SÍNTESE SINÓTICA JANEIRO DE 2014 1. DESTAQUE DO MÊS 2. FRENTES 3. CICLOGÊNESES 4. ANOMALIAS DE TEMPERATURAS 5. ANOMALIAS DE PRECIPITAÇÃO 6. CIRCULAÇÃO ATMOSFÉRICA 1. DESTAQUE DO MÊS • Chuvas abaixo da média sobre grande parte do Brasil, com ênfase nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste. • Temperaturas máximas extremas acima da média sobre grande parte das Regiões Sul e Sudeste do Brasil. Várias cidades destas Regiões registraram recordes históricos dos últimos 70 anos. • Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul mais intenso e deslocado para o interior do continente. • Bloqueio atmosférico de longa durabilidade no oceano Atlântico determina circulação tipo “ZCAS negativa”. 2. FRENTES Durante o mês de janeiro registraram-se apenas dois sistemas frontais que atingiram o território brasileiro. Um deles chegou até o sul de SP no início do mês e o outro chegou até o litoral de SC por volta do dia 25. Houve outros 5 sistemas frontais que ficaram restritos a Argentina e Uruguai. Este comportamento, relativamente anômalo, esteve associado á atuação do Bloqueio atmosférico observado no oceano Atlântico. 3. CICLOGÊNESES A máxima densidade de ciclones se localizou no oceano Atlântico Sul, entre os paralelos 45°S e 60°S. Durante a primeira quinzena (esquerda) houve uma menor concentração de sistemas de baixa pressão em relação ao segundo período (direita). Na segunda quinzena registrou-se um ciclone na bacia do Prata que influenciou o tempo em parte da Argentina Central e do Uruguai. Ausência de ciclones com características subtropicais sobre o oceano Atlântico Subtropical , devido à presença de anomalias positivas de pressão em superfície e altitude. 4. ANOMALIAS DE TEMPERATURAS Durante o mês de janeiro registraram-se temperaturas máximas acima da média sobre grande parte da Região Sul e Sudeste e em parte das Regiões Centro-Oeste e Nordeste do Brasil. Em várias localidades do Estados de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Santa Catarina (SC), Rio Grande do Sul (RS) e Paraná (PR) observaram-se anomalias superiores aos 5°C. Esses valores extremos de temperaturas estiveram associados com a falta de chuva e de nebulosidade. As temperaturas mínimas estiveram acima da média sobre grande parte das Regiões Sul e Sudeste do Brasil. 5. ANOMALIAS DE PRECIPITAÇÃO Durante o mês de janeiro (esquerda) observou-se chuva abaixo da média na maior parte do Brasil e durante praticamante o mês todo. Na primeira quinzena (abaixo, esquerda) registrou-se chuva acima da média sobre a Região Sul do Brasil e sobre os Estados do Acre (AC) e Amazonas (AM). Durante a segunda quinzena (abaixo, direita) as anomalias negativas de chuva se propagaram para quase todo o país. As anomalias negativas de chuva foram mais significativas em áreas das Regiões Sudeste e CentroOeste do Brasil, onde os valores mensais foram inferiores aos 200 mm. 6. CIRCULAÇÃO ATMOSFÉRICA 250 hPa Durante o mês de janeiro (esquerda) observou-se a presença da Alta da Bolívia (AB) deslocada mais a oeste e mais esprimida em relação à climatologia. Por outro lado, o Vórtice do Nordeste (VNE) esteve mais intenso, mais abrangente e deslocado para o oeste em relação à climatologia. Este comportamento foi observado durante as duas quinzenas (abaixo). A presença do VNE sobre o interior do continente aumentou a subsidência na camada média e contribuiu para inibir a chuva entre o norte do Sudeste e o CentroOeste do Brasil. Durante a segunda quinzena o VNE ficou centrado sobre o Sudeste. O Jato Polar (JP) ficou mais intenso sobre o Atlântico Sul condicionando os transientes para latitudes mais altas. 500 hPa Durante o mês de janeiro (esquerda) observou-se a presença de uma crista anômala sobre o oceano Atlântico que persistiu praticamente o mês todo. Durante a segunda quinzena (abaixo, direita), este máximo anômalo esteve mais ao sul e um pouco mais a oeste, influenciando diretamente o Centro-Sul do Brasil. No oceano Pacífico também observou-se um máximo anômalo de altura geopotencial que durante a segunda quinzena esteve mais intenso e posicionado mais a oeste. O máximo do Atlântico e do Pacífico determinaram um padrão de circulação de tipo “bloqueio” que ajudou a diminuir o número de transientes em direção ao Atlântico. Desta maneira não se observou nenhum episódio de ZCAS sobre o Brasil. 850 hPa Durante o mês de janeiro (esquerda) observou-se um fluxo anômalo de quadrante norte (tons azuis) configurado entre o sul da região amazônica e o oeste da Região Sul do Brasil, caracterizando oJato de Baixos Níveis (JBN). Este escoamento nas camadas baixas prevaleceu durante as duas quinzenas (abaixo) advectando ar quente e úmido para o norte da Argentina, Paraguai e a porção oeste do Sul do Brasil. Na segunda quinzena (abaixo, direita) o JBN esteve mais intenso e atingiu latitudes mais altas. Nota-se também um fluxo anômalo de quadrante sul na borda ocidental do Anticilone Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), indicando uma configurãção de vento contrária à climatologia (ZCAS-negativa) e inibindo a formação de chuva sobre o Sudeste e Centro-Oeste. SUPERFÍCIE Durante o mês de janeiro observou-se em superfície (esquerda) a atuação do Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) posicionado mais ao oeste e mais intenso em relação à climatologia. Observam-se (pouco comum) anomalias positivas de pressão em torno de 4 mb sobre boa parte do Sudeste e parte do CentroOeste do Brasil. Este comportamento anômalo é um reflexo do padrão anômalo observado em 500 hPa que ajudou a inibir o mecanismo de levantantamento e em consequência a reduzir a ocorrência de chuva. Os oestes ficaram restritos ao sul do paralelo 40S, indicando que os transientes não puderam atingir latitudes mais baixas. BLOQUEIO ATMOSFÉRICO V dipolo V A V A A Durante o mês de janeiro (acima) observou-se a presença de um bloqueio na troposfera média e alta, influenciando boa parte do centro-leste do Brasil. O campo de anomalia do escoamento em 250 hPa mostra um dipolo com um mínimo (V) entre o Sudeste e CentroOeste e um máximo (A) no oceano Atlântico. Este padrão de bloqueio atuou durante as duas quinzenas (abaixo) praticamente na mesma posição. Por outro lado, observou-se um máximo anômalo de temperatura em 850 hPa (área sombreada em amarelo/verde), praticamente em fase com o dipolo atmosférico. Este padrão anômalo em 850 hPa esteve associado à subsidência provocada pelo anticiclone de bloqueio que atuou em toda a coluna atmosférica e foi o responsável pela estiagem no Sudeste.