CIODONTO
Pós Graduação Lato sensu em Implantodontia
José Roberto Zanetti
“CARGA IMEDIATA EM MANDÍBULA:
ESTUDO LONGITUDINAL.”
Rio de Janeiro
2008
2
CIODONTO
Pós Graduação Lato sensu em Implantodontia
José Roberto Zanetti
“CARGA IMEDIATA EM MANDÍBULA:
ESTUDO LONGITUDINAL.”
Monografia apresentada ao Centro de
Pós-Graduação da Ciodonto para
obtenção do Grau de Especialista em
Odontologia.
Área de concentração: Implantodontia
Orientador: Profª. Drª. Flávia Rabello de Mattos
Rio de Janeiro
2008
3
“CARGA IMEDIATA EM MANDÍBULA:
ESTUDO LONGITUDINAL.”
Monografia apresentada ao Centro de Pós-graduação da Ciodonto - CLIVO como
requisito parcial para a obtenção do grau de especialista em Implantodontia.
Aprovado em ____/___ /___
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Dr. Sergio Henrique Gonçalves Motta
_____________________________
Profª. Drª Flavia Rabello Mattos
______________________________
Prof. Dr. Walter Luis Soares Fialho
4
EPÍGRAFE
DEUS – que me permitiu a realização de
mais uma etapa da minha vida profissional.
5
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meu tio Miguel Tavares, que desde 1982, me recebeu
em sua casa de abraços abertos e um coração escancarado, vem me conduzindo
pela vida, me incentivando a crescer, a estudar e mostrando sempre o caminho
correto para que eu me torne uma pessoa cada vez melhor. Não somos do mesmo
sangue, mas sempre foi um pai e um grande exemplo pra mim. Acho que grande
parte de tudo que conquistei em minha vida tem o seu aval e mais, tem o
consentimento de uma pessoa que sempre esteve junto para somar, sem nunca
pedir nada em troca. Por tudo que ele representou e representa em minha vida e por
ser um homem simples, honesto e de um caráter sem igual. A você meu querido
“dotor” sempre te amarei, nunca te esquecerei, onde estiver, estarei.
6
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Sergio Motta, por acreditar em mim e na minha capacidade de
evolução – meu orientador, competente e estimulante.
A Profa. Dra. Flávia Rabello, minha orientadora, obrigado pelo
embasamento teórico, pelos ensinamentos, e pela paciência.
Ao Prof. Rogério Pacheco, pelo apoio e reflexões críticas, amigo desde os
tempos da periodontia.
Aos colegas do curso de Pós-Graduação, onde hoje formamos grandes
amizades.
A minha mãe Maria Elisa e a minha tia Wilma por tudo que fizeram por
mim e pelo apoio dado nos momentos mais difíceis.
Aos meus queridos tio Loro e tia Andréa, mais uma vez obrigado pela
confiança, vocês estão no meu coração.
À Luciana Fernandes Granja, minha namorada, obrigado pelo incentivo e
apoio nas horas mais críticas.
7
RESUMO
A
implantodontia
desenvolveu
avanços
notáveis
à
Odontologia
Contemporânea, e a reabilitação oral com implantes tornou-se uma modalidade de
tratamento amplamente aceita por pacientes edentados totais e parciais. A carga
imediata oferece aos pacientes uma opção terapêutica mais rápida e confortável
mantendo os mesmos índices de sucesso conseguidos através da técnica de
cicatrização protegida, preconizada inicialmente. Este trabalho propõe através de
uma revisão bibliográfica embasar um protocolo clínico e protético através de
conceitos
biológicos,
mecânicos
e
protéticos,
assim
como
uma
revisão
retrospectiva de casos de implantes instalados na região de mandíbula.
Descrevendo as vantagens e desvantagens da carga imediata idealizado pelo
Centro de Pós Graduação CIODONTO, na clínica CLIVO, através da apresentação
de dois casos clínicos demonstrando uma alternativa terapêutica com implantes
osseointegráveis em carga imediata em região da mandíbula.
Palavras-chaves: carga imediata; mandíbula; implantes.
8
ABSTRACT
The Implantodontic developed advances to contemporary dentistry, and oral
rehabilitation with implants has become a kind of treatment widely accepted by both
totally and partially edentulous patients. The immediate load offer to the patients a
faster and comfortable therapeutic option maintaining the same success indexes
gotten through the technique of protected healing extolled, extolled initially. This
work bound, throw of bibliographic review, to support a clinic and prosthetic
protocol, throw biologics, mechanics e prosthetics concepts, as a retrospective
review about cases of implants fixed in mandibules. Describing an advantage and
disadvantage of the immediate load idealized by pos graduation center CIODONTO
throw the introduction of a clinic case, showing a therapeutic alternative with
osseointegrated loaded implants in mandibles areas. Besides, show that the ability
of the dentist is essential to obtain success in the technique, how so, his biologic
knows, mechanics, prosthetics, advantage an disadvantage of load immediate.
Key Words: Immediate loading; mandible; implants.
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Rx panorâmico com os elementos 33, 32, 31, 41, 42, 43..................36
Figura 2 - Extrações atraumáticas dos elementos 33, 32, 31, 41, 42, 43..........36
Figura 3 - Osteoplastia realizada com brocas Maxcut........................................37
Figura 4 - Posicionamento do Guia Multifuncional.............................................37
Figura 5 - Paralelômetros posicionados após as perfurações...........................38
Figura 6 - Inserção de 5 implantes 3,75 mm x 13,00mm H.E............................38
Figura 7 - Implantes instalados com torque acima de 45N................................39
Figura 8 - Posicionamento dos mini-pilares cônicos..........................................39
Figura 9 - Rx panorâmico após instalação dos implantes..................................40
Figura 10 - Prótese tipo PF3 confeccionada aparafusada e metaloplástica........40
Figura 11 - Prótese fixa inferior instalada.............................................................41
Figura 12 - Rx panorâmico final, após instalação da prótese..............................41
Figura 13 - Rx panorâmico com os elementos 33, 32, 31, 41, 42, 43.................44
Figura 14 - Condição inicial do paciente..............................................................44
Figura 15 - Extrações e osteoplastia com brocas Maxcut....................................45
Figura 16 - Posicionamento do Guia Multifuncional.............................................45
Figura 17 - Moldagem com Guia Multifuncional com silicona de adição..............46
Figura 18 - Prótese tipo PF3 confeccionada aparafusada e metaloplástica........46
Figura 19 - Rx panorâmico final após instalação da prótese...............................47
Figura 20 - Rx panorâmico inicial para comparação com Rx final.......................47
10
LISTA DE ABREVIATURAS
Rx
-
radiografia
PF
-
prótese fixa
Mm
-
milímetros
µm
-
micrômetro
Clivo -
Centro Livre de Odontologia
ASA -
articulador semi ajustável
mg
-
miligrama
N
-
Newton
D
-
densidade
11
LISTA DE TABELAS
Tabela – 1. Distribuição da freqüência da relação de um estágio e dois estágios....47
12
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico – 1. Distribuição da freqüência do número de casos realizados em um
estágio e dois estágios...............................................................................................47
Gráfico – 2. Diâmetro dos implantes..........................................................................48
Gráfico – 3. Comprimento dos implantes...................................................................48
13
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................7
ABSTRACT............................................................................................................8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES....................................................................................9
LISTA DE ABREVIATURAS................................................................................10
LISTA DE TABELAS............................................................................................11
LISTA DE GRÁFICOS..........................................................................................12
1
INTRODUÇÃO.................................................................................................15
2
PROPOSIÇÃO.................................................................................................17
3
REVISÃO DA LITERATURA...........................................................................18
3.1. PRINCÍPIOS BIOLÓGICOS...........................................................................18
3.2. PRINCÍPIOS CIRÚRGICOS...........................................................................21
3.3. PRINCÍPIOS MECÂNICOS............................................................................23
3.4. PRINCÍPIOS PROTÉTICOS..........................................................................26
3.5. VANTAGENS E DESVANTAGENS...............................................................29
4
MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................32
4.1. PROTOCOLO CIRÚRGICO...........................................................................32
4.2. CASO CLÍNICO 1..........................................................................................34
4.3. CASO CLÍNICO 2..........................................................................................42
4.4. ANÁLISE ESTATÍSTICA................................................................................48
5
DISCUSSÃO...................................................................................................51
5.1. PRINCÍPIOS BIOLÓGICOS...........................................................................51
5.2. PRINCÍPIOS CIRÚRGICOS..........................................................................52
5.3. PRINCÍPIOS MECÂNICOS............................................................................53
5.4. PRINCÍPIOS PROTÉTICOS..........................................................................54
14
5.5. VANTAGENS E DESVANTAGENS...............................................................54
5.6. ANÁLISE E RESULTADOS ESTATÍSTICOS.................................................55
6 CONCLUSÃO...................................................................................................57
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................58
15
1. INTRODUÇÃO
A reabilitação oral através do uso de implantes osseointegráveis tornou-se
um importante recurso. A expressão carga imediata define os implantes que sofrem
carga mastigatória imediatamente após a realização dos estágios cirúrgicos e
protéticos, sem a necessidade de esperar pelo processo da osseointegração.
Schnitman et al. (1997) relataram sucesso da técnica de carga imediata,
na realização com próteses provisórias em mandíbulas edêntulas, sendo os
trabalhos descritos na literatura, enfatizam o protocolo de união rígida dos implantes
através de uma infraestrutura como condição necessária para a viabilidade dos
procedimentos.
Randow et al. (1999) seguiram os conceitos de Brånemark, que introduziu
um novo conceito em reabilitações de pacientes edêntulos em mandíbula –
Brånemark Novum. Esse novo protocolo de tratamento incluía uma técnica cirúrgica
precisa, utilizando-se guias, ligação rígida entre os implantes, componentes, barras
cirúrgicas e protéticas pré-fabricadas, onde o tratamento poderia ser finalizado em
sete horas.
Bianchini et al. (2001) relataram as vantagens do uso da carga imediata
em implantes osseointegráveis em única sessão cirúrgica, respeitando os aspectos
psicológicos, sociais, financeiros favoráreis e o número reduzido de consultas.
Tuller (2002) visando facilitar o acesso de um número maior de pessoas a
técnica e simplificar os procedimentos cirúrgicos e protéticos, foi proposto um novo
protocolo que busca reduzir os custos do tratamento. O protocolo para carga
imediata personalizada, com estrutura metálica feita a partir de um molde do
16
paciente, pode ser cimentada ou aparafusada sendo, acrilizada sobre os cilindros de
titânio, para posteriormente ser parafusada na boca. E outra vantagem desta
modificação de protocolo é a possibilidade de utilização de ligas de metais não
nobres que poderiam diminuir o custo final do tratamento, além de facilitar o trabalho
laboratorial. Este tipo de reabilitação tornou-se acessível, devolvendo função e
estética a um grupo cada vez maior de pacientes.
Degibi et. al. (2003) citou que o sucesso da carga imediata, dependerá de
uma indicação correta do caso, bem como conhecimento da técnica e destreza
apurada por parte do cirurgião dentista.
Veronese et al. (2005) concluíram que para o sucesso da carga imediata,
vários pontos devem ser observados, principalmente a qualidade óssea apresentada
pelo osso receptor, a estabilidade inicial no momento da colocação dos implantes e o
local de sua colocação.
Zorzal et al. (2005) concluíram aspectos importantes para o sucesso
clínico da carga e função imediata: envolvendo uma boa escolha do paciente e uso
de um apropriado protocolo para instalação dos implantes, tanto em maxila como em
mandíbula.
Sotto Maior et al. (2005) definiram que a carga imediata é apresentada
como uma alteração do protocolo original dos implantes osseointegráveis e
recomendaram um período de três à seis meses de reparo tecidual.
Manso et. al. (2006) concluíram que a taxa de sucesso é semelhante
aquela obtida com o protocolo de inserção de implantes em rebordos cicatrizados,
para que a regeneração ocorra a superfície do implante deve estar a uma distância
das paredes do alvéolo cerca de zero à dois milímetros.
17
2. PROPOSIÇÃO
A proposta deste trabalho é fazer uma revisão bibliográfica através de um
estudo longitudinal sobre a evolução da técnica de reabilitação oral com implantes
osseointegráveis utilizando a carga imediata como referência para um tratamento
confiável, com custos reduzidos e menor número de consultas para o paciente.
Objetiva ainda embasar um protocolo clínico e protético idealizado pelo Centro Livre
de Odontologia através da apresentação de dois casos clínicos demonstrando uma
alternativa terapêutica com implantes osseointegráveis em carga imediata em região
da mandíbula. Apresentar também uma tabela com o levantamento dos pacientes
que realizaram carga imediata em mandíbula de 1999 até 2007 no Centro Livre de
Odontologia, onde mostraremos:
•
Análise estatística descritiva sobre o índice de sucesso dos implantes
osseointregráveis instalados na região da mandíbula e submetidos a
carga imediata e reabilitados com uma prótese fixa metaloplástica no
período entre 1999 até 2007;
•
Descrever um protocolo cirúrgico e protético idealizado pelo Centro de
Pós Graduação CIODONTO na clínica CLIVO.
18
3. REVISÃO DA LITERATURA
Há vários fatores envolvidos no sucesso do uso da carga imediata sobre
os implantes osseointegráveis. Com isso, faremos uma revisão na literatura
destacando ainda alguns fatores, tais como: princípios biológicos, cirúrgicos,
mecânicos, protéticos, vantagens e desvantagens da carga imediata.
3.1 PRINCÍPIOS BIOLÓGICOS
Boyan et al. (1986) destacaram que os fatores ambientais ajudam a
determinar se as células mesenquimais irão se diferenciar em fibroblastos,
osteoblastos ou condroblastos.
Davies (1996) concluiu que as células de origem mesenquimal são as
principais responsáveis pela migração, colonização da superfície do implante e são
extremamente sensíveis a características de superfície, como por exemplo,
rugosidade e topografia.
Becker et al. (1997) realizaram um estudo multicentro longitudinal
prospectivo e avaliaram os resultados clínicos após a colocação e restauração de
135
implantes
Brånemark
em
estágio
único
em
maxilas
e
mandíbulas
completamente e parcialmente edêntulas em 63 pacientes adultos. Concluíram que
os resultados foram de 95,6 % de sucesso quando inseridos em osso de boa
qualidade e quantidade.
19
Corso et. al. (1999) após estudo em quatro cães, instalaram quarenta
implantes 3,3mm x 8mm, e concluíram que a alimentação consistente associada à
carga imediata, não interferia na osseointegração, comprovando clinicamente e
radiograficamente.
Skalak (2001) relatou que a carga imediata promove uma estimulação
precoce acelerando a neoformação e a remodelação óssea, mas não inibe a
reabsorção do osso injuriado pelo trauma cirúrgico.
Romanos et. al. (2002) relataram que a formação óssea ao redor de
implantes submetido à carga imediata foi semelhante a um implante submetido a
carga tardia.
Souza et. al. (2003) concluíram que a carga imediata deve ser aplicada
em indivíduos com boa qualidade e quantidade óssea.
Lenharo et. al. (2004) relataram que a carga precoce em implantes
osseointegráveis sempre foi interpretada como um fator decisivo para a indução da
interposição de tecidos fibrosos. Observou que é dentro de um protocolo específico
voltado para a obtenção de situações ideais à instalação dos implantes, pode-se
utilizar a carga imediata sem que os implantes sofram encapsulação fibrosa e
posterior falha.
Muller et.al. (2004) concluíram que a estabilidade primária e o osso de boa
qualidade são requisitos básicos para o sucesso da técnica da carga imediata.
Pinto et al. (2004) relataram que quando se propõe uma terapia com
implantes em um paciente edêntulo total mandibular, as possibilidades de
reabilitação estarão na dependência de múltiplos fatores que incluem quantidade e
qualidade óssea, desenho dos implantes, técnica cirúrgica, custos e preferência dos
pacientes.
20
Freire et. al. (2005) concluíram em um estudo que o espaço entre o
implante e as paredes ósseas de um alvéolo não podem ultrapassar 2,00mm de
distância horizontal sob pena do implante não osseointegrar.
Thomé (2005) relatou que a carga imediata é viável desde que haja a
estabilidade primária dos implantes, que depende da qualidade óssea, técnica
cirúrgica e desenho dos mesmos.
Veronese et al. (2005) relataram que com a técnica da carga imediata foi
obtido um alto índice de sucesso e satisfação do paciente. Observaram um aumento
da densidade óssea e da função neuromuscular, em comparação com as técnicas
tradicionais, ganhou-se tempo, reduziu-se o número de consultas e restabeleceu
função e estética satisfatórias.
Castilho et. al. (2006) relataram que a osseocompressão para a
estabilidade primária vem se tornando cada vez mais freqüente. A necessidade de
estímulo nos sítios ósseos por determinados tipos de desenhos de implantes é uma
proposta cada vez mais presente.
Souza et al. (2007) destacaram que a região anterior da mandíbula possui
excelente qualidade e quantidade óssea, possibilitando um número e distribuição
adequada dos implantes, com a taxa de sucesso para a carga imediata semelhante
ao protocolo original de dois estágios.
Cruz et al. (2007) constataram que dentre os requisitos necessários para o
sucesso da carga imediata, destacam-se a quantidade e o volume ósseos
adequados.
Bianchini (2008) concluiu que para aplicar a carga imediata deve-se
procurar um tecido ósseo mais denso que possibilite o travamento adequado dos
implantes, que na mandíbula é entre os forames mentonianos.
21
3.2 PRINCÍPIOS CIRÚRGICOS
Esposito et. al. (1998) descreveram que excessivos traumas cirúrgicos,
contatos prematuros e infecções são habitualmente os causadores mais comuns de
perda precoce de implantes.
Corso et. al. (1999) concluíram que uma técnica cirúrgica atraumática e a
estabilidade primária são fundamentais para obtenção da osseointegração.
Tehemar (2000) realizou um estudo sobre os tecidos duros e moles ao
redor dos implantes em alvéolos recém-extraídos, e concluiu que é importante
reconhecer a severidade do defeito ósseo ao redor do implante, e assim entender a
manipulação do tecido mole durante o procedimento cirúrgico.
Santos et. al. (2003) concluíram que as variações das técnicas de
colocação de implantes com carga imediata são mínimas, porém sempre seguem o
protocolo do sistema Brånemark.
Amaral et al. (2004) verificaram a importância do planejamento précirúrgico, analisando a anatomia mandibular e a relação entre arcos, fatores
essenciais para o sucesso da carga imediata.
Freire et. al. (2005) concluíram que a instalação imediata em alvéolos de
extração é uma técnica com alto índice (95,6%) de sucesso e deve ser empregada
para prevenir a atrofia óssea à perda do dente.
Jiménez (2005) concluiu que do ponto de vista cirúrgico, o principal
objetivo consiste em conseguir a estabilidade primária dos implantes, fator
imprescindível para a se alcançar a osseointegração.
22
Zorzal et. al. (2005) concluíram que o sucesso a longo prazo da
restauração definitiva, depende da habilidade clínica em manusear os tecidos moles
e ósseo das regiões afetadas.
Thomé et. al. (2007) demonstraram a carga imediata como mais uma
alternativa, onde a prótese pode ser executada após o ato cirúrgico, onde poderá ser
realizada através de uma cirurgia guiada, sem retalhos chamados “flapless”.
23
3.3 PRINCÍPIOS MECÂNICOS
Tarnow et al. (1997) avaliaram a aplicação de carga imediata sobre 107
implantes rosqueados inseridos em 10 pacientes completamente edêntulos. Cada
paciente recebeu em média, 10 implantes distribuídos tanto na maxila quanto na
mandíbula, com comprimento mínimo de 10mm, e constatou que esta modalidade de
tratamento é altamente viável. Concluíram que nunca devemos usar implantes
menores que 10mm de comprimento quando o objetivo for a carga imediata.
Randow et. al. (1999) observaram que o sucesso da técnica seria
previsível desde que se alcançasse uma excelente estabilidade e uma possível
corticalização dos implantes.
Grunder et. al. (1999) realizaram um estudo onde instalaram 264
implantes em 143 pacientes, obtendo um índice de sucesso de 94,7% e notaram que
os implantes teriam um tamanho mínimo de 10mm.
Jaffin et. al. (2000) relataram em um estudo de 27 casos com carga
imediata em pacientes edêntulos totais e parciais que o ideal é a utilização de
implantes de 10mm de comprimento.
Szmukler-Moncer et. al. (2000) consideraram dentre alguns aspectos
preliminares para a aplicação da carga imediata que a micromovimentação ideal é de
50µm a 150µm.
Skalak (2001), concluiu que para o osso mandibular ser submetido à
carga imediata não pode ocorrer micromovimentações após a implantação. A
magnitude do micromovimento que vai permitir a osseointegração varia entre 10µm a
20µm.
24
Souza et. al. (2003) concluíram que implantes de titânio com tratamento
de superfície são mais recomendáveis no procedimento de um único estágio. O
sucesso da osseointegração depende da instalação precisa do implante, boas
condições de saúde do indivíduo, do controle da força aplicada e micromovimentos
na interface osso implante.
Constantino (2004) concluiu que para a aplicação de técnicas que ativam
os implantes imediatamente após sua instalação, as exigências de estabilidade
primária tornam-se ainda mais severas, exigindo que o corpo dos implantes
permaneça imobilizado no osso mesmo após a aplicação de cargas mastigatórias.
Amaral et al. (2004) afirmaram que é fundamental a importância do
planejamento pré-cirúrgico analisando a anatomia mandibular e a relação entre
arcos.
Lenharo et. al. (2004) relataram que o excesso de micromovimentação
durante a fase de cicatrização parece interferir diretamente com a reparação óssea.
O grau tolerável de micromovimentação pode variar de 50µm a 150µm, pois não
interferirá nos resultados do metabolismo ósseo, favorecendo uma neoformaçào
óssea seguida de corticalização deste tecido, que se diferencia de forma saudável
ao redor das superfícies de implantes.
Muller et.al. (2004) concluíram que implantes longos e uma prótese rígida
e bem equilibrada são requisitos que regem o sucesso da carga imediata.
Neto et. al. (2004) concluíram que dois implantes de no mínimo 10mm,
unidos entre si e instalados em osso de boa qualidade podem ser carregados
imediatamente, caso apresentem estabilidade inicial igual ou menor que zero,
medidos com Periotest®.
25
Jiménez (2005) destacou a importância do diâmetro do implante, sendo
recomendado implantes de 3,75mm e 4,00mm de diâmetro, sempre que com eles se
obtenha uma boa estabilidade primária.
Thomé (2005) relatou que o osso recém-formado (no período de espera)
não é melhor que o osso pré-existente, portanto se no ato cirúrgico conseguir um
bom contato ósseo com o implante não faz sentido este período de espera.
Silva et. al. (2006) concluem que os implantes de superfície tratada são os
mais indicados para a modalidade de tratamento com carga imediata.
Thomé (2007) salientou ser importante que a estabilidade inicial ocorra
por um processo exclusivamente mecânico e que o tratamento de superfície é o
responsável pela estabilidade secundária.
Bianchini (2008) concluiu que os princípios básicos da carga imediata
giram em torno da estabilidade inicial dos implantes. Se essa carga for colocada em
implantes com pouco travamento inicial, poderá haver uma micromovimentação do
implante com a conseqüente formação de um tecido fibroso na interface ossoimplante, ocasionando a perda da fixação.
26
3.4 PRINCÍPIOS PROTÉTICOS
Santos et. al. (2003) concluíram que o sucesso da carga imediata
depende de uma distribuição adequada dos esforços gerados sobre a plataforma
oclusal, mediante a utilização de um esquema oclusal balanceado e equilibrado. Em
próteses totais deve-se adotar a oclusão balanceada.
Thomé et.al. (2004) relataram que a reabilitação protética deve manter os
implantes esplintados por meio de barras rígidas, preferencialmente, com
assentamento passivo, evitando micromovimentações que possam induzir a
formação de uma cápsula fibrosa.
Pinto (2005) realizou um estudo utilizando implantes Theo® (implante com
formato de parafuso, com espiras auto-rosqueáveis, possui tratamento de superfície,
corpo
único,
sem
intermediários
protéticos
e
idealizados
para
próteses
aparafusadas) em carga imediata na mandíbula. Este implante foi idealizado para
próteses parafusadas, assim sendo, possui uma coifa de titânio que se ajusta ao
implante através de um parafuso passante. Concluiu que trata-se de um sistema
viável para reabilitação de pacientes edêntulas totais inferiores, apresentando-se
como uma técnica simples e eficaz que restabelece estética e função em um único
tempo cirúrgico com a instalação imediata de uma prótese total fixa parafusada
implanto-suportada provisória.
Thomé (2005) concluiu que a carga imediata é viável desde que haja uma
correta distribuição espacial dos implantes, juntamente com uma boa biomecânica
durante o procedimento reabilitador.
27
Sartori (2005) relatou que dentro do contexto da carga imediata, a prótese
trabalha em três momentos distintos: no preparo pré-cirúrgico, na confecção das
próteses elegendo a técnica e os materiais, e no controle e manutenção dos casos.
Vasconcelos et al. (2005) concluíram que a função imediata utilizando
apenas três implantes e uma prótese fixa parafusada mostrou-se um procedimento
fácil, seguro e com bom prognóstico. Relataram ainda que a utilização do guia
multifuncional facilita, principalmente, a reabilitação dos procedimentos protéticos,
diminuindo o tempo de tratamento e permitindo que profissionais com menos
experiência façam um trabalho adequado e de qualidade.
Gonçalves et. al. (2006) concluíram que os resultados obtidos utilizando
carga imediata associada à overdenture foram similares aos observados em carga
tardia.
Padovan et. al. (2006) realizaram um estudo com carga imediata
utilizando um novo protocolo chamado Neopronto®, onde permite diminuir o período
de espera por meio de componentes pré-fabricados em sistema de carga imediata
na mandíbula. O sistema Neopronto® consiste na instalação de três ou quatro
implantes na região anterior da mandíbula e posicionado nos locais prédeterminados. O período médio entre o término da moldagem e a instalação da
prótese foi de dez horas e o índice de sucesso (98%) desse trabalho foi compatível
com o apresentado por Brånemark.
Chiapasco et al. (2007) conduziram um estudo em seis pacientes com
idade média de 56 anos, com atrofia mandibular severa, e que foram reabilitados
com osso da calota craniana em região intermentoniana, e após oito meses esses
pacientes receberam uma prótese do tipo overdenture logo após a inserção dos
implantes, com sucesso de 95,7%.
28
Cruz et al. (2007) afirmaram que dentre os requisitos necessários para o
sucesso da carga imediata, destaca-se a ausência de hábitos parafuncionais e a
acrilização adequada da prótese.
Bianchini (2008) citou que outro aspecto importante da carga imediata é a
ferulização dos implantes. O travamento extremo do implante combinado com a
análise precisa da oclusão e com o tipo de prótese que será confeccionado pode
favorecer a aplicação da carga imediata.
29
3.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS
Tarnow et al. (1997) relataram que vários estudos clínicos foram
documentados em que a carga imediata de implantes com uma prótese provisória,
após o primeiro estágio cirúrgico, pode resultar em um alto índice de sucesso.
Bianchini et. al. (2001) relataram que as vantagens do uso da carga
imediata em implantes osseointegráveis são: uma única sessão cirúrgica, aspectos
psicológicos, sociais, financeiros e o número reduzido de consultas.
Santos et al. (2003) concluíram após estudo sobre carga imediata que as
desvantagens são a confecção de uma prótese provisória imediata possibilitando a
fratura da mesma devido às ações de cargas oclusais, além de existir a possibilidade
de falhas no processo de cicatrização periimplantar.
Santos et al. (2003) relataram as vantagens da carga imediata, sendo
elas: a estética, redução do número de consultas e a reabilitação, mesmo que
limitada, da função mastigatória.
Souza et. al. (2003) concluíram que o tempo gasto com a reabilitação com
carga imediata aumenta o bem-estar psicológico e social do paciente.
Wolfinger et. al. (2003) relataram em sua conclusão que a carga imediata
está contra-indicada em pacientes diabéticos e portadores de bruxismo.
Junior et al. (2004) concluíram que a utilização de carga imediata em
reabilitações implanto-suportadas inferiores totais é um tratamento previsível e que
deve fazer parte das opções terapêuticas dos profissionais, trazendo benefícios e
satisfação tanto para os pacientes como para os profissionais.
Lenharo et.al. (2004) demosntraram que os protocolos de carga precoce e
imediata são altamente previsíveis e favoráveis ao conforto do paciente, à estética e
30
função, garantindo uma condição clínica e histológica passível da indicação desta
técnica como opção de tratamento e perdas unitárias e múltiplas.
Muller et. al. (2004) concluíram que a satisfação do paciente com o tempo
gasto para a reabilitação do paciente é um motivo que reforça a vantagem da
indicação da carga imediata.
Veronese et al. (2005) após realizarem um estudo com carga imediata e
compararem com as técnicas tradicionais verificou-se a redução do número de
consultas e restabelecimento da função e estética.
Curcio et al. (2005) realizaram um estudo com esteriolitografia em carga
imediata, e concluíram que a tecnologia veio para agilizar o tratamento e diminuir
custos ao paciente.
Freire et. al. (2005) concluíram que a grande vantagem do tratamento com
implantes imediatos em alvéolos após sua extração é a manutenção da atrofia
óssea.
Campos et. al. (2006) concluíram que o protocolo com carga imediata
funcional demonstrou bom resultado clínico e alto grau de satisfação do paciente,
principalmente pela redução de custos e a diminuição do tempo de tratamento.
Diniz et. al. (2006) relataram que a vantagem da técnica da carga imediata
é a redução das etapas na reabilitação oral com uso dos implantes osseointegráveis,
possibilitando assim ao paciente ter uma prótese em função no menor espaço de
tempo possível.
Gonçalves et. al. (2006) consideraram que a carga precoce na região
intermentoniana é altamente aceitável, trazendo maior conforto e segurança ao
paciente, bem como imediata função e estética.
31
Padovan et. al. (2006) concluíram em seu estudo com o Sistema
Neopronto®, onde se faz a cirurgia com um gabarito cirúrgico posicionado em um
local pré-determinado, que uma grande vantagem é o tempo gasto entre a instalação
do implante e a instalação da prótese que foi de aproximadamente 10 horas.
Silva et. al. (2006) relataram a desvantagem do tratamento com carga
imediata em pacientes portadores de parafunção e também pacientes fumantes.
Souza et al. (2007) concluíram que o protocolo da carga imediata reduz a
ansiedade do paciente e a inconveniência funcional e estética em relação ao
procedimento de dois estágios, que pode durar meses ou mesmo anos.
Bianchini (2008) indica a carga imediata em osso denso que permita o
travamento com pelo menos 40N, com implantes de plataforma regular ou larga e
que esses implantes estejam ferulizados através de próteses fixas. Contra indica a
carga imediata em pacientes que se enquadra nos fatores de risco.
32
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Através de um levantamento retrospectivo de estudo de casos feito com
autorização por escrito dos pacientes em um termo de concientização, recolhemos
dados sobre cinqüenta casos com um estágio e dois estágios na reabilitação do
paciente. Ilustraremos com dois casos selecionados.
4.1 PROTOCOLO CIRÚRGICO
Para que pudesse ser realizado o tratamento com implantes com carga
imediata nos pacientes do Centro de Pós Graduação CIODONTO, na clínica Clivo,
foi proposto um protocolo cirúrgico e protético. Todos os pacientes são ASA I
saudáveis, possuem perfil psicológico colaborador, atento e motivados. Foram
realizados exames clínicos e avaliações radiográficas através de Rx panorâmico, Rx
periapical completo e tomografia computadorizada em todos os pacientes. Os
pacientes estavam cientes pela opção desta modalidade terapêutica e das outras
opções possíveis para os seus tratamentos. Foram feitas as escolhas conscientes
para este tipo de terapia e os pacientes assinaram um termo de responsabilidade.
Em relação à saúde bucal, os pacientes apresentavam saúde periodontal e higiene
bucal em níveis aceitáveis, não apresentando hábitos ou distúrbios parafuncionais.
Foram feita as moldagens para as arcadas superior e inferior e montagem no ASA,
para que pudessem ser confeccionado o enceramento diagnóstico e a confecção de
um guia multifuncional. As mensurações foram feitas nas radiografias e nos modelos
de estudo, assim como na região a ser implantada na boca dos pacientes para que
33
pudéssemos determinar o diâmetro e o comprimento dos implantes, com mais
precisão.
Em relação ao protocolo medicamentoso, foi utilizado pela clínica Clivo:
amoxilina 500mg – 4 cápsulas 2 horas antes da cirurgia e 4 cápsulas 8 horas após a
primeira dose; dexametasona 4mg – 2 comprimido 1 hora antes da cirurgia, 1
comprimido após 24 horas e 1 comprimido após 48 horas; paracetamol de 750mg –
1comprimido de 6 em 6 horas em caso de dor; complexo B – 1 drágea após
refeições (almoço e jantar) por 30 dias; vitamina C 500mg – 1 comprimido por dia por
30 dias e bochechar com Periogard (solução oral) antes da cirurgia e após 3 vezes
ao dia durante 15 dias.
No protocolo anestésico foi utilizado inicialmente prilocaína, pelo seu
efeito rápido, em seguida mepivacaína pelo seu efeito duradouro e complementado
com lidocaína 2% 1/50000 em toda a extensão incisional.
34
4.2 CASO CLÍNICO 1
Paciente EAM do sexo feminino, 76 anos, procurou o Centro de Pós
Graduação CIODONTO, na CLIVO, com histórico de perda dentária dos elementos
posteriores inferiores, apresentando elevada perda óssea na região posterior de
mandíbula bilateralmente, impossibilitando inclusive a enxertia óssea com finalidade
de ganho em altura e espessura (figura 1). Foi realizada antissepsia com clorexidina
à 2% na área extraoral e na cavidade intraoral com periogard através de bochecho
antes da cirurgia, anestesia bilateral troncular nos mentonianos com prilocaína,
mepivacaína e lidocaína. Foi realizada uma incisão na altura da crista óssea na
região de mentoniano à mentoniano. O descolamento do retalho mucoperiósteo total
sem dilaceração foi realizado objetivando avaliar a cortical lingual, a localização dos
nervos mentonianos e a profundidade de seus forames. Prosseguimos com o
aplainamento das cristas ósseas sob intensa irrigação com soro fisiológico estéril,
criando uma plataforma óssea com angulação vestíbulo lingual e largura adequadas.
Os procedimentos tradicionais para brocagem recomendados pela empresa foram
seguidos para a instalação de implantes de 3,75mm de diâmetro e 13,00mm de
comprimento da empresa comercial SIN.
Como a paciente apresentava elementos dentários anteriores (do
elemento 43 ao 33), optou-se pela exodontia (figura 2) dos mesmos e aplainamento
do osso alveolar com broca maxicut® (figura 3). Foi confeccionado um guia
multifuncional para auxiliar no direcionamento e posicionamento dos implantes
(figura 4). Realizadas as perfurações e a colocação dos paralelômetros (figura 5),
inserimos cinco implantes na região intermentoniana (figura 6 e 7). Finalizada a fase
cirúrgica, iniciamos imediatamente a fase protética, foram instalados os mini pilares
35
cônicos (figura 8). Conforme ilustrado na figura 9, pedimos uma radiografia
panorâmica, após a implantação para confirmar o posicionamento dos implantes. Foi
confeccionada uma prótese total fixa (PF3) imediata (figura 10). Instalação da
prótese no paciente (figura 11). Foi realizado mais um rx panorâmico após o término
do trabalho (figura 12).
36
Figura 1 – Rx panorâmico com a presença dos elementos 33, 32, 31, 41, 42, 43.
Figura 2 – Extrações atraumáticas nos elementos 33, 32, 31, 41, 42, 43.
37
Figura 3 – Osteoplastia realizada com brocas Maxcut®.
Figura 4 – Posicionamento do Guia Multifuncional.
38
Figura 5 – Paralelômetros posicionados após a realização das perfurações.
Figura 6 – Inserção de cinco implantes 3,75mm X 13,00mm hexágono externo.
39
Figura 7 – Implantes instalados, com torque acima de 45N.
Figura 8 – Posicionamento dos mini pilares cônicos instalados 3 hs após a cirurgia
de implantação.
40
Figura 9 – Rx panorâmico após instalação dos implantes osseointegráveis.
Figura 10 – Prótese tipo PF3 confeccionada aparafusada em metaloplástica.
41
Figura 11 – Prótese fixa inferior instalada.
Figura 12 – Rx panorâmico final, após instalação da prótese.
42
4.3
CASO CLÍNICO 2
Paciente JP do sexo masculino, 72 anos, procurou o Centro de Pós
Graduação CIODONTO, na CLIVO, com histórico de perda dentária dos elementos
posteriores inferiores e desdentado total superior. Apresentando elevada perda
óssea na região posterior de mandíbula bilateralmente, impossibilitando inclusive a
enxertia óssea com finalidade de ganho de altura e espessura (figura 13). Foi
realizada antissepsia com clorexidina à 2% na área extraoral e na cavidade intraoral
com periogard através de bochecho antes da cirurgia, anestesia bilateral troncular
nos mentonianos com prilocaína, mepivacaína e lidocaína (figura 14). Foi realizada
uma incisão na altura da crista óssea na região de mentoniano à mentoniano. O
descolamento do retalho mucoperiósteo total sem dilaceração foi realizado
objetivando avaliar a cortical lingual, a localização dos nervos mentonianos e a
profundidade de seus forames (figura 15). Prosseguimos com o aplainamento das
cristas ósseas sob intensa irrigação com soro fisiológico estéril, criando uma
plataforma óssea com angulação vestíbulo lingual e largura adequadas. Os
procedimentos tradicionais para brocagem recomendados pela empresa foram
seguidos para a instalação de implantes de 3,75mm de diâmetro e 13,00mm de
comprimento da empresa comercial SIN.
Como a paciente apresentava elementos dentários anteriores (do
elemento 43 ao 33), optou-se pela exodontia (figura 15) dos mesmos e aplainamento
do osso alveolar com broca maxicut® (figura 15). Foi confeccionado um guia
multifuncional para auxiliar no direcionamento e posicionamento dos implantes
(figura 16). Realizadas as perfurações e a colocação dos paralelômetros, inserimos
cinco implantes na região intermentoniana. Finalizada a fase cirúrgica, iniciamos
43
imediatamente a fase protética, foram instalados os mini pilares cônicos. Foi
realizada moldagem com o guia multifuncional utilizando silicona de adição (figura
17). Foi confeccionada uma prótese tipo PF3 parafusada e metaloplástica (figura 18).
Foi realizada uma nova radiografia panorâmica para confirmar a instalação e o
posicionamento dos implantes (figura 19). Mostramos em seguida a panorâmica
inicial para comparação com a panorâmica final (figura 20).
44
Figura 13 – Rx panorâmico com a presença dos elementos 33, 32, 31, 41, 42, 43.
Figura 14 – Condição inicial do paciente.
45
Figura 15 – Extrações e osteoplastia com brocas Maxcut®.
Figura 16 – Posicionamento do Guia Multifuncional.
46
Figura 17 – Moldagem com Guia Multifuncional utilizando silicona de adição
impregum.
Figura 18 – Prótese tipo PF3 confeccionada aparafusada e metaloplástica.
47
Figura 19 – Rx panorâmico final, após instalação da prótese.
Figura 20 – Rx panorâmico inicial para comparação com o Rx panorâmico final.
48
4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA DESCRITIVA
A análise estatística dos dados foi elaborada através de uma Tabela de
Contingência, onde consiste no propósito de estudar a relação entre duas variáveis
de classificação. Neste estudo, avaliou-se o número de casos de pacientes que
realizaram a técnica de um estágio (carga imediata) e de dois estágios (carga tardia)
para a reabilitação total fixa inferior.
A seguir, demonstra-se através de gráficos e tabelas os resultados
alcançados com carga imediata realizados no Centro de Pós Graduação
CIODONTO, na clínica Clivo.
Técnica
Número de casos
Um estágio (carga imediata)
11
Dois estágios (carga tardia)
39
Total
50
Tabela 1: Distribuição da freqüência da relação um estágio e dois estágios.
60
Prótese Total Fixa
Inferior: número de
casos.
50
40
30
20
10
0
Um estágio
Dois estágios
Gráfico 1: Distribuição da freqüência do número de casos realizados em um estágio
e em dois estágios cirúrgicos.
49
Na Tabela 1 e no Gráfico 1, demonstram que no total de 50 próteses fixas
total inferior realizadas entre o ano de 1999 à 2007, o número de casos em que as
próteses foram instaladas no mesmo ato cirúrgico que os implantes osseointegráveis
foram em número de onze, cujo total corresponde uma porcentagem de 22%.
Com relação ao tamanho dos implantes pode-se notar nos gráficos 2 e 3
que se seguem, o comprimento e o diâmetro mais utilizados.
DIÂMETRO DOS IMPLANTES
3,75mm = 35 imp (62,5%)
4,00mm = 20 imp (36%)
3,25mm = 1 imp (1,5%)
Gráfico 2: diâmetro dos implantes.
COMPRIMENTO DOS IMPLANTES
13,00mm = 37 imp (66%)
15,00mm = 10 imp (18%)
11,50mm = 5 imp (9%)
11,00mm = 2 imp (3,5%)
10,00mm = 2 imp (3,5%)
Gráfico 3: comprimento dos implantes.
50
Conforme o gráfico 2 mostra, 62,5% dos implantes tem diâmetro de
3,75mm, 36% tem diâmetro de 4,00mm e apenas 1,5% tem diâmetro de 3,25mm. Já
em relação ao comprimento do implante, notamos que 66% dos implantes tem
comprimento de 13,00mm, 18% tem comprimento de 15,00mm, 9% tem
comprimento de 11,5mm, 3,5% tem comprimento de 11,00mm e 3,5% tem
comprimento de 10,00mm.
A carga imediata em mandíbula vem sendo realizada no Centro de Pós
Graduação CIODONTO, na clínica Clivo, e desde então não temos relato de perda
de implantes, ou seja, até o presente temos 100% de sucesso.
51
5. DISCUSSÃO
O tratamento com implantes de pacientes edentados totais ou
parcialmente pode ser feito com próteses fixas utilizando a técnica da carga
imediata. É importante ressaltar os princípios biológicos, cirúrgicos, mecânicos,
protéticos e as vantagens e desvantagens.
5.1 PRINCÍPIOS BIOLÓGICOS
Boyan et al. (1986), Davies (1996) para eles as células mesenquimais irão
se diferenciar em fibroblastos, osteoblastos ou condroblastos e são as responsáveis
pela migração e colonização da superfície do implante.
Becker et al. (1997), Souza et. al. (2003), Lenharo et. al. (2004), Muller et.
al. (2004), Pinto et. al. (2004), Thomé (2005), Souza et. al. (2007), Cruz et. al. (2007),
Bianchini (2008) concluíram que a carga imediata devem ser aplicadas em indivíduos
com boa qualidade e quantidade óssea. Já Corso et. al. (2004) acha que a
alimentação não vai interferir na osseointegração.
Skalak (2001), Romanos et. al. (2002) acharam que a carga imediata
promove uma neoformação e remodelação óssea semelhante a um implante
submetido à carga tardia. Freire et. al. (2005) porém, disseram que a distância entre
o implante e as paredes ósseas de um alvéolo não podem ultrapassar 2,00mm sobre
o risco do implante não osseointegrar.
52
Veronese et. al. (2005), Castilho et. al. (2006) relataram o aumento da
densidade óssea e da função neuromuscular em função dos estímulos nos sítios
ósseos.
Através deste trabalho concordamos que a carga imediata deve ser
aplicada em indivíduos com boa qualidade e quantidade óssea para se chegar à
estabilidade primária, verificamos uma neoformação e remodelação óssea
semelhantes à carga tardia.
5.2 PRINCÍPIOS CIRÚRGICOS
Esposito et. al. (1998), Corso et. al. (1999), Zorzal et. al. (2005) relataram
que excessivos traumas cirúrgicos são os causadores mais freqüentes da perda
precoce dos implantes. Para Tehemar (2000), Amaral et. al. (2004), Freire et. al.
(2005) concordam que é importante reconhecer a severidade do defeito ósseo, e
assim saber fazer uma boa manipulação do tecido mole e duro. Já Thomé ET. AL.
(2007) defende uma técnica, cirúrgica, para a carga imediata sem abertura de
retalhos. Tivemos em nossos resultados uma boa manipulação dos tecidos moles e
duros, evitando excessivos traumas cirúrgicos e mantivemos uma intensa irrigação o
que nos levou ao sucesso da etapa cirúrgica.
Santos et. al. (2003), Jiménez (2005) para eles a variação da técnica de
carga imediata é mínima em relação à carga tardia e o importante é alcançar a
estabilidade primária.
53
5.3 PRINCÍPIOS MECÂNICOS
Tarnow et. al. (1997), Grunder et. al. (1999), Jaffin et. al. (2000), Neto et.
al. (2004) concordam que nunca devemos usar implantes menores que 10,00mm de
comprimento quando o objetivo for a carga imediata. Em nossos estudos todos os
implantes são iguais ou maiores que 10,00mm.
Szmukler-Moncer et. al. (2000), Lenharo et. al. (2004) consideram que a
micromovimentação pode variar no máximo de 50µm a 150µm. Já Skalak (2001)
acha que para o sucesso da carga imediata a micromovimentação pode variar
somente entre 10µm a 20µm.
Souza et. al. (2003), Silva et. al. (2006), Thomé (2007) acham importante
que o implante tenha tratamento de superfície, assim acarretará em melhor
osseointegração. Já Thomé (2005) acha que se conseguir um bom contato osso
implante durante o ato cirúrgico a carga imediata será bem indicada.
Randow et. al. (1999), Constantino (2004), Jiménez (2005), Bianchini
(2008) afirmaram que o importante para a carga imediata é a estabilidade primária e
que os implantes tenham 3,75mm a 4,00mm de diâmetro. Em nossos resultados
96,5% dos implantes tem diâmetro igual ou maior que 3,75mm.
Amaral et. al. (2004), Muller et. al. (2004) cobram um bom planejamento
pré-cirúrgico com implantes longos e próteses bem equilibradas.
Concordamos que implantes maiores que 10,00mm de comprimento e
com tratamento de superfície são os recomendáveis para a carga imediata, pois
assim terá um bom contato osso implante.
54
5.4 PRINCÍPIOS PROTÉTICOS
Santos et. al. (2003), Thomé (2005), Bianchini (2008), Sartori (2005)
dizem que o sucesso da carga imediata depende de uma distribuição adequada dos
esforços gerados sobre a plataforma oclusal. Thomé et.al. (2004) disseram que a
reabilitação protética deve manter os implantes esplintados por meio de barras
rígidas. Cruz et. al. (2007) afirmam ainda, que para o sucesso da carga imediata e
consequentemente da prótese, a ausência de hábitos parafuncionais é fundamental.
Pinto (2005), Vasconcelos et. al. (2005), Padovan et. al. (2006) defendem
a função imediata utilizando apenas três implantes e prótese fixa parafusada
Gonçalves et.al. (2006), Chiapasco et. al. (2007) afirmaram que os
resultados obtidos utilizando carga imediata associada a overdenture foram similares
aos observados em carga tardia.
Achamos que para o sucesso da carga imediata, os implantes devem
estar bem distribuídos e esplintados sobre a plataforma oclusal.
5.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS
Bianchini et. al. (2001), Santos et. al. (2003), Souza et. al. (2003), Junior
et. al. (2004), Lenharo et. al. (2004), Muller et. al. (2004), Veronese et. al. (2005),
Curcio et. al. (2005), Campos et. al. (2006), Gonçalves et. al. (2006), Souza et. al.
(2007) concordam com as vantagens para a carga imediata, sendo elas o tempo
gasto, aspectos psicológicos e sociais para o paciente, e também a redução de
55
custos. Para Tarnow et. al. (1997) a utilização de uma prótese provisória vai garantir
o alto índice de sucesso da carga imediata.
Santos et. al. (2003) contra-indicam a carga imediata em casos que a
prótese provisória venha fraturar, além de falhas no processo de cicatrização
periimplantar. Wolfinger et. al. (2003) contra-indicam a carga imediata para pacientes
diabéticos e bruxistas. Para Silva et. al. (2006), Bianchini (2008) contra-indicam o
uso da carga imediata em pacientes portadores de parafunção e também em
pacientes fumantes. Bianchini (2008) só indica a carga imediata em osso denso que
permita o travamento com pelo menos 40N, implantes largos e que estejam
ferulizados através de prótese fixas.
Diniz et. al. (2006), Padovan et. al. (2006) concordam que a grande
vantagem do tratamento com implantes osseointegráveis com a técnica de carga
imediata é a redução do tempo gasto para sua conclusão. Para Freire et. al. (2005)
relataram que a vantagem do tratamento com implantes osseintegráveis utilizando a
técnica da carga imediata é a manutençào da atrofia óssea.
Pode-se dizer que as vantagens se sobressaem em relação as
desvantagens. Portanto a redução de consultas, os aspectos psicológicos e sociais
do paciente e os custos são altamente favoráveis à carga imediata.
5.6. Análise e Resultados Estatísticos
Na análise e nos resultados estatísticos, constatamos que 62,5% dos
implantes utilizados têm diâmetro de 3,75mm e 36% tem diâmetro de 4,00mm,
considerados ideais para uma boa estabilidade primária em carga imediata,
56
concordando com os estudos relatados por Randow et. al. (1999), Constantino
(2004), Jiménez (2005).
Todos os implantes utilizados em nossos estudos apresentavam
comprimentos maiores que 10,00mm, o que favoreceu o alto índice de sucesso
(100%), estando de acordo com Tarnow et. al. (1997), Grunder et. al. (1999), Jaffin
et. al. (2000) e Neto et. al. (2004).
57
6. CONCLUSÃO
De acordo, com a revisão bibliográfica e com a análise estatística
descritiva em nossos estudos, concluímos que é necessário respeitar alguns
aspectos fundamentais para o sucesso da carga imediata:
•
planejamento cirúrgico-protético prévio;
•
utilizar implantes maiores que 10mm de comprimento;
•
utilizar implantes com no mínimo 3,75mm de diâmetro;
•
estabilidade primária com torque de inserção de 45 N;
•
implantes esplintados com barra metálica;
•
qualidade óssea adequada, densidade DII;
•
a destreza manual do cirurgião-dentista.
Concluímos ainda, que a carga imediata foi possível em 20% dos
pacientes atendidos no Centro de Pós Graduação CIODONTO, na clínica CLIVO e
que o diâmetro e o comprimento mais utilizados dos implantes foi de
respectivamente 3,75mm e 13,00mm.
58
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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CIODONTO José Roberto Zanetti