XII
CONGRESSO
INTERNACIONAL
DE HUMANIDADES
Palavra e Cultura na
América Latina
XII CONGRESSO INTERNACIONAL DE HUMANIDADES
Palavra e Cultura na América Latina
22 e 23 de outubro, Universidade de Brasília
24 de outubro, Formosa/Goiás
TEMA: Identidade(s) Latino-Americana(s): os efeitos de uma
herança e os novos desafios da sociedade atual
Caderno de resumos do XII Congresso Internacional de Humanidades
Reitor
Prof.Dr. José Geraldo de Sousa Junior
Diretora do Instituto de Letras
Profª. Dra. Maria Luisa Ortíz Alvarez
Diretor do Instituto de Ciências Humanas
Prof. Dr. Estevão Chaves de Rezende Melo
Apoios:
Universidad Metropolitana Ciencias de la Educación do Chile UMCE
Universidade Estadual de Goiás -UEG
Pedro Ivo de Campos Faria
Prefeitura Municipal de Formosa
REVISTA INTERCÂMBIO DO CONGRESSO INTERNACIONAL
DE HUMANIDADES
ISSN 1982-8640
http://unb.revistaintercambio.net.br
Comissão Científica
Maria Luisa Ortiz Alvarez
Instituto de Letras (IL)
Estevão Chaves de Rezende Melo
Instituto de Ciências Humanas (ICH)
Luis Antonio Arantes
Reitor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)
André Luis Gomes (TEL/IL)
Enrique Huelva (LET/IL)
Enilde Faulstich (LIP/IL)
Ivany Marisa Cayser
Diretora da Unidade de Formosa (UEG)
Comissão Organizadora
Alice Tamie Yoko
Argentina Martins
Augusto Rodrigues
Cíntia Schwantes
Daniele Marcelle Grannier
Elga Pérez Laborde
Josenia Antunes
Heloísa Salles
Iêda Vilas-Bôas
María Luisa Ortiz
Monique Leite
Coordenação Geral: Elga Pérez Laborde
e-mail: [email protected]
Coordenação Digital: Bruno Vieira de Ribeira
LISTA DE PARTICIPANTES DO XII CONGRESSO INTERNACIONAL DE HUMANIDADES – UNB COM COMUNICAÇÕES
Código tipo de trabalho e número de página em que aparece no programa
C = Conferência
MT = Mesa temática
P= Plenária
S = Sessão de comunicação
SIMP = Simpósio
1.
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19.
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28.
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30.
31.
32.
33.
34.
35.
36.
Adelaide Calhman de Miranda, UnB, MT (5) S 9 (16)
Adriana Cristina Chan-Vianna, UnB, SIMP (11)
Adriana de Fátima Barbosa Araújo, UnB, MT (3)
Alexsandra Maria Ferreira da Silva, SEEDF, MT (5), S 25 (22)
Aline Camilla Mesquita, UnB, SIMP (11)
Alma Hermansen Leiva, UMCE, S 2 (13)
Américo Venâncio Lopes Machado Filho, UFBA, MT (2)
Ana Camila García, UnB, S 14 (18)
Ana Lúcia Medeiros, UnB, S 5 (14)
Ana Pizarro, USACH, P (1)
André Luís Gomes, UnB, MT (7)
Andreas Kneip, UFT , MT (8) S 22 (21)
Ángel Agustín Bascuñán Valenzuela, UMCE
Anne Caroline Quiangala, UnB, S 3 (13)
Antônio Augusto Souza Mello, UnB, MT (8)
Antonio do Rego Barros Neto, UnB
Antonio Miranda, UnB, Biblioteca Nacional, C (9)
Arlinda Alves de Sousa, SEEDF, S 19 (20)
Augusto Rodrigues de Lima, UnB MT (8)
Augusto Rodrigues, UnB, MT (7)
Auriane Mesquita, UnB, S 3 (13)
Bernadete Carvalho, UnB S 19 (20)
Brunna da Silva Ferreira, UnB
Bruna Guedes, UnB, P (6)
Bruna Paiva de Lucena, UnB, S 9 (16)
Cácio José Ferreira , SEEDF
Candice Aparecida Rodrigues Assunção, CEPADIC, S 12 (17)
Carlos Alberto Ferreira Lima, UnB, S 4 (14)
Carlos Federico Domínguez Avila,. Uniceub, S 14 (18)
Carlos Roberto da Rosa Rangel, UNIFRA, S 22 (21)
Carmen Balart Carmona, C (1)
Carolina Correia dos Santos, USP, S 8 (15)
Celeste Kellman, UnB, SIMP (10)
Cíntia da Silva Pacheco, UnB
Cíntia Schwantes, UnB, MT (5)
Cleide de Oliveira Lemos, Senado Federal, S 8 (15)
37.
38.
39.
40.
41.
42.
43.
44.
45.
46.
47.
48.
49.
50.
51.
52.
53.
54.
55.
56.
57.
58.
59.
60.
61.
62.
63.
64.
65.
66.
67.
68.
69.
70.
71.
72.
73.
74.
75.
76.
77.
78.
79.
80.
81.
82.
83.
Cristiane Benjamim Santos, UnB, S 5 (14)
Cristina M. T. Stevens, UnB, MT (2)
Cristiano Torres Lima, UnB, P (6)
Cynthia González Kukulis, UMCE
Daniele Marcelle Grannier, UnB, SIMP (7) MT (11)
Davi Oliveira do Nascimento, PUC – RIO, S 10 (16)
Débora Cabral Lima, Casa Thomas Jefferson, S 9 (16)
Débora Da Silva Oliveira, UnB
Deliane Leite, UnB, P (6)
Dinorá Couto Cançado, BBDN, Bibli. Braille Dorina Nowill, S 12 (17)
Eduardo Cardoso Martins, UnB, S 20 (20)
Elaine Caldeira, UnB, S11 (17)
Elga Pérez Laborde, UnB, MT (4)
Elisabete Marin Ribas, USP, MT (3)
Elizabeth Hazin, UnB, MT (3) P (6)
Enilde Faulstich, UnB, MT (2)
Enrique Huelva, UnB, S 21 (20)
Ermelinda Maria Araújo Ferreira, UFPE, P (6)
Esmeralda Figueira Queiroz, UnB, SIMP (10)
Estevão Chaves de Rezende Martins, UnB
Fabiana Carneiro da Silva, USP, S 4 (14)
Fábio Borges, UnB S 8 (15), S 24 (22)
Felipe Cyntrão Corrêa, UnB, P (6)
Fernanda Monteiro, UnB, MT (4)
Francismar Ramírez Barreto, UnB, MT (3)
Gabriel Rodrigues Borges, UnB, P (6) S 7 (15)
Gerson Galo Ledezma Meneses, UFCE, S 6 (14)
Geruza de Souza Graebin, ESPAM, S 21 (20)
Giselle Morisson Feltrini, UnB, SIMP (10)
Gisélia Nunes do Nascimento, UnB, SIMP (11)
Glaucio Castro, UnB, SIMP (10)
Glauco Vaz Feijó, CAPES, S 6 (14)
Graciela Raquel Ezzatti San Martin, UMCE, S 12 (17)
Guillermo Bravo, UMCE, S 15 (18)
Helena da Silva Guerra Vicente, UnB, S (7)
Heloisa de Souza, UnB, P (6)
Heloisa Salles, UnB, MT (2) SIMP (10-11)
Hermenegildo Bastos, UnB, S 17 (19)
Iara Carneiro Tabosa Pena, UnB, MT (8)
Idalena Oliveira Chaves, Centro Univ. de Belo Horizonte, S 2 (13)
Iêda Vilas-Bôas, UnB, S 7 (15)
Ismênia Santana, UnB, P (6)
Janaina Gomes Fontes, UnB, MT (2)
Jeronilson de Oliveira Santos França, UnB, SIMP (11)
José Ricardo Pereira dos Santos, UnB, S 21 (20)
Josenia Antunes Vieira, UnB, C (9)
Juliana de Jesus Amorim Pádua, UnB, S 18 (19)
84.
85.
86.
87.
88.
89.
90.
91.
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100.
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125.
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127.
128.
129.
130.
Julliany Mucury, UnB, P (6)
Karla Calasans de Mello, UnB, S 18 (19)
Kleber Aparecido da Silva, UnB, S (7)
Layane Rodrigues de Lima, UnB, SIMP (11)
Leticia Fialho, UnB, P (6)
Liliana Belmar Bizama, UMCE, S 14 (18)
Livia Reis, UFF, P (1)
Lorena Sales dos Santos, UnB, MT (5) S 17 (19)
Lúcia Helena Marques Ribeiro, UnB, S 17 (19)
Luciana Arruda, UnB, MT (4)
Lucie Josephe de Lannoy, UnB, S 4 (14)
Ludmilla Alves, UnB, MT (3)
Luís Cláudio Rocha Henriques de Moura, UnB, S 15 (18)
Luis Fernando Prado, UEG, S 15 (18)
Luis Rubilar Solis, UMCE, C (3) S 20 (20)
Luiza Hiroko Yamada Kuwae, UnB, S 27 (23)
Luizete Guimarães Barros, UFSC, S 11 (17)
Mara Lúcia Castilho, UnB, S 3 (13)
Marcia Paraquett, UFBA, P (1)
Marcos Novais, UnB, MT (4)
Marcus Mota, UnB, S 10 (16)
Margareth Villalba UnB, S 7 (15)
Margarida Basilio, PUC – RIO, S 10 (16)
Margot Latt Marinho, SEEDF, SIMP (10)
Maria Angela Cappucci, UnB, S 16 (18)
Maria Aracy Bonfim, UFMA, S 10 (16)
María Carolina Calvo Capilla , UnB, S 13 (17)
Maria da Conceição Afonso, UnB, MT (4)
Maria da Glória de Castro Azevedo, UFT , MT (2)
Maria de Nazaré Fonseca Corrêa, UnB, MT (8)
Maria Jandyra Cavalcanti Cunha, UnB, S1 (13)
Maria Luisa Ortíz Alvarez, UnB, C (1)
Maria Marismene Gonzaga, MEC, S 2 (13)
Maria Veralice Barroso, UnB, S 26 (22)
Marília de Alexandria, FFG, S 16 (18)
Mariney Pereira da Conceição, UnB, S (7)
Marisa Dias Lima, UnB, SIMP (11)
Marly Jean de Araújo Pereira Vieira, SEEDF, MT (5), S 25 (22)
Mateus Alves, UnB, P (6)
Maxçuny Alves, UnB, P (6)
Milton Shintaku, IBICT, MT 4, SIMP (10)
Mônica Lucena, UnB, P (6)
Mônica Maria Pereira Resende, UnB, SIMP (10)
Monique Leite Araújo, UnB, MT (4)
Nelly Olguín Vilches, UMCE, S 20 (19)
Noriko Lúcia Sabanai, SEDF, SIMP (11)
Olga María Díaz, UMCE, P (9)
131.
132.
133.
134.
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165.
166.
167.
168.
Omar da Silva Lima, IESCO, S 25 (22)
Orlando J. Vidal L., UMCE, S 24 (22)
Orlene Lúcia de Saboia Carvalho, UnB, SIMP (10)
Patrícia Corrêa, UnB, P (6)
Patricia López Börgel, UMCE,
Patricia Rojas Vera, UMCE
Patricia Tuxi, UnB, SIMP (10)
Paula Silva, UnB, S 24 (22)
Paulo Renato da Silva, UFT, S 26 (22)
Paulo Salles, UnB, SIMP (10)
Pedro Olivares Torruella, UMCE, P (3)
Priscila Pereira, UNICAMP, S 26 (22)
Rachel Pereira de Mello, UnB, S 1 (13)
Rafael Voigt Leandro, UnB, S 24 (22)
Raquel Martins Borges Carvalho Araújo, UnB, S 18 (19)
Regina Maria Furquim-Freire da Silva, UnB, SIMP (11)
Rita de Cassi P. dos Santos, UnB, S 16 (18)
Rita de Cássia Silva Dionísio, UnB, S 23 (21)
Robson Coelho Tinoco, UnB, S 16 (18)
Rogério Lima, UnB, C (3)
Rosa Amélia P. Silva, UnB /LER, S 19 (120)
Rosana J.Cipriano, UnB, SIMP (10)
Rosângela Felício dos Santos, USP, MT (3)
Rozana Reigota Naves, UnB, S 22 (19)
Salvina Maria de Jesus, UnB /LER, S 19 (20)
Sandra Nitrini, USP, P (6)
Sandro Xavier, UnB, S 27 (23)
Sena Siqueira, UnB, S 23 (21)
Sidney Barbosa, UnB, S 23 (21)
Silvia Cortés Fuentealba, UMCE, S 22 (21)
Sylvia Helena Cyntrão, UnB, MT (6)
Tania Rebelo Costa Serra, UnB, MT (7)
Teresa Ayala Pérez, UMCE, S 27 (27)
Veruska Costa, UnB, MT (4)
Wellington Marinho de Lira, UFRPE/UAG, S 13 (17)
Wiliam Alves Biserra, UnB, MT (2)
Wilton Barroso Filho, UnB, S 26 (22)
Zélia Monteiro Bora, UFPb, S 1 (13)
PROGRAMA
22 de outubro – programa geral
8h – 9h
Inscrições e entrega dos materiais
Local: saguão da Finatec
9h – 9h30
Abertura Local: Auditório
Autoridades da UnB, da UEG, da UMCE
Coro dos Cinquentões da UnB
9h30 – 10h20
Conferência
Local: Auditório
(Des)construção da identidade latino-americana: herança do
passado, desafios futuros Maria Luisa Ortiz Alvarez, UnB
10h20- 10h30
Intervalo – café
10h30 – 11h10
Conferência
Local: Auditório
Tradición y actualidad: Cuatro momentos de la narrativa en
Carmen Balart, UMCE
Chile 11h30 – 12h30
Plenária
Local: Auditório
Brasil e América Latina: diálogos de (des)integração
Coordenadora: Ana Pizarro, USACH
Articulación y diversidad en América Latina Ana Pizarro, USACH
O Caribe e o Brasil: música e ensaio em diálogo
Lívia Reis, UFF
Estratégias de integração e formação de professores de
espanhol no Brasil
Marcia Paraquett, UFBA
1
22 de outubro – programa geral
14h – 15h
Comunicações individuais (V. páginas 13 a 21)
15h – 16h
Mesa temática Local: 105 C
Léxico e gramática na perspectiva histórica Coordenadora: Enilde Faulstich
Um dicionário diz o quê?
Enilde Faulstich, UnB
Orações reduzidas completivas – o infinitivo (flexionado no
português arcaico)
Heloisa Salles, UnB
Reflexões sobre métodos e adequações teóricas para tratamento do léxico em perspectiva histórica
Américo Venâncio Lopes Machado Filho, UFBA
15h – 16h
Mesa temática Local: 106 C
Grupo Vozes Femininas
Coordenadora: Cristina M. T. Stevens, UnB
Figurações da morte na literatura de autoria feminina
Cristina M.T.Stevens, UnB
de George Eliot
A representação da maternidade no romance Adam Bede,
Janaína Gomes Fontes, UnB
Essa espécie envergonhada — a mulher lésbica nos romances Duas iguais, de Cintia Moscovich e Uma sombra na parede, de Josué
Montello
Maria da Glória de Castro Azevedo, UFT
historiográfica
Literatura contemporânea em língua inglesa e metaficção
Wiliam Alves Biserra, UnB
2
22 de outubro – programa geral
15h – 16h
Mesa temática Local: 107 C
Osman Lins: texto e criação
Coordenadora: Francismar Ramírez Barreto, UnB
Tal Osman qual Brasil: Avalovara e os anos de autoritarismo
Adriana de Fátima Barbosa Araújo, UnB
O côncavo e o convexo na superfície do mundo
Francismar Ramírez Barreto, UnB
O salto do peixe
Ludmilla Alves, UnB
Literatura e Artes Plásticas na vida e obra de Osman Lins
Elisabete Marin Ribas, USP
diálogos
16h00 – 16h10
A obra de ficção e a crítica de Osman Lins: paralelos e
Rosângela Felício dos Santos, USP
Intervalo – café
16h10 – 16h40 Conferência
Local: Auditório
Bolívar, Martí, Neruda y Ribeiro: cuatro pilares del imaginario
social latinoamericano
Luis Rubilar Solis, UMCE
16h40 – 17h00
redes e culturas
17h – 18h
Conferência
Local: Auditório
Poéticas da fronteira: trocas intelectuais, fluxos de indivíduos,
Rogério Lima, UnB
Conferência e leitura dramatizada
Local: Auditório
El concepto de marginalidad en el teatro de Juan Radrigán
Pedro Olivares Torruella, UMCE
3
23 de outubro – programa geral
8h – 9h
Comunicações individuais (V. páginas 13 a 21)
9h – 10h
Mesa temática
Local: sala 105 C
Banco Internacional de Objetos Educacionais (BIOE): uma
iniciativa para disseminação de objetos educacionais pela internet
Coordenador: Milton Shintaku
Participantes:
Fernanda Monteiro, UnB
Milton Shintaku, UnB Maria da Conceição Afonso, UnB
Marcos Novais, UnB Veruska Costa, UnB
9h – 10h
Mesa temática
Local: sala 106 C
Memória, linguagem e Identidade: uma construção contemporânea
Coordenador: Elga Pérez Laborde
Identidade, memória e exílio na literatura Latino-americana
Elga Pérez Laborde, UnB
Memória, infância e meio social: um grande jogo nos contos
de Luis Britto García Monique Leite Araújo, UnB
62 Modelo para Armar e caminhos diferentes para compreender: Uma análise hermenêutica da obra de Julio Cortázar Luciana Arruda, UnB
4
23 de outubro – programa geral
9h – 10h
Mesa temática Local: sala 107 C Identidade e gênero
Coordenação: Cíntia Schwantes – UnB
Narrativa de formação e identidade nacional em O vôo da
arara azul Cíntia Schwantes, UnB
Ponciá Vicêncio – identidade formada na dor
Marly Jean Araújo Pereira Vieira, SEEDF
A amnésia no campo minado: O papel do esquecimento na
literatura brasileira de autoria feminina
Adelaide Calhman de Miranda, UnB
A Identidade de Gênero Gótica em A Sauna de Lygia Fagundes Telles Lorena Salles dos Santos, UnB
Tessituras de marcas de identidade: uma leitura de As Mulheres de Tijucopapo
Alexsandra Ferreira, Sec. Educação-DF
10h – 10h10
Intervalo – café
5
23 de outubro – programa geral
10h10 – 11h10
Plenária
Local: Auditório
Texto e criação em Osman Lins
Coordenação: Profa. Elizabeth Hazin
Onde se conciliam o arisco e o verbo: criação e intertextualidade em Osman Lins
Elizabeth Hazin ,UnB
Os bastidores da criação do jovem Osman Lins Sandra Nitrini (USP)
Regionalismo às escuras e sem sotaque: a contribuição
osmaniana para a redefinição do gênero Ermelinda Maria Araújo Ferreira,UFPE
11h30 – 12h30
Plenária
Local: Auditório
Cultural
O lugar do amor na poesia contemporânea brasileira: reflexões a partir de uma situação de blog Coordenadora: Sylvia Helena Cyntrão, UnB
Participantes: Ismênia Santana, Gabriel Borges, Mônica
Lucena
LANÇAMENTO DO LIVRO: Poesia: o lugar do contemporâ
neo. Brasília, Editora do TEL/UnB, 2009.Organização de Sylvia H. Cyntrão.
Encarte: CD do Espetáculo “Fale-me de amor” com o Grupo Vivoverso.
APRESENTAÇÃO DO ESPETÁCULO LÍTERO-MUSICAL
“Fale-me de amor”, com o Grupo Vivoverso ( Duração:
17min.)
Produção: Heloísa de Sousa; Direção: Sylvia Cyntrão
Apoio: Cristiano Torres Lima; Leticia Fialho
Atores: Brunna Guedes; Deliane Leite; Felipe Cyntrão Corrêa; Mateus Alves; Maxçuny Alves; Patrícia Corrêa; Julliany Mucury;
Canções: Felipe Cyntrão Corrêa.
6
23 de outubro – programa geral
14h – 15h
Comunicações individuais (V. páginas 13 a 21)
14h – 18h Simpósios – área da surdez (V. páginas 10 a 11)
Local: 59 H
Coordenadora: Daniele Marcelle Grannier
15h – 16h
Mesa temática Local: 105 C
A (trans) formação inicial de educadores de línguas na contemporaneidade: Crenças,Ideologias e Identidades
Coordenador: Kleber Aparecido da Silva, UnB/UNESP
A (trans) formação inicial de educadores de línguas no
projeto “Teletandem Brasil: Línguas Estrangeiras para Todos”: As faces e interfaces digitais
Kleber Aparecido da Silva, UnB
Uma visão pragmática do aglomerado de crenças de alunos
sobre o ato de errar Helena Guerra Vicente, UnB
O professor de língua(s) em formação: crenças e identidades de alunos de Letras
Mariney Pereira da Conceição, UnB
15h – 16h
Mesa temática Local: 106 C
História e literatura no Brasil do século XIX: heranças
Coordenador da mesa: Tania Rebelo Costa Serra, UnB
O ‘Ensaio’, de Magalhães, e o ‘Projeto Brasil’: as origens da
formação de uma herança histórico-literária Tania Serra, UnB
Heranças e perspectivas da dramaturgia brasileira
André Luís Gomes, UnB
Geologia literária e histórica de Machado de Assis
Augusto Rodrigues, UnB
7
23 de outubro – programa geral
15h – 16h
Mesa temática Local: 107 C
Revisão da classificação interna da família tupi-guarani
Coordenador: Antônio Augusto Souza Mello, UnB
Participante: Andreas Kneip, UFT
15h – 16h
Mesa temática Local: 108 C
Memória, linguagem e Identidade: uma construção contemporânea
Coordenador: Maria de Nazaré Fonseca Corrêa, UnB
A força feminina no conto El más olvidado del olvido, de
Isabel Allende Augusto Rodrigues de Lima, UnB
A Intertextualidade em Borges e os Orangotangos Eternos
de Luis Fernando Veríssimo Iara Carneiro Tabosa Pena, UnB
16h00 – 16h10
Uma leitura benjaminiana da poesia de Mario Benedetti Maria de Nazaré Fonseca Corrêa, UnB
Intervalo – café
8
23 de outubro – programa geral
16h10 – 16h40 Conferência
Local: Auditório
O Lugar da Multimodalidade na Construção de uma Gramática Visual
Josenia Antunes Vieira, UnB
16h40 – 17h10
Conferência
Local: Auditório
Intertextualizando a Vallejo desde el Brasil… sobre las vanguardias del siglo XX
Antonio Miranda, UnB
17h10 – 18h Plenária
Local: Auditório
Cultural
Antología poética musical de la obra de Hermelinda Diaz
(Creación musical para material didáctico multimedia)
Olga María Díaz, UMCE
9
23 de outubro – Simpósios
II Simpósio sobre Ensino de Português a Surdos
III Simpósio de Bilinguismo e Línguas de Sinais
Local: 59 H
14h – 14h45
Mesa-redonda – Educação de surdos
Coordenadora: Heloísa Salles
Variações regionais na Língua Brasileira de Sinais:
Interiorizando a prática educativa
Gláucio de Castro Júnior, UnB
Educação bilíngüe de surdos: formação de professores e de
intérpretes
Rosana J.Cipriano, Celeste Kellman, Patrícia Tuxi e
Heloísa Salles
Ensino de Ciências para surdos
Paulo Salles, UnB, Giselle Morisson Feltrini (SEEDF) e
Mônica Maria Pereira Resende, UnB
14h45 – 15h45
Comunicações
Por um Dicionário Escolar Semibilíngue de Português para
usuários de LIBRAS
Orlene Lúcia de Sabóia Carvalho e Margot Latt Marinho, UnB
A pesquisa sobre a LIBRAS no Brasil
Milton Shintaku, IBICT
15h45 – 16h
Primeiras aproximações de crianças surdas com paralisia
cerebral com o mundo do letramento
Esmeralda Figueira Queiroz, UnB
Intervalo – café
10
23 de outubro – Simpósios
16h – 17h
guesa
França, UnB
Comunicações
Aquisição simultânea de Língua de sinais e Língua PortuGisélia Nunes do Nascimento e Jeronilson de Oliveira Santos
Instrumentais, Comitativos, Locativos e Dativos em LIBRAS:
implicações para o ensino de português
Heloísa Salles, Aline Camilla Mesquita e Adriana ChanVianna, UnB
Semântica da expressão de causa e consequência no
português dos surdos
Layane Rodrigues de Lima, UnB
17h – 18h
Mesa-redonda – Ensino de português a surdos
Daniele Marcelle Grannier (coordenadora)
Elementos gramaticais de um syllabus para o ensino de
português-por-escrito a adolescentes surdos: proposta de material didático
Daniele Marcelle Grannier e Regina Maria Furquim-Freire da
Silva, UnB
O aluno surdo e a língua portuguesa
Noriko Lúcia Sabanai, SEEDF
Adequação do ensino do português como L2 a crianças: um
desafio a superar/enfrentar
Marisa Dias Lima, UnB
11
24 de outubro – programa Formosa Goiás
9h às 12h Auditório da Prefeitura
Recepção pela Banda Municipal de Formosa-GO
Boas Vindas – Mestra Iêda Vilas-Bôas
Coral Formosense de Berranteiros
Prefeito: Pedro Ivo de Campos Faria
Secretária de Administração e Cultura Argentina Martins.
Secretária de Educação Ione Magalhães Antonini
Presidente da Câmara Municipal Genedir Ribas
Reitor da UEG Luis Antonio Arantes
Diretora da UEG - Profa. Ivany Marisa Cayser
Apresentação dos Catireiros
Diretora do Instituto de Letras
Decana da UMCE – Chile: Carmen Balart Carmona
Reitor UnB: José Geraldo de Sousa Junior
Diretora do Instituto de Letras : Maria Luisa Ortiz
Encerramento - Banda Municipal de Formosa-GO.
12h30
Passeio a Itiquira
Confraternização – almoço 16h
Encerramento na UEG - café
17h
Retorno à Brasília
12
22 de outubro – Comunicações Individuais
14h – 15h
Sessão 1 (Discurso sociológico)
Local 105 C
A Operação Condor.
Lugar de fala e enquadramento na narrativa jornalística da História.
Maria Jandyra Cavalcanti Cunha, UnB
As relações raciais no Brasil no discurso do jornal O Globo
Rachel Pereira de Mello, UnB
contemporânea
Discursos cruzados: negritude e miscigenação na América
Zélia M. Bora
14h – 15h
Sessão 2 (Letramento)
Local 106 C
LosorganizadoresGráficosInteractivos,unrecursodidáctico
para estimular la comprensión lectora.
Alma Hermansen Leiva, Nelly Olguín Vilches, UMCE
Oficina:LetramentoeOrtografia
Idalena Oliveira Chaves, CUBH
A formação de leitores na escola: o enfoque da leitura literária no projeto político-pedagógico
Maria Marismene Gonzaga, MEC
14h – 15h
Sessão 3 (Análise do discurso)
Local 107 C
O discurso argumentativo no gênero “carta de solicitação”
Auriane Mesquita, UnB
Histórias em quadrinhos adultos são obras de arte?
Anne Caroline Quiangala, UnB
O discurso das avaliações de larga escala e os sujeitos das
políticas de acesso á educação superior
Mara Lúcia Castilho, UnB
13
22 de outubro – Comunicações individuais
14h – 15h
Sessão 4 (Sociologia) Local 108 C
Necessidades humanas e sua negação Carlos Alberto Ferreira Lima, UnB
A condição de estrangeiro: a identidade latino-americana na
Europa Lucie Josephe de Lannoy, UnB
Impasses da teoria literária: a questão das minorias
Fabiana Carneiro da Silva, USP
14h – 15h
Sessão 5 (Ciências Humanas) Local 205 C
Tipologia de celebridades: em busca do conceito, desde o
século XV aos dias atuais Ana Lúcia Medeiros, UnB
Por uma ampliação dos grupos linguísticos transplantados
para o Brasil com o tráfico negreiro Cristiane Benjamim Santos, UnB
14h – 15h
Sessão 6 (Ciências Humanas) Local 206 C
Identidade, populismo e batllismo no Uruguai da época da
comemoração do primeiro centenário da independência, 1910-1930 Gerson Galo Ledezma Meneses, UFCE
Sobre sobrados, mucambos, raízes e rotas: inventando o futuro com histórias
do passado Glauco Vaz Feijó, CAPES
14
22 de outubro – Comunicações individuais
14h – 15h
Sessão 7 (Literatura – Poesia) Local 105 E
A Poesia Pau-Brasil, de Oswald de Andrade e a Poesia PauBrasília de Nicolas Behr
Gabriel Rodrigues Borges, UnB
O erotismo na obra de Cora Coralina Iêda Vilas-Bôas,UnB
Poemas de Recordação e outros movimentos: uma leitura
da arte de poetar de Conceição Evaristo Margareth Villalba, UnB
14h – 15h
Sessão 8 (Literatura – Narrativa)
Local 59 H
Os Sertões e Cidade de Deus Carolina Correia dos Santos, USP
Quem é indiferente à palavra (en)cantada? Cleide de O. Lemos, Senado Federal
A natureza em O Recado do Morro de João Guimarães Rosa
Fábio Borges, UnB
15
22 de outubro – Comunicações individuais
14h – 15h
Sessão 9 (Literatura – Identidade feminina) Local 129 H
A amnésia no campo minado: O papel do esquecimento na
literatura brasileira de autoria feminina
Adelaide Calhman de Miranda, UnB
Novas dicções na literatura brasileira: Patativa do Assaré e
Carolina Maria de Jesus
Bruna Paiva de Lucena,UnB
A construção de identidades femininas através de representações no filme “Amores Possíveis” Débora Cabral Lima, Casa Thomas Jefferson
14h – 15h
Sessão 10 (Literatura) Local 130 H
Glauber Rocha pós-dramático? Marcus Mota,UnB
Condições de produção e condições de produtividade em O
Coronel e o Lobisomem Margarida Basílio e Davi O. do Nascimento, PUC-Rio
O tempo e o vento – uma leitura da memória
Maria Aracy Bonfim, UFMA
16
23 de outubro – Comunicações individuais
8h – 9h
Sessão 11 (Análise do discurso)
Local105 C
Identidades xerentes: política de representação no espaço
escolar
Elaine Caldeira, UnB
Identidade e língua nacional: a gramática de Andrés Bello no
Chile do século XIX Luizete Guimarães Barros, UFSC
8h – 9h
Sessão 12 (Educação)
Local 106 C
Leitura: fator de inclusão social de alunos com deficiência
visual Dinorá C. Cançado, Biblioteca Braille Dorina Nowill
La Imagen social de la femineidad y masculinidad en el
intercambio educativo entre las/los profesoras/es y las/los estudiantes de
enseñanza secundaria Chilena
Graciela Raquel Ezzatti San Martin, UMCE
A visão dos professores diante da educação inclusiva à luz
da Análise do Discurso Crítico Candice Aparecida Rodrigues Assunção, CEPADIC
8h – 9h
Sessão 13 (Ensino de Línguas) Local 107 C
A internet e o ensino de línguas: um caminho para a interculturalidade na construção identitária do estudante de letras?
Wellington Marinho de Lira, UFRPE/UAG
O efeito da língua materna na aquisição de línguas próximas Maria Carolina Calvo Capilla, UnB
17
23 de outubro – Comunicações individuais
8h – 9h
Sessão 14 (América Latina)
Local 108 C
A identidade latino-americana: redefinições no início do
século XXI Carlos Federico Domínguez Ávila, Uniceub
Unidad lingüística panhispánica en la diversidad cultural: la
perspectiva academicista Liliana Belmar Bizama, UMCE
Sobre o conceito de cultura na América Latina e o Caribe
como agência epistemológica
Ana Camila García, UnB
8h – 9h
Sessão 15 (Ciências Humanas) Local 205 C
Imaginario de un exilio político: La expulsión de la Compañía
de Jesús de los dominios españoles Guillermo Bravo, UMCE
comparada
Visões de América em 1835: Abreu e Lima e sua perspectiva
Luís Cláudio Rocha Henriques de Moura, UnB
Identidades latino-americanas: Uma proposta de curso de
história Luis Fernando Prado, UEG
8h – 9h
Sessão 16 (Literatura – Poesia) Local 206 C
Los rumbos de la nueva geopoética desde Caribe Maria Angela Cappucci, UnB
Ìtaca: ponto de chegada ou de partida?
Rita de Cassi, UnB
Ritmos literários: a música no silêncio do poema Robson Coelho Tinoco, UnB e Marília de Alexandria,UEG
18
23 de outubro – Comunicações individuais
8h – 9h
Páramo
Sessão 17 (Literatura – Narrativa)
Local105 E
Un pájaro burlón: trabajo, poesía y venganza en Pedro
Hermenegildo Bastos, UnB
A Identidade de Gênero Gótica em A Sauna de Lygia Fagundes Telles
Lorena Sales dos Santos, UnB
Fronteiras e pertencimento: a idéia de nação em O tempo e
o vento, A ferro e fogo e Os senhores dos séculos Lúcia Helena Marques Ribeiro, UnB
8h – 9h
Sessão 18 (Literatura -Identidade Feminina) Local 129 H
Confissões femininas na literatura: discurso solitário? Um
olhar sobre Vaca Sagrada de Diamela Eltit e o monólogo de Molly Bloom de
James Joyce Juliana de Jesus Amorim Pádua, UnB
Dulcinéia del Toboso: Decantada pelo poder da violência simbólica
Karla Calasans de Mello,UnB
Mary Wollstonecraft e Nísia Floresta: diálogos feministas Raquel Martins Borges Carvalho Araújo, UnB
19
14h – 15h
Sessão 19 (Análise do discurso) Local 105 C
Leitura, necessidade: literatura, prazer
Rosa Amélia P. Silva, UnB
Contadores de esótrias Diadorim
Salvina Maria de Jesus, UnB
Do concreto ao abstrato: a literatura de Brasília chega à
escola?
Bernadete Carvalho, UnB
Do outro mundo: fragmentos, rastros e construção
Arlinda Alves de Sousa, SEEDF
14h – 15h
Sessão 20 (Educação)
Local 106 C
El rol de la educación en la construcción y afianzamiento de
la identidad latinoamericana Luis Rubilar Solis, UMCE
14h – 15h
UFAM: 100 anos de entraves e avanços Eduardo Cardoso Martins, UnB
Sessão 21 (Lingüística)
Local 107 C
La complejidad semántica de construcciones gramaticales Enrique Huelva Unternbäumen, UnB
Em direção a uma explicação sobre a alternância passiva
com verbos transitivos indiretos José Ricardo P. dos Santos e Rozana R. Naves, UnB
O subfalar baiano: uma análise das isoglossas em Goiás
Geruza de Souza Graebin, ESPAM
20
23 de outubro – Comunicações individuais
14h – 15h
Sessão 22 (Ciências Humanas)
Local 108 C
La Geografía en el aula escolar del siglo XXI Silvia Cortés Fuentealba, UMCE
Construção de um SIG com informações gerais de sítios
arqueológicos em Santa Catarina
Andreas Kneip, UFT
Identidades de fronteira: entre o local e o nacional Carlos Roberto da Rosa Rangel, UNIFRA
Carlos Roberto da Rosa Rangel, UNIFRA
14h – 15h
Sessão 23 (Literatura – Narrativa)
Local 206 C
Transtextualidades: ressonâncias e efeitos kafkianos em Por
trás dos vidros, de Modesto Carone Rita de Cássia Silva Dionísio, UnB
Representação da solidão na literatura: um estudo de O
Homem Duplicado Saramago -, e de Afirma Pereira – Tabucchi Sena Siqueira, UnB
Jean Racine e Paulo Coelho: dois contextos históricos
divergentes e uma mesma estratégia literária
Sidney Barbosa, UnB
21
23 de outubro – Comunicações individuais
14h – 15h
Sessão 24 (Literatura – Narrativa) Local 105 E
Distopia amazônica em À Margem da História de Euclides da
Cunha Paula Silva e Fábio Borges, UnB
Inferno verde: representação literária da Amazônia na obra
de Alberto Rangel Rafael Voigt Leandro, UnB
La literatura como acción política en la cultura griega clásica
Orlando J. Vidal L,UMCE
14h – 15h
Sessão 25 (Literatura – Identidade feminina)
Local 129 H
Tessituras de marcas de identidade: uma leitura de As Mulheres de Tijucopapo Alexsandra Maria Ferreira da Silva, SEEDF
Ponciá Vicêncio – a dolorosa busca pela identidade Marly Jean de Araújo Pereira Vieira, SEEDF
Feminino negro em Leite do Peito, de Geni Guimarães Omar da Silva Lima, IESCO
14h – 15h
Sessão 26 (Literatura) Local 130 H
Peronismo, nacionalismo e política cultural na província de
Entre Ríos, Argentina: as revistas Tellus e Substancia (1948-1952)
Paulo Renato da Silva, UFT
¡
No incomoden a mis gauchos! Conflito social e guerra de
independência em Salta (1814-1821) Priscila Pereira, UNICAMP
Donjuanismo na Pós-modernidade
Maria Veralice Barroso e Wilton Barroso Filho, UnB
22
23 de outubro – Comunicações individuais
14h – 15h
Sessão 27 (Análise do discurso) Local 206 C
Vozes de mulheres profissionais do sexo sobre a legalização
do aborto no seu trabalho: discurso e gênero Sandro Xavier, UnB
Redes sociales y noticias en la web. Discursos en el aula de
lenguaje Teresa Ayala Pérez, UMCE
O papel da Mídia na construção social do escândalo político
Luiza Hiroko Yamada
23
LISTA DE RESUMOS XII CONGRESSO INTERNACIONAL DE HUMANIDADES - UNB
COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS
A amnésia no campo minado:
O papel do esquecimento na literatura brasileira de autoria feminina
Adelaide Calhman de Miranda
UnB
Esse trabalho analisa a falha da memória na literatura brasileira contemporânea
de autoria feminina nos romances Rakushisha, de Adriana Lisboa, Coisas que
os homens não entendem, de Elvira Vigna e A matemática da formiga, de Daniela Versiani. O esquecimento das protagonistas muitas vezes é um estímulo
para o resgate da lembrança e para a reconstrução da história. Essas imagens
sugerem um movimento transgressor de revisão do cânone e de desconstrução
de seus valores considerados universais. Uma das dificuldades enfrentadas
pelas escritoras brasileiras ainda hoje se deve à ausência de uma tradição literária de obras de autoria feminina. Outra diz respeito a um campo literário que
desvaloriza a literatura escrita por mulheres, designado por Annette Kolodny
como o “campo minado”. No Brasil, a subordinação das mulheres faz parte
de um projeto de nação que contou com o apagamento de todos os tipos de
opressão, segundo Rita Terezinha Schmidt. Cabe indagar se as obras das escritoras se apropriam dessas ausências históricas para subverter as noções de
história e de sujeito encontradas nas narrativas oficiais. Assim, o esquecimento
sintomático das protagonistas ultrapassaria as dimensões individuais e possibilitaria uma reconfiguração das relações de poder e de suas representações.
Tessituras de marcas de identidade: uma leitura de As Mulheres de Tijucopapo
Alexsandra Maria Ferreira da Silva
SEEDF
O objetivo desta comunicação é apresentar uma análise da multiplicidade do
sujeito feminino no romance As mulheres de Tijucopapo, de Marilene Felinto. Tal
análise verificará que o ser mulher mostra-se em diversas dimensões, tal como um
mosaico: como negra, pobre, empregada doméstica, mãe, esposa, filha, amiga,
revelando arcaicas e novas formas de dizer/fazer/ saber femininos. Neste sentido,
as referências identitárias aludem não apenas a aspectos fenótipos e ao lugar ocupado na estrutura de classes, mas também a um complexo conjunto de elementos
relacionados aos modos de vida e a valores, crenças e práticas sócio-culturais.
24
Los Organizadores Gráficos Interactivos,
un recurso didáctico para estimular la comprensión lectora
Alma Hermansen Leiva
Nelly Olguín Vilches
UMCE
En la actualidad las TICs constituyen un recurso fundamental en el proceso de
enseñanza y aprendizaje, pues aportan estrategias para orientar el proceso de
enseñanza.
Entre estos medios tecnológicos, seleccionamos los Organizadores Gráficos Interactivos ( OGIs) como herramienta metodológica , para estimular el proceso
de comprensión lectora en alumnos de Enseñanza Media. Además, los OGIs
constituyen un medio para facilitar el aprendizaje lector significativo y eficaz,
proyectándose al proceso en su totalidad: antes, durante y después de la lectura.
El uso de los OGIs se orienta a vincular los contenidos disciplinarios con las
estructuras cognitivas del alumno. Permite, por otra parte, que el lector desarrolle el proceso de aprendizaje a su propio ritmo. De esta manera, todo lo
anterior posibilita la autonomía del alumno, actuando con iniciativa, creatividad,
capacidad de tomar decisiones, con espíritu crítico y autocrítico.
Palabras clave: Tecnologías de la información y comunicación, estructuras cognitivas.
Sobre o conceito de cultura na América Latina
e o Caribe como agência epistemológica
Ana Camila García
UnB
No texto estabeleço um dialogo com várias posturas atuais sobre o conceito
de cultura, incluindo as perspectivas coloniais e pós-coloniais, no contexto da
construção da América Latina como identidade nascente. Baseada nisso, proponho levar em conta ao Caribe como agência destas reflexões na região,
sendo possível e pertinente considerar algumas produções epistemológicas caribenhas como fios que tecem a América Latina toda como um espaço social.
Alguns dos autores que referencio são: Terry Eagleton, Wilson Harris, Fernando
Ortiz, Edouard Glissant, Serge Gruzinsky, Canclini e Boaventura de Sousa Santos.
.
25
Tipologia de celebridades: em busca do conceito, desde o século XV aos
dias atuais
Ana Lúcia Medeiros
UnB
A questão central deste artigo objetiva situar historicamente o conceito de celebridade, como fenômeno midiático, assim como os diversos usos do termo.
Para pensar o conceito a autora elabora uma tipologia de celebridades, desde o
Século XV, quando já se usava o termo, ao dias atuais.
Em 1616, dos 25 ´livros noticiosos` publicados na Inglaterra, quase 30% eram
dedicados a celebridades, como a rainha Isabel. Nos anos 1950, Andy Wahrol
populariza em latas de sopa Campbell mitos do cinema. Na contemporaneidade,
o termo celebridade está associado ao glamour, à visibilidade midiática. São
heróis modernos. Produtos culturais. No campo jurídico, as relações que envolvem a celebridade e o público ultrapassam a esfera do mercado de consumo.
A televisão, veículo de comunicação mais importante para a proliferação das
celebridades, tem o importante suporte de outros meios, especialmente a internet e revistas.
Palavras-chave: celebridades, mídia, glamour, consumo, conceito
Construção de um SIG com informações gerais de sítios arqueológicos em
Santa Catarina
Andreas Kneip
UFT
O território brasileiro contém um grande número de sítios pré-históricos, que
datam do final do Pleistoceno até a chegada dos europeus, no século XV. Os sítios, em sua grande maioria, são de baixa visibilidade. Sua localização depende,
principalmente, de informações fornecidas por moradores ou de levantamentos
realizados por profissionais quando da execução de grandes obras de infra-estrutura. Em geral, o conhecimento do passado pelas populações locais é muito
pequeno, o que mostra a necessidade de ações que objetivem a educação patrimonial. Sistemas que registram e buscam proteger evidências arqueológicas,
chamados freqüentemente de Gerenciadores de Recursos Culturais, têm adquirido importância crescente nas últimas décadas, em todo mundo. Com o objetivo de auxiliar na divulgação e preservação dos sítios arqueológicos, está sendo
desenvolvido um Sistema de Informações Geográficas (SIG) para o estado de
Santa Catarina, Brasil. Os dados são coletados nos registros de trabalhos realizados por pesquisadores e em recentes trabalhos de levantamento e salvamento
arqueológicos. O resultado será apresentado na forma de um mapa. O objetivo
deste trabalho é mostrar o processo de construção deste mapa, desde a fase de
coleta de informações, sua sistematização, até a incorporação dos dados ao SIG.
26
Historias em quadrinhos adultos são obras de arte?
Anne Caroline Quiangala
UnB
Utilizando um aporte teórico filosófico, o artigo Histórias em quadrinhos adultos são
obras de arte? discute a real contribuição dessa mídia – História em Quadrinhos –
para a arte contemporânea. Ao partir do questionamento que intitula o texto conceitua-se o que vem a ser o objeto em questão – mídia híbrida de texto e imagens – e
descreve de forma breve a história dessa manifestação desde a pré-história até a
contemporaneidade.
Em seguida, há o diálogo entre a conceituação de HQ, Arte, Criatividade, Cultura e
Cultura de Massa e aproximação por meio de exemplos, ilustrações e as respectivas
refutações. Por meio de um raciocínio linear, analogamente, os conceitos se tornam
vigas que serão preenchidas pelas proposições argumentativas que objetivam responder o questionamento da melhor forma, sem poupar a dúvida da própria conceituação, sua possível falha. Questiona-se a diferença e validade do que é artístico
do que não o é e transporta-se para a mídia híbrida com o cuidado de adaptar para
essa estrutura tão diferente.
Por fim, conclui-se pela proposta dos conceitos, aproximação e argumentação que
Histórias em Quadrinho são sim Obra de Arte e que proporcionam benesses que
convergem às outras mídias, portanto, contribuem para a arte contemporânea.
A didática do ensino de expressão escrita numa língua estrangeira
Ángel Agustín Bascuñán Valenzuela
UMCE
Este trabalho tem como finalidade mostrar os enfoques didáticos para o ensino da
expressão escrita e indicar as dificuldades que apresenta a aplicação de esta modalidade no ensino do alemão como língua estrangeira na universidade no Chile. Para
demonstrar as diversas dificuldades que existem em aprender e ensinar um idioma
estrangeiro, vou expor quatro enfoques importantes, que têm que ver com a gramática, as funções, o processo e o conteúdo de um idioma, tendo como base o idioma
materno. Estes aspectos serão explicados detalhadamente para ter uma idéia global
destas categorias. Também mostrarei como atua um professor ou uma professora de
idioma estrangeiro na aula e como deveria atuar um aluno ideal para adquirir estas
destrezas. Meu trabalho se baseia fundamentalmente na aplicação do enfoque que
destaca o processo. Escolhi esta forma de trabalho, devido aos problemas que apresentam os escolares e também muitos estudantes universitários na hora de redatar
um ensaio acadêmico na sua língua materna; neste caso em espanhol. Sendo este
um problema detectado na aprendizagem da língua materna, é necessário adotar
novas metodologias aplicáveis ao ensino do alemão como idioma estrangeiro, para
que os estudantes logrem as habilidades necessárias na hora de redatar um ensaio
acadêmico e que cumpra com os níveis internacionais requeridos para a aprovação
de este tipo de testes.
27
Holy Avenger: uma historia em quadrinhos à brasileira
Antonio do Rego Barros Neto
UnB
O chamado Trio Tormenta (Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e J. M. Trevisan)
elaborou uma HQ, desenhada por Erica Awano, servindo-se da base gerada
pelo mundo de Tormenta, utilizado um sistema de Role Play Game criado pelo
grupo. As historias em quadrinhos declaradamente filiam-se ao genero mangá.
No entanto, nota-se diversas características tanto do comics americano quanto
do que pode vir a ser caracterizado como um estilo brasileiro.
Do outro mundo: fragmentos, rastros e construção
Arlinda Alves de Sousa
SEEDF
O objetivo desse trabalho é mostrar como o passado real influencia e determina
ações da vida ficcional na obra Do outro mundo de Ana Maria Machado. As ruínas do passado dão pistas de como deve ser o presente. O desenrolar da trama
demonstra como as heranças culturais são apreendidas e internalizadas esteticamente na obra literária. As artes se complementam e se condensam na obra
literária. Nesse espaço ficcional, as diferenças constroem um universo divertido
e promissor. O leitor se envolve em uma linguagem poética e com contagiante
movimentação, o narrador-personagem dita regras que o encaminham ao suspense. Ele convoca o leitor a participar, à medida que questiona as dificuldades
de escrever.
O discurso argumentativo no gênero “carta de solicitação”
Auriane Mesquita
UnB
Esta comunicação, desenvolvida a partir dos postulados de Bakhtin (1997), Marcuschi (2004), Koch (2001), Dolz e Schneuwly (2004), Bortone (2008) e Ducrot
(1983), tem por objetivo comprovar a hipótese de que o trabalho com vários gêneros quais sejam: história em quadrinhos, canção e debate oral, que priorizam o
discurso argumentativo, em sala de aula aguça o potencial do aluno à produção
de textos e discursos orais e escritos argumentativos. Essa hipótese justifica-se
pelo fato de que durante dois anos, analisando, mesmo que despreocupadamente, um gênero específico do Sistema Colégio Militar de Brasília o “pedido
de revisão”, percebi que esse gênero não estava sendo corretamente utilizado
pelos alunos e, também, devido à falta de pré-requisitos de alguns alunos em
produzir textos escritos, além das dificuldades apresentadas durante os debates
orais argumentativos em sala de aula, conforme relato de alguns professores do
Colégio.
28
Para tanto procurei demonstrar a imprescindibilidade do ensino sistematizado do
tipo argumentativo, uma vez que esse tipo é inerente à discursividade, tal qual
o são o tipo narrativo e o tipo descritivo. Ao optar por trabalhar com o gênero
“carta de solicitação”, pretendi realizar uma experiência com um gênero textual
mais formal, assim como é aquele conhecido dos alunos o “pedido de revisão”.
Durante a experiência realizada, procurei construir com os alunos todo um contexto, em dimensão bastante real, a fim de que o texto pudesse fazer realmente
sentido para os seus produtores. Nesse sentido, elegi o tema “guarda compartilhada”, que é uma lei que estava sendo sancionada pelo Presidente da República, na semana que estava sendo realizada a carta pelos alunos. Baseada
nos postulados de Bortone (2208) e dos PCN’s (1998) despertei no educando,
por meio da feitura dessa carta, uma atitude crítica diante da realidade em que
ele se encontra inserido, preparando-o para “ler o mundo”. Conforme se previa,
as seqüências do discurso argumentativo realizaram-se com predominância no
gênero proposto, revelando que a realização do gênero “pedido de revisão” poderá ser mais sistematizado pelos alunos se a sua realização for bem identificada.
Do concreto ao abstrato: a literatura de Brasília chega à escola?
Bernadete Carvalho
UnB/LER
Dada a quantidade de autores e obras que circulam na cena cultural da cidade
a existência de uma ampla produção literária na capital federal é fato comprovado,. Entretanto, essa literatura fica confinada a um círculo restrito àqueles
inseridos no processo de sua produção, pouco chegando ao cidadão comum,
apesar de já haver dispositivo legal (Art. 235 da Lei Orgânica do Distrito Federal)
que coloque sua circulação nas escolas como obrigatória, numa tentativa de
favorecer a formação cultural dos alunos, além de contribuir para a afirmação da
identidade da literatura local. A presente comunicação tem por objetivo analisar,
por meio da leitura de questionários aplicados a professores da Secretaria de
Educação do Distrito Federal e entrevistas com autores reconhecidos da cidade,
se e em que medida os alunos da rede oficial podem ser inseridos no círculo de
recepção da literatura brasiliense.
29
Novas dicções na literatura brasileira: Patativa do Assaré e Carolina Maria
de Jesus
Bruna Paiva de Lucena
UnB
A partir das obras Inspiração Nordestina (1956), de Patativa do Assaré, e
Quarto de Despejo (1960), de Carolina Maria de Jesus, buscar-se-á investigar os mecanismos de legitimação e deslegitimação que são empregados
no jogo de quem pode e quem não pode falar no campo literário brasileiro, a
partir das perspectivas adotadas por intelectuais na apresentação de obras
marginais ao sistema literário hegemônico. O texto procura, nesse sentido,
levantar uma agenda crítica inicial em relação ao caráter e à natureza de literaturas que são denominadas como popular, ou com caráter de testemunho, em virtude da origem e/ou da condição social de seus autores, e os desafios que estes autores encontram em sua insurgência no campo literário.
Morfologia e Construção de sentidos nas Fábulas Tocantinenses
Cácio José Ferreira
SEEDF
As inúmeras fábulas que a terra tocantinense recria e “cria” podem revelar
a vontade de conquista ou liberação de um pensamento sufocado pela falta
de oportunidade, ou ainda, a expressão vitoriosa dentro da lenda para distanciar-se do sofrimento ou do desejo alcançado, do amor que enfrenta desafios, medo do desconhecido. O desejo de perpetuar os valores locais antecede a conquista dos mesmos. O impulso sobrepõe mesmo se confrontando
com a intenção moralista. As virtudes das personagens boas e o castigo
das malévolas são igualmente simples e absolutos. Nessas fábulas contadas pelos moradores do sudeste do Tocantins verificam-se diferenças e construção de sentidos do local em relação ao padrão universal. Tal afirmação é
possível por meio da morfologia (Propp) e análise das histórias contadas.
30
A visão dos professores diante da Educação Inclusiva à luz da Análise do
Discurso Crítica
Candice Aparecida Rodrigues Assunção
CEPADIC
O presente trabalho visa analisar o discurso dos professores da rede pública
brasileira, diante da proposta da Educação Inclusiva e das normas legais que
fundamentam essa nova prática.
Essa análise será feita com base na teoria da Análise de discurso Crítica (Fairclough, 2001; 2003). A metodologia será qualitativa, utilizando-se como coleta
de dados a entrevista semi-estruturada com grupo de respondentes. Esse modo
de entrevista, segundo Bauer e Gaskell (2005), é aquela que se distingue de um
modo mais estruturado, com perguntas rígidas e pouco espaço para o improviso,
ou daquele modo etnográfico em que só há conversação continuada com o intuito de anotar a cultura de um grupo determinado. Por meio de tais ferramentas
de pesquisa pretendemos verificar a aplicabilidade dos preceitos legais basilares
da Educação Inclusiva, bem como a posição dos professores da rede pública, a
respeito da execução dessa abordagem educacional.
Pretende-se revelar a ideologia, conforme Thompson (1995), contida nos textos legais e na interpretação de tais normas, segundo a ótica dos educadores
brasileiros.Os textos da Legislação Brasileira frequentemente empregam termos
que trazem a idéia de incapacidade, interpretação que é reiterada no discurso
dos professores. Porém, compreendemos que o indivíduo com deficiência é
plenamente capaz de ocupar um lugar na sociedade, desde que sejam oferecidos os recursos necessários.
Fundamentado nos pressupostos da Inclusão Educacional e por termos a consciência que a educação é o principal meio de incluir qualquer indivíduo no seio
de uma sociedade, tendo em vista que a perspectiva da educação inclusiva tem
por objetivo a garantia do acesso e permanência na escola de ensino regular,
com os demais alunos, fazendo valer o direito básico de cidadania plena.
Necessidades humanas e sua negação
Carlos Alberto Ferreira Lima
UnB
O trabalho Necessidades humanas e sua negação é composto de quatro partes.
Na introdução discutimos, en passant, diferenças relativas ao trabalho entre sociedades pré-capitalistas e capitalistas. O tópico posterior põe a questão do Estado como parte integrante e necessária para a consecução da sociabilidade humana. Ao mesmo tempo salientamos a contribuição do Estado para a negação
da emancipação humana sob o domínio do capital. Em seguida discutimos a
produção de mercadorias não como necessidade humana mas, sim, como necessidade do capital. Finalmente, analisa-se a produção de não-mercadorias
como negação maior das necessidades humanas.
31
A identidade latino-americana: redefinições no inicio do século XXI
Carlos Federico Domínguez Avila
Uniceub
A comunicação explora as continuidades e as mudanças da noção de identidade latino-americana no inicio do século XXI. Inicialmente se pondera sobre o
próprio termo de identidade e suas aplicações no campo das ciências humanas,
com destaque para os enfoques essencialistas, construtivistas e histórico-estruturalistas – sendo que este último é particularmente relevante no trabalho.
Seguidamente se identificam algumas tendências fundamentais na redefinição
da noção de identidade latino-americana (inclusive com as respectivas críticas).
O caso brasileiro, no contexto latino-americano, é de particular relevância para
o trabalho ao verificar a tensa coexistência de identidades superpostas – isto é,
latino-americana, sul-americana, amazônica, atlântica, pan-americana, ocidental, lusófona, e ibero-americana.
Identidades de fronteira: entre o local e o nacional
Carlos Roberto da Rosa Rangel
UNIFRA
A região de fronteira Brasil-Uruguai caracteriza-se pela linha seca que separa
os dois países, pela intensa interdependência econômica e social, em função da
criação do gado, do comércio varejista e, também, pelos casamentos e vínculos
familiares entre seus habitantes. Essa relação complementar frequentemente
é afetada por mudanças nas regras aduaneiras e fiscais, pelas alterações do
câmbio e do mercado internacional da carne. Historicamente, os fronteiriços
caracterizaram-se pelo constante esforço de adequar uma identidade local com
as identidades nacionais, especialmente em períodos de intenso nacionalismo
como foram os anos 1930. Essa adequação ao longo do tempo passou pela progressiva diminuição da autonomia local, pelo combate sistemático ao contrabando, pela subordinação do regionalismo do Norte uruguaio e do sul-rio-grandense
às políticas centralizadoras dos Estados Nacionais, pela regulamentação mais
severa da dupla-cidadania no Uruguai, pela criação e apoio governamental às
cidades uruguaias geminadas às cidades brasileiras, junto à linha seca, visando
o equilíbrio geopolítico e, também, por uma sistemática campanha educacional
para combater o dialeto português-espanhol da fronteira (o portunhol) por parte
das autoridades uruguaias.
32
Os Sertões e Cidade de Deus
Carolina Correia dos Santos
USP
No prefácio para a segunda edição de Os Sertões, Euclides da Cunha afirma
que os sertanejos são tipos fadados, devido ao destino inexorável do Brasil,
a desaparecer. Eles seriam engolidos pela história, pela evolução da nação,
participativa de uma evolução mais geral e universal. Apesar da contundência
da afirmação, Os Sertões terminam por denotar o pessimismo do autor nessa
evolução, sua possível descrença nos caminhos do processo modernizador
brasileiro. Cerca de cem anos depois, analisando o início de um tempo que a
professora caracteriza de “mundo do indistinto”, Maria Célia Paoli afirma que os
anos noventa mostraram “que a integração política e social dos habitantes da
cidade enveredava por caminhos ‘cada vez mais distantes dos padrões universais de civilidade e cidadania’”, mas que, como talvez em Euclides, “ainda se
apostava ‘naqueles que sempre ocuparam o lugar do arcaico, do incompleto e
da falta’ e haviam se redefinido na possibilidade de ‘serem sujeitos da continuidade das promessas e dos projetos de modernidade como inclusão política’”.
Postas as coincidências dos “espíritos” em tempos tão distantes, este trabalho
visa comparar Os Sertões e Cidade de Deus, tendo em mente a discussão, inerente à comparação, do processo modernizador brasileiro.
Quem é indiferente à palavra (en)cantada?
Cleide de Oliveira Lemos
Senado Federal
Adriana Calcanhoto lembra, em seu livro Saga Lusa, que o cancioneiro brasileiro oferece uma música para cada sentimento humano e para toda situação
possível nesta vida. Como índice privilegiado de nossos conceitos e preconceitos, a canção tem importância política inegável no processo de construção
de uma identidade nacional, especialmente quando se considera a oralidade
como origem e força de nossa cultura. É raro, entretanto, o interesse acadêmico
pelo fenômeno, que apresenta a palavra sob uma roupagem particularmente
apropriada ao contexto cultural contemporâneo, marcado pela multiplicidade dos
apelos e pela hibridação das formas. Na contramão da postura alienada de desprezo à canção, preponderante na universidade, busca-se – com o presente
texto – ressaltar a relevância ética e estética desse estudo, enriquecido (mas
não esgotado) pelo olhar de uma crítica literária que se informa na compreensão
ampliada de escritura e leitura para ver intérpretes culturais competentes em vez
de analfabetos e de leitores “despreparados”.
33
Por uma ampliação dos grupos linguísticos transplantados para o brasil
com o tráfico negreiro
Cristiane Benjamim Santos
UnB
A literatura atesta, no que concerne às línguas negro-africanas transplantadas
para o Brasil com o tráfico de escravos, a presença de grupos provenientes da
região do que se tornou a Nigéria atual – Castro (2001, 2006), Fonseca Junior
(2004), Bonvini (2008). Entretanto, há pouca investigação na especificação dos
grupos étnicos e respectivas línguas que compõem esses grupos. Este trabalho,
a partir de Santos (2006; 2007) e pesquisas de campo realizadas na Nigéria
iniciados em 2006, enfoca o grupo linguístico denominado ibom (Udoh, 2003),
composto por 19 variantes faladas por grupos étnicos situados no sudeste da
Nigéria. Temos como objetivos: (i) descrever o grupo linguístico ibom; (ii) apresentar o que a literatura aponta em relação ao envolvimento desse grupo no
tráfico negreiro para o Brasil; (iii) apresentar a contribuição do grupo ibom em
Cuba, Suriname e Trinidad e Tobago; (iii) sugerir a inclusão das variantes do
grupo ibom, além da língua ibibio, como pertencente às línguas do grupo CrossRiver (Bonvini, 2008:30) que foram transplantadas para o Brasil. Com isso,
almeja-se contribuir não só com pesquisas etnolinguísticas sobre grupos africanos transplantados para o Brasil, mas também com investigações que subsidiem
o que determina o § 1° do artigo 26 A da LDB: o estudo do negro na formação
da sociedade nacional.
Poesía femenina mapuche: nombres, temas y particularidades de su decir
Cynthia González Kukulis
UMCE
El presente trabajo tiene como objetivo conocer los temas y particularidades del
registro poético femenino. La mujer como hacedora y conectora de mundos y de
temporalidades –el ayer, el presente y el futuro-; como unión entre el cielo y la
tierra, como tránsito sensorial y fecundidad; matriz de su raza y protección de su
pueblo. La mujer en la cultura mapuche tiene una importancia nuclear, es puerta
a la naturaleza y vínculo con la magia. Ingresar a su saber es lo que invitamos a
realizar a través de su creación poemática.
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A construção de identidades femininas através de representações no filme
Amores Possíveis
Débora Cabral Lima
Casa Thomas Jefferson
As representações em filmes orientam, justificam e naturalizam as condutas sociais e por isso, elas contribuem na definição de identidades pessoais e sociais.
(Jodelet, 2001). Para analisar as identidades retratadas nas representações das
mulheres no filme “Amores Possíveis” utilizo também os estudos de Stuart Hall
(2000,2006) nas minhas reflexões.
Acredito que a identidade é construída através de discursos. Hall (2006) fala da
necessidade que algumas áreas sociais têm tido de desconstruir as perspectivas
identitárias. A forma de se ler o mundo mudou a partir de mudanças do pensamento no século XX com Althusser, Freud e Lacan, Saussure, Foucault e o feminismo (Hall, 2006). Como a idéia do processo identitário hoje é uma constante
construção e reconstrução, a completude do mesmo é ilusória.
Produções cinematográficas têm hoje um papel importante na construção dessas identidades daí a importância de colocar-se em pauta a construção das
identidades femininas em filmes. Utilizarei no decorrer da pesquisa alguns trabalhos de Foucault para falar de poder uma vez que a construção de identidades
femininas frágeis e submissas relaciona-se à manutenção de uma relação de
poder assimétrica.
Leitura: fator de inclusão social de alunos com deficiência visual
Dinorá Couto Cançado
Biblioteca Braille Dorina Nowill
Este trabalho dá a resposta ao problema que moveu o estudo: os indivíduos com
necessidades especiais de visão, quando vivenciam a experiência da leitura,
vivenciam também a inclusão social? O objetivo geral foi o de analisar o desenvolvimento da leitura dos deficientes visuais, incluídos no ensino médio. Deste
público-alvo, muitos cursam escolas do DF, com educação inclusiva. Foram utilizados questionários, observações, conversas e histórias de vida. Os resultados
revelam que diferentes leituras, hábitos de freqüência a bibliotecas, estratégias
variadas, preferências de leituras, uso de linguagens artísticas fazem parte da
vida dos deficientes visuais. Pelos depoimentos de 46 pesquisados e histórias
de vida, conclui-se, pela amostragem, que a leitura é um fator de inclusão social
de alunos com deficiência visual.
35
UFAM: 100 anos de entraves e avanços
Eduardo Cardoso Martins
UnB
Este trabalho tem por objetivo analisar práticas sociais da Universidade Federal
do Amazonas, especialmente verificando seus dados no Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI – e relacionando-os à Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB – Assim, buscamos demonstrar entraves e avanços da Instituição
no seu centenário. O texto pretende expor as grandes transformações ocorridas
na última década frente às dificuldades e desafios amazônicos. Comentaremos
como as mudanças nos índices do meio acadêmico também beneficiam o meio
social. A seguir, refletiremos sobre três incoerências entre o discurso e a prática
no tocante ao cumprimento da sua missão. Para justificar tais afirmações, evocamos pesquisas e reportagens da mídia local sobre os temas turismo, povos
indígenas e currículo universitário e, assim, verificaremos o papel da UFAM no
desenvolvimento sustentável de toda a região amazônica.
Identidades xerentes: política de representação no espaço escolar
Elaine Caldeira
UnB
Com base nos pressupostos teórico-metodológicos da Análise de Discurso
Crítica (ADC) (Chouliaraki & Fairclough, 1999; Fairclough, 2001; 2003; Van Dijk
(1997, 1999)), e dos Estudos Culturais (Hall (2005), Giddens (2002), Castells
(2001), Silva (2000), Bauman (2001,2003), Bhabha (1990), entre outros; proponho neste trabalho, refletir sobre a construção de identidades xerentes em um
ambiente escolar, partindo da idéia de que identidade e diferença são, em parte,
atos de criação linguística. De acordo Hall (2003), estamos exposto à uma política identitária, ou melhor, de identificação, da qual lançamos mão numa tentativa
constante de suprimento de uma falta de inteireza que é “preenchida” a partir de
nosso exterior pela forma através da qual imaginamos ser visto pelos outros e/
ou pela forma através da qual representamos os outros. Mas essa tentativa de
fechamento de uma “Identidade” é constantemente assombrada pela diferença,
existem sempre significados suplementares sobre os quais não temos qualquer
controle, que surgirão e subverterão nossas tentativas para criar mundos fixos
e estáveis (DERRIDA, 1981). Assim as relações entre “identidade e política de
representação” têm sido discutidas amplamente nos últimos tempos. Por meio
da análise de relações dialéticas entre discurso e outros momentos que compõem (redes de) práticas sociais, objetiva-se, por um lado, desvelar relações
que constituem práticas sociais e, por outro, analisar os processos de identificação e estratégias discursivas que sustentam a construção de determinadas
“identidades” marginalizadas presentes em textos de alunos índios e não-índios.
36
A construção identitária no Letramento de adultos na empresa:
uma forma de alienação ou uma questão de sobrevivência?
Elda Alves Oliveira Ivo
UnB
O letramento apresenta-se como o tema da pesquisa proposta, ao considerar a
construção da identidade social vista como um processo constante e dependente da realização discursiva. Baseado na produção textual, dos alunos dos
cursos de alfabetização de jovens e adultos na empresa, são investigados os
significados, a identidade construída por eles e os aspectos ideológicos desvelados no texto. A pesquisa analisa as práticas de letramento no discurso, no
intuito de revelar as marcas de alienação presentes na produção textual, para
verificar se constituem uma forma de legitimar a alienação ou se representam
uma questão de sobrevivência dos alunos/funcionários. Os pressupostos teóricos utilizados são Street (1995, 2001), Heath (1983), Vieira (2002, 2003), Fairclough (1992a, 1992b, 2001, 2003, 2006), Woodward (1997), Hall (2005), Giddens (2002) e Thompson (2002). A metodologia é qualitativa e baseia-se na
abordagem da pesquisa qualitativa em Flick (2004) e Bauer & Gaskell (2003).
A pesquisa desvela a associação entre o discurso real e a prática social na
empresa, e contribuirá com uma nova e mais ampla perspectiva de repensar o
letramento de jovens e adultos.
.
La complejidad semántica de construcciones gramaticales.
Enrique Huelva Unternbäumen
UnB
El presente trabajo se ocupa de la semántica de construcciones ditransitivas.
Su objetivo central reside en demostrar que la semántica de este tipo de construcciones está compuesta por elementos pertenecientes a diferentes dominios
conceptuales. Para analizar adecuadamente esta complejidad inherente a la
semántica de este tipo construcciones recurrimos al concepto de las matrices
de dominios, propuesto originalmente por Langacker. El análisis de diferentes
tipos de construcciones nos muestra que las matrices están formadas al mismo
tiempo por elementos de diversos tipos de dominios. Constatamos también que
puede ser identificada una jerarquía o diferencia de prominencia entre los dominios que integran la matriz, en el sentido de que algunos de ellos son necesarios para caracterizar la matriz de un tipo de construcción dado mientras que otros
no lo son. En correspondencia a esta observación, proponemos la existencia de
dominios básicos y de dominios secundarios en relación a su participación en la
configuración de la matriz de construcciones ditransitivas. Palabras clave: Construcciones ditransitivas; matriz de dominio; prominencia de
dominios.
37
Primeiras aproximações de crianças surdas
com paralisia cerebral com o mundo do letramento
Esmeralda Figueira Queiroz
PPGE-UnB
Resumo: Apresentamos com este trabalho um recorte da experiência desenvolvida com crianças surdas no Programa de Estimulação do Desenvolvimento
Global/ Educação Infantil no CAS-DF., sob os pressuposto de uma educação
bilíngue e algumas reflexões advindas desta prática. O objetivo deste trabalho
é analisar o impacto da inserção do texto escrito nas atividades discursivas no
atendimento à crianças surdas com paralisia cerebral e verificar sua importância
na compreensão de situações vivenciadas no seu cotidiano. Como método utilizou-se o registro sistemático das atividades discursivas a partir dos relatos escritos das mães sobre vivências que foram significativas para seus filhos. Foram
sujeitos desta experiência quatro crianças, com surdez leve e moderada, entre
seis e sete anos. Os atendimentos foram realizados duas vezes por semana,
com duração de quatro horas, durante o ano letivo de 2008. Dando continuidade
ao trabalho com os mesmos alunos no ano de 2009, conclui-se que as crianças
que têm a participação efetiva da família em eventos de letramento, apresentam maior interesse e melhor desempenho nas atividades de representações
sígnicas, as quais têm papel fundamental na ressignificação de suas próprias
experiências.
Palavras-chaves: surdez, paralisia cerebral, letramento, bilingüismo, família.
A palavra escrita na cultura histórica
Estevão de Rezende Martins
UnB
A cultura histórica depende fundamentalmente da ação humana e de sua
memória. Diz-se vagamente que cada geração deve escrever a história de novo,
pois ela a sente, vê, interpreta diferentemente de suas predecessoras. Parece
ser mais pertinente dizer, contudo, que nossa visão da realidade (passada) é
produto do que queremos e podemos ver, do que métodos e disposições intelectuais nos permitem ver e, afinal, do que os historiadores fazem com tudo isso e
conseguem estipular como “verdade”. A cultura histórica se entremeia, pois com
a cultura humanística e se exprime essencialmente pela palavra escrita.
38
Impasses da teoria literária: a questão das minorias
Fabiana Carneiro da Silva
USP
A partir da década de 70, no Brasil, ocorre o surgimento de vários grupos, os
quais, por meio da literatura, reivindicam espaço e potencialidade de ação, questionam as pretensões totalizadoras do discurso moderno e implicam a constituição de novas categorias literárias. Este trabalho refletirá sobre o modo como
parte da teoria literária debruça-se sobre esses fenômenos e os correlaciona
com determinados projetos políticos. Sendo assim, nos concentraremos no embate entre uma crítica comprometida com o materialismo dialético e outra com
a desconstrução, tendo como objeto alguns dos ensaios de Roberto Schwarz
e Silviano Santiago publicados em fins do século XX e início do século XXI.
Objetivamos compreender em que medida as denúncias da arbitrariedade da
constituição dos cânones, de sua estreita relação com o projeto de formação de
nação, de seus vínculos com a desigualdade e exclusão social, realizadas pelo
pós-estruturalismo, podem constituir uma eficaz crítica ao sistema capitalista.
Ou, como tal crítica constitui apenas, como afirmam alguns dos enunciados advindos da crítica materialista, uma adesão ou cooptação ao neoliberalismo – já
que as ações criadas em nome da igualdade anulariam o conflito, esvaziariam
seu caráter político, ao situá-lo exclusivamente no âmbito da cultura, e teriam
como efeito, além da liqüidação da reflexão dialética, o aprofundamento das
desigualdades.
A natureza em O Recado do Morro de João Guimarães Rosa
Fábio Borges
UnB
Em janeiro de 1956, João Guimarães Rosa publica Corpo de Baile, coletânea
de sete novelas que, a partir da terceira edição, passou de dois a três volumes.
“O Recado do Morro”, do volume No Urubuquaquá, No Pinhém, é a narrativa de
uma expedição geográfica pelo interior de Minas Gerais que assiste à formação
de uma canção popular. Essa comunicação tem por objetivo discorrer sobre a
forma literária adotada pelo autor para representar a natureza na referida novela.
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A Poesia Pau-Brasil, de Oswald de Andrade e a Poesia Pau-Brasília, de
Nicolas Behr
Gabriel Rodrigues Borges
UnB
Este trabalho tem por objetivo analisar, numa perspectiva comparada, os poemas de Oswald de Andrade e Nicolas Behr, em sua variedade de ícones, cujo
entendimento significa expor as relações subjacentes do ser humano com o
contexto do real e com o mundo do imaginário que o envolve. As idéias que
Oswald de Andrade trazia em seu Manifesto da Poesia Pau-Brasil, de certa
forma, voltavam-se para uma espécie de redescoberta dos valores brasileiros,
apontando para a primeira poesia de exportação e demonstrando revoltas irreverentes contra a cultura acadêmica e a dominação cultural européia no Brasil,
isto é, havia um conceito de poesia primitivista voltada para a (re)visão crítica
do passado histórico-cultural brasileiro bem como para contrastes da realidade
e da cultura brasileiras. Nos fins da década de 70, Nikolaus von Behr faz parte
de uma geração que se inspira na cidade de Brasília para a sua composição
artística, criando a “Poesília” numa utopia de “Braxília” como a não-capital, o
não-poder, subtraindo o que a cidade carrega em si mesma. Ambos os autores
promovem na sua obra meios de expressão capazes de traduzir uma nova realidade. Assim, Oswald e Nicolas extraem temas do cotidiano (urbano, no geral)
e com uma alta capacidade de síntese, buscam uma linguagem brasileira ou
candanga construída com fragmentação e/ou flashes.
Identidade, populismo e batllismo no uruguai da época da comemoração
do primeiro centenário da independência, 1910-1930
Gerson Galo Ledezma Meneses
UFCE
Depois de ter vivenciado fortes enfrentamentos partidários entre blancos e colorados, o Uruguai de começo do século XX se envereda pela construção do Estado nacional, forjando a sua primeira versão identitária, como o país modelo,
a Suíça da América Latina. Nessa situação, desempenha papel importante o
partido Colorado, recém reformulado pelo líder José Batlle y Ordóñez, que governará o país entre 1903-1907 e 1911-1915. Mostramos a forma como Batlle
desenvolve seus projetos reformistas e até onde estes podem ser catalogados
como populistas. Para isso, entendemos o populismo como uma terceira alternativa que tenta se distanciar, nessa época, do liberalismo, mas também do
modelo socialista, especialmente, das propostas do recentemente criado Partido
Socialista, em 1910.
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O subfalar baiano: uma análise das isoglossas em Goiás
Geruza de Souza Graebin
ESPAM
As pesquisas dialetológicas conduzidas por Nascentes apontaram que parte do
estado de Goiás deveria pertencer ao subfalar baiano, enquanto outra ao subfalar paulista. Uma investigação dos fatores sócio-históricos que influenciaram
a constituição da população goiana, em 2008, corroborou a pesquisa de Nascentes. O território referente ao subfalar baiano, no entanto, tem passado por diversas transformações desde a mudança da capital federal para o Planalto Central, em 1960. Uma nova configuração política, social e linguística tem tomado
forma. Assim, embora os falantes de Formosa, cidade selecionada pelo Projeto
ALiB e vizinha do Distrito Federal, realizem o abaixamento das vogais pretônicas
e e o em palavras como telefone e totalmente, aproximando-se, portanto, de Salvador, os falantes do Distrito Federal preferem a variante média-fechada. As escolhas linguísticas dos brasilienses podem afetar o entorno, pela força política,
econômica e cultural que a capital exerce, levando as antigas cidades goianas a
sofrerem mudanças linguísticas significativas.
Aquisição de Línguas de Sinais e Língua Portuguesa simultâneo.
Gisélia Nunes do Nascimento
Jeronilson de Oliveira Santos França
UnB
A língua é patrimônio cultural e um bem coletivo, partindo destes pressupostos,
este trabalho se propõe a discutir a aquisição de línguas por meio da mediação
da família, dos amigos, da escola e de outros agentes de comunicação sob a
perspectiva bilíngüe, no aprendizado de Língua Portuguesa (LP) e de Língua
Brasileira de Sinais (Libras), simultâneo. Para isso, o objeto de analise será um
relatório de observação de um informante que está imerso num ambiente cujo
elemento motivador de sua aquisição de línguas é permeio de falantes de LP e
de Libras. A partir disso, a proposta que se tem ao longo deste estudo é verificar
a capacidade de desenvolvimento da linguagem em face das relações humanas,
dos agentes e das agências promotoras desta prática social.
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Sobre sobrados, mucambos, raízes e rotas: inventando o futuro com
histórias do passado
Glauco Vaz Feijó
CAPES
No texto proponho outra releitura de Raízes do Brasil e de Sobrados e Mucambos
sob a luz dos Estudo Culturais. Argumento que Gilberto Freyre e Sérgio Buarque
de Holanda falam, nessas obras, sobre o futuro e para isso escrevem sobre o
passado. Ambos estão participando de forma decisiva no processo discursivo
de invenção de nossa nacionalidade. O que faz deles decisivos nesse processo
é sairem do campo discursivo até então hegemônico, o racismo científico, e
ajudarem a elevar a hegemônico outro campo discursivo, que é capaz de fazer o
que o discurso racista não havia conseguido: é capaz de criar uma comunidade
de sentidos que permite um avanço grande na invencão do brasileiro. Esse novo
lugar não é mais a biologia e esse discurso não é mais biologicista, o novo lugar
é a cultura e o novo discurso é histórico. A introdução decisiva da História é que
dá relevo a Freyre e a Sérgio Buarque. Citando Stuart Hall, que argumenta que
processos identitários têm mais a ver com “o que nós vamos nos tornar” e “como
somos representados” do que com “quem nós somos”, mais com “definição de
rotas”, que com “retorno a raízes”, diria que Freyre e Sérgio Buarque estão, na
década de 1930, ajudando a definir nossas rotas, mudando a direção de “como
nós temos sido representados” e dando um novo sentido para “o que vamos nos
tornar”, por isso digo que eles estão falando sobre o futuro.
La Imagen social de la femineidad y masculinidad en el intercambio
educativo entre las/los profesoras/es y las/los estudiantes de enseñanza secundaria Chilena.
Graciela Raquel Ezzatti San Martin
UMCE
La imagen social sobre femineidad y masculinidad de los/las jóvenes estudiantes de enseñanza secundaria Chilena se relaciona directamente con las
relaciones de pareja que establecen. Lamentablemente en Chile la violencia
de género es una práctica comprendida como cotidiana y donde se espera
que las mujeres sean sumisas a la voluntad masculina. Si se comprende cual
es la imagen social que emana de la masculinidad y femineidad se podrá
tener pistas certeras del origen de la violencia en las relaciones de pareja.
El articulo pretende describir el análisis sobre la imagen social femenina y
masculina de estudiantes de enseñanza secundaria en sus relaciones cotidianas en los establecimientos educacionales Chilenos de todos los niveles
socioeconómicos. Este se realizo como parte de la investigación titulada: La
mediación de los modelos de feminidad y masculinidad en la relación entre
estudiantes y profesores/as durante la educación formal. Código FIBAS 11/08
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Imaginario de un exilio político: La expulsión
de la Compañía de Jesús de los dominios españoles.
Guillermo Bravo
UMCE
La expulsión de los jesuitas durante el reinado de Carlos III fue, sin duda, uno
de los acontecimientos centrales del imperio español durante el siglo XVIII. Las
consecuencias que se derivaron de la decisión del monarca no sólo tuvieron
repercusión en España, sino también en los Reinos de Indias y Filipinas.
La orden de Carlos III mandaba que se extrañara a los regulares jesuitas y
ocuparan todas las temporalidades que la Compañía poseía en sus Dominios.
El rigor del mandato afectó a un gran número de regulares que residían en territorio español. Así, obligados por la letra de la ley, los jesuitas de las Provincias
de España, México, Nueva Granada, Perú, Chile y Paraguay salieron al exilio.
En esta ponencia se analizaran las causas de esta expulsión, que el rey declara
reservadas a su real ánimo y los elementos históricos que en su conjunto conforman el imaginario de este masivo exilio.
Uma visão pragmática do aglomerado de crenças de alunos sobre o ato
de errar
Helena da Silva Guerra Vicente
UnB
A presente comunicação tem por objetivo apresentar os resultados finais de uma
pesquisa (VICENTE & RAMALHO, 2009) cujo objetivo geral foi o de investigar
se uma professora universitária do curso de Letras e seus alunos partilhavam
crenças (NESPOR, 1987; PAJARES, 1992; DUFVA, 2003; BARCELOS, 2004,
entre outros) a respeito da correção de composições escritas. Como objetivo
específico, buscamos caracterizar as relações entre pelo menos duas crenças
desse mesmo grupo de alunos: uma crença antiga de que errar é embaraçoso e
deve ser evitado a todo custo, e uma crença em construção de que a correção
individualizada de tarefas escritas pode ser benéfica, por permitir-lhes refletir
mais demoradamente sobre os seus próprios erros. A primeira crença é inferida
a partir de pistas lingüísticas que denotam embaraço e distanciamento, presentes em certas estratégias de polidez negativa (BROWN & LEVINSON, 1987),
como pedidos de desculpas e impessoalização. A segunda, por outro lado, não
é facilmente inferida, mas pistas lingüísticas conflitantes presentes na fala dos
alunos podem ser o indicativo de uma mudança em curso.
Palavras-chave: crenças; erro; correção individualizada; polidez; pistas lingüísticas.
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Instrumentais, Comitativos, Locativos e Dativos em LIBRAS: implicações
para o ensino de português L2
Heloísa Salles
Aline Camilla Mesquita
Adriana Cristina Chan-Vianna
UnB
Investiga-se a codificação gramatical das funções semânticas instrumental,
comitativo, locativo e dativo em LIBRAS e em português. Enquanto a função
instrumental é realizada em português pela preposição ‘com’, LIBRAS dispõe
de um verbo manual, em que o sinalizador parece estar segurando um objeto
(Quadros & Karnopp, 2004). A função comitativa, realizada em português pela
preposição ‘com’ ou pela locução prepositiva ‘junto de’, em LIBRAS, é realizada pelo sinal COM/ JUNTO. Assume-se que o item ‘junto’/JUNTO pertence
à categoria dos advérbios, mas em sua manifestação transitiva ocorre com
uma preposição gramatical – de, em português, e nula em LIBRAS (Mesquita, 2008). Os locativos e os dativos em LIBRAS são realizados por movimento na estrutura do sinal – o morfema DIRecional (Meir, 2002), enquanto
em português são introduzidos por preposição. Em LIBRAS, tais verbos são
chamados verbos com concordância, mas apresentam distinções: enquanto
os locativos (‘verbos espaciais’) selecionam referentes espaciais (Lillo-Martin,
1991), os dativos selecionam referentes pessoais, apresentando o parâmetro
da orientação da mão. Investigam-se as implicações da variação translinguística para a manifestação da interlíngua do surdo aprendiz de português L2.
Un pájaro burlón: trabajo, poesía y venganza en Pedro Páramo
Hermenegildo Bastos
UnB
Del fragmento 37 al 38 de Pedro Páramo pasamos abruptamente de un dialogo de muertos en la cueva para una narrativa “realista” en tercera persona. El fragmento 37, a pesar de su tono fantasmal, aporta verosimilitud a toda la historia narrada hasta entonces: ¿quién narra? y ¿ con quién
habla? eran las preguntas que hasta entonces estaban en suspenso.
El dialogo 37 es conducido por el narrador en tercera persona. Es
a partir de este dialogo que el lector se entera de que la narrativa de Juan Preciado es parte del dialogo entre Preciado y Dorotea.
Los dos fragmentos están unidos por el significado mítico y también político de
la tierra, desde donde florece la vida y donde vamos después de la muerte,
de la lluvia que cae en la tierra y hace germinar, de la ocupación, propiedad y
división de la tierra, tanto por los vivos cuanto por los muertos, del trabajo, de la
abundancia y de la escasez, de la pobreza material y humana, de la existencia
como condenación, del ser humano como desvalido y, dentro de este universo,
sobresale la historia de Dorotea, primero contada por ella misma y en seguida por el narrador, como un punto a partir del cual todo lo demás se articula.
44
En el fragmento 37, ella aparece en la dimensión fantasmal y en el 38, en la dimensión social y incluso político-ideológica: los dos sueños proféticos se encarnan en
la figura de la mujer limosnera y loca que cree llevar el hijo “en su rebozo”. Algo
parece haber ocurrido con ella, pero como nunca hablaba, nadie puede saber que
pasó. El lector, sin embargo, ya lo sabe desde el fragmento 37, en donde se anticipa lo que le pasó a Dorotea, o sea, sus dos sueños, uno bendito y el otro maldito.
Esta mujer, que no puede tener hijos, obedecerá lo que le determina el hijo de Pedro Páramo, que es también sinónimo de fecundidad.
La historia de Dorotea es un punto en torno del cual se tejen los dos fragmentos, y la dimensión fantasmal de uno es el reflejo de la dimensión social
y político-ideológica del otro. La mujer que va a la finca pedir un poco de comida, que enloquece por ser estéril y no poder de esta manera realizar su
sueño bendito no es, siquiera, una trabajadora explotada que no tiene ninguna importancia en aquel mundo. Ella también es la narradora-testigo
de la historia de La Media Luna. En una narrativa en que predominan los
conflictos entre padres e hijos, un personaje cuyo único sueño (imposible
de ser realizado) es el de ser madre debe de tener un significado central.
Oficina: Letramento e ortografia
Idalena Oliveira Chaves
Centro Universitário de Belo Horizonte
Esta oficina tem como objetivo fornecer aos alfabetizadores e/ou professores
das séries iniciais do ensino fundamental suporte teórico e metodológico para
o trabalho com a apropriação do sistema de escrita do português. Pretendese promover discussões e apresentar sugestões de atividades relacionados à
aquisição e desenvolvimento da ortografia padrão da língua, envolvendo práticas de leitura e escrita.
Conteúdo:
A base alfabética
A compreensão das regras que organizam o sistema da escrita
O funcionamento dos mecanismos de codificação e decodificação
A decifração do sistema de escrita
O ensino de regras ortográficas: as regularidades e as irregularidades da ortografia
A intervenção do alfabetizador
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O erotismo na obra de Cora Coralina
Iêda Vilas-Bôas
UnB
O erotismo na obra de Cora Coralina pode ser encarado como uma tentativa
consciente e amorosa de ressaltar os instintos e desejos do ser humano. Os
versos analisados são repletos de imagens fálicas e com forte apelo sexual, e
se apresentam sem cerimônia ou parcimônia. Por essas imagens nos aprofundamos no espaço da união perfeita do carnal com o espiritual. Cora Coralina
traz, em linguagem poética, a cotidianidade do sertão e revela, desvela e nivela
que a temática erótica está em toda e qualquer situação. A poeta consegue, a
um só tempo, mostrar que erotismo, simplicidade e natureza se coadunam e se
completam na essência do viver.
Em direção a uma explicação sobre a alternância passiva com verbos transitivos indiretos
José Ricardo Pereira dos Santos
Rozana Reigota Naves
UnB
O objeto de estudo deste trabalho é o fenômeno da alternância passiva, que
ocorre com um grupo de verbos transitivos indiretos (VTI) no português, conforme os dados em (1). Sabe-se que as passivas com VTI contrariam das
gramáticas normativas, as quais afirmam que somente verbos transitivos diretos
podem ser apassivados. De fato, grande parte dos VTI do português não admite
a alternância passiva, conforme dados em (2). O contraste de gramaticalidade
entre (1) e (2) mostra haver restrições de natureza sintática para a ocorrência da
passiva com VTI. Tomando como ponto de partida esses fatos e a perspectiva
teórica apresentada em Levin (1993), pretendemos desenvolver a hipótese de
que os VTI que admitem a alternância passiva têm sua origem no duplo acusativo latino, fato que também estaria relacionado, diacronicamente, à perda da
preposição que acompanha o DP complemento desses verbos (conforme os
dados em (1)). Este trabalho busca, portanto, compreender, do ponto de vista
de uma Gramática Universal, as propriedades abstratas (traços) que licenciam a
alternância passiva com VTI.
(1) a. Muitas pessoas assistiram (a)o jogo. / O jogo foi assistido por muitas pessoas.
b.Todos têm que obedecer (à)a lei seca. / A lei seca tem que ser obedecida
por todos.
(2) a. Joaquim gosta de política. / *Política é gostada por Joaquim.
b. Maria falou ontem com o diretor. / *O diretor foi falado ontem por Maria.
Palavras-chave: gramática universal; alternância passiva; transitividade verbal;
caso abstrato, preposição funcional
46
Confissões femininas na literatura: discurso solitário? Um olhar sobre
Vaca Sagrada de Diamela Eltit e o monólogo de Molly Bloom de James
Joyce
Juliana de Jesus Amorim Pádua
UnB
Em História da sexualidade, Michel Foucault apresenta a faceta dual e por vezes
dialética da confissão, uma vez que o sujeito que fala coincide com o sujeito do
enunciado. Além disso, o ato tem como alvo um interlocutor, mesmo que seja
virtual, que tem o poder de julgar, avaliar e, às vezes, até de interferir no que se
pronuncia. Na literatura contemporânea, o eu-narrativo feminino assume a tarefa
de (re) elaborar os silêncios e as lacunas criados durante séculos por discursos
falocêntricos, pretensamente legítimos. O que acontece quando esse “logos” é
dado às mulheres ou a uma voz feminina? Nas distâncias temporal e espacial
entre a obra Vaca Sagrada, da autora chilena Diamela Eltit, e o monólogo de
Molly Bloom, de James Joyce, a narrativa confessional de duas personagens
assume multiplicidade de sentidos e versões diferentes para o signo sexual que
ainda hoje se dicotomizam em duas formas que parecem indissolúveis: o masculino e o feminino.
Dulcinéia del Toboso: Decantada pelo poder da violência simbólica
Karla Calasans de Mello
Unb
Ao revisitar a obra O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha, na tentativa de dialogá-la com este tempo, o elemento que causa extrema curiosidade e questionamentos, em decorrência de um silenciamento, é Dulcinéia del
Toboso. Por que uma personagem, extremamente importante para a trajetória
de D. Quixote, apresenta-se como um feminino invisível tão presente enquanto
objeto falado nas declarações e percursos de D. Quixote; mas ausente enquanto
sujeito falante?
Investigar o silêncio de Dulcinéia, será talvez, investigar os corredores silenciosos de todos aqueles que ao longo de toda a história da humanidade tiveram
suas vidas construídas por outros, com ou sem escolha? Ou, quem sabe, o
silêncio de Dulcinéia, seja, sobretudo, um símbolo da plenitude da alma de D.
Quixote? O que fala este silêncio? Silenciar Dulcinéia é silenciar mulheres, que
na tentativa de ocuparem seus espaços na sociedade, foram domesticadas, violentadas, presas, queimadas, rotuladas, menosprezadas, dominadas?
O objetivo, portanto, é analisar Dulcinéia como símbolo de um feminino decantado pelo poder de uma violência simbólica. E para desenvolver esse pensamento,
dois teóricos serão ferramentas indispensáveis: Foucault, com as obras A ordem
do discurso e Vigiar e punir, para discutir a constituição desse corpo feminino
por intermédio de um discurso dominador, que domestica, disciplina e adestra.
47
Um discurso em que o indivíduo é sem dúvida o átomo fictício de uma representação ideológica da sociedade; mas é também uma realidade fabricada por essa
tecnologia específica de poder que se chama a disciplina (FOUCAULT:1986,172).
E Andrea Nye, com o capítulo Uma linguagem da mulher, da obra Teoria feminista e as filosofias dos homens, para reconhecer o sexismo situado no campo da
linguagem e desenvolver o pensamento de que ser alguém é encontrar o próprio
lugar num sistema de signos; é ter um valor, e identidades possíveis só são
constituídas no seio de uma rede de relacionamentos que são linguisticamente
definidos. (NYE:1939,p.214).
Unidad lingüística panhispánica en la diversidad cultural: la perspectiva
academicista.
Liliana Belmar Bizama
UMCE
¿Es posible lograr mantener la unidad lingüística panhispánica a pesar de la
diversidad cultural y los cambios que el idioma está presentando en las diferentas comunidades que lo hablan? ¿Cómo contribuyen la RAE y las diversas
Academias de la lengua española a mostrar estos cambios sin dejar de velar por
preservar esta unidad? Si aun en la denominación de nuestra lengua materna no
hay total consenso entre españoles y americanos, ¿será posible que la proyección de las Academias de la lengua y sus diversas obras logren la unidad en la
diversidad?
A Identidade de Gênero Gótica em A Sauna de Lygia Fagundes Telles
Lorena Sales dos Santos
UnB
No conto A Sauna de Lygia Fagundes Telles, um pintor de meia-idade, tendo
alcançado certa consagração, narra em retrospecto sua trajetória de vida que
o levou à posição profissional em que se encontra e a forma com que, durante essa trajetória, usou as mulheres que passaram em seu caminho como
instrumentos que lhe permitissem ascensão ou como objetos que lhe proporcionassem diversão ou escape. Valendo-se da Teoria Polissistêmica de Itamar
Even-Zohar e dos estudos de gênero na Literatura Gótica realizados por Julian
E. Fleenor, entre outros, o presente artigo tenciona explorar a visão da mulher
brasileira contemporânea pelos olhos do Narrador/Personagem, apresentando
as aproximações e distanciamentos dessas personagens com as heroínas dos
romances góticos, além de observar o papel do masculino em relação a essas
mulheres sob essa mesma ótica.
48
Fronteiras e pertencimento: a idéia de nação em O tempo e o vento, A ferro
e fogo e Os senhores dos séculos
Lúcia Helena Marques Ribeiro
UnB
Nascer na fronteira foi provavelmente a razão de prestar tanto a atenção nela.
Este trabalho pretende discutir a questão da noção de fronteira e pertencimento
assim como o sentido de nação e o seu significado construído a partir de heranças culturais em três narrativas épicas que contribuíram para a construção
da idéia de nação ou de localidade, no entendimento de Homi Bhabha: “Essa
localidade está mais em torno da temporalidade do que sobre a historicidade:
uma forma de vida que é mais complexa que “comunidade”, mais simbólica que
sociedade, mais conotativa que país [...] mais mitológica que a ideologia, menos
homogênea que a hegemonia[...] mais coletiva que o sujeito, mais psíquica do
que a civilidade, mais híbrida na articulação de diferenças culturais...” (BHABHA,
Homi. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007, p.199). Érico
Veríssimo, Josué Guimarães e Luiz Antonio de Assis Brasil apresentam respectivamente em O tempo e o vento, A ferro e fogo e Os senhores do século a narrativa do mito fundacional de um tempo e de um lugar, sem povo nem fronteiras
definidas por séculos, chamados de campos neutrais, nem espanhol nem português e que se estabeleceu como a fronteira mais meridional do Brasil.
A condição de estrangeiro: a identidade latino-americana na Europa
Lucie Josephe de Lannoy
UnB
Desde os tempos coloniais, a questão da identidade latino-americana tenta se
afirmar como uma resposta à necessidade de delinear uma trajetória e discursos
próprios. Para Stuart Hall, em A identidade cultural na pós-modernidade (2003),
as culturas nacionais, ao produzir sentidos sobre a nação, acabam construindo
as identidades, já que podemos nos identificar com esses sentidos. Tais sentidos estão contidos nos textos em que se escreve sobre a nação, ligando seu
presente com seu passado e construindo imagens sobre ela. Os desafios da
globalização remetem ao fato de se constituir, numa dimensão ainda maior, a
identidade plural da América Latina, na qual se imbricam muitas raízes e culturas. A isso se alia o caráter transitório das identificações dos sujeitos, segundo propõe Hall ao reconhecer “a multiplicidade desconcertante e cambiante
de identidades possíveis”. Se, por um lado, isto corrobora a marginalização da
questão identitária, a análise dos poemas títulos, de César Vallejo – poeta peruano, falecido em Paris em 1938 – nos mostra, por outro lado, como a literatura
se enriquece dessa realidade e ao mesmo tempo devolve à sociedade a sua
força de identidade. A análise desses poemas aborda a condição de estrangeiro
e a sua relação com uma expressão de identidade latino-americana.
49
Visões de América em 1835: Abreu e Lima e sua perspectiva comparada
Luís Cláudio Rocha Henriques de Moura
UnB
O objetivo deste artigo é analisar, sob a luz da História Cultural, algunas das
ideáis de “América” que o brasileiro José Inácio de Abreu e Lima (1796 – 1869)
apresentou em sua obra Bosquejo histórico político e litterario do império do
Brasil (1835). Este raro trabalho, pouco conhecido por historiadores brasileiros
e hispano-americanos, é de grande riqueza para a compreensão do ambiente
intelectual de meados do século XIX na América Ibérica. Nesta obra, analisando
comparativamente a construção histórica e intelectual de países como Brasil,
Colombia, Chile, México e Estados Unidos, Abreu e Lima produziu um texto
original e representativo quanto às idéias que as elites latino-americanas compreendiam sobre as “américas” e suas nações.
Abreu e Lima possui uma interesante trajetória política e intelectual. O pernanbucano participou das lutas de independencia da Grã-Colômbia entre 1819 e 1831,
chegando ao cargo de General. Após a morte de Bolívar, deixou a região em
direção aos Estados Unidos e Europa, onde passou um breve período. De volta
ao Brasil no mesmo ano, estabeleceu-se na corte fluminense, contribuindo com
a nascente historiográfica nacional e como jornalista. O bosquejo histórico foi a
sua primeira produção literária após haver retornado ao seu país natal.
Identidades latino-americanas: Uma proposta de curso de história
Luis Fernando Prado
UEG
O Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás
ofereceu, em 2008, a disciplina Identidades: Percursos Metodológicos e Historiografia, de autoria das docentes Libertad Borges Bittencourt e Fabiana de
Souza Fredrigo, com pretensões de avaliar as possibilidades do ensino e da
produção científica no campo das identidades, destacando como objeto de estudo a América Latina.
Como aluno daquele programa, almejo o doutoramento com a dissertação –
História da História da América no Ensino Superior – e, para tanto, elegi como
fontes prioritárias os textos oficiais programáticos do ensino superior.
Assim, proponho, neste texto, como um exercício preliminar, examinar o referido
programa (ementa, objetivos, proposta programática, bibliografia) no que diz respeito ao tratamento dado ao papel das IDENTIDADES nos estudos históricos.
Pretendo, ainda, analisar questões postas pelo documento, entre elas: a incorporação das identidades pela história visando à ampliação de seu universo de
investigação científica; o tratamento teórico-metodológico específico e a sua
relevância para a compreensão do processo histórico latino-americano.
50
El rol de la educación en la construcción y afianzamiento de la identidad
latinoamericana
Luis Rubilar Solis
UMCE
Los Libertadores y emancipadores culturales, entre ellos, Simón Bolívar, Andrés
Bello, Simón Rodríguez, José Martí y Gabriela Mistral, asimilaron y cultivaron
un imaginario educativo autonomista y digno para Nuestra América. Su implementación ha obtenido logros parciales como la fundación de la Universidad de
Brasilia (1962, Darcy Ribeiro) y el Convenio Andrés Bello (1970). Sin embargo,
salvo los modelos de educación martiana (Cuba) y bolivariana (Venezuela), en
el resto de los países tal proyecto endógeno ha sido minimizado por los embates
del neoliberalismo y la globalización, como viene sucediendo en Chile. Frente a
esta crítica situación enajenante y a los sesgados modos didácticos de entregar
en la escuela la Historia regional, proponemos un repertorio temático que tiene
como referente a la América Latina y sus iconos, lugares, costumbres, grupos y
personajes más representativos, para nutrir mallas curriculares impregnadas de
motivación identitaria Latinoamérica.
O papel da Mídia na construção social do escândalo político.
Luiza Hiroko Yamada Kuwae
UnB
O trabalho O papel da Mídia na construção social do escândalo político investigou a forma como os escândalos políticos são construídos pela mídia brasileira
e quais as formas simbólicas envolvidas nas notícias de escândalo político. Com
base na Análise de Discurso Crítica em um enfoque transdisciplinar, a investigação centrou-se em como os atores sociais são representados, ou seja, a
sua identidade.. A pesquisa teve como pressupostos teóricos principais a Teoria Social do Discurso (Chouliaraki e Fairclough, 1999; Fairclough, 1995, 1999,
2001, 2003); a Teoria Social da Mídia e a Teoria Social do Escândalo Político,
ambas de Thompson (1998, 2002). As categorias analíticas utilizadas foram as
van Leeuwen (1996, 1997) e as Fairclough (1995, 2001, 2002), para a análise
da representação social dos atores social, em uma pesquisa qualitativa. Pela
análise dos textos, conclui-se que as escolhas lexicais em notícias de escândalos políticos se envolvem em lutas de poder político e em lutas socioculturais,
com o significado midiático a serviço do controle ideológico, com a contribuição
em refletir o importante papel dos meios de comunicação de massa na formação
de juízos de valor e, daí, na gestão da opinião política pública.
51
Identidade e língua nacional: a gramática de Andrés Bello no Chile do século XIX
Luizete Guimarães Barros
UFSC
“Las naciones latinoamericanas fueron creadas después de la independencia
y no antes.” Essas palabras de Octavio Paz são objeto de averiguação neste
estudo que lê a Gramática de la lengua castellana destinada al uso de los americanos (1847), de Andrés Bello, como uma das primeiras gramáticas do castelhano produzidas em solo americano, porque nela se especifica a vontade de dar
voz ao continente americano. “Haced estudios principiando por los de la lengua
nacional” é um dos preceitos de Bello, estipulado no discurso de inauguração da
universidade. A língua como metáfora da nação é idéia de Silvana Serrani, que
seguindo a linha de discurso fundador de Eni Orlandi, estuda a constituição da
identidade argentina vias as marcas discursivas do século XX. Nós seguimos
estas bases, assim como a ótica de Julio Ramos para ver a gramática de Andrés
Bello como elemento de disposição sobre um saber-dizer castelhano, relevante
para a constituição da identidade linguística hispano-americana, na época da
independência das nações hispano-americanas, no século XIX.
Palavras chaves: gramática; língua espanhola; independência política; identidade cultura nação
O discurso das avaliações de larga escala e os sujeitos das políticas de
acesso à educação superior
Mara Lúcia Castilho
UnB
O estudo de Shiroma, Campos e Garcia (2005) incluiu a análise dos relatórios do
Banco Mundial do ano de 2000, e mostrou que o discurso, no inicio da década
de 1990 tinha viés economicista, e as palavras mais utilizadas eram, por exemplo, qualidade, produtividade, eficiência e eficácia. No final da década, passou
a ser mais humanista, cuja ênfase está voltada para justiça, equidade, coesão
social, inclusão, oportunidade e segurança. O Exame Nacional do Ensino Médio
(ENEM) é instrumento de avaliação de larga escala utilizado pelo Governo para
inserção dos estudantes na educação superior por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni). Este trabalho tem como finalidade, fundamentado na
concepção de sujeito das teorias da Análise do Discurso (AD) e da Análise do
Discurso Crítica (ADC), analisar os discursos de uma das avaliações de larga escala utilizadas pelo Poder Público, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM),
e do Programa Universidade para Todos (ProUni) a fim de buscar elementos que
possam indicar como os sujeitos são caracterizados e a quem se destinam as
avaliações de larga escala e as políticas de acesso à educação superior, e verificar se o discurso das políticas dos organismos internacionais para a educação
mundial, identificado nos trabalhos realizados por Shiroma (2001) e Shiroma,
Campos e Garcia (2005), estão presentes nos discursos do ENEM e do ProUni.
52
Glauber rocha pós-dramático?
Marcus Mota
UnB
Se estivesse vivo, Glauber Rocha estaria completando 70 anos. Nesta comunicação, pretendo discutir um aspecto pouco estudado em suas obras: o da
teatralidade como horizonte para as experimentações glauberianas.
No Brasil, bem antes da polêmica em torno do pós-dramático, tivemos um artista
multimídia e agitador cultural que investiu seu percurso criativo em uma ‘dramaturgia do futuro’, uma dramaturgia interartística, multisensorial e crítica – Glauber
Rocha (1939-1981).
Seja em seus artigos, seja em suas obras, Glauber Rocha explicitava a busca de
se organizar heterogeneamente uma expressão materialmente plural. De Barravento a Idade da terra, assistimos ao investimento do autor em uma atividade
anti-mimética cada vez mais radical, com a negação das molduras de uma cena
absoluta, nos termos de P.Szondi. Ou seja, o projeto anti-mimético de Glauber
se fundamenta na recusa de uma teatralidade convencional, do mundo fechado
no palco, alheio à irrupção das mais variados e simultâneas sensações e referências.
Poemas de Recordação e outros movimentos:
uma leitura da arte de poetar de Conceição Evaristo
Margareth Villalba
UnB
A poesia tem um universo muito rico e encanta a todos que aprendem a cultivála. Esta comunicação, que leva em conta os estudos da Estética da Recepção,
pretende analisar alguns poemas de Conceição Evaristo provenientes de sua
obra Poemas da recordação e outros movimentos. Pretende destacar, ainda, a
importância da poesia como processo de participação da mulher na literatura e
na cultura social.
Condições de produção e condições de produtividade em O Coronel e o
Lobisomem
Margarida Basilio
Davi Oliveira do Nascimento
PUC - RIO
Este trabalho constitui-se num estudo morfológico sobre a questão produtividade
/ produção de padrões lexicais em textos literários, com o objetivo de sustentar
a hipótese de que tais obras apresentam condições de produção especiais em
relação a determinados padrões morfológicos de formação. A base da investigação é a obra “O Coronel e o Lobisomem”, de José Candido de Carvalho, já
conhecida por seu teor de inovação lexical..
53
São eleitas para análise as sufixações com –ão e –oso e a prefixação com
des-, formações morfológicas que se constituem em potenciais processos de
inovação lexical. Sugere-se que a utilização de tais padrões na obra não é fortuita, já que parecem representar iconicamente o discurso hiperbólico do personagem principal. De início, apresenta-se uma visão geral da morfologia lexical,
quanto a seu tratamento tradicional e em relação a contribuições mais recentes,
focalizando-se especialmente a questão produtividade/produção. Procede-se
depois à apreciação do tratamento dado pelos estudiosos do português sobre
os formativos com –ão, -oso e des-. Em seguida, são analisadas as formações
encontradas na obra “O Coronel e o Lobisomem”. Finalmente, são apresentadas as conclusões sobre o uso que o autor faz dos padrões de formação em
sua obra, os quais refletem o discurso do personagem principal, com vistas a
afirmar a relevância da análise das condições de produção, ao lado da questão
da produtividade, para um melhor conhecimento do léxico do português.
Palavras-chave: Morfologia; léxico; formação de palavras; produtividade/
produção; inovações lexicais
Los rumbos de la nueva geopoética desde Caribe
Maria Angela Cappucci
UnB
Una nueva geopoética y nuevas dimensiones del espacio/tiempo estan presentes en las narrativas contemporáneas literarias del Caribe desde la década
de 1970 y los historiadores no lo puden desconocerlas. Cuando propone que
el escrito se vuelva hasta la lenguaje oral y se busquem literaturas y historias o
historias multiples, en lugar de la Literatura y de la Historia con “L” y “H” mayúsculos – igual las que fueran delimitadas por las potencias imperiales desde el
siglo XVI, bajo el código renascentista, el filósofo Edouard Glissant, de la Martinica, visualiza la diferencia cultural de las populaciones caribeñas en el contexto
mundial de la actualidad. En la Criolización del mondo desde Caribe seria posible construir una poetica de la relación basada en el respecto al diverso a pesar
de las diásporas. Su contemporáneo del Caribe anglófono, el escritor y pintor
Derek Walcott, cree en una sociedad basada en el arte en medio al caos multicultural del hibridez local reinventando imagenes y paisajes poéticas y pictóricas
en busca de un nuevo estado-nación. Es posible sentir los ecos de un cierto
neobarroquismo lezamiano de la contraconquista, en eses intentos, entre otros
autores latinoamericanos, pero tanbién umn señal de que el colonialismo tiene
nuevas formas en los tiempos modernos y que las pesquisas literaria y historica
tienen nuevas perspectivas de analisis.
.
54
O tempo e o vento – uma leitura da memória
Maria Aracy Bonfim
UFMA
Análise do movimento da memória na obra O tempo e o vento, de Erico Verissimo a partir da contraposição de tempo cronológico e delineamento de personagens e símbolos que representam e armam a trama, firmando assim uma
identidade.
O efeito da língua materna na aquisição
de línguas próximas
Maria Carolina Calvo Capilla
UnB
No começo os aprendizes brasileiros de Espanhol como língua estrangeira
(ELE) avançam de uma maneira rápida e fácil. Isto é devido fundamentalmente
ao alto nível de compreensão que permite a transparência léxica. Nesta etapa a
proximidade das duas línguas, Português e Espanhol, aparece como uma vantagem. Já em níveis intermédios e avançados, entram num plateau ou período
de estancamento, no qual se produz um alto grau de fossilização na interlíngua,
com um número elevado de interferências sem resolver. A proximidade entre as
duas línguas começa então a aparecer como uma desvantagem que parece aumentar as interferências da língua materna. O objetivo deste trabalho é analisar
o efeito da língua materna na aquisição de línguas próximas. As interferências
e a fossilização aparecem como problemas centrais, com mais peso do que
outros fenômenos intralingüísticos como a supergeneralização ou a aplicação
incompleta de padrões da LE. Isto seria favorecido pela grande proximidade, a
qual permite transferir elementos da LM para a LE sem que eles “discordem” em
excesso. Na análise dos erros de composições escritas de aprendizes brasileiros de ELE se aplica a classificação etiológica de Brown que distingue dois tipos
de fenômenos como causa dos erros: os intralingüísticos e os interlingüísticos
ou interferências da LM.
Palavras chave: influência da LM, interferência, fossilização, línguas próximas,
fenômenos interlingüísticos.
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55
Las tribus urbanas en Santiago de Chile
María Georgina Maturana Piña
UMCE
El presente trabajo de investigación, pretende mostrar una parte de la realidad
actual sobre la juventud de nuestra sociedad, es decir, dar a conocer las siguientes tribus urbanas:……… , para luego entender el fenómeno sociocultural que
éstas implican, ya que la mayoría de ellas adoptan una actitud de rebeldía, de
rechazo, de indiferencia y de escasa participación dentro del sistema.
En los últimos años, los jóvenes chilenos han sido catalogados como personas
irresponsables, algo abúlicos, sin inquietudes, con tendencia a la violencia y
delincuencia, lo que les ha provocado un alejamiento de la sociedad y un sentimiento de incomprensión frente al medio, el que, a su vez y según ellos, se
ha vuelto hostil. De ahí la necesidad de buscar refugio y comprensión dentro de
sus pares, dando surgimiento a las tribus urbanas. Los jóvenes buscan sentirse
identificadosconalgoyconalguien;necesitanelcontactohumanoyquémejor
para ellos que sus pares. La mayoría de estos grupos no cuentan ni con los
medios, ni con los espacios para expresarse y relacionarse entre sí; sus lugares
de encuentro son plazas, calles céntricas (principalmente de noche), salidas de
supermercados, botillerías, salidas del metro, estaciones de transporte público
y estadios.
A Operação Condor.
Lugar de fala e enquadramento na narrativa jornalística da História.
Maria Jandyra Cavalcanti Cunha
UnB
Este trabalho analisa a contribuição da narrativa jornalística, como peça de literatura testemunhal, para o registro da história do Cone Sul dos anos 1970-80
sobumoutropontodevistaquenãoodaversãooficial(contra-história)tendo
no narrador-jornalista a testemunha dos fatos (testis). O corpus do trabalho foi
retirado do livro-reportagem Operação Condor. O sequestro dos uruguaios. Uma
reportagem dos tempos da ditadura, de Luiz Cláudio Cunha (L&PM, 2009).
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56
A Formação de Leitores na Escola:
o enfoque da leitura literária no Projeto Político - Pedagógico
Maria Marismene Gonzaga
MEC
Esse estudo nasceu da observação, no cotidiano escolar, da preocupação dos
educadores com a falta de interesse do aluno pela leitura – inquietação presente
no discurso docente, sem, nem sempre, haver uma discussão aprofundada sobre o assunto.
Como a escola pode formar leitores e como esse trabalho pode ser desenvolvido
pelo coletivo da escola, em seu currículo, de forma que não sujeito a crenças
individuais e projetos temporais.
O artigo trata sobre a leitura literária no Projeto Político-Pedagógico de escolas
públicas de ensino fundamental, visto a importância dessa leitura para a formação e democratização do leitor/cidadão.
A pesquisa sobre a Libras no Brasil.
Milton Shintaku
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
De acordo com Ferreira Brito (1993) a Língua de brasileira de sinais – Libras possui características de uma língua plena, portanto, objeto de estudo da lingüística.
Entretanto, a Libras, em seu contexto mais abrangente, é alvo de pesquisas em
outras disciplinas, envolvendo estudiosos de vários níveis de formação e disciplinas. Nesse contexto, os grupos cadastrados no Diretório de Pesquisa do CNPq
permitem levantar informações relevantes sobre a pesquisa institucionalizada
sobre a Libras no Brasil. Revelam-se, não apenas as disciplinas envolvidas nas
pesquisas, mas, também, as Instituições de Ensino Superior e o foco adotado
por esses grupos de pesquisas. Assim, permitindo obter informações relevantes sobre a abrangência dos estudos sobre a Libras, tanto no plano conceitual
quanto no plano histórico-geográfico.
Palavras-chave: pesquisa sobre a Libras. Grupos de pesquisa. Libras. Pesquisadores sobre a Libras. Pesquisa no Brasil. Estudos acadêmicos.
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57
Antología poética musical de la obra de Ermelinda Díaz
(Creación musical para material didáctico multimedia)
Olga María Díaz
UMCE
Los grandes referentes del proyecto (1) que presentamos, están directamente
relacionados con la musicalización de una selección de textos de la poetisa
Chilena Ermelinda Díaz. Sin duda, lo esencial es ir al encuentro de una Obra
poética y musical, poniendo en práctica una pedagogía de la comunicación que,
con los medios actuales (multimedia) permita desarrollar procesos de enseñanza aprendizaje tanto en lengua materna como en español lengua extranjera,
partiendo de una consolidación del ejercicio del lenguaje y la expresión. Sin
embargo, tal perspectiva se asocia en realidad a otro tipo de objetivo que busca
llegar significativamente a una acción al servicio del desarrollo humano, para
implementar en la educación valores propios de toda cultura de paz. Siendo
así, tanto la tradición nacional como la identidad latinoamericana, nos interpelan
aquí a través de la escritura y de la música, para que, escuchando la voz de los
demás, y haciendo propicio un diálogo que nos invite a ser voceros del quehacer
humano, podamos pasar de lo local a valores más universales.
Feminino negro em Leite do Peito, de Geni Guimarães
Omar da Silva Lima
Instituto de Ensino Superior do Centro Oeste
A obra autobiográfica Leite do Peito (2001) é composta por 11 contos narrados
em 1ª pessoa, com exceção do conto 9, “Coisas de Deus”, narrado em 3ª pessoa. Eles relatam de forma linear a história da menina negra Geni, a penúltima
de uma família de 12. Nesta obra, a escritora negra Geni Guimarães imprime
uma visão otimista com relação ao negro e sua formação identitária no Brasil. O
crescimento da personagem Geni dentro da história (de menina pobre a professora) foge do estereótipo do destino da maioria das mulheres negras tanto do
mundo ficcional da Literatura Brasileira quanto do mundo real no Brasil, pois, ao
exercer uma função antes reservada a uma mulher branca, semeia uma mensagem positiva contra a interdição da maior parte da população negra ao espaço
público. Portanto, vejo na escalada da protagonista negra, apesar dos percalços
sofridos por ela no decorrer dos contos, um estímulo ao leitor, principalmente
afro-brasileiro, porque a profissionalização de Geni em um ramo nobre, embora
desprestigiado atualmente, pode despertar nele a vontade de vencer e conquistar, apesar de sua condição sócio-econômica, um bom lugar no mundo considerado dos brancos pelos próprios méritos. Pelo viés da evolução social do negro
é que proponho a minha abordagem no artigo.
58
La literatura como acción política en la cultura griega clásica
Orlando J. Vidal L.
UMCE
La ponencia constata, sobre la base del texto de Hannah Arendt: La Condición
Humana; la idea política dentro del mundo griego clásico como aspecto esencial
y fundante de toda organización democrática. Visión que no sólo se evidencia
en la prosa filosófica, si no que, también, en la literatura épica y en el drama, en
particular, con extrema fuerza, en la tragedia ática antigua.
De la misma manera, los personajes protagónicos de las tragedias; como individuos representativos del pueblo griego; encarnan esa visión y lo demuestran
en la pugna por espacios de libertad pública en los cuales se puedan hacer
presente de igual a igual frente a los otros, con libertad, sin violencia y a través
del discurso. Así, el discurso literario se concibe como una actividad política
fundamental en la estructuración y organización de las polis griegas.
Por um Dicionário Escolar Semibilíngue de Português para usuários de
Libras
Orlene Lúcia de Saboia Carvalho
UnB
Margot Latt Marinho
SEEDF
No processo de aprendizagem formal de português como segunda língua, o
dicionário exerce função fundamental para alunos surdos, uma vez que lhes
permite consultas pontuais em momentos diversos, sobretudo quando se encontram fora do contexto de sala de aula, sem um mediador de conteúdo, ou seja,
um(a) intérprete de Libras. No mercado editorial, já existem algumas obras de
referência bilíngues ou semibilígues com o par de línguas português e Libras,
mas elas ainda não contemplam as situações específicas de aprendizagem,
o que, a nosso ver, dificulta o acesso à informação. Assim, acreditamos que
um repertório lexicográfico a ser utilizado por alunos surdos deve seguir dois
critérios básicos: a faixa etária e o nível de proficiência em português. O cruzamento desses dois fatores terá consequências tanto na seleção lexical quanto
na organização e redação da microestrutura A nosso ver, o tipo de dicionário
mais adequado ao contexto escolar é o semibilíngue na direção L2 -> L1, cuja
microestrutura inclui a definição em L2 e a(s) respectiva(s) equivalência(s) em
L1, direcionadas às necessidades do usuário da L1, a saber, a Libras. A palavraentrada determina e direciona a distribuição das informações.
59
OGI’s: esquemas de operaciones mentales interactivos
como estrategias de enseñanza-aprendizaje
Patricia López Börgel
UMCE
El Ministerio de Educación de Chile ha establecido que los futuros profesores, en
su formación inicial docente, adquieran competencias TIC’s, que puedan aplicar
luego en el aula para facilitar el proceso de aprendizaje de sus educandos. Para
cumplir con estos requerimientos y los que exige el mundo actual, en el que el
paradigma educativo debe ir acorde a los cambios que experimenta la sociedad
del conocimiento y de la tecnología, esta ponencia presenta 10 esquemas de
operaciones mentales interactivos como estrategias de aprendizaje, denominados Organizadores Gráficos Interactivos (OGI’s) presentados en un soft ware.
Estos esquemas de operaciones mentales interactivos pretenden desarrollar habilidades cognitivas de procesamiento de información por parte de los estudiantes, de modo que, través de la interactividad discente-conocimiento-tecnología,
se provoque el aprendizaje significativo. Por otro lado, estos OGI’s ofrecen al
profesor la oportunidad de aplicarlos, también, como estrategia de enseñanza
en la presentación y trabajo de nuevos contenidos.
Aprender lenguas extranjeras y construir identidad latinoamericana en el
siglo XXI
Patricia Rojas Vera
UMCE
Definir en qué consiste la identidad latinoamericana es para muchos un reto, un
desafío problemático. Siguiendo el análisis de Gissi, la tarea no parece fácil pero
sí posible implicando dimensiones tales como origen, evolución y proyecto. Si
bien esas tres categorías se entrecruzan y complementan, en este trabajo nos
centraremos en la última, es decir en el proyecto.
Desde otra perspectiva, es importante explicitar el significado que hoy tiene el
aprendizaje de lenguas extranjeras en el espacio latinoamericano. Hoy más que
nunca es necesario tomar conciencia de que aprender diversos idiomas extranjeros implica entrar en contacto y transitar hacia otras culturas y visiones de
mundo expresadas en los códigos, textos literarios –entre otros- de esas otras
lenguas. Ya es un hecho que la literatura es entendida como logos , lenguaje,
gesto del cuerpo cultural y no expresión de una cultura exterior a ella (Rogues y
Corbin, 2007: 30).
Sin embargo, ser capaz de comunicarse en idioma extranjero hoy en día constituye una llave para insertarse en el mundo académico, científico, económico
multilingüe que actúa como una red y que trasciende a las fronteras territoriales.
Concretamente, los programas de movilidad estudiantil relacionados con la formación continua, estudios de prosgrado y proyectos de investigación son los que
dan vida a escenarios privilegiados de interculturalidad que, necesariamente, favorecerán visiones renovadas de identidad para los estudiantes y profesionales
de América Latina.
60
Distopia amazônica em À Margem da História de Euclides da Cunha
Paula Silva
Fábio Borges
UnB
Em 1904 Euclides da Cunha viaja para o norte do Brasil com o objetivo de acompanhar o mapeamento da nascente do rio Purus, na hiléia amazônica, cuja experiência é relatada em À Margem da História, momento em que, segundo o
escritor, começa o processo de ocupação humana do bioma. Este artigo busca
analisar o processo de formação da cidade em meio à floresta como uma experiência de distopia. A idéia de utopia segue a esteira da concepção preconizada pelo socialismo utópico do século XIX, marcada pela crença no progresso
científico, no determinismo e na dominação da natureza como a possibilidade
de solução dos problemas humanos. Um estudo comparativo entre o texto euclidiano e os ideais utópicos do século XIX nos leva a perceber uma distopia,
ou seja, uma diluição da utopia. No texto de Euclides é visível a dissolução da
crença no progresso, o pessimismo em relação ao futuro do país e a certeza de
que com a esperada República simbolicamente ocorreu um retrocesso social.
Peronismo, nacionalismo e política cultural na província de entre ríos, Argentina: as revistas Tellus e Substancia (1948-1952)
Paulo Renato da Silva
UFT
Segundo Michel de Certeau, o objetivo de uma política cultural é mudar comportamentos. O governo do presidente Juan Domingo Perón (1946-1955) teve
uma política cultural e a considerava imprescindível para conquistar e consolidar
o apoio dos setores populares. As revistas Tellus e Substancia, publicadas na
Província de Entre Ríos por aliados de Perón, são resultados da política cultural
peronista. Contudo, as duas revistas indicam a inexistência de consenso sobre
o nacional e o popular entre os próprios peronistas, apesar de serem dois pilares
dos discursos de Perón e da primeira-dama Evita. A inexistência de consenso
aponta que Entre Ríos passava por um processo de modernização semelhante
ao da capital do país, Buenos Aires, processo que teria dado origem, nas palavras de Beatriz Sarlo, a uma “cultura de mescla”, na qual o “tradicional” e o “moderno” se combinam e se reelaboram constantemente. A implantação de uma
política cultural na província e as suas divergências internas ajuda a questionar
as imagens do atraso, da barbárie e do vazio, dentre outras, geralmente relacionadas ao interior argentino/latino-americano. Particularmente, questionam o
interior como um reduto privilegiado das propostas de Perón e Evita.
61
El concepto de marginalidad en el teatro de Juan Radrigán
Pedro Olivares Torruella
UMCE
En esta comunicación analizaremos, a partir del concepto histórico y sociológico de marginalidad, y en especial durante el régimen militar en Chile, tres piezas
de Juan Radrigán: El loco y la triste, El toro por las astas e Isabel desterrada
en Isabel. Ilustraremos con lectura dramatizada algunas escenas escogidas de
las obras.
¡No incomoden a mis gauchos! Conflito social e guerra de independência
em Salta (1814-1821)
Priscila Pereira
UNICAMP
Durante as guerras de independência no Vice-Reinado do Rio da Prata, ocorre
a mobilização de amplos setores sociais outrora marginalizados pela sociedade
colonial, os quais passam a ser vistos em uma inédita situação de protagonismo.
Neste sentido, esta comunicação pretende analisar a mobilização dos chamados “gauchos de Güemes” durante o conflito ocorrido na Província de Salta (atual noroeste argentino), entre 1814 a 1821. A identificação dos soldados-paisanos
ao conceito de “gaucho” foi empregada pelo próprio Martín Miguel de Güemes
entre o final de 1814 e o início de 1815, como uma maneira de identificar a gente
rústica da campaña que se integrava aos corpos milicianos já constituídos. Assim sendo, parece de suma importância compreender os motivos pelos quais tal
conceito, que já existia no Rio da Prata imbuído de outras conotações, é acionado no contexto das guerras de independência, para (re) definir novas identidades políticas e maneiras de pertencimento social. Quem eram os gauchos de
Güemes? Como estavam compostos? Como viviam o fenômeno da militarização
da sociedade? Que experiências políticas permitiram a transformação desses
habitantes do campo em “gauchos”? Enfim, essas e outras questões estarão no
horizonte mais geral deste estudo, que contará com as contribuições da nova
história política e sua abordagem das chamadas linguagens políticas.
62
As relações raciais no Brasil no discurso do jornal O Globo
Rachel Pereira de Mello
UnB
Com o intuito de compreender se e como o discurso do jornal O Globo, e especificamente o discurso de opinião do jornal, atualiza o discurso hegemônico
sobre as relações raciais no Brasil. Usando a Análise do Discurso como seu
instrumental metodológico, este trabalho identifica quatro estratégias discursivas
sobre as relações raciais brasileiras, desde a formação do Estado-nação brasileiro, e busca ecos e vestígios dos enunciados dessas estratégias no discurso
de opinião do jornal O Globo.
Palavras-chave: Jornalismo; análise do discurso; relações raciais.
Inferno verde: representação literária da Amazônia na obra de
Alberto Rangel
Rafael Voigt Leandro
UnB
Neste trabalho, estuda-se como a representação literária presente em Inferno
Verde (1908), de Alberto Rangel, desconstrói o mito do Eldorado Amazônico,
principalmente ao reproduzir as relações entre os homens da região e sua interação com a floresta. Para tanto, em primeiro lugar, analisa-se como a obra se
enquadra na história da literatura brasileira e qual a recepção de alguns críticos
em relação à prosa amazônica de Rangel. Em seguida, ponderam-se algumas
considerações a respeito do prefácio de Euclides da Cunha ao livro, em particular sua defesa à produção artístico-literária como método de entendimento dos
enigmas socioambientais da Amazônia. Por fim, examinam-se as narrativas de
Inferno Verde, especialmente o conto Obstinação.
63
Mary Wollstonecraft e Nísia Floresta: diálogos feministas
Raquel Martins Borges Carvalho Araújo
UnB
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma analise comparativa das obras
Vindication of rights of woman (1996), publicada em 1791, da escritora feminista inglesa Mary Wollstonecraft (1759-1797) e de Direito das mulheres e injustiça dos homens (1985), publicada 1831, de Nísia Floresta Brasileira Augusta,
pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto (1810-1885). A autora, motivada pelo
manifesto de Wollstonecraft, traça uma reflexão crítica sobre a situação da mulher em seu próprio país.
Temos como escopo somar com os esforços de vários pesquisadores para resgatar a contribuição cultural feminina no Brasil. O estudo dessas escritoras que
foram esquecidas por muito tempo devido, primordialmente, ao peso da nossa
tradição literária, conforme explica Duarte (2008) é de suma importância para
que possamos descortinar uma parte da nossa própria história que nos esteve
oculta por muitos anos.
Nísia Floresta propôs uma releitura do texto de Wollstonecraft, estabelecendo
relações intertextuais com outros textos com objetivo de fazer uma análise minuciosa da realidade do seu próprio país. Ela ousou ao recusar desempenhar o
papel de subserviente diante do império do autor e tomou as rédeas do próprio
texto modelando-o conforme sua própria realidade.
Ìtaca: ponto de chegada ou de partida?
Rita de Cassi Pereira dos Santos
Unb
A poesia contemporânea brasileira apresenta diferentes faces que se traduzem
em linguagem diversificada em que o sujeito lírico assume feições variadas. Em
Outra língua, de Henryk Siewierski, o eu lírico recria na obra a experiência do
“Eu-Tu” e do “Eu-Isso”. Ao se valer do poema-prólogo, “Itaca”, como ponto de
partida para as suas descobertas recriadas pela memória lírica e figurada por
uma viagem através de diferentes continentes, em uma linguagem aparentemente simples, entretanto densa e de um profundo lirismo. O espaço da linguagem é o vértice da relação da experiência eu-outro e eu-mundo. Todavia
essa relação por meio da linguagem se faz em uma língua não nativa e que só
se concretiza se o sujeito criador domina a outra língua sob os aspectos formais
(norma) e informais (fala). É neste último aspecto, o dinâmico da fala, onde se
encontra um pouco da alma da língua, marcada pelos modismos, clichês etc
.Além disso o sujeito criador precisa se deixar contaminar pelo espaço físico
da outra língua, não apenas percebê-lo com a inteligência, mas também com a
sensibilidade.
64
Transtextualidades:
ressonâncias e efeitos kafkianos em Por trás dos vidros, de Modesto Carone
Rita de Cássia Silva Dionísio
UnB
Franz Kafka (1883 – 1924, Áustria), escritor tcheco de língua alemã, conforme
críticos diversos, autor da mais importante obra literária do século XX, escreveu,
entre outros, A Metamorfose (1915) e O Processo (1925) – considerado a sua
obra-prima. Modesto Carone (1937 – Sorocaba, São Paulo), crítico literário,
tradutor, contista, escritor conhecido e elogiado pela crítica, publicou dois livros
de crítica literária e cinco livros de ficção, entre os quais estão As marcas do real
(1979), Resumo de Ana (1998) e Por trás dos vidros (2007), concluiu recentemente a tradução de toda a ficção de Kafka diretamente do alemão para o português. Para Carone, a sua tarefa de ficcionista está completamente relacionada à
sua atividade de tradutor e crítico literário e o conjunto da sua vida literária só se
completa com as obras de Kafka, de quem teria assimilado a linguagem enxuta,
burocrática, protocolar. Nesta comunicação, a partir do conceito de transtextualidade, de Gerard Genette, pretende-se refletir sobre as ressonâncias e efeitos
kafkianos presentes na obra Por trás dos vidros, de Carone, considerando a
influência da experiência tradutora desse como forma de atualizar e renovar a
obra literária do autor tcheco.
Leitura, necessidade; literatura, prazer
Rosa Amélia P. Silva
UnB
O papel do leitor no mundo atual distingue-se do leitor dos séculos passados,
uma vez que a atuação do homem, na pós-modernidade, se constitui pelos e
nos processos de leitura. Ler literatura, nesse contexto, revela-se uma atitude
mais elaborada, dialógica e reflexiva. Considerando a contemporaneidade como
mediadora de leituras superficiais e a necessidade humana de um resgate comportamental do leitor diante das obras literárias, essa comunicação visa refletir
acerca das leituras literárias que se realizam nesse novo contexto e quais as
características tanto das obras quanto do leitor.
Palavras chaves: Leitura, literatura, pós-modernidade, comportamento e leitor.
65
RITMOS LITERÁRIOS: a música no silêncio do poema
Robson Coelho Tinoco e Marília de Alexandria
UnB, UFG
Com o advento da pós-modernidade, as produções artísticas passaram a viver uma série de dilemas estabelecidos nas interfaces de, por ex., poesias e
músicas. Atualmente, as perspectivas que tais produções apresentam diante da
fragmentação de uma nova estética artística multifacetada, relaciona-se com os
conceitos de melopoética e literariedade. Entenda-se que uma nova identidade
expressiva, por parte de tais manifestações artísticas, cria nesse intercâmbio um
espaço privilegiado de discussão de práticas culturais situadas no ainda complexo universo cultural da pós-modernidade brasileira.
Palavras-chave:Poesia – música – sociedade – melopoética
Contadores de estórias Diadorim
Salvina Maria de Jesus
UnB
Esta comunicação visa apresentar uma experiência de leitura bem sucedida das
obras de Guimarães Rosa. Realizada em ambiente de ensino, as oficinas de leitura das obras Grande sertão: veredas e Manuelzão e Miguilin revelam o grande
desafio em decifrar o mundo pela leitura da literatura. Relatamos o processo de
crescimento do grupo que se denomina “Contadores de estórias Diadorim”, ressaltando a importância dos agentes da leitura na escola, quais sejam o leitor, o
texto literário e o autor e, sobretudo, o professor como mediador da leitura.
Palavras chaves: Leitura, literatura, Guimarães Rosa, Contadores e estórias.
66
Vozes de mulheres profissionais do sexo sobre a legalização do aborto no
seu trabalho: discurso e gênero
Sandro Xavier
UnB
Os temas desta pesquisa são tratados com muito estigma pela sociedade. Um
é a prostituição e o outro, a ação de mulheres em busca de seus direitos. É
projeto do Estado a legalização do trabalho de profissionais do sexo. A pesquisa
analisa depoimentos de mulheres que trabalham com a prostituição e avaliam
sua situação. A análise faz isso com a ferramenta da Análise de Discurso Crítica, conforme trabalhada por Fairclough (trad. 2001) e Fairclough e Chouliaraki
(1999), considerando o discurso como prática social. Há também o apoio teórico
de Mary Talbot (1998) para a questão de gênero social, afirmando que as diferenças de gênero são construídas pelo meio em que se vive. Além disso, foi
importante a compreensão da noção de agenciação, conforme Dorothy Holland
et allii (1998), segundo a qual o indivíduo reconhece sua situação e trabalha
para superá-la. Assim, os discursos se mostraram uma reprodução da prática
social em que as participantes estão situadas. O estigma à mulher, as relações
de poder, o machismo e o androcentrismo, bem como a falta de preparo da
sociedade para tratar de assuntos relacionados à liberdade sexual são temas
abordados e analisados sob a ótica da Análise de Discurso Crítica. O objetivo
da pesquisa é encontrar nos discursos das profissionais do sexo elementos de
gênero social que reproduzam o discurso machista e de controle, gerando medo
e silenciamento.
Representação da solidão na literatura: um estudo de O Homem Duplicado
–Saramago -, e de Afirma Pereira - Tabucchi.
Sena Siqueira
UnB
Este trabalho propõe um estudo, com base na teoria das representações sociais,
da representação da solidão em duas obras literárias: O homem duplicado, de
José Saramago, e Afirma Pereira, de Antonio Tabucchi. É considerada especificamente a solidão de Tertuliano Máximo Afonso, em Saramago, e de Pereira,
em Tabucchi. O estudo da solidão, com a finalidade de compreender o estado
de solidão das personagens analisadas, se dará com base em vários pensadores que têm refletido sobre a condição do homem em relação a si e ao outro.
A vida privada ou pessoal sem a alteridade e a vida pública ou social, que inclui
a presença do outro.
Palavras-chave: Solidão. Representação. Representações sociais. Literatura.
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Jean Racine e Paulo Coelho: dois contextos históricos divergentes e uma
mesma estratégia literária
Sidney Barbosa
UnB
Entre projeto e realização, o “bom” artista é aquele que consegue, superando
as adversidades técnicas e contextuais, inclusive biográficas, a realização de
sua obra atingindo esteticamente os objetivos a que se propõe. No entanto, em
literatura não bastam criatividade, originalidade e expressão perfeita. Há que se
auscultar as demandas estéticas e temáticas do público leitor e da sociedade
em geral, fatores determinantes de preferências e tendências. Jean Racine, em
tudo inovador, no seu contexto do século XVII e Paulo Coelho, na conjuntura
pós-moderna - final do século XX e início do século XXI - demonstraram grande
competência na produção de suas obras concernente a esse aspecto. Note-se,
por exemplo, a acuidade refinada de ambos para adotar linhas de atuação artística, no caso de Racine o teatro como centro das atividades sociais aristocráticas
e no caso de Coelho, o romance de auto-ajuda para consolo particular das dores
pós-modernistas. Em suma, objetiva-se mostrar o diálogo que esses autores
entabularam com suas épocas, via literatura e o sucesso que daí obtiveram.
La Geografía en el aula escolar del siglo XXI
Silvia Cortés Fuentealba
UMCE
El presente trabajo tiene como propósito manifestar algunas características de
la enseñanza de la Geografía en el aula escolar y cómo éstas han ido quedando
obsoletas debido al cambio acelerado del conocimiento, al avance tecnológico
y de la investigación geográfica. También pretende analizar la situación de esta
disciplina en el ámbito de la educación y cómo pese al esfuerzo realizado a
través de la investigación, del avance de la enseñanza en el nivel superior aún
tiene amenazada su identidad.
Situación preocupante por cuanto significa, entonces, que estos avances no han
sido escuchados por el sistema escolar ni tampoco por la sociedad.
68
Redes sociales y noticias en la web
Discursos en el aula de lenguaje
Teresa Ayala Pérez
UMCE
La compleja articulación actual de diferentes tipos de textos constituye lo que
Martín Barbero (2000) llama el ecosistema comunicativo, que incluye a los libros,
cómics, videos y, sobre todo, los hipertextos, cuya lectura es parte de la actividad
cotidiana de millones de personas en el mundo que se comunican entre sí a
través del correo electrónico, Facebook, Twitter, Skype, foros y blogs. Las redes
electrónicas sociales son, al mismo tiempo, redes de información que unen a
millones de personas en torno a temas determinados. Desde esta perspectiva,
la enseñanza del lenguaje, atendiendo a su tarea respecto a la comprensión y
producción de discursos, tiene una magnífica fuente de materiales para la aplicación de actividades pedagógicas, tanto en la lengua materna como la lengua
extranjera, tanto en sus planos lingüísticos, discursivos como también comunicativos. En el presente trabajo se intenta reflexionar sobre el hipertexto, las
comunidades virtuales en la web y su aplicabilidad pedagógica.
Donjuanismona Pós-modernidade
Maria Veralice Barroso e Wilton Barroso Filho
UnB
No conjunto da obra romanesca de Milan Kundera, don Juan emerge nas primeiras páginas do primeiro livro: A Brincadeira-Zert. A presença ostensiva da figura
jusnesca na narrativa kunderiana é o que nos permite tratá-la enquanto fundamento epistemológico para a compreensão das análises e reflexões acerca da
condição humana no presente ou como diria o autor, nos “Paradoxos Terminais
do Mundo Moderno”. Nesse sentido, o presente estudo objetiva promover o debate acerca das questões que perpassam a obra de Milan Kundera as quais tem
como fio condutor a figura mítica de don Juan.
69
A internet e o ensino de línguas: um caminho para a interculturalidade na
construção identitária do estudante de letras?
Wellington Marinho de Lira
UFRPE/UAG
Com os efeitos da globalização promovidos pela internet, as escolas, universidades e docentes tiveram que mudar seus modos de transmissão de conhecimento para se adaptarem a uma nova realidade representada por essa nova
geração de alunos e estudantes de nível superior que estão em sala de aula. Em
nossas universidades os cursos de Letras não ficaram alheios a esta mudança.
Desde o inicio da década, mudanças drásticas nas grades curriculares foram
realizadas seguindo algumas orientações e diretrizes do MEC. Analisando esses
fatos resolvemos fazer um estudo sobre a influência dos conteúdos interculturais veiculados pela internet na formação identitária do aluno de Letras. Essa
pesquisa, que atualmente está em vias de implementação, analisa nove cursos
de Letras em todo o Estado de Pernambuco. Destes, três estao localizados na
Região Metropolitana do Recife, três na região Agreste do Estado e mais três na
região do Sertão. Os resultados parciais nos apontam algumas surpresas nas
análises feitas. Outros dados entretanto, já eram por nos esperados. Pretendemos ao final da pesquisa, traçar um perfil identitário do estudante de Letras em
nosso Estado e verificar até que ponto os conteúdos interculturais da internet
contribuíram para a formação deste perfil.
Discursos cruzados: negritude e miscigenação na América contemporânea
Zélia M. Bora
UFPb
Múltiplos tem sido os discursos sobre a construção da identidade negra nos
Estados Unidos. Dos anos sessenta até o presente, os resultados dessas construções são perpassados por diversas linguagens e perspectivas dentro da
própria comunidade negra,
visando sobretudo, o estabelecimento de uma relação menos conflituosa entre a
nação e seus sujeitos. Em nossos dias, quando observamos as novas relações
raciais que se desenham nos Estados Unidos desde a posse do presidente
Barack Obama, temos a impressão que a mídia norte-americana vem dando
ênfase demasiada ao discurso da miscigenação, representada pela própria imagem emblemática do jovem presidente e a dos seus eleitores. O que realmente
está acontecendo? Estariam os Estados Unidos apropriando-se de traços caracteristicamente brasileiros ao adotarem um aparato conceptual que é para nós
tão comum e ao mesmo tempo tão caro?. Sob esse prisma, desenvolveremos
uma discussão que objetiva investigar, com base nas postulados do sociólogo
Robert Allen, os fundamentos axiológicos que podem explicar as engrenagens
discursivas desse complexo processo de subjetividade. Nossas reflexões partem, especialmente, do célebre artigo Barack Obama and the Children of Globalization, compilado pelo referido estudioso e partir dele, esboçamos a nossa
visão sobre esses acontecimentos.
70
MESAS TEMÁTICAS
Revisão da classificação interna da família tupi-guarani
Coordenador: Antônio Augusto Souza Mello, UnB
Participante:
Andreas Kneip, UFT
A família lingüística Tupi-Guarani é composta por cerca de quarenta línguas
com uma vasta distribuição na América do Sul. Apesar da sua grande dispersão
geográfica, trata-se de um conjunto de línguas bastante coeso. A classificação
interna mais considerada é a de Rodrigues (1985), porém, com o crescimento
do volume de documentação dessas línguas nos últimos vinte e quatro anos, podemos revisá-la considerando novos parâmetros. Novas mudanças fonológicas
foram estudadas e consideradas para classificação interna, como as mudanças
vocálicas. Estas fortalecem certos nós da classificação, e sugerem mais divisões
dos subconjuntos de Rodrigues. Mudanças lexicais são também consideradas.
Em um intervalo de tempo relativamente curto para tamanha dispersão, a classificação interna reflete bem as cisões e os movimentos populacionais dos protopovos Tupi-Guarani.
Mesa Temática Identidade e gênero
Coordenação: Cíntia Schwantes - UnB
A questão das identidades foi objeto de intensa discussão acadêmica dentro dos
estudos multiculturais, que partem do pressuposto de que nenhum fenômeno
complexo, composto por múltiplas variáveis, pode ser analisado partindo-se de
uma variável apenas. Dessa forma, a questão da identidade passa a ser discutida em seus aspectos múltiplos, de inserção de classe, etnia, gênero, opção sexual, etc. as comunicações dessa mesa temática debruçam-se sobre formações
identitárias que partem do dado de gênero e se imbricam com outros dados.
71
Narrativa de formação e identidade nacional em O vôo da arara azul
Cíntia Schwantes
UnB
Historicamente, as narrativas de formação ligam-se à ascensão da burguesia
como classe dominante. Resgatadas durante o Romantismo, não é incomum
que questões de identidade nacional permeiem essas narrativas. Embora tais
questões se tornado menos relevantes nos séculos subseqüentes, em algumas
narrativas de formação do século XX, notadamente em paises latino-americanos, ainda podemos encontra-las. É o caso de Don Segundo Sombra e de Menino do engenho, por exemplo. Mais contemporaneamente, O vôo da arara azul,
de Maria José Silveira, narra a formação de seu protagonista, o adolescente
André, durante os anos de chumbo da ditadura militar. Embutida na questão do
resgate da historia recente do pais, encontramos a questão do projeto de Brasil
defendido pelas esquerdas, e por essa via, de uma identidade nacional pretendida e defendida por elas. André passa por experiências formadoras – primeiro
amor, primeira perda, uma educação informal em problemas brasileiros – tendo
como pano de fundo as ações da guerrilha e o terrorismo de Estado. Seu eventual envolvimento é um momento crucial de sua formação, não só pessoal, mas
também como membro de uma comunidade atingida por periódicos surtos de
ditaduras, algo que o Brasil tem em comum com os outros paises do Cone Sul.
Destinado a um público infanto-juvenil, o livro foi premiado pela Secretaria de
Estado de Cultura de São Paulo, e apresenta um fac-símile de documento da
época.
Palavras-chave: romance de formação, identidade nacional, literatura brasileira
contemporânea.
Ponciá Vicêncio – identidade formada na dor
Marly Jean Araújo Pereira Vieira
Sec. Educação-DF
O trabalho se propõe a fazer uma leitura interpretativa do romance Ponciá
Vicêncio, de Conceição Evaristo, apontando as convenções que fazem dele um
romance de formação. Este gênero narrativo é um contributo específico da literatura alemã que com o tempo foi sendo apropriado pela escrita feminina em
vários sistemas literários e vem servindo como espaço para a afirmação de uma
identidade de gênero. Essa apropriação promove uma releitura desse gênero,
em relação ao paradigma tradicional, que é tanto revolucionária, pois retira o
feminino de uma posição secundária, quanto subversiva, pois promove uma verdadeira revisão do gênero passando a refletir o ponto de vista, os anseios e
especificidades do feminino. Outro aspecto a ser abordado é o processo de subjetivação por que passa a protagonista. Para tanto serão destacadas superfícies
discursivas que indiquem os valores e sentidos que normatizam a constituição
do sujeito feminino. Não só a questão de gênero marca a trajetória da protagonista em busca de uma afirmação identitária, mas também questões ligadas à
etnia e à classe. Não será sem dor que Ponciá percorrerá o caminho para a
afirmação do eu.
Palavras-chave: Bildungsroman, literatura, mulher, identidade
72
A amnésia no campo minado:
O papel do esquecimento na literatura brasileira de autoria feminina
Adelaide Calhman de Miranda
UnB
Esse trabalho analisa a falha da memória na literatura brasileira contemporânea
de autoria feminina nos romances Rakushisha, de Adriana Lisboa, Coisas que
os homens não entendem, de Elvira Vigna e A matemática da formiga, de Daniela Versiani. O esquecimento das protagonistas muitas vezes é um estímulo para
o resgate da lembrança e para a reconstrução da história. Essas imagens sugerem um movimento transgressor de revisão do cânone e de desconstrução de
seus valores considerados universais. Uma das dificuldades enfrentadas pelas
escritoras brasileiras ainda hoje se deve à ausência de uma tradição literária
de obras de autoria feminina. Outra diz respeito a um campo literário que desvaloriza a literatura escrita por mulheres, designado por Annette Kolodny como
o “campo minado”. No Brasil, a subordinação das mulheres faz parte de um
projeto de nação que contou com o apagamento de todos os tipos de opressão,
segundo Rita Terezinha Schmidt. Cabe indagar se as obras das escritoras se
apropriam dessas ausências históricas para subverter as noções de história e de
sujeito encontradas nas narrativas oficiais. Assim, o esquecimento sintomático
das protagonistas ultrapassaria as dimensões individuais e possibilitaria uma
reconfiguração das relações de poder e de suas representações.
Palavras-chave: gênero, literatura brasileira contemporânea, autoria feminina,
teoria feminista
A Identidade de Gênero Gótica em A Sauna de Lygia Fagundes Telles
Lorena Salles dos Santos
UnB
No conto A Sauna de Lygia Fagundes Telles, um pintor de meia-idade, tendo
alcançado certa consagração, narra em retrospecto sua trajetória de vida que o
levou à posição profissional na qual se encontra e a forma como, durante essa
trajetória, usou as mulheres que passaram em seu caminho como instrumentos
que lhe permitissem ascensão ou objetos que lhe proporcionassem diversão
ou escape. Valendo-se da Teoria Polissistêmica de Itamar Even-Zohar e dos
estudos de gênero na Literatura Gótica realizados por Julian E. Fleenor, entre
outros, o presente artigo tenciona explorar a visão da mulher brasileira contemporânea pelos olhos do Narrador/Personagem, apresentando as aproximações
e distanciamentos dessas personagens com as heroínas dos romances góticos,
além de observar o papel do masculino em relação a essas mulheres sob essa
mesma ótica.
Palavras –chave: Gênero, Romance Gótico, Polissistema Literário, Literatura
Brasileira.
73
A amnésia no campo minado:
Tessituras de marcas de identidade: uma leitura de As Mulheres de Tijucopapo
Alexsandra Ferreira
Sec. Educação-DF
O objetivo desta comunicação é apresentar uma análise da multiplicidade do
sujeito feminino no romance As mulheres de Tijucopapo, de Marilene Felinto.
Tal análise verificará que o ser mulher mostra-se em diversas dimensões, tal
como um mosaico: como negra, pobre, empregada doméstica, mãe, esposa,
filha, amiga, revelando arcaicas e novas formas de dizer/fazer/ saber femininos.
Neste sentido, as referências identitárias aludem não apenas a aspectos fenótipos e ao lugar ocupado na estrutura de classes, mas também a um complexo
conjunto de elementos relacionados aos modos de vida e a valores, crenças e
práticas sócio-culturais.
Palavras-chave: gênero, identidade, feminismo.
Mesa-temática Grupo Vozes Femininas
Coordenadora: Cristina M.T.Stevens, UnB
Títulos dos trabalhos:
Figurações da morte na literatura de autoria feminina
Cristina M.T.Stevens
UnB
O presente trabalho objetiva fazer um breve panorama da representação literária
da morte de personagens femininas, a partir de textos da literatura clássica (As
Troianas, de Euripides e Antígona, de Sófocles), passando por obras canônicas
(Otelo, de Shakespeare, Dom Casmurro, de Machado .de Assis, por ex.) - onde
os homens são sujeitos desse discurso hegemônico até a contemporaneidade,
quando a mulher não é apenas objeto da narrativa masculina. Focalizaremos
a mudança radical de tratamento desta temática, quando a mulher assume a
posição de sujeito dessas inovadoras construções discursivas. Ênfase nas obras
Três Guinéus, de Virginia Woolf e Reader, I Married Him, da escritora inglesa
contemporãnea Michele Roberts. As duas obras abordam o tema da violência
como denúncia à dominação masculina e crítica ao sexismo na produção do
conhecimento e estruturação dos valores sociais.
74
A representação da maternidade no romance Adam Bede, de George Eliot
Janaína Gomes Fontes
UnB
A escritora inglesa Mary Ann Evans, mais conhecida pelo seu pseudônimo
George Eliot, é uma escritora importante na literatura inglesa do século XIX e, ao
contrário de outras autoras, obscurecidas no processo de formação do cânone
patriarcal, recebeu atenção do público e da crítica literária. Em seus romances,
encontra-se, de forma frequente, a representação da sociedade de sua época,
e tamanha é sua preocupação com a trama social que seus romances têm recebido importância sociológica. No entanto, embora muito se comente sobre
as relações sociais representadas em seus romances, o foco quase nunca se
volta para suas personagens femininas, pelo menos não sob a perspectiva das
próprias mulheres, muitas vezes ricamente delineadas nos enredos. Mais particularmente, a temática da maternidade, a qual identifico como um tema constante em sua produção ficcional, não tem sido explorada. George Eliot, que optou por não ter filhos, retrata mães em diversas situações, apresentando desde
aquelas mulheres que exercem o papel de mães tradicionais, até mulheres que
se tornam transgressoras dos valores da época, que desafiam o papel da mãe
tradicional. A atual apresentação tem como objetivo analisar a representação da
maternidade em um de seus romances, Adam Bede, de 1859, onde a temática
da maternidade está fortemente presente, sob a perspectiva dos estudos de
gênero.
Essa espécie envergonhada- a mulher lésbica nos romances Duas iguais,
de Cintia Moscovich e Uma sombra na parede, de Josué Montello.
Maria da Glória de Castro Azevedo
UFT
A mulher na literatura, durante séculos, foi uma construção do olhar masculino.
Sua voz e seus valores representam os valores da sociedade patriarcalista sobre a condição feminina. A mulher lesbiana ainda é pensada sob a perspectiva
heteropatriarcal em muitas narrativas cujo tema amoroso gira em torno de duas
mulheres, sendo as protagonistas mulheres envergonhadas e silenciadas que
abdicam a vivência amorosa. Nesse sentido, meu trabalho tem como objetivo
analisar dois romances contemporâneos, cujas protagonistas são mulheres lesbianas, Duas iguais, de Cinthia Moscovich e Uma sombra na parede, de Josué
Montello. A metodologia que utilizei foi a leitura do corpus aplicada à fundamentação teórica pertinente ao tema. Os resultados desse estudo apontam para
uma literatura cuja matriz da sexualidade ainda está subordinada aos valores da
heteronarratividade, não obstante a mulher ter adquirido agência e voz na narratividade. A discussão a que me proponho é a de que a literatura de temática
lesbiana ainda é uma literatura de punição.
75
Literatura contemporânea em língua inglesa e metaficção historiográfica
Wiliam Alves Biserra
UnB
História é o mesmo que passado? Quantas versões existem para um mesmo
acontecimento? Literatura e História são áreas totalmente distintas, pois o historiador deve basear-se em fatos, fontes confiáveis, documentos irrefutáveis; já
o ficcionista, não. Será? Esta comunicação busca questionar as fronteiras entre
os fragmentados discursos historiográficos e literários, para pensar novas possibilidades, usando como corpus alguns romances da literatura contemporânea
em língua inglesa. A metaficção historiográfica defende a idéia de ir além dos
binarismos e velhos fetiches, por uma literatura plural de uma história do possível. Esse pensamento permite uma nova abordagem da história das mulheres,
abrindo espaço para suas singularidades e, ao mesmo tempo, multiplicidades. A
literatura intensifica e realiza, a seu modo, os possíveis da história.
Mesa temática
Memória, linguagem e Identidade:
uma construção contemporânea
Coordenadora: Elga Pérez Laborde, UnB
O Grupo de Pesquisa de Literatura Latino-Americana Contemporânea apresentará os resultados parciais de seus trabalhos. Nesta mesa serão abordados
alguns dos elementos constitutivos da identidade e sua representação na literatura, como possibilidades de linguagens e de imaginários sociais. As propostas
pretendem mostrar a presença da memória e do exílio como parte dessa identidade em suas variadas formas no tempo e no espaço sócio-histórico.
Títulos dos trabalhos:
Identidade, memória e exílio na literatura Latino-americana
Elga Pérez Laborde
UnB
A relação entre literatura e identidade tem sido considerada no âmbito latinoamericano por grandes escritores, críticos e pesquisadores: Martí, Vallejo, Oswaldo e Mário de Andrade, Carpentier, Astúrias, Cortázar, Cardenal, Arguedas,
García Márquez, Vargas Llosa, Isabel Allende e outros autores, que desde o
exílio interior e/ou exterior reconstruíram e recriaram os diversos e variáveis perfis biológicos, históricos, culturais e ambientais que definem a unidade do continente e seus conflitos. O papel do exílio na produção literária e no resgate do
nacional dentro do contexto latino-americano.
76
Memória, infância e meio social: um grande jogo nos contos de Luis Britto
García
Monique Leite Araújo
UnB
O resgate do “eu”, através das lembranças dos jogos na infância e da vontade
de conservar bons momentos no lugar onde se encontram, surge entrecortado
pela dura realidade enfrentada pelos personagens e traz à tona suas vulnerabilidades. É esta uma das muitas provocações que podemos encontrar na obra
Rajatabla, do escritor venezuelano Luis Britto García (1940- ).
Fiz a seleção de três dos 73 contos dessa obra ganhadora do Prêmio Casa das
Américas em 1970, titulados Helena, Juegos de la Infancia e Distancia por possuirem um estilo narrativo fragmentado, tecido por meio de resgates, mostrando
uma realidade de miséria, opressão e violência, própria do cenário cotidiano da
Venezuela da década de 60, em que paradoxalmente, condições existenciais
precárias são vistas dentro da normalidade. Os contos são analisados intertextualmente, a partir do uso de algumas reflexões de Walter Benjamim sobre a
memória e da presença do jogo na obra Rayuela, de Julio Cortázar.
62 Modelo para Armar e caminhos diferentes para compreender: Uma
análise
hermenêutica da obra de Júlio Cortázar
Luciana Arruda
UnB
Este trabalho tem por objetivo discutir e pôr em evidência o conceito de jogo na
literatura numa análise a partir da obra “62 Modelo para Armar” de Júlio Cortázar
tendo como referencial teórico metodológico a Estética da Recepção de Wolfgang Iser em seu livro intitulado “O Fictício e o Imaginário”. Trata-se de uma
discussão inicial que traz resultados iniciais de pesquisa de um projeto mais
amplo em andamento do Grupo de Estudos de Literatura Latino-Americana Contemporânea da Universidade de Brasília – UNB desenvolvido no Departamento
de Pós-graduação em Literatura. A intenção primeira é se fazer perceber como o
conceito de jogo em Wolfgang Iser se realiza a partir da construção literária e se
estende entre leitor e texto para significar possibilidades de compreensão. Nessa perspectiva, perceber a relação hermenêutica permanente, na construção
de sentidos, a partir de modos específicos de leitura produzida pela linguagem
literária na complexa relação entre realidade e ficção.
Palavras Chaves: jogo – texto – leitor – hermenêutica
77
Mesa temática
Memória, linguagem e Identidade:
uma construção contemporânea
Coordenadora: Maria de Nazaré Fonseca Corrêa, UnB
Uma leitura benjaminiana da poesia de Mario Benedetti
Maria de Nazaré Fonseca Corrêa
UnB
Na poesia do escritor uruguaio Mario Benedetti, Literatura, História e Memória se
entrelaçam na escrita alegórica de fatos sociais e políticos – que tiveram lugar
durante o regime ditatorial no Uruguai (1973-1985).
Sabe-se que os relatos das barbáries praticadas pelas ditaduras na América
Latina constituem grande parte da literatura-testemunho produzida nesse continente nos últimos trinta anos. Esses textos ajudam a completar os espaços em
branco da história e da memória oficiais, e o poeta, na contramão do discurso
hegemônico, também é um narrador dos acontecimentos. Nessa narração,
memória e esquecimento se alternam e se combinam, são faces da mesma
moeda.
O compromisso social e político do escritor Mario Benedetti (1920-2009) sempre
foi público e é incontestável que ele nunca se omitiu. Sua extensa e diversificada
produção intelectual – que inclui mais de 80 títulos traduzidos para vinte idiomas
– é um testemunho dessa postura ativa e crítica a serviço da não ocultação do
discurso dos oprimidos, dos exilados, dos torturados.
A força feminina no conto El más olvidado del olvido, de Isabel Allende
Augusto Rodrigues de Lima
UnB
Este trabalho reflete sobre os elementos do conto El más olvidado del olvido,
de Isabel Allende, que confirmam seu compromisso com a questão da mulher
na sociedade e na história da América Hispânica. Isabel Allende, no momento
pós-boom da literatura hispano-americana, traz para a literatura a narrativa de
mulheres dotadas de uma força ativa que contraria os ditames do patriarcado,
seja nas relações amorosas, seja na performance diária.
O conto em questão compõe o livro Cuentos de Eva Luna, de abril de 1990. O
livro, além de abordar diretamente o horror da ditadura militar chilena instaurada
em 1973, mostra a propriedade que a autora tem ao dar voz a mulheres que
extrapolam o lugar que lhes é reservado pela divisão dos papéis sexuais.
Levando em conta os conceitos de história, memória e feminismo, este trabalho
busca relacioná-los entre si. Tal imbrincamento será analisado a partir, principalmente, do próprio texto e fará um diálogo com tais conceitos cunhados por
Walter Benjamim e María-Malagros Rivera.
78
A Intertextualidade em Borges e os Orangotangos Eternos de Luis Fernando Veríssimo
Iara Carneiro Tabosa Pena
UnB
Esse artigo tem a finalidade de apresentar a obra Borges e os Orangotangos
Eternos de Luis Fernando Veríssimo, como um texto artisticamente concebido e
a sua relação com um imenso labirinto de outros textos. Para pensar na obra de
Veríssimo, tomamos as discussões propostas por Gerard Genette em seu livro
Palimpsestos.
Pensando aqui no leitor como co-participante da obra de arte literária e, por isso,
como participante ativo da realização de significação e sentido do texto para
sua, então, autonomia artística, Luiz Fernando Veríssimo inova o papel do texto
dentro da literatura brasileira a partir das variadas pistas dadas pelo narrador do
texto para materializar uma leitura específica de sua obra intitulada Borges e Os
Orangotangos Eternos, lançada em 2000 pela Companhia das Letras.
Em seu livro Palimpsestos, Gérard Gennete define as relações intertextuais de
textos literários como transtextualidade de onde derivam os conceitos de intertextualidade, paratextualidade, metatextualidade, arquitextualidade e hipertextualidade. Abordaremos na narrativa de Veríssimo os seguintes conceitos: intertextualidade, metatextualidade e hipertextualidade, considerando que as relações
intertextuais são o alicerce para o desenrolar do enredo na obra de Veríssimo,
Genette nos diz que essas relações intertextuais se realizam numa obra como
um pergaminho “cuja primeira inscrição foi raspada para se traçar outra, que não
a esconde de fato, de modo que se pode lê-la por transparência”(GENNETE,
2006). Em Veríssimo é fácil perceber como isso funciona. A obra Borges e os
Orangotangos Eternos representa-se como o pergaminho de que nos fala Genette e sua narrativa é, essencialmente, realizada da relação de um texto e outro
tendo como base maior os contos de Jorge Luis Borges e Edgar Allan Poe.
Mesa-Temática Osman Lins
Coordenadora: Francismar Ramírez Barreto, UnB
Títulos dos trabalhos:
Onde se conciliam o arisco e o verbo: criação e intertextualidade em Osman Lins
Elizabeth Hazin
UnB
Em 1973, ano de publicação de Avalovara, Osman Lins defendeu tese de doutoramento sobre o espaço romanesco em Lima Barreto, o que significa que ambos
os trabalhos – acadêmico e literário - correram paralelos, tornando a bibliografia
por ele compulsada para a fatura do primeiro de imensa importância para a
compreensão do segundo.
79
A idéia deste trabalho é anunciar o projeto que pretende fazer o mapeamento de
autores citados pelo escritor não apenas na bibliografia de sua tese, mas também nas entrevistas que concedeu ao longo de sua vida e que estão publicadas
no livro Evangelho na Taba, bem como daqueles de cujos textos foram extraídas as epígrafes do romance estudado, a fim de – em um segundo momento
– considerar a sua importância para a fatura de Avalovara, e em que medida aí
comparecem como modelo.
Tal Osman qual Brasil: Avalovara e os anos de autoritarismo
Adriana de Fátima Barbosa Araújo
UnB
Nesta comunicação, investigo a inserção do romance Avalovara (1973), do escritor pernambucano Osman Lins, no panorama da literatura pós-64. O controle
da informação naqueles anos investe a produção literária de uma saída para
a censura e a opressão ditatorial. O veio produtivo da nossa literatura nessa
época, como indicou Flora Sussekind, apresentava duas notas nuanceadas,
ambas pautadas pela referencialidade: uma optou pela linguagem cifrada e imagética, outra pela senda naturalista e descritiva. Osman não fez uma opção, ao
mergulhar em todas as possibilidades que então estavam disponíveis, constrói
uma obra ímpar, surpreendente síntese da dialética de seu momento histórico.
O côncavo e o convexo na superfície do mundo
Francismar Ramírez Barreto
UnB
São muitos os sentidos que a idéia de viagem assume em Avalovara: de uma
personagem a outra, seguindo as linhas narrativas [ou não], de cidade em cidade, de um a outro tempo. Este trabalho imaginará um diálogo entre A viagem
e o rio [reflexão que Abel, protagonista deste romance, deseja publicar]; a
excursão que Julio Cortázar e Carol Dunlop relatam em Los autonautas de la
cosmopista [cujo epígrafe provém do livro de Abel] e algumas anotações feitas
por Osman Lins em Marinheiro de primeira viagem. De alguma forma, os três
ensaios se conectam e fazem pensar na arte de narrar, no conhecimento que
veicula a experiência além mar e na percepção de um tempo passado. Estas,
aliás, são algumas das considerações que Walter Benjamin discute no ensaio
sobre a obra de Nikolai Leskov.
80
O salto do peixe
Ludmilla Alves
UnB
O vasto universo do pensamento humano é permeado de mistério. Nas tentativas do homem de alcançar a compreensão de si e do mundo que o atravessa e
o cerca, sobressaem as interrogações. Fazendo um mergulho – ainda que em
águas rasas – em algumas considerações acerca da existência, dos chamados
instantes em que se experimenta o despertar para a vida e a consciência e, à
luz de Gaston Bachelard, dos devaneios e imaginações da matéria, este trabalho propõe trazer à tona uma imagem literária que condensa e, em sua força
poética, amplia estas noções: entre as páginas do romance Avalovara, de Osman Lins, acontece e ecoa o salto de um peixe.
Literatura e Artes Plásticas na vida e obra de Osman Lins
Elisabete Marin Ribas
USP
Osman Lins, ao ser convidado a assumir a cadeira de Literatura Brasileira na
Faculdade de Marília, atual UNESP, propõe a seus alunos um curso extra-curricular, audiovisual de História da Arte, pois, segundo o escritor-professor, a formação em Letras necessitava de conceitos básicos na área de artes plásticas
para seu pleno desenvolvimento. Tal curso, gravado em fitas k7 pelo escritor,
hoje salvaguardadas pelo Instituto de Estudos Brasileiros, é composto de aulas
audiovisuais que usavam o recurso de slides de imagens e de trilha sonora,
acompanhando a explanação narrada por Osman Lins, de forma que as sessões
eram ricas em estímulos sensoriais diversos. Esse material foi reconstituído por
esta pesquisadora através da transcrição do seu áudio e da recuperação das
imagens e trilha sonora utilizadas. Apesar de formar um corpus autônomo em relação a obra do escritor, curso e obra travam um diálogo. Assim como Literatura
e Artes Plásticas estavam presentes em sua sala de aula, na obra Avalovara,
escrita no mesmo período das aulas encontramos o intercâmbio entre as duas
linguagens. Como que assistindo uma aula póstuma, a pesquisadora reorganizou as peças de um mosaico bizantino ou de um vitral gótico. Professor, escritor
e crítico de arte se mesclam em uma única atividade.
81
A obra de ficção e a crítica de Osman Lins: paralelos e diálogos
Rosângela Felício dos Santos
USP
Acreditando que a produção crítica de Osman Lins, relativa à fase que antecede o início da elaboração de sua ficção já madura e mais inovadora, possa
estabelecer com esta diálogos referentes a reflexões, ideais estéticos e marcas
estilísticas, é que se pretende, nesta comunicação, a partir de uma leitura ainda
embrionária, tecer os primeiros paralelos vislumbrados por meio de uma leitura
analítica comparada entre os textos críticos de Osman publicados no jornal O
Estado de S. Paulo, de 1956 a 1961, e sua obra de ficção a partir de Nove, Novena (1966).
Mesa Temática
Léxico e gramática na perspectiva histórica
Coordenadora: Enilde Faulstich
Um dicionário diz o quê?
Enilde Faulstich
UnB
À luz de alguns critérios de descrição do léxico em dicionários, procurar-se-á
demonstrar se, ao longo da produção lexicográfica portuguesa, o método usado
pelos dicionaristas é suficiente para distinguir dicionário etimológico de dicionário
de história das palavras. Etimologia e história das palavras, em verbetes canônicos, seguem preceitos, como, de um lado, a indicação do significado que a palavra traz da origem, e, de outro, significados de uso em confronto com outras
línguas românicas. Os dicionários de Viterbo (1798), de Moraes Silva (1813), de
Silva Pinto (1832), de Vieira (1871), de Coelho (1890?), de Candido de Figueiredo (1913), de Silva Bastos (1928), de Nascentes (1932), de Freire (1939-40), de
Machado (1952), de Macedo Soares (1954), de Silveira Bueno (1968), de Aulete
(ed. 1970) de Aurélio (1975 e 2004) (e de Houaiss (2001 e 2009) são algumas
das obras que passaram por nossos estudos, desenvolvidos no projeto Política
lingüística em correlação com a História da Língua Portuguesa, que investiga,
entre outros, a formação e a (re)construção do léxico em sincronias distintas e o
registro nos dicionários brasileiros.
82
Orações reduzidas completivas – o infinitivo (flexionado) no português arcaico
Heloisa Salles
UnB
No presente estudo examina-se a sintaxe de orações completivas reduzidas de
infinitivo (flexionado) no português arcaico. A hipótese que orienta o trabalho é
a de que o infinitivo flexionado não tem manifestação em contexto de correferência do sujeito com algum termo da oração principal (Obrigou os meninosi [a
Øi comer(*em) o bolo]). Nesse sentido, a manifestação do infinitivo flexionado
implica a existência de um sujeito lexicalmente expresso, ou de uma categoria
pronominal (nula ou não), com referência independente (disjunta) (O professori
lamentou [estarem (os meninosj) dormindo]). A ocorrência do infinitivo flexionado
em contexto de correferencialidade é considerada um desenvolvimento posterior. Diante disso, propõe-se que, no português arcaico, a distribuição do infinitivo
pessoal e impessoal determina configurações distintas para o sujeito da oração
subordinada, as quais se definem respectivamente em termos da projeção da
posição sintática de sujeito em oposição à ausência dessa projeção sintática.
Reflexões sobre métodos e adequações teóricas
para tratamento do léxico em perspectiva histórica
Américo Venâncio Lopes Machado Filho
UFBA
É a lexicografia histórica − malgrado o pouco esforço que se emprendeu na elaboração de glossários e vocabulários − uma área relativamente nova entre as
ciências do léxico e, por isso mesmo, demanda que se estabeleçam metodologia
e fundamentação teórica adequadas para o melhor aproveitamento dos dados
lexicais. Considerando-se que as características específicas dos textos antigos,
sobretudo dos medievais, têm, de certa forma, obliterado a utilização plena dos
preceitos metodológicos da lexicografia moderna e dos recursos de programas
informáticos, nomeadamente no que se relaciona com a variação gráfica dos
vocábulos, pretende-se com este trabalho apresentar algumas reflexões sobre
os métodos e adequações teóricas com que se tem trabalhado no tratamento do
léxico, no sentido da composição de dicionários históricos, tomando por base
a metodologia de verve inovadora, desenvolvida para a elaboração do Projeto
DEPARC (Dicionário Etimológico do Português Arcaico).
83
Mesa-temática
A (trans) formação inicial de educadores de línguas na contemporaneidade:
Crenças, Ideologias e Identidades
Coordenador: Kleber Aparecido da Silva, UnB/UNESP
Títulos dos trabalhos:
A (trans) formação inicial de educadores de línguas no projeto “Teletandem
Brasil: Línguas Estrangeiras para Todos”: As faces e interfaces digitais
Kleber Aparecido da Silva
UnB
A sociedade brasileira está em processo de digitalização e/ou de (trans) (multi)
letramentos digitais. Por esta razão, a oferta e a procura por cursos ou programas que utilizem interfaces tecnológicas em situação de ensino-aprendizagem e de (trans) formação inicial e/ou contínua de professores de línguas têm
sido marcadamente crescentes (cf. Freire, 2009, Vieira-AbraHão, 2009), sendo
necessário que o profissional de línguas, delimite e atravesse as fronteiras digitais, e isto só será possível por meio das práticas de letramento(s) digitais múltiplos (cf. ROJO, 2009, 2005).
Para corresponder a esta caracterização do mercado de trabalho, Freire (2009,
p 53) afirma que “(...) o professor de línguas se vê diante da necessidade de associar a formação tecnológica a lingüística, para que possa incluir/excluir o computador em sua prática docente, no momento adequado e de forma pertinente”
.No entanto, conforme enfatizado por diversos estudiosos da Lingüística Aplicada (doravante LA) e/ou áreas afins (Telles, 2009; Vieira-Abrahão, 2009; Silva,
2008; Araújo, 2007; Telles & Vassallo, 2006; Vassallo & Telles, 2006; dentre
outros), em sua (trans) formação inicial, nem sempre os professores vivenciam
atividades instrucionais mediadas pelo computador, e, mesmo quando isto acontece, conforme corroborado por FREIRE (2009, p. 53), “poucas são as chances
de discutir o potencial dessa ferramenta e de seus contextos de aplicação, uma
vez que seus formadores, em geral, revelam carência de conhecimento na área
de tecnologia educacional ou resistência à utilização da máquina e a reflexão
crítica sobre suas implicações para o ensino-aprendizagem de línguas” (Ênfase
adicionada). A constatação dessa lacuna na formação inicial ou pré-serviço
do professor de línguas contextualiza a proposta deste artigo, que tem por objetivo apresentar e refletir criticamente sobre as competências que são (re) construídas pelos participantes da pesquisa dentro do contexto teletandem. Acreditamos que esta perspectiva nos propiciará subsídios teóricos e práticos, para
que o professor de línguas atue com maior eficácia no meio virtual, promovendo,
por sua vez, de uma forma articulada, a (re) construção do conhecimento acoplado com uma formação mais sólida e condizente com as demandas da sociedade em que estamos inseridos.Para tanto, o presente artigo se ancorará no
seguinte binômio teórico:
84
a) uma perspectiva de uma (trans) formação inicial de professores de línguas fundamentada nos pressupostos do ensino-aprendizagem e da formação colaborativa
e/ou cooperativa (Vieira-Abrahão, 2009; Figueiredo, 2006); b) uma visão de (re)
construção de conhecimento como processo complexo, contínuo, não fragmentado, e portanto, trandisciplinar (Freire, 2009; Paiva, 2008; Moita Lopes, 2006; Bakhtin, 1929/1979, 2003).
Uma visão pragmática do aglomerado de crenças de alunos sobre o ato
de errar
Helena S. Guerra Vicente
UnB
A presente comunicação tem por objetivo apresentar os resultados finais de uma
pesquisa (VICENTE & RAMALHO, 2009) cujo objetivo geral foi o de investigar se
uma professora universitária do curso de Letras e seus alunos partilhavam crenças
(NESPOR, 1987; PAJARES, 1992; DUFVA, 2003; BARCELOS, 2004, entre outros)
a respeito da correção de composições escritas. Como objetivo específico, buscamos caracterizar as relações entre pelo menos duas crenças desse mesmo grupo
de alunos: uma crença antiga de que errar é embaraçoso e deve ser evitado a todo
custo, e uma crença em construção de que a correção individualizada de tarefas
escritas pode ser benéfica, por permitir-lhes refletir mais demoradamente sobre os
seus próprios erros. A primeira crença é inferida a partir de pistas lingüísticas que
denotam embaraço e distanciamento, presentes em certas estratégias de polidez
negativa (BROWN & LEVINSON, 1987), como pedidos de desculpas e impessoalização. A segunda, por outro lado, não é facilmente inferida, mas pistas lingüísticas
conflitantes presentes na fala dos alunos podem ser o indicativo de uma mudança
em curso.
O professor de língua(s) em formação:
crenças e identidades de alunos de Letras
Mariney Pereira da Conceição
UnB
No âmago de uma sociedade dita globalizada, em que o contato com diferentes
culturas e línguas cada vez mais se intensifica através dos meios de comunicação
e da tecnologia, a (trans) formação de educadores e de educandos de línguas assume um papel fundamental. Tendo este nicho como foco de pesquisa, a presente
mesa-redonda visa refletir criticamente à luz das teorias advindas do campo de
investigação da Lingüística Aplicada e/ou áreas afins sobre o complexo processo
de (trans) formar educadores e educandos de línguas (partindo de suas crenças e
culminando nas teorias amplamente utilizadas em nossos cursos de formação de
educadores de línguas) em nossas universidades brasileiras. Através desta mesa,
os participantes diagnosticarão o ensino e aprendizagem que hoje se revela em
nossas universidades públicas e/ou particulares, para depois mostrar caminhos
que levem iniciativas sempre pivotadas na melhoria do ensino e conseqüentemente
na (trans)formação de educadores e de educandos de línguas mais condizentes
com os paradigmas que se vislumbram neste novo milênio.
85
Mesa temática
Banco Internacional de Objetos Educacionais (BIOE): uma iniciativa para disseminação de objetos educacionais pela internet
Milton Shintaku (coordenador)
Fernanda Monteiro
Milton Shintaku
Maria da Conceição Afonso
Marcos Novais
Veruska Costa
UnB
A origem das informações disponíveis na internet, ainda, representa um fator de
desconfiança para os usuários, devido, principalmente, a problemas relacionados à autoria e veracidade. Nesse contexto o Ministério da Educação (MEC), em
parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Rede Latinoamericana
de Portais Educacionais (RELPE), Organização dos Estados Ibero-americanos
(OEI) e outros, disponibilizou um banco com o propósito de manter e compartilhar recursos educacionais digitais de livre acesso, mais elaborados, e em diferentes formatos como áudio, vídeo, animação, simulação, software educacional,
imagem, mapa e hipertexto considerados relevantes e adequados à realidade da
comunidade educacional. Esse banco, desenvolvido pelo Centro de Seleção e de
Promoção de Eventos (CESPE), possui, atualmente, 7.205 objetos publicados em
diversos formatos e para todos os níveis de ensino, desde a educação infantil até
a educação superior cobrindo todas as disciplinas dos diversos níveis de ensino.
Nesse sentindo, o banco disponibiliza informações confiáveis tornando uma fonte
de informação importante à comunidade docente, pela amplitude de acervo e confiabilidade da origem do conteúdo.
Palavras-chave: Objetos Educacionais. Sites educacionais. Repositórios. Fontes
de informação. Bancos digitais.
Mesa temática
História e literatura no Brasil do século XIX: heranças
Coordenador da mesa: Tania Rebelo Costa Serra, UnB
Esta mesa visa a lançar três olhares diferentes à obra de dois autores-chave do
século XIX, a saber: Domingos José Gonçalves de Magalhães e Joaquim Maria
Machado de Assis. A primeira comunicação estudará o “Ensaio” de Magalhães,
texto fundador de nossa história literária. O segundo abordará um texto teatral do
mesmo autor, comparando-o a uma peça de Machado de Assis. Por fim, a última
participação discorrerá sobre Machado de Assis. As comunicações usarão o enfoque da História da Literatura em suas abordagens.
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Títulos dos trabalhos:
O ‘Ensaio’, de Magalhães, e o ‘Projeto Brasil’: as origens da formação de uma
herança histórico-literária
Tania Serra
UnB
Quatorze anos após a Independência do Brasil, Gonçalves de Magalhães, de Paris,
vai oferecer ao país um esboço do que poderia ser nossa futura história literária.
Com o texto fundador intitulado: ‘Ensaio sobre a História da Literatura do Brasil’,
de 1836, ele consegue, não só estabelecer as premissas mítico-ideológicas sobre
as quais poderão construir-se as futuras histórias literárias, como também nortear
os historiadores brasileiros no sentido de fornecer-lhes os conceitos iniciais com
os quais poderão definir identidade cultural. Este conceito é uma ideia-chave para
a concepção da desejada Historiografia nacional, que será concebida a partir de
um planejamento cultural e histórico minuciosamente traçado e forjado no bojo do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, planejamento este que intitulo de ‘Projeto
Brasil’: a origem da formação de uma herança histórico-literária brasileira.
Heranças e perspectivas da dramaturgia brasileira
André Luís Gomes
UnB
Em 1838, Antônio José, ou o Poeta e a Inquisição, uma tragédia escrita por
Gonçalves de Magalhães, de assunto nacional e encenada por uma companhia
de atores brasileiros inaugura o nosso teatro e, através de um discurso metalinguístico, Magalhães teoriza sobre a arte dramática, além de debater sobre o valor
daqueles que se envolvem com a arte dramática. Como dramaturgo e crítico teatral,
Machado de Assis também divulgou suas “Idéias Teatrais” e, em algumas de suas
crônicas, recompôs o cenário teatral de sua época. Nosso objetivo é divulgar e
analisar as teorias teatrais desenvolvidas por Magalhães e Machado de Assis, bem
como discutir a contribuição de ambos para a (re)construção do teatro brasileiro.
Geologia literária e histórica de Machado de Assis
Augusto Rodrigues
UnB
Na década de 1870, “Machadinho” discute o passado e os rumos da literatura brasileira nos seus diversos escritos. Em críticas e crônicas, ele se assume como debatedor, embora cauteloso, das idéias de sua época. Nos contos e romances, por
sua vez, traça um painel do Brasil imperial e solidifica sua imagem de autor. A partir
de Brás Cubas o diálogo com a história do país e com a história literária ganha
dimensões inovadoras ao interpretar individualmente questões nacionais. Tendo
como exemplo o defunto autor e o autor póstumo,
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Conselheiro Aires, pretende-se analisar as heranças histórico-literárias sob a pena
da galhofa do primeiro e sob a tinta da melancolia do segundo. Defrontando idéias
avulsas de Machado de Assis com as ideias de seus romances é possível mostrar
como determinadas geologias literárias dinamizam a organização interna dos livros
e possibilitam mapear a construção consciente de uma identidade literária nacional
PLENÁRIA
Brasil e América Latina: diálogos de (des)integração
Coordenadora: Ana Pizarro, USACH
Ainda hoje não existe uma relação dialógica entre o Brasil e a América Latina da
forma como a necessitamos. Neste sentido, esta mesa pretende provocar uma discussão que aponte possibilidades que interrompam essa situação, apresentando-a
sob três perspectivas diferentes. Na primeira, Ana Pizarro falará de articulação e diversidade em uma América Latina que se constitui por áreas culturais, perspectiva
que está muito além de classificações simplistas como as que se costumam usar.
Na segunda, Lívia Reis proporá aproximações entre o universo cultural caribenho
e o brasileiro, detendo-se na análise de textos que comprovam o diálogo entre
ritmos latino-americanos. Na terceira e última parte, Marcia Paraquett mostrará de
que forma a aprendizagem de espanhol por brasileiros pode contribuir para este
diálogo, na medida em que se tomam como foco as muitas variantes lingüísticas e
culturais hispano-americanas.
Títulos dos trabalhos:
Articulación y diversidad en América Latina
Ana Pizarro
USACH
Contrariamente a lo que se pensaba en los años sesenta en donde la idea de
América Latina como una cultura era preponderante, desarrollaremos la propuesta
del movimiento de un continente plural y al mismo tiempo articulado. La pluralidad,
tanto horizontal- áreas culturales, sistemas discursivos- como vertical- momentos
histórico-culturales-, está directamente relacionada con la colonización. Del mismo
modo la articulación que es de carácter histórico tiene una vinculación directa y
desarrolla sus formas a partir del proceso colonial. En ambas observaremos en
detalle algunos aspectos.
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O Caribe e o Brasil: música e ensaio em diálogo
Lívia Reis
UFF
Nas últimas décadas as áreas de estudos literários, culturais e pós coloniais latinoamericanos têm empreendido um grande esforço de incorporar o Caribe entre
suas preocupações de análise. Diferentes especialistas, a par de nacionalidades,
línguas, universos culturais e posturas teóricas, têm tentado entender e descrever esse arquipélago multicultural, multilinguístico e multiétnico, nem sempre com
sucesso. Esta comunicação pretende pensar a proposta teórica desenvolvida
pelo ensaísta cubano Antonio Benitez Rojo, em seu livro La isla que se repite,
confrontá-la com o poema/ canção Haiti do compositor brasileiro Caetano Veloso,
sempre na perspectiva de construir pontes, diálogos e conexões entre as diferentes
produções cultuais do continente.
Estratégias de integração e formação de professores de espanhol no Brasil
Marcia Paraquett
UFBA
Lamentavelmente, ainda há muito preconceito com relação aos hispano-americanos no Brasil, o que explica, de certa forma, o prestígio que tem a variante peninsular da língua espanhola, em detrimento das hispano-americanas. Neste sentido, a
formação de professores de espanhol em nosso país precisa aprimorar estratégias
que deem voz às variantes da América Latina, contribuindo para a diminuição do
preconceito e para o reconhecimento do variado leque cultural que constitui esses
povos com os quais dividimos nosso território continental. Vale ressaltar que os
meios de comunicação colaboram para a manutenção dessa situação, determinando um cuidado redobrado na seleção e análise de instrumentos que possam ser
levados a uma sala de aula que se pretenda intercultural. Com base no exposto, a
comunicação apresentará algumas dessas estratégias, esperando colaborar para
uma reflexão sobre a formação de professores de espanhol no Brasil e a integração
latino-americana.
89
PLENÁRIA
TEXTO E CRIAÇÃO EM OSMAN LINS
Coordenação: Profa. Elizabeth Hazin
Membros: Elizabeth Hazin, Sandra Nitrini e Ermelinda Ferreira
Onde se conciliam o arisco e o verbo: criação e intertextualidade em Osman
Lins
Elizabeth Hazin (UnB)
Em 1973, ano de publicação de Avalovara, Osman Lins defendeu tese de doutoramento sobre o espaço romanesco em Lima Barreto, o que significa que ambos
os trabalhos – acadêmico e literário - correram paralelos, tornando a bibliografia
por ele compulsada para a fatura do primeiro de imensa importância para a compreensão do segundo.
A idéia deste trabalho é anunciar o projeto que pretende fazer o mapeamento de
autores citados pelo escritor não apenas na bibliografia de sua tese, mas também
nas entrevistas que concedeu ao longo de sua vida e que estão publicadas no
livro Evangelho na Taba, bem como daqueles de cujos textos foram extraídas as
epígrafes do romance estudado, a fim de – em um segundo momento – considerar
a sua importância para a fatura de Avalovara, e em que medida aí comparecem
como modelo.
PALAVRAS-CHAVE: Osman Lins, Avalovara, Intertextualidade, Criação, Crítica
Genética.
Os bastidores da criação do jovem Osman Lins
Sandra Nitrini (USP)
Dentre os aproximadamente 5.383 documentos (textuais, sonoros e iconográficos)
que compõem o Fundo Osman Lins, sediado no Instituto de Estudos Brasileiros
da Universidade de São Paulo, encontram-se três cadernetinhas da década de
cinqüenta. Esse material constitui testemunho eloqüente de como o jovem escritor
Osman Lins se preparava com cuidado e afinco para lidar com a palavra. Encontram-se anotações e reflexões sobre o fazer literário e seu entorno, que se farão
presentes na sua ficção e em seus ensaios. O propósito desta comunicação é
descrever, analisar e interpretar os bastidores da criação de Osman Lins, quando
dava seus primeiros passos como escritor e estabelecer relações com o conjunto
de sua obra.
90
Regionalismo às escuras e sem sotaque:
a contribuição osmaniana para a redefinição do gênero
Ermelinda Maria Araújo Ferreira (UFPE)
Um dos aspectos mais interessantes da poética osmaniana é a peculiar abordagem do espaço literário dito “regional” em seus romances. Sabe-se que a seleção
de uma “locação” espacial específica para a ficção brasileira foi muito importante
em determinado momento do Modernismo, desviando a atenção do núcleo paulista de 22 para o Nordeste, com o romance de 30 de características regionais. O
romance engajado, de denúncia social, situado no contexto da seca e da realidade
do interior do Brasil, sobretudo no sertão, tornou-se emblemático de uma literatura
que surgiu com força e grande poder de influência, e que se estendeu longamente,
perpetrando um estilo que não só ainda é buscado, mas que também continua
sendo cobrado dos autores daquela região.
É comum, nesse estilo, o resgate de motivos medievais e barrocos, o que pode
ser interpretado como um retorno a um passado ideologicamente reacionário e à
celebração de atitudes de isolamento e de ensimesmamento na defesa de uma
especificidade cultural que encontra no regionalismo a sua marca. É esse o esforço
que se percebe, em parte, no Movimento Armorial de Ariano Suassuna, pela intelectualização da cultura popular na tentativa de criação de uma arte brasileira erudita. Seria de supor que Osman Lins, contemporâneo de Ariano e criador de uma
obra que não perde a marca regional, aludindo também aos motivos medievais e
barrocos, fosse partidário dessa proposta. No entanto, não é isso o que se observa.
Além de não participar do Movimento Armorial, encontra-se em Osman Lins uma
aversão ao regionalismo pitoresco que foge completamente aos princípios desse
movimento.
O romance O fiel e a pedra, considerado um divisor de águas na produção
osmaniana, oferece um exemplo de como o autor, preocupado com a categoria
espacial a ponto de transformá-la no tema de sua tese de doutorado, cria um texto
“regionalista” excluindo as marcas tradicionais do gênero. A mudança do registro
diurno – para usar a expressão de Gilbert Durand em As estruturas antropológicas
do imaginário – comum aos romances nordestinos que falam da seca e das dificuldades do homem do campo – para o registro noturno, é uma delas. Não há neste
romance qualquer apelo aos determinantes típicos da ambientação esperada para
esse gênero. A atmosfera é sombria, tensa, semelhante a de um romance kafkiano,
o que seria impensável num representante tradicional do regionalismo, marcado
pela luz, pelo sol e pelo calor. Essa atmosfera sombria e persecutória, quase fria,
quase de suspense, adquirirá outras roupagens estéticas em Nove, novena, com
a elaboração de temas como o labirinto e a espiral, voltadas sobretudo para uma
preocupação filosófica com o tempo e com a memória.
Aproveitando a sua formação como dramaturgo, Osman Lins parece “apagar” as
luzes do palco de suas narrativas. Ao valorizar a penumbra e as sombras, ele praticamente neutraliza o cenário característico do gênero, que se torna invisível no escuro. Poder-se-ia esperar que, na ausência de cenário, a identificação regionalista
se fizesse pela voz, pela oralidade posta em destaque na cena, ou pela linguagem,
enfim – recurso usado com genialidade por Guimarães Rosa, o desbravador do
sertão lingüístico brasileiro
91
No entanto, ao contrário de Rosa, Osman Lins também vai apagando deliberadamente as marcas regionais do discurso, que vai se tornando cada vez mais neutro,
quase clássico, como prova a alusão à tragédia grega na composição de O fiel
e a pedra. Surpreendentemente, Osman Lins volta com toda força ao tema do
cangaço em seu último projeto, o romance Cabeça levada em triunfo, que ficou
inacabado, mas que revela o quanto o assunto dominava a sua atenção. O que
faria ele com a cabeça de Lampião àquela altura da vida, depois de conceber um
Avalovara centrado na maior metrópole brasileira da modernidade e um Rainha dos
Cárceres da Grécia definitivamente instalado no litoral nordestino, infelizmente, é
algo que jamais saberemos. Mas a evidente insistência do autor sobre a temática
regionalista nos levou a refletir sobre quais seriam os propósitos de Osman Lins
com a re-utilização desta referência quando da estruturação da categoria espacial
em suas obras.
Plenária
O lugar do amor na poesia contemporânea brasileira:
reflexões a partir de uma situação de blog
Coordenadora: Sylvia Helena Cyntrão, UnB
Participantes: Ismênia Santana, Gabriel Borges, Mônica Lucena
1. A comunicação visa a refletir sobre as imagens míticas do amor, que constituem
inscrições simbólicas na cultura e nela circulam permeadas por fatores tais como a
força de representação da problemática humano-existencial e a aceitação do grupo
social onde circulam, entre outros. A representação literária conjuga, de diferentes
modos, o prazer estético e o papel social, em obras nas quais se reconhecem as
transformações das relações pessoais. O mundo moderno inaugura um novo lugar
para o amor na vida social. Nesse sentido, propomo-nos a apresentar algumas
conclusões parciais de um estudo analítico mais amplo, a partir de uma situação
vivenciada no blog do grupo de pesquisa Vivoverso. Será apresentado um levantamento do que circula na memória dos sujeitos contemporânea, a partir da pergunta
motivadora que foi feita: “Para você quais os mais belos versos da canção popular
brasileira?
PALAVRAS-CHAVE: blog de poesia; pós-modernidade; cultura brasileira; identidade; subjetividade.
2- LANÇAMENTO DO LIVRO: Poesia: o lugar do contemporâneo. Brasília, Editora
do TEL/UnB, 2009.Organização de Sylvia H. Cyntrão.
Encarte: CD do Espetáculo “Fale-me de amor” com o Grupo Vivoverso.
3- APRESENTAÇÃO DO ESPETÁCULO LÍTERO-MUSICAL
“Fale-me de amor”, com o Grupo Vivoverso ( Duração: 17min.)
Produção: Heloísa de Sousa; Direção Sylvia Cyntrão
Apoio: Cristiano Torres Lima; Leticia Fialho
Atores: Brunna Guedes; Deliane Leite; Felipe Cyntrão Corrêa; Mateus Alves;
Maxçuny Alves; Patrícia Corrêa; Julliany Mucury;
Canções: Felipe Cyntrão Corrêa.
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CONFERÊNCIAS
(Des)construção da identidade latino-americana: herança do passado, desafios futuros
Dra. Maria Luisa Ortíz Alvarez
UnB
Nosso continente latino-americano é resultado de uma mistura, de um hibridismo
étnico e cultural constante, é lugar de sincretismos de crenças e religiões com
trajetória própria, formada no interior do nosso sistema social. Mas a cada dia percebemos que a nossa identidade devido às constantes e aceleradas mudanças
que o mundo vem sofrendo com os movimentos da modernidade e o processo de
globalização se (des)constrói de acordo com as novas experiências de reorganização tempo-espacial das nossas comunidades e as práticas sociais recorrentes,
além de outros fatores externos, etc. Neste trabalho pretendemos discutir e refletir
sobre a nossa identidade latino-americana, sobre os efeitos de uma herança dos
tempos da colonização, o momento atual e o desafio futuro que deverão enfrentar
a gerações vindouras.
Tradición y actualidad: Cuatro momentos de la narrativa en Chile
Dra. Carmen Balart C.
UMCE
Al finalizar el primer tercio del siglo XIX, en Hispanoamérica, comienza a perfilarse
el Período Romántico. Para escritores como José Victorino Lastarria (1817–1888),
Alberto Blest Gana (1830-1920), fue una época de aprendizaje social, de formación
política, de búsqueda de identidad, de autonomía literaria. A fines del siglo XIX,
Hispanoamérica adopta los principios del Naturalismo, adecuándolos a temáticas
propias: modernización de las ciudades, situación de los suburbios; problemas de
orden social, ético, político y económico de las grandes urbes; lucha de clases; materialismo versus idealismo, enfrentamiento del hombre con la naturaleza. Surgen
narradores como Vicente Grez (1847-1909), Daniel Riquelme (1857-1912), Luis
Orrego Luco (1866-948). En la primera mitad del siglo XX, dos narradoras incorporaron a la literatura la construcción del mundo desde la perspectiva de la mujer. Lo
imaginario, lo marginal existencial y social, aparece como trasfondo en los relatos
de Marta Brunet (1897-1967). María Luisa Bombal (1910-1980) opta por una novela
de orientación superrealista, que combina lo psicológico, lo onírico y lo imaginario,
ubicando a sus protagonistas en un momento histórico que no les permite ser ellas
mismas. Por último, a partir del último tercio del siglo XX, analizaremos la estructura de novelas que responden a visiones distintas de mundo: José Donoso (19241996) cultiva la novela de orientación superrealista; Marcela Serrano (1951), la
sentimental; Carlos Cerda (1942-201), la testimonial; Gonzalo Contreras, la del desarraigo de la condición existencial; Isabel Allende (1942), la del realismo mágico;
Ana María del Río (1948), la de género; Luis Sepúlveda (1949), la de utopía; Óscar
Bustamante (1941),
93
la epistolar; Alberto Fouguet (1964), la de aprendizaje; Pablo Azócar (1959), la del
enigma; Carlos Franz (1959), la de la orfandad; Hernán Rivera Letelier (1950), la
neorrealista; Sonia González (1958), la autobiográfica; Marcela Serrano, la de misterio; Andrea Maturana (1969) y Sergio Missana (1966), la de viaje; Ramón Díaz
Eterovic (1956), la policial negra; Dauno Tótoro (1963) y Roberto Ampuero (1953),
el thriller; Carla Guelfenbain (1959), la psicológica de desarrollo personal.
Palabras claves: Período Romántico, Naturalismo, Superrealismo, Imaginario,
Construcción de mundo
Bolívar, Martí, Neruda y Ribeiro: cuatro pilares del imaginario social latinoamericano
Dr. Luis Rubilar Solis,
UMCE
América Latina como formación geo-cultural e histórica se ha ido configurando en
el escenario mundial a través de la letra y la actuación de paradigmáticos emancipadores (Bolívar, Martí, Neruda y Ribeiro), a la vez personajes emergentes e
instituyentes de su imaginario social. A partir de sus enunciados discursivos más
elocuentes es posible establecer los rasgos distintivos de la identidad social latinoamericana así como, también, comprender las vicisitudes que confronta en la
actualidad, dado el embate homogeneizador de la globalización económica y
comunicacional. Sintetizar la historia, asumir lo propio, seleccionar críticamente lo
exógeno, alcanzar la unidad e integración de sus naciones diversas, constituyen
actitudes y decisiones colectivas que posibilitarán la mantención y fortalecimiento
de ese digno imaginario social con el que soñaron nuestros pueblos y sus Libertadores.
Intertextualizando a Vallejo desde el Brasil… sobre las vanguardias del siglo
XX
Dr. Antonio Miranda
UnB
César Vallejo con respecto a las vanguardias se mantuvo equidistante en relación
a aquellas manifestaciones estéticas de extremos exacerbados, de ultranza, que
incendiaban las élites intelectuales de Europa y Latinoamérica. A partir del análisis
de los textos críticos y periodísticos de Vallejo, se intenta revelar su visión de las
vanguardias de su tiempo: el ultraísmo, el futurismo marinettista, el surrealismo y el
dadaísmo, su distancia respecto a los experimentalismos de Huidobro así también
de los que permanecían en fórmulas retrógradas. Él propone dimensiones poéticas
más profundas y de compromiso social, que superen la propuesta de “un arte por el
arte”. No es positiva su evaluación de las concepciones estéticas de Maiakovski, y
tampoco su posición de izquierda lo conlleva a una fijación con el realismo soviético. Muchos críticos han intentado relacionar la poesía de Vallejo con el surrealismo.
Aunque es posible encontrar elementos del surrealismo en su obra, pero el propio
Vallejo ha hecho una “autopsia del surrealismo” (en 1930) y ha desacreditado a sus
más destacados seguidores — Breton, entre ellos. Las crónicas de Vallejo revelan
un personaje profundamente comprometido con su tiempo y circunstancia, pero
alejado de los movimientos literarios y políticos militantes.
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Poéticas da fronteira: trocas intelectuais, fluxos de indivíduos,
redes e culturas.
Dr. Rogério Lima
UnB
Neste trabalho tratamos de uma noção de fronteira mais abrangente que envolve
uma gama de condições em que se confrontam, encontram e se confundem temporalidades, ambientes, culturas, etnias gêneros e estilos de vida distintos. Noções
de fronteira que se ampliam para dar conta das diferenças, da compreensão do
“outro”, das identidades e estranhamentos nas bordas da América do Sul e no âmbito do MERCOSUL que modernamente passou a ser tratada como diversidade
cultural.
O Lugar da Multimodalidade na Construção de uma Gramática Visual
Dra. Josenia Antunes Vieira
UnB
A conferência discutirá a necessidade de incorporar novas teorias da linguagem,
capazes de responder às questões provocadas por uma realidade social reconfigurada em face dos avanços tecnológicos, principalmente pelo uso da Internet
e pelo crescente número de imagens no discurso. Para isso, é imprescindível a
requisição de uma abordagem multimodal, ancorada na Teoria da Semiótica Social
- cujos modos de comunicação não se circunscrevem apenas à linguagem verbal..
Halliday (1989, 1994) entende a linguagem verbal como um sistema semiótico entre diferentes sistemas semióticos. Desse modo, cabe à teoria Multimodal, à luz
de uma gramática visual, analisar as várias linguagens existentes como recursos
comunicativos que co-ocorrem e interagem na construção da produção de sentido. A conferência se ancora, portanto, na Semiótica Social. (Hodge & Kress 2006
[1988]; Kress and van Leeuwen 2001, 1999 [1996]; Kress 1997, 2003), Halliday
(1994 [1985]) e Iedema (2003). Por fim, a conferência analisará diferentes recursos
semióticos que atuam na ressemiotização das línguas e na produção de sentido.
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II Simpósio sobre Ensino de Português a Surdos
III Simpósio de Bilinguismo e Línguas de Sinais
Coordenadora: Daniele Marcelle Grannier
Mesas temáticas
Educação de surdos
Heloísa Salles (coordenadora)
Variações regionais na Língua Brasileira de Sinais: interiorizando a prática
educativa
Gláucio de Castro Júnior
UnB
A Libras tem como base cinco parâmetros: a direcionalidade, o ponto de articulação, a configuração de mão, o movimento e as expressões faciais e corporais. A
variedade linguística dos sinais ocorre, quando se modifica ao menos um desses
parâmetros. A grande diversidade de sinais contribui para enriquecer e valorizar a
Libras como uma língua. A presença da criança no ambiente escolar tem estimulado a criação de muitos novos sinais, já que ali se criam termos técnicos. Ora,
sinais vêm sendo criados, simultaneamente, em diferentes regiões, para atender
às necessidades de conceituação e comunicação, repercutindo na ampliação do
léxico. Uma das contribuições para o desenvolvimento de metodologias no ensino
na Língua Brasileira de Sinais, nas diversas disciplinas escolares, é a pesquisa das
variações regionais na LIBRAS. Na primeira etapa de nosso estudo, realizou-se
pesquisa bibliográfica. Visitaram-se algumas escolas, em que se teve a aplicação
de questionários e a observação de alunos e de professores sobre os processos
de criação de sinais. Os resultados obtidos na pesquisa possibilitaram demonstrar
que um recurso utilizado para a criação de sinais é a interpretação-explicativa, que
é a abordagem do conceito do sinal em Libras; outro recurso é a interpretaçãoargumentativa, na qual o falante de Libras questiona o conceito do sinal e auxilia na
criação e formação do termo-padrão. Estes mecanismos mostraram a necessidade
de convencionalizar os sinais criados na sala de aula e, daí, observou-se que a criação do Núcleo de Pesquisa em Variações Regionais dos Sinais da Libras – VARLIBRAS – contribuirá para o processo de valorização das variações lingüísticas
dos sinais, que são criados na sala de aula. A grande problemática na educação
de surdos gira em torno das consequências das variações regionais no ensino das
disciplinas na Língua Brasileira de Sinais. Muitos sinais são criados, mas não são
disseminados nas instituições escolares, para que sejam adotados por todos, no
país. Essa difusão facilitaria a criação de um padrão. É preciso, portanto, não só
uma atenção especial a este estudo, bem como um aprofundamento da pesquisa
com vistas a que, no processo de ensino de línguas, envolvam-se os aspectos de
variação, relacionados aos sistemas morfológico, lexical, fonético e fonológico da
Língua de Sinais Brasileira.
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Algumas questões, referidas como “variáveis”, tais como, o ambiente relacionado
à origem das variações regionais, a situação geográfica ou a origem social, e fatores como o interacional, na relação e na conversação, a idade, as estratégias de
aprendizagem e os fatores culturais precisam também ser considerados (QUADROS, 1999).
Palavras-chave
Libras, Variação Lingüística em Libras, Núcleo Varlibras, Criação e formação de
Sinais
Educação Bilíngue de Surdos: Formação de Professores e de Intérpretes
Rosana J. Cipriano
UnB
Patrícia Tuxi
SEED/DF
Celeste Kelman
UnB
Heloisa Salles
UnB
A formação de professores e de intérpretes de LIBRAS que atuam na educação
bilíngue de surdos tem suscitado a discussão acerca da atuação conjunta desses
profissionais no contexto escolar, definida como co-docência. No presente estudo,
busca-se examinar as concepções desses profissionais sobre educação, sobre o
aluno surdo, e sobre a própria atuação, considerando o impacto de programas de
formação desses profissionais, além do papel do conhecimento da língua de sinais.
Nesse sentido, a construção de significados é um princípio norteador da discussão.
Solicita-se aos participantes que respondam perguntas abertas voltadas para as
respectivas práticas, atitudes, crenças e concepções acerca de sua atuação (conjunta). Foi utilizado o critério de Análise de Conteúdos (BARDIN, 1977), tendo a
análise dos dados evidenciado que as dificuldades encontradas em sala de aula
no processo de educação bilíngue dos surdos estão crucialmente relacionadas à
falta de domínio da Língua Brasileira de Sinais pelos professores, e às dificuldades
enfrentadas pelo intérprete na definição de seu papel como educador.
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O uso de modelos qualitativos na educacao científica de surdos
Paulo Salles
UnB
Gisele Morisson Feltrini
SEDF
Mônica Maria Pereira Resende
UnB
Esta mesa-redonda discute o uso de modelos qualitativos como ferramenta para
a aquisição de conceitos científicos, o desenvolvimento do raciocínio inferencial e
o aperfeiçoamento de competências lingüísticas de estudantes surdos. Três condições devem ser satisfeitas para que esses modelos possam ser usados em atividades educacionais em sala de aula: (a) a educação deve ser bilíngüe, sendo a
língua brasileira de sinais (Libras) a primeira língua dos surdos e o Português escrito, a segunda língua; (b) o vocabulário científico deve ser representado tanto em
Libras como em Português; (c) o material didático deve seguir a pedagogia visual,
apropriada para as necessidades específicas dos surdos. Inicialmente, serão apresentados os fundamentos do Raciocínio Qualitativo, uma área da Inteligência
Artificial que oferece técnicas para a construção de modelos de simulação que
exprimem diagramaticamente relações de causalidade sem utilizar equações
matemáticas e dados numéricos. Em seguida, será feita uma revisão de trabalhos
realizados no âmbito do projeto “Português como segunda língua na educação
científica de surdos”, trabalho desenvolvido por professores e alunos dos Institutos
de Letras, Ciências Biológicas e Química da Universidade de Brasília com financiamento do Ministério da Educação (programa MEC / CAPES / PROESP, processo
nº. 1523/2003). Esses trabalhos envolveram a criação, por um grupo de estudantes
surdos, de sinais em Libras que representam elementos usados na construção
dos modelos qualitativos (por exemplo, variáveis, valores qualitativos, influências)
e conceitos ecológicos abordados nos modelos; a validação dos sinais criados por
outro grupo de estudantes surdos e professores; a validação do modelo construído
e o desenvolvimento de material didático-tecnológico para ser usado no processo de ensino-aprendizagem de ciências a estudantes surdos. Finalmente, serão
discutidos os resultados preliminares de um grande esforço para a avaliação, por
professores que atuam como intérpretes e por estudantes surdos e ouvintes dos
materiais produzidos no âmbito deste trabalho.
Ensino de português a surdos
Daniele Marcelle Grannier (coordenadora)
Elementos gramaticais de um syllabus para o ensino de português-por-escrito a
adolescentes surdos: proposta de material didático
Daniele Marcelle Grannier e Regina Maria Furquim-Freire da Silva Universidade
de Brasília
Com base em análise da interlíngua observada em textos produzidos em português-por-escrito por alunos surdos pré-universitários, foram identificados sete tipos
de desvios em relação à língua-alvo (Grannier e Furquim-Freire da Silva, 2007).
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A partir desse levantamento, propomos no presente trabalho atividades com focona-forma direcionadas a surdos adolescentes para desenvolver a prática de português-por-escrito com foco em elementos gramaticais de um syllabus planejado
para esse público-alvo. Tais atividades fundamentam-se em abordagem interacionista e se utilizam de recursos visuo-espaciais, com o objetivo de superar o desafio
de ensinar a língua portuguesa a aprendizes surdos.
Palavras-chave: gramática, material didático, adolescentes, surdos, português-porescrito.
O aluno surdo e a Língua Portuguesa
Noriko Lúcia Sabanai
SEEDF
Este estudo se propõe analisar as características da interlíngua (IL) de alunos
surdos profundos bilaterais de uma escola pública da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEDF), que estão aprendendo a Língua Portuguesa (LP)
na sua modalidade escrita. Os resultados desta pesquisa qualitativa demonstraram
que os participantes surdos que apresentam melhor proficiência na Língua Brasileira de Sinais (Libras), obtiveram melhor desempenho na escrita da LP. Verificou-se
também que, a abordagem utilizada pela professora regente, a contextualização
dos conteúdos ministrados, a motivação dos alunos e as estratégias de aprendizagem por eles utilizadas foram fatores positivos e determinantes para o desenvolvimento satisfatório do processo de aprendizagem da língua-alvo e também para a
identificação das características da IL dos participantes.
Adequação do ensino do português como l2 nas crianças surdas: um desafio
a superar/enfrentar
Marisa Dias Lima
UnB
A história do povo surdo revela que por muitos séculos de existência, os aspectos
educacionais têm sido elaborados numa perspectiva dos ouvintes e não dos surdos
que, quase sempre, são ignorados e desvalorizados como sujeitos e profissionais
que podem contribuir a partir de suas capacidades inerentes e de sua diferença: a
de ser surdo. Desta maneira, a “integração/ inclusão” de sujeitos surdos nas escolas, tendo-se a língua oral e não a LIBRAS como principal forma de comunicação,
faz-nos questionar se o seu conteúdo metodológico ouvintista significa integrar o
surdo realmente. Na verdade, os seus conteúdos desenvolvidos são basicamente
uma suposição, “adaptação” forçada para os surdos. Assim, este trabalho elege
como objeto de estudo uma proposta das utilizações de estratégias pedagógicas
adequadas no ensino de português como segunda língua para uma efetiva inserção
dos surdos no processo escolar, dinamizando por meio de recursos específicos o
processo ensino-aprendizado dos surdos.
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Download

XII Congresso Internacional de Humanidades