade Camilo Castelo Branco, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Engenharia Biomédica. São José dos Campos, SP 2013 III IV V Dedico este trabalho a todos os meus alunos, em especial ao querido sonhador Rafael Goes Luiz (in memoriam) por ter sido meu grande incentivador na finalização deste. Às vezes algo precisa acontecer para mudarmos as atitudes, ou para concluir algo inacabado, ou para começar novos projetos. Assim você fez “Rafa”. VI AGRADECIMENTOS A Deus por ter me dado coragem, forças, paciência e saúde para vencer os obstáculos um a um e o grandioso desafio como este. Aos meus queridos pais, Edina e Valentim, que me proporcionaram mais uma realização de tantos sonhos já cumpridos e que nunca mediram esforços para que eu pudesse concretizá-los. Agradeço minhas irmãs, Luciana e Vanessa pelos conselhos e palavras de consolo nos momentos de fraqueza. Ao meu esposo Carlos (Junior) por ser um grande companheiro e por acreditar em minha capacidade. Aos meus sogros, Roberto e Santina, e minha cunhada Flávia por me ouvir nos momentos de desespero, mas também pelas inúmeras refeições fora de hora. Aos meus colegas de estudos e de trabalho, principalmente ao Brunno, meu grande companheiro de viagens e que me auxiliou em todos os momentos na realização deste trabalho. Saudades das conversas que me aconselharam, das preocupações divididas, das brincadeiras e inúmeras gargalhadas. Agradeço a duas pessoas maravilhosas que Deus colocou em meu caminho, Lu e Terezinha, vocês foram fundamentais na concretização deste sonho e de muitos outros que conquistei, e serão com certeza, em outros que conquistarei. Muitíssimo obrigada minhas queridas amigas. Ao meu orientador Renato, e co-orientador Vando, por compartilharem comigo vossos conhecimentos, permitindo assim o meu aprimoramento profissional. Agradeço a compreensão, paciência e disponibilidade de todos os indivíduos que participaram da amostra deste estudo. Enfim agradeço a todos que de uma forma direta ou indireta contribuíram para a conclusão deste. VII “A glória da amizade não é a mão estendida, nem o sorriso carinhoso, nem mesmo a delícia da companhia. É a inspiração espiritual que vem quando você descobre que alguém acredita e confia em você.” Ralph Emerson. VIII ANÁLISE DA FUNÇÃO DA MÃO IPSILATERAL À LESÃO EM INDIVÍDUOS COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO NA FASE CRÔNICA RESUMO O acidente vascular encefálico (AVE) é uma das principais doenças crônicas em indivíduos com idade avançada, sendo considerado um sério problema de saúde pública por, na maioria dos casos, deixar sequelas motoras e sensitivas contralateral à lesão encefálica. Embora o lado ipsilateral à lesão, ser considerado normal, pode apresentar alterações nas interações sensóriomotoras, uma vez que uma pequena porção das vias descendentes do tracto córtico-espinhal lateral, não cruza nas pirâmides bulbares, inervando assim, o hemicorpo ipsilateral. O objetivo deste estudo foi analisar a função da mão ipsilateral à lesão em indivíduos de ambos os gêneros com AVE na fase crônica, e comparar com um grupo controle, pareados por idade, peso e altura. Trata-se de um estudo quantitativo e inferencial com a participação de 28 indivíduos, sendo 14 do grupo AVE e 14 do grupo controle. A função da mão foi avaliada com a utilização de equipamentos para medir a habilidade manual (HM), com o teste da caixa e blocos, a destreza fina (DF), com o teste dos nove buracos e pinos, a sensibilidade tátil (ST), com os monofilamentos de Semmes-weinstein, e a força muscular de preensão palmar (FPP) e dedos, como a força de pinça lateral (FPL), força de pinça polpa-polpa do 2º ao 5º dedos (FPPP2, FPPP3, FPPP4 e FPPP5), com dinamômetros hidráulicos Saehan® de preensão palmar e de preensão de pinça, respectivamente. A análise mostrou que ambos os gêneros do grupo controle possui maior HM, DF e ST que o grupo AVE. Para a FPP, FPL, FPPP3, FPPP4 e FPPP5, a análise mostrou que os homens de ambos os grupos possuem médias de forças maiores que as mulheres, entretanto para a FPPP2 há interação significativa entre os fatores, assim, homens do grupo controle possuem maior força que as mulheres, mas no grupo AVE não há diferença de médias entre os gêneros, e entre as mulheres de ambos os grupos as médias das forças são semelhantes, mas entre os homens, àqueles do grupo controle possuem maior média de força que os do AVE. Desta forma pode-se concluir que a mão ipsilateral à lesão em indivíduos com AVE na fase crônica, apresentou déficits significativos sensóriomotores de aspectos importantes para a sua funcionalidade. IX Palavras-chave: acidente vascular encefálico; habilidade manual; sensibilidade tátil; força de preensão. X ANALYSIS OF THE FUNCTION OF HAND IPSILATERAL IN INDIVIDUALS WITH VASCULAR BRAIN INJURY IN CHRONIC PHASE ABSTRACT The stroke is a major chronic disease in individuals with advanced age, is considered a serious public health problem by, in most cases, motor and sensory sequelae contralateral to the brain lesion. Although the side ipsilateral to the lesion, be considered normal, may show changes in sensorimotor interactions, since a small portion of the descending pathways of the lateral corticospinal tract, not to cross the medullary pyramids, thus innervating the ipsilateral hemisphere. The aim of this study was to analyze the function of the hand ipsilateral to the lesion in individuals of both genders with stroke in the chronic phase, as compared with a control group matched for age, weight and height. This is a quantitative study and inferential attended by 28 individuals, 14 of the stroke group and 14 in the control group. The hand function was assessed with the use of equipment for measuring manual dexterity (HM) with the test box and block the ability thin (DF), with the test of the nine holes and pins, the tactile (ST) with the Semmes-weinstein, and muscle strength handgrip (FPP) and fingers, as the strength of lateral pinch (FPL), pinch strength pulp-pulp 2nd to 5th fingers (FPPP2, FPPP3, FPPP4 and FPPP5 ) with hydraulic dynamometers Saehan handgrip and pinch grip, respectively. The analysis showed that both genders have greater control group HM, DF and ST the group stroke. For FPP, FPL, FPPP3, FPPP4 and FPPP5, the analysis showed that the men of both groups have averages greater forces than women, however for FPPP2 no significant interaction between factors, so men have greater control group strength than women, but there stroke group mean differences between genders, and among women in both groups the average forces are similar, but among men, those in the control group have a higher average force that the stroke. Thus we can conclude that the hand ipsilateral to the lesion in patients with stroke in the chronic phase, showed significant deficits sensorimotor important aspects of its functionality. Key-words: stroke, manual dexterity, tactile sensitivity, grip strength. XI LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Mapeamento de Penfield feito no córtex motor...................................................... 21 Figura 2: Origem, trajeto e destino dos tratos córtiço-espinhais............................................. 24 Figura 3: Círculo arterial do cérebro....................................................................................... 29 Figura 4: Grau de comprometimento segundo a escala de Fulg-Meyer................................. 37 Figura 5: Teste de habilidade manual com a caixa e blocos................................................... 37 Figura 6: Teste de destreza fina com a prancha dos nove buracos e pinos............................. 38 Figura 7: Kit de monofilamentos de Semmes-Weinstein....................................................... 38 Figura 8: Teste de sensibilidade com os monofilamentos...................................................... 39 Figura 9: Dinamômetro de preensão palmar ajustado na segunda posição............................ 40 Figura 10: Dinamômetro de preensão de pinça...................................................................... 40 Figura 11: Teste de preensão palmar...................................................................................... 41 Figura 12: (A) Teste de força de pinça lateral e (B) teste de força de pinça polpa-polpa...... 42 XII LISTA DE TABELAS Tabela 1. Fatores de exclusão e número total da amostra....................................................... 35 Tabela 2. Médias e desvios padrões das características antropométricas e resultados para a amostra.................................................................................................................................. 35 Tabela 3: Médias, desvios padrões e resultados da HM para a amostra................................. 43 Tabela 4: Médias, desvios padrões e resultados da DF para a amostra................................... 44 Tabela 5: Médias, desvios padrões e resultados da ST para a amostra................................... 44 Tabela 6: Médias, desvios padrões e resultados da FPP para a amostra................................. 45 Tabela 7: Médias, desvios padrões e resultados da FPL para a amostra................................. 45 Tabela 8: Médias, desvios padrões e resultados da FPPP2 para a amostra............................. 46 Tabela 9: Médias, desvios padrões e resultados entre os gêneros e os grupos da amostra para FPPP2............................................................................................................................... 46 Tabela 10: Médias, desvios padrões e resultados das forças de pinça polpa-polpa no 2º, 3º, 4º e 5º dedos........................................................................................................................ 47 Tabela 11: Correlação de Pearson da HM com a FPP, FPL, FPPP2, FPPP3, FPPP4, FPPP5, DF e ST...................................................................................................................... 48 Tabela 12: Correlação de Pearson da DF com a FPP, FPL, FPPP2, FPPP3, FPPP4, FPPP5, DF e ST...................................................................................................................... 48 Tabela 13: Correlação de Pearson da ST com a FPP, FPL, FPPP2, FPPP3, FPPP4 e FPPP5....................................................................................................................................... 48 XIII LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ATP – adenosina tri fosfato AVDs – atividades de vida diária AVE – acidente vascular encefálico AVEH – acidente vascular encefálico hemorrágico AVEI – acidente vascular encefálico isquêmico BPM – batimento por minuto CIPP – carta de informações ao participante de pesquisa CP – creatina fosfocnase DF – destreza fina ESF – estratégia de saúde da família et al. – e outros FC – frequência cardíaca FR – frequência respiratória FPL – força de pinça lateral FPPP – força de pinça polpa-polpa FPP – força de preensão palmar HM – habilidade manual Ltda – limitada MEEM – mini exame de estado mental OMS – organização mundial de saúde PAS – pressão arterial sistêmica PhD – doutor RM – ressonância magnética RPM – respiração por minuto SN – sistema nervoso SNC – sistema nervoso central SNP – sistema nervoso periférico SP – São Paulo SPPS - Statistical Package for the Social Sciences ST – sensibilidade tátil XIV SUS – sistema único de saúde TCLE – termo de consentimento livre e esclarecido UNICASTELO – Universidade Camilo Castelo Branco UNIJALES – Centro Universitário de Jales XV LISTA DE SÍMBOLOS Ca++ - íon cálcio cm – centímetros g – gramas º - graus ºC – graus Celsius ºF – graus Fahrenheit Kg - quilograma Kgf – quilograma por força Ibf – libras por força ± - mais ou menos ≥ - igual ou maior ≤ - igual ou menor ˃ - maior ˃ - menor m – metros mm – milímetros mmHg – milímetros de mercúrio nº - número ® - marca registrada ≈ - semelhante Tº - temperatura ♂ - sexo masculino ♀ - sexo feminino XVI SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................................... 18 1.1. Objetivo geral.............................................................................................................. 20 1.2. Objetivos específicos................................................................................................... 20 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................. 21 2.1. Áreas funcionais do córtex cerebral............................................................................. 21 2.1.1. Áreas comissurais...................................................................................................... 22 2.1.2. Os gânglios da base................................................................................................... 23 2.1.3. O cerebelo.................................................................................................................. 23 2.1.4. Vias descendentes...................................................................................................... 23 2.1.5. Vias ascendentes........................................................................................................ 25 2.2. Acidente vascular encefálico........................................................................................ 26 2.2.1. Fisiopatologia do acidente vascular encefálico......................................................... 28 2.2.2. Aspectos neuroanatômicos sobre a lesão vascular encefálica.................................. 28 2.2.2.1. Anatomia vascular do encéfalo.............................................................................. 29 2.3. A plasticidade neural e o processo de reabilitação....................................................... 30 2.4. Estruturas da mão que atuam na força, nas habilidades e na sensibilidade tátil........ 31 3. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................ 33 3.1. Aspectos éticos............................................................................................................. 33 3.2. Tipo de pesquisa........................................................................................................... 33 3.3. Local da pesquisa......................................................................................................... 33 3.4. Seleção da população................................................................................................... 34 3.5. Critérios de Inclusão e exclusão................................................................................... 34 3.6. Procedimento do experimento...................................................................................... 36 3.6.1. Coleta de dados.......................................................................................................... 36 3.7. Análise estatística......................................................................................................... 42 4. RESULTADOS.................................................................................................................... 43 5. DISCUSSÃO....................................................................................................................... 49 6. CONCLUSÃO..................................................................................................................... 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................... 55 APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.............................................. 61 APÊNDICE B - Carta de informação ao participante de pesquisa.......................................... 63 XVII APÊNDICE C - Ficha de dados pessoais................................................................................ 64 APÊNDICE D - Avaliação dos Sinais Vitais.......................................................................... 65 APÊNDICE E - Ficha de Anamnese do Portador de AVE...................................................... 66 APÊNDICE F - Teste de preensão palmar.............................................................................. 67 APÊNDICE G - Teste de preensão de pinça lateral e de pinça polpa-polpa.......................... 68 APÊNDICE H - Teste de destreza manual da caixa e blocos.................................................. 69 APÊNDICE I - Teste de destreza digital dos nove buracos e pinos ........................................70 APÊNDICE J - Teste de sensibilidade..................................................................................... 71 APÊNDICE K - MEEM – Mine exame de estado mental....................................................... 74 APÊNDICE L - Inventário de Edinburgh................................................................................ 75 APÊNDICE M - Escala de avaliação de Fulg-Meyer em português – Avaliação motora e sensorial.................................................................................................................................... 76 APÊNDICE N - Interpretação do teste de sensibilidade.......................................................... 81 ANEXO A – Termo de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa..................................... 82 ANEXO B - Termo de Autorização da Clínica Escola Unijales............................................. 83 ANEXO C - Termo de Autorização da Secretaria Municipal de Saúde de Jales/SP.............. 84 18 1. INTRODUÇÃO O sistema nervoso (SN) é um órgão integrador capaz de receber estímulos, interpretá-los e responder informações do organismo, tanto externas quanto internas, além de armazenar experiências, ou seja, memorizar informações, e estabelecer padrões de respostas com base em experiências anteriores, que é o aprendizado. Sendo assim, tem funções sensitivas, integrativas e motoras a fim de manter a constante homeostasia do corpo (GRAAFF; MARSHALL, 2003). O movimento humano consiste em três categorias, a primeira é a ação de reflexos, a segunda é a ação de movimentos rítmicos automatizados, e a terceira é a ação dos movimentos voluntários. Os três dependem de um padrão básico e fundamental que é a contração e relaxamento dos músculos. Com o envelhecimento, estes mecanismos são afetados, uma vez que ocorre a redução de proteínas e enzimas neurológicas controladoras de todas as funções do organismo. O aparecimento de algumas doenças crônicas pode também influenciar na diminuição destas ações (MEIRELES et al., 2010). Com a melhora da saúde em cuidados médicos, melhor assistência, e com as evoluções tecnológicas dos diagnósticos e terapias medicamentosas, bem como na reabilitação, aumentou a sobrevida da população com consequente aumento das pessoas com idade mais avançada, o que implica em maior número de incidência das doenças crônicas, como o acidente vascular encefálico (AVE), sendo uma das principais causas de morte e incapacidade funcional, acarretando em um grande impacto socioeconômico mundial (ARAÚJO et al., 2011, SILVA, 2004). As sequelas do AVE são decorrentes de lesões no sistema piramidal, e ocasionam ao indivíduo déficits sensório-motores, dificultando assim a realização de atividades cotidianas. Estas sequelas podem permanecer por períodos longos (6 meses a 1 ano), ou então tornam-se irreversíveis. As incapacidades motoras mais frequentes são: fraqueza muscular, alterações do tônus (espasticidade ou flacidez), alterações das habilidades motoras, alterações sensitivas e cognitivas (BARROS, 2008, TEIXEIRA-SALMELA et al., 2000; TEIXEIRA, 2008). De acordo com Teixeira (2008) e Barcala et al. (2011), após uma lesão cerebral, ocorrem estratégias compensatórias devido à perda ou a diminuição de capacidades funcionais, ou seja, o uso excessivo de um dos membros e o não uso do membro parético/plégico o que pode resultar em dor, inibição do processo de recuperação, devido a hábitos compensatórios, frustrações e perdas funcionais irreversíveis para ambos os membros. 19 A reabilitação após o AVE pode proporcionar a reeducação dos movimentos os quais envolvem conceitos de aprendizagem motora com o uso de repetição de movimentos para a obtenção de um feedback com o intuito de melhorar o desempenho das tarefas, principalmente as das mãos, uma vez que as mesmas têm a função de realizar movimentos delicados e complexos (SHUMWAY-COOKA; WOOLLACOTT, 2003). As mãos possuem um papel fundamental do desenvolvimento e evolução não só das habilidades humanas, mas também na comunicação verbal e não verbal além de imprimir força e manusear objetos delicados, tais movimentos dependem de fatores como: sensibilidade, mobilidade articular e sinergismo muscular (WILLIANS et al., 1995). É a extremidade efetuadora de maior complexidade no ser humano, entretanto não é apenas um órgão de execução, mas também um receptor sensorial, cujos dados são indispensáveis para sua função (KAPANDJI, 2007). Durante a realização de um movimento necessita-se de controles de facilitação como também de inibição para que o mesmo seja realizado com destreza e qualidade, porém quando o indivíduo sofre uma lesão no SNC, podem se perder esses controles, o que acarreta em movimentos atípicos, involuntários e até na incapacidade de realização dos mesmos (TEIVE; ZONTA; KUMAGAI, 1998). Nos dias atuais existem muitas pesquisas direcionadas na destreza, na sensibilidade, e na força muscular de indivíduos com AVE no hemicorpo contralateral à lesão, entretanto, pouco se sabe sobre os parâmetros citados, no hemicorpo ipsilateral à lesão, ou seja, do mesmo lado, principalmente em indivíduos na fase crônica da doença. Alguns estudos mostram que uma lesão unilateral em áreas corticais causa déficits bilaterais, porém a relação entre esses déficits é pouco conhecida, uma vez que, na fase crônica, o indivíduo com AVE, já consolidou a troca de dominância de lateralidade, caso a sequela tenha atingido o lado de dominância manual (DÍAZ-ARRIBAS et al., 2005; LUNDY-EKMAN, 2008). Preservar a função da mão ipsilateral em indivíduos com AVE é importante, uma vez que é frequentemente usada como ferramenta compensatória para a realização das atividades cotidianas (JUNG; YOON; PARK, 2002). Uma análise criteriosa da mão ipsilateral à lesão em indivíduos com AVE beneficiará tanto as pessoas acometidas por essa doença, quanto os profissionais das áreas de reabilitações (fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais), uma vez que, com uma avaliação mais detalhada, os profissionais poderão aperfeiçoar as medidas terapêuticas, enfatizando no programa de reabilitação, a utilização de técnicas adequadas de acordo com os possíveis déficits apresentados em ambos os lados do indivíduo, reabilitando os pacientes globalmente 20 e não apenas o hemicorpo de maior acometimento, uma vez que uma pequena porção dos tractos do sistema córtico-espinhal não cruzam nas pirâmides bulbares (FOX, 2007). 1.1. Objetivo geral Analisar a função da mão ipsilateral à lesão de indivíduos com acidente vascular encefálico na fase crônica. 1.2. Objetivos específicos • Analisar a função da mão, incluindo a habilidade manual (HM), destreza fina (DF), sensibilidade tátil (ST), força de preensão palmar (FPP), força de pinça lateral (FPL) e força de pinça polpa-polpa (FPPP) do 2º ao 5º dedos, no lado ipsilateral à lesão de indivíduos com AVE na fase crônica e comparar um grupo controle. • Correlacionar a HM com a FPP, com a FPL, com as FPPP, com a DF e com a ST. • Correlacionar a DF com a FPP, com a FPL, com as FPPP e com a ST. • Correlacionar ST com a FPP, com a FPL e com as FPPP. 21 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Áreas funcionais do córtex cerebral Com base nos efeitos da estimulação elétrica do córtex em humanos, realizadas por Wilder Penfield e colaboradores em 1950, e resultados obtidos de experimentos detalhados em mamíferos, pode-se determinar a correspondência de certas áreas do córtex com funções específicas. Algumas áreas foram mapeadas e numeradas em um sistema denominado de classificação de Brodmann; assim descobriram que os movimentos eram desencadeados através de estímulos elétricos feitos no giro pré-central (área 4 de Brodmann) do córtex motor primário de seres humanos, e então mapeou no córtex cerebral (nos dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo) às partes do corpo (homúnculo), porém outro homúnculo foi identificado na área pré-motora dorsal de cada lobo frontal, sendo esta, denominada por Penfield, de córtex motor suplementar (KOLB; WHISHAW, 2002); já Lent (2005) divide o córtex motor em três áreas: córtex motor primário, área pré-motora e área motora suplementar. A Figura 1 mostra o córtex motor, o estímulo elétrico realizado nele e o mapeamento feito por Penfield. Figura 1: Mapeamento de Penfield feito no córtex motor. Fonte: Kolb e Whishaw (2002) p. 366. 22 Segundo Cohen (2001) e Machado (2006), os neurônios do giro pré-central controlam as contrações voluntárias dos músculos estriados esqueléticos do lado contralateral, entretanto, Kolb e Whishaw (2002) relatam que os estímulos realizados nas regiões mediais dorsais do córtex determinam movimentos nos membros inferiores, e os estímulos nas regiões ventrais do córtex produzem os movimentos nas partes superiores do corpo, mãos e face. A área pré-motora é responsável pela realização de movimentos bilaterais complexos e a suplementar relaciona-se com o planejamento de sequencias complexas de movimentos, como por exemplo, os movimentos precisos das mãos e dos pés (COHEN, 2001; DUM; STRICK, 1991; MACHADO, 2006). Localizada posteriormente ao sulco central, no giro pós-central do lobo parietal esta a área sensitiva primária. Possui terminações das vias sensitivas gerais relativas à temperatura, tato, pressão, dor e propriocepção do corpo. Essas sensações atingem o nível consciente no córtex da área sensitiva primária, representadas pela área 1, 2 e 3 no mapeamento de Brodmann (SPENCE, 1991). Circundando as áreas motoras e sensitivas, estão localizadas as áreas de associação, que fazem as conexões entre motora e sensitiva, além de estar relacionadas com diversas atividades que ocorrem no encéfalo (SPENCE, 1991). 2.1.1. Áreas comissurais. Áreas comissurais são estruturas homólogas que unem os dois hemisférios cerebrais. São formadas pelo corpo caloso e principalmente pela comissura anterior. O corpo caloso é a maior comissura do cérebro composto por feixe de fibras de substância branca que associam as áreas simétricas dos dois hemisférios, e assimétricas, que associam regiões diferentes dos dois hemisférios (ENGELBARDT; MOREIRA, 2008). As projeções do corpo caloso são inibitórias, assim o hemisfério esquerdo tem maior domínio sobre o hemisfério direito do que o hemisfério direito sobre o esquerdo, sendo um dos mecanismos pelo qual o hemisfério esquerdo auxilia na realização de movimentos mais habilidosos e complexos, independente da dominância manual (BRASIL-NETO; ARAÚJO; CARNEIRO, 1999; DÍAZ-ARRIBAS et al., 2005). 23 2.1.2. Os gânglios da base Os gânglios da base, ou núcleos basais, são conjuntos de núcleos localizados no telencéfalo que formam um sistema controlador de alguns aspectos do movimento voluntário, suas principais estruturas formadoras são: núcleo caudado, putâmen, globo pálido, subtalâmico e substância negra (KOLB; WHISHAW, 2002). 2.1.3. O cerebelo O cerebelo está localizado na região posterior do crânio, abaixo do cérebro, possui dois hemisférios separados por uma fissura transversal, denominada de verme. O cerebelo tem a função de coordenar as contrações dos músculos esqueléticos proporcionando a manutenção da postura e controle do tônus muscular (KIERNAN, 2003). Lesões ou traumas no cerebelo levam a deterioração das funções musculares que acarretam em movimentos involuntários e descoordenados como também alterações no equilíbrio e marcha. As sequelas quando presentes manifestam-se no hemicorpo unilateral à lesão, uma vez que as vias de conduções não cruzam (GRAAFF; MARSHALL, 2003; KIERNAN, 2003). 2.1.4. Vias descendentes As vias descendentes são formadas por feixe de fibras nervosas que partem do córtex cerebral ou de diversas áreas do tronco encefálico e terminam na placa motora. Os tractos descendentes levam as informações do sistema nervoso central (SNC) para o sistema nervoso periférico (SNP) para a realização de uma tarefa, e estas vias dividem-se em vias piramidais (tractos córtico-espinhais) que se originam no córtex motor primário, no córtex pré-central (motor) e em área suplementar motora do lobo frontal, e em visa extras piramidais, que originam no tronco encefálico, ambas terminam na placa motora (GRAAFF; MARSHALL, 2003; KANDEL; SCHWARTZ; JESSEL, 2003). O sistema piramidal é constituído pelo tracto córtico-espinhal e pelo córtico-bulbar, sendo o principal sistema descendente. Formado por neurônios cujos corpos celulares localizam-se em diferentes áreas corticais, sendo 2/3 no lobo frontal e 1/3 nos lobos parietais, e por seus axônios que se estendem até a medula espinhal (DORETTO, 2001; YAROSH; HOFFMAN; STRICK, 2004). 24 De acordo com Spence (1991), as células nervosas dos tractos córtico-espinhais fazem sinapses com os neurônios motores inferiores no corno anterior da medula ou com neurônios de associação quando os estímulos provem dos nevos cranianos. A maioria destas fibras nervosas (80% a 90%) cruza para o lado oposto no bulbo (decussação das pirâmides) formando o tracto piramidal lateral que descem pela porção dorsal e lateral da medula espinhal. O restante dessas fibras (10% a 20%) desce pelo bulbo sem cruzar pela porção ventro-medial da medula e cruzam para o lado oposto ao nível do local do estímulo, formando o tracto piramidal anterior (ventral). Ambos os tractos conduzem estímulos motores para os músculos estriados esqueléticos, sendo o tracto piramidal lateral o principal responsável pelo controle voluntário dos movimentos, sobretudo pela motricidade fina e que exige destreza como, por exemplo, a da mão contralateral. Devido o cruzamento dos tractos no tronco encefálico (bulbo) explica-se o fato do hemisfério cerebral direito controlar a maioria da motricidade do hemicorpo esquerdo e vice-versa; entretanto, o controle dos movimentos da face esquerda é efetivado pelo hemisfério esquerdo e vice-versa, uma vez que os nervos cranianos partem da base do cérebro antes do bulbo (CUADRADO et al., 2001; FOX, 2007; MENESES, 1999; SNELL, 2003). A Figura 2 mostra a via de projeção do tracto córtico-espinhal. Figura 2: Origem, trajeto e destino dos tratos córtiço-espinhais. Fonte: Cosenza (2005), p. 60. 25 Lesão na via piramidal causa alteração no tônus muscular (estado de tensão do músculo em repouso). Este pode apresentar-se aumentado (hipertonia), diminuído (hipotonia), ou até mesmo ausente (atonia), sendo mais comum a hipertonia em pacientes que tiveram infarto cerebral (O’ SULLIVAN; SCHMITZ, 2004). Os tractos extras piramidais têm origem em várias regiões corticais ou nos núcleos do tronco encefálico e influenciam ações musculares juntamente com o cerebelo (coordenação e equilíbrio) a modificar contrações relacionadas com a postura, tônus e equilíbrio, como também influenciam os estímulos visuais e auditivos. O tracto vestíbulospinal além de auxiliar no tônus e na postura ele regula o equilíbrio quando existe movimentação de cabeça; o tracto tectospinal conduzem impulsos nervosos para as células do corno anterior da medula a auxilia na movimentação da cabeça para respostas auditivas e visuais; o tracto reticulospinal (anterior e medial) e o tracto bulborreticulospinal, controlam o tônus muscular e a atividade das glândulas sudoríparas (GRAAFF; MARSHALL, 2003; MACHADO, 2006). 2.1.5. Vias ascendentes O contato com o meio exterior se faz através da pele, por meio de receptores sensoriais que ao se transformar em impulsos nervosos, levam as informações através dos prolongamentos periféricos dos neurônios sensitivos, sendo direcionados para o SNC em áreas específicas do cérebro, onde é interpretado, resultando em diferentes formas de sensibilidade. Os receptores de estímulos sensitivos podem ser especiais (visão, olfato, paladar e audição) ou gerais (tato, pressão profundo, temperatura, dor e propriocepção), sendo os gerais localizados principalmente na pele (MACHADO, 2006). Os receptores gerais são divididos em exteroceptivo, responsável pela sensibilidade cutânea, dolorosa e térmica; proprioceptivo, responsável pela sensibilidade cinético-postural, vibratória e pressão profunda; e interoceptível, responsável pelas vísceras e vasos sanguíneos. Dentre os receptores específicos da sensibilidade exteroceptiva, o corpúsculo de Meissner é o principal receptor cutâneo, sendo responsável pela sensibilidade tátil (BARROS, 2008). As vias que levam as informações sensitivas táteis para o SNC são formadas pelos fascículos grácil e cuneiforme e pelo tracto espoinotalâmico ventral. O fascículo grácil é responsável pelas informações provenientes do tronco inferior e membros inferiores, e o cuneiforme pelo tronco superior e membros superiores. Após adentrarem a medula, os neurônios dos fascículos grácil e cuneiforme sobem até os núcleos dos fascículos grácil e cuneiforme, no bulbo, cruzam para o lado oposto e se direcionam para o tálamo, sendo 26 denominados de lemnisco medial, e ascendem para o córtex do giro pós-central. No tracto espinotalâmico ventral, a maioria dos neurônios, cruzam para o lado oposto da medula espinhal, sobem pela substância branca, e chegam até o tálamo, sendo então direcionados para o giro pós-central do córtex cerebral (SPENCE, 1991). 2.2. Acidente vascular encefálico A Organização Mundial de Saúde (OMS) define o AVE como um sinal clínico de rápido desenvolvimento, de perturbação focal da função cerebral de suposta origem vascular, decorrente de uma oclusão por diminuição do fluxo sanguíneo ao cérebro, ocasionado por uma obstrução de um vaso ou por uma hemorragia causada por uma ruptura do mesmo, cuja gravidade da lesão depende da área afetada (CESÁRIO; PENASSO; OLIVEIRA, 2006; COHEN, 2001). O AVE é uma doença que agride o sistema corticospinal, cerca de 80% dos indivíduos acometidos referem algum tipo de incapacidade que prejudique na realização das atividades da vida diária e o restringe da participação social com consequente prejuízo na qualidade de vida dos mesmos, principalmente daqueles com vida economicamente ativa (FALCÃO et al., 2004; PATEL et al., 2006; SOUZA et al., 2005). As alterações causadas por um AVE manifestam-se de modo diferente para cada indivíduo, pois essas manifestações dependem da área afetada, do tamanho da mesma, do tipo (hemorrágico ou isquêmico) e do estado geral do mesmo. As sequelas mais decorrentes são: incapacidade de deambular, falar e cuidar de si mesmo (LEWIS, 2002). O tipo de AVE é definido através do mecanismo que o originou, podendo ser isquêmico, ou hemorrágico. O acidente vascular encefálico isquêmico (AVEI) é decorrente de um bloqueio no vaso sanguíneo pela formação de uma placa aterosclerótica ou pela migração de um coágulo que estava em outra parte do corpo e chega ao encéfalo através da circulação (CARR; JHEPHERED, 2008). Para Mazzola et al. (2006), cerca de 80% dos casos são isquêmicos, pode ser por ateroma na artéria ou êmbolos secundários, essa oclusão impede a passagem de oxigênio e glicose levando a morte celular. O acidente vascular encefálico hemorrágico (AVEH) é decorrente de uma abertura no vaso sanguíneo, devido a uma ruptura de um aneurisma ou a um aumento da pressão sanguínea no vaso (hipertensão arterial sistêmica), essa ação causa a morte das células, pois gera um infarto na área do encéfalo suprida por um determinado vaso (COHEN, 2001). 27 O AVE possui características diferentes de acordo com a idade, visto que em jovens as causas são geralmente por malformações congênitas, fatores hereditários ou pelo uso impróprio de substâncias tóxicas e ilícitas; já na população com idade avançada estudos mostram a arteriosclerose como principal fator desencadeante da doença (PIRES; GAGLIARDI; GORZONI, 2004). Segundo André (2005), após um período de 4 meses toda as alterações provenientes do AVE, como mudanças no tônus, sensibilidade e reflexos, já estão instaladas, demonstrando por completo todos os seus comprometimentos e assim iniciando a fase crônica da patologia. Porém Cabral et al. (2012) relatam em artigo recente que a estabilização ocorre dentro de seis meses após a lesão neurovascular, assim permitem que esses indivíduos aprendam a lidar com suas debilidades nesse período, sendo este um fator positivo na qualidade de vida dos mesmos. Os déficits podem ser: motor unilateral, com comprometimento da linguagem, da percepção visual, alterações sensitivas, intelectuais e que perdure por mais de 24 horas (PAIXÃO; SILVA, 2009). De acordo com Medina, Shirassu e Goldefer (1998) tais comprometimentos implicam às pessoas com esta doença a administrar sua vida pessoal e familiar por dependência parcial ou completa de outros indivíduos. De acordo com Araújo et al. (2011) a principal sequela pós um AVE é a hemiplegia, (80% dos casos) e que a gravidade da lesão interfere diretamente no processo de recuperação das funções motoras perdidas principalmente nas extremidades superiores sendo que apenas 5% a 20% destes as recuperam. A hemiplegia refere-se a uma paralisia completa ou parcial dos músculos, tanto dos membros superiores como dos membros inferiores de um lado do corpo, contra lateral a lesão encefálica (NEVES; MENEZES, 2010). Nos primeiros estágios do AVE, ocorre flacidez no hemicorpo contralateral a lesão, que comumente é substituída pelo desenvolvimento de espasticidade predominantemente nos músculos antigravitários que demonstram dificuldades em controlar o movimento voluntário caracterizando a atitude de Wernick-Mann, ou seja, o braço está em ligeira flexão, o antebraço flexionado sobre o braço em pronação moderada, e os dedos encontra-se flexionados sobre a palma da mão. O membro inferior fica estendido com certo grau de adução e rotação interna do pé (O’ SULLIVAN; SCHMITZ, 2004). São várias as os fatores que contribuem para a formação de AVE, dentre eles há aqueles modificáveis e não modificáveis. Os fatores de risco modificáveis para formação de um AVE são: arteriosclerose, hipertensão arterial, tabagismo, etilismo, colesterol elevado, diabetes mellitus, obesidade, sedentarismo e o uso de anticoncepcionais orais nas mulheres; já 28 os fatores não modificáveis são a idade, com maior propensão de acontecer um AVE com o aumento da mesma, o gênero, até o 51 anos de idade a maior propensão esta no sexo masculino, após essa idade o risco torna-se praticamente igual ente homens e mulheres e a etnia ocorre duas vezes mais em indivíduos de raça negra, devido ao predomínio a hipertensão arterial, e o fator hereditário (BARROS, 2008; CHAVES, 2000. Quase 50% dos acometidos por um AVE morrem após os seis primeiros meses e a grande maioria dos sobreviventes, (30% a 40%), não retorna às suas atividades funcionais produtivas, este fator repercute negativamente na saúde pública e previdenciária dos países (ANDRÉ, 2005; FALCÃO et al., 2004). 2.2.1. Fisiopatologia do acidente vascular encefálico O SN necessita de um suprimento ininterrupto de oxigênio e glicose, uma vez que ocorre o bloqueio dos mesmos em uma determinada região devido a um extravasamento de sangue (hemorragia) ou a falta deste (isquemia) desencadeia-se uma cascata de eventos metabólicos que pode levar a uma necrose tecidual, patologia esta denominada de AVE. A interrupção do fluxo sanguíneo leva a uma isquemia a qual resulta em excessiva liberação de glutamato (neurotransmissor excitante) que altera a distribuição dos íons de cálcio (Ca++). Essa alteração aumenta a entrada de cálcio nas células nervosas causando a necrose tecidual (O’ SULLIVAN; SCHMITZ, 2004). Caso a disfunção perdure por mais de um minuto pode perder-se a função cerebral daquela região, se ultrapassar cinco minutos ocorre um infarto na região referida, porém os danos podem ser revertidos caso o suprimento sanguíneo se restabeleça rapidamente, contudo se não sobrevir o suprimento sanguíneo o encéfalo sofre lesões que podem ser focais ou disseminadas (DIAS et al., 2000; ROWLAND; PEDLEY, 2007). 2.2.2. Aspectos neuroanatômicos sobre a lesão vascular encefálica Para melhor avaliar e tratar o paciente com AVE é importante investigar o local da lesão neurológica, uma vez que essas correlações anatômicas facilitam na identificação das manifestações clínicas apresentadas (FONTES; FUKUJIMA; CARDEAL, 2007). 29 2.2.2.1. Anatomia vascular do encéfalo O suprimento sanguíneo do encéfalo acontece principalmente pelo sistema anterior e posterior. As artérias carótidas internas (direita e esquerda) são responsáveis pela vascularização anterior do encéfalo; já pela vascularização posterior são responsáveis as artérias vertebrais (direita e esquerda) (COHEN, 2001; ROWLAND; PEDLEY, 2007). A artéria carótida interna divide-se em dois ramos, a artéria cerebral média e a artéria cerebral anterior; já a artéria cerebral posterior origina-se das artérias vertebrais (COHEN, 2001; DANGELO; FATTINI, 2007). O círculo arterial do cérebro também denominado polígono de Willis, é um anel anastomótico formado por uma complexa rede de artérias que transportam o sangue para os hemisférios cerebrais. Essas artérias são oriundas de quatro artérias principais: as duas artérias carótidas internas e as duas artérias vertebrais (DAVIES; BLAKELEY; KIDD, 2001; LUNDY-EKMAN, 2008). A Figura 3 mostra o polígono de Willis. Figura 3: Círculo arterial do cérebro. Fonte: Graaff (2003). p. 563. 30 2.3. A plasticidade neural e o processo de reabilitação O termo plasticidade neural é o processo de aprendizagem ou a capacidade que o SN possui de adaptar-se ou modificar-se decorrente do próprio desenvolvimento humano ou após uma lesão, que por sua vez, depende de fatores de estimulação, sendo estes de facilitação ou inibição, como por exemplo: a habituação, a memorização o aprendizado motor e cognitivo e na recuperação de uma lesão (DAVIES, 1996; KOLB; WHISHAW, 2002; LUNDY-EKMAN, 2008). Após uma lesão cerebral a reorganização neural é o principal fator que implica no processo de reabilitação e recuperação funcional. A capacidade de adaptação é uma propriedade intrínseca do sistema nervoso central (SNC) em sofrer modificações durante toda a vida de uma pessoa, a cada novo estímulo e a cada nova atividade motora, independente de uma lesão (TEIXEIRA, 2011). Algum tempo atrás se pensava que a recuperação da função perdida por uma lesão acontecia somente nos primeiros três meses após a mesma, contudo novos estudos apontam que o processo de recuperação neural acontece mesmo na fase crônica da patologia, após seis meses da ocorrência do AVE sendo até por tempo indeterminado quando vinculado a programas fisioterápicos de reabilitação (BARCALA et al., 2011; HUNTER; CROME, 2002). Durante o processo de reabilitação os déficits de funcionalidade, incluindo força muscular, a habilidade e a sensibilidade, podem ser modificados através de programas de atividade física, além de prevenir deformidades ósteo-articulares e ósteo-musculares. Outra perda importante no indivíduo com AVE é o déficit cognitivo, o que interfere negativamente no processo de reabilitação, de acordo com Polese et al. (2008). O programa de reabilitação consiste em facilitar padrões normais de movimentos e inibir padrões atípicos, como a espasticidade, ganhando força, qualidade de vida e menor independência na realização das AVDs sem, portanto, exacerbar a espasticidade (TEIXEIRA-SALMELA et al., 2000). De acordo com Barato et al. (2009) e Lundy-Ekman (2008), quando mais cedo iniciar o trabalho de reabilitação melhor será o prognóstico, pois a velocidade de recuperação está relacionada à diminuição do edema cerebral, melhora do aporte sanguíneo e remoção do tecido necrosado, e para que se desenvolvam ao mesmo tempo as áreas motoras, cognitivas, sociais e familiares, o trabalho deve ser multidisciplinar, incluindo médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros. 31 2.4. Estruturas da mão que atuam na força, nas habilidades e na sensibilidade tátil. A mão compreende a porção mais distal do membro superior, é formada por oito pequenos ossos carpais (escafoide, semilunar, piramidal, pisiforme, trapézio, trapezoide, capitato e hamato), por cinco metacarpais e pelas falanges (formadoras dos dedos), sendo duas no primeiro dedo, (proximal e distal) e três nos demais dedos, (proximal, medial e distal). Os músculos que executam a flexão dos dedos são: o flexor curto do polegar, lumbricais e flexor do dedo mínimo, e os que realizam a oposição do polegar são: o oponente do polegar e o oponente do dedo mínimo (GRAAFF; MARSHALL, 2003). Embora seja de grande mobilidade, com diversas finalidades, como por exemplo, a capacidade de manipular objetos de várias formas e tamanhos, é um órgão tátil, capaz de relacionar o organismo com o meio ambiente, a mão possui vários segmentos estáveis, uma vez que é utilizada principalmente para atividades complexas e delicadas, como por exemplo, a capacidade de segurar objetos em pinça. A força na mão está associada à força de preensão palmar e o movimento de pinça está associado ao movimento fino (HAMILL; KNUTZEN, 2008). De acordo com Nordin e Frankel (2003) a capacidade de pegar ou agarrar objetos é denominado de preensão. Napier em 1956 definiu duas posturas básicas da mão, uma envolvendo toda a mão com a finalidade de transmitir força para um objeto, denominada de preensão de força, e outra designada de preensão de precisão, ou seja, uma forma mais delicada de preensão, utilizada para a realização de movimento preciso e refinado (MOREIRA et al., 2003). A análise da função da mão não é uma variável importante somente no processo de julgamento para um bom desempenho físico na prática de esportes, mas também em teste de aptidão física, uma vez que a força da mão está relacionada com a força global de um indivíduo, assim, é um fator importante na identificação de indivíduos sadios que possam estar em grupos de riscos para futuras lesões músculo-esqueléticos, bem como para verificar o grau de força, de habilidades e de sensibilidade perdidas após uma lesão neural (SILVA NETO et al., 2010). Segundo Gomes et al. (2013), com o passar dos anos as atividades diárias podem se tornar difícil de serem realizadas devido ao declínio da mobilidade e da capacidade física, ou seja, à redução dos níveis de força muscular. O pico de força no ser humano está entre os 20 32 aos 30 anos de idade e o mesmo sofre uma decadência gradual a partir dos 60 anos de idade, chegando a uma perda de 20% aos 65 anos de idade (MONTEIRO, 1997). Os exames complementares tornam-se cada vez mais evoluídos tecnologicamente, todavia o exame clínico continua sendo fundamental na avaliação dos pacientes, dentre os parâmetros analisados a força destaca-se para a função da mão (CAPORRINO et al., 1998). 33 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Aspectos éticos O referindo estudo foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da Fundação Educacional de Santa Fé do Sul, Santa Fé do Sul/SP (protocolo nº 0000136) e foi aprovado em reunião no dia 26/06/2012 (ANEXO A). A pesquisa foi desenvolvida de acordo com os princípios e aspectos legais da ética, obedecendo aos princípios morais de autonomia e sem prejuízo aos participantes. Trata-se de um procedimento avaliativo não invasivo, sem danos físicos, psicológicos ou financeiros aos sujeitos participantes. Os participantes foram esclarecidos sobre os objetivos do experimento que através de leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido –TCLE (APÊNDICE A) e Carta de Informação ao participante de Pesquisa- CIPP (APÊNDICE B), aqueles que concordaram assinaram e autorizaram o uso de seus dados obtidos para a realização desta pesquisa. 3.2. Tipo de pesquisa O presente estudo é de caráter quantitativo e inferencial. 3.3. Local da pesquisa O estudo foi realizado com pacientes da rede pública do município de Jales/SP, vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS) e às Estratégias de Saúde da Família (ESF) na Clínica Escola Unijales. Os termos de autorizações da Clínica Escola Unijales (ANEXO B) e da Secretaria Municipal de Saúde de Jales (ANEXO C) foram deferidos e assinados pelos seus respectivos responsáveis. 34 3.4. Seleção da população Os indivíduos com AVE encaminhados por médicos vinculados às ESF do município de Jales/SP e os participantes do grupo controle selecionados aleatoriamente (parentes, acompanhantes, conhecidos, entre outros) foram convidados pelo pesquisador a comparecer à Clínica Escola Unijales deste município para esclarecimentos e realização da pesquisa, totalizando 47 indivíduos (26 do grupo AVE e 21 do grupo controle). 3.5. Critérios de Inclusão e exclusão Foram abordados os seguintes critérios de inclusão: • Aceitação em participar do estudo; • Ter idade entre 66 a 75 anos; • Episódio de AVE isquêmico ou hemorrágico em um dos hemisférios cerebrais; • Estar na fase crônica da doença (que tenha passado 4 meses da lesão); • Grupo controle ter idade, peso e altura semelhantes ao g. AVE. Foram abordados os seguintes critérios de exclusão: • Episódios de AVE nos dois hemisférios cerebrais ou no cerebelo; • Afásicos; • Uso frequente de medicamentos como relaxantes musculares ou antidepressivos. • Não apresentar funções cognitivas preservadas. • Ambidestros. Dos 47 indivíduos selecionados entre grupo AVE e grupo controle, apenas 28 participaram do estudo. Os fatores de exclusão e número total da amostra são apresentados na Tabela 1. 35 Tabela 1. Fatores de exclusão e número total da amostra Grupo AVE Idade MEEM Local da lesão Fase Recusa n = 26 n exclusão = 12 n total = 14 (7♂ e 7 ♀) n=4 n=3 n=2 n =1 n=2 Grupo Controle Medicamentos n = 21 n exclusão = 7 n total = 14 (7♂ e 7 ♀) Recusa n=2 n=5 ♂ - sexo masculino. ♀ - sexo feminino A Tabela 2 apresenta as características antropométricas de toda a amostra. Foi verificado que a amostra para as características idade e peso é homogênea, entretanto, na variável altura, o teste mostrou que os homens são mais altos que as mulheres. Tabela 2. Médias e desvios padrões das características antropométricas e resultados para a amostra Idade (anos) Grupo Gênero Controle (n=14) AVE (n=14) 70,50 ± 2,65 69,93 ± 2,67 Masculino (n=14) Feminino (n=14) 70,14 ± 2,71 70,29 ± 2,64 ANOVA Two way p 0,30 0,59 0,02 0,89 1,00 Grupo*Gênero Peso (Kg) Grupo Gênero Controle (n=14) AVE (n=14) 66,93 ± 12,02 69,93 ± 2,67 Masculino (n=14) Feminino (n=14) 70,14 ± 2,71 70,29 ± 2,64 Grupo*Gênero 0,01 0,94 1,80 0,19 0,00 0,99 Altura (m) Grupo Gênero Grupo*Gênero *p ≤ 0,05 Controle (n=14) AVE (n=14) 1,62 ± 0,09 1,61 ± 0,09 0,02 0,89 Masculino (n=14) 1,68 ± 0,07 Feminino (n= 14) 1,55 ± 0,06 27,04 0,001* 0,00 0,98 36 3.6. Procedimento do experimento A avaliação com os pacientes e com os voluntários do grupo controle foi individual e realizada em um único encontro na Clínica Escola Unijales com horário agendado previamente pelo pesquisador. Todos os testes foram previamente explicados aos participantes e foram realizados em um ambiente tranquilo, com ventilação e iluminação adequadas e que proporcionou o conforto necessário aos participantes. 3.6.1. Coleta de dados Após assinatura do TCLE e da CIPP, foram coletados os dados pessoais, verificação dos parâmetros vitais como: FC (frequência cardíaca), FR (frequência respiratória), PAS (pressão arterial sistêmica), Tº (temperatura corporal) e coleta de histórico da doença no grupo AVE. Avaliação dos sinais vitais: Tº, FC, FR e PAS, de acordo com O’ Sullivan e Schmitz (2004). O teste de mine exame de estado mental – MEEM (APÊNDICE K), realizado em ambos os grupos, avalia as mínimas condições cognitivas para uma boa compreensão e boa execução dos demais testes (BRUCKI et al., 2003). O inventário de Edinburgh (APÊNDICE L), foi feito em ambos os grupos, sendo que no grupo AVE foi investigado a dominância lateral antes do AVE, uma vez que, na fase crônica adquirem como lado predominante o lado ipsilateral à lesão visto que com as dificuldades encontradas para utilizar o membro de maior acometimento permanecem com o mesmo esquecido (OLDFIELD, 1971; TEIXEIRA; PAROLI, 2000; VOOS; VALLE, 2008). O protocolo de desempenho físico de Fugl-Meyer, (APÊNDICE M), para o membro superior, foi aplicado somente nos indivíduos do grupo AVE, e no membro superior contralateral à lesão, com o intuito de analisar o grau de comprometimento deste membro (FUGL-MEYER et al., 1975; MAKI et al., 2006; MICHAELSEN; LEVIN, 2004; MICHAELSEN; DANNENBAUM; LEVIN, 2006). A Figura 4 mostra o número de indivíduos classificados em comprometimento leve, moderado e severo. 37 Figura 4: Grau de comprometimento segundo a escala de Fulg-Meyer. Fulg Meyer. Todos os testes referentes à mão foram realizados no lado ipsilateral à lesão do grupo AVE e no lado de dominância manual no grupo controle. A HM foi avaliada através do Teste da Caixa e Blocos e a DF através do Teste de Nove Buracos e Pinos, ambos padronizados, de fácil aplicação e podem pode ser utilizados repetidamente. Os testes foram realizados no lado la ipsilateral ateral à lesão do grupo AVE e no grupo controle, no lado de dominância lateral. Os participantes foram posicionados sentados, com a caixa a sua frente em uma superfície lisa (mesa) (FIGURA 5).. Estes foram instruídos a pegar um cubo de cada vez e transferir ansferir para a outra metade da caixa. Foi permitido um período de 15 segundos para treino e o teste foi realizado em apenas 1 minuto. Se o indivíduo conseguir transportar acima de 56 blocos neste período o teste te é considerado normal (MENDES et al.,., 2001). Figura 5: 5 Teste de habilidade manual com a caixa e blocos. Fonte: próprio autor. 38 O teste de Nove Buracos e Pinos foi utilizado para avaliar a DF,, após a as orientações e 15 segundos de treino os participantes encaixaram os pinos nos buracos o mais rápido possível, como mostra a Figura 6. 6. O teste consiste em verificar o tempo necessário para colocar e retirar os nove pinos em nove buracos. O teste incide incide em duas fases, a primeira para treino, e a segunda comoo teste real (MATHIOWETZ et al., 1985). Figura 6: Teste de destreza destreza fina com a prancha dos nove buracos e pinos. Fonte: próprio autor. O teste de sensibilidade tátil (ST) foi feito com os monofilamentos de nylon de Semmens Weinstein. A Figura 7 mostra o kit de monofilamentos para teste de sensibilidade (semmes-weinstein)) da marca SORRI- BAURU® com suas respectivas cores. Figura 7: 7 Kit de monofilamentos de Semmes-Weinstein. Fonte: próprio autor. 39 O estesiômetro é composto por um conjunto de seis monofilamentos de nylon de 38 mm de comprimento e de diâmetros diferentes, cada monofilamento de Semmes-Weinstein é fixado em uma haste, em um ângulo de 90° e o seu nível funcional é representado por uma cor (PIMENTEL; SANTOS; GOBBI, 2007). De acordo com o manual do estesiômetro SORRI- BAURU® a força indicada para dobrar cada filamento varia de 0,05 g a 300 g. A cor de cada monofilamento corresponde a uma força, são elas: verde (0,05g), azul (0,2g), violeta (2,0 g), vermelho escuro (4,0g), laranja (10,0g) e vermelho magenta (300g). A interpretação do teste encontra-se no APÊNDICE N (SORRI - BAURU®, 1990) Para a realização do teste de ST os participantes foram instruídos e posicionados sentados, com o membro superior dominante (controle) e membro ipsilateral à lesão (AVE) apoiado em uma superfície lisa (mesa) a sua frente, em supinação, região palmar aberta e olhos vendados para evitar o feedback visual. Os locais testados foram nas falanges proximais dos dedos polegar, dedo médio e mínimo correspondentes aos nervos, radial, mediano e ulnar (LIMA et al., 2006). Todos os monofilamentos foram previamente aquecidos como pedido no manual de instruções do estesiômetro. O teste iniciou-se com o filamento de cor verde e prosseguiu com o filamento de cor azul, violeta, vermelho escuro, laranja e vermelho magenta. A Figura 8 demonstra a realização do teste de sensibilidade com os monofilamentos de nylon. Figura 8: Teste de sensibilidade com os monofilamentos. Fonte: próprio autor. O teste de força muscular para avaliar a FPP foi realizado com a utilização de um dinamômetro hidráulico da marca Saehan Corporation, modelo 5001, da Korea; este 40 equipamento possui ssui duas alças interligadas ajustadas em cinco níveis, sendo uma alça fixa e uma móvel. No presente estudo as medidas de preensão palmar foram feitas na segunda posição por ser recomendada pela Sociedade Americana de Terapeutas da Mão (SATM) como mostra a Figura 9. Figura 9: Dinamômetro de preensão palmar ajustado na segunda posição. Fonte: próprio autor. Para testar a força de pinça lateral e a força de pinça polpapolpa-polpa foi utilizado o dinamômetro Prenton Pinch Gauge da marca Saehan Corporation,, modelo 5005, da Korea Kore como é demonstrado na Figura 10. 10 Figura 10: Dinamômetro de preensão de pinça. Fonte: próprio autor. Os dinamômetros hidráulicos medem a dinamometria manual em quilogramas força (Kgf) ou em libras força (lbf). (lbf). O dinamômetro de pressão palmar mede de zero a 90 Kgf, ou 41 de zero a 200 lbf; o dinamômetro de pinça mede de zero a 5 Kgf ou de zero a 45 lbf. Ambos são aceitos nas áreas de pesquisas atuais por serem de simples utilização e fornecer leitura imediata e eficaz ficaz (REIS; ARANTES, 2011). Os indivíduos participantes da pesquisa foram posicionados da seguinte maneira durante o teste de força muscular: sentados, pés apoiados, membro superior sem apoio, ombro levemente aduzido e rodado, posição neutra de antebraço, antebraço, cotovelo a 90º graus, punho entre 0º a 30º graus de extensão e 0º a 15º graus de desvio ulnar (medidos com o goniômetro). Posição recomendada pela SATM (MOREIRA (M et al.,., 2003). A Figura 11 mostra a avaliação da força com o dinamômetro de preensão palmar. Figura 11: Teste de preensão palmar. Fonte: próprio autor. A e 12B representam o teste de força de pinça lateral e o teste de força As Figuras 12A de pinça polpa-polpa, polpa, respectivamente. 42 Figura 12: (A) Teste de força de pinça lateral e (B) teste este de força de pinça polpa-polpa. polpa Fonte: próprio autor. Os indivíduos com AVE assim como os participantes do grupo controle realizaram a medida de FPP, de FPL e de FPPP três vezes (3 repetições) com manutenção de 3 segundos para cada contração, o que não não causa alterações na pressão arterial nem alterações na frequência cardíaca, o melhor resultado foi registrado. Entre uma medida e outra os participantes tiveram um intervalo de 15 segundos, sendo este tempo de descanso o suficiente para a restauração doss estoques de adenosina trifosfato e fosfocreatina (ATP – CP) consumidos durante o teste (FERNANDES; MARTINS, 2011). 3.7. Análise estatística Para análise estatística foi utilizado o software SPSS 20.0 para Windows (Statistical Package for the Social Sciences) assumindo um valor de significância menor ou igual a 5% (p≤0,05). (p Para as variáveis, força de preensão palmar e força de preensão de pinça lateral e força de pinça polpa-polpa, habilidade manual, destreza fina e sensibilidade tátil foi realizada uma análise de variância com dois fatores (ANOVA two way), sendoo estes fatores o grupo e o gênero. Os resultados com p ≤ 0,05 na interação grupo*gênero foram submetidos então a uma análise por meio do teste t para amostras independentes.. A correlação de Pearson foi realizada entre as variáveis para toda a amostra. 43 4. RESULTADOS Após a coleta e análise dos dados, os seguintes resultados foram obtidos: No teste de lateralidade, todos os participantes do grupo controle foram classificados como destros e no grupo AVE, antes da lesão cerebral, todos também eram destros. Em relação ao hemisfério acometido no grupo AVE, 8 tiveram a lesão no lado direito, mantendo a dominância de lateralidade, e 6 no lado esquerdo, e desenvolveram a dominância do lado esquerdo. Por coincidência, os 14 participantes do grupo AVE apresentaram a doença do tipo isquêmica. Em relação ao grau de comprometimento da lesão, testado no membro superior plégico do grupo AVE, não foi possível um cruzamento estatístico devido ao pequeno número da amostra. Na Tabela 3 nota-se que há diferença significativa entre os grupos para a habilidade manual, ou seja, o controle transferiu maior número de blocos que o grupo AVE em um tempo de 60 segundos, entretanto não há diferença entre os gêneros, uma vez que as médias são semelhantes. A interação entre grupo e gênero não é significativa, ou seja, a diferença significativa entre os grupos vale para ambos os sexos. Tabela 3: Médias, desvios padrões e resultados da HM para a amostra. Controle (n=14) Grupo 68,29 ± 12,03 ˃ Masculino (n=14) Gênero 53,21 ± 22,19 Grupo*Gênero AVE (n=14) ANOVA Two way p 36,50 ± 11,63 47,51 ˃ 0,001* 0,13 0,73 0,33 0,57 Feminino (n=14) ≈ 51,57 ± 18,17 HM: habilidade manual (número de blocos transferidos em 60 segundos).* p ≤ 0,05 Para a análise do teste de destreza fina não se tem um parâmetro de tempo determinado, pondera-se pelo tempo necessário para que o indivíduo coloque e retire da prancha, um a um, os nove pinos, assim, quanto menor o tempo gasto na realização do teste, maior a habilidade de destreza fina. A Tabela 4 mostra que há diferença significativa entre os grupos, sendo a média do grupo controle menor que a do grupo AVE, assim, evidencia que ocorre diminuição de destreza fina nos indivíduos com AVE, mas entre os gêneros, as médias 44 são equivalentes, não havendo diferença significativa, assim como não há diferença significante na interação entre grupo e gênero, ou seja, a diferença significativa entre os grupos é válida para os gêneros. Tabela 4: Médias, desvios padrões e resultados da DF para a amostra. Controle (n=14) Grupo 21,21 ± 4,10 Gênero ˃ Masculino (n=14) 26,35 ± 7,33 AVE (n=14) ANOVA Two way p 28,93 ± 6,90 13,34 ˃ 0,001* 1,48 0,24 1,32 0,26 Feminino (n=14) ≈ 23,79 ± 6,25 Grupo*Gênero DF: destreza fina (segundos).* p ≤ 0,05 Para a análise da sensibilidade tátil foi realizada uma média entre os valores obtidos das regiões palmares dos nervos radial, mediano e ulnar. A Tabela 5 apresenta os resultados da análise, sendo que o grupo controle obteve resposta à sensibilidade com os monofilamentos de menor peso, portanto possui média menor que o grupo AVE de forma significativa. A análise feita entre os gêneros e a interação entre o grupo e gênero não apresentou diferença significativa, desta forma, a diferença significativa entre os grupos vale para ambos os sexos. Tabela 5: Médias, desvios padrões e resultados da ST para a amostra. Controle (n=14) Grupo 0,48 ± 0,60 Gênero ˃ Masculino (n=14) 0,77 ± 0,74 Grupo*Gênero AVE (n=14) ANOVA Two way p 1,27 ± 0,79 8,56 ˃ 0,007* 0,63 0,44 0,02 0,89 Feminino (n=14) ≈ 0,98 ± 0,87 ST: sensibilidade tátil (gramas).*p ≤ 0,05 A Tabela 6 mostra os resultados para a FPP, e nota-se que entre os grupos existe diferença significativa das forças, ou seja, o controle possui média de força maior que o AVE, e que os homens possuem média de forças maior que as mulheres, entretanto não há interação 45 significante entre grupo e gênero, assim, a diferença significativa entre os grupos vale para os gêneros, e vice-versa. Tabela 6: Médias, desvios padrões e resultados da FPP para a amostra. Controle (n=14) Grupo 25,57 ± 8,23 Gênero AVE (n=14) ˃ Masculino (n=14) 27,29 ± 7,51 18,86 ± 7,09 ANOVA Two way p 9,31 0,005* 21,24 < 0,001* 0,04 0,85 Feminino (n=14) > 17,14 ± 5,53 Grupo*Gênero FPP: força de preensão palmar (Kg/f). p ≤ 0,05* Na Tabela 7 observa-se que o grupo controle possui mais força de pinça lateral que o grupo AVE, e que os homens possuem mais força que as mulheres, porém não há um valor significativo na interação grupo e gênero, ou seja, tanto a diferença significativa entre os grupos vale para os gêneros quanto à diferença significativa dos gêneros vale para os grupos. Tabela 7: Médias, desvios padrões e resultados da FPL para a amostra. Controle (n=14) Grupo 6,00 ± 1,65 Gênero ˃ Masculino (n=14) 6,46 ± 1,00 AVE (n=14) ANOVA Two way p 4,86 ± 1,22 9,14 0,006* 29,25 < 0,001* 0,04 0,85 Feminino (n=14) > Grupo*Gênero 4,39 ± 1,27 FPL: força de pinça lateral (Kg/f). * p ≤ 0,05 A Tabela 8 apresenta os resultados da análise para as forças de pinça polpa-polpa no 2º dedo. Nota-se que existe uma interação significativa, ou seja, a diferença significativa entre os grupos não é a mesma para ambos os sexos, assim como a diferença significativa entre os sexos não é a mesma para ambos os grupos. 46 Tabela 8: Médias, desvios padrões e resultados da FPPP2 para a amostra. Controle (n=14) Grupo 4,64 ± 1,10 ˃ Masculino (n=14) Gênero 4,68 ± 1,05 AVE (n=14) ANOVA Two way p 3,63 ± 0,61 14,20 0,001 16,38 ˃0,001* 4,38 0,05* Feminino (n=14) > 3,64 ± 0,63 Grupo*Gênero FPPP2: força de pinça polpa-polpa no 2º dedo (Kg/f). *p ≤ 0,05* Sendo assim, foi realizada uma comparação entre os gêneros para cada grupo e entre os grupos para cada gênero, através do teste t para amostras independentes. Nota-se na Tabela 9, que entre o grupo AVE, homens e mulheres possuem médias de forças semelhantes, entretanto, entre o grupo controle, há diferença significativa, sendo que os homens possuem médias de forças maiores que as mulheres. Entre os gêneros, as mulheres do grupo AVE e do controle não possuem diferença significativa, porém os homens do grupo controle possuem médias de forças maiores que as mulheres. Tabela 9: Médias, desvios padrões e resultados entre os gêneros e os grupos da amostra para FPPP2 CONTROLE (n=14) Gêneros Grupos Masculino p Teste t Feminino AVE (n=14) Masculino p Teste t Feminino 5,43 ± 0,79 ˃ 3,86 ± 0,75 0,002* 3,43 ± 0,45 ≈ 3,93 ± 0,67 0,13 MASCULINO (n=14) p Teste t FEMININO (n–14) p Teste t Controle AVE 5,43 ± 0,79 ˃ 3,93 ± 0,67 Controle 0,002* AVE 3,86 ± 0,75 ≈ 3,43 ± 0,45 0,21 FPPP2: força de pinça polpa-polpa no 2º dedo (Kg/f). *p ≤ 0,05 A Tabela 10 mostra os resultados da análise para FPPP3, FPPP4 e FPPP5. Nota-se que para todas as variáveis, o grupo controle possui média de forças maior que o grupo AVE independente dos gêneros, assim como os homens também possui médias de forças maiores que as mulheres, independente dos grupos. 47 Tabela 10: Médias, desvios padrões e resultados das forças de pinça polpa-polpa no 2º, 3º, 4º e 5º dedos. FPPP3 (Kg/f) Grupo Controle (n=14) AVE (n=14) ˃ 4,25 ± 1,07 Gênero Masculino (n=14) 5,53 0,03* 9,57 0,005* 0,38 0,54 9,32 0,005* 9,32 0,005* 0,53 0,47 14,63 0,001* 11,85 0,002* 0,59 0,45 Feminino (n=14) ˃ 4,36 ± 0,91 3,57 ± 0,62 3,46 ± 0,72 Grupo*Gênero FPPP4 (Kg/f) Grupo Controle (n=14) AVE (n=14) ˃ 3,39 ± 0,74 Gênero Masculino (n=14) Feminino (n=14) ˃ 3,39 ± 0,84 2,64 ± 0,75 2,64 ± 0,63 Grupo*Gênero FPPP5 (Kg/f) Grupo Controle (n=14) 2,39 ± 0,63 Gênero AVE (n=14) ˃ Masculino (n=14) 2,36 ± 0,72 1,68 ± 0,54 Feminino (n=14) ˃ 1,71 ± 0,47 Grupo*Gênero FPPP: força de pinça polpa-popa (Kg/f). *p ≤ 0,05 Foi realizada a correlação de Pearson do grupo AVE para as variáveis. A Tabela 11 mostra que não houve correlações entre a HM e as demais variáveis. 48 Tabela 11: Correlação de Pearson da HM com a FPP, FPL, FPPP2, FPPP3, FPPP4, FPPP5, DF e ST. HM FPP FPL FPPP2 FPPP3 FPPP 4 FPPP 5 DF ST r = 0,31 r = 0,24 r = 0,17 r = - 0,02 r = 0,32 r = 0,41 r = - 0,51 r = - 0,10 0,28 0,42 0,56 0,96 0,26 0,15 0,07 0,74 As correlações da DF estão apresentadas na Tabela 12. Nota-se que existe uma forte correlação negativa para a variável FPL, assim quanto maior a destreza fina melhor a força de pinça lateral. A correlação negativa entre DF e FPL indica que quanto maior a DF maior a FPL, uma vez que os menores resultados da DF indicam melhor habilidade fina. Os demais resultados indicam que não há correlações entre as variáveis. Tabela 12: Correlação de Pearson da DF com a FPP, FPL, FPPP2, FPPP3, FPPP4, FPPP5 e ST. FPP DF FPL FPPP2 FPPP3 FPPP4 FPPP5 ST r = - 0,37 r = - 0,62 r = - 0,39 r = - 0,35 r = - 0,19 r = - 0,30 r = - 0,16 0,20 0,02* 0,17 0,22 0,51 0,31 0,58 A Tabela 13 apresenta as correlações da ST com as variáveis, os resultados não indicam correlações entre as variáveis FPP, FPL, FPPP2, FPPP3, FPPP4 e FPPP5. Tabela 13: Correlação de Pearson da ST com a FPP, FPL, FPPP2, FPPP3, FPPP4 e FPPP5 ST FPP FPL FPPP2 FPPP3 FPPP4 FPPP5 r = 0,14 r = - 0,21 r = 0,36 r = 0,23 r = - 0,19 r = - 0,04 0,21 0,43 0,52 0,9 0,63 0,47 49 5. DISCUSSÃO Todo o membro superior atua em função da mão, que é um órgão sensitivo e motor dotado de mecanismos especializados, capaz de realizar atividades únicas e complexas. Desta forma, o ser humano é o único capaz de manipular objetos e executar trabalhos manuais com equilíbrio, coordenação, habilidade e firmeza (MACHADO, 2006). O objetivo deste estudo foi analisar a função da mão em indivíduos com AVE na fase crônica, por meio de equipamentos que mensuram habilidades, sensibilidades e forças musculares. Os resultados obtidos na pesquisa mostraram que indivíduos que sofreram AVE há mais de seis meses, portanto, classificados como crônicos, apresentam déficits sensóriomotores significativos na mão ipsilateral à lesão encefálica. Imediatamente após sofrer um AVE, o indivíduo pode apresentar perda súbita da força muscular de um dos lados corpo, perda da fala, perda de coordenação, perda da consciência, e posteriormente alterações na marcha, espasticidade por alterações do tônus muscular, alterações nos reflexos, alterações de sensibilidades e perda de equilíbrio (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2004; PIASSAROLI et. al., 2012). No presente estudo, de acordo com os testes realizados para a análise de habilidade manual e destreza fina, os resultados mostraram que os indivíduos com AVE, independente do gênero, apresentaram um déficit significativo na habilidade manual e na destreza fina em relação ao controle, sendo estas as funções mais comprometidas relacionadas aos grupos experimentais. Estes resultados são confirmados por Desrosiers et al. (1996), Noskin et al., (2008), Yarosh, Hoffman e Strick (2004), os quais afirmam que as atividades que exigem maior integração sensório-motora, são as que apresentam maior comprometimento no hemicorpo ipsilateral à lesão. Nota-se neste estudo que a função do membro para a habilidade manual e para a destreza fina não foi reestabelecida com o uso do membro no cotidiano destas pessoas, uma vez que Desrosiers et al., (1996) afirmam que o uso regular do membro poderia melhorar ou pelo menos manter esta função. A grande diferença significativa da habilidade manual e da destreza fina, encontradas neste trabalho, sugere lesões no corpo caloso, porém não pode ser afirmada, uma vez que, a grande maioria dos indivíduos participantes do grupo AVE, não possuíam os exames de imagem solicitados no dia da avaliação, portando apenas um laudo descritivo como 50 comprovante da lesão encefálica, sem detalhes da localização exata da mesma. O comprometimento na habilidade manual e na destreza fina pode ser justificado por hemorragias ou isquemias que frequentemente acometem o corpo caloso, que acarretam em um fenômeno denominado de desconexão hemisférica, este por sua vez, desencadeia a apraxia, que é a incapacidade de executar movimentos com habilidade, sejam eles grotescos ou refinados (DORETTO, 2001; MENESES, 1999). Brodal (1979) descreve ainda, que as vias laterais, quando lesionadas, tornam os movimentos voluntários menos habilidosos e lentos, como também podem proporcionar incapacidades de realização de movimentos fracionados dos braços e mãos, impossibilitando a movimentação independente dos dedos. Os resultados do referido estudo, mostraram que não houve correlações entre a HM com as variáveis de FPP, FPL, FPPP2, FPPP3, FPPP4, FPPP5, DF e ST, mas entre a DF existiu uma forte correlação negativa apenas para a variável FPL. A correlação negativa entre DF e FPL indica que quanto maior a DF maior a FPL, uma vez que os menores resultados da DF indicam melhor habilidade fina. Esta forte correlação pode ser justificada pelo fato dos dedos envolvidos na realização do teste de FPL e de DF serem os mesmos, ou seja, o dedo indicador e o dedo polegar, ou ainda por ser a força de pinça lateral a mais forte de todas as forças de pinças, sendo as pinças polpa-polpa mais relacionadas com as habilidades finas do que com a força, fato este que contradiz com os resultados encontrados no presente estudo, uma vez que não houve correlações entre as habilidades grotescas ou finas com as forças de pinça polpa-polpa (ARAÚJO; ARAÚJO; CAPORRINO et al., 2002). Yarosh, Hoffman e Strick (2004) relatam que pessoas acometidas por AVE, apresentam em seu lado homolateral, além das alterações destreza e coordenação, alterações de sensibilidades. A sensibilidade é uma função básica do SN, que associada com a motricidade, realiza a adaptação do ser vivo ao meio ambiente (MACHADO, 2006). A utilização do teste de sensibilidade tátil com os monofilamentos de Semmens Weinstein acontece desde a década de 60 e cada vez mais vem sendo utilizado na realização de pesquisas, principalmente naquelas realizadas com portadores de lesões ou doenças do sistema nervoso central. É um teste de confiabilidade e que permite mapear a extensão e o grau de alteração correlacionando com a sensibilidade funcional. Com o teste de sensibilidade tátil realizado neste estudo, pode-se observar que no lado não plégico do grupo AVE de ambos os gêneros, houve redução de sensibilidade, sendo necessário monofilamentos de maior peso para obter-se uma resposta sensitiva. Desrosiers et al. (1996) mostraram em seus estudos, que não houve redução de sensibilidade tátil, e sim redução da sensibilidade cinestésica, sendo esta relacionada com a funcionalidade do membro 51 avaliado, entretanto, em estudos mais recentes, Noskin et al. (2008), descrevem que os déficits sensoriais e motores ipsilaterais apresentados imediatamente após a lesão encefálica podem estender-se no período subagudo e crônico da recuperação. A redução da sensibilidade tátil apresentada neste estudo poderia estar relacionada à presença de pelos no local avaliado, ao aumento da espessura da pele, principalmente nas regiões distais dos dedos, devido à hipersolicitação do membro, ou por presença de cicatrizes, que também são mais comuns nas regiões distais dos dedos (DANNENBAUM et al., 2002). Para descartar estas hipóteses, o teste foi realizado nas falanges proximais da região palmar de três inervações, radial, mediano e ulnar. Esta pesquisa não apontou correlação entre a ST e as demais variáveis de forças, apresentando correlação apenas com a DF, sendo que a integridade da sensibilidade tátil, assim como da habilidade manual e da destreza fina, fundamentais para a discriminação e manipulação de objetos (DANNENBAUM et al., 2002). O comprometimento motor ocorre devido o acometimento das vias piramidais corticospinais responsável por comandar a motricidade voluntária de todo o corpo, mas também pelo desuso do hemicorpo acometido (NITRINI, 2008). De acordo com Cuadrado et al. (2001), as projeções homolaterais do tracto corticospinal quando interrompidas, influenciam diretamente no funcionamento do membro superior ipsilateral à lesão, e com o passar do tempo, ocorre uma redução de 50% das unidades motoras no lado plégico devido à degeneração deste tracto, com isso, o lado ipsilateral à lesão também sofre aumento da perda de força muscular devido às projeções bilaterais do mesmo, o que revela um estudo realizado por Teixeira-Salmela et al. (2000). Para conseguir desempenhar suas atividades, o indivíduo intensifica o uso do hemicorpo ipsilateral à lesão que muitas vezes torna-se o lado de dominância lateral, caso a sequela o tenha atingido. Esta troca acontece depois de meses ou de anos após a hipersolicitação do hemicorpo homolateral, o que gera, por sua vez, alterações no mapa sensitivo e motor cortical (DÍAZ-ARRIBAS et al., 2005; LUNDY-EKMAN, 2008). Embora, com todos os avanços tecnológicos relacionados aos exames complementares, o exame clínico, como os testes de força de preensão das mãos, é utilizado para analisar possíveis desordens das extremidades superiores, o que contribuem, de forma objetiva, para a análise da função das mãos. São fáceis de serem administrados e são utilizados antes e após procedimentos terapêuticos, sendo um importante componente da reabilitação das mesmas (FIGUEIREDO et al., 2007). 52 Pode-se afirmar neste estudo que os indivíduos acometidos por um AVE tornam-se, de maneira global, mais fracos, uma vez que Moreira et al. (2003) afirmam que a avaliação da força de preensão palmar não é simplesmente uma medida de força da mão, ou que está somente limitada à avaliação da mesma, visto que esta análise possui muitas aplicações diferentes, como por exemplo, é um indicador de força corporal, assim, é empregada também em testes de aptidões físicas. A presente pesquisa mostrou que com as simples atividades do cotidiano não foi possível reestabelecer a força da mão perdida na fase aguda da doença, uma vez que os indivíduos com AVE apresentaram déficits de forças de preensão manual, de pinça lateral e de pinça polpa-polpa. Os resultados são semelhantes aos de Cuadrado et al. (2001), Noskin et al. (2008), Teixeira-Salmela et al. (2000) e, porém, contraditórios aos estudos de Desrosiers et al., (1996), pois afirmam que a força muscular do membro superior ipsilateral à lesão, não permanece comprometida na fase crônica da doença, e que mínimos movimentos são capazes de restabelecê-la e mantê-la, como por exemplo, os movimentos simples do cotidiano do indivíduo. Outro achado nesta pesquisa é que as médias de força dos homens são maiores que as das mulheres de ambos os grupos. Mcardle, Katch e Katch (1992) relatam que os homens possuem mais força que as mulheres em todos os grupos musculares, principalmente nos membros superiores, independente do dispositivo usado para medi-la, o que condiz com os resultados desta pesquisa. A análise da variável FPPP2 para amostras independentes mostrou que no grupo AVE, homens e mulheres possuem médias de forças semelhantes, entretanto, no grupo controle, há diferença significativa, sendo que os homens possuem médias de forças maiores que as mulheres. Entre os gêneros, as mulheres do grupo AVE e do controle não possuem diferença significativa, porém os homens do grupo controle possuem médias de forças maiores que as mulheres. Pouco se sabe sobre as forças de pinça polpa-polpa, e sabendo-se que o dedo indicador, é um dos mais importantes, devido sua relação direta com o polegar, e que o seu comprometimento pode afetar grandemente a função da mão, novas pesquisas são sugeridas para a análise da função dos dedos das mãos em indivíduos com lesões nervosas centrais. Em relação às forças, o presente estudo mostrou apenas correlação entre a FPL e a DF, como discutido anteriormente, embora Desrosiers et al. (1996) relatarem que, a fraqueza muscular é um dos fatores que contribui para as alterações negativas da função da mão, principalmente em relação às habilidades, sejam elas grotescas ou refinadas. Outros autores afirmam ainda que em casos de sensibilidade tátil diminuída ocorre um aumento da força, 53 principalmente as de preensão, como estratégia compensatória de segurança, o que não condiz com os resultados obtidos neste estudo (HERMSDÕRFE; HAGL; NOWAK, 2004). Os déficits apresentados no presente estudo podem ser justificados por estudos anatômicos recentes que mostram que uma pequena porção das fibras do tracto córtico espinhal lateral descem homolateralmente à medula, inervando assim alguns seguimentos do hemicorpo ipsilateral à sua origem cortical, assim, déficits nas habilidades grossas e finas, na sensibilidade e na força muscular, podem ser comprometidos no lado ipsilateral em indivíduos acometidos por lesões vasculares encefálicas (CUADRADO et al., 2001). 54 6. CONCLUSÃO Com os resultados obtidos nesta pesquisa, pode-se concluir que a mão ipsilateral à lesão em indivíduos com acidente vascular encefálico na fase crônica, tanto do sexo masculino quanto do sexo feminino, apresentou déficits significativos de aspectos importantes para a sua funcionalidade, como o déficit de força de preensão palmar, de força de pinça lateral, de força de pinça polpa-polpa, além de déficits na habilidade manual, na destreza fina e de sensibilidade tátil, quando comparados com controles. O referido estudo permite sugerir a utilização de técnicas de reabilitação, que envolva atividades sensório-motoras, como também de ganho de força muscular bilaterais em indivíduos com AVE na fase crônica, uma vez que o mecanismo de plasticidade neural se faz presente desde que o mesmo esteja vinculado a um programa de reabilitação. Outras pesquisas relacionadas ao hemisfério acometido e a troca de dominância manual, poderiam completar a análise da função da mão ipsilateral à lesão em indivíduos com AVE na fase crônica. 55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRÉ, C. Manual do AVC. 4 ed. Rio de Janeiro: Revinter. 2005.159p. ARAÚJO, M., ARAÚJO, P., CAPORRINO F.A. et al. Estudo populacional das forças das pinças polpa-polpa, trípode e lateral. Rev. Bras. Ortop. 37(11): 496–504, 2002. ARAÚJO, R.C. DE; LÚCIO, F. JR; ROCHA, D.N. et al. Effects of intensive arm training with an electromechanical orthsis in chronic stroke patients: a preliminary study. Arch Phys Med Rehabil. 92: 1746-1753, 2011. BARATO, G.; FERNANDES, T.; PACHECO, M. et al. Plasticidade cortical e técnicas de fisioterapia neurológica na ótica da neuroimagem. Rev. Neurocienc.17: 342-348. 2009. BARCALA, L.; COLELLA, F.; ARAUJO, M.C. et al.. Análise do equilíbrio em pacientes hemiparéticos após o treino com o programa Wii Fit. Fisioter. Mov. 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A sua participação consiste em responder os questionários de identificação pessoal, história da moléstia (anamnese) e executar testes de cognição, de força muscular de preensão palmar e força de pinça com o uso de um dinamômetro, teste de preferência lateral e teste de desempenho físico (destreza manual). As suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, ou seja, em nenhum momento será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Os dados coletados serão utilizados somente nesta pesquisa e os resultados serão divulgados em eventos e/ou revistas científicas. Sua participação é voluntária e a qualquer momento você pode recusar-se a responder qualquer pergunta ou realizar os testes solicitados, podendo desistir de participar da pesquisa e retirar seu consentimento não acarretando nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição em que será realizada a pesquisa como também na empresa em que trabalha. O (a) senhor (a) não terá nenhum custo como também nenhum benefício financeiro. Os benefícios oferecidos serão para aumentar o conhecimento científico para a área da fisioterapia. O (a) senhor (a) receberá uma cópia desse termo constando email e telefone do pesquisador responsável, podendo tirar possíveis dúvidas sobre o projeto e sua participação. _______________________ _______________________ Orientador: Renato Amaro Zângaro Orientado (a): Adriana Cristina Lourenção Instituição: Universidade Camilo Castelo Branco email: [email protected] email: [email protected] Telefone: 12-39054401 Telefone: 97172148 62 Declaro estar ciente do teor inteiro deste Termo de Consentimento e estou de acordo em participar do estudo proposto, sabendo que dele poderei desistir a qualquer momento, sem sofrer qualquer punição ou constrangimento. Sujeito da pesquisa: ____________________________________________. 63 APÊNDICE B Carta de informação ao participante de pesquisa O objetivo de nossa pesquisa é analisar a função da mão ipsilateral à lesão do paciente portador de acidente vascular encefálico na fase crônica. Para a avaliação serão utilizados questionários, teste de cognição, testes de força de preensão palmar e de força de pinça polpa a polpa com dinamômetros hidráulicos, teste de destreza manual, de lateralidade, protocolo de desempenho físico (Fugl-Meyer) e teste de sensibilidade tátil (monofilamentos de Semmens Weinstein). A pesquisa será realizada na Clínica Escola Unijales, os participantes serão agendados previamente pelo pesquisador. Os participantes serão esclarecidos previamente de qualquer teste a ser realizado, para alguns testes haverá um treino prévio antes da avaliação. Pedimos sua leitura atenciosa a esta carta e as instruções dadas pelo aluno pesquisador. Caso concorde com os termos e condições, juntamente com o fato de que os dados obtidos nessa avaliação serão utilizados para pesquisa e ensino (respeitando sempre sua identidade), você ou seu responsável legal assine o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e esta Carta de Informação ao Participante de Pesquisa. O nome e telefone dos responsáveis por esta pesquisa constam no final do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Você tem a liberdade de abandonar a pesquisa a qualquer momento, sem ônus algum. Por estarem entendidos, assinem o presente termo. Sujeito de Pesquisa:_________________________________. 64 APÊNDICE C Ficha de dados pessoais Data da pesquisa / / . Nº do participante: Nome: Idade: Peso: Data de Nascimento: kg Altura: Gênero: m IMC = Profissão: Grau de instrução: Naturalidade: Nacionalidade: Endereço: Cidade: Estado: Telefone para contato: Nome do acompanhante ou responsável: _____________________________ Adriana C. Lourenção Valério (pesquisador (a) responsável) 65 APÊNDICE D Avaliação dos Sinais Vitais Nome: Nº do participante: Pressão Arterial Sistêmica PAS: Freqüência Respiratória FR: Freqüência Cardíaca FC: Temperatura Corporal Tº: _____________________________ Adriana C. Lourenção Valério (pesquisador (a) responsável) 66 APÊNDICE E Ficha de Anamnese do Portador de AVE Nome: Nº do participante: Anamnese História da Moléstia Atual: Queixa Principal: Antecedentes Pessoais: Antecedentes Familiares: Medicamentos em Uso: Diagnóstico médico: Exames Complementares: _____________________________ Adriana C. Lourenção Valério (pesquisador (a) responsável) 67 APÊNDICE F Teste de preensão palmar Nome: Nº do participante: Mão direita 1ª medida 2ª medida 3ª medida Maior medida Mão esquerda 1ª medida 2ª medida 3ª medida Maior medida _____________________________ Adriana C. Lourenção Valério (pesquisador (a) responsável) 68 APÊNDICE G Teste de preensão de pinça lateral e de pinça polpa-polpa Nome: Nº do participante: Mão direita 1ª medida 2ª medida 3ª medida Melhor medida Pinça lateral 2º dedo 3º dedo 4º dedo 5º dedo Mão esquerda 1ª medida 2ª medida 3ª medida Melhor medida Pinça lateral 2º dedo 3º dedo 4º dedo 5º dedo _____________________________ Adriana C. Lourenção Valério (pesquisador (a) responsável) 69 APÊNDICE H Teste de destreza manual da caixa e blocos Nome: Nº do participante: Mão Direita: (nº de blocos) Mão Esquerda: (nº de blocos) _____________________________ Adriana C. Lourenção Valério (pesquisador (a) responsável) 70 APÊNDICE I Teste de destreza digital dos nove buracos e pinos Nome: Nº do participante: Mão Direita: Mão Esquerda: segundos (t) segundos (t) _____________________________ Adriana C. Lourenção Valério (pesquisador (a) responsável) 71 APÊNDICE J Teste de sensibilidade Nome: Nº do participante: Lado dominante: ( ) direito ( ) esquerdo Região do nervo ulnar na posição de supinação (região palmar) Cor Gramas Significância: ( ) verde 0,05 g Sensibilidade normal ( ) Azul 0,2 g Sensibilidade diminuída. Dificuldade para discriminar textura (tato leve) ( ) Violeta 2,0 g Sensibilidade protetora diminuída. Incapacidade de discriminar textura. Dificuldade para discriminar formas e temperatura. ( ) vermelho 4,0 g Perda se sensibilidade protetora. Perda de discriminação de textura. Incapacidade para discriminar formas e temperatura. ( ) Laranja 10,0 g Perda da sensibilidade. Perda da discriminação de textura. Incapacidade para discriminar formas e temperatura. ( ) Magenta 300,0 g Perda da sensibilidade á pressão profunda, podendo ainda sentir dor. Região do nervo mediano na posição de supinação (região palmar) Cor Gramas Significância: ( ) verde 0,05 g Sensibilidade normal ( ) Azul 0,2 g Sensibilidade diminuída. Dificuldade para discriminar textura (tato leve) ( ) Violeta 2,0 g Sensibilidade protetora diminuída. Incapacidade de discriminar textura. Dificuldade para discriminar formas e temperatura. ( ) vermelho 4,0 g Perda se sensibilidade protetora. Perda de discriminação de textura. Incapacidade para discriminar formas e temperatura. ( ) Laranja 10,0 g Perda da sensibilidade. Perda da discriminação de textura. Incapacidade para discriminar formas e temperatura. 72 ( ) Magenta 300 g Perda da sensibilidade á pressão profunda, podendo ainda sentir dor. Região do nervo radial na posição de supinação (região palmar) Cor Gramas Significância: ( ) verde 0,05 g Sensibilidade normal ( ) Azul 0,2 g Sensibilidade diminuída. Dificuldade para discriminar textura (tato leve) ( ) Violeta 2,0 g Sensibilidade protetora diminuída. Incapacidade de discriminar textura. Dificuldade para discriminar formas e temperatura. ( ) vermelho 4,0 g Perda se sensibilidade protetora. Perda de discriminação de textura. Incapacidade para discriminar formas e temperatura. ( ) Laranja 10,0 g Perda da sensibilidade. Perda da discriminação de textura. Incapacidade para discriminar formas e temperatura. ( ) Magenta 300 g Perda da sensibilidade á pressão profunda, podendo ainda sentir dor. Região do nervo ulnar na posição de pronação (região dorsal) Cor Gramas Significância: ( ) verde 0,05 g Sensibilidade normal ( ) Azul 0,2 g Sensibilidade diminuída. Dificuldade para discriminar textura (tato leve) ( ) Violeta 2,0 g Sensibilidade protetora diminuída. Incapacidade de discriminar textura. Dificuldade para discriminar formas e temperatura. ( ) vermelho 4,0 g Perda se sensibilidade protetora. Perda de discriminação de textura. Incapacidade para discriminar formas e temperatura. ( ) Laranja 10,0 g Perda da sensibilidade. Perda da discriminação de textura. Incapacidade para discriminar formas e temperatura. ( ) Magenta 300 g Ausência total de sensibilidade. Região do nervo mediano na posição de pronação (região dorsal) 73 Cor Gramas Significância: ( ) verde 0,05g Sensibilidade normal ( ) Azul 0,2 g Sensibilidade diminuída. Dificuldade para discriminar textura (tato leve) ( ) Violeta 2,0 g Sensibilidade protetora diminuída. Incapacidade de discriminar textura. Dificuldade para discriminar formas e temperatura. ( ) vermelho 4,0 g Perda se sensibilidade protetora. Perda de discriminação de textura. Incapacidade para discriminar formas e temperatura. ( ) Laranja 10,0 g Perda da sensibilidade. Perda da discriminação de textura. Incapacidade para discriminar formas e temperatura. ( ) Magenta 300 g Perda da sensibilidade á pressão profunda, podendo ainda sentir dor. Região do nervo radial na posição de pronação (região dorsal) Cor Gramas Significância: ( ) verde 0,05 g Sensibilidade normal ( ) Azul 0,2 g Sensibilidade diminuída. Dificuldade para discriminar textura (tato leve) ( ) Violeta 2,0 g Sensibilidade protetora diminuída. Incapacidade de discriminar textura. Dificuldade para discriminar formas e temperatura. ( ) vermelho 4,0 g Perda se sensibilidade protetora. Perda de discriminação de textura. Incapacidade para discriminar formas e temperatura. ( ) Laranja 10,0 g Perda da sensibilidade. Perda da discriminação de textura. Incapacidade para discriminar formas e temperatura. ( ) Magenta 300 g Perda da sensibilidade á pressão profunda, podendo ainda sentir dor. 74 APÊNDICE K MEEM – Mine exame de estado mental Nome: Escolaridade (anos): Orientação Temporal ( ) que dia é hoje? ( ) em que mês estamos? Nº do participante: Orientação espacial: ( ) em que local estamos? Apontando porá o chão ( ) qual é este local? Apontando ao redor em um sentido amplo ( ) em que ano estamos? ( ) em que bairro estamos ou em qual rua próxima? ( ) em que dia da semana estamos? ( ) em que cidade estamos? ( ) qual o horário aproximado? ( ) em estado estamos? Memória Imediata Cálculos Vou dizer três palavras que você vai 100 – 7 ( ) repeti-las logo a seguir: Casa 93 – 7 ( ) Vaso 86 – 7 ( ) Tijolo 79 – 7 ( ) Casa ( ), vaso ( ), tijolo ( ) 72 – 7 ( ) 65 Evocação das Palavras Casa ( ), vaso ( ), tijolo ( ) Linguagem Nomeação Repetição Peça ao sujeito para nomear os objetos Preste atenção: vou lhe dizer uma frase e quero mostrados que repita após mim: ( ) Relógio ( ) Caneta “Nem aqui, nem ali, nem lá” ( ) Comando Ler e Obedecer Emitir os seguintes comandos: Mostre a frase escrita: “Feche os olhos” Peça para o indivíduo fazer o que está sendo mandado. ( ) ( ) pegue este papel com a mão direita Obs: não auxiliar se o sujeito pedir ajuda ou só se ler e não executar o que esta sendo pedido ( ) dobre-o ao meio ( ) coloque-o no chão Elaboração Desenho Peça ao indivíduo para escrever uma Mostre o modelo ao sujeito e peça para reproduzifrase. lo o melhor possível. ( ) escreveu corretamente ( ) desenho reproduzido corretamente. Concedidos um ponto para cada pergunta respondida, palavra repetida, cálculo efetuado, objeto nomeado, frase repetida, lida ou elaborada, comando executado ou desenho reproduzido na primeira tentativa Pontuação Total: 30 Pontuação do indivíduo: Interpretação: para a interpretação da pontuação obtida foi adotado o critério de pontos de corte definido por Brucki e colaboradores (2003). Analfabetos: 20 pontos. De 1 a 4 anos de estudo: 25 pontos. De 5 a 8 anos de estudo: 26 pontos. De 9 a 11 anos de estudo: 28 pontos. Acima de 11 anos de estudo: 29 pontos. 75 APÊNDICE L Inventário de Edinburgh Nome: Atividades Direita ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( Esquerda ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Escrever ( ) Desenhar ( ) Arremessando um objeto ( ) Utilizando uma tesoura ( ) Utilizando a escova de dente ( ) Utilizando a faca (sem o garfo) ( ) Utilizando a vassoura (mão superior) ( ) Utilizando uma colher ( ) Acender um fósforo (mão no fósforo) ( ) Abrir uma caixa (mão na tampa) ( ) Total Diferença [total da direira – total da esquerda] Acumulação [total da direita + total da esquerda] Pontuação [diferença/acumulação] Interpretação: canhoto [abaixo de – 40]; destro [acima de 40]; ambidestro [entre -40 e 40] Orientação para preenchimento: nos casos em que a preferência é tão forte que o avaliado nunca irá tentar usar a outra mão, a não ser absolutamente forçado, marque os dois campos. Fonte: OLDFIELD, 1971. 76 APÊNDICE M Escala de avaliação de Fulg-Meyer em português – Avaliação motora e sensorial Nome: Nº do participante: III – Função Motora do Membro Superior 1 – Motricidade Reflexa Significância: Bíceps/ Tríceps ( ) (0) Sem atividade reflexa (2) Atividade reflexa presente Pontuação Máxima: 2 pontos Total: 2 – Sinergia Flexora Elevação do ombro ( ) Abdução de + de 90º ( ) Rotação externa ( ) Flexão de cotovelo ( ) Supinação( ) Pontuação Máxima: 10 pontos 3 – Sinergia de Extensão: Ombro-adução ( ) Rotação interna ( ) Cotovelo-extensão ( ) Pronação( ) Pontuação Máxima : 8 pontos 4 – Movimento com e sem sinergia: a) Mão a coluna lombar ( ) b) Flexão de ombro até 90º ( ) Significância: (0) A tarefa não pode ser realizada corretamente (1) A tarefa pode ser realizada parcialmente (2) A tarefa é realizada perfeitamente Total: Significância: (0) A tarefa não pode ser realizada corretamente (1) A tarefa pode ser realizada parcialmente (2) A tarefa é realizada perfeitamente Total: Significância: (0) A tarefa não pode ser realizada corretamente (1) A tarefa pode ser realizada parcialmente (2) A tarefa é realizada perfeitamente Significância: (0) Se no início do movimento o braço é abduzido ou o cotovelo é fletido (1) Se na fase final do movimento o ombro abduz e/ou ocorre flexão de cotovelo (2) A tarefa é realizada perfeitamente c) Prono-Supinação (cotovelo 90º e Significância: ombro 0º) ( ) (0) Não ocorre posicionamento correto do 77 cotovelo e ombro e/ou pronação e supinação não pode ser realizada completamente (1) Prono-supinação pode ser realizada com ADM limitada e ao mesmo tempo o ombro e o cotovelo estejam corretamente posicionados (2) A tarefa é realizada perfeitamente d) Abdução de ombro a 90º (cotovelo Significância: estendido e pronado) ( ) (0) Não é tolerado nenhuma flexão de ombro ou desvio de pronação no antebraço no INÍCIO do movimento (1) Realiza parcialmente ou ocorre flexão do cotovelo e o antebraço não se mantém pronado na fase TARDIA do movimento (2) A tarefa pode ser realizada sem desvio e) Flexão de ombro de 90º a 180º ( ) Significância: (0) O braço é abduzido e cotovelo fletido no início do movimento (1) O ombro abduz e/ou ocorre flexão de cotovelo na fase final do movimento (2) A tarefa é realizada perfeitamente f) Prono-Supinação (cotovelo estendido, Significância: ombro fletido 30º a 90º) ( ) (0) Posição não pode ser obtida pelo paciente e/ou prono-supinação não pode ser realizada perfeitamente (1) A atividade de prono-supinação pode ser realizada mesmo com ADM limitada e ao mesmo tempo o ombro e o cotovelo estejam corretamente posicionados (2) A tarefa é realizada perfeitamente Pontuação Máxima: 12 pontos Total: 5 – Atividade Reflexa Normal Bíceps/ tríceps/ flexores dos dedos ( ) Obs: avalia-se os reflexos somente se o Significância: paciente atingiu nota 2 para os itens d), e), f) do item anterior (0) 2 a 3 reflexos estão hiperativos (1) 1 reflexo está marcadamente hiperativo ou 2 estão vivos e nenhum está hiperativo (2) Não mais que 1 reflexo está vivo e nenhum está hiperativo Pontuação Máxima : 2 pontos Total: 6 – Controle de Punho: 78 a) Cotovelo 90º, ombro 0º e pronação Significância: com resistência ( ) Obs: prestar assistência se necessário (0) O paciente não pode dorsifletir o punho na posição referida (1) A dorsiflexão pode ser realizada, mas sem resistência nenhuma (2) A posição pode ser mantida contra alguma resistência b) Máxima flexo-extensão de punho, Significância: com cotovelo 90º, ombro a 0º, dedos fletidos e pronação( ) Obs: prestar auxílio se necessário (0) Não ocorre movimento voluntário (1) O paciente não move ativamente o punho em todo o grau de movimento (2) A tarefa pode ser realizada c) Dorsiflexão com cotovelo a 0º. Significância: Ombro a 30º a pronação com resistência ( ) Obs: auxílio (0) O paciente não pode dorsifletir o punho na posição referida (1) A dorsiflexão pode ser realizada, mas sem resistência. (2) A posição pode ser mantida contra alguma resistência d) Máxima flexo-extensão: cotovelo a Significância: 0º, ombro a 30º, pronação( ) Obs: auxílio (0) Não ocorre movimento voluntário (1) O paciente não move ativamente o punho em todo o grau de movimento (2) A tarefa pode ser realizada e) Circundação( ) Pontuação Máxima: 10 pontos 7 – Mão a) Flexão em massa dos dedos ( ) b) Extensão em massa dos dedos ( ) Significância: (0) Não ocorre movimento voluntário (1) O paciente não move ativamente o punho em todo o grau de movimento (2) A tarefa pode ser realizada Total: Significância: (0) A tarefa não pode ser realizada completamente (1) A tarefa pode ser realizada parcialmente (2) A tarefa é realizada perfeitamente Significância: (0) Nenhuma atividade ocorre (1) Ocorre relaxamento (liberação) da flexão em 79 massa (2) Extensão completa (comparada com a mão não afetada) c) Preensão 1: articulações metacarpo- Significância: falangeanas II e V estendidas e interfalangeanas distal e proximal fletidas. Preensão contra resistência ( ) (0) A posição requerida não pode ser realizada (1) A preensão é fraca (2) A preensão pode ser mantida contra considerável resistência d) Preensão 2: O paciente é instruído a Significância: aduzir o polegar e segurar um papel interposto entre o polegar e o dedo indicador ( ) (0) A função não pode ser realizada (1) O papel pode ser mantido no lugar, mas não contra um leve puxão (2) O objeto é segurado firmemente contra um puxão e) Preensão 3: O paciente opõe a digital Significância: do polegar contra a do dedo indicador, com um lápis interposto ( ) (0) A função pode ser realizada (1) O lápis pode ser mantido no lugar, mas não contra um leve puxão (2) O lápis pode ser segurado firmemente f) Preensão 4: Segurar com firmeza um Significância: objeto cilíndrico, com a superfície volar do primeiro e segundo dedos contra os demais ( ) (0) A função não pode ser realizada (1) O objeto interposto pode ser mantido no lugar, mas não contra um leve puxão (2) O objeto é segurado firmemente contra um puxão g) Preensão 5: O paciente segura com Significância: firmeza uma bola de tênis ( ) (0) A função não pode ser realizada (1) O objeto interposto pode ser mantido no lugar, mas não contra um leve puxão (2) O objeto é segurado firmemente contra um puxão Pontuação Máxima: 14 pontos Total: 80 IV – Coordenação/Velocidade do MS a) Tremor ( ) b) Dismetria( ) Obs: incapacidade movimentos alternados de Significância: (0) Tremor Marcante (1) Tremor leve (2) Sem tremor Significância: realizar (0) Dismetria marcante (1) Dismetria leve (2) Sem dismetria c) Velocidade: indez-nariz cinco vezes Significância: o mais rápido que conseguir ( ) (0) 6 segundos mais lento que o lado não afetado (1) 2 a 5 segundos mai lento que o lado não afetado (2) Menos de 2 segundos de diferença Pontuação máxima: 6 pontos Total: V – Sensibilidade 1 – Exterocepção a) Palma da mão ( ) Pontuação Máxima: 2 pontos Significância: (0) Anestesia (1) Hipoestesia (2) Normal Total: Significância: 2 – Propriocepção a) ombro ( ), cotovelo ( ), punho ( ), (0) ausência de sensação polegar ( ) OBS: marcar com um X ( ) (1) ¾ das respostas são corretas (2) todas as respostas são corretas Pontuação Máxima: 2 Total: MS – PONTUAÇÃO MÁXIMA DA PONTUAÇÃO MÁXIMA DO PACIENTE: ESCALA = 66 PONTOS SIGNIFICÂNCIA: Para a interpretação dessa escala segue os seguintes critérios de acordo com os autores Michaelsen e Levin, (2004) e Michaelsen, Dannenbaum e Levin, (2006): A função motora do membro superior totaliza 66 pontos, sendo que escores entre 50 a 65 pontos indica comprometimento leve; de 30 a 49 pontos representa comprometimento moderado e abaixo de 30 pontos reflete comprometimento severo 81 APÊNDICE N Interpretação do teste de sensibilidade Tipos de monofilamentos gramas Interpretações Verde 0,05 g Sensibilidade normal Azul 0,2 g Violeta 2,0 g Vermelho 4,0 g Laranja 10,0 g Vermelho Magenta 300g Sensibilidade diminuída. Dificuldade para discriminar textura (tato leve) Sensibilidade protetora diminuída. Incapacidade de discriminar textura. Dificuldade para discriminar formas e temperatura. Perda de sensibilidade protetora. Perda de discriminação de textura. Incapacidade para discriminar formas e temperatura. Perda da sensibilidade. Perda da discriminação de textura. Incapacidade para discriminar formas e temperatura. Perda da sensibilidade á pressão profunda, podendo ainda sentir dor. 82 ANEXO A Termo de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa 83 ANEXO B Termo de Autorização da Clínica Escola Unijales Autorizo em nome do Centro de Convivência do Idoso “João Guisso” Clínica Escola Unijales,do município de Jales, estado de São Paulo, localizada na Avenida Guilherme Sonsini, nº 1361, bairro: Jardim Tangará, CEP: 15704296, ter conhecimento do projeto de pesquisa do trabalho de Pós Graduação Sirito Sensu em Engenharia Biomédica, intitulado “Análise Da Função Da Mão Ipsilateral À Lesão Em Indivíduos Com Acidente Vascular Encefálico Na Fase Crônica”, de autoria da aluna Adriana Cristina Lourenção, regularmente matriculados no Programa de Pós Graduação Sirito Sendo da Universidade Camilo Castelo Branco S/P (UNICASTELO), sob a orientação do professor Post.doc Renato Amaro Zângaro. Assim dando-lhe consentimento para realizar o trabalho nesta instituição, coletar dados de forma verbal, realizar testes de cognição, predominância manual, destreza manual, força muscular de preensão palmar e força de pinça polpa a polpa. Estou ciente e concordo com a publicação dos resultados encontrados, sendo obrigatoriamente citada a Clínica Escola UniJales, como local de realização desta pesquisa. Jales, 4 de março, 2012 _______________________________________ Jôse Luíza Botton Nunes Responsável Técnica da Clínica Escola Unijales do Município de Jales/SP 84 ANEXO C Termo de Autorização da Secretaria Municipal de Saúde de Jales/SP Autorizo em posse do cargo de Diretora de Serviços de Saúde da Coletividade do Município de Jales, com sede na Rua: 07, nº 2668 - Centro -Jales/SP – CEP: 15700016, Telefone: (017) 3632-7310, ter conhecimento do projeto de pesquisa do trabalho de Pós - Graduação em Engenharia Biomédica, intitulado “Análise Da Função Da Mão Ipsilateral À Lesão Em Indivíduos Com Acidente Vascular Encefálico Na Fase Crônica”, de autoria da aluna Adriana Cristina Lourenção Valério, regularmente matriculada no programa de PósGraduação Stricto Sensu da Universidade Camilo Castelo Branco (UNICASTELO), sob a orientação do professor Renato Amaro Zângaro. Assim dando-lhe consentimento para realizar o trabalho com os pacientes portadores de AVE, cadastrados no município de Jales/SP, coletar dados de forma verbal, realizar testes de cognição, destreza, sensibilidade e força manual. Estou ciente e concordo com a publicação dos resultados encontrados, sendo obrigatoriamente sigilosa a identificação dos pacientes participantes desta pesquisa. Jales, 30 de maio, 2012 _______________________________________ (assinatura e carimbo) Srª Patrícia Albarelo Ribeiro Oliveira