3 de julho de 2012 Re: Brasil - Receio pela segurança do defensor dos direitos humanos Júnior José Guerra depois de seu retorno à casa após mudança temporária para lugar seguro A Front Line Defenders expressa sua preocupação com a segurança de defensor dos direitos humanos Júnior José Guerra devido ao seu retorno à casa no estado do Pará em 22 de junho de 2012. Seu retorno acontece depois de mais de seis meses morando fora da região com sua família devido às sérias ameaças sofridas pelo defensor. Júnior José Guerra é ex-presidente do Conselho Fiscal da Associação de Moradores do Plano de Assentamento Areia e teve papel fundamental em denúncias feitas contra a extração ilegal de madeira na região. Devido à sua função com a Associação de Moradores, Júnior José Guerra esteve envolvido na fiscalização dos planos de manejo comunitário atuando contra esquemas de corrupção na região do Assentamento Areia, na cidade do Trairão, estado do Pará. Em 22 de junho de 2012, Júnior José Guerra voltou para sua casa no Assentamento Areia, depois de sair da região devido às ameaças de morte que recebia e um caso de perseguição. Após seu retorno, ele foi informado que em 24 de maio de 2012 sua casa havia sido incendiada por indivíduos não identificados, resultando em dano parcial na estrutura da construção. Além disso, quatro dias depois seus animais foram envenenados e mortos e uma mensagem foi deixada em sua cerca dizendo: "Vai Morrer em 20 Dias". Segundo informações locais, a pessoa que tomava conta da residência do defensor recebeu cinco ameaças de morte desde dezembro de 2011. Júnior José Guerra está incluído temporariamente no Programa Nacional de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos e retornou ao Pará para prestar depoimento sobre o assassinato de seu colega João Chupel Primo. Em 20 de outubro de 2011 Júnior José Guerra e João Chupel Primo encaminharam ao Ministério Público de Altamira uma denúncia de uma rota de retirada ilegal de madeira da Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio e Floresta Nacional do Trairão. Dois dias mais tarde o sr. Primo foi assassinado a tiros dentro da oficina mecânica que trabalhava, em Itaituba, Pará. Em 02 de dezembro de 2011, Júnior José Guerra foi perseguido por indivíduos desconhecidos. Ele teve que se esconder e viajar para outra cidade para evitar ser encontrado. Alguns dias depois o defensor dos direitos humanos deixou a região com sua família para somente retornar no dia 22 de junho 2012. O estado do Pará apresenta altos índices de violência e defensores dos direitos humanos ligados a questão agrária e ambiental estão especialmente em risco. A delegacia local do Trairão registrou de outubro de 2011 à janeiro de 2012 onze homicídios, dos quais quatro estão relacionados à disputas por terra e à exploração de madeira. A Front Line Defenders acredita que as ameaças de morte e o ataque à casa de Júnior José Guerra estão diretamente relacionados ao seu legítimo e pacífico trabalho de defesa dos direitos humanos, em particular em seus esforços relativos ao combate da extração ilegal de madeira no estado do Pará, e está seriamente preocupada com a integridade física e psicológica do defensor e seus familiares. 1 A Front Line Defenders solicita que as autoridades do Brasil: 1. Iniciem uma investigação imediata, completa e imparcial das ameaças de morte sofridas por Júnior José Guerra, com a intenção de publicizar os resultados e levar os responsáveis a justiça de acordo com os padrões internacionais; 2. Tomem medidas para garantir a integridade física de psicológica de Júnior José Guerra e de seus familiares; 3. Garantam em todas as circunstâncias que os defensores dos direitos humanos no Brasil sejam capazes de executar suas atividades legítimas e pacíficas de direitos humanos, sem medo de represálias e livre de qualquer restrição. 2