Planejamento Estratégico em uma Universidade Pública Brasileira Autoria: João Carlos da Cunha, Zaki Akel Sobrinho RESUMO Na Universidade Federal do Paraná , passado o processo eleitoral que definiu o Reitor e Vice que estariam à frente da administração daquela IFE no período de gestão 2002-2006 , iniciouse o Planejamento Estratégico para a nova gestão. A transformação de Propostas de Campanha em Plano de Gestão da Universidade antes mesmo da posse da nova equipe, coincidindo com um momento de encerramento de uma greve de mais de 100 dias, enquanto se designavam os membros que comporiam a nova equipe testou ao limite a capacidade dos métodos de planejamento estratégicos em lidar com situações e instituições complexas. Contrariamente aos conselhos e conclusões de estudiosos do tema do planejamento estratégico aplicado às universidades públicas, os resultados obtidos comprovaram a utilidade do planejamento estratégico como metodologia para introduzir maior racionalidade e organização nos processos de decisão participativos, em instituições com núcleos de poder dispersos e imersas numa crise aparentemente permanente. I – Introdução Não existem mais dúvidas significativas da utilidade e conveniência do Planejamento Estratégico para uma gestão competente de pequenas ou grandes organizações privadas. No entanto, sua aplicação nas instituições públicas, especialmente em universidades tem sido questionada (Zainko, 1999; Cecílio, 2001; Arguin, 1989). Os incrédulos acusam o planejamento estratégico de ter um ranço tecnoburacrata, reduzir o exercício do planejamento a uma burocracia de preencher formulários, limitar a inovação e criatividade, limitar a participação e assim por diante. Os defensores, apesar de enfáticos na defesa destas metodologias, alertam para a necessidade de compatibilizar o modelo adotado com as características especiais da instituição universidade pública. Os estudos apontam que o planejamento estratégico é crescentemente utilizado pelas universidades (Zainko, 1999; Mintzberg, 2000), o que parece sugerir que as barreiras estão sendo vencidas e os modelos estão sendo aprimorados. Em nosso estudo de caso relatamos a aplicação do Planejamento Estratégico numa situação bastante peculiar. Na Universidade Federal do Paraná , passado o processo eleitoral que definiu o Reitor e Vice que estariam à frente da administração daquela IFE no período de gestão 2002-2006 , iniciou-se o Planejamento Estratégico para a nova gestão. A transformação de Propostas de Campanha em Plano de Gestão da Universidade antes mesmo da posse da nova equipe, coincidindo com um momento de encerramento de uma greve de mais de 100 dias, enquanto se designavam os membros que comporiam a nova equipe testou ao limite a capacidade dos métodos de planejamento estratégicos em lidar com situações e instituições complexas. Contrariamente aos conselhos e conclusões de estudiosos do tema do planejamento estratégico aplicado às universidades públicas, os resultados obtidos comprovaram a utilidade do planejamento estratégico como metodologia para introduzir maior racionalidade e organização nos processos de decisão participativos, em instituições com núcleos de poder dispersos e imersas num crise aparentemente permanente. 1 Em seguida apresentamos uma revisão da literatura pertinente ao planejamento estratégico em universidades públicas, em seguida relatamos e analisamos a experiência vivida pela UFPR fazendo o planejamento estratégico durante uma mudança de direção na Reitoria. Ao final deste artigo apresentamos recomendações para instituições que pretendam aprimorar suas práticas gerenciais de planejamento. II - O Planejamento estratégico em Universidades Públicas Inicialmente vamos rever alguns conceitos. O planejamento estratégico é de forma geral entendido como um processo no qual a instituição “define seu futuro desejado e formas efetivas de fazê-lo acontecer” (Ackoff,). Para Ansoff e Mcdonnel consiste em “posicionar e relacionar a empresa a seu ambiente de modo que garanta seu sucesso continuado e a se coloque a salvo de eventuais surpresas”. Algumas das principais vantagens para uma organização que adota o planejamento estratégico consiste na aquisição de maior visão do futuro de longo-prazo, preparar-se melhor para enfrentar as dificuldades e aproveitar oportunidades que surgirão neste futuro e envolver e integrar áreas e pessoas na consecução de seus objetivos. As dimensões mais relevantes do planejamento estratégico em instituições universitárias não são aquelas relativas ao processo ou conteúdo das estratégias, conforme diversos estudos têm comprovado (Zainko, 1999; Cope, 1991, Arguim, 1989, Cecílio, 2001). O processo mental ou cognitivo, o processo evolutivo de aprendizado ao longo da formulação das estratégias e a dimensão do poder e política na negociação estratégica são sistematicamente enfatizados. Como afirma Mintzberg (2000,179), existem três fontes de poder nas instituições: a autoridade formal, a cultura estabelecida e a expertise. Nas universidades públicas existe constante disputa de poder e hegemonia entre estas três fontes de poder. Algumas das questões que ainda precisam ser respondidas são se o planejamento estratégico é possível e recomendável para instituições públicas, especialmente em universidades. Se for recomendável, como se poderia maximizar sua eficiência, quais as dificuldades e como evitá-las. Vamos iniciar analisando as características da instituição universitária com implicações para a formação de um sistema de planejamento estratégico em universidades públicas. A universidade é uma instituição complexa em várias dimensões: na variedade e quantidade de públicos ou stakeholders que atende, na multiplicidade de objetivos, na diversidade de serviços que oferece, na diversidade de formação de seus recursos humanos, na diversidade das tecnologias que deve dominar e geralmente na extensão da infra-estrutura que deve possuir. Quando é uma instituição pública, soma-se a estas as condições peculiares do setor público, quais sejam a profusão de normas emanadas dos poderes centrais, as pressões políticas, a escassez de recursos, a lentidão do processo decisório burocrático, para ficar apenas nas mais relevantes. Por ser a universidade esta multiplicidade de estruturas complexas e pluralística Kerr (1982:p113) a chamou de “multiversidade” . Ao se referir especialmente ao poder dos públicos em intervir nos destinos da universidade, Cyntia Hardy e Roberto Fachin afirmam que “a universidade pode ser considerada uma burocracia profissional, pela particular combinação que faz dos mecanismos burocráticos tradicionais de centralização, controle, formalismo e diretividade com formas extremamente autônomas de atuação de seus profissionais, compromissados mais expressivamente aos valores profissionais do que aos objetivos organizacionais”. Segundo estes autores, “a universidade é um espaço de múltiplos governos que não se consolidam ou se submetem ao Governo da Reitoria”. 2 O grau em que uma universidade deve integrar-se e submeter-se às necessidades dos diversos grupos de poder internos e externos à sua estrutura tem sido alvo de debates permanentes. Num extremo, estão aqueles que propugnam um maior isolamento da academia como condição para o trabalho científico isento. Noutro estão os que vêem a universidade como ator social e portanto, intimamente integrado e articulado com as demais instituições da sociedade, visando com esta interação um papel de agente de transformação (Gomes e Cunha, 2001 p77). Para Borges e Araújo,(2001, p25) as principais características da universidade, com implicações para seu planejamento estratégico, são: a) o elevado nível de profissionalismo domina a tarefa – as tarefas são especializadas, requerem profissionais especializados e com autonomia de trabalho e liberdade de supervisão; b) decisões são descentralizadas e por isso as áreas podem progredir em diferentes ritmos, obedecendo circunstâncias específicas; c) coexistem concepções distintas de universidade trazendo dificuldades para definição únicas de missão, objetivos e metas; d) o poder é ambíguo e disperso: as concepções distintas levam os indivíduos a lutar para que prevaleça suas concepções; e) há reduzida coordenação de tarefas – as estruturas são debilmente articuladas; f) os papéis da universidade são ambíguos e vagos: pesquisar?, ensinar?, servir à comunidade? Não há concordância em como alcançá-los; g) a universidade trabalha com múltiplas tecnologias pelo fato de lidar com clientes com necessidades variadas. A lentidão das universidades em promover um ajuste de suas estratégias face às mudanças ambientais é explicada por Araújo (1996) como decorrência do fato destas instituições não serem administradas a partir de um modelo estritamente rigoroso de custos/benefícios, além de possuírem estrutura complexa, envolvendo multiplicidade de interesses e questões de ordem orçamentária e financeira. Pensamos, outrossim, que o modelo de custo/benefício aplica-se à universidade mas com um complicador - cada público tem sua própria idéia dos itens que devem compor a conta dos custos e benefícios. (e seus respectivos pesos ou importâncias). Por exemplo, para os cientistas, a publicação internacional do resultado de seu trabalho tem um grande valor, que pode não ser igualmente reconhecido pela comunidade das empresas ou organizações externas às universidades. Além da questão da valorização do produto do trabalho da universidade agrega-se a dificuldade de mensurar estes produtos para poder estabelecer padrões comparativos com outras instituições. Os processos de planejamento estratégico refletem sempre os princípios da gestão da instituição, principalmente em suas dimensões de participação, abertura ao ambiente externo, priorização dos stakeholders, formalismo, centralização, ênfase setorial, ênfase em funções e outras. Como afirma Cecílio, “fazer planejamento é, então, fazer política a partir do momento em que se escolhe como se quer, quem vai planejar, o que (qual agenda) se vai planejar ....” (Cecílio 2001 p 3). Os modelos clássicos de processo têm sido mais utilizados, como atestam os estudos de (Zainko, 1999; Borges e Araújo,2001; Cecílio, 2001). O processo clássico tem uma seqüência de etapas com poucas variações: análise das necessidades e satisfação dos stakeholders, o diagnóstico externo e interno, definição de missão e visão, objetivos, políticas e definição dos projetos e atividades com seus responsáveis, prazos e recursos. A complexidade da instituição universitária pública afeta o planejamento estratégico tornando-o mais complexo e, afirmam alguns atores, menos efetivo (Mota,1982; Matus, 1993; Araújo, 1996). Mota (1982, 148) relacionou os seguintes aspectos desta complexidade: 3 a) Reconciliação contínua com o passado – planejar é mudar mas, enquanto for possível, a organização resistirá à inovação que altera a sua ligação com o passado ou afeta a lealdade de seus membros. Surge daí o incrementalismo das mudanças; b) A análise sistemática e contínua do ambiente é inexistente, acontecendo apenas nas crises, quando surgem então as mudanças aceitas como um ônus da sobrevivência; c) A falta de sistematização gera falta de informações levando as decisões a serem baseadas quase exclusivamente na experiência, crença, hábito e informações restritas que os dirigentes possuem; d) Isolamento do planejamento dado o contexto organizacional que enfatiza a uniformidade e conformidade. Araújo (1996, 81) afirma que o planejamento estratégico não é visto como importante na ação administrativa e política, não tem credibilidade para a solução de problemas e por isso a comunidade resiste a se envolver nas atividades de planejamento, as instâncias colegiadas concentram-se no dia-a-dia e não pensam estrategicamente além de não se compatibilizarem as propostas com as restrições orçamentárias, trazendo insegurança em relação à efetiva capacidade da instituição em implementar os projetos. A autora ainda afirma que não existe visão compartilhada do papel da universidade onde cada unidade reflete uma visão fragmentada e particular dos ambientes interno, externo, o que dificulta o consenso. Esta visão fragmentada levada para o planejamento pelo necessário processo participativo do planejamento estratégico pode resultar em planos fragmentados e com inconsistências entre suas propostas e incrementalistas. Carlos Matus (1993) faz crítica ao uso do planejamento “normativo” ou “tradicional” na sua própria epistemologia de caráter positivista e comportamentalista porque: a) Nega a possibilidade de um único diagnóstico da realidade, enfatizando que os vários atores da instituição explicam ou fazem recortes desta; b) os atores em situação de governo nunca têm o controle total dos recursos (orçamento, poder, conhecimento, capacidade organizacional) e portanto nunca há certeza determinística dos resultados dos planos; c) a ação humana é intencional e nunca inteiramente previsível; A preocupação com as incoerências que podem resultar da utilização da racionalidade dos métodos de planejamento estratégico em universidades também são destacadas no trabalho de Zainko (1999 p199-200). Pergunta a autora: como ser criativo e estabelecer missão e objetivos se não existe a certeza do que é uma instituição universitária? “Como solicitar que dirigentes estabeleçam prioridades, face a escassez de recursos financeiros, a partir de planilhas padronizadas, que nada mais são do que a tentativa de fazer com que a realidade caiba no modelo?” Como desburocratizar, agilizar procedimentos, racionalizar com mais formalismo introduzido pelo planejamento estratégico? Segundo ainda a autora, devido ao planejamento estratégico estar sendo introduzido nas universidades reproduzindo a prática de uma racionalidade instrumental, faz com que ele seja um elemento de modernidade tanto quanto a “compra de equipamentos sofisticados, laboratórios de última geração, mas não parceiro da Universidade na sua busca de Modernidade”. Entendemos que a grande questão posta às instituições públicas na atualidade é a busca da coerência em três grandes eixos: conciliação da realidade dos ambiente externo e interno, do passado, presente e futuro da instituição, das aspirações no nível individual e grupal à totalidade da instituição. Estes debates realizados numa “multiversidade” em crise estão na base das dificuldades de se fazer um planejamento estratégico coerente interna e externamente e com reais possibilidades de implementação. 4 Pelo que vimos é controverso o uso do planejamento estratégico como um método que pode contribuir para a efetividade da gestão universitária e para o desenvolvimento da universidade. Por isso alguns cuidados devem ser tomados em sua utilização. Vejamos as recomendações de autores que se debruçaram sobre este tema. Mota (1982 p 155-6), estudando a questão do planejamento estratégico em instituições sem fins lucrativos, afirma ser necessário: a) Aceitar as dimensões de irracionalidade (grifo do autor) do processo decisório... o planejamento não existe para criar coerência e uniformidade organizacional, mas sim para antecipar demandas e necessidades, proporcionar respostas rápidas às crises e enfrentar melhor riscos e incertezas”; b) Aceitar que o poder gerencial dos dirigentes será sempre comparativamente baixo, devido às pressões e normativas financeiras; c) Os objetivos, por melhor que sejam definidos, representarão algo ambíguo, arbitrário e mutável. Lembra ainda o autor que “mesmo quando o planejamento não possibilita o direcionamento da organização para objetivos claros e tangíveis, ensina aos dirigentes e demais participantes do processo sobre ausência de informações, demandas externas e capacidade internas de resposta. Só isso já o justificaria plenamente”. Cecílio (2001 p5) expressa também sua preocupação com o uso do planejamento estratégico como instrumento de gestão negociada. Recomenda que, para se ter consistência, deve-se contar com uma estrutura de planejamento no Gabinete, um “grupo de planejamento estratégico”, com as funções de criar os processos de planejamento, capacitar pessoas, criar agenda para acompanhar e avaliar o plano, apoiar o planejamento descentralizado e outras. Deve-se também descentralizar as funções do Gabinete, livrando-o dos problemas cotidianos para que possa dedicar-se às questões estratégicas. Afirma ainda o autor que “a universidade, por sua natureza, é um espaço de múltiplos governos. Trata-se agora, com a adoção do planejamento, de se pensar novas maneiras de fazer jogadas. Uma nova forma de ser Governo, a partir da reflexão sobre que Governo se está sendo” (Cecílio, 2001 p 4). Uma preocupação mais voltada aos aspectos sistêmicos do planejamento é o que transparece das recomendações de Araújo (1996, 84): • a criação de suportes logísticos ( coleta, armazenamento, análise e difusão de informações) que subsidiem a atividade de planejamento, • a manutenção de grupo permanente voltada para as atividades de planejamento; • a definição de critérios de avaliação; • o reforço do processo decisório nas várias instâncias colegiadas, levando-as a incorporar a dimensão do planejamento; • a articulação do planejamento institucional com as políticas para o ensino superior; • a articulação entre os órgãos de planejamento e as diferentes unidades da organização. Observa-se que é recorrente a recomendação da institucionalização do planejamento estratégico, da necessidade do processo ser participativo e da natureza política das decisões, muito mais do que técnicas. O planejamento deve estar entranhado no comportamento gerencial dos gestores da universidade, constituindo-se num traço marcante da cultura da instituição. Para isso deve ser estabelecido de forma sistêmica, para que seja efetivo. Como afirma Zainko (1999 p200), “o planejamento estratégico deve deixar de ser um exercício de tecnocracia explícita para tornar-se “a aventura de criar novos pensamentos e usá-los na busca d um mudo novo, uma universidade nova, capaz de planejar a sua própria utopia de Modernidade, com democracia interna, participação, representatividade e legitimidade. 5 Fazer planejamento estratégico significa decidir o futuro, o que pressupõe capacidade de percepção das realidades presentes e futuras, internas e externas, poder legítimo de decisão sobre as estratégias e poder de implementação e controle. Há que distinguir o planejamento como uma atividade burocrática, processualística, daquele exercício de aprendizagem social, de inovação e desbravamento que são responsabilidades da universidade. Como afirma Marcovitch (1998, p152) “O planejamento pode ser extremamente enriquecedor se o homem, o indivíduo, estiver no centro do processo. Pode ser árido e esterilizante se corresponde a uma série de formulários que automatizam o que poderia ser uma atividade criativa. A rotina em nenhum momento pode sufocar o espírito inovador”. Enfim, o planejamento estratégico tem pressupostos básicos que representam exatamente o que uma “boa prática de gestão universitária” necessita: a) A instituição sensível ao ambiente: a organização deve ser mudada pela força das pressões e oportunidades do ambiente; b) Participação: a ação planejada por quem a executará; c) Síntese: produzida a partir das teses e antíteses das racionalidades técnicas e políticas, dos olhares setoriais e especializados comparados, das visões de passado e futuro e das necessidades individuais e coletivas; d) Sistema de gestão: que atende a burocracia em sua necessidade de instrumentos para gerenciar (planejar, coordenar, integrar, organizar, controlar) as atividades da universidade. Passaremos agora a descrever como a UFPR está implementando seu sistema de planejamento estratégico. III - O Planejamento estratégico na UFPR A mais antiga Universidade brasileira , fundada em 1912 , conta hoje com uma grande estrutura para realizar ensino , pesquisa e extensão com qualidade e competência. São 23.000 alunos em 80 cursos, 1914 docentes e 3321 servidores e 340.000 m2 de área construída. Em dezembro de 2001 foi realizada a eleição para no mandato de Reitor e Vice-Reitor, concorrendo duas chapas e sendo eleitos os candidatos de oposição, Moreira – Aldair. Imediatamente os candidatos eleitos decidiram iniciar o planejamento estratégico para a nova gestão com os seguintes objetivos: • Ter um plano estratégico preliminar ao assumir a Reitoria, como forma de reduzir a inércia inicial de uma nova gestão, estimular a nova equipe e demonstrar às comunidades interna e externa a disposição de realização da nova gestão; • Obter decisões legítimas e realizáveis através de um processo de planejamento estratégico participativo, constituindo um fórum de debates no período pós-eleitoral, onde as diversas utopias são confrontadas; • Ter, no planejamento estratégico legitimado, um escudo protetor da nova Gestão contra as pressões de indivíduos e grupos, que podem facilmente transformar uma gestão em balcão de negócios sem efetividade global; • Reduzir resistências e captar apoios para a gestão através da conscientização e envolvimento gerados no processo de planejamento estratégico; • Catalisar as competências distribuídas nas diversas unidades da universidade, num processo aberto de discussão, acreditando que estas se juntarão no debate e diálogo num processo de aprendizagem e criação coletiva; 6 • Produzir o consenso possível entre as racionalidades técnicas e políticas e interesses de poderes intervenientes, de forma a orientar uma gestão simultaneamente conciliatória e progressista. Durante a campanha eleitoral, os valores associados à candidatura Moreira-Aldair eram representados em todos os materiais de divulgação e se baseavam em três diretrizes que haviam sido definidas pelo conjunto dos componentes do grupo: UFPR – plural, dinâmica e participativa. Em todas as ocasiões, estes princípios eram enfatizados, pois como o grupo político que estava aglutinado em torno destes candidatos era heterogêneo e formado por pessoas de diversas correntes ideológicas e com diferentes concepções de Universidade Pública, seria necessário, acima de tudo, valorizar-se o pluralismo, permitindo que as contribuições para o avanço da Universidade viessem de quem quer que fosse, valendo mais por sua efetividade que por qualquer outro critério de análise de mérito. Deste modo, o passo seguinte seria o estabelecimento de uma metodologia de trabalho que permitisse conciliar uma administração altamente participativa com um grande dinamismo, garantindo-se uma eficaz implantação das medidas necessárias para a correção das principais deficiências na estrutura e funcionamento da UFPR. A necessidade mais premente era a de garantir a participação de um grande número de pessoas, inclusive daqueles que não haviam se engajado diretamente na campanha política, mas que teriam condições e vontade de contribuir para o avanço de nossa universidade. Contando com a orientação de professores do Departamento de Administração com grande experiência em formulação de planos estratégicos no setor público, e sob a coordenação geral do Reitor, Vice-Reitor e Pró-Reitor de Planejamento, iniciou-se em 14 de janeiro de 2002 no auditório do Setor de Ciências da Saúde o esforço de elaboração do planejamento estratégico para a gestão que iria se iniciar em 27 de abril daquele ano. Foi definida a metodologia a ser utilizada , tendo sido apresentados os princípios básicos aos membros do fórum de planejamento ,que envolvia aproximadamente 200 pessoas . Todos roteiros, orientações, exemplos e formulários necessários foram disponibilizados a todos os participantes, inclusive com a criação de um site específico na internet contendo todas as orientações. Neste site qualquer pessoa pode acompanhar os trabalhos e ter acesso às informações sobre o trabalho dos grupos.Um aspecto muito importante foi a presença de professores do Depto. de Administração como facilitadores, atuando junto aos grupos e esclarecendo eventuais dúvidas no encaminhamento dos trabalhos. O processo de planejamento iniciou-se com a realização de um detalhado diagnóstico de cada uma das 10 áreas temáticas previamente definidas e que englobavam as competências das Pró-reitorias e das demais unidades da administração : graduação , planejamento estratégicosquisa e pós-graduação extensão e cultura , recursos humanos e assuntos estudantis , administração , planejamento ,orçamento e finanças , englobando a Fundação de apoio , os hospitais universitários , o sistema de bibliotecas , os sistemas de informação , a comunicação social. Os tópicos do diagnóstico a serem abordados envolviam os seguintes temas : 7 a definição dos públicos atendidos e seu grau de satisfação atual com cada unidade . Isto decorreu da necessidade de desenvolver uma percepção da existência de clientes atendidos em cada área, já permitindo uma importante reflexão em cada membro do grupo sobre a real razão da existência de uma instituição pública. Logo a seguir deveriam ser identificados os pontos fortes e fracos de cada área, algo que teve um certo grau de dificuldade pela falta de acesso às informações em algumas pró-reitorias. Curiosamente , em algumas áreas, houve um grande afluxo de pessoas ligadas às unidades administrativas que viram neste processo uma oportunidade rara de participar coletivamente na construção de uma proposta de trabalho e acabaram trazendo preciosas informações que municiaram a correta elaboração dos diagnósticos e propostas. Deve-se ressaltar que o grupo ligado aos hospitais universitários acabou por se empenhar em uma aproximação com os gestores dos sistemas municipal e estadual de saúde , além de engajar a comunidade externa e interna neste processo , realizando um trabalho de grande amplitude e profundidade , resgatando todos os antigos projetos de planejamento feitos em outras épocas . No final desta etapa foi realizado um seminário de integração onde cada grupo apresentou seu diagnóstico, debatendo por meia hora com o plenário, visando validar e enriquecer suas conclusões. Estas apresentações em seguida foram disponibilizadas na internet para consulta e sugestões. Este seminário foi realizado em duas tardes com 4 horas de trabalho cada uma. Na etapa seguinte, que durou aproximadamente um mês, os grupos passaram a definir as propostas de trabalho . Para nortear a definição das áreas, criou-se um grupo da administração superior que fixou a missão, o desafio estratégico e as diretrizes gerais para a universidade, definindo ainda os seus objetivos principais. A partir daí cada grupo passou a discutir sua missão, seus desafios estratégicos e suas diretrizes específicas. Neste esforço de formular propostas de trabalho , os grupos definiram uma série enorme de projetos e atividades, que visavam equacionar os principais problemas identificados no diagnóstico. Sem prejuízo à criatividade, foi solicitado que os grupos apresentassem seus projetos detalhandoos em termos de apresentação, justificativa, objetivos, atividades, custos, inclusive com a indicação de fontes alternativas de financiamento, cronograma, recursos envolvidos além de eventuais barreiras à sua implantação (riscos), junto com as medidas necessárias para facilitar esta implantação . Em um novo Seminário de Planejamento foram apresentadas as propostas e os principais projetos e atividades de cada área, sendo assim debatidos por todos os membros do fórum. Deve-se ressaltar que dois grupos tiveram seus trabalhos interrompidos, devido a situações complexas em seu encaminhamento. O de sistemas de informação enfrentou um dilema quanto ao enfoque a ser dado ao assunto, ficando momentaneamente suspenso, mas retomando os trabalhos mais adiante, após o impasse político ser decidido pelo grupo de direção. Por seu turno, o grupo que discutia a comunicação social foi reformulado a partir da definição de um novo escopo que envolveria este tema dentro do contexto de marketing institucional, havendo uma retomada de seus trabalhos um mês após sua interrupção. Paralelamente aos trabalhos de planejamento estratégico, foram sendo feitos os convites para a montagem da equipe de administração. Já no primeiro seminário de apresentação da etapa de diagnóstico foi apresentado o primeiro escalão, sendo anunciados os nomes dos pró-reitores . Na fase seguinte, de apresentação das propostas foram apresentados os ocupantes dos cargos de coordenações da pró-reitorias, inclusive naquelas em que foram propostas mudanças nas estruturas organizacionais . Tendo em vista a enorme complexidade da situação dos hospitais universitários, principalmente do Hospital de Clínicas, na fase de elaboração de propostas foram feitos contatos com os gestores do HC da Universidade Federal de Minas Gerais , que estiveram 8 presentes nos fóruns de discussão específicos dos H.U’s, apresentando seu modelo de gestão inovador . Foi também realizada apresentação inédita na história da UFPR destas propostas de mudanças para os gestores do sistemas municipal e estadual de saúde , o que teve enorme impacto nestes segmentos. Na etapa seguinte, passou-se a trabalhar com os temas que abrangiam a toda a Universidade , abordando-se os sistemas de informação , a qualidade de vida dos servidors e o marketing institucional. Estes temas foram objeto de um esforço de integração, visto envolverem várias unidades administrativas. Simultaneamente, os demais grupos tiveram oportunidade de finalizar e detalhar ao máximo seus projetos, fazendo uma reunião com o Reitor e o Vice eleitos para definição dos seus programas prioritários, ficando acertado que cada área deveria apresentar de 3 a 5 projetos de impacto, cuja implantação ocorreria imediatamente após a posse. Estas reuniões também permitiram à administração superior ter uma visão de conjunto de todas as áreas, facilitando a tomada de decisões futuras . Uma das grandes preocupações desta nova administração é a de tornar as suas propostas e projetos bastante acessíveis para toda a comunidade, tanto interna quanto externa, tendo sido preparados 5.000 folders para distribuição à todos já na solenidade de posse. Também está sendo preparado um documento mais completo, com todos os tópicos do planejamento estratégico de cada área, o qual será denominado “Plano de Gestão” e será entregue à comunidade em Sessão Ampliada do Conselho Universitário, com o intuito de divulgação e engajamento. Outra iniciativa que estará sendo realizada na primeira semana de trabalho é a validação do diagnóstico e das propostas junto com as equipes administrativas de cada unidade, sendo possível agora envolver e engajar todos os colaboradores que eventualmente tiveram restrições de participar das etapas do planejamento estratégico por circunstâncias políticas. Na seqüência a Pró-reitoria de Planejamento ficará responsável pelo acompanhamento da implementação dos diversos projetos e pela articulação das atividades das diversas unidades envolvidas, além de proceder a captação e alocação dos recursos necessários, acessando as várias fontes de recursos. Esta experiência de Planejamento estratégico em uma universidade pública veio acompanhada de alguns percalços, como era de se esperar. Felizmente nada que prejudicasse seriamente o trabalho desenvolvido ou não pudesse ser resolvido ou equilibrado com medidas administrativas ou políticas. Veremos em seguida algumas destas dificuldades. Durante o período de planejamento, compreendido entre eleição do nova Reitoria no Conselho Universitário em 20/12/2001 e a posse no cargo em 26/04/2002, aconteceram as atividades do planejamento estratégico. Durante o mesmo período estavam sendo decididos os ocupantes dos cargos de pró-reitores, dirigentes de entidades vinculadas e órgãos especiais e cargos de terceiro escalão. Inevitavelmente, em muitos momentos, as disputas pelo poder afetaram as discussões das diversas equipes de planejamento estratégico. Estas disputas chegaram mesmo a inviabilizar a continuidade da discussão de alguns temas, como as políticas de informatização, educação à distância e marketing institucional. A solução adotada para estes impasses político-técnico foi conduzida diretamente pelo Conselho de Gestão, composto do Reitor, Vice-Reitor e Pró-Reitores já escolhidos, onde se procurou adotar a melhor combinação possível de solução técnica e política. A pressão do pouco tempo para levantar informações e estudar mais profundamente a situação da universidade, promover a compreensão destas realidades, criar alternativas de solução aos problemas, debater estas alternativas, detalhar projetos e analisar as viabilidades das propostas criou um certo stress nas equipes com um duplo efeito. Para alguns desestimulante, mas para outros excitante. O despreparo das pessoas e unidades da 9 universidade que nos anos anteriores não adotou o planejamento estratégico como método de gestão contribui para que esta nova orientação, da ação planejada, de certa forma encontrasse uma universidade com “pouco estoque” de reflexão sobre sua situação e seus rumos. Esta pressão do tempo somada à pressão das crises e problemas existentes levou a que as equipes concentrassem sua atenção mais à solução de problemas do que à projetos inovadores. Por outro lado, essas mesmas pressões foram recebidas como desafio e resultaram em estímulo e motivação das equipes. O acesso às informações da situação atual da universidade foi dificultada por dois fatores. Em primeiro lugar, a nova gestão havia se posicionado em oposição à gestão atual, o que gerou “ruídos de comunicação” e conseqüentemente dificuldades no acesso aos dados. Por outro lado, uma universidade voltando de uma greve de 100 dias e em final de ano civil gerou acúmulo de trabalhos que dificultaram a dedicação dos funcionários e professores às equipes de planejamento. Na medida que progrediam as discussões das equipes, as decisões sobre fatores relevantes no ambiente externo e interno eram tomadas, os problemas priorizados, políticas e objetivos definidos e assim por diante. É impossível que estas decisões contentem todos os públicos. Aqueles públicos que se sentem desprestigiados e/ou não têm uma grande persistência na participação acabam por desistir. São defecções naturais ao longo do processo apesar de não desejáveis pois, apesar de reduzirem o conflito nos debates, também podem reduzir sua qualidade. Não podemos esquecer também que na medida que progrediam as discussões nas equipes, também progrediam as definições de ocupantes de cargos na nova estrutura, o que serviu para “desestimular” a participação de algumas pessoas. A discussão em todas as áreas entre propostas conformistas/incrementalistas e empreendedoras/ousadas foi constante. As condições de crise presentes em todas universidades, inclusive na UFPR, empurram as pessoas ao alheamento/conformismo, ou à revolta/oposição ou ao desafio/criatividade. Conforme relatos na literatura revista (Arguin, 1989; Borges e Araújo, 2001; Cope, 1991) estas reações às condições internas e externas da universidade somadas às disputas de poder e diferenças de percepções como vimos anteriormente, levaram ao mesmo tempo ao enriquecimento dos debates, aprendizagem e avaliação mais criteriosa das propostas. As maiores dificuldades que pode-se antever ao processo de mudança que estará sendo implementado estão ligadas às vinculações políticas, à resistência à mudança, agravada pela cultura organizacional característica de instituições públicas, e pelo receio de perda de poder dos diversos agentes envolvidos. Como houveram apenas duas candidaturas na eleição para a reitoria, a disputa foi polarizada e houve um acirramento das diferenças. ´Tem acontecido e é natural que, mesmo após passados 4 meses da eleição, as cicatrizes ainda estejam abertas e os confrontos sejam inevitáveis. A principal providência para reduzir este confronto tem sido a de convidar cada vez mais pessoas que não tenham maior envolvimento político para participar dos grupos temáticos, valorizando suas contribuições e acatando suas idéias. Quanto a resistência às mudanças, estão programados seminários de planejamento estratégico englobando os componentes dos diversos níveis hierárquicos, buscando-se técnicas motivacionais, aliadas aos treinamentos para difundir a metodologia do planejamento participativo, além da implantação de um jornal direcionado ao público interno da UFPR. Uma série de seminários internos, onde palestristas externos de renome serão convidados a debater a situação das universidades públicas, deve também servir para desenvolver no público interno o sentimento de desafio, empreendedorismo, otimismo sensato e realista, necessários ao desenvolvimento da UFPR. Sempre será enviada a mensagem quanto ao aspecto desafiador , porém dinâmico de um processo como este , sendo encarado como uma oportunidade de inovar e de dar mais sentido ao trabalho, por vezes repetitivo e enfadonho, que se soma aos salários e as perspectivas pouco animadoras do setor público. 10 Para desviar a atenção excessivamente colocada na questão da perda de poder, pretende-se criar uma cultura de trabalho com resultados e metas a atingir, valorizando-se a competência e o mérito, ao invés de apenas valorizar apenas o tempo de casa e a posição hierárquica ocupada . Deste modo, o desempenho, medido constantemente e reconhecido imediatamente, passará a ser o grande diferencial, sendo salutar para todos os que estão empenhados na transformação e no crescimento da UFPR. Grandes lições foram aprendidas com a vivência deste planejamento estratégico na UFPR e devem servir de alerta e estímulo às demais universidades e estudiosos do tema. Em um primeiro lugar destacado está o papel desempenhado pela área de Administração da UFPR na orientação e apoio desde o início do processo. A adequação da metodologia proposta e a orientação constante dos docentes para todas as equipes de trabalho tranqüilizaram os participantes que puderam concentrar-se nos aspectos substantivos dos debates. A pressão do tempo ao invés de tornar-se um complicador ao encaminhamento das questões, tornou-se um desafio motivador às equipes, restringindo a ocorrência de discussões inócuas e infindáveis. Para evitar que as equipes desenvolvessem propostas demasiadamente ambiciosas, sem um senso de realidade, solicitou-se que as propostas incluíssem um orçamento, fontes alternativas de recursos e análise dos riscos (de qualquer natureza) para sua viabilidade. No outro extremo, induzindo as equipes a soluções ambiciosas e urgentes estavam todos os diagnósticos realizados com os diversos públicos atendidos pela UFPR. Estes contrapontos, como tese e antítese, resultaram em propostas de síntese mais equilibradas. Os seminários intermediários onde os grupos de trabalho apresentavam o “estado da arte” de sua proposta estratégica tornaram-se ocasiões de solidificação do grupo, criação de identidade e satisfação pelo cumprimento dos desafios das etapas. Manteve-se sempre a abertura para participação de qualquer indivíduo da UFPR, de qualquer categoria ou nível profissional, de qualquer grupo político, com uma recepção na equipe sempre isenta. Isto foi uma orientação solicitada e demonstrada em diversas ocasiões pelo Reitor e Vice-Reitor eleitos. Isto atraiu sempre novos participantes, mesmo de outras facções políticas, o que contribuiu com o equilíbrio e qualidade dos diagnósticos e propostas. Por outro lado, o não comparecimento de algumas pessoas às equipes permitiu que se fizesse o mapeamento do quadro político e de resistências futuras. O recurso de implantar um site específico para este processo de planejamento estratégico, onde as pessoas podiam inscrever-se para o debate em qualquer grupo permitiu o uso deste mídia moderna para informar e captar sugestões de um público que certamente não seria alcançável de outra forma. As tensões acumuladas devido ao trabalho sob pressão e debates inevitavelmente calorosos em alguns temas, sempre foi quebrada com eventos festivos de integração e confraternização cada vez que as etapas eram vencidas. Finalmente, por último, mas de importância capital, foi a participação ativa do Reitor e Vice eleitos nos encontros e debates de cada grupo e nos seminários intermediários. Sempre se posicionaram de forma democrática e em apoio ao grupo, estimulando, cobrando e demonstrando o interesse e a relevância que consignavam ao trabalho em realização. IV - Conclusão Este estudo de caso sobre a aplicação do Planejamento estratégico em universidades públicas analisa a experiência da Universidade Federal do Paraná no período de dezembro de 2001 a abril de 2002. Este planejamento foi desencadeado pelo Reitor e Vice recém eleitos e que somente vieram a tomar posse em 29 de abril de 2002. Como estes candidatos eleitos 11 posicionaram-se em oposição à gestão anterior, este estudo de caso é também interessante enquanto explicativo do processo sucessório nestas condições. Numa situação onde o acesso às informações para o planejamento é dificultado, os ânimos ainda estavam acirrados por uma disputa polarizada em apenas duas chapas concorrentes, encerrando uma greve de 100 dias além dos já normais problemas e crises da universidade pública, a metodologia do Planejamento estratégico mostrou-se robusta para trazer mais racionalidade ao processo de sucessão e de transformação de Planos de Campanha em Planos de Governo Universitário. Ao contrário de conclusões algo pessimistas de alguns estudiosos do tema do planejamento estratégico em universidades públicas, que vimos anteriormente, podemos concluir que, no caso atual da UFPR, este método tem sido de extrema valia para conduzir de forma mais racional e organizada os debates que necessariamente antecedem uma nova gestão. O método não fica na superficialidade de um “preencher de formulários” mas também não vagueia pelos debates calorosos e inconclusivos. Percebeu-se também que o Plano Estratégico é um complemento imprescindível do Projeto Pedagógico da Universidade uma vez que ambos se somam e isolados são incompletos e não dão conta de explicar ou orientar da gestão da Universidade. BIBLIOGRAFIA: ANSOFF, H. Igor and McDonnell, Adward J. Implantando a Administração Estratégica. São Paulo: Atlas, 1093. ANSOFF, Russel L. A Concept of Corporate Planning. New York: Wiley 1970. ARAÚJO, Maria Arlete Duarte de. 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