Formação de professores na Universidade do Planalto Catarinense – UNIPLAC:
1970 a 1979
Daniele de Moura Pitz – UNIPLAC – Lages/SC
Resumo:
A luta pela melhoria da qualidade do ensino superior como uma contribuição no
desenvolvimento do Brasil, enfocando a formação dos professores se faz presente
nos dias atuais. Porém nem sempre é divulgada com o devido enfoque que
caracterize sua origem. Diante desta realidade, pretende-se através desta pesquisa
desenvolver uma reflexão a respeito da história/trajetória do curso de Pedagogia da
Universidade do Planalto Catarinense na formação de pedagogos para uma
abordagem a respeito das deficiências do ensino superior brasileiro. A metodologia
de trabalho adotada é a documental, a qual está permitindo constatar que é preciso
repensar a prática pedagógica do ensino superior brasileiro, com vistas a superar as
limitações das abordagens tradicionais para que a formação de pedagogos recupere
sua função social de contribuir com a melhoria da qualidade do sistema educacional
brasileiro.
Palavras-chave: História, Formação de Pedagogos, Uniplac.
Formação de professores na Universidade do Planalto Catarinense – UNIPLAC:
1970 a 1979
Daniele de Moura Pitz – UNIPLAC – Lages/SC
Partindo da leitura de Monlevade & Silva (2000) quando mostram que a
educação não é algo isolado, e sim parte de uma sociedade, e, portanto, deve
variar conforme as necessidades da sociedade civil a qual está inserida,
percebe-se neste sentido, que em decorrência das transformações por que vem
passando a sociedade atual, do mundo globalizado em que se vive, a educação
superior está passando por um momento de crise.
Pode-se dizer que essa crise é decorrente do fato de que a universidade foi
pensada para um modelo de educação tecnicista que já não existe mais. E com a
sociedade em mutação, este modelo de universidade perde a razão de ser, pelo fato
que já não satisfaz mais as necessidades da sociedade democrática em que está
inserida.
Segundo Luzuriaga (1987, p. 9):
…o estudo da história da educação constitui excelente meio de
melhorar a educação atual, porque nos informa das dificuldades que
as reformas da educação têm encontrado, dos perigos das idéias
utópicas, irrealizáveis, e das resistências anacrônicas, reacionárias,
que a educação tem experimentado.
Compartilhando deste ponto de vista, diante da percepção da necessidade
de uma reestruturação da universidade e da formação de professores, é que se tem
nesta pesquisa como objeto de estudo o Curso de Pedagogia da Universidade do
Planalto Catarinense.
Para resgatar sua história no contexto nacional e regional, é que este estudo
está organizado através da pesquisa documental histórica que tem como foco
reconstruir a trajetória deste curso na formação de pedagogos, com vistas a oferecer
uma análise que provoque professores e alunos do ensino superior a refletirem
sobre a educação atual, neste nível de ensino.
Pretende-se também realizar uma pesquisa de campo, através de entrevistas
com alguns alunos egressos do curso de pedagogia, assim como alguns dos
coordenadores de cada década, com vistas a identificar não só o perfil dos sujeitos
envolvidos no curso de pedagogia da Uniplac, mas também abordar as deficiências
e contribuições para o sucesso da prática educativa diária dos docentes observadas
no curso. A partir de uma análise crítica das informações coletadas espera-se
contribuir com a melhoria da qualidade da formação de pedagogos da Região
Serrana Catarinense.
Sabemos que é necessário rever os conceitos de educação dos tempos
atuais. Necessita-se rever esta formação de professores que tanto se fala, e se
vivenciar uma verdadeira transformação de docentes que vá para além dos
interesses do mercado capitalista. Somente assim vislumbrar-se-á uma “luz no fim
do túnel”, descobrindo o que realmente está acontecendo e as causas verdadeiras
desse caos educacional implantado há centenas de anos na história da educação
brasileira. Pretende-se com esta pesquisa, resgatar detalhes importantes da história
e memória do ensino superior, com vistas a identificar as causas desta suposta “deformação” de professores, por isso, se opta por ter como objeto de estudo o Curso
de Pedagogia da Uniplac, a qual é uma universidade em processo de transformação
educacional e política.
Através das pesquisas documentais realizadas até este momento, pode-se
dizer que, desde a fundação de Lages, em 1766, muitas conquistas aconteceram no
Planalto Catarinense, mas estas conquistas também geraram perdas, principalmente
no contexto ambiental. Martendal (1980, p. 46) evidencia essa contradição quando
relata:
A década de 70 iniciou-se de forma dramática. Acabou-se o pinheiro
e, conseqüentemente, muitas serrarias e madeireiras fecharam ou
reduziram suas atividades. O sistema de manutenção mecânica
voltado para essas atividades também começou a entrar em colapso.
(...) O II Batalhão Rodoviário, com o término das rodovias, foi
transferido para Santarém (PA).
Foi neste mesmo momento, de declínio do ciclo madeireiro, onde de um lado
visualizava-se tanto crescimento e desenvolvimento econômico e de outro se via o
crescente aumento do desemprego evidenciava-se a necessidade de buscar
aprimoramento científico e cultural para a sociedade do Planalto de Santa Catarina.
Tem-se então,
[...] a implantação do ensino superior em Lages, com a criação, em
1959, da Associação Catarinense de Cultura, primeira mantenedora
da faculdade. A criação do ensino superior na região foi feita com o
mesmo discurso de progresso e de modernidade. (PEIXER, 2002, p.
146)
É através deste novo ciclo, onde surgiu a universidade na região, que Lages
começou a acompanhar o crescimento do país, em termos educacionais. Foi neste
momento, primeiramente com os cursos da FACEC e um pouco depois também com
os cursos da FACIP, que se começou uma longa jornada no ensino superior da
Região Serrana, pode-se dizer que, correndo atrás do tempo. Pois, a economia da
região havia se desenvolvido abundantemente, e a sociedade, para manter-se parte
essencial deste desenvolvimento, precisava acompanhar tal crescimento.
Ao descrever aspectos relevantes da história da educação no Brasil, Libâneo
(2007, p. 11), destaca que:
[...] pela história da educação, é que em 1939 o curso de pedagogia
foi criado para formar técnicos de educação e licenciados em
Pedagogia em nível superior, enquanto os professores para o antigo
Ensino Primário eram formados em Curso Normal. É nos anos 1960
que surge a aspiração de certos setores do campo da educação de
defender a formação dos professores das séries iniciais do Ensino
Fundamental o curso de Pedagogia em nível superior.
Identificando o surgimento do ensino superior no contexto lageano,
encontrou-se registros de que
Em meados de 1969, uma pesquisa de opinião coordenada pelo
professor Genuino Bordignon e direcionada ao público militante na
área educacional apontou como principal dificuldade para a formação
em nível superior a impossibilidade de se dirigir a outros centros e,
conseqüentemente, para a necessidade de implantação de cursos
superiores de Educação e afins em Lages. (UNIPLAC, 1999, p.50)
Atendendo então as necessidades da região, no início de 1970, o prefeito
Áureo Vidal Ramos nomeou uma Comissão de Trabalho com a finalidade de
implantação de uma nova faculdade na região.
O grupo de trabalho nomeado, tomou suas providências objetivando a criação
de mais uma unidade de Ensino Superior da Fundação Universidade do Planalto
Catarinense. A qual foi oficialmente autorizada a funcionar pelo Decreto Federal
66.849 de 6 de julho de 1970, onde rezava: “Art. 1º Fica autorizado o funcionamento
da Faculdade de Ciências e Pedagogia, unidade da Fundação Universitária do
Planalto Catarinense – UNIPLAC, do município de Lages [...]” (UNIPLAC, 1999a).
A Faculdade de Ciências e Pedagogia – FACIP - iniciou então, em 1º de
agosto o desenvolvimento de suas atividades regularmente nos quatro cursos:
Ciências Sociais, Pedagogia, Letras e Matemática.
Organizada com o propósito de preparar magistério qualificado para atender
as necessidades regionais e do Estado, a Faculdade de Ciências e Pedagogia
ofereceu para cada um de seus cursos, 50 vagas iniciais, seu corpo docente contava
com 34 professores e seu corpo discente era formado por 168 acadêmicos.
A implantação da universidade na cidade de Lages surgia na região como
uma nova esperança de melhoria da qualidade de vida numa época em que
conforme relata Kowarick (apud OLIVEIRA, 1984, p. 61) devido a falta de
qualificação profissional da mão-de-obra lageana, a partir da década de 70, Lages
passa a vivenciar um período de
aumento da taxa de exploração da força de trabalho, pois o seu
resultado (...) reflete-se numa baixa aparente do custo de reprodução
da força (...) e para deprimir os salários reais pagos pelas empresas.
Assim, uma operação que é, na aparência, uma sobrevivência de
práticas de economia natural dentro das cidades casa-se
admiravelmente bem com um processo de expansão capitalista, que
tem uma de suas bases e seu dinamismo na intensa exploração da
força de trabalho.
É neste contexto, que a criação da Uniplac e do curso de Pedagogia na serra
catarinense assume o importante papel de atuar como agente de promoção social
intrínseco na educação, sua sobrevivência dependia disso, de poder influir nas
transformações das estruturas vigentes para libertação da criatividade e das
potencialidades do ser humano para que pudessem estar aptos para expansão,
tanto do mercado interno quanto da elevação do poder aquisitivo das massas. A
qualificação dos trabalhadores a nível superior contribuiu para a socialização e
equilíbrio dos recursos, promovendo a ampliação das oportunidades de trabalho.
Ao mesmo tempo, com vistas a evitar que os erros do passado, como no
caso da exploração inconseqüente da madeira, voltassem a ser cometidos no futuro,
através da formação acadêmica oferecida pela Uniplac, havia a preocupação de
despertar na comunidade uma consciência de orientação para o controle social e
humanitário dos desenvolvimentos da ciência e da tecnologia, isto porque o contexto
histórico em que a Uniplac surgia exigia que o ensino fosse fundamentado com
reflexões a respeito dos impactos ambientais e sociais. Tudo isso evidencia a
Uniplac no contexto da serra catarinense como um instrumento de exercício de
democracia que não só transformava os conteúdos tradicionais mas, sobretudo, que
procurava construir na escola um ambiente cultural e tecnológico mais a tom com a
cara das reais necessidades de sua clientela, favorecendo em todos os segmentos
relativos a Uniplac capacidades para analisar o desenvolvimento social e para
possibilitar realmente, em meio às dificuldades vivenciadas pelo município no
decorrer da década de 70, a efetivação dos direitos humanos e o respeito pela vida.
Decorrente de tão importantes conquistas no setor da educação, Lages
começou então neste período, a acompanhar o ritmo do país, visto que conforme
relata Libâneo (2007, p. 12) no final de 1970 e início da década de 1980, período
que marca no contexto nacional “o início da campanha pela transformação do curso
de Pedagogia num curso de formação de professores”, já estava implantando em
Lages a FACIP, que tinha como proposta, entre outros, o curso de Pedagogia.
Sabe-se que a construção de novos processos formativos, situa-se no campo
das contradições e das lutas por uma sociedade justa e igualitária, de progresso e
de emancipação. É possível ainda, construir este novo mundo, comprometido com
um ensino de qualidade. Isto é o que move a educação.
REFERENCIAS
LIBÂNEO, J. C. A pedagogia em questão: entrevista com José Carlos Libâneo. In:
Olhar de Professor. v.10, n.1. Ponta Grossa: Universidade estadual de Ponta
Grossa, 2007.
LUZURIAGA, L.; História da Educação e da Pedagogia. Companhia Nacional, 1987.
MARTENDAL, José Ari C. Processos produtivos e trabalho - educação. Rio de
Janeiro, FGV, 1980. (dissertação de mestrado).
MONLEVALE, J. A.; SILVA, M. A.; Quem Manda Na Educação Do Brasil?; Brasília,
Idea Editora, 2000.
PEIXER, Z. I.; A cidade e seus tempos: o processo de constituição do espaço
urbano em Lages. Lages: Editora Uniplac, 2002.
OLIVEIRA, Francisco. Economia da dependência imperfeita. Rio de Janeiro, 1984.
UNIPLAC. Revista de Divulgação Científica e Cultural. – v.2, n.2. (jul/dez 1999). –
Lages: UNIPLAC, 1999.
UNIPLAC; Processo de Reconhecimento: Relatório 1, Volume I. Lages, SC,
1999a.
Formação de professores Formação de professores na Universidade do
Planalto Catarinense – UNIPLAC: 1970 a 1979
AUTOR
INSTITUIÇÃO
Daniele de Moura
Pitz –EUNIPLAC
– Lages/SC
GT E PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO
Resumo:
APRESENTAÇÃO: A luta pela
Amelhoria
luta pelada
melhoria
da qualidade
qualidade
do ensino do ensino superior como uma contribuição
OBJETIVOS:
nosuperior
desenvolvimento
do
Brasil,
enfocando
a formação dos professores se faz
como uma contribuição
presente nos dias atuais. Porém nem- Reconstruir
sempre é divulgada
o devido
a história com
da pedagogia
no desenvolvimento do Brasil,
enfoque que caracterize sua origem. Diante desta realidade, pretende-se
enfocando
formação desenvolver
dos
e seuuma
desenvolvimento
Uniplac; da
através
destaa pesquisa
reflexão a narespeito
professores
se
faz
presente
nos
história/trajetória do curso de Pedagogia
do Planalto
-Refletirda Universidade
sobre
a
práxis
dos
dias atuais.na
Porém
nemde
sempre
Catarinense
formação
pedagogos para uma abordagem a respeito das
professores
desta de
universidade;
deficiências
do ensino
brasileiro.
A metodologia
trabalho adotada
é divulgada
com superior
o devido
é enfoque
a documental,
a
qual
está
permitindo
constatar
que
é
preciso
repensar a
que caracterize sua
Demonstrar
o
percurso
e
o perfil da
prática
do ensino
superior brasileiro, com vistas a superar
as
origem.pedagógica
Diante desta
realidade,
limitações das abordagens tradicionaispedagogia
para que da
a formação
de
pedagogos
Uniplac.
pretende-se
através
desta
recupere sua função social de contribuir com a melhoria da qualidade do
pesquisa
desenvolver
sistema
educacional
brasileiro.uma
METODOLOGIA: Esta pesquisa esta
reflexão
a
respeito
da
sendo realizada através de uma
história/trajetória do curso de
Palavras-chave:
História, Formação
Pedagogos, documental
Uniplac.
histórica,
Pedagogia da Universidade
do depesquisa
na
Universidade
do
Planalto
Catarinense
–
UNIPLAC:
1970
a
entrevistas com os egressos 1979
do curso
Planalto
Catarinense
na
de Pedagogia da UNIPLAC, e
formação de pedagogos para
também professores e funcionários de
uma abordagem a respeito das
cada época da Universidade do
deficiências do ensino superior
Planalto Catarinense.
brasileiro.
CONSIDERAÇÕES: Esta pesquisa está permitindo constatar que é preciso
repensar a prática pedagógica do ensino superior brasileiro, com vistas a
superar as limitações das abordagens tradicionais para que a formação de
pedagogos recupere sua função social de contribuir com a melhoria da
qualidade do sistema educacional brasileiro.
Palavras-chave: História, Formação de Pedagogos, Uniplac.
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