Departamento de Engenharia Química MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA AGUA DOS CHUVEIROS DAS PRAIAS DE IPANEMA E LEBLON Aluno: Isabella Louise Bodin de Saint-Ange Comnène Carloni Orientador: José Marcus de Oliveira Godoy Coorientador: Daniela Soluri Introdução Os chuveiros das praias cariocas desempenham um papel muito importante para seus frequentadores. O que a população espera ao utilizá-los é se banhar em águas limpas, com a finalidade de tirar o sal e a areia do corpo, além de refrescar-se. Este estudo foi incentivado pela veiculação na mídia de que as águas dos chuveiros das praias da Zona Sul do Rio estavam apresentando contaminação principalmente de coliformes fecais, podendo apresentar sérios riscos à saúde. Doenças como hepatite A, rotavírus, salmonela, diarreia, gastroenterite, febre tifoide, entre outras, podem ser transmitidas devido à presença de coliformes totais e bactérias, as quais caracterizam a falta de tratamento. Na maioria das vezes, os chuveiros são instalados ilegalmente pelos “barraqueiros”, com abastecimento originado em poços artesianos, muitas vezes contaminados pelo esgoto, sem fiscalização do governo [1] [2]. Objetivos Este estudo visou analisar e monitorar a qualidade da água dos chuveiros em dez pontos das praias do Leblon e Ipanema, a partir de coletas semanais, em diferentes períodos do ano, sempre observando as condições climáticas, para que se pudesse identificar possíveis fontes de contaminação. Foram realizadas as determinações dos parâmetros de pH, condutividade, salinidade, cor, turbidez, fosfato, amônio e coliformes totais, seguindo as metodologias de análise descritas na tabela 2, e também a cromatográfica de cátions e ânions. Metodologia As coletas das amostras eram feitas geralmente aos domingos, em pontos prédeterminados segundo os pontos localizados em frente aos endereços de referência constatados na tabela 1, de maneira que se pudesse ter uma continuidade de estudo em cada chuveiro. Tabela 1 – Endereços dos pontos de coleta Ponto Endereço de Referência 1 Avenida Delfim Moreira, 1150 2 Avenida Delfim Moreira, 830 3 Avenida Delfim Moreira, 696 4 Avenida Delfim Moreira, 412 5 Avenida Delfim Moreira, 350 6 Avenida Delfim Moreira, 232 7 Avenida Delfim Moreira, 80 8 Avenida Vieira Souto, 712 9 Em frente ao Country Club 10 Em frente ao posto 10 Departamento de Engenharia Química Logo após a coleta das amostras, eram refrigeradas com a finalidade de conservar suas propriedades, até que se fizessem os ensaios, o mais rápido possível, em laboratório, com as metodologias segundo a tabela 2. Tabela 2 – Metodologia dos ensaios Ensaio Metodologia pH ASTM D1293 – 12, Standard Test Methods for pH of Water Salinidade US Standard Methods, 2520 - B Condutividade ASTM D1125 – 14, Standard Test Methods for Electrical Conductivity and Resistivity of Water Cor Us Standard Methods 2120 Turbidez ABNT NBR 11265:1990 Fosfato EPA 365.2+3, US Standard Methods 4500-P E, ISO 6878/1 e EN 1189 Amônio EPA 350.1, APHA 4500-NH3 D e ISO 7150/1 Coliformes Totais Colipaper - Tecnobac, Kit microbiológico para análise de coliformes totais e fecais Após a realização dos ensaios os resultados eram organizados num banco de dados para uma posterior interpretação. A. Condições Climáticas no período de estudo Gráfico 1 – Chuva acumulada mensal X número de dias com chuva para o ano de 2013 [9] Gráfico 2 – Chuva acumulada mensal X número de dias com chuva para o ano de 2014 [9] Departamento de Engenharia Química B. pH pH significa potencial hidrogeniônico (quantidade de prótons H+), que indica a acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma solução aquosa. Quando se tem um pH 7, indica-se neutralidade, pH > 7 alcalinidade, e pH < 7 acidez [3] [4]. A água dos chuveiros da praia devem apresentar uma sensação agradável para pele e olhos, e, para tanto, a faixa de pH deve estar entre 7 e 7,4 [5]. Figura 1 - Escala de pH C. Condutividade A condutividade elétrica da água representa a facilidade ou dificuldade de passagem da eletricidade na água. Os compostos orgânicos e inorgânicos contribuem ou interferem na condutividade, de acordo com sua concentração na amostra, e a correta representação da temperatura possui um fator preponderante na medição correta da condutividade elétrica. A condutividade elétrica em uma água é representada em sua maioria por sólidos dissolvidos em água, dos quais se destacam dois tipos: compostos iônicos e compostos catiônicos. Os compostos iônicos (cargas negativas, que possuem elétrons livres na camada de valência) são sólidos que se dissolvem em água e caracterizados como sendo cloretos, sulfatos, nitratos e fosfatos. Os compostos catiônicos (cargas positivas, que perderam elétrons na camada de valência) também interferem na condutividade elétrica da água e possuem cátions de sódio, magnésio, cálcio, ferro, alumínio e amônio. Desta forma, quando mensuramos a condutividade elétrica de uma amostra, estamos na realidade quantificando uma grande quantidade de compostos nela contidos e que, em solução, permitem a passagem da eletricidade [6]. Tabela 3 - Algumas faixas de condutividade elétrica Tipo de água Água deionizada Pura água da chuva Rios de água doce Água do rio marginal Água salobra Água salina Água do mar Condutividade elétrica (uS / cm) 0,5 – 3 <15 0 – 800 800 – 1600 1600 – 4800 >4800 51500 Departamento de Engenharia Química Águas industriais 100 – 10000 D. Salinidade A salinidade mede a quantidade de sais dissolvidos nas águas dos lagos e reservatórios. Na água do mar, a Salinidade costuma ser de 35(a salinidade não possui mais unidade), enquanto na água doce, é comum 0,5 [7]. É necessário medir a salinidade dos poços artesianos das praias para que se possa dizer que estes estão contaminados com a água do mar ou não. Além disso, chuvas também podem causar alterações na salinidade. Materiais e reagentes • Agitador Magnético • Bastão magnético (peixinho) • Copo plástico descartável de 50 mL • Eletrodo de pH, compatível com a amostra a ser analisada • Frasco de vidro com tampa de 20 mL • Papel absorvente macio • PC com o software MultiLab pilot • Pissete com água deionizada • Sensor de Condutividade, compatível com a amostra a ser analisada • Sistema multiparamétrico Inolab 740 (WTW) • Solução Controle - pH • Solução Controle - Condutividade • Solução de KCl 3 mol.L-1 (preparada conforme PO LABAGUAS 034) Departamento de Engenharia Química Fluxograma pH e condutividade Início O software Multilab Pilot foi executado? A Não Proceder conforme descrito no PO LABAGUAS 030 Retirar o eletrodo de pH e o sensor de condutividade da amostra Proceder conforme descrito no PO LABAGUAS 031 Lavar com água deionizada e secar com papel macio Sim A calibração interna do pH e da condutividade foi realizada? Não Sim Foi realizada a análise das soluções controle? Não Proceder conforme descrito no item 4.6 deste PO Sim Existe outra amostra a ser analisada? Não Sim O eletrodo de pH e o sensor de condutividade estão limpos? Não Lavar o eletrodo de pH e o sensor de condutividade com água deionizada e secar com papel macio Imergir o eletrodo de pH na Solução de KCl 3 mol.L-1 Fim Sim Transferir 25 mL de amostra para um copo descartável de 50 mL Imergir o eletrodo de pH e o sensor de condutividade no recipiente com a amostra Aguardar a estabilização das leituras Salvar os resultados Anotar os resultados no FOR LABAGUAS 010 A Departamento de Engenharia Química Fluxograma salinidade Início O software Multilab Pilot foi executado? A Fazer a leitura de SAL no Inolab 740 Proceder conforme descrito no PO LABAGUAS 030 Não Sim Salvar os resultados A calibração interna da condutividade foi realizada? Não Proceder conforme descrito no PO LABAGUAS 031 Anotar o valor de SAL no FOR LABAGUAS 024 Sim Retirar o sensor de condutividade da amostra Não Foi realizada a análise da solução controle de condutividade? Proceder conforme PO LABAGUAS 032 Lavar com água deionizada e secar com papel macio Sim O sensor de condutividade está limpo? Não Lavar o sensor de condutividade com água deionizada e secar com papel macio Sim Existe outra amostra a ser analisada? Sim Não Alterar para o box SAL Verificar o sensor de condutividade com a Solução de Verificação de Salinidade Transferir cerca de 25 mL de amostra para um copo descartável de 50 mL Imergir o sensor de condutividade na amostra Aguardar a estabilização das leituras A Fim Departamento de Engenharia Química Resultados e discussões Gráfico 3 – Resultados de pH Pode-se reparar que o pH manteve-se numa faixa aceitável ao longo de todo o período de coleta, contudo em fevereiro e maio de 2014, nota-se uma queda significativa. Ao comparar com o gráfico 2, percebe-se que foram meses com maior frequência de chuva. Gráfico 4 – Resultados da condutividade Departamento de Engenharia Química Gráfico 5 – Resultados da salinidade Ao verificar os resultados de salinidade e condutividade foi possível perceber que os pontos 8, 9 e 10, os quais se encontram na praia de Ipanema, são bem menores que o restante dos pontos de coleta, que se encontram no Leblon. Portanto, verifica-se um contato maior com a água do mar com os poços artesianos da praia do Leblon do que de Ipanema, visto que suas águas são muito mais salgadas. E. Cor A existência de partículas coloidais ou em suspensão na agua determina o aparecimento da cor. Tais partículas podem ser provenientes do contato da agua com substâncias orgânicas em estado de decomposição, a existência de ferro ou de outros materiais, ou até do contato com o esgoto. A cor real representa a presença de matérias orgânicas dissolvidas ou coloidais, enquanto que a cor aparente representa a possível presença de materiais em suspensão. Quanto mais forte a cor, maiores são as dúvidas com respeito à sua potabilidade. Geralmente unidades de cor inferiores à 5 são consideradas potáveis[8]. F. Turbidez A turbidez da água é causada por diversos materiais em suspensão, de tamanho e natureza variados. A presença dessas partículas causa a dispersão e a absorção da luz que atravessa a amostra, no lugar de sua transmissão em linha reta. O padrão para se considerar a potabilidade da água é inferior à 1 unidade [8]. Materiais e reagentes • Água deionizada; • Bécher para descarte; • Copo descartável de 50 mL; • Cubetas retangulares de vidro de 50 mm; • Espectrofotômetro Spectroquant NOVA – 60; • Filtro de acetato de celulose de 0,45 µm de diâmetro de poro e 25 mm de diâmetro; • Papel macio; Departamento de Engenharia Química • Pissete com água deionizada; • Seringa de 10 mL. Fluxograma cor e turbidez Início A Abrir a tampa do equipamento Spectroquant Nova 60 Filtrar a amostra Aguardar o AUTOCONTROL Preencher a cubeta com a amostra filtrada Preencher a cubeta com a amostra a ser analisada Inserir a cubeta no equipamento Inserir a cubeta no equipamento Selecionar o método Selecionar o método O ensaio é cor? O ensaio é cor? Não O ensaio é turbidez? Digitar 032 e pressionar o botão “enter” Aguardar a medição Digitar 077 e pressionar o botão “enter” Aguardar a medição Registrar os resultados no FOR LABAGUAS 011 Registrar os resultados no FOR LABAGUAS 011 Existe outro ensaio a ser realizado nesta amostra? Sim Não A O ensaio é turbidez? Sim Digitar 032 e pressionar o botão “enter” Sim Não Existe outro ensaio a ser realizado nesta amostra? Sim Não Fim Digitar 077 e pressionar o botão “enter” Departamento de Engenharia Química Resultados e discussões Gráfico 6 – Resultados da cor real Gráfico 7 – Resultados da cor aparente Pode-se reparar que, nos gráficos 6 e 7, os pontos 9 e 10 se destoam novamente do restante, pois apresentam uma coloração muito mais forte. Contudo, alguns outros pontos apresentam a cor acima de 5. Isto indica que a potabilidade das águas dos chuveiros é duvidosa, uma vez que a coloração acima do limite demonstra uma possível contaminação de materias orgânicos em decomposição. Departamento de Engenharia Química Gráfico 8 – Resultados da turbidez A turbidez da maioria dos pontos se mantem próxima à 1. Entretanto, reparando nos gráficos 6, 7 e 8, observa-se um pico em dezembro. Considerando que é um mês em que muitas pessoas estão de férias e é verão, a frequência da utilização dos chuveiros é muito maior. Este uso mais constante acaba sendo refletido na qualidade da água. G. Fosfato Fosfatos são substâncias muito presentes na urina humana. Ao utilizar os chuveiros da praia, muitas pessoas acabam fazendo suas necessidades fisiológicas, implicando em uma possível contaminação dos poços artesianos. Como os poços são reservatórios de água, a quantidade de urina despejada por dia acaba aumentando a concentração deste componente na água. Devido a este fato, é importante que se faça o ensaio de fosfato na água dos chuveiros para que se possa constatar essa contaminação, a qual pode ser proveniente também pelo contato com água de esgotos. A presença de fosfato indica uma contaminação crônica da água. Materiais e reagentes • Água deionizada; • Bécher para descarte; • Copo descartável de 50 mL; • Cubetas retangulares de vidro de 50 mm; • Espectrofotômetro Spectroquant NOVA – 60; • Filtro de acetato de celulose de 0,45 µm de diâmetro de poro e 25 mm de diâmetro; • Papel macio; • Pissete com água deionizada; • Seringa de 10 mL; • Kit merk para determinação de fosfato. Departamento de Engenharia Química Fluxograma fosfato Início Sim A amostra está turva? Filtrar a amostra Não Pipetar 10 mL de amostra para um tubo de ensaio Verificar o pH O pH está entre 0-10? Não Ajustar o pH com H2SO4 0,5 mol L-1 Sim Adicionar 10 gotas do reagente PO4-1 à solução digerida Tampar e homogeneizar Adicionar 2 doses do reagente PO4-2 Agitar vigorosamente O reagente está totalmente dissolvido? Não Sim Deixar em repouso por 5 min na estante para tubo de ensaio Fazer a leitura no espectrofotômetro Fim H. Amônio Amônio também é uma substância presente na urina, contudo, representa uma contaminação mais recente na água. Materiais e reagentes • Água deionizada; • Bécher para descarte; Departamento de Engenharia Química • Copo descartável de 50 mL; • Cubetas retangulares de vidro de 50 mm; • Espectrofotômetro Spectroquant NOVA – 60; • Papel macio; • Pissete com água deionizada; • Seringa de 10 mL; • Kit merk para determinação de amônio. Fluxograma amônio Início A amostra está turva? A Sim Filtrar a amostra Adicionar 8 gotas do reagente NH4-3 Não Agitar Verificar o pH Não O ph está entre 4 e 13? Ajustar com H2SO4 0,5 mol L -1 ou com NaOH 1 mol L -1 Deixar em repouso por 5 min Sim Pipetar 10 mL de amostra para um tubo de ensaio Fazer a leitura no espectrofotômetro Pipetar 1,20 mL do reagente NH4-1 e adicionar ao tubo de ensaio Anotar os resultados no FOR LABAGUAS 004 Agitar Fim Adicionar 2 doses do reagente NH4-2K Agitar vigorosamente O reagente está totalmente dissolvido? Sim Deixar em repouso por 5 min A Não Departamento de Engenharia Química Resultados e discussões Para uma melhor interpretação dos resultados dos ensaios do fosfato, foi feito um teste com uma amostra de urina humana, no qual foi diluída uma gota em um litro de água deionizada. Foi feito o teste de acordo com a metodologia descrita na tabela 2, e o resultado final foi uma concentração de 0,05 mg L-1 de fosfato. Ao comparar o volume de uma gota na diluição feita, com o volume de uma caixa d’água de 25 mil litros, supõe-se que desse volume, 1,25 litros seriam de urina, com a mesma concentração encontrada no teste de fosfato feito em laboratório. Considerando que uma pessoa excreta, por vez, 200 mL, com uma frequência de 7 vezes ao dia, o total excretado seriam, aproximadamente, 1,5 litros de urina por dia. Quando as pessoas passam o dia na praia, muitas vezes acabam fazendo suas necessidades nos chuveiros. O gráfico 9 abaixo indica concentrações muito maiores que 0,05 mg L-1. Gráfico 9 – Resultados de fosfato Gráfico 10 – Resultados de amônio É possível constatar a presença de amônio na água de acordo com os resultados, e, novamente em dezembro, pode-se observar um pico, porém desta vez no ponto 1, indicando que em altas temporadas a contaminação acaba sendo maior. Departamento de Engenharia Química I. Alcalinidade É a medida total das substâncias presentes na água, e capazes de neutralizarem ácidos, ou seja, é a quantidade de substâncias presentes na água e que atuam como tampão. Numa água com certa alcalinidade a adição de uma pequena quantidade de ácido fraco não provocará a elevação de seu pH, porque os íons presentes irão neutralizar o ácido. Em águas subterrâneas a alcalinidade é devida principalmente aos carbonatos e bicarbonatos e, secundariamente, aos íons hidróxidos, silicatos, boratos, fosfatos e amônia. Alcalinidade total é a soma da alcalinidade produzida por todos estes íons presentes numa água. Materiais e reagentes • Bastão de agitação magnética • Bécher de 100 mL • Bureta Digital Brand III • Eletrodo de pH, compatível com a amostra a ser analisada • Papel macio • PC com o software MultiLab pilot • Placa de agitação • Pipeta volumétrica de 50,0 mL • Pissete com água deionizada • Sistema multiparamétrico Inolab 740 (WTW) • Solução Controle - Alcalinidade • Solução de Alaranjado de Metila 0,5 g L-1 (Preparada conforme PO LABAGUAS 060 – Preparo da Solução de Alaranjado de Metila (0,5 g L-1) • Solução de Ácido Sulfúrico 0,01 mol L-1 (Preparada conforme PO LABAGUAS 008 – Preparo de Soluções de Ácido Sulfúrico e padronizada conforme PO LABAGUAS 067 – Padronização de Ácido Sulfúrico com Carbonato de Sódio). • Solução de Fenolftaleína 5,0 g L-1 (Preparada conforme PO LABAGUAS 061 – Preparo da Solução de Fenolftaleina (5,0 g L-1) Departamento de Engenharia Química Fluxograma Alcalinidade Inicio O software Multilab Pilot foi executado? A Não Proceder conforme descrito no PO LABAGUAS 030 Sim Ligar a bureta digital conforme PO LABAGUAS 063 Adicionar 2 gotas de fenolftaleina A calibração interna do medidor de pH foi realizada? Não Proceder conforme descrito no PO LABAGUAS 031 A solução ficou rosa? Sim Não Anotar V = 0 mL na coluna Fenolftaleína do FOR LABAGUAS 023 Sim Foi realizada a análise da solução controle - pH? Não Proceder conforme descrito no PO LABAGUAS 032 Sim Titular com H2SO4 até ficar incolor (cerca de pH = 8,3) Anotar o volume gasto na coluna Fenolftaleína do FOR LABAGUAS 023 O eletrodo de pH está limpos? Não Lavar o eletrodo de pH com água deionizada e secar com papel macio Sim Foi realizada a análise da solução controle alcalinidade? Não Proceder conforme descrito no item 4.5 deste PO Zerar o volume na bureta (PO LABAGUAS 063) Adicionar 5 gotas de alaranjado de metila no bécher Sim Transferir 50 mL de amostra para um bécher de 100 mL Colocar um bastão magnético no bécher Colocar o bécher sobre a placa de agitação magnética Imergir o eletrodo de pH no bécher Titular com H2SO4 até pH 4,4 ou mudança de cor Anotar o volume gasto na coluna Alaranjado de Metila do FOR LABAGUAS 023 Repetir todo o procedimento com outra alíquota de amostra Fim A J. Cromatografia de ânions e cátions A cromatografia é uma ferramenta analítica que abrange um conjunto de métodos físico-químicos de separação com características básicas comuns. O conhecimento sobre os tipos e número de íons presentes no ambiente possibilita o entendimento das interações ecológicas e bioquímicas. O objetivo da utilização dessa técnica na análise das amostras das águas dos chuveiros é determinar sua composição, para verificar como cada ponto de coleta se comporta. Departamento de Engenharia Química Resultados e discussões A cromatografia foi realizada somente na coleta do dia 6 de julho de 2014. Tabela 4 – Resultados da cromatografia de ânions -1 Ânions (mg L ) Código Identificação PUC / Código da Fluoreto Cloreto Brometo Nitrato Fosfato Sulfato LABAGUAS Amostra LB-0713-14 <5 6907 24,1 24,2 <5 970 Ponto 1 LB-0714-14 <5 3574 12,6 43,0 <5 512 Ponto 2 LB-0715-14 < 10 11811 40,8 45,3 < 10 1616 Ponto 3 LB-0716-14 < 10 14523 46,4 32,8 < 10 1843 Ponto 4 LB-0717-14 < 10 13103 46,4 31,3 < 10 1836 Ponto 5 LB-0718-14 < 10 8548 29,7 20,3 < 10 1181 Ponto 6 LB-0719-14 <5 5903 21,1 31,3 <5 845 Ponto 7 LB-0720-14 <1 847 2,91 14,1 <1 121 Ponto 8 LB-0721-14 0,28 68,8 0,21 17,2 0,523 23,6 Ponto 10 Tabela 5 – Resultados da cromatografia de cátions -1 Cátions (mg L ) Código Identificação PUC / Código da LABAGUAS Amostra LB-0713-14 Ponto 1 LB-0714-14 Ponto 2 LB-0715-14 Ponto 3 LB-0716-14 Ponto 4 LB-0717-14 Ponto 5 LB-0718-14 Ponto 6 LB-0719-14 Ponto 7 LB-0720-14 Ponto 8 LB-0721-14 Ponto 10 Sódio 3770 1973 6517 6877 7298 4719 3380 455 42,8 Potássio Magnésio 143 81,9 241 251 267 176 130 18,9 5,99 445 240 770 813 857 555 397 51,7 4,56 Cálcio 192 125 278 294 322 220 171 78,1 37,6 Departamento de Engenharia Química Figura 2 – Diagrama de Durov feito com os resultados da cromatografia de íons O diagrama de Durov começa com dois diagramas ternários, um para os cátions e outro para os ânions. Assim, cada amostra corresponde a um ponto nestes dois triângulos. A projeção destes dois pontos no quadrado central, dá o caráter químico da água e permite verificar quais amostras possuem as mesmas características em termos de composição química. com base nos resultados obtidos, é possível chegar à conclusão de que a amostra 10 é bem distinta das demais e que a amostra 8, embora seja semelhante às amostras 1-7, representa uma amostra do tipo Na-Cl mas com alguma mistura com uma água do tipo da amostra 10. O retângulo TDS representa a quantidade de sais dissolvidos e quanto maior este valor maior a percentagem de água do mar. Departamento de Engenharia Química Figura 4 – Diagrama de Stiff feito com os resultados da cromatografia de íons O chamado diagrama de Stiff é construído com o lado esquerdo representando os ânions e o lado direito os cátions. Une-se os pontos correspondentes aos ânions e cátions principais formando figuras geométricas. Comparando-se as figuras obtidas pode-se verificar se as composições químicas são semelhantes como, por exemplo, o Ponto 4 e a água do mar. Por outro lado, observa-se que a amostra 10 é bem distinta e que a amostra 8, embora tenha um caráter forte do tipo Na-Cl, ela não é exatamente igual a água do mar. K. Coliformes fecais Os coliformes fecais são também conhecidos como “termotolerantes” por suportarem uma temperatura superior à 40°C. Convivem em simbiose com humanos, bois, gatos, porcos e outros animais de sangue quente. São excretados em grande quantidade nas fezes e normalmente não causam doenças (quando estão no trato digestivo). Neste grupo está presente a bactéria gram-negativa Escherichia coli, e ao se ingerir alimentos por ela contaminados, os resultados desagradáveis (como uma gastrenterite, por exemplo) podem ser brandos ou desastrosos, dependendo do grau de contaminação [10]. Ou seja, caso a água dos chuveiros esteja contaminada por essas bactérias, existem sérios riscos dos usuários contraírem doenças. Resultados e discussões Com a metodologia utilizada, foi possível obter um resultado apenas qualitativo. Na maioria dos dias de coleta, os papéis do kit Colipaper apresentavam manchas azuis e vermelhas, o que indicava a contaminação de coliformes totais. A origem dessa contaminação pode ser contato com esgoto, ou até mesmo fezes de animais que passam pela areia da praia. Nos dias de chuva, a agua que fica no asfalto também acaba sendo arrastada até a areia, fazendo-se uma “limpeza” do asfalto, e uma consequente contaminação dos poços artesianos. Departamento de Engenharia Química Conclusões Desde agosto de 2013 até julho de 2014 foram feitas um total de 18 coletas, permitindo a verificação da contaminação do lençol subterrâneo com resíduos provenientes da urina, tais como amônia, nitrato e fosfato. Dessa maneira foi concluído que os próprios usuários dos chuveiros contaminam os poços artesianos, dos quais a água é proveniente, urinando durante sua utilização. O número de usuários que fazem isso é tão grande que a urina consegue chegar ao lençol freático, pois o areal, extremamente poroso, não consegue filtrar tudo. Além disso, foi observada uma alteração da salinidade em diferentes pontos, alguns com a salinidade muito mais alta que outros, demonstrando um contato dos poços com a água do mar. A contaminação dos coliformes fecais e totais foi confirmada apenas qualitativamente, de forma a confirmar as suspeitas as quais deram início aos estudos. Referências 1 - O GLOBO, Exame comprova contaminação da água de chuveirinhos de praias da Zona Sul, 15 de fevereiro de 2012. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/zonasul/exame-comprova-contaminacao-da-agua-de-chuveirinhos-de-praias-da-zona-sul3985142>. Acesso em julho de 2014. 2 – JORNAL DO BRASIL, Água contaminada nas duchas da orla pode causar diarreias e até hepatite, 19 de fevereiro de 2012. Disponível em: <http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/02/19/agua-contaminada-nas-duchas-da-orla-podecausar-diarreias-e-ate-hepatite/>. Acesso em julho de 2014. 3 – AQUALIVE, PH DA ÁGUA – O QUE É ISTO? PARA QUE SERVE? QUAL O PH IDEAL PARA A ÁGUA QUE INGERIMOS?, 27 de fevereiro de 2014. Disponível em: <http://www.aaguadasaude.com.br/site/blog/ph-da-agua-beba-agua-alcalina-acqualive/>. Acesso em julho de 2014. 4 – GEPEC – Grupo de Pesquisa em Educação Química. Química e a Sobrevivência: Hidrosfera – fonte de materiais. 2005, Editora da Universidade de São Paulo. 5 – HTH, Dicas e perguntas frequentes. Disponível em: <http://www.hth.com.br/dicas.php>. Acessado em julho de 2014. 6 – AGSOLVE, Como e porque medir a Condutividade Elétrica com sondas muiltiparâmetros?. Disponível em: <http://www.agsolve.com.br/dicas-e-solucoes/como-eporque-medir-a-condutividade-eletrica-com-sondas-muiltiparametros>. Acessado em julho de 2014 7 – UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Parâmetros químicos. Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/sal.htm>. Acessado em julho de 2014. 8 – LABORATÓRIO DE TECNOLOGIAS AMBIENTAIS, ANÁLISES FÍSICOQUÍMICAS - COR, TURBIDEZ, PH, TEMPERATURA, ALCALINIDADE E DUREZA, agosto de 2007. Disponível em: <http://www.biologica.eng.uminho.pt/TAEL/downloads/analises/cor%20turbidez%20ph%20t %20alcalinidade%20e%20dureza.pdf>. Acessado em julho de 2014. 9 – INMET – Instituto Nacional de meteorologia. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=tempo/graficos>. Acessado em julho de 2014. 10 – USP – Universidade de São Paulo. Disponível em: http://www.darwin.futuro.usp.br/site/ecologia/quadroteorico/c_coliformes.htm>. Acessado em julho de 2014.