Gestão Ambiental
e Territorial
Determinar o local exato, em todas as regiões brasileiras,
onde cada atividade agrícola pode expressar sua máxima
capacidade produtiva com sustentabilidade, ou seja, de
modo ambientalmente correto, economicamente rentável,
financeiramente viável e socialmente justo. Em linhas gerais,
é esse o objetivo principal da Gestão Ambiental e Territorial.
Trata-se de uma grande ação gestora do uso sustentável dos
recursos naturais, por meio de geotecnologias, produtos e
serviços que subsidiem a formulação de políticas públicas
sobre a utilização do território, visando à sustentabilidade
ambiental, social e econômica.
Todos os municípios
do Brasil possuem
indicações do
Zoneamento
Agrícola.
Os desafios são grandes. É necessário, cada vez mais, o
desenvolvimento de pesquisas multidisciplinares para o
planejamento e gestão integrados, que aliem componentes
ambientais, biofísicos e econômico-sociais por meio da
observação sistemática da terra e avaliação de dados
ambientais com atividades científicas que levem à melhor
compreensão dos ecossistemas naturais, agropecuários,
florestais e aquáticos.
Esse conhecimento é fundamental para a definição da
aptidão agroecológica de cada parcela de terra, sua
capacidade de sustentação e produtividade econômica
esperada. O País precisará ainda atentar para a necessidade
de minimizar o impacto negativo das atividades econômicas
para o meio ambiente, de tal forma que os recursos naturais
sejam considerados no melhor do seu potencial de uso e
preservados para as próximas gerações.
Foto: Arquivo Embrapa
O futuro do desenvolvimento do País passará,
inevitavelmente, pelo desafio de acomodar no seu espaço
geográfico um conjunto amplo de funções e elementos
críticos para a sociedade brasileira: as atividades
agrossilvipastoris, as florestas naturais, os recursos hídricos,
as cidades, entre outros. Trata-se de um processo complexo
que envolve dimensões de natureza econômica, ambiental,
científica, social, ética e política. Interesses legítimos de
diversos segmentos da sociedade suscitam preocupações e
conflitos, que devem ser considerados de forma equilibrada
e inteligente.
Gestão Ambiental e Territorial
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Os zoneamentos
ZAE Cana: responde
à necessidade
de disciplinar
a expansão da
produção de canade-açúcar para
biocombustíveis.
Os Zoneamentos Agroecológicos (ZAE) e Agrícolas já são
feitos para mais de 40 culturas.
ZAE Cana: estimativas indicam que o País dispõe de cerca
de 64,7 milhões de ha de áreas aptas à expansão do cultivo
com cana-de-açúcar, sendo que, destes, 19,3 milhões de
ha foram considerados com alto potencial produtivo; 41,2
milhões de ha como médio e 4,3 milhões como de baixo
potencial para o cultivo. Destaca-se do montante de áreas
aptas, cerca de 37,2 milhões de hectares estão atualmente
ocupadas pelas pastagens, que através da intensificação do
uso agrícola, permitem que o País expanda o cultivo de cana
para a produção de etanol e açúcar, atualmente ocupando
cerca de 0,9% do território nacional, sem a necessidade de
novos desmatamentos.
Zon Dendê: o somatório de áreas identificadas no ZAE da
palma de óleo corresponde a 31,8 milhões de hectares nas
regiões Amazônica, Nordeste e parte do Sudeste. Ou seja,
para proteger a floresta e garantir a sustentabilidade da
produção de palma de óleo, fica proibida a utilização de
86,4% das áreas aptas e de 96,3% da área total do território
brasileiro.
Foto: Paulo Lanzetta
Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC): além
de indicar a melhor data de plantio, a melhor cultivar
e o melhor solo sinaliza que só podem ser adotados se
estiverem em perfeita aderência com a política ambiental
brasileira. Nos últimos 16 anos, promoveu uma redução
superior a R$ 5 bilhões em perdas na agricultura. Hoje,
o ZARC é amplamente utilizado pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário e atinge um universo de mais de
3 milhões de agricultores, sendo 1 milhão de agricultores
familiares. Além disso, incentivou o uso do plantio direto,
reduziu o uso de cultivares “piratas”, sendo recomendadas
e financiadas hoje somente aquelas registradas no MAPA,
e não permite o plantio em APP (áreas de preservação
permanente) e não financia plantio nas áreas desmatadas
ilegalmente.
Atualmente, o ZARC é testado no Peru, onde a Embrapa tem
um projeto específico de validação da metodologia para a
cultura do milho, batata e alcachofra, nas regiões de baixa
altitude e nas regiões andinas. Países como Colômbia e
Venezuela já manifestaram interesse na tecnologia.
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Gestão Ambiental e Territorial
A Embrapa contribui ainda com o esforço do Governo na
elaboração de Zoneamentos Ecológicos e Econômicos de
Estados e regiões. Como exemplo recente, cita-se o ZEE
da BR 163: principal documento norteador das políticas
públicas que visam à diminuição dos desmatamentos,
para a intensificação da produção nas áreas abertas, a
regularização fundiária e ambiental das propriedades rurais
e a melhoria das condições socioeconômicas e ambientais
das populações.
Mapeamento das áreas desflorestadas na
Amazônia: subsídio para o uso sustentável
Foto: Guilherme Viana
O projeto Terraclass, realizado pela Embrapa e pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais – Centro Regional da
Amazônia (Inpe), apresenta resultados inéditos do uso e
cobertura da terra nas áreas desflorestadas da Amazônia
Legal. A partir do monitoramento do desflorestamento da
região (Prodes/Inpe), o projeto realizou a qualificação dessas
áreas, indicando sua situação quanto ao uso e cobertura.
Projeto Terraclass:
resultados inéditos
do uso e cobertura
da terra nas áreas
desflorestadas da
Amazônia Legal.
Entre os resultados, o relatório aponta que nas áreas
desflorestadas na Amazônia, até o ano de 2008,
correspondentes a 719 mil km², a cobertura de maior
abrangência está associada às áreas de pastagem. Totalizam
aproximadamente 447 mil km², distribuídos em 335 mil de
Pasto Limpo (áreas de pastagem em processo produtivo
com predomínio de cobertura de espécies gramíneas),
63 mil de Pasto Sujo (áreas de pastagem em processo
produtivo com predomínio de vegetação herbácea e
cobertura de espécies gramíneas associada à vegetação
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arbustiva), 48 mil de Regeneração com Pasto (áreas que estão
no início do processo de regeneração da vegetação nativa,
caracterizadas pela alta diversidade de espécies vegetais) e
594 km² de Pasto com Solo Exposto (áreas que apresentam
uma cobertura de pelo menos 50% do solo exposto).
Nas áreas desflorestadas do estado de Rondônia, está
a maior concentração de áreas de pastagens quando
comparada aos outros estados, cerca de 80% da cobertura
florestal transformada.
As áreas de vegetação secundária, ou capoeiras,
correspondem a 151 mil km². Elas encontram-se em
processo avançado de regeneração da vegetação arbustiva
e/ou arbórea ou foram utilizadas para a prática da
silvicultura (plantio de árvores) ou agricultura permanente
com o uso de espécies nativas ou exóticas.
Na calha norte do Rio Amazonas, as áreas de capoeira são
predominantes no cenário desflorestado. Isso em função da
forte presença da agricultura itinerante na região, onde as
áreas regeneram naturalmente depois dos ciclos agrícolas.
Fotos: Arquivo Embrapa
Outro resultado importante apontado pelo Terraclass são
os 35 mil quilômetros quadrados de Agricultura Anual
nas áreas desflorestadas da Amazônia Oriental. Nessas
áreas (agricultura anual), predominam culturas de ciclo
anual, como grãos, com emprego de padrões tecnológicos
elevados, tais como o uso de sementes certificadas,
insumos, mecanização, entre outros. A atividade tem
destaque no estado do Mato Grosso, onde as áreas
desflorestadas foram substituídas por agricultura anual em
15%, enquanto que no comparativo geral da Amazônia o
percentual é de apenas 5%.
Área de vegetação
secundária
encontra-se em
regeneração ou
foi utilizada para
plantio de árvores.
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Nas áreas desflorestadas no estado do Pará, o predomínio
é de áreas com coberturas por pastagens, com 62% (o
mesmo da Amazônia), mas vale destacar que do total de
áreas mapeadas como mineração na Amazônia, quase a
metade delas encontra-se no Pará. O estado do Amazonas
é, proporcionalmente e em números absolutos, o que
apresenta maior área de floresta amazônica.
Todos os números e mapas apontados pelo projeto
Terraclass estão disponíveis em mapas digitais detalhados,
permitindo a avaliação do uso da terra em diferentes
recortes espaciais (regional, estadual, municipal),
informação segura para a formulação de políticas públicas
para a região.
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