João Carlos Assis Brasil Pianista de formação erudita, irmão gêmeo do saxofonista Victor Assis Brasil, começou a estudar piano ainda na infância, e aos 15 anos já era acompanhado por orquestras em concertos. Foi aluno de Jacques Klein e aperfeiçoou os estudos em Londres, Paris e Viena. Na década de 60, na Áustria, ganhou o terceiro prêmio do Concurso Internacional Beethoven, tocando em seguida com a Filarmônica de Viena e excursionando pela Europa. Mesmo consagrado como concertista clássico, envolveu-se com a música popular, tocando ao lado de outros instrumentistas — como os pianistas Clara Sverner e Wagner Tiso ou o violonista Turíbio Santos — e de cantores — Ney Matogrosso, Zé Renato,Zizi Possi, Alaíde Costa, Olivia Byington. Na década de 80 gravou discos a quatro mãos ao lado de Clara Sverner: um com músicas de Erik Satie e Scot Joplin (1982), outro incluindo o norte-americano Gershwin e os franceses Maurice Ravel e Gabriel Fauré. Em seguida veio "Jazz Brasil" (1986), com total ênfase no popular, incluindo obras de Tom Jobim, Radamés Gnattali e Victor Assis Brasil. Dois anos depois, ao lado de Wagner Tiso, Jaques Morelenbaum e Ney Matogrosso, lançou "Floresta do Amazonas". Em 1990, quase dez anos depois da morte precoce do irmão (em 1981), gravou o disco "Self Portrait — Assis Brasil por Assis Brasil", em que trouxe à tona composições inéditas de Victor. Seus trabalhos seguintes foram em parceria com as cantoras Olivia Byington e Alaíde Costa. João também lançou um cd todo dedicado a obra de Villa-Lobos João Carlos Assis Brasil, é um dos maiores músicos do cenário artístico lançou pela Biscoito Fino o CD Todos os Pianos. Gravado no estúdio da Biscoito Fino, no fabuloso Steinway adqüirido pela gravadora junto à Filarmônica de Berlim, Todos os Pianos é, a rigor, um tributo a colegas de instrumento que se revelaram grandes compositores ao longo da história da música no século XX - e vice-versa. Entre o choro, a bossa, o samba, o jazz americano e francês, Assis Brasil concebe suítes reunindo obras de Ernesto Nazareth (Brejeiro, Odeon, Faceira, Apanhei-te Cavaquinho), Chiquinha Gonzaga (Aracê, Aguará, Sabiá da Mata), Gershwin (incluindo S´ Wonderful e Rhapsody in Blue), Cole Porter (incluindo I Get a Kick Out of You e Rhapsody in Blue), Michel Legrand (de Summer of 42 e Parapluies de Cherbourg). A adoração pela música no cinema é registrada em duas suítes, uma de Nino Rota, o compositor favorito de Fellini (com os temas de Os Boas Vidas, Amarcord e Noites de Cabíria); outra, a Suíte Cinematográfica reunindo o Chaplin de Luzes da Ribalta (Limelight), o Hupfield de Casablanca (As Time Goes By), os clássicos de O Mágico de Oz (Over the Rainbow, de Arlen e Harburg) e Golpe de Mestre (a reciclada The Entertainer, de Scott Joplin). O flerte com o popular estende-se ainda a compositores cujas obras, ainda que não compostas para o instrumento, adequam-se a este, pelos dedos devocionais de Assis Brasil. É o caso da Suíte Melodistas Brasileiros, que aproxima o Cartola de As Rosas Não Falam e o cânone bossa-novista de Luiz Bonfá e Antonio Maria, Manhã de Carnaval, da placidez e (in)quietude impressionistas. Completam a suíte obras de adeptos extemporâneos do piano no samba, Francis Hime (Minha) e Antonio Carlos Jobim (Retrato em Branco e Preto). Nada que inviabilize, muito pelo contrário, a convivência com Rachmaninoff, Brahms, Tchaikovsky e, naturalmente, Chopin, presentes na Suíte Clássica. Um dos compositores mais presentes na discografia de João Carlos, é seu irmão, o saxofonista Victor Assis Brasil, um dos maiores instrumentistas de jazz brasileiros em todos os tempos. Morto em 1981, Victor deixou um legado vigoroso de temas executados em todo o mundo, muitos deles revelados depois da morte do autor pela dedicação de João Carlos a manter viva a herança do irmão. Prelúdio em Sol Menor e Valsa do Reencontro são os dois temas de Victor interpretados por João em Todos os Pianos.