João Henrique Bonini do Nascimento Uni-Versos Poéticos Coletânea de Poesias Editora Independente Uni-Versos Poéticos: Poesia / João Henrique Bonini do Nascimento. Marília: Edição independente, 2011. 1. Literatura brasileira. 2. Poesia brasileira. 3. Poesia contemporânea. I. Autor. II. Título. -Prefácio- Nas próximas páginas, um misto de vivências cotidianas se faz arte. O medo da vida e da morte, as angústias da sobrevida do ser humano, o belo e o grotesco, o divino e o profano. O universo, aqui manifestado, deixa de ser uno, na semelhança do ser, para se mostrar “pluriverso”, na medida em que as manifestações da vida e da luta pela sobrevivência são diferentes em cada ser. O amor e seus frutos benéficos (ou não) são enfatizados de maneira sentimental e ambígua, bem com seu oposto também o é. Não pretendi, de forma alguma, relatar o fazer poético de maneira apenas bela, como muitos o fazem, mas sim da maneira real, como alguns sempre gostam de ler. Tampouco quis escrever demasiadamente culto, a fim de satisfazer a academia e excluir a grande massa da população, a quem, infelizmente, a literatura e as artes em geral atendem o mínimo possível. Esse é só um passo singelo para realizar um sonho, que é, no mínimo possível, de plantar nos corações humanos a responsabilidade com os outros e consigo mesmo. Não espero arrecadar bens materiais nem financeiros com essa singela edição ou com as próximas que podem chegar a ser impressas, mas sim ressalvar a importância que todos temos, conosco, de amar, de se expressar e de ver a beleza da vida, nas diferentes formas em que ela se apresenta. Uma boa leitura a todos! João Bonini João Henrique Bonini do Nascimento -Haicais- -I- -VI- A flor da verbena No mês de Junho Tem nas pétalas o orvalho A fogueira de São Pedro De uma noite serena. Esquenta o inverno. -II- -VII- A gota da chuva A bela cascata, Descendo pela parreira Com a escuridão da noite, Embeleza a uva. É chuva de prata. -III- -VIII- Uma folha seca, As folhas douradas No galho do Carvalho, Desprendem-se dos galhos. Espera cair no tempo... No chão, belo tapete. -IV- -IX- A flor desabrocha: Uma folha seca Entre duas rochas, Espera dançar ao vento A Primavera da vida. Com as belas aves. -V- -X- Estrelas do mar Nas flores campestres O céu na areia Borboletas coloridas Presente de sereia. Voam alegres. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Futuro Incerto- A morte, minha eterna companheira, É a única razão pela qual vivo, Pois não tenho nenhum outro motivo Para querer viver a vida inteira. A cada dia novo que amanhece Meu corpo se entristece e padece. Os vermes, os vírus e as doenças Unem-se para dar minha sentença. E, no futuro, dormirei selado Em um caixão – minha eterna prisão – com meus ossos sem as vestes da pele, e meu corpo desnudo de emoção. Não penso ser a morte um sofrimento Para aqueles que ficam ou que vão. A morte é na vida um momento De incerteza – pura ilusão. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Amor amargo- No âmago do amor eu vivo e sinto Meu coração pulsar a todo instante Batidas sem compasso e, inconstante, Atravessa-me o peito o puro instinto. No seio desse amor eu me iludo, Regozijo-me e me refaço (derradeiro) Minha voz se reprime – fico mudo, Meu corpo se estremece por inteiro... Na face desse amor, eu me entrego E vivo com a clareza da razão De que essa linda história de paixão Faz-me lembrar de ti e esquecer meu ego. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Amor proibido- Sussurros... dois jovens apaixonados; Assim, vamos vivendo nossas vidas, Delírios de um amor impossível... Repletas de sofrimento e de alegrias, Um beijo, que se torna inesquecível, Vivendo distante,unidos pela mesma dor... O choro manifesta-se, incontrolável. vivendo juntos, unidos pelo mesmo amor. Um pequeno momento (a sós): eternidade... Permite ao sofrimento intolerável Tornar o raro momento adorável Em um instante de cumplicidade. De que adianta uma vida inteira? Por que viver se não posso tocá-la? Mas vivo, por essa paixão matreira, Que me permite ao menos adorá-la. À noite, quando todos adormecem, A luz da lua, nos abençoando Nossos corações se esquecem Do tormento pelo qual estamos passando. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Andarilho solitário- Andando eu sigo, com ou sem cansaço, Para me encontrar em algum lugar. O meu Destino? Sou eu quem O traço Queria poder chegar ao meu lar. Eu ando, ando, ando, Eu comigo; Não sei de onde vim, nem aonde vou. Eu penso, penso, penso e não consigo Chegar à conclusão de quem eu sou... Quero encontrar meu elo perdido, Meu Eldorado, nunca conquistado, O Rei e a Rainha dum país Num xeque-mate inafiançável. Mas cá estou, na busca de mim mesmo, Na ânsia de um dia me encontrar; Sozinho, eu sou eu comigo mesmo E torno a andar, andar, andar... Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -ApocalipseNo céu, o fundo azul tornou-se rubro, “A maravilha que os Homens fizeram, As cores do arco-íris esmoreceram, Destruindo a vida da Mãe Natureza, A água, clara e pura, enegreceu, Deu a cada um a única certeza Tudo que tinha vida, então, morreu. De que as vossas vidas se encerravam. De dois em dois chegaram, e alados E, tal qual é a lei e a profecia, Em seus corcéis de branco e limpo pelo, Não podeis mais contar com outra sorte; Desvairavam tropas eloqüentes, Chegou tardio o esperado dia, Os quatro cavaleiros combatentes. O dia da Vida perder para a Morte”. Em um único brado se uniram As vozes dos Homens inconseqüentes. E sem dó ou piedade, simplesmente, Ceifaram as vidas, que ali pereceram. E por assim fizeram acontecer, O que há tempos vem-se avisando, Do céu, sangue começou a chover E a vermelhar a terra, anunciando: Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -As três rainhas- Ó lua, instigante sonhadora Quero lhe ter comigo, ó donzela Pois crescente é meu amor, Deusa bela, E a sua luz minha fonte inspiradora. Se cheio está seu ventre, Mãe amada, O fruto do Amor, divino rebento, Espera com fervor a hora chegada De o Seu Amor nascer – contentamento. O tempo passa, e o ciclo se completa: A Mãe, antes donzela, é anciã E o seu desejo, seu maior afã É ver a sua face nova em luz repleta. Pois nasce, do divino, o mistério: A Nova Deusa em berço estrelado E o Seu Consorte, o Seu Deus Amado Aguarda-a, para o divino matrimônio. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Às vezes...- Às vezes sento e choro. No entanto, Uma alegria vem em meu favor: Lembro-me do teu cheiro, teu calor, Que acalma e que aquece o meu pranto. Queria hoje, estar ao seu lado, Sentir novamente o seu amor, Viver as peripécias do passado, No tempo em que eu era seu amado. Sei que muito errei, e ainda erro, E hoje, errante, vago pelo mundo, Vacilante em meu constante sofrimento, Quero, da morte, ou meu salvamento. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -O espelhoO espelho de vidro repete O espelho divino é o olho A imagem que nele aparece, E o olhar sincero é transparente, A beleza que chega à sua frente, Mostra a alma, seu interior, Mas a alma ele sempre esquece. Mostra o ódio, mostra o amor. O espelho de vidro é falso, Mas cuidado, o espelho da alma Tal qual diamante que quebra Não esconde ou perdoa quem mente; Ao se deparar com o chão; O espelho mostra, simplesmente, O espelho é pura ilusão. A verdade para quem nele olhar. Para aqueles que nele acreditam, Só peço um pouco de atenção: O espelho de vidro não mostra A verdade de um coração. Se querem saber, sem confusão O que o coração de alguém guarda, Olhem para o espelho divino Que mostra a verdade da alma. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Devaneios Psicotrópicos- Olho-me no espelho- sei quem sou... Ao mesmo tempo em que não me conheço; Aguardo minha alma fugitiva retornar Com a recompensa que sempre peço. No escuro, uma luz me irradia, Deixando que eu me veja ( francamente) Há tempos não sabia quem eu era, Pois todos me chamavam de demente... Essa minha demência é estranha: Ela vem e se vai, por várias vezes, Adentra as entranhas da minh’alma; Me deixa sôfrego e depois me acalma. E cá estou, em minha demasia, Esperando eu mesmo retornar... Essa é minha eterna recompensa, Eu e minha amiga, Esquizofrenia... Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Parabéns, Mulheres (homenagem)- Mães de todos os homens do mundo, Ungem seus filhos com amor profundo. Lutadoras pela causa da igualdade, Honram seus direitos alcançados. Esperam, com paciência e tranquilidade Respeito ao seu dia dedicado. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Imaginação- As nuvens formam desenhos no céu. De vento em vento, um barco a vela, Um canário de pena amarela, Um peixe nadando no mar do céu azul anil. Um gato, bem manso, vem comer o canário... Ih! O gato fugiu! Abriram-se as portas do canil... Os desenhos das nuvens se unem E uma gota de água cai no nariz de um menino. Chuva? Não, não, é São Pedro Que está regando o girassol no céu! Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Infância- Quando eu era criança, Hoje, lembro de antes, Eu brincava de bola, Tenho tanta saudade... Eu corria na escola, Na minha inocência, Tinha mais esperança... Deus era a humanidade. Quando eu era criança, Antes, eu era puro, Eu chorava de dor, Agora sou maduro, Hoje, choro do amor, Gente da minha idade Choro de desconfiança... Não tem mais vaidade. Quando eu era pequeno, Mais velho vou ficando, Eu gritava de medo, E lembrando, e lembrando, Medo de pesadelo, Quando eu tinha esperança... Medo de levar susto. Que saudade da infância! Hoje choro de medo, Grito por sentir dor, Corro atrás do amor, Sinto um desespero... Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Insensatez- Julgam-me os erros cometidos, Atiram-me as pedras do pecado, Cobrem-me de ofensas e insultos; Fico só, no meu canto, calado. Inspiram-me a atos de luxúria, Expelem-me o veneno insensato, Tocam-me com malícia e crueldade; Nos seus olhos, vejo pura maldade. Acato a ira dos excluídos, E me deixo levar por meus impulsos: Guardo na alma sentimentos puros Que não controlam mais a minha vida. Assim, me ensinaram a viver, Mostrando-me que a vida é sofrida. Se eu tenho que fazer alguém sofrer Melhor assim, do que eu sofrer na vida. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Menino pobre- Ontem eu vi um menino Sozinho, deitado na rua; A sua única companhia Eram a noite, as estrelas e a lua. As nuvens, aos poucos se uniram; No céu, um rugido latente Anunciou a chuva atroz Que encharcou o menino doente. O menino sequer acordou, Não correu, não gritou, não gemeu, A enxurrada o menino levou E ninguém na rua percebeu. O menino não tem pai, nem mãe, Ele é filho meu, filho seu. A noite chorou tristemente Porque o pobre menino morreu. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Meu cativeiro- O que sinto não é amor, não é bem-vindo; O que sinto é dor, a dor de um coração partido. Não me chamo Homem, não tenho nome... Tenho MEDO MElancolia, DOr... Meu coração se abre ao avesso, as veias não pulsam sangue: Expelem veneno! A nostalgia toma conta de mim (Há tempos não me sentia assim...) Levanto, lavo a cara e me olho no espelho. Nada. Uma voz grave me diz: “Anda, assopra a poeira, Retira a coleira, faça o que sempre quis...” Ouço, mas não te vejo. Ouço apenas. Ouço... Corro, o quanto posso, antes que o cansaço me siga e me vença. Me libertei de mim, para ser escravo eterno do Tempo... Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Não te amo...- Não te amo mais. Mas, mesmo que eu te amasse, Não deixaria que passasse Um minuto a minha vida sem te ver. Não, não te amo, Não sinto mais aquele amor profano Que me fez tanto querer viver, viver... Não, não penso mais em ti, Pois desde o momento em que eu parti A minha vida só tem o sentido da idade. Hoje, já esqueci minha vaidade, E, se eu te ver novamente, Corro esperançoso, loucamente Para o amor que eu nunca mais vivi... Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -O mundo contemporâneo- As matas não são mais verdes, Os rios não tem mais água Os pássaros não estão mais contentes E não voam alegres n’Alvorada. O céu não é mais azul, As estrelas não brilham como antes. O ar, para poder ser respirado, Deve antes ser purificado e reciclado. O verde hoje é dos Homens, e não das árvores, Deus brincou de criar o Homem, E o Homem brincou de ser o criador de Deus. Até o colorido arco-íris hoje é monocromático... E do princípio se fez o Fim... Homens, troquem a cor do mundo para as cores de outrora, Troquem seu sangue cinza por um sangue carmim; Ah! Como eu gostaria de ver alegres os pássaros na aurora... Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -O relógio- TIC TAC O TIC TAC T TAC TIC E TIC TAC M TAC TIC P TIC TAC C O RRE, VOA... TAC TIC TAC TIC TIC TAC TAC TIC TIC TAC Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -O tempo- Tempo passa, passa tempo, passa dia, passa hora Bem depressa, vem chegando, eu preciso ir embora Uma hora, um minuto, um segundo, não demora Tempo passa, passa ontem, passa hoje, passa agora Vou correndo, vou depressa, vou chegar em um minuto Já me canso, ando manso, eu descanso, que alegria! Passa tempo Passa temp... Passa tem... Passa te... Passa t... Passa... Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Oração da clemência divina- Senhor, venho humildemente pedir Que suas bênçãos toquem meu coração Que eu possa perdoar o meu irmão Que humanamente veio a me agredir. Senhor, que o alimento deste dia Possa estar repleto em minha mesa Para que eu possa, com certeza Reparti-lo a todos, com alegria. Pai peço-Lhe o bom discernimento Para que eu possa, sem tormento Escolher o meu caminho corretamente. E peço, Pai, se meu fardo pesado for Que o Senhor me cubra com Seu amor, Para que minha cruz eu possa carregar. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Reminiscências astrais- Nos campos de verdes arvoredos Outrora visão primaveril Se enxerga o tom vivo rubro Ao final do mês de Outubro. Cernunnos, antes viril jovem Agora no círculo estava rodeado de seu sangue puro pois uma adaga em seu peito ele próprio enfiara. O mundo tomou-se vazio, O sol escondeu-se do dia. Ao longe, uma moça olhava: o Consorte da Deusa morria. Seis meses longos se passaram E no início de Beltain Um novo Cornudo nascia do ventre da Deusa no além. O Sol voltou a brilhar, A Terra esbanjava fartura, A Deusa voltou a sorrir e o Deus renasceu com bravura. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Silêncio TotalNão falo, Não grito, Não urro, Mas sinto a dor que enlouquece meus iguais. Digo do meu jeito, a sensação de ser viva, O viver de cada dia, experiência única. Não falo meus pensamentos, mas os transmito a outros. Não digo que não gostei, mas me faço entender. Não escuto o barulho da chuva, Mas sei a sensação que tens quando a água cai à minha face; Não ouço o estrondo dos trovões, Mas sei o arrepio que causam quando vejo sua luz; Não sei qual é o som do mar, das águas batendo nas rochas, Nem do pequeno mar escondido dentro de uma concha, Mas sei qual é a sensação quando sinto a brisa marítima. Não grito a dor, mas a percebo; Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento Não digo palavras, mas me comunico. A voz que clama por justiça, essa eu tenho. A voz rouca que grita o final da guerra, da fome, da miséria, Da política suja e perversa... Essa voz eu solto. Essa voz que grita por esperança Essas sangram minhas mãos, que não param de lamentar meu silêncio Mostrando minha indignação pelo que vejo. No silêncio que vivo, percebo os mesmos problemas, os mesmos sintomas, Os mesmos devaneios, os mesmos hematomas... Mas não uso palavras para me expressar: Uso a voz do coração. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Soneto da declaração- Eu te amo, e por isso estou triste; Por que meu coração está vagando Assim, eu fico triste, lamentando, Porque será que esse amor persiste? Esse amor, que em minha vida insiste A fechar os caminhos por onde ando, Me traz angústia e dor, mas vou levando Essa minha sina, que não desiste. E, quando penso que a cura está próxima, Que finalmente esse amor vai perecer, Transformo-me na minha própria vítima; Peço a Deus, que Ele tenha piedade, Que eu quero, com toda sinceridade, Uma chance, para ao seu lado viver. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Soneto da revelação- Sepulcros abertos, tumbas violadas, Angústias e dores, vozes veladas, Sôfregas lágrimas, mortes, horrores, Calafrios, feridas, doenças, terrores... Anjos das trevas, criaturas aladas, Suspiro ofegante – bocas caladas; Sem teto, sem chão, na Terra tremores... Céu sem arco-íris – mundo sem cores... Sombras na noite, gemido estridente, Pedidos, clemências, rezas profanas, Revolta com ódio de almas levianas; Chuva de sangue, pecado latente, Rostos sofridos, corações atrozes... Fuga da alma – sentimentos algozes. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Soneto da solidão- Meu peito se cala de sofrimento; Minha vida não tem nenhum sentido. Por mais amor que eu já tenha vivido Essa paixão tornou-se meu tormento. Se eu soubesse que esse mau sentimento Tornaria minha vida tão sofrida, Não deixaria essa paixão tão contida Deixar meu coração sem batimento. Como minha vida não tem destino, Eu caminho, andando, tão peregrino Como os ciganos que estão de passagem. Sigo sozinho, nessa eterna viagem Esperando te ver como miragem Nesse deserto, onde eu me desatino. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Soneto do amante perdido- A lágrima que solto (gota rara) É leve, doce, caloroso pranto, Tristeza que me alegra e que me agrada, Suspiro que me lembra teus encantos. O choro,que hoje me mantém vivo, Há tempos não corria por meu rosto E, qual a flor, que nasce por um broto, Me alimenta, mas me deixa inativo. Eu peço, a Deus-Pai, Todo-Poderoso, Que se algum desejo for me conceder, Antes que a vida se transforme em morte, Deixe-me um só minuto orgulhoso, Revigore-me, na última sorte, A dádiva de em teu lado perecer. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Soneto do amor puro e incondicional- Os olhos da sua alma me refletem O s sonhos e desejos alcançados, Os sentimentos puros e trocados, E quais os corações nunca esquecem. A lágrima que hoje me derrama Os olhos são de meu contentamento Por sentir o mais puro sentimento Do amor belo e divino de quem ama. E, antes, eu que sofria por amá-la, Sofria por não lhe saber como dizer, Sofria por pensar em te fazer sofrer... Sei que, se eu viver bem intensamente, Nosso amor, puro, belo, certamente Terei a minha chance de conquistá-la. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Soneto pela paz mundial- Sinto a mesma dor que muitas mães sentem Ao ver que seus filhos estão chorando, Pois em muitas guerras estão matando Inocentes, pela ira dos que mentem. Choro como um órfão, que seu pai perdeu Ou como um filho que está desolado; Como uma esposa que não tem ao lado O seu marido, que na guerra morreu. A justiça com a morte não se faz, Derramando sangue por toda parte, Deixando a cada um a sua própria sorte; Desejo aos meus irmãos, de todo o mundo, Com meu sentimento de amor profundo Que os seres humanos vivam em PAZ. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Sopro da vida- Sofro com o despertar dos inocentes. Choro, com as lágrimas dos desesperançados. Evito o dia para não ter que ver a noite. (Onde se encontra o amanhã?) Escuto gritos de dor, mas não os conheço. Ouço súplicas, mas sempre as esqueço. Sento, acendo um cigarro e espero, Espero a sorte trazer o que eu quero... Minha vida? Essa eu já esqueci Desde o momento de meu nascimento, Que foi o dia do meu maior tormento, Pois nascendo, eu morri e pereci. Eu me encosto e meus olhos se cerram De angústia, de agonia e de dor. Minha “vida” e minha sorte se encerram Pois, na “vida” nunca tive um grande amor. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Sorte contráriaNoite escura, Clara lua, Duas sombras. Duas figuras andarilham na noite pérfida. Perambulam com andar transfigurado, sonolentos Esguiam-se mutuamente e, de momento a momento, Voltam-se para a rua, solitárias companhias. O andar grotesco indica a petulância, a miséria, Que esses animais sofrem no cotidiano. Aguardam ansiosos, ano a ano, Que a sorte lhes traga boas novas. O tempo passa, ou se passa pelo tempo Com ligeira rapidez e esquecimento. Esses pobres infelizes não eram animais Eram pessoas esperando a cerração dos olhos de seus tormentos. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento Lágrimas na Lua, Céu sem escuridão, O cosmos chora o revés dos filhos; Esperança... Nas poças enlameadas se encontra o melhor dos espelhos, Não aquele feito pelo homem, mas o verdadeiro da natureza des”humana”: O espelho da alma. Ao olharem, as criaturas encontram duas sombras horrendas Com resquícios mínimos de humanidade, filhos das trevas E filhos dos pais que os fizeram e não assumiram paternidade Esses monstros, meus amigos, são irmãos nossos, Crias da gestação abortiva Da Sociedade... Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Tributo aos poetas- O poeta é artista, É urbanista, no êxodo rural. O poeta é a canção do silêncio dito em palavras; É o escultor da pedra bruta do léxico. Poesia é amar ao belo, ao bruto; Ser poeta é o mesmo que um arquiteto Que tira da terra a moradia (da alma) O Poeta é um pintor divino, Que faz do papel a sua tela e da pena o seu pincel. A tinta do quadro do poeta são as palavras, Que organizadas refazem a criação do Criador. O poeta é o Deus das palavras. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Vale da morte- Chegando ao Vale da Morte, Chegou ao fim a minha vida, Deparei-me com grande mistério: E talvez o início da sorte. No céu ou no inferno eu não estava; Quem sabe, nessa nova “vida” Estava preso no cemitério. Eu tenho mais sorte na morte? Não tinha o corpo de carne Pois os vermes o consumiram. O que me restou dessa vida Foi a dor pela triste partida. Os anjos barrocos fitavam O meu ser, alma perecida E o ódio que enegrecia O pouco da vida que restava. As tumbas, sepulcros palácios, Abriam-se com meu andar. Os povos que ali residiam Ao meu redor, se acumulavam. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Vida- Vida ida Vida ainda Vida finda, Finda, vida. Vida linda É vida vivida, Vida valente, Vida contente. Vida doente É vida sofrida, Vida perdida, Vida deprimente. Vida carente, Vida sem gente, Vida maldita, Vida sentida. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento Vida despida, Vida caída, Vida falida, Vida dividida, Vida bendita, Vida excelente, Vida forte, Viva a vida! Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Concepção- Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -A vida passa- A vida passa, o tempo passa, a uva passa... A vida passa pelo tempo ou o tempo passa pela vida? O tempo passa pela vida passada da uva passa. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Loucura do tempo- O céu está nublado? Metade do céu está, E metade está ensolarado. Uni-versos Poéticos João Henrique Bonini do Nascimento -Ódio doido- Ódio doido, doído, doente. Ódio, doença de doido? Decadência... Ódio, doença da desavença! Uni-versos Poéticos -Sobre o autor- João Henrique Bonini do Nascimento nasceu em São Paulo, no ano de 1985. Em 1996 mudou para a cidade de Marília, interior do mesmo estado, onde permanece até os dias de hoje. Formado em Letras e cursando pós graduação em Libras – Língua Brasileira de Sinais, é professor da Rede Pública Estadual de Ensino, lecionando as disciplinas de Língua Portuguesa e Lingua Inglesa e atuando também como Professor Interlocutor de Libras em salas de aulas inclusivas, que tem alunos surdos. Poeta e escritor mariliense, participa do Clube dos Poetas, iniciativa das Lojas Milani, na cidade. Tem como primeiro trabalho esse e-book, que será também divulgado em versão impressa. -Índice Remissivo- Poema Haicais............................................................................................ Futuro incerto............................................................................. Amor amargo................................................................................. Amor proibido............................................................................... Andarilho solitário.................................................................... Apocalipse..................................................................................... As três rainhas............................................................................ Às vezes.......................................................................................... O espelho....................................................................................... Devaneios psicotrópicos............................................................ Parabéns mulheres (homenagem)............................................. Imaginação..................................................................................... Infância.......................................................................................... Insensatez..................................................................................... Menino pobre................................................................................ Meu cativeiro................................................................................ Não te amo..................................................................................... O mundo contemporâneo............................................................ O relógio........................................................................................ O tempo........................................................................................... Oração da clemência divina...................................................... Reminiscências astrais............................................................... Silêncio total............................................................................... Soneto da declaração................................................................ Soneto da revelação.................................................................. Soneto da solidão........................................................................ Soneto do amante perdido......................................................... Soneto do amor puro e incondicional..................................... Soneto pela paz mundial............................................................ Sopro da vida................................................................................ Sorte contrária........................................................................... Tributo aos poetas...................................................................... Vale da morte............................................................................... Vida................................................................................................. Concepção..................................................................................... A vida passa................................................................................... Loucura do tempo........................................................................ Ódio doido...................................................................................... Sobre o autor............................................................................... pág 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 29 30 31 32 33 34 35 36 38 39 40 42 43 44 45 46