UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO INSTITUTO QUALITTAS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS USO DE CRIOCIRURGIA EM DISTIQUÍASE BILATERAL EM CÃO - RELATO DE CASO Moara Gomes Lopes Goiânia, mar. 2012 MOARA GOMES LOPES Aluna do Curso de Especialização Médica e Cirúrgica de Pequenos animais do Instituto Qualittas USO DE CRIOCIRURGIA EM DISTIQUÍASE BILATERAL EM CÃO. - RELATO DE CASO Trabalho monográfico de conclusão do curso de Especialização latu sensu em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais (TCC), apresentado à UCB e ao Instituto Qualittas como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, sob orientação do Prof.Dr. Marcelo Seixo Brito e Silva. Goiânia, mar. 2012. ii USO DE CRIOCIRURGIA EM DISTIQUÍASE BILATEERAL EM CÃO. - RELATO DE CASO Elaborado por Moara Gomes Lopes Aluna do curso de Pós Graduação em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais do Instituto Qualittas Foi analisado e aprovado com grau................................................... Goiânia, _____ de _______ de ____. _________________________ Membro _________________________ Membro ______________________________ Professor Orientador Presidente Goiânia, mar. 2012 iii Dedico este trabalho a Minha família, amigos, ao meu esposo e a todos os nossos queridos animais pelos quais devemos sempre fazer o melhor de nós. iv Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de estudar e me dedicar a fazer o que realmente amo. Agradeço a minha mãe pela dedicação suprema aos meus estudos. Meu marido pelo apoio e compreensão. Agradeço a todos os professores pelo brilhantismo com o qual são capazes de gerar em nós real interesse pelo conteúdo e principalmente ao professor Marcelo Seixo Brito, pelas inúmeras vezes em que sempre prestou seu apoio e orientação. v LOPES, Moara Gomes USO DE CRIOCIRURGIA EM DISTIQUÍASE BILATERAL EM CÃO Relato de caso Resumo: Distiquíase são pêlos isolados ou múltiplos crescendo da margem palpebral livre, da abertura do ducto das glândulas tarsais ou, raramente, adjacentes a elas, ao longo do limbo palpebral. Sua presença pode causar desde uma leve irritação até lesões recorrentes das córneas. O objeto deste relato de caso é demonstrar a eficácia do método de criocirurgia em animais com distiquíase bilateral, bem como apresentar seus pontos negativos e positivos. O uso de criocirurgia torna-se indicado desde que respeitados os limites de congelamento/ descongelamento bem como a correta quantidade e tempo dos ciclos, sendo um dos métodos mais efetivos para promover morte tecidual em áreas sensíveis como regiões oculares. CRYOSURGERY IN USE OF DOG IN BILATERAL DISTICHIASIS – Case report. Abstract: Distichiasis are single or multiple hairs growing from the free eyelid margin, the opening of the dct of the tarsal glands or, rarely, adjacent to, over palpebral limbo. Their presence can cause from mild irritation to the cornea recurrent lesions. The object of this report is to demonstrate the effectiveness of the method of cryosurgery in animals with bilateral distichiasis, and present their negative and positive points. The use of cryosurgery it is stated that since compliance with the limits of freezing/ thawing and the correct amount and timing of cycles, one of the most effective methods to promote tissue death in sensitive areas such as eye regions. vi “Não importa onde você parou… Em que momento da vida você cansou... O que importa é que sempre é possível e necessário “Recomeçar”. Recomeçar é dar uma chance a si mesmo... É renovar as esperanças na vida e o mais importante... Acreditar em você de novo.” Carlos Drummond de Andrade. vii SUMÁRIO Página Resumo.................................................................................................. vi Lista de Figuras...................................................................................... ix Parte 1. Introdução................................................................................... 1.1 Apresentação do problema................................................... 1.2 Relevância do estudo............................................................ 1.3 Objetivos do estudo.............................................................. 1 1 4 5 2. Relato de caso........................................................................... 2.1 Exame clínico...................................................................... 2.2 Materiais e Métodos............................................................ 2.3 Procedimento cirúrgico....................................................... 5 6 6 8 3. Discussão.................................................................................. 13 4. Referências bibliográficas......................................................... 16 viii LISTA DE FIGURAS 1. Representação esquemática de distiquíase................................. 2 2. Olho direito, evidenciando a presença de fileira anormal de cílios emergindo da margem palpebral superior..................................... 7 3. Olho esquerdo, evidenciando a presença de fileira anormal de cílios emergindo da margem palpebral superior..................................... 7 4. Primeira sessão de criocirurgia na margem palpebral inferior..... 9 5. Olho direito, sessenta dias após o primeiro procedimento, demonstrando a presença apenas de dois cílios anormais além da despigmentação da pele palpebral....................................................................................... 10 6. Segunda sessão de criocirurgia na margem palpebral inferior.... 11 7. Olho direito, três dias após o segundo procedimento, deixando claro o aspecto inflamatório/ necrótico que a pálpebra assume.......................................................................................... 11 8. Olho direito, cinco dias após o segundo procedimento................ 12 9. Olho direito do animal, trinta dias após a segunda sessão de criocirurgia, evidenciando a ausência de cílios anormais remanescentes............................................................................ 12 10. Olho esquerdo do animal, sessenta dias após a segunda sessão de criocirurgia. Demonstrando a ausência de cílios anormais remanescentes e evidenciando o efeito colateral previsto de despigmentação da mucosa palpebral...................................................................................... 13 ix 1. Introdução 1.1 Apresentação do problema Os cílios são estruturas que promovem a defesa ocular, e que estão diretamente associados na promoção da integridade visual. Anormalidades de cílios são umas das desordens mais comuns em cães, sendo divididas em Cílios ectópicos, Triquíase, Distiquíase. Esses três tipos de anomalias produzem sinais clínicos decorrentes de irritação corneoconjuntival. E é através do exame oftálmico que podemos observar sinais clínicos como epífora, blefaroespasmo, secreção, edema, vascularização, pigmentação e úlcera de córnea. A distiquíase em questão é um vocábulo originado do grego, cuja raiz é disticho (duplo). Designa uma condição congênita ou adquirida, caracterizada pelo aparecimento de neocílios posteriores a linha cinzenta, ou seja, na lamela posterior (Antonio, A.V.CRUZ. et al.,1997). 1 Figura 1- Representação esquemática de distiquíase. (LUCAS,R.2009) Ambas as pálpebras podem estar afetadas e a condição normalmente se apresenta de forma bilateral. Normalmente acomete animais jovens variando entre os 4 e 18 meses de idade e entre as raças mais comumente acometidas podemos citar o Pequinês, Poodle Toy, Cocker Spaniel inglês e americano, Bulldog e Shih Tzu (SLATTER, Douglas.2002). Para identificar essas afecções ciliares é recomendado um criterioso exame oftálmico. Doenças perioculares, posição, movimentos e conformação ocular devem ser avaliados. Os cílios são melhores observados com uso de magnificação como a lupa de pala, sendo que o diagnóstico é clínico e basea-se nos achados de anamnese e exame físico (CUNHA, Olicies.2008). 2 Cães com distiquíase, normalmente apresentam ulcerações recorrentes de córnea, devido a presença dos pêlos atritando constantemente com a superfície corneana.Segundo HERRERA, D.H. 2008, os sinais clínicos observados caracterizam o início agudo de dor ocular evidenciada por lacrimejamento , fotofobia e blefaroespasmo. Ao exame oftálmico, as úlceras recorrentes são caracterizadas por envolvimento superficial com o estroma, apresentando um epitélio não aderido levantado ao redor das bordas da úlcera. O tratamento está intimamente ligado ao grau de dano nas estruturas oculares, e a correção pode ser feita através de procedimentos clínicos e/ou cirúrgicos. Para distiquíase, que pode causar danos irreversíveis às estruturas oculares, recomenda-se realizar procedimentos como epilação mecânica, microcrioepilação ou ressecção parcial da placa tarsal, o procedimento escolhido dependerá da severidade do caso (CUNHA, Olicies.2008). Devido à rica vascularização, a pálpebra cicatriza rapidamente após traumas espontâneos ou cirúrgicos. O tecido palpebral tolera bem queimaduras térmicas por isso a criocirurgia, pode ser empregada com sucesso para o tratamento de anormalidades dos cílios e tumores das pálpebras (MOORE & CONSTANTINESCU, 1997). Segundo GELAT, K.N. 2003, o uso de criocirurgia no intuito de eliminar os cílios anormais é indicado pelo fato da técnica ser o modo mais efetivo de provocar morte celular, após as sessões contínuas de congelamento rápido e descongelamento lento. 3 O processo de morte celular ocorre por necrose tecidual, desta forma torna-se importante calcular a profundidade da necrose desejada antes do procedimento, que é dada pela fórmula: Profundidade da necrose = diâmetro do congelamento x 0,35 Estes limites de necrose tecidual devem ficar muito bem estabelecidos antes da realização de qualquer procedimento, já que segundo FERREIRA.F. M. et al.2007, as pálpebras são formadas por quatro camadas principais. Sendo mais externamente a pele, seguida de músculos estriados e lisos, pela placa tarsal, estrutura de tecido conjuntivo denso, que molda a pálpebra superior, contendo glândulas tarsais (ou Meibomianas), e pela conjuntiva palpebral mais internamente. Desta forma, no momento da criocirurgia deve-se tomar o devido cuidado para não promover necrose tecidual ao ponto de atingir as glândulas tarsais que são responsáveis pela secreção do filme lipídico da lágrima. Além disso, associados aos cílios existem outros dois tipos de glândulas: as glândulas de Zeis e de Moll. As primeiras secretam uma secreção sebácea modificada, as últimas são glândulas sudoríparas modificadas. Já as conjuntivas que revestem as pálpebras e o bulbo ocular, são denominadas de conjuntiva palpebral e bulbar respectivamente, sendo essas conjuntivas ricas em células caliciformes, que secretam importante porção do filme lacrimal que é a fase mucosa, responsável pela adesão da lágrima à córnea. 1.2 Relevância do estudo 4 A relevância do estudo da modalidade de tratamento de epilação ciliar por criocirurgia nas distiquíases se dá pelo fato de tratar-se de um método pouco invasivo e, ao mesmo tempo, muito eficaz para o tipo de tecido frágil que vamos tratar nesses casos. O método mais efetivo de se promover morte celular é através do congelamento rápido e descongelamento lento. Isso se dá pelo fato da desnaturação de proteínas celulares causada pelo choque térmico durante o congelamento e a reorganização de micro em macrocristais e conseqüente ruptura das membranas celulares durante o descongelamento (CARNEIRO,F.L.2004). Sendo importante ressaltar também o fato de que as técnicas de criodepilação ou eletrodepilação não podem ser utilizadas de forma pontual e sem acompanhamento a longo prazo, tendo em vista a existência das diferentes fases de crescimento folicular e do pêlo, nas quais pode ser necessária a realização de nova cirurgia para remoção de pêlos remanescentes. 1.3 Objetivos do estudo O objetivo do seguinte relato é descrever o protocolo utilizado para o tratamento de distiquíase bilateral em um cão da raça Shih tzu, por ser uma anomalia comum em cães dessa raça, e um dos fatores predisponentes é a conformação anatômica do olho. 2. Relato de caso 5 2.1 Exame Clínico Cão, macho (“Lipe”), da raça Shih Tzu, seis meses de idade, com bom escore corporal e sem nenhuma alteração de clínica sistêmica, foi atendido no consultório veterinário Auquemia, na cidade de Goiânia apresentando blefaroespasmo e fotofobia. O proprietário relata histórico de úlcera de córnea há trinta dias, sendo tratado nesta ocasião por outro veterinário com colírio a base de diclofenaco de sódio (Still ®). O proprietário relata ainda que o animal está sempre coçando os olhos com as patas ou esfregando a cabeça em objetos (sofá, parede, cama) e nessas ocasiões, sempre que possível ele procura impedi-lo e lava os olhos do animal com água boricada. 2.2 Materiais e Métodos Inicialmente foi realizado exame físico e oftalmológico do animal com auxílio de lupa de pala e fonte luminosa, onde foi observada presença bilateral de uveíte com formação de Panus (neovascularização), edema e opacidade de córnea. Após aumento da lente da Lupa de pala, pode ser notada a presença bilateral de fileira completa de cílios nas bordas palpebrais inferiores e superiores em direção a superfície corneana. Como exames complementares foram realizados teste de Shirmer, onde não foi detectado déficit de produção lacrimal (23 mm/min olho esquerdo; 25 mm/min olho direito) e teste com tira de fluoresceína. Sendo que nesse segundo, foi observada ulceração bilateral profunda de córneas. 6 Figura 2 - Olho direito do animal, evidenciando a presença de fileira anormal de cílios emergindo da margem palpebral superior. Figura 3 - Olho esquerdo do animal, evidenciando a presença de fileira anormal de cílios emergindo da margem palpebral superior e inferior. Inicialmente foi feita apenas epilação mecânica dos cílios anormais, precedida do uso de colírio anestésico 1%, 7 e tratamento das ulcerações com o uso do colírio antibiótico (Zymar 0,3% ®) a cada duas horas, durante dez dias. Midriático ciclopegico (Atropina 1%) a cada oito horas, durante três dias e uma composição de lacrimimético (Lacrima Plus ®) e cicatrizante a base de acetilcisteína (Fluimucil ®) a cada duas horas, durante dez dias. 2.3 Procedimento cirúrgico Após a cicatrização parcial das ulcerações, o animal foi encaminhado para a primeira sessão de criocirurgia, submetido à anestesia geral com quetamina e diazepam. A sessão de criocirurgia foi realizada com aparelho da marca Cry-ac 3- Brimil Co com ponteira fina de spray aberto de nitrogênio. Tomandose o devido cuidado da utilização de protetor de córnea para evitar lesões pelo nitrogênio na mesma. Foram realizados três ciclos completos de congelamento rápido/ descongelamento lento em cada pálpebra visando à desnaturação das proteínas e ruptura das membranas celulares, promovendo a morte celular e conseqüente morte do folículo piloso. 8 Figura 4 – Primeira sessão de criocirurgia na margem palpebral inferior. O protocolo pós-operatório seguiu com o uso dos mesmos colírios, além do uso de antiinflamatório e analgésico sistêmico a base de meloxicam (0,1 mg/kg), durante sete dias, visando minimizar a intensa reação inflamatória local, causada pela necrose tecidual e minimizar a dor. Outra recomendação expressa foi o uso em período integral de colar elisabetano para evitar que o animal causasse lesão maior devido ao prurido intenso. O Animal retornou ao consultório sete dias após a realização do procedimento, apresentado necrose parcial das bordas palpebrais, vermelhidão e edema, conforme esperado. Sessenta dias após a primeira sessão de criocirurgia, o animal retornou ao consultório apresentando blefaroespasmo. Foi realizado novo 9 exame oftálmico sendo detectado que não existia formação de novas úlceras, porém haviam surgido cílios remanescentes de menor espessura e em pequena quantidade, não formando uma fileira completa de cílios anormais como da primeira vez. Figura 5 - Olho direito, sessenta dias após o primeiro procedimento, demonstrando a presença apenas de dois cílios anormais além da despigmentação da pele palpebral. Diante do quadro, o animal foi submetido a uma nova sessão de criocirurgia, sendo realizados mais três ciclos completos de congelamento rápido/ descongelamento lento em cada pálpebra e estabelecido o mesmo protocolo medicamentoso utilizado no primeiro pós-operatório. 10 Figura 6 – Segunda sessão de criocirurgia na margem palpebral inferior. Setenta e duas horas após o segundo procedimento o proprietário retornou com o paciente para a primeira revisão. Desta vez o animal apresentava maior perímetro de necrose local, conforme esperado, a região estava bastante edemaciada e havia inclusive presença de secreção purulenta. Por esse motivo, foi incluído no protocolo medicamentoso o uso de cefalexina na dose de 30 mg/kg, a cada 12 horas, durante sete dias. Figura 7 - Olho direito, três dias após o segundo procedimento, 11 deixando claro o aspecto inflamatório/ necrótico que a pálpebra assume. Após dois dias, o animal retornou para a segunda revisão, sendo que nessa ocasião, as pálpebras já se apresentavam com coloração menos avermelhada e com aspecto melhor. Figura 8 - Olho direito, cinco dias após o segundo procedimento. Trinta dias após a segunda sessão de criocirurgia, o animal já apresentava aspecto palpebral normal, a inflamação já havia regredido por completo e não havia nenhum cílio remanescente. Figura 9 - Olho direito do animal, trinta dias após a segunda sessão de criocirurgia, evidenciando a ausência de cílios anormais remanescentes. 12 Figura 10 - Olho esquerdo do animal, sessenta dias após a segunda sessão de criocirurgia. Demonstrando a ausência de cílios anormais remanescentes e evidenciando o efeito colateral previsto de despigmentação da mucosa palpebral. Foram realizadas três revisões mensais, após o segundo procedimento e em todas as revisões, após realização de exame oftálmico, ficou constatado que não houve crescimento de cílios anormais nem recidivas de úlcera de córnea. 3. Discussão A técnica utilizada neste caso para correção da distiquíase, apresenta vantagens e desvantagens, conforme LUCAS, R. 2009. Dentre os pontos negativos observamos a possibilidade de recidivas, como realmente ocorreu após a primeira sessão. Outro ponto negativo do método é o aspecto necrótico e desagradável que o tecido adquire com o passar dos dias até sua completa reepitelização e cicatrização. Desta 13 forma, deve ficar claro para o proprietário do anima,l antes da realização do procedimento, que isso é um efeito previsto e na verdade desejável, já que promovemos essa morte tecidual pelo frio visando também a destruição do folículo piloso de onde emerge o cílio anormal. Outro ponto relevante a ser esclarecido com o proprietário é a ocorrência da despigmentação definitiva da margem palpebral que ocorre na maioria dos casos. Isso ocorre devido à destruição dos melanócitos quando submetidos à temperatura necessária para ablação dos cílios, já que estudos comprovam que para ser eficaz essa deve ser abaixo de – 15ºC. (Kormann et al., 2007). Segundo ANTONIO, A.V.CRUZ. et al.,1997, os índices de sucesso após a primeira sessão chegam a 56% e 90% após duas sessões, estando de acordo com o que vimos no caso descrito. Sendo que o índice de complicações pode chegar a 26%, quando a destruição dos cílios não ocorre de forma localizada, podendo produzir o “notching”, necrose palpebral, úlcera corneana, aceleração na formação de simbléfaro, reação tecidual extremamente severa, despigmentação da pele, xerose, celulite, reativação de Herpes e até perda visual permanente. Dentre os pontos positivos da técnica temos o fato de ser um método pouco invasivo, rápido e seguro para ser usado inclusive em tecidos mais sensíveis como nas microcirurgias. Além do fato de que o pós operatório não inclui troca de curativos, retirada de sutura e etc, consiste apenas na higiene local com solução fisiológica e uso de colar Elisabetano. É importante ressaltar que mesmo com tal procedimento ou outras técnicas citadas na literatura como a remoção cirúrgica dos cílios da 14 borda palpebral e eletrodepilação, não é garantida a solução total do problema, já que podem ocorrer recidivas, portanto qualquer uma das técnicas eleitas exigem acompanhamento e revisões periódicas. Para o caso relatado, a técnica foi de extrema eficácia tendo em vista que após a segunda sessão o animal permaneceu sem recidivas e não ocorreram mais úlceras crônicas. 15 4. Referências CARNEIRO FILHO,L. Oftalmologia veterinária: Clínica e cirurgia. 1 ed. São Paulo: Roca, 2004. p 118-119. CRUZ A. AV; CHAHUDF e GUIMARÃES F.C. Patologia dos anexos oculares. Medicina. Ribeirão Preto, 30: 36-51, jan./ mar. 1997. CUNHA, Olicies. Manual de oftalmologia Veterinária. Palotina, 2208. p. 26- 28. FERREIRA. F.M; TRUPPEL.J .H; WOUK. A. F. Oftalmologia veterináriaAnatomia básica. Paraná: UFPR, 2007. Cap. 1, p. 12-14. GELAT, K N. Manual de oftalmologia veterinária. Barueri. São Paulo. 3. ed. Manole, 2003. p 125- 142; 154 – 161. HERRERA, D. H. Oftalmologia clínica em animais de companhia – 1 ed. – São Paulo: MedVet, 2008. p. 102 – 104; 111- 114; 116; 126 – 134. KORMANN, R.B; MOREIRA, H. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, vol.70. nº2, 2007, São Paulo. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artext&pid=s0004>. Acesso em:18 fev. 2012. LUCAS,R. CRIOCIRURGIA x Criocirurgia. 2009. Disponível em http://www.dermatoclinica.com.br Acesso em: 22 fev. 2012. MOORE, CECIL P.; CONSTANTINESCU GHEORGHE M., Surgery of the Adnexa. Surgical Management of ocular disease. 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