anos Brasil Presbiteriano O Jornal Brasil Presbiteriano é órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Ano 55 nº 704 – Julho de 2013 O sistema de governo da IPB A IPB tem um sistema de governo transparente e funcional. Todos os membros da Igreja, de certa forma, participam dele. PÁGINA 13 Mackenzie empossa novo chanceler Rev. Davi Charles Gomes substitui o Rev. Augustus Nicodemus Gomes Lopes, que ocupou o cargo por dez anos. PÁGINA 7 e s o t l u m u t s o e r Sob s e t n e c e r s e o c a t s e manif IBEL e O Instituto Bíblico Eduardo Lan junho. PÁGINA 8 completou 80 anos no dia 2 de Diante de algumas perguntas sobre as atuais manifestações realizadas no país, o Rev. Augustus Nicodemus fala sobre o assunto apresentando um ponto de vista cristão-reformado. PÁGINA 4 Brasil Presbiteriano 2 Julho de 2013 EDITORIAL Brasil Presbiteriano A Marcha dos Alienados V i a matéria de uma emissora de televisão sobre a Marcha para Jesus em sua edição paulistana. Os “evangélicos” agora dão ibope, atraem anunciantes, e os repórteres e âncoras demonstram ao relatar o evento um entusiasmo e uma alegria quase tão grandes e espontâneos como os exibidos durante as coberturas futebolísticas. O enorme número de participantes é destacado, bem como o caráter absolutamente pacífico da manifestação. Algumas “rezas” são colocadas ao alcance dos microfones. O povo ajoelhado no asfalto acompanhando a oração do animador recebe atenção especial. Para impressionar com o elevado número de participantes, as câmeras tomam cuidado para não incluir os buracos no meio da massa humana. Alguns manifestantes procuram mais ou menos discretamente aproveitar a onda de civismo que varreu o país (ainda varre, quando escrevo este editorial), mas o viés é mesmo o do hedonismo neoevangélico: todos curtem “se dar bem” e é isso que estão celebrando. As bênçãos cantadas e relatadas não são as espirituais com que o bendito Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo nos tem abençoado nas regiões celestiais em Cristo. São celebrados os benefícios de uma viagem segura e tranquila até à marcha, o elevado número de participantes e, é claro, além de outras dádivas bem temporais, um emprego que a irmãzinha estava esperando e para o qual foi chamada – pasmem os incrédulos – em pleno sábado! Essa perspectiva temporal, porém, não vai além dos respectivos umbigos. Enquanto as manifestações em todo o país clamaram pelo fim da corrupção, a Marcha para Jesus revelou-se a Marcha dos Alienados. Entrevistado pela simpática emissora, um articulado e controvertido líder dos peregrinos afirmou que a Marcha era o meio de os evangélicos mostrarem que também são cidadãos brasileiros. Esse oportunismo beira a velhacaria, mas isso não é tudo. Acaba revelando-se também uma confissão de que esses evangélicos praticam o isolacionismo e a alienação. Deveriam ser sal da terra e luz do mundo, mas recusam-se a misturar-se com a sociedade que deveriam salgar e acabam usando a luz de outros faróis para lhes iluminar o caminho. Os evangélicos deixaram Ano 55, nº 703 Junho de 2013 os sindicatos para os marxistas ateus e depois reclamam que lá só tem... esquerdistas. Deixaram as sociedades de amigos do bairro, as associações de pais e mestres, as reuniões de condomínio, os partidos políticos e outras formas de organização civil, para os incrédulos, para reclamar depois que “lá só tem incrédulos”. Agora evitam as manifestações sociais para organizar sua própria passeata, porque julgam-se muito melhores do que a sociedade e não podem se misturar. Como se a bancada dos “evangélicos” fosse melhor do que qualquer outra, em Brasília. Honrando as lições da Escritura e a herança da Reforma, os evangélicos históricos e o presbiterianismo em particular são desafiados a fazer muito melhor do que isso. JORNAL BRASIL PRESBITERIANO Assinatura Anual – Envio mensal Faça sua assinatura e/ou presenteie seus familiares e amigos. • Individual (até 9 assinaturas): R$ 24,00 cada assinatura. Nome CPF Igreja de que é membro Endereço Bairro Cidade Email Mês inicial da assinatura Somente com depósito antecipado ou cartão VISA. RG • Coletiva (10 ou mais assinaturas): R$ 19,20 cada assinatura. 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Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem como já dizia o antigo Credo de Calcedônia (451 d.C.). A divindade de Jesus está muito clara no Novo Testamento, pela aplicação a Jesus de uma série de atributos que somente podem ser aplicados a Deus. Jesus usou expressões para si que são conotativamente divinas. Ele disse aos Judeus: “Antes que Abraão existisse eu sou” (Jo 8.58). Claramente essa é uma referência a sua eternidade e somente Deus é eterno. A expressão “eu sou”, dessa passagem, é um eco do que Deus disse a Moisés quando se revelou na sarça ardente: “Eu sou o que sou” (Êx 3.14). Outra declaração surpreendente de Jesus foi: “Assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo” (Jo 5.26). Ele está falando de uma autonomia com relação a vida, e só Deus pode ter isso. Jesus disse ainda: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28.18), o que é uma referência clara à sua Onipotência. O mesmo pode ser dito de sua Onipresença, pois disse: “Eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28.20). Sua Onisciência, por outro lado, pode ser vista no fato de que ele conhecia os pensamentos dos homens (Mt 9.4; 12.25; 22.18; Lc 5.22; 6.8). Somente Deus pode ser adorado. Pedro, Paulo e anjos recusaram adoração (At 10.25-26; 14.14-15; Ap 22.8-9), mas Jesus aceitou e até a incentivou (Jo 13.13; ver Mt 14.33; Lc 5.8; 24.52; Jo 4.10; 20.27-29). Dele é dito em Hebreus 1.6: “... novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem”. Aquele que deve ser adorado por anjos não pode ser um mero homem. A Escritura diz que diante dele todo joelho se dobrará e toda língua confessará que ele é o Senhor (Fp 2.1011). Durante seu ministério, várias vezes as pessoas, e até seus discípulos, tiveram atitudes de adoração perante ele e não foram repreendidos (Mt 8.2; 9.18; 15.25; Mc 5.6; Jo 9.38). Em João 20.28, Tomé reconheceu a deidade de Jesus, chamandoo de “Senhor meu e Deus meu”. Jesus não o repreendeu por isso. Ao contrário, repreendeu sua demora em reconhecer. O Novo Testamento claramente chama Jesus de Deus (theos). Em João 1.12, 18, Jesus é chamado de o Verbo de Deus. Esses versos dizem que Jesus era o Verbo (Logos) que desde o princípio estava com Deus e era Deus. A tradução “Novo Mundo” das Testemunhas de Jeová fez uma pequena modificação no texto, afirmando que a palavra theos, no verso primeiro que é aplicada a Jesus, está sem o artigo definido e que, portanto, pode e deve ser lida como “um deus”. Desse modo, as Testemunhas de Jeová referem-se a Jesus como um deus menor do que o Deus Supremo. A posição dos Testemunhas de Jeová é idolátrica. Eles crêem em dois deuses, um maior (o Pai) e outro menor (o Filho). O cristianismo crê em apenas um Deus, que subsiste em três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo) Em Romanos 9.5, Jesus é chamado de “Deus bendito para todo o sempre”. Em Tito 2.13, a tradução mais comum do verso é: “Aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus”. Em Hebreus 1.8-12, o Pai fala com o Filho e lhe chama de “Deus”. O mesmo pode ser visto em 2Pedro 1.1 e em 1João 5.20, onde Jesus é chamado de “o verdadeiro Deus e a vida eterna”. Jesus é Deus. Mas a Bíblia também diz que ele é homem. Isso por sua vez nos conduz ao maior mistério desta vida. Por séculos os teólogos têm debatido acerca do mistério cristológico e não têm entendido suficientemente a essência desse Deus que se fez homem. Essa, porém, é a essência do cristianismo: Deus adentrou ao tempo e se fez um de nós. O homem Jesus não foi constituído de uma nova natureza humana, ele herdou a natureza humana completa de sua mãe, por isso a Bíblia diz que é o “nascido da mulher” (Gl 4.4). Mateus começa seu Evangelho com a seguinte declaração: “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão” (Mt 1.1). Ele não poderia ser descendente de Davi e de Abraão se tivesse recebido uma natureza inteiramente nova. Ele possuía a natureza humana normal e comum, exceto pela diferença de ter sido concebido sem pecado, e de ser igualmente Deus. Jesus sentia sede, fome, cansaço, tristeza, e muitos outros tipos de sentimentos, necessidades e limitações que são próprios de um homem. É verdade que ele possuía o poder de fazer o que quisesse conforme sua divindade lhe conferia, mas isso não anulava suas condições humanas. Após os quarenta dias de jejum no deserto, a Bíblia simplesmente diz que Jesus teve fome (Mt 4.2). Durante sua viagem à Galiléia, João o descreve como um viajante cansado que se aproxima dum poço com sede (Jo 4.6-8). Em outra ocasião, o vemos profundamente adormecido na popa da embarcação durante uma tempestade no mar, o que certamente denotava esgotamento físico (Mc 4.36-41). A maior prova de suas limitações humanas, e que comprovam sua humanidade, foi sua própria morte. Ele realmente morreu, tendo padecido dores e privações humanas antes e durante a crucificação (Mt 26.38; Jo 19.28). Quem é Jesus Cristo? O próprio Senhor fez essa pergunta para seus discípulos (Mt 16.15). Mateus relata o que os discípulos responderam: “Uns dizem João Batista; outros; Elias; e outros: Jeremias, ou algum dos profetas” (Mt 16.14). A dúvida sempre pairou sobre a verdadeira identidade do homem de Nazaré. Os mesmos conceitos desencontrados vistos no seu tempo podem ser vistos hoje, nas mais diversas áreas da teologia, das ciências naturais ou dos conceitos populares. A resposta de Pedro é a única digna de aprovação: “Tu és o Cristo o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). Em seguida Jesus revelou a verdadeira origem daquela resposta: “Não foi carne ou sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus” (Mt 16.17). Entender quem é Jesus não é coisa que se consiga seguindo simplesmente pistas racionais ou sentimentos pessoais. Entender Jesus é um milagre concedido somente ao povo de Deus por meio das Escrituras. O Rev. Leandro Antônio de Lima é membro do Conselho Editorial do BP. Brasil Presbiteriano 4 Julho de 2013 EM PAUTA Sobre os tumultos e manifestações recentes Vejo como legítima a participação dos cristãos em manifestações públicas que sejam ordeiras e pacíficas que não sejam tumultos e que tenham em mente o bem da sociedade e não somente os privilégios dos crentes e evangélicos. Augustus Nicodemus Lopes O s homens escarnecedores alvoroçam a cidade, mas os sábios desviam a ira (Pv 29.8) Algumas pessoas têm me perguntado o que acho das manifestações e protestos que estão ocorrendo em todo o país. Não me sinto em condição de oferecer uma análise político-social de tudo isto, mas posso ao menos tentar entender o assunto em geral do ponto de vista cristão-reformado. Para começar, o Deus Altíssimo está acima e governa soberanamente, de acordo com seus propósitos insondáveis, os povos, as nações, as multidões, as massas. É esta a mensagem consistente de toda a Escritura. O Salmo 2 descreve Deus rindo e zombando das manifestações das nações, como se os povos pudessem, com sua fúria e rebelião, frustrar os planos do Senhor (Sl 2.1-5). Isaias se refere ao bramido das nações e dos povos em grande ira e de como o Senhor as dispersa como o vento leva a palha (Is 17.12-13). Embora as manifestações em São Paulo e outras cidades sejam contra o governo e não contra os cristãos, manifestações populares que geralmente acabavam em tumulto foram usadas pelos inimigos de Deus para tentar destruir a Cristo e a igreja cristã nascente. Contudo, pela providência soberana de Deus, os resultados sempre concorreram para o avanço do evangelho. As massas em Jerusalém vieram ao palácio de Pilatos se manifestar contra Jesus e pedir a sua crucificação, no que foram atendidos (Mt 27.202-26). Ao fazer isto, estavam cumprindo, sem saber, a mais importante etapa do plano da salvação elaborado por Deus, que era a morte do Filho de Deus na cruz pelos pecados de seu povo. Em outra ocasião, judeus e gentios se juntaram em Icônio para uma manifestação contra ao apóstolo Paulo, que terminou em tumulto. O resultado foi que Paulo saiu de lá e foi evangelizar Listra e Derbe (At 14.5-7). Noutra ocasião ele também foi alvo de uma manifestação popular, desta feita organizada pelos santeiros de Éfeso, revoltados com a queda das vendas das imagens da deusa Diana. O tumulto acabou envolvendo as autoridades locais. O resultado da manifestação foi a saída de Paulo da cidade (At 19.23-40). Todavia, de lá ele seguiu para a Macedônia pregando e confirmando as igrejas. Mais tarde, os judeus de Jerusalém organizaram um tumulto contra Paulo, pedindo a sua morte (At 21.27-31 e 22.2229). Mais uma vez a polícia teve de intervir. Paulo escapou porque era cidadão romano. Mas acabou sendo levado preso para Roma, cumprindo assim o plano de Deus -- foi da prisão em Roma que Paulo escreveu várias das suas cartas: Efésios, Colossenses, Filipenses e Filemon. Ou seja, por mais que as manifestações populares pareçam um poder independente e soberano estão, todavia, debaixo do governo divino. Por meio delas Deus realiza seu propósito maior, que é promover a sua glória e o bem do seu povo, ainda que, no momento, não percebamos de que forma essas coisas se materializam na História. Outro ponto a lembrar é que manifestações violentas e tumultos são decorrentes das guerras e con- tendas que procedem do coração humano, corrompido pelo pecado. Ainda que, por causa da graça comum, existam por vezes motivos justos para essas manifestações, tais motivos são frequentemente misturados com motivações obscuras e impuras do alguém (Lc 23.19,25). Protestos liderados por Teudas e Judas, o galileu, terminaram com a morte deles pelos soldados romanos (At 5.36-37). Os líderes judeus viviam com medo de serem esmagados pelos romanos caso houvesse entre eles quem (Tg 4.1-3). Elas expressam o caos espiritual que há nos corações sem Deus e a desordem social e civil que entrou na sociedade humana pelo pecado de Adão e pelo nosso próprio. Como parte de seu governo sobre o mundo, Deus por vezes usa as autoridades para reprimir e castigar os baderneiros. As sedições e tumultos contra o império romano no período neo-testamentário eram reprimidos vigorosamente, como no caso de Barrabás que havia sido condenado a morte por causa de liderar uma sedição e ter mata- liderasse tumultos e protestos (At 19.40). Essas manifestações e protestos de judeus insatisfeitos com o domínio romano tinham um fundo escatológico, decorrente de uma interpretação popular e equivocada quanto à natureza do Reino de Deus. Por fim, lembremos que as autoridades foram constituídas por Deus. Conforme Paulo nos ensina, elas são ministros de Deus para proteger os bons, castigar os maus e promover o bem da sociedade. Por isso, devem ser respeitadas, temidas e a elas devemos pagar Brasil Presbiteriano Julho de 2013 5 www.ipbriopreto.org.br/efr impostos. A palavra que Paulo usa para se referir à autoridade como “ministros” de Deus é a palavra “diáconos”, bem conhecida dos cristãos (Rm 13.1-7). Pedro vai nessa mesma linha (1Pe 2.13-14). Isso não significa que devamos, como cristãos, obediência absoluta ao Estado. Nossa consciência está cativa à Palavra de Deus como instância última. Em casos de conflito -- quando o Estado exige de mim aquilo que a Palavra de Deus proíbe -- devo obedecer a Deus e não aos homens. Pois ao colocar-se contra os valores e princípios de Deus, o Estado corrompe seu papel dado por Deus e suas leis são meras leis “humanas” em contraste com as divinas. Em casos assim, cabe aos cristãos o uso dos meios legítimos para discordar, avisar e alertar o Estado e, finalmente, estar prontos para sofrer as consequências da desobediência à estas leis, como os primeiros cristãos fizeram ao recusarse a adorar o Imperador, culto oficial e obrigatório do império romano. Diante do exposto acima, imagino algumas conclusões práticas. Primeira, não devemos jamais temer o tumulto das massas -- Deus está no controle. Essa é a confiança dos servos do Altíssimo. Embora tumultos populares organizados tenham sido sempre seja uma arma dos inimigos do povo de Deus para destruir a Igreja, lembremos que Deus sempre reverteu o propósito maligno em favor do seu povo. Segundo, vejo como legítima a participação dos cristãos em manifestações públicas que sejam ordeiras e pacíficas, que não sejam tumultos e que tenham em mente o bem da sociedade e não somente os privilégios dos crentes e evangélicos. Não faz sentido as igrejas se organizarem em passeatas e manifestações e marchas para reivindicar privilégios para os crentes. Estas manifestações são civis, expressões sociais e não um culto. Por exemplo, ao protestarmos contra a aprovação da lei da homofobia devemos fazêlo essencialmente porque se trata de uma violação da Constituição que garante a todos -- e não somente aos crentes -- o direito de consciência e de expressão. Terceiro, não custa lembrar que a maneira da igreja influenciar e mudar a sociedade é fundamentalmente pela pregação do evangelho de Cristo, chamando governantes e governados ao arrependimento de seus pecados e conversão, pela fé, a Jesus Cristo. Não somente isto, pelo procedimento e pelo exemplo os cristãos se tornam sal e luz do mundo, quando suas obras de amor, arrependimento e fé são vistas pelos incrédulos (Mt 5.14-16). O Rev. Augustus Nicodemus Gomes Lopes é pastor presbteriano e membro da APECOM. São José do Rio Preto/SP 28 a 30 de agosto Local: Igreja Presbiteriana Central de Rio Preto Informações: Rua Prudente de Moraes, 2664 Boa Vista, S. J. Rio Preto SP - Tel: (17) 3214-1410 e-mail: [email protected] Inscrições até 19/08/2013 Rev. Davi Charles Gomes (Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper - Mackenzie / SP) PRIP Presb. Solano Portela (Mackenzie - SP) Presbitério de São José do Rio Preto Rev. Ageu Magalhães (Seminário Teológico Presbiteriano Reverendo José Manoel da Conceição) Rev. Leandro Lima (IPB Santo Amaro - SP) Rev. Jaime Marcelino (IPB Cidade Nova - Manaus) Rev. Misael B. Nascimento (IPB Rio Preto) Brasil Presbiteriano 6 Julho de 2013 ARTIGO O testemunho dos santos João Neves Pereira Q uero parabenizar o Rev. Ageu Cirilo de Magalhães pelo artigo no mês maio: “Dez motivos para não participar da Marcha para Jesus”. Quando leio esse texto lembro-me do famoso epigrama atribuído a um certo Rupert Meldenius e citado por Richard Baxter: “Em coisas essenciais, unidade; nas não-essenciais, liberdade; em todas as coisas, caridade”. Em recente encontro com pastores e presbíteros do estado do Paraná, realizado na cidade do Turvo no dia 07 de junho do corrente ano, tratouse dos seguintes tópicos: 1. Dízimo ao Supremo Concílio 2. Plantação de igrejas 3. Unidade teológica 4. Visibilidade da igreja. Em palavra oportuna, o Rev Roberto Brasileiro manifestou que a IPB tem sido firme em mostrar sua posição, diante dos temas mais conflitantes no presente momento da sociedade brasileira. Foi um tempo especial de congraçamento entre as lideranças das igrejas paranaenses ali representadas. Dali nos retiramos e segundo a palavra do vicepresidente do Supremo Concílio, Rev Juarez Marcondes Filho, aguardamos a “Carta do Paraná”, como resumo e resultado dos debates naquele local. Como enfatiza em seu texto, “Cristianismo Equilibrado”, John Stott diz que: “Estamos, (...) separados uns dos outros temporariamente. Contudo, esquecemo-nos, às vezes, de que Deus ama a diversidade e tem criado uma rica profusão de tipos humanos, temperamentos e personalidades. Além disso, o nosso temperamento tem mais influência na nossa teologia do que geralmente imaginamos ou admitimos. Embora a nossa compreensão da verdade bíblica dependa da iluminação do Espírito Santo, ela é inevitavelmente colorida pelo tipo “Estamos, separados uns dos outros temporariamente. Contudo, esquecemonos, às vezes, de que Deus ama a diversidade e tem criado uma rica profusão de tipos humanos, temperamentos e personalidades” de pessoa que somos, pela época na qual vivemos e pela cultura a que pertencemos. Alguns de nós, por disposição e formação, são mais intelectuais que emocionais; outros, mais emocionais que intelectuais. Repetindo, a disposição mental de muitos é conservadora (detestam mudanças e sentem-se ameaçados), enquanto outros são, por natureza, rebeldes à tradição (o que eles detestam é monotonia, considerando mudança como algo próprio de sua natureza). Questões como essas surgem de diferenças temperamentais básicas. Porém, não devemos permitir que o nosso temperamento nos controle. Pelo contrário, devemos deixar que as Escrituras julguem nossas inclinações naturais de temperamento. Caso contrário, acabaremos por perder o nosso equilíbrio cristão”. Nesse sentido, reputo como acertiva a iniciativa do texto do Rev. Ageu Cirilo, acerca da manifestação “Marcha para Jesus”. Penso até, que alguns que não participam da tal marcha, se sintam um tanto culpados, quando não participam de manifestações desse nível. Contudo, se assim acontece, devemos reconhecer que temos nos eximido da responsabilidade de lembrar ao povo que por trás desse “movimento” está um esquema de corrupção e motivação política. Algo sabido também é que ele visa criar um espaço de promoção de artistas do chamado mercado gospel. E há alguns que a definem como uma manifestação de fé do povo evangélico brasileiro, o que nos lembra parte duma canção popular que enfatizava o que muitas vezes temos diante de nós: “a arte de viver da fé, só não se sabe fé em que!” Enquanto escrevo, lembro-me de um comentário postado abaixo do vídeo em que Marina Silva faz seus comentários sobre os protestos em São Paulo. Um internauta comenta: “uma reflexão para a igreja poderia ser: Quais são as causas que estamos abraçando e quais as que realmente estão levando as pessoas às ruas. Quem são nossos “inimigos” que fazem líderes carismáticos reunirem 70.000 pessoas e quais são as causas que enchem as ruas com muito mais gente do que isso? Qual é nossa agenda?” Acerca de eventos que visam mobilizar um grande número de irmãos, precisamos lembrar o que nos diz o apóstolo Judas em sua carta no v. 4: “certos homens, cuja condenação já estava sentenciada há muito tempo, infiltraramse dissimuladamente no meio de vocês. Estes são ímpios, e transformam a graça de nosso Deus em libertinagem e negam Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor”. Sei que alguns poderiam se apressar, e citar o final do verso 3 de Judas que nos exorta a “batalhar, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”. Contudo, é preciso esclarecer que o testemunho dos santos, mencionado por Judas na segunda parte do v.3, inicia com o vocábulo “Paracalon”, cuja tradução é exortar, ganha na língua original sentido um pouco mais enfático, ou seja: exortar é rogar, encorajar. A expressão era comumente usada em discursos de líderes para encorajar soldados que ao mesmo tempo viam-se na necessidade de encorajarse mutuamente. “O encontro com Cristo produz mudanças no comportamento, na ética, na maneira de ver o mundo. Fora de Cristo, não existe esperança para este mundo” Assim, em sua carta, Judas é o líder que encoraja os cristãos a viver pela “fé batalhadora”. A linguagem empregada aqui tem como pano de fundo o Império Romano que dominava a Europa, Ásia Menor e o Oriente Médio, e o vocábulo grego marturia é o contexto da fé batalhadora, diferente das motivações que estão por trás dos idealizadores da tal marcha, camuflada de farra gospel. Para Judas, batalhar pela Brasil Presbiteriano Julho de 2013 7 CERIMÔNIA Mackenzie empossa novo chanceler fé significa viver e testemunhar dando, se preciso for, a vida pela causa. Com isso, finalizamos com uma das exortações de Jesus no sentido de que devemos ser sal e luz... Mas é certo que isso não será por meio da “marcha para Jesus”. Assim, creio que é mais do que necessário e urgente que todos os cristãos comprometidos com a Palavra de Deus recobrem o sentido da missão que nos foi dada por Cristo. “Pregai o evangelho”, disse ele. Quando pessoas como Zaqueu, a mulher samaritana, o centurião romano têm um encontro real e verdadeiro com Cristo, suas vidas são transformadas, seus valores são mudados. O encontro com Cristo produz mudanças no comportamento, na ética, na maneira de ver o mundo. Fora de Cristo, não existe esperança para este mundo. Por isso, fica para nós o desafio de vivermos os valores de Cristo de modo prático: no trabalho sejamos honestos, em casa sejamos respeitosos, amáveis com os vizinhos. Usemos bem as portas abertas para testemunharmos que Cristo é o Senhor e Salvador de todos quantos se acheguem a ele. Segundo a Escritura, “não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”. O Rev. João Neves Pereira é pastor da IP em Tamarana, PR N o dia 3 de junho de 2013 aconteceu no Auditório da Escola Americana, do campus Higienópolis da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), a posse do novo Chanceler, Rev. Davi Charles Gomes. O Rev. Davi substitui o Rev. Augustus Nicodemus Gomes Lopes, que durante dez anos foi o Chanceler. O Rev. Augustus, que agora está nos Estados Unidos, fazendo o pósdoutorado na área de Novo Testamento no Westminster Theological Seminary, na Filadélfia, declarou que seu trabalho na chancelaria colaborou para a forte implementação da confessionalidade na UPM, por meio das devocionais nos eventos, da distribuição da literatura religiosa, da ocupação de espaço na televisão, etc. Para o reitor da UPM, Dr. Benedito Guimarães Aguiar Neto, o trabalho do Rev. Augustus foi muito relevante. “Com ele pudemos expressar aquilo que somos, o que fazemos e a nossa preocupação em exprimir todos os atos e ações cristãos”. Ele ainda completou dizendo que “o trabalho do chanceler é progressivo e contínuo e, com a capacidade e experiência do reverendo David, será muito bem executado “. O novo chanceler, Davi Charles, explica Fotos: Wilson Camargo O ex-chanceler, Augustus Nicodemus Gomes Lopes, dando posse ao novo chanceler, Davi Charles Gomes O chanceler com o presidente do Instituto Presbiteriano Mackenzie, Mauricio Melo de Meneses Chanceler com o reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Benedito Guimarães Aguiar Neto que “além de poder ser um instrumento da graça de Deus, quero manter o bom relacionamento entre a Igreja Presbiteriana e a Universidade Presbite-riana Mackenzie”. Ao transferir o cargo, Augustus Nicodemus salientou que Davi Charles é uma pessoa extremamente preparada na sua formação.”Seu doutorado em teologia e sua experiência adquirida nos cargos que já ocupou o habilitam a assumir a chancelaria. Não poderíamos ter um melhor nome para preencher essa vaga”, concluiu. Em uma carta de agradecimento, o Rev. Augustus ainda falou sobre os quase dez anos de trabalho: “Em 13 de outubro de 2003, quando eu era membro do Conselho de Curadores do Mackenzie por nomeação do Supremo Concílio da IPB 2002, fui designado para a honrosa função de décimo segundo Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie. São passados agora quase dez anos de muitas lutas, vitórias, acertos e erros. Apesar destes últimos, acredito ter cumprido a missão que me foi dada pela IPB, pelo que agradeço o apoio que recebi da IPB, do Mackenzie e de todos com quem tive o privilégio de trabalhar”. Informações: Assessoria de Imprensa da UPM Brasil Presbiteriano 8 Julho de 2013 IBEL Procura apresentar-te a Deus José Carlos Piacente Júnior A história do Instituto Bíblico Eduardo Lane está associada às missões norte-americanas enviadas ao Brasil -- Missão Oeste do Brasil. Os primeiros missionários que alcançaram a cidade de Patrocínio/ MG foram o Rev. James Robertson e D. Jessie Woodson, em 1925. O Rev. Robertson e sua esposa foram os idealizadores de um curso bíblico para a formação de obreiros. Na ocasião, o casal emprestou as dependências de sua residência para receber os alunos. Logo colheram seus frutos. Obtiveram êxito na preparação e formação de dois obreiros: Divino José de Oliveira e Manoel Antônio Coelho, os primeiros alunos do futuro IBEL. Não muito tempo depois, o Rev. Woodson e sua esposa foram transferidos para Araguari/MG e em seu lugar ficaram o Rev. Alva e D. Kate Hardie. No entanto, a consolidação do Instituto Bíblico ocorreu sob a direção do Rev. Eduardo e D. Mary Cook Lane, no ano de 1933. O casal Lane demonstrava empenho e capacitação na formação educacional e teológica dos alunos. Ao mesmo tempo, tinha uma ampla visão do trabalho missionário. Porém, a piedade se destacava na vida e no trabalho de ambos. Certamente, o testemunho, a sabedoria e o esforço do casal Lane foram de úteis nos propósitos de Deus para o IBEL. De fato, logo o IBEL começou a desempenhar influência sobre a cidade de Patrocínio e região, levando o evangelho aos lugares mais distantes. Desde o nascimento do Instituto Bíblico, o propósito e motivação sempre visaram à capacitação teológica e pessoal de seus obreiros, para a abertura e expansão de campos missionários inalcançados e longínquos. Certamente, os fundadores do IBEL não trabalharam sozinhos. Uma figura marcante e de dedicação sem igual foi Miss Frances Hesser. Ela serviu incansavelmente por 40 anos, até a sua aposentadoria em 1973. Quem a conheceu relata a sua humildade, simplicidade e fé fer- vorosa. Qualidades cristãs que foram agregadas à sua capacidade única com respeito à educação religiosa. Também, recordamos dos labores profícuos de Rev. George e D. Hazel Hurst, Rev. Donald e D. Geraldina Kaller, Rev. Joseph e D. Helen Martin, Rev. Olson e D. Jean Pemberton entre tantos outros, bem como o atual diretor, Rev. Roberto Brasileiro Silva e D. Solange Tambelini Brasileiro, que assumiu a direção do IBEL há 25 anos, em 1988. Ademais, as atividades do Rev. Roberto no IBEL somam 38 anos. A história do IBEL alcançou um marco memorável em 2013, ao completar 80 anos, em 02 de junho, dia do aniversário de Miss Frances Hesser. Por isso, parabenizamos a todos que compõem o corpo docente e discente, assim como Palestra durante a comemoração com o Dr. Pérsio Culto de ação de graças 80 IBEL seus diretores e funcionários. Agradecemos a Deus por sua bondade e misericórdia. Tendo em vista essa data marcante, cultos de gratidão a Deus e solenidades foram realizados entre maio e junho de 2013. As comemorações dos 80 anos do IBEL iniciaramse com as conferências e devocionais da Semana Teológica Miss Francis Hesser, entre 28 de maio e 02 de junho de 2013. Na ocasião, alunos de outrora foram convidados para palestras e mensagens, entre eles o Rev. Carlito Pereira da Silva e sua esposa Maria Madalena Silva, o Rev. Lúcio dos Reis Oliveira e o Rev. Edgar Gonçalves das Chagas, presidente do Sínodo Triângulo Mineiro. Além desses convidados, contamos com as palestras do Dr. Pérsio Ribeiro Gomes de Deus. O momento mais esperado foi o culto de ações de graças e solenidades de aniversário, os quais aconteceram no dia 1º de junho, às 10h30, na Igreja Presbiteriana de Patrocínio, tendo como pregador o Rev. Edgar, presidente do Conselho Deliberativo do IBEL. O Rev. Edgar, por fim, foi o mensageiro da Palavra no domingo, dia 02 de junho, na IP do Bairro Constantino, por ocasião do culto de gratidão a Deus Brasil Presbiteriano Julho de 2013 9 como obreiro aprovado... e as celebrações de encerramento do aniversário do IBEL. Na mesma ocasião, agradecemos a Deus pelo aniversário 62 anos do Rev. Roberto Brasileiro Silva. As solenidades e cultos foram inesquecíveis. Contamos com as participações do coral do IBEL, a leitura de mensagens de felicitações enviadas por irmãos na fé, brasileiros e estrangeiros, com a presença de nossos preciosos irmãos e irmãs. No culto de aniversário, fomos honrados como a presença marcante dos familiares do Dr. Eduardo Lane, representados por seu filho John Lane e sua neta Mary Lane, professora do IBEL no departamento de Educação Infantil. Também, contamos com a presença de representantes de diversos segmentos da Igreja Presbiteriana do Brasil, que vieram acompanhados de familiares e amigos. Os 80 anos de uma Instituição de ensino religioso proclamam a história vitoriosa do evangelho de Jesus Cristo. É fato que o IBEL dispõe da instrumentalidade de homens e mulheres abnegados, corajosos e leais. Assim, na mesma ocasião em que celebramos o seu octogésimo aniversário, reconhecemos o esforço dos servos de Cristo que, tendo posto a mão no arado, jamais olharam para trás (Lc 9.62). Na verdade, é uma história cer- cada de homens e mulheres a serviço do reino de Deus. Evidentemente, os nossos alunos escreveram essa história memorável conosco. Nesses 80 anos, mais de 1.500 obreiros formamse evangelistas. Além de outros tantos, inumeráveis, que cursaram um período ou dois no IBEL, e os milhares de alunos que participaram do CEIBEL -Curso Bíblico por Extensão e por Correspondência -- tem como única meta servir, honrar e glorificar a Deus, e fazer isso por meio da preparação de obreiros. Para tanto, seu lema é formar obreiros que sejam aprovados no caráter cristão e no manuseio fiel da Palavra da verdade (2Tm 2.15). Homens e mulheres que não se envergonham do testemunho de Cristo. Capazes de plantar e fazer multiplicar a igreja de Cristo, bem como alcan- Fachada do Instituto Bíblico Eduardo Lane desde o seu surgimento em 1969. No entanto, sem Cristo nada podemos fazer (Jo 15. 5). Por conseguinte, se vivemos e nos movemos é “porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm. 11. 36) Aliás, quem conhece o IBEL logo descobre que a sua longa existência está atrelada às marcas indeléveis de viver e praticar o evangelho com simplicidade e piedade. O IBEL çar campos missionários no Brasil e no exterior. Por isso, os traços fundamentais do IBEL são o zelo pela sã doutrina do evangelho, a simplicidade no modo de viver e a formação integral de seus alunos. Guarnecido com a teologia reformada e a tradição calvinista, e cônscio da identidade presbiteriana, o IBEL contribui para equipar os discípulos de Cristo. Devido ao seu currículo, o IBEL capacita obreiros para todas as faixas etárias. Com efeito, são servos que conhecem e atuam em todos os seguimentos da igreja de Cristo. Na verdade, o seu regime de internato e acompanhamento pastoral favorece o largo contato dos alunos com pastores experientes, com a igreja e seu trabalho prático. Da mesma forma, seu currículo integra aprimoramento em música sacra, línguas originais e departamento infantil. Enfim, tal formação prática, integral e intensiva faz do IBEL uma Instituição diferenciada. Agora, ao completar 80 anos, podemos afirmar que a história do IBEL ainda não está completa. Seus diretores, professores e funcionários têm a plena convicção de que “a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos” (Lc 10. 2). Há muito a fazer! Ainda há muito para colher. Por isso, contamos com as orações e o apoio daqueles que, juntamente com Paulo, ainda afirmam: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!” (1Co 9. 16). José Carlos Piacente Júnior é Pastor auxiliar da IP do Bairro Constantino e Professor do IBEL Brasil Presbiteriano 10 MÊS DE JULHO NA Rev. Alderi Souza de Matos, historiador da IPB 2 1 ● Organização da IP de Curitiba, pelo Rev. George Anderson Landes (1888). ● Falecimento do Rev. John Merrill Kyle, fundador da IP de Nova Friburgo (1918). 4 3 ● Ordenação do Rev. Delfino dos Anjos Teixeira (1841-1895), pelo antigo “Presbitério de São Paulo”, da PCUS; pastor em Mogi-Mirim e outros pontos da Mogiana (1882). ● Lançamento da pedra fundamental do Internato Masculino da Escola Americana, em São Paulo; a data foi sugerida por Rui Barbosa, por ser o dia da independência americana (1885). ● Falecimento do ex-padre Francisco Rodrigues dos Santos Saraiva, famoso latinista e professor do Mackenzie College; pai do presbítero Eliézer dos Santos Saraiva (1900). ● Última edição do jornal pioneiro Imprensa Evangélica, criado pelo Rev. Ashbel Simonton e alguns colegas em 1864 (1892). ● Fundação da Associação Cristã de Moços (ACM) do Rio de Janeiro, a primeira do país, pelo presbiteriano Myron August Clark (1893). ● Organização da IP de Paracatu (MG), pelos Revs. Álvaro Reis e Caetano Nogueira Júnior, do Presbitério de Minas (1893) 11 12 ● Rev. Ashbel Green Simonton lê o seu último relatório pastoral, na 3ª reunião do Presbitério do Rio de Janeiro (1867). ● Falecimento do colportor Bartolomeu Reviglio, em Lençóis (SP); primeiro crente italiano a fazer profissão de fé em São Paulo, em 1867 (1901). 19 ● Falecimento do Rev. Edward Epes Lane, filho do pioneiro Edward Lane e pai do Dr. Eduardo Lane (1962). ● Organização da IP de Londrina, Paraná (1936). Julho de 2013 20 ● Ordenação do Rev. Modesto Perestrello Barros de Carvalhosa, pelo Presbitério do Rio de Janeiro; 2º ministro ordenado pela IPB (1871). 13 ● Ordenação do Rev. Constâncio Homero Omegna (1877-1927), em Botucatu, pelo Presbitério Oeste de São Paulo; grande educador, poeta e músico (1902) ● Organização da IP de Guareí (SP), pelo Rev. Antônio Pedro de Cerqueira Leite (1882). ● Organização da IP de Palmares, em Pernambuco, pelos Revs. George Henderlite, Martinho de Oliveira e o presbítero Benjamim Marinho (1903). ● Ordenação do Rev. Salomão Barbosa Ferraz, na capital paulista, pelo Presbitério de São Paulo; mais tarde tornou-se ministro episcopal e bispo católico (1902). ● Ordenação dos Revs. Baldomero Esteves Garcia e Henrique Louro de Carvalho, pelo Presbitério do Rio de Janeiro, na antiga capital federal (1902). 21 ● George Whitehill Chamberlain chega ao Rio de Janeiro em caráter particular, trazendo carta de recomendação para o Rev. Alexander Blackford (1862). ● Lançamento da pedra fundamental do Hospital Samaritano, em São Paulo (1892). ● Ordenação dos Revs. Manoel Alfredo Guimarães e Martinho de Oliveira, na capital da Paraíba, pelo Presbitério de Pernambuco (1896) ● Ordenação do Rev. Ernesto Luiz de Oliveira, em Mogi-Mirim, pelo Presbitério de Minas; um dos fundadores da IPI (1901). 25 ● Rev. Alexander L. Blackford e sua esposa Elizabeth Simonton chegam ao Rio de Janeiro após demorada e perigosa viagem de navio (1860). 26 ● Ordenação do Rev. Júlio Sanguinetti, na capital paulista, pelo Presbitério de São Paulo; último ministro ordenado antes do cisma presbiteriano (1903). Brasil Presbiteriano Julho de 2013 11 HISTÓRIA DA IPB 7 ● Licenciado Matatias Gomes dos Santos chega a Alto Jequitibá (MG); primeiro obreiro presbiteriano no leste de Minas (1901). ● Organização da IP de Botafogo, no Rio de Janeiro (1906). ● Falecimento do Rev. Samuel Rhea Gammon, em Barra Mansa-RJ; fundador do Instituto Evangélico de Lavras (1928). ● Eleição dos primeiros presbíteros da IP do Rio de Janeiro (e da IPB) – William Richard Esher e Pedro Perestrello da Câmara; foram ordenados dois dias depois (1866). ● Ordenação do Rev. Francisco Lotufo, pelo Presbitério de São Paulo; pastor por muitos anos em Botucatu (1896). ● Lançamento da pedra fundamental do Seminário Presbiteriano na Rua Maranhão, em São Paulo (1898). ● Falecimento do Rev. Franklin do Nascimento, no Rio de Janeiro, um dos fundadores de O Puritano (1919) 15 ● Lançamento da pedra fundamental do Hospital Evangélico do Rio de Janeiro; foi construído pelo comendador Antônio Jannuzzi (1896). 10 ● George Whitehill Chamberlain é ordenado na 2ª reunião do Presbitério do Rio de Janeiro, na capital do império (1866). ● Organização inicial da IP de Campinas pelos Revs. Edward Lane e George Nash Morton, da Igreja do Sul – PCUS (1870). ● Organização da IP de Fortaleza, Ceará, pelo Rev. DeLacey Wardlaw, missionário da Igreja do Sul – PCUS (1883). 14 ● Lançamento da pedra fundamental do Hospital Evangélico do Rio de Janeiro; foi construído pelo comendador Antônio Jannuzzi (1896). 8 ● Presbítero Minervino Ribeiro Pessoa Lins é eleito presidente do Presbitério de Pernambuco, na capital paraibana; primeiro presbítero a presidir um concílio da IPB (1896). ● Organização da IP de Pinheiros (SP), pelos Revs. Modesto Carvalhosa, Zacarias de Miranda e Pbs. José Gomes Villela e Eliézer dos Santos Saraiva (1906). ● Falecimento do Rev. João Batista de Lima, em Recife, vitimado pela tuberculose; um dos primeiros pastores presbiterianos do Nordeste (1893). 16 17 18 ● Organização da IP de Santa Luzia de Goiás, atual Luziânia, pelos Revs. Álvaro Reis e Caetano Nogueira Júnior; fruto do trabalho do Rev. John Boyle (1893). ● Ordenação dos Revs. Laudelino de Oliveira Lima e Henrique Augusto Vogel, em São João da Boa Vista (SP), pelo Presbitério de Minas (1898). ● Organização da IP de Ponta Grossa (PR), pelos Revs. George Landes e Tancredo Costa (1915). ● Falecimento do Rev. Henry John McCall, missionário pioneiro na Bahia (1960). 27 28 29 ● Organização da IP de Bela Vista de Tatuí (Porangaba, SP), pelo Rev. Zacarias de Miranda (1890). ● Falecimento do Rev. Martinho de Oliveira, em Palmares (PE); fundador do Seminário Presbiteriano do Norte (1903). ● Organização da IP de Castro (PR), pelo Rev. George Landes, e da IP de Tatuí (SP), pelo Rev. Zacarias de Miranda (1888). 30 ● Falecimento do Rev. George Whitehill Chamberlain, em Salvador (BA); grande evangelista, fundador da Escola Americana/Mackenzie College (1902). ● Falecimento do Rev. Herculano Ernesto de Gouvêa, em Araraquara, ● “Cisma Presbiteriano”, na 6ª aos 70 anos; pastor no reunião do Sínodo, em São Paulo; interior de São Paulo (1931). surgimento da Igreja Presbiteriana Independente – IPI (1903). ● Falecimento do Rev. José de Azevedo Granja, antigo presbítero da IP do Rio de Janeiro, em Ubatuba-SP (1905). ● Falecimento do Rev. James Porter Smith, professor do Seminário de Campinas e do Seminário Union, filho do Rev. John Rockwell Smith (1940). Brasil Presbiteriano 12 Julho de 2013 ARTIGO O desafio de crescer como uma Igreja Presbiteriana Fábio José Barbosa Correia M uito se tem falado da “urgência” de se pregar o evangelho ou ainda de se fazer “qualquer” outra coisa para “mudar” a situação da IPB. Fala-se até em “salvar” a IPB da extinção. De fato, algumas estatísticas não são muito favoráveis. A IPB, como ocorre com outras igrejas tradicionais, não tem o mesmo ritmo de crescimento de igrejas consideradas evangélicas. Apesar disso, fala-se em um crescimento astronômico dos evangélicos no Brasil. Para onde afluiu essa multidão senão para a IPB e para as outras igrejas tradicionais? As estatísticas também revelam: A Igreja Internacional da Graça de Deus, em 1991, tinha 100.000 membros; em 2001 chegou a 270.000 membros, um crescimento de 170%. A Igreja Universal do Reino de Deus, que em 1991 tinha 268.000 membros, em 2001 atingiu a “marca” de 2.000.000 membros; isso representa um crescimento de 646,27%. A Igreja Renascer em Cristo, em 1991 tinha apenas 10.000 membros e ao final de 2001 já “contabilizava” 120.000 membros, experimentando um astronômico crescimento de 1.100%. E, finalmente, a grande campeã: a Igreja Sara Nossa Terra, que em 1991 tinha 3.000 membros, em 2001 alcançou 150.000 membros; representando um espetacular crescimento de 4.900%. A Assembléia de Deus cresceu 87,5%. Das igrejas consideradas “tradicionais”, apenas a Igreja Batista conseguiu um índice de crescimento “satisfatório”: cresceu, em dez anos, 20%. Os números acima são responsáveis pelo surgimento de um novo e triste espírito dentro da IPB: um misto de inveja (das igrejas que estão “crescendo”), amor (pela IPB, no sentido de querer vê-la “grande”) e ódio (pelos princípios doutrinários e litúrgicos da IPB, que supostamente impedem seu crescimento). Isso lembra uma situação muito parecida com a registrada em 1Samuel 8.1-22, quando o povo de Deus, movido pela inveja a outros povos, quis, igualmente, ter um rei. Tal disposição de coração “pareceu mal aos olhos de Samuel” e do Senhor: “Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não é a ti que têm rejeitado, porém a mim, para que eu não reine sobre eles”. Mesmo com essa desaprovação “o povo, porém, não quis ouvir a voz de Samuel; e disse: Não, mas haverá sobre nós um rei, para que nós também sejamos como todas as outras nações”. Acaso seria esse também o desejo do coração de muitos membros, pastores, oficiais e líderes da IPB? Será que, de fato, queremos ser iguais a essas igrejas que estão crescendo? Porque são elas que são postas lado a lado com a IPB para apontar-lhe a falta de crescimento e os defeitos. Será que realmente acreditamos que Deus tem aprovado o crescimento de 646,27% da Igreja Universal do Reino de Deus? Os 1.100% da Igreja Renascer? Os 4.900% da Igreja Sara Nossa Terra? Responder afirmativamente significa admitir que Deus esteja aprovando uma série de esquisitices que são, notadamente, estranhas à Bíblia, como por exemplo: “rosa ungida”, “cair na unção”, “atos proféticos”, etc. Crescimento numérico não deve e não pode ser um termômetro para medir se a igreja é ou não de Deus ou ainda se a igreja está bem ou não. John. F. MacArthur, em seu excelente artigo “Eu quero uma Religião Show”, afirma: O crescimento quantitativo pode ser enganador. Pode não ser mais do que a proliferação de um movimento social ou psicológico mecanicamente induzido, uma contagem numérica, uma aglomeração de indivíduos ou grupos, um crescimento de um corpo sem o desenvolvimento dos músculos e dos órgãos vitais. E, isso, creiam, não é a velha desculpa “o importante é a qualidade e não a quantidade”. Você pode afirmar: “sei de todos os problemas doutrinários dessas igrejas, porém, o importante é que vidas estão sendo ‘salvas’; jovens estão saindo do mundo das drogas”. Bem, não podemos negar a parte da “contribuição social”. Mas essa, os Espíritas e Mórmons também fazem. Contudo, a alegação de que muitos estão sendo salvos é bem questionável, por conta da alta rotatividade de membros dessas igrejas. São igrejas predominantemente de jovens. Eles não envelhecem? Isso revela o baixo grau de firmeza de fé e verdadeiras conversões, conforme Mateus 13.3-7. Entendemos que é uma grande benção crescer, inclusive numericamente. Ninguém é louco o suficiente para afirmar que crescimento numérico não é importante. Contudo, nossa principal preocupação não deve ser essa. Não devemos nem mesmo pensar em encher nossas igrejas. Nosso dever é tão somente pregar o puro, simples e genuíno evangelho do Senhor Jesus. Se as pessoas irão se converter ou não, isso, caros irmãos, não é de nossa competência e sim do Espírito Santo. Devemos pregar não porque “almas estão indo para o inferno, enquanto estudamos nossa teologia”, como afirmam alguns. Aliás, essa também é uma afirmação teológica. Estão indo para o inferno aqueles pelos quais Cristo derramou seu precioso sangue? Isso equivale a dizer que o sacrifício de Cristo não foi eficaz. Devemos pregar porque Cristo mandou pregar, sendo esse o meio ordinário pelo qual Deus decidiu chamar eficazmente seus eleitos. Não nos interessa crescer de qualquer forma, com uns membros atrofiados e outros desproporcionalmente alongados, como muitas igrejas “mutantes” estão crescendo. Queremos crescer “o crescimento que procede de Deus” (Cl 2.19). Só nos interessa crescer como uma autêntica Igreja Presbiteriana do Brasil. Fábio José Barbosa Correia é presbítero da 1ª IP de Jordão, Recife/ PE; Mestre em Filosofia pela UFPE; Graduado em Filosofia pela Unicap e em Educação Religiosa pelo SPN. Professor de Filosofia e Ética da Faculdade Decisão/PE. Agradecimentos Durante todo o mês de junho o BP recebeu mensagens de carinho pelos 55 anos completados no dia 8. Queremos agradecer a todos que nos escreveram nas redes sociais e enviaram e-mails parabenizando pelo trabalho realizado nesses anos amparados e abençoados com a graça do nosso Senhor Jesus Cristo. Brasil Presbiteriano Julho de 2013 13 ORGANIZAÇÃO O sistema de governo da IPB Wellington Sabaini U ma pergunta interessante para os dias atuais é a respeito do sistema de governo na Igreja Presbiteriana do Brasil. Um termo utilizado no meio organizacional para isso é “governança”, que representa um conjunto de regras e procedimentos adotados pelas organizações, visando o controle e acompanhamento de sua gestão e dos riscos, com o objetivo de evitar erros, fraudes, roubos e má gestão. Nas organizações religiosas o tema tem sido igualmente debatido, pois, infelizmente, temos má gestão também em igrejas das mais variadas denominações. E os formadores de opinião contrários à religião aproveitam esses acontecimentos para criticar as igrejas de uma forma geral, principalmente as “evangélicas”. O sistema de governo da Igreja Presbiteriana do Brasil está definido na sua Constituição, data de 1950, o que inclui orientações para a administração das igrejas locais, passando pelos concílios e se estendendo até as autarquias e órgãos da IPB. A governança na IPB começa na igreja local, que é administrada por um Conselho, composto por Pastor(es) e Presbíteros, um grupo de pessoas eleitas pela comunidade para dirigir a igreja. Além Membros da JPEF na Reunião Ordinária de 11 e 12/05/2012 – Brasília-DF. Na foto, da esquerda para a direita: Presb. Ortencio Rocha, Presb. Clodoaldo Furlan, Pres. Wellinton Tesch Sabaini, Presb. João Marciano, Presb. Marco Túlio (atual Presidente da JPEF), Presb. Renato Piragibe (então Tesoureiro do SC/IPB), Reverendo Roberto Brasileiro, Presb. José Alfredo (atual Tesoureiro do SC/IPB, então Presidente da JPEF), Presb. Rui Griffo (Administrador de Patrimônio), Reverendo Eberson Gracino, Presb. Antonio Cellia, Presb. Reginaldo Nunes, Reverendo Geraldo Silveira). disso, existe uma comissão de exame de contas (uma espécie de conselho fiscal), composta por três membros designados pelo Conselho, que examinam as contas trimestralmente e dão o seu parecer. A governança na igreja local inclui a realização (uma vez por ano, pelo menos -- CI/IPB art.9o) da Assembléia Geral Ordinária, para “ouvir, para informação, o relatório do movimento da igreja, no ano anterior e tomar conhecimento do orçamento para o ano em curso; pronunciar-se sobre questões orçamentárias e administrativas, quando isto lhe for solicitado pelo Conselho; eleger anualmente um secretário de atas” (Estatuto da igreja local -- Capítulo III -- Da Assembleia. §1o). A governança continua no Presbitério. Em sua reunião ordinária anual, esse concílio examina todos os atos registrados nas atas dos Conselhos das igrejas de sua jurisdição, aprovando ou recomendando ajustes. Dependendo do caso, o Presbitério pode até intervir no Conselho da igreja local. Por sua vez, o Presbitério é jurisdicionado pelo Sínodo e este pelo Supremo Concílio, na mesma sistemática: os atos dos Presbitérios são analisados e aprovados pelos Sínodos e os atos dos Sínodos são analisados e aprovados pelo Supremo Concílio, tudo de acordo com a Constituição da IPB. No âmbito nacional, a IPB criou a Junta Patrimonial Econômica e Financeira (JPEF), composta por nove membros titulares, entre pastores e presbíteros, com a finalidade de administrar o seu patrimônio e examinar e supervisionar as contas (demonstrações financeiras) da IPB. A JPEF funciona como um conselho fiscal e submete seus pareceres e relatórios para análise e aprovação do Supremo Concílio ou da Comissão Executiva. A boa governança da IPB se completa com a formação dos pastores que inte- gram os quadros da Igreja, que devem ter o curso de Bacharel em Teologia realizados nos Seminários da IPB, nos quais, além das disciplinas teológicas, também estudam o funcionamento da Igreja e su as normas legais/estatutárias. A IPB tem um sistema de governo transparente e funcional. Todos os membros da Igreja, de certa forma, participam dele. Se tudo for feito conforme estabelecido pela Constituição da IPB teremos sempre uma boa governança na nossa Igreja. Wellinton Tesch Sabaini é presbítero da IP em Mata da Praia (Vitória-ES) e integra a Junta Patrimonial Econômica e Financeira da IPB. Doutorando em Administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Brasil Presbiteriano 14 Julho de 2013 EVANGELIZAÇÃO A igreja em missões Silas de Campos N os dias 31 de maio a 2 de junho passados, reuniu-se a entidade missionária Nossa Missão, no templo da 1ª IP de Rio Claro, SP, em cumprimento às suas disposições estatutárias e eleição de sua nova mesa. Nossa Missão, em processo de reconhecimento pela IPB, foi fundada pelo Rev. Abelardo Nogueira Jr, membro do Presbitério de Rio Claro, promove a evangelização com atenção especial a caminhoneiros, dependentes químicos, prostitutas e outras pessoas em situações assemelhadas, com frutos positivos em todas essas áreas. Já publicou a Bíblia do Caminhoneiro, com mais de 15 mil exemplares distribuídos e a Bíblia Nossa Rev. Abelardo e Miss. Dosanjos na Conferência Missionária Missionários do Ministério Nossa Missão Missão. Faz parcerias com igrejas e presbitérios e vem servindo por meio de seus ministérios, aqui resumidamente citados como Projeto redenção e Fé na estrada, bem como o Caminho do nordeste, com serviços prestados às igrejas e presbitérios do sul de Sergipe e ali colabora na manutenção dentistas voluntários. Nossa Missão conta com recursos de igrejas conveniadas e com a liberalidade cristã de muitas pessoas que realizam ofertas mediante depósito bancário, ficando a administração sediada na cidade de Bauru. A assembleia teve seu encerramento com o culto de obreiros e construção de templos em locais carentes. No mesmo estado promove, em janeiro e julho, estudos e palestras para líderes, especialmente no Acampamento em Aracaju. Nos locais mais carentes do interior, realiza trabalhos de evangelização com socorro aos necessitados, levando médicos e ANIVERSÁRIO 46 anos de bênçãos E ntre os dias 20 a 27 de junho de 2013, a IP do bairro Santo Elias, realizou uma série de conferências alusivas ao seu 46º aniversário de organização. Entre os ilustres pregadores, destacamos os reverendos Carlos Vargas, da IP de Honório Gurgel, Jouberto Heringer, cape- lão do Mackenzie Rio, Luiz Carlos Correa, pastor da IP de Cabo Frio e o Pb. José Alfredo, tesoureiro da IPB. O coral Maravilhas do Amor de Deus, da igreja local, louvou ao Senhor com alguns hinos. O Rev. Isaías Maciel, pastor emérito da igreja, trouxe uma palavra de incentivo. A série de conferências recebeu visitantes, dentre os quais destacamos o jornalista Mauro Vasconcellos e sua esposa Alzira Vasconcellos. Deus tem abençoado a nossa igreja. A luz de Deus resplandece sobre nós! Rev. Luiz Carlos dos Santos, pastor da Igreja. da noite em ações de graças a Deus pelos 25 anos de serviço do Rev. Abelardo, sendo pregador o Rev. Silas de Campos, ministro jubilado da IPB e conselheiro do Nossa Missão. A Deus toda honra, glória e louvor. Rev. Silas de Campos é membro benemérito do Ministério Nossa Missão Brasil Presbiteriano Julho de 2013 15 REUPAS Adolescentes levam amor e esperança à Santa Maria Após 5 meses da tragédia, Santa Maria recebe a visita dos adolescentes Maicon Cidral (Vice Sul CNA) e Marilise dos Santos (representante dos adolescentes gaúchos) acompanhados pelo secretário presbiterial, Rev. Carlos Eduardo Aranha. O apoio do Rev. César Souza, pastor do campo missionário da JMN/IPB em Santa Maria, contribuiu em muito para os contatos e visitas realizadas. Apesar do frio, a chegada em Porto Alegre foi tranquila e a viagem a Santa Maria levou 3h30. Já na cidade, começamos andando pelo centro. A tristeza ainda se percebe no ar. Era dia 25/06 e no dia 27/06 se completaria o 5º mês da tragédia. Algumas manifestações aconteceram naquela tarde, inclusive com invasão à Câmara de Vereadores por causa da CPI instalada e vista com muita suspeita de “pizza”. Visitamos no centro da cidade uma tenda montada no calçadão, onde as famílias se revezam todos os dias, levando fotos dos filhos, lista de abaixoassinados, banners, etc.. O objetivo é que a tragédia não caia no vazio sem a devida punição aos responsáveis. Era comovente conversar com os pais e mães, que contavam de seus filhos mortos, idade, cursos, etc. Vários deles sustentavam suas famílias. Em seguida levamos nossa carta à Câmara de Vereadores, e na abertura da sessão conversamos com o presidente, Marcelo Zappe Bisogno, o vice João Kaus e outros mais que nos acompanharam, inclusive vereador João Chaves. Logo em seguida nos reunimos com o Governador Assistente do Rotary Club Internacional Sr. Sérgio Augusto, Distrito 4660, que repassaria ao Distrito nossa manifestação. No período da noite estávamos com a diretoria da Associação de Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia em Santa Maria (AVTSM), da qual com o presidente Adherbal Ferreira conversamos à tarde e com os demais membros, no período da noite. Para eles deixamos nossa carta com as assinaturas dos participantes do REUPAs-SUL. No dia seguinte, visitamos a Universidade Federal de Santa Maria, que perdeu 138 alunos (dentre os 242 mortos). Conversamos com o Reitor Prof. Felipe Martins Müller e com a Chefa de Gabinete, Profª. Maria Alcione Munhoz, deixando a eles nossa solidariedade. Ainda mantivemos contato com a Prefeitura Municipal, OAB e Jornal A Razão, que atra- vés de seus representantes nos receberam atenciosamente. O propósito de que fomos encarregados lá no REUPAs foi cumprido. Todos nos receberam com imenso carinho e agradeceram a manifestação de apoio, solidariedade e abraço. Pediram que transmitíssemos aos adolescentes a gratidão. Nós afirmamos a eles que nossas orações continuam em favor de todas as famílias, amigos e cidade. Para quem não teve conhecimento, segue a carta encaminhada, elaborada durante o REUPAs Sul, que aconteceu entre os dias 30/05 e 02/06, no Pontal do Paraná: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor” (1Co 13.13). Nós, adolescentes da Igreja Presbiteriana do Brasil dos estados da região sul – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – reunidos no REUPAS SUL 2013, manifestamos nossas condolências aos pais, amigos e todos aqueles sofreram perdas no incêndio da boate Kiss em Santa Maria. Em circunstâncias como essas as palavras nos fogem, a compreensão não é capaz de discernir uma carga tão grande de sofrimento. Sabemos que eles Adolescentes acompanhados pelo Secretário Geral, em frente ao local da tragédia eram jovens, estudantes, pessoas que assim como nós almejavam por um país melhor, mais justo. Não é possível substituir a perda de um ente querido. Cremos que Deus é o único capaz de compreender a dor que vocês sentem, afinal seu filho, Jesus Cristo, padeceu inocentemente, e é em seu nome que nos irmanamos em solidariedade. O evangelho nos ensina que “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). As vítimas de Santa Maria deixam um legado que jamais será esquecido. Elas ensinaram a todos os brasileiros que atitudes levianas não podem ser toleradas. Todos devem trabalhar diligentemente para que possamos viver e nos divertir em paz e segurança. Existem responsáveis em todas as esferas por este evento desastroso, por isso apoiamos a busca por justiça. Não admitimos a impunidade. Nesse espírito rogamos a Deus para a que a força da esperança possa sobrepujar a dor. Jesus Cristo, o Deus a quem servimos, acolherá os que nele creem. Toda nossa fé está depositada na esperança da ressurreição. Sabemos que várias pessoas contribuíram com seus dons e talentos para aliviar o sofrimento de vocês e através desta carta esperamos que todos sintam nossa solidariedade, nossa fé, nossa esperança e principalmente nosso amor. Pedimos que o grande amor e graça de Deus sejam abundantes sobre suas vidas, hoje e para sempre. Brasil Presbiteriano 16 Julho de 2013 INSTRUÇÃO 10 Mitos sobre Mitos da educação teológica O artigo do Rev. Ageu Magalhães revela, com clareza, o pensamento da Junta de Educação Teológica da Igreja Presbiteriana do Brasil -- JET/IPB -- a respeito de “conclusões” que se constituíram verdadeiros “mitos”, em matéria de Educação Teológica em nossa Igreja. Dentre os mitos apresentados pelo Rev. Ageu Magalhães, faço destaque à questão da interpretação do artigo 118 da Constituição da IPB (CI/IPB), visto que muitos dos nossos Presbitérios fazem, equivocadamente, a aplicação da excepcionalidade contida no parágrafo único do mencionado artigo. Em rápidas palavras, o artigo 118 da CI/IPB regulamenta o encaminhamento de candidatos aos Seminários oficiais de nossa Igreja e a ordenação/licenciatura de candidatos, após a conclusão dos cursos de teologia. São 02 (duas) situações nitidamente diferentes, embora os Presbitérios insistam em confundi-las. A excepcionalidade contida no artigo 118 da CI/IPB é aplicável, única e exclusivamente, no processo de ordenação/licenciatura do candidato oriundo de um Seminário não oficial da IPB. Tal excepcionalidade se caracteriza pela possibilidade de aproveitamento da carga horária e grade curricular do curso de teologia de um Seminário que seja considerado idôneo. A CE-SC/IPB, em resolução adotada nessa matéria, determinou que os Presbitérios consultem à JET, quanto à idoneidade dos Seminários nos quais os candidatos a licenciatura/ordenação concluíram seus cursos de teologia. O Rev. Ageu Magalhães bem examinou a questão ao afirmar que constitui-se “mito” pensar-se que o encaminhamento do candidato para cursar teologia pode ser feito para outro seminário que não os oficiais da IPB. Não há essa previsão na Constituição da IPB. Feita tal observação, resta informar que a JET está formulando, com a participação de todos os professores de todos os nossos Seminários, uma unificação do conteúdo programático de nossa grade para permitir, em essência, o mesmo curso de teologia na IPB. Alimentamos a esperança de ter um único seminário em 08 lugares, ou seja, termos o mesmo curso de teologia em qualquer dos nossos 08 (oito) seminários e não 08 (oito) cursos de teologia diferentes, 01 (um) em cada Seminário nosso, espalhado pelo país. Ajude-nos Deus a formar piedosos pastores presbiterianos, comprometidos com a confessionalidade de nossa Igreja e com sua identidade, fiéis expositores da Palavra de Deus. ELI MEDEIROS - Presidente da JET/IPB Ageu Magalhães O mito se enquadra bem na definição de Joseph Goebbels: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. De fato, algumas afirmações equivocadas têm sido ditas em nossos dias quanto à educação teológica na IPB. Estes mitos são repetidos tantas vezes que já começam a parecer verdade. Vejamos alguns: 1º Mito: A formação teológica atual não prepara o ministro para um auditório mais capacitado. A atual grade de disciplinas aprovada pelo Supremo Concílio prepara o aluno para qualquer tipo de auditório. O que pode ocorrer é algum aluno pouco aplicado obter aprovação no curso, mas sair menos preparado. Porém, na medida em que os seminários são exigentes na formação de seus estudantes, a grade atual se encarrega de capacitar o seminarista. É bem comum encontramos alunos do 1º ano, que já fizeram alguma faculdade, estranhando o peso do curso de Teologia. Eu me recordo que na minha época de estudante, fazendo seminário e trabalhando em um banco, acabei gerando olhares surpresos ao contar que mal dormia durante a semana fazendo os trabalhos do Seminário. 2º Mito: Quanto mais alto o grau acadêmico do ministro, melhor pastor ele será. Com a oferta de pós-gra- duações em Teologia, muitos acham que para serem bons pastores devem ter grau de mestrado e doutorado. Não é verdade. Às vezes, ocorre justamente o contrário. Os títulos fazem com que o pastor, outrora humilde, passe a aceitar convites de pastorado apenas em igrejas grandes. Um grau acadêmico pode ser bênção na vida do pastor se ele, primeiro, continuar dedicado no pastoreio das ovelhas; segundo, não perder a humildade e continuar disposto a pastorear aonde quer que o Senhor o envie. 3º Mito: Os seminários da IPB só formam teólogos. Bem, a princípio, assim como um curso de Medicina forma médicos, um curso de Teologia tem de formar teólogos. Todavia, sabemos que a palavra “teólogo” às vezes é usada com sentido pejorativo. Intenciona-se dizer que “ser teólogo” é diferente de “ser pastor”. Essa divisão é equivocada. Todo teólogo deve ser pastor. E todo pastor deve ser teólogo. O reformador João Calvino, comentando Tito 1.1, escreveu: “E assim aprendemos que o homem que mais progride na piedade é também o melhor discípulo de Cristo, e o único homem que deve ser tido na conta de genuíno teólogo é aquele que pode edificar a consciência humana no temor de Deus”. 4º Mito: Jovens ministros não têm responsabilidade. Na Bíblia temos muitos jovens que se portaram com grande responsabilidade, não obstante suas idades: José do Egito, Davi, Jonatas, Daniel, etc. Paulo disse ao jovem Timóteo: “Ninguém despreze a tua mocidade...” (1Tm 4.12). Responsabilidade independe de idade. 5º Mito: Os candidatos que têm saído de nossos seminários são muito jovens. Por causa das últimas resoluções do SC que exigem pelo menos 3 anos de observação antes de o candidato ser enviado ao Seminário, hoje a maioria dos candidatos é madura. Muitos entram no Seminário casados e boa parte ingressa já possuindo diploma de curso superior. No ano passado, dos 322 inscritos para o vestibular unificado, 65% estavam casados e 55% possuíam curso superior completo. 6º Mito: A grade de nossos seminários está desatualizada porque foi feita em contexto rural e hoje o Brasil é um país urbano. Há erro em dizer que a grade de nossos seminários está desatualizada. Ela foi produzida em 2006 e atualizada em 2010. Vem sendo atualizada a cada SC. Apresenta 87% de disciplinas obrigatórias a todos os seminários e 13% de disciplinas eletivas, que contemplam as diferenças regionais de nosso país. Há erro também em afirmar que o Brasil é um país urbano, Brasil Presbiteriano Julho de 2013 17 a Educação Teológica da IPB pois passa a impressão de que ele é totalmente urbano. Segundo dados do IBGE, 30 milhões de pessoas vivem em ambiente rural em nosso país. 7º Mito: O sonho de todo seminarista é ter curso reconhecido pelo MEC e Mestrado. A generalização é precipitada. Pode ser que alguns seminaristas sonhem com isso, mas está longe de ser a maioria. Minha experiência no Seminário JMC é ver alguns estudantes sonhando com missões transculturais, com plantação de igrejas e com pastorado em regiões difíceis. Tenho testemunhado o mesmo sentimento em muitos alunos dos outros seminários da IPB, na convivência que tenho com eles em viagens missionárias. 8º Mito: Os cursos da IPB seriam melhores com o reconhecimento do MEC. Desde 1999 esse assunto tem sido debatido na IPB. A última resolução que temos é a de 2010. Na ocasião, o Supremo Concílio aprovou o parecer contrário quanto ao credenciamento. Dentre as razões constaram: “a fluidez das normas baixadas a este respeito pelo MEC, fato que representa insegurança para a confessionalidade dos Seminários” e “a desnecessidade do credenciamento junto ao MEC para o exercício do pastorado junto às igrejas da IPB”. (Doc. LXXXIV) É temerário submeter a formação de nossos pastores a um órgão do governo federal. Para sermos pastores, não necessitamos do reconhecimento do MEC, mas do reconhecimento de Deus. Esse basta. 9º Mito: Um curso híbrido é o melhor para a formação teológica atual. A proposta é parecida com o que é praticado em seminários norte-americanos, isto é, o candidato obrigatoriamente cursaria um bacharelado reconhecido pelo MEC, e depois faria uma complementação pastoral de dois anos em um seminário da IPB. A proposta é apenas parecida, pois lá fora esses dois anos são intensivos, cursados em dois períodos, manhã e tarde, por exemplo. Apesar do mérito da proposta em o candidato fazer um curso de seis anos, vejo que teríamos mais a perder do que a ganhar com essa forma: 1) Na primeira etapa do curso, reconhecida pelo MEC, as disciplinas de cultura geral teriam a orientação própria dos cursos seculares. Em um parecer do Conselho Nacional de Educação, do MEC, de 06/05/2009, sobre a questão, afirmou-se que o estudo dessas disciplinas deveria ser feito “respeitando o princípio da exclusão da transcendência”. Isso significa estudar essas disciplinas sem qualquer menção a Deus. Em nosso currículo, mesmo as disciplinas de cultura geral contém o elemento da transcendência. Psicologia e Sociologia, por exemplo, devem ser estudadas à luz da teologia bíblicoreformada. Se a proposta do modelo híbrido fosse aprovada, nós perderíamos esse prisma cristão sobre várias disciplinas. 2) Em um curso híbrido, perderíamos o ambiente de piedade e comunhão entre futuros pastores. Qualquer faculdade vinculada ao MEC tem de ter vestibular aberto a quaisquer interessados. Teríamos, portanto, estudantes não interessados no ministério e, possivelmente, até não crentes fazendo o curso. 3) Em um curso híbrido perderíamos também o “currículo informal”, isto é, o aprendizado a partir do exemplo e da convivência com professores, em sua maioria, pastores. Em um curso híbrido, reconhecido pelo MEC, o corpo docente não necessariamente seria de pastores e os candidatos perderiam com a falta desse convívio. 10º Mito: Presbitérios podem enviar seus candidatos a seminários que não são da IPB Não. Pelas nossas leis, presbitérios não podem enviar candidatos a seminários de fora da IPB. O artigo 118 diz: “Ninguém poderá apresentar-se para licenciatura sem que tenha completado o estudo das matérias dos cursos regulares de qualquer dos seminários da Igreja Presbiteriana do Brasil.” Observe: Ninguém pode se apresentar sem ter completado as matérias dos cursos regulares de qualquer dos seminários da IPB. Esse artigo fecha as portas para alguém fazer outro seminário, que não um dos oito seminários da IPB. Mas, e o parágrafo 1º? Ele não permite que um presbitério encaminhe aluno para seminário não presbiteriano? Não permite. Ele diz: “§ 1º. Em casos excepcionais, poderá ser aceito para licenciatura candidato que tenha feito curso em outro seminário idôneo ou que tenha feito um curso teológico de conformidade com o programa que lhe tenha sido traçado pelo Presbitério”. O artigo não afirma que, em casos excepcionais poderá ser enviado para outro seminário. Mas fala do candidato que está se apresentando para licenciatura e já fez um curso em outro seminário. Ele já está no final do processo, com curso pronto. Os legisladores vislumbraram a situação de alguém que veio de outra denominação com um curso concluído e agora quer ser ordenado na IPB. Nesse caso, de acordo com as últimas resoluções do Supremo Concílio, o presbitério deve juntar toda a documentação do seminário desse candidato e enviá-la à JET para que ela averigue a idoneidade do Seminário. Mas, o envio do candidato, no início do processo, deve ser a um seminário da IPB. Note que o caput do Artigo 118 fala da regra: nin- guém pode se apresentar sem curso de seminário da IPB. Ele abrange o envio do candidato. Já o parágrafo 1º não trata do envio, mas da excepcionalidade de se receber alguém com curso pronto, vindo de outra denominação. E isso não pode anular a regra estabelecida no caput. Na última reunião do SC, em 2010, foi reafirmada a resolução da CE-2008, justamente com a interpretação dada acima: “... 3. Responder que a competência para aferir a idoneidade dos seminários é da JET, segundo decisões SC94-024 – Doc. CCXXVIII; CE-SC/IPB-2000 – Doc. CV; 4. Reafirmar a resolução SC-70-097 – Recomendar a todos os presbitérios da IPB que encaminhem os seus candidatos ao Sagrado Ministério aos seminários da Igreja Presbiteriana do Brasil”. (Doc. CXLIII) Louvado seja Deus, pois a educação teológica de nossa Igreja vai muito bem e tende a ficar melhor. A JET tem feito um trabalho primoroso na superintendência dos seminários e institutos bíblicos de nossa denominação e está trabalhando agora na padronização dos conteúdos programáticos dos Seminários, para aprovação do próximo SC. Isto fortalecerá e consolidará a formação teológica de nossa Igreja. Que o Senhor da Seara continue enviando trabalhadores (Mt 9.38) e que nós, conselhos, presbitérios e seminários, sejamos zelosos na preparação deles. O Rev. Ageu Cirillo de Magalhães Jr. é diretor do JMC e coordenador do Vestibular Unificado e do Provão dos Seminários. Brasil Presbiteriano 18 INAUGURAÇÃO FALECIMENTOS Portas abertas para a pregação A Primeira IP de São Bernardo do Campo, no Grande ABC, SP, abriu as portas de mais uma congregação no último dia 30. O novo ponto missionário, assim chamado pelo pastor efetivo da igreja, Rev. Donizeti Rodrigues Ladeia, está localizado no Jardim Orquídeas, um bairro um pouco afastado do Centro no município. Durante dois dias que antecederam a abertura da nova igreja folhetos foram Julho de 2013 “Com certeza as últimas manifestações em nosso país causaram impactos que ficarão registrados nos anais da história. Mas, nenhuma manifestação humana, pode superar o poder de mudança causado pelas manifestações da pregação bíblica do evangelho. Nossa manifestação não é nova, como as últimas realizadas no Brasil, começou há muito tempo atrás, com o mestre convocando 12 homens que Pinheiro, sua esposa Débora Zillner Pinheiro e o filho Lucas Zillner Pinheiro, estavam felizes pelo empenho dos irmãos, pois serão os responsáveis pelos trabalhos a serem realizados na nova igreja apoiados pela junta diaconal, conselho e pastores da igreja sede. O proprietário do espaço adquirido declarou ao final da inauguração que é, para ele, um prazer abrir as portas do seu salão para José Venâncio No dia 6 de outubro de 2012 faleceu José Venâncio, da IP em Queimados, RJ, aos 90 anos de idade. Homem pontual em todos os compromissos, tanto na igreja, como nos lares, assíduo no exercício da mordomia cristã. Todos os dias 2 de novembro ia para o cemitério distribuir folhetos para evangelizar. Saturnino Rodrigues No dia 2 de dezembro de 2012 faleceu Saturnino Rodrigues de Matos, da IP em Queimados, RJ, aos 104 anos. Homem dinâmico, fiel, exemplar na igreja e na família, cristão verdadeiro, estava presente em todas as reuniões da UPH, gostava de tocar hinos na gaita, e no serrote, por isso era considerado o ¨homem do serrote¨. Por sua eficiência, capacidade e fidelidade, foi eleito merecidamente sócio emérito pela UPH. Sandra Maria de Lima Siggelkow A nova Congregação, no jardim Orquídeas, em São Bernardo do Campo, teve o templo repleto de irmãos e visitantes em seu culto de inauguração no dia 30 de junho entregues na vizinhança, uma faixa com informações e carro de som foram utilizados para a divulgação do culto. Com tanto trabalho, não poderia ser diferente. A vontade de Deus se fez presente ali e o culto de inauguração deixou o pequeno, mas aconchegante espaço, repleto de irmãos da igreja sede que foram apoiar o trabalho, além de contar com a importante presença de 16 visitantes que moram próximo ao novo endereço. deveriam sair de 2 em 2 pregando o reino de Deus ( Lc. 9)”, afirmou o pastor da igreja sobre a nova frente de evangelização no município. Muita emoção tomou conta dos corações daqueles que batalharam por esse trabalho desde a procura de um local adequado, busca de equipamentos para a congregação e organização do culto inaugural. Em especial, o presbítero Marcos Fernandes que a Palavra de Deus seja pregada. Além do pastor efetivo, Rev. Donizeti, também esteve presente o Rev. Daniel Piva, pastor auxiliar, e um dos corais da igreja que apresentou três cânticos. A congregação já inaugura com Escola Dominical aos domingos, pela manhã, e culto à noite e estudo bíblico às quartas-feiras. Louvado seja o nome do Senhor! Nascida em 01 de agosto de 1957 em Campos, RJ, casou-se com o Rev. Romoaldo Rebello Siggelkow em 08 de abril de 1978, na IP de Niterói, RJ. Teve uma filha, Renata Lima Siggelkow, nascida em Florianópolis, SC. Em 1982 formou-se em pedagogia na UFSC e em agosto de 1982 começou a trabalhar na Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC, como Técnica em Educação e trabalhou na Instituição por 30 anos e 6 meses. Na IP de Florianópolis dedicou-se ao departamento infantil da Escola Dominical, onde lecionou por quase 30 anos. Foi atuante no ministério Encontro de Casais com Cristo da mesma igreja desde 1994. Colaborava no ministério de seu esposo, nas atividades dos grupos pequenos, com reuniões semanais de discipulado. Foi uma esposa dedicada, uma mãe carinhosa e exemplar. Partiu de forma muito rápida. A sua enfermidade arrebatou a nossa querida Sandra, vindo a falecer no dia 29 de maio, após dois meses de muito sofrimento. Deixou saudade no coração de seu esposo, de sua filha, seus familiares e amigos. O versículo que o casal escolheu como lema de seu casamento é: “Fui moço, e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão”. Sl.37:25 Até a ressurreição minha querida esposa! Rev. Romoaldo Rebello Siggelkow Brasil Presbiteriano Julho de 2013 19 Consultório Bíblico “Meu irmão, universitário, me disse que a Bíblia é machista. Como provar que não é?” Odayr Olivetti S e seu irmão é inteligente, mas espiritualmente cego, duvido que a melhor argumentação o convença. A Bíblia, sob a inspiração do Espírito Santo, revela que Deus criou o homem, e criou a mulher como sua auxiliadora idônea, isto é, à altura dele (Gn 2.20-22). A diferença é de funções. A chefia atribuída ao homem na Bíblia não é desonrosa – como não é desonrosa a submissão da igreja cristã a Cristo. E este exerce sua chefia com amor sacrificial. Esse amor sacrificial é exigido do marido cristão. Leia com atenção Efésios 5.25 e 28. Depois da entrada do pecado no mundo é que o machismo prevaleceu, se bem que nem sempre, nem em toda parte. Existiram sociedades matriarcais... E eu conheci mulheres machistas. Todo esse desequilíbrio foi causado pelo pecado. Na Bíblia, apesar da distinção de funções que dão a aparência de inferioridade da mulher, na realidade a mulher é tratada com consideração e respeito. E quando surgiram mulheres capazes, não foram impedidas de projetar-se na sociedade. Exemplos disso vemos em Débora, que governou Israel como juíza e autoridade máxima (Jz 4.4,5); Abigail, que foi superior a seu marido Nabal. Num impasse criado entre Davi e Nabal, a prudência e a habilidade de Abigail conquistaram a admiração de Davi e o demoveram de destruir sua família (1Sm 25); Ester, escrava judia, tornou-se rainha e arriscou sua vida para impedir a destruição de seu povo (Et 4 e 7); e Priscila, descrita como mulher cristã, firme na fé e na doutrina, foi capaz de, com seu marido, ensinar a um pregador melhor doutrina (At 18.26). Ademais, com seu marido, Priscila arriscou sua vida para proteger a do apóstolo Paulo (Rm 16.3,4). O feminismo exacerbado causa tanto mal como o machismo e contribui para que este seja mantido. Li um artigo de uma escritora americana declarando que é uma ilusão pensar que não existe mais machismo. Esse pode assumir outras formas, mas existe. Os grandes problemas morais, sociais e interpessoais seriam resolvidos se as pessoas e os casais levassem a sério a Palavra de Deus. Só para citar uma passagem, vejamos o que diz Efésios 5.15-24: “...vede prudentemente como andais, não como néscios e sim como sábios. Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo. Os machistas (homens ou mulheres) não representam o vero e real cristianismo. O marido machista, tirânico, perde o direito de exercer a chefia do lar. Na igreja cristã fiel não há machistas – não há tiranos. Nem entre os pastores e demais oficiais, nem entre os demais membros da igreja. Não se faz acepção, muito menos ação desmoralizadora, entre homem e mulher. Concluo transcrevendo Gálatas 3.28: “...todos quantos fostes batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto, nem homem nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. O reverendo Odayr Olivetti é pastor presbiteriano, ex-professor de Teologia Sistemática do Seminário Presbiteriano de Campinas, escritor e tradutor. - [email protected] Brasil Presbiteriano 20 Boa Leitura A carta aos Hebreus bem explicadinha – Stuart Olyott no final desse livro mostramlhe recursos bíblicos específicos para que possa fazê-lo. O livro contém 184 páginas e custa R$19,20. Julho de 2013 Entretenimento e reflexão Filmes para curtir e pensar Apóstolo Pedro e a última ceia EBF – A fórmula secreta Todo cristão precisa compreender a carta aos Hebreus sob pena de não conseguir entender o Antigo Testamento, bem como Jesus Cristo e a sua obra em favor do crente, a que ele já consumou e a que realiza ainda agora. Ao longo dos anos, uma pilha de livros foi escrita sobre Hebreus, mas poucos tendo em vista o crente comum. Esse livro não pretende ser a “palavra final”, mas, talvez, para alguns, seja uma útil “palavra inicial”. O livro contém 144 páginas e custa R$23,20. Armstrong, John Gerstner, John MacArthur e RC Sproul. O livro contém 144 páginas e custa R$16,00. Abaixo a ansiedade – John MacArthur Quando orientarmos nossa opinião sobre a ansiedade a partir do que Deus diz na Bíblia, seremos pessoas diferentes. Estaremos prontos para aplicar a sua preciosa Palavra em nossos corações. Justificação pela fé somente – Organizado por Don Kistler A fé bíblica só pode existir na presença da verdade bíblica. Não temos apenas de acolher essas verdades, mas também fazer oposição a qualquer erro que diminua a glória da doutrina da salvação conforme revelada na Bíblia. Fazer uma coisa sem a outra é não fazer nenhuma das duas. Autores: Joel Beeke, John Não somente saberemos que não devemos ficar ansiosos como teremos confiança e êxito em comprovar isso. Vamos atacar a ansiedade. Cada capítulo e um apêndice Josué é um menino curioso, cheio de imaginação e que deseja ser um grande cientista. Junto com o seu tio Marcelo, ele participa de várias experiências e acaba aprendendo a fórmula que até então era secreta para ele: Jesus! Nesse material você encontra um programa completo para Escola Bíblica de Férias: Manual do líder com as funções das diferentes equipes, como divulgação, secretaria, decoração, teatro, lanche, som, etc. Roteiros para as quatro oficinas: história bíblica, atividades, criatividade e brincadeiras, kit visual com cartazes e CD com música tema, power point das histórias, arquivos para cada equipe (certificado, crachá, ficha de inscrição, cartaz, etc) e modelos para as oficinas de criatividade e atividades. Todo esse material custa apenas R$19,20! Sobre esses e outros títulos acesse www.editoraculturacrista.com.br ou www.facebook.com/editoraculturacrista ou ligue 0800-0141963 O ano é 67 d.C. Os romanos continuam a perseguir os adeptos do cristianismo, acusados de conspiração contra o Império. Nesse momento, dois carcereiros da prisão Mamertina prendem o apóstolo Simão Pedro da Galileia (Robert Loggia), já ancião. Em um emocionante relato, o discípulo e amigo de Jesus relembra a sua forte amizade com o Salvador, os seus atos de bondade e os momentos de ensino. O apóstolo conta em detalhes um dos fatos mais importantes da história da humanidade, a Última Ceia, na qual Jesus repartiu o pão, compartilhou o vinho, lavou os pés dos presentes e anunciou a traição de um dos apóstolos. Um Pouco de Fé Depois de receber do rabino Albert Lewis o pedido para fazer seu discurso fúnebre, Mitch passa a visitá-lo nos fins de semana. Ao mesmo tempo que mergulha de volta no mundo de fé que havia deixado para trás, conhece Henry Covington, um ex-traficante e exdependente químico que se tornou pastor e agora tenta manter em Detroit uma igreja em ruínas e um projeto de assistência a moradores de rua. Um Pouco de Fé é a trajetória de um homem em busca da crença superior que nos une, uma história sobre o sentido da vida, sobre a perda da fé e sobre ser resgatado por ela. Vida de Oração Com a ajuda de sua esposa religiosa, de seu cunhado especializado em computadores e de um executivo lutando com sua consciência, um advogado está tentando provar a inocência de sua cliente em uma acusação de fraude. Conforme vai descobrindo mais e mais detalhes sobre a trama, o advogado percebe que a mulher foi envolvida em uma teia de assassinato e chantagem, tudo conectado ao mercado asiático. E no meio do processo, ele ainda vai redescobrir a sua fé -- que será fundamental para limpar o nome de uma pessoa totalmente inocente.