Tributação de Combustíveis no Brasil: verde ou vermelha? José Roberto Afonso Painel “Políticas Públicas: Buscando Estabilidade e Previsibilidade” Ethanol Summit 2015 7/7/2015 Mundo x Brasil .... Verde x Vermelho v Transição do verde para vermelho sinte3za: ü Equívocos na economia; ü Alto custo pago no presente; ü Desafio: retomar o crescimento no futuro. v Polí%ca fiscal verde: tendência mundial moderna ü Tributação como punição e prêmio; ü Brasil adotou polí3ca tributária na direção oposta. v Polí%ca tributária brasileira: mesmo tendo etanol como alterna3va energé3ca, optou por subsidiar os preços dos combusHveis fósseis e reduzir sua carga tributária ü renúncia tributária (guerra fiscal ICMS automóveis x CIDE e PIS/COFINS sobre gasolina) ü baixa taxa de inves3mento público Defasem Tributária e de Preços sobre Gasolina • Pis/Cofins: representa cerca de 8,5% do preço de bomba pra3cado -‐ Após o período de transição: de R$ 0,2616/litro para R$ 0,3816/litro -‐ Ainda existe uma pequena defasagem em relação aos 9,25%. • CIDE -‐ maior defasagem -‐ Janeiro de 2002= representava 13,58% do preço de bomba do produto -‐ Hoje = proporção de apenas 2,21% -‐ perda potencial de preço do etanol hidratado em cerca de R$ 0,20 por litro à retração da receita potencial do setor R$ 10 bilhões por safra. Evolução da CIDE cobrada sobre a gasolina Imposto Verde x Imposto Vermelho v Preços administrados da gasolina e do diesel ü obje3vo: frear inflação ü prá3ca: redução de tributos, perda de receita e patrimônio público ü arrecadação de tributos por Petrobrás: R$ 16,2 bilhões em 2014 x R$ 29,8 bilhões em 2006 caiu para piso de 1,71% do PIB no 1 trimestre/2015 (0,6 pontos abaixo de 2011 v Conseqüências ü crise de importantes setores – petróleo, construção, sucroalcoleeiro ü efeito colateral – ajuste fiscal mais dincil em 2015 do que em 2003 Tributos da PETROBRAS Par%cipações e Contribuições Comparação entre os primeiros trimestres Contribuições e Par%cipações (em %PIB) 3,0% 2,5% 2,0% 2,4% 0,6% 2,5% 0,6% 2,4% 0,8% 2,32% 0,63% 2,18% 1,9% 0,68% 0,3% 1,5% 1,0% 1,8% 1,9% 1T10 1T11 1,7% 1,69% 1T12 1T13 1,50% 1,6% 1T14 1T15 0,5% 0,0% Imposto e contribuições Elaboração própria. Fonte: Site Petrobras. Par3cipações Governamentais SOMA Externalidades do Setor Sucroenergético v Bene$cios econômicos • Cadeia sucroenergé3ca movimenta mais de US$ 100 bilhões, com PIB de cerca US$ 40 bilhões. • Setor produ3vo emprega diretamente cerca de 1 milhão de trabalhadores, com 70 mil produtores rurais independentes de cana mais de 16 mil estabelecimentos vinculados à produção de cana e etanol. v Bene$cios ambientais • desde de março/2008: redução da emissão de gases de efeito estufa em cerca de 250 milhões de toneladas de CO2eq devido ao consumo de etanol pelos carros flex. • custo do consumo da gasolina,face danos es3mados pela emissão de gases de efeito estufa, es3mado em US$ 0,12/ litro • economia projetada de cerca de US$ 42 bilhões, ou R$ 93 bilhões. v Bene$cios à saúde pública • redução projetada em 1,4 mil mortes e 9 mil internações anuais por problemas respiratórios e cardiovasculares. • economia projetada de R$ 430 milhões por ano para o sistema de saúde pública e privada. Fonte: UNICA Alternativas v Para atender às metas mundiais com meio ambiente, além de recuperar receita e consolidar ajuste fiscal, e es3mular a agroindustria nacional: ü Recuperar an3ga proporção de tributos sobre derivados de petróleo e reajustar alíquotas – elevar CIDE e indexar PIS/COFINS ü Royal3es -‐ cobrados ou fiscalizados pela Receita Federal ü Cálculo da par3cipação especial na extração de petróleo à correção para atender ao princípio legal. v Vermelho, atual cor da moda na economia, pode e deve ser trocada pelo verde. Anexos Evolução da CIDE cobrada sobre a gasolina Valores em R$/litro Data A B C Preço da refinaria (gasolina A) Preço na bomba (gasolina C)* CIDE C/A C/B** jan/02 CIDE é instituída pela Lei 10.336 de 19 de dezembro de 2001 e começa a ser cobrada em 1º de janeiro de 2002. 0,366 1,588 0,28 76,43% 13,58% abr/08 Em 2 de maio de 2008 a alíquota da CIDE é reduzida para 180 R$/m³ 1,001 2,496 0,28 27,98% 8,41% Entre abril de 2008 e junho de 2012, o valor da CIDE cobrado sobre a gasolina foi gradativamente reduzido. jun/12 A partir de 25 de junho de 2012, CIDE é zerada (Decreto nº 7.764/2012) 1,164 2,731 0,09 7,73% 2,64% Hoje Decreto 8.395 de 28 de janeiro de 2015 (DOE 29.01.2015) aumenta as alíquotas de PIS/COFINS e da CIDE 1,450 3,308 0,10 6,90% 2,21% 0,62 42,45% 13,58% Recomposição no cenário atual*** *Média Brasil (ANP). Preço atual refere-se ao último valor disponível na ANP, correspondente ao mês de abril de 2015; **Valor calculado considerando a CIDE recolhida por litro de gasolina C (utiliza a mistura vigente no período); ***Em janeiro de 2002 a CIDE representava 13,58% do preço da gasolina C. Se essa proporção fosse aplicada atualmente, o valor da contribuição atingiria 0,62 R$/litro do derivado. Evolução do Pis/Cofins cobrado sobre a gasolina C Valores em R$/litro Data A Preço na bomba média Brasil (gasolina C) jan/02 1,588 B C PIS/COFINS gasolina PIS/COFINS anidro 0,159 0,021 (B+C)/A* 8,01% Até maio de 2005, Pis/Cofins era cobrado a partir de uma alíquota ad valorem . Em maio de 2005, foi estabelecida alíquota específica de R$ 0,2616/litro de gasolina pura. mai/05 2,250 0,262 0,026 9,01% jan/15 (ant es do ajust e do Pis/Cofins) 3,032 0,262 0 6,47% fev/15 3,301 0,482 0 10,94% Hoje 3,308 0,382 0 8,42% 0,419 0 9,25% Recomposição** * Considera o valor recolhido por litro de gasolina C, utilizando a mistura vigente no período; ** Recomposição considerando uma alíquota de 9,25% sobre o preço de bomba. Alterações no Pis/Cofins -‐‑ Esclarecimentos I. Até abril de 2005: alíquota de Pis/Cofins cobrado sobre a gasolina pura (gasolina A) = ad valorem. III. A par3r de maio de 2005: vigora alíquota específica para a cobrança de Pis/Cofins sobre a gasolina pura na refinaria. -‐ Valor: R$ 0,2616 /litro de gasolina -‐ Vigorou até janeiro de 2015. -‐ Durante período de 2005 a 2015, houve uma defasagem no valor do Pis/Cofins aplicado sobre a gasolina. Exemplo: Em janeiro de 2005, os R$ 0,2616 /litro de gasolina pura representavam apenas 6,47% do preço médio de bomba (o cálculo é realizado considerando a mistura de 25% de etanol anidro na gasolina C). III. A par3r de fevereiro de 2015: vigora a sistemá3ca definida pelo Decreto 8.395 de 28 de janeiro de 2015: -‐ Elevação da alíquota do Pis/Cofins em R$ 0,22 / litro de gasolina pura Antes =R$ 0,2616/litro Agora =R$ 0,4816/litro -‐ Elevação fazia parte da manobra u3lizada pelo governo para evitar a noventena da CIDE. Alíquota de R$ 0,4816 / litro vigorou apenas três meses (fevereiro, março e abril). VI. A par3r de maio de 2015, a alíquota foi reduzida e a CIDE foi parcialmente restabelecida em R$ 0,10 / litro de gasolina. Alterações no Pis/Cofins -‐‑ Esclarecimentos Resumo • Até 31/01/2015. PIS COFINS:R$ 261,60 por metro cúbico (R$ 46,58 e R$ 215,02, respec3vamente). CIDE: R$ 0,00 por metro cúbico. SOMA:R$ 261,60 por metro cúbico. • A par3r de 01/02/2015: PIS COFINS:R$ 481,61 por metro cúbico (R$ 85,75 e R$ 395,86, respec3vamente). CIDE: R$ 0,00 por metro cúbico. SOMA:R$ 481,61 por metro cúbico. • A par3r de 01/05/2015: PIS COFINS:R$ 381,60 por metro cúbico (R$ 67,94 e R$ 313,66, respec3vamente). CIDE: R$ 100,00 por metro cúbico. SOMA:R$ 481,60 por metro cúbico. José Roberto Afonso é economista e contabilista, doutor pela UNICAMP, pesquisador do IBRE/FGV e professor do programa de mestrado do IDP. União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica) forneceu informações essenciais para análise. Opiniões de responsabilidades exclusivas do palestrante. Isabel Rodrigues e Alexandre Rossi deram apoio nas pesquisas. Mais trabalhos, próprios e de terceiros, no portal: www.joserobertoafonso.com.br 14 EXONERAÇÃO DE RESPONSABILIDADE (DISCLAIMER) Este relatório foi elaborado para uso exclusivo de seu des3natário, não podendo ser reproduzido ou retransmi3do a qualquer pessoa sem prévia autorização. As informações aqui con3das tem o propósito unicamente informa3vo. As informações disponibilizadas são ob3das de fontes entendidas como confiáveis. Não é garan3da acurácia, pontualidade, integridade, negociabilidade, perfeição ou ajuste a qualquer propósito específico das fontes primárias de tais informações, logo não se aceita qualquer encargo, obrigação ou responsabilidade pelo uso das mesmas. Devido à possibilidade de erro humano ou mecânico, bem como a outros fatores, não se responde por quaisquer erros ou omissões, dado que toda informação é provida "tal como está", sem nenhuma garan3a de qualquer espécie. Nenhuma informação ou opinião aqui expressada cons3tui solicitação ou proposta de aplicação financeira. As disposições precedentes aplicam-‐se ainda que venha a surgir qualquer reivindicação ou pretensão de ordem contratual ou qualquer ação de reparação por ato ilícito extracontratual, negligência, imprudência, imperícia, responsabilidade obje3va ou por qualquer outra maneira. 15