João Henrique Bonini do Nascimento
Uni-Versos
Poéticos
Coletânea de Poesias
Editora Independente
Uni-Versos Poéticos: Poesia / João Henrique Bonini do Nascimento. Marília:
Edição independente, 2011.
1. Literatura brasileira. 2. Poesia brasileira. 3. Poesia contemporânea.
I. Autor. II. Título.
-Prefácio-
Nas próximas páginas, um misto de vivências cotidianas se faz arte.
O medo da vida e da morte, as angústias da sobrevida do ser humano, o belo e
o grotesco, o divino e o profano. O universo, aqui manifestado, deixa de ser
uno, na semelhança do ser, para se mostrar “pluriverso”, na medida em que as
manifestações da vida e da luta pela sobrevivência são diferentes em cada ser.
O amor e seus frutos benéficos (ou não) são enfatizados de maneira
sentimental e ambígua, bem com seu oposto também o é. Não pretendi, de
forma alguma, relatar o fazer poético de maneira apenas bela, como muitos o
fazem, mas sim da maneira real, como alguns sempre gostam de ler.
Tampouco quis escrever demasiadamente culto, a fim de satisfazer a academia
e excluir a grande massa da população, a quem, infelizmente, a literatura e as
artes em geral atendem o mínimo possível.
Esse é só um passo singelo para realizar um sonho, que é, no
mínimo possível, de plantar nos corações humanos a responsabilidade com os
outros e consigo mesmo. Não espero arrecadar bens materiais nem financeiros
com essa singela edição ou com as próximas que podem chegar a ser
impressas, mas sim ressalvar a importância que todos temos, conosco, de
amar, de se expressar e de ver a beleza da vida, nas diferentes formas em que
ela se apresenta. Uma boa leitura a todos!
João Bonini
João Henrique Bonini do Nascimento
-Haicais-
-I-
-VI-
A flor da verbena
No mês de Junho
Tem nas pétalas o orvalho
A fogueira de São Pedro
De uma noite serena.
Esquenta o inverno.
-II-
-VII-
A gota da chuva
A bela cascata,
Descendo pela parreira
Com a escuridão da noite,
Embeleza a uva.
É chuva de prata.
-III-
-VIII-
Uma folha seca,
As folhas douradas
No galho do Carvalho,
Desprendem-se dos galhos.
Espera cair no tempo...
No chão, belo tapete.
-IV-
-IX-
A flor desabrocha:
Uma folha seca
Entre duas rochas,
Espera dançar ao vento
A Primavera da vida.
Com as belas aves.
-V-
-X-
Estrelas do mar
Nas flores campestres
O céu na areia
Borboletas coloridas
Presente de sereia.
Voam alegres.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Futuro Incerto-
A morte, minha eterna companheira,
É a única razão pela qual vivo,
Pois não tenho nenhum outro motivo
Para querer viver a vida inteira.
A cada dia novo que amanhece
Meu corpo se entristece e padece.
Os vermes, os vírus e as doenças
Unem-se para dar minha sentença.
E, no futuro, dormirei selado
Em um caixão – minha eterna prisão –
com meus ossos sem as vestes da pele,
e meu corpo desnudo de emoção.
Não penso ser a morte um sofrimento
Para aqueles que ficam ou que vão.
A morte é na vida um momento
De incerteza – pura ilusão.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Amor amargo-
No âmago do amor eu vivo e sinto
Meu coração pulsar a todo instante
Batidas sem compasso e, inconstante,
Atravessa-me o peito o puro instinto.
No seio desse amor eu me iludo,
Regozijo-me e me refaço (derradeiro)
Minha voz se reprime – fico mudo,
Meu corpo se estremece por inteiro...
Na face desse amor, eu me entrego
E vivo com a clareza da razão
De que essa linda história de paixão
Faz-me lembrar de ti e esquecer meu ego.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Amor proibido-
Sussurros... dois jovens apaixonados;
Assim, vamos vivendo nossas vidas,
Delírios de um amor impossível...
Repletas de sofrimento e de alegrias,
Um beijo, que se torna inesquecível,
Vivendo distante,unidos pela mesma dor...
O choro manifesta-se, incontrolável.
vivendo juntos, unidos pelo mesmo amor.
Um pequeno momento (a sós): eternidade...
Permite ao sofrimento intolerável
Tornar o raro momento adorável
Em um instante de cumplicidade.
De que adianta uma vida inteira?
Por que viver se não posso tocá-la?
Mas vivo, por essa paixão matreira,
Que me permite ao menos adorá-la.
À noite, quando todos adormecem,
A luz da lua, nos abençoando
Nossos corações se esquecem
Do tormento pelo qual estamos passando.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Andarilho solitário-
Andando eu sigo, com ou sem cansaço,
Para me encontrar em algum lugar.
O meu Destino? Sou eu quem O traço
Queria poder chegar ao meu lar.
Eu ando, ando, ando, Eu comigo;
Não sei de onde vim, nem aonde vou.
Eu penso, penso, penso e não consigo
Chegar à conclusão de quem eu sou...
Quero encontrar meu elo perdido,
Meu Eldorado, nunca conquistado,
O Rei e a Rainha dum país
Num xeque-mate inafiançável.
Mas cá estou, na busca de mim mesmo,
Na ânsia de um dia me encontrar;
Sozinho, eu sou eu comigo mesmo
E torno a andar, andar, andar...
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-ApocalipseNo céu, o fundo azul tornou-se rubro,
“A maravilha que os Homens fizeram,
As cores do arco-íris esmoreceram,
Destruindo a vida da Mãe Natureza,
A água, clara e pura, enegreceu,
Deu a cada um a única certeza
Tudo que tinha vida, então, morreu.
De que as vossas vidas se encerravam.
De dois em dois chegaram, e alados
E, tal qual é a lei e a profecia,
Em seus corcéis de branco e limpo pelo,
Não podeis mais contar com outra sorte;
Desvairavam tropas eloqüentes,
Chegou tardio o esperado dia,
Os quatro cavaleiros combatentes.
O dia da Vida perder para a Morte”.
Em um único brado se uniram
As vozes dos Homens inconseqüentes.
E sem dó ou piedade, simplesmente,
Ceifaram as vidas, que ali pereceram.
E por assim fizeram acontecer,
O que há tempos vem-se avisando,
Do céu, sangue começou a chover
E a vermelhar a terra, anunciando:
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-As três rainhas-
Ó lua, instigante sonhadora
Quero lhe ter comigo, ó donzela
Pois crescente é meu amor, Deusa bela,
E a sua luz minha fonte inspiradora.
Se cheio está seu ventre, Mãe amada,
O fruto do Amor, divino rebento,
Espera com fervor a hora chegada
De o Seu Amor nascer – contentamento.
O tempo passa, e o ciclo se completa:
A Mãe, antes donzela, é anciã
E o seu desejo, seu maior afã
É ver a sua face nova em luz repleta.
Pois nasce, do divino, o mistério:
A Nova Deusa em berço estrelado
E o Seu Consorte, o Seu Deus Amado
Aguarda-a, para o divino matrimônio.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Às vezes...-
Às vezes sento e choro. No entanto,
Uma alegria vem em meu favor:
Lembro-me do teu cheiro, teu calor,
Que acalma e que aquece o meu pranto.
Queria hoje, estar ao seu lado,
Sentir novamente o seu amor,
Viver as peripécias do passado,
No tempo em que eu era seu amado.
Sei que muito errei, e ainda erro,
E hoje, errante, vago pelo mundo,
Vacilante em meu constante sofrimento,
Quero, da morte, ou meu salvamento.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-O espelhoO espelho de vidro repete
O espelho divino é o olho
A imagem que nele aparece,
E o olhar sincero é transparente,
A beleza que chega à sua frente,
Mostra a alma, seu interior,
Mas a alma ele sempre esquece.
Mostra o ódio, mostra o amor.
O espelho de vidro é falso,
Mas cuidado, o espelho da alma
Tal qual diamante que quebra
Não esconde ou perdoa quem mente;
Ao se deparar com o chão;
O espelho mostra, simplesmente,
O espelho é pura ilusão.
A verdade para quem nele olhar.
Para aqueles que nele acreditam,
Só peço um pouco de atenção:
O espelho de vidro não mostra
A verdade de um coração.
Se querem saber, sem confusão
O que o coração de alguém guarda,
Olhem para o espelho divino
Que mostra a verdade da alma.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Devaneios Psicotrópicos-
Olho-me no espelho- sei quem sou...
Ao mesmo tempo em que não me conheço;
Aguardo minha alma fugitiva retornar
Com a recompensa que sempre peço.
No escuro, uma luz me irradia,
Deixando que eu me veja ( francamente)
Há tempos não sabia quem eu era,
Pois todos me chamavam de demente...
Essa minha demência é estranha:
Ela vem e se vai, por várias vezes,
Adentra as entranhas da minh’alma;
Me deixa sôfrego e depois me acalma.
E cá estou, em minha demasia,
Esperando eu mesmo retornar...
Essa é minha eterna recompensa,
Eu e minha amiga, Esquizofrenia...
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Parabéns, Mulheres (homenagem)-
Mães de todos os homens do mundo,
Ungem seus filhos com amor profundo.
Lutadoras pela causa da igualdade,
Honram seus direitos alcançados.
Esperam, com paciência e tranquilidade
Respeito ao seu dia dedicado.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Imaginação-
As nuvens formam desenhos no céu.
De vento em vento, um barco a vela,
Um canário de pena amarela,
Um peixe nadando no mar do céu azul anil.
Um gato, bem manso, vem comer o canário...
Ih! O gato fugiu!
Abriram-se as portas do canil...
Os desenhos das nuvens se unem
E uma gota de água cai no nariz de um menino.
Chuva? Não, não, é São Pedro
Que está regando o girassol no céu!
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Infância-
Quando eu era criança,
Hoje, lembro de antes,
Eu brincava de bola,
Tenho tanta saudade...
Eu corria na escola,
Na minha inocência,
Tinha mais esperança...
Deus era a humanidade.
Quando eu era criança,
Antes, eu era puro,
Eu chorava de dor,
Agora sou maduro,
Hoje, choro do amor,
Gente da minha idade
Choro de desconfiança...
Não tem mais vaidade.
Quando eu era pequeno,
Mais velho vou ficando,
Eu gritava de medo,
E lembrando, e lembrando,
Medo de pesadelo,
Quando eu tinha esperança...
Medo de levar susto.
Que saudade da infância!
Hoje choro de medo,
Grito por sentir dor,
Corro atrás do amor,
Sinto um desespero...
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Insensatez-
Julgam-me os erros cometidos,
Atiram-me as pedras do pecado,
Cobrem-me de ofensas e insultos;
Fico só, no meu canto, calado.
Inspiram-me a atos de luxúria,
Expelem-me o veneno insensato,
Tocam-me com malícia e crueldade;
Nos seus olhos, vejo pura maldade.
Acato a ira dos excluídos,
E me deixo levar por meus impulsos:
Guardo na alma sentimentos puros
Que não controlam mais a minha vida.
Assim, me ensinaram a viver,
Mostrando-me que a vida é sofrida.
Se eu tenho que fazer alguém sofrer
Melhor assim, do que eu sofrer na vida.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Menino pobre-
Ontem eu vi um menino
Sozinho, deitado na rua;
A sua única companhia
Eram a noite, as estrelas e a lua.
As nuvens, aos poucos se uniram;
No céu, um rugido latente
Anunciou a chuva atroz
Que encharcou o menino doente.
O menino sequer acordou,
Não correu, não gritou, não gemeu,
A enxurrada o menino levou
E ninguém na rua percebeu.
O menino não tem pai, nem mãe,
Ele é filho meu, filho seu.
A noite chorou tristemente
Porque o pobre menino morreu.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Meu cativeiro-
O que sinto não é amor, não é bem-vindo;
O que sinto é dor, a dor de um coração partido.
Não me chamo Homem, não tenho nome...
Tenho MEDO
MElancolia,
DOr...
Meu coração se abre ao avesso, as veias não pulsam sangue:
Expelem veneno!
A nostalgia toma conta de mim
(Há tempos não me sentia assim...)
Levanto, lavo a cara e me olho no espelho. Nada.
Uma voz grave me diz: “Anda, assopra a poeira,
Retira a coleira, faça o que sempre quis...”
Ouço, mas não te vejo. Ouço apenas. Ouço...
Corro, o quanto posso, antes que o cansaço me siga e me vença.
Me libertei de mim, para ser escravo eterno do Tempo...
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Não te amo...-
Não te amo mais.
Mas, mesmo que eu te amasse,
Não deixaria que passasse
Um minuto a minha vida sem te ver.
Não, não te amo,
Não sinto mais aquele amor profano
Que me fez tanto querer viver, viver...
Não, não penso mais em ti,
Pois desde o momento em que eu parti
A minha vida só tem o sentido da idade.
Hoje, já esqueci minha vaidade,
E, se eu te ver novamente,
Corro esperançoso, loucamente
Para o amor que eu nunca mais vivi...
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-O mundo contemporâneo-
As matas não são mais verdes,
Os rios não tem mais água
Os pássaros não estão mais contentes
E não voam alegres n’Alvorada.
O céu não é mais azul,
As estrelas não brilham como antes.
O ar, para poder ser respirado,
Deve antes ser purificado e reciclado.
O verde hoje é dos Homens, e não das árvores,
Deus brincou de criar o Homem,
E o Homem brincou de ser o criador de Deus.
Até o colorido arco-íris hoje é monocromático...
E do princípio se fez o Fim...
Homens, troquem a cor do mundo para as cores de outrora,
Troquem seu sangue cinza por um sangue carmim;
Ah! Como eu gostaria de ver alegres os pássaros na aurora...
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-O relógio-
TIC
TAC O
TIC
TAC
T
TAC
TIC
E
TIC
TAC
M
TAC
TIC
P
TIC
TAC
C O RRE, VOA...
TAC
TIC
TAC
TIC
TIC
TAC
TAC
TIC
TIC
TAC
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-O tempo-
Tempo passa, passa tempo, passa dia, passa hora
Bem depressa, vem chegando, eu preciso ir embora
Uma hora, um minuto, um segundo, não demora
Tempo passa, passa ontem, passa hoje, passa agora
Vou correndo, vou depressa, vou chegar em um minuto
Já me canso, ando manso, eu descanso, que alegria!
Passa tempo
Passa temp...
Passa tem...
Passa te...
Passa t...
Passa...
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Oração da clemência divina-
Senhor, venho humildemente pedir
Que suas bênçãos toquem meu coração
Que eu possa perdoar o meu irmão
Que humanamente veio a me agredir.
Senhor, que o alimento deste dia
Possa estar repleto em minha mesa
Para que eu possa, com certeza
Reparti-lo a todos, com alegria.
Pai peço-Lhe o bom discernimento
Para que eu possa, sem tormento
Escolher o meu caminho corretamente.
E peço, Pai, se meu fardo pesado for
Que o Senhor me cubra com Seu amor,
Para que minha cruz eu possa carregar.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Reminiscências astrais-
Nos campos de verdes arvoredos
Outrora visão primaveril
Se enxerga o tom vivo rubro
Ao final do mês de Outubro.
Cernunnos, antes viril jovem
Agora no círculo estava
rodeado de seu sangue puro
pois uma adaga em seu peito ele próprio enfiara.
O mundo tomou-se vazio,
O sol escondeu-se do dia.
Ao longe, uma moça olhava:
o Consorte da Deusa morria.
Seis meses longos se passaram
E no início de Beltain
Um novo Cornudo nascia
do ventre da Deusa no além.
O Sol voltou a brilhar,
A Terra esbanjava fartura,
A Deusa voltou a sorrir
e o Deus renasceu com bravura.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Silêncio TotalNão falo,
Não grito,
Não urro,
Mas sinto a dor que enlouquece meus iguais.
Digo do meu jeito, a sensação de ser viva,
O viver de cada dia, experiência única.
Não falo meus pensamentos, mas os transmito a outros.
Não digo que não gostei, mas me faço entender.
Não escuto o barulho da chuva,
Mas sei a sensação que tens quando a água cai à minha face;
Não ouço o estrondo dos trovões,
Mas sei o arrepio que causam quando vejo sua luz;
Não sei qual é o som do mar, das águas batendo nas rochas,
Nem do pequeno mar escondido dentro de uma concha,
Mas sei qual é a sensação quando sinto a brisa marítima.
Não grito a dor, mas a percebo;
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
Não digo palavras, mas me comunico.
A voz que clama por justiça, essa eu tenho.
A voz rouca que grita o final da guerra, da fome, da miséria,
Da política suja e perversa...
Essa voz eu solto.
Essa voz que grita por esperança
Essas sangram minhas mãos, que não param de lamentar meu silêncio
Mostrando minha indignação pelo que vejo.
No silêncio que vivo, percebo os mesmos problemas, os mesmos sintomas,
Os mesmos devaneios, os mesmos hematomas...
Mas não uso palavras para me expressar:
Uso a voz do coração.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Soneto da declaração-
Eu te amo, e por isso estou triste;
Por que meu coração está vagando
Assim, eu fico triste, lamentando,
Porque será que esse amor persiste?
Esse amor, que em minha vida insiste
A fechar os caminhos por onde ando,
Me traz angústia e dor, mas vou levando
Essa minha sina, que não desiste.
E, quando penso que a cura está próxima,
Que finalmente esse amor vai perecer,
Transformo-me na minha própria vítima;
Peço a Deus, que Ele tenha piedade,
Que eu quero, com toda sinceridade,
Uma chance, para ao seu lado viver.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Soneto da revelação-
Sepulcros abertos, tumbas violadas,
Angústias e dores, vozes veladas,
Sôfregas lágrimas, mortes, horrores,
Calafrios, feridas, doenças, terrores...
Anjos das trevas, criaturas aladas,
Suspiro ofegante – bocas caladas;
Sem teto, sem chão, na Terra tremores...
Céu sem arco-íris – mundo sem cores...
Sombras na noite, gemido estridente,
Pedidos, clemências, rezas profanas,
Revolta com ódio de almas levianas;
Chuva de sangue, pecado latente,
Rostos sofridos, corações atrozes...
Fuga da alma – sentimentos algozes.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Soneto da solidão-
Meu peito se cala de sofrimento;
Minha vida não tem nenhum sentido.
Por mais amor que eu já tenha vivido
Essa paixão tornou-se meu tormento.
Se eu soubesse que esse mau sentimento
Tornaria minha vida tão sofrida,
Não deixaria essa paixão tão contida
Deixar meu coração sem batimento.
Como minha vida não tem destino,
Eu caminho, andando, tão peregrino
Como os ciganos que estão de passagem.
Sigo sozinho, nessa eterna viagem
Esperando te ver como miragem
Nesse deserto, onde eu me desatino.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Soneto do amante perdido-
A lágrima que solto (gota rara)
É leve, doce, caloroso pranto,
Tristeza que me alegra e que me agrada,
Suspiro que me lembra teus encantos.
O choro,que hoje me mantém vivo,
Há tempos não corria por meu rosto
E, qual a flor, que nasce por um broto,
Me alimenta, mas me deixa inativo.
Eu peço, a Deus-Pai, Todo-Poderoso,
Que se algum desejo for me conceder,
Antes que a vida se transforme em morte,
Deixe-me um só minuto orgulhoso,
Revigore-me, na última sorte,
A dádiva de em teu lado perecer.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Soneto do amor puro e incondicional-
Os olhos da sua alma me refletem
O s sonhos e desejos alcançados,
Os sentimentos puros e trocados,
E quais os corações nunca esquecem.
A lágrima que hoje me derrama
Os olhos são de meu contentamento
Por sentir o mais puro sentimento
Do amor belo e divino de quem ama.
E, antes, eu que sofria por amá-la,
Sofria por não lhe saber como dizer,
Sofria por pensar em te fazer sofrer...
Sei que, se eu viver bem intensamente,
Nosso amor, puro, belo, certamente
Terei a minha chance de conquistá-la.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Soneto pela paz mundial-
Sinto a mesma dor que muitas mães sentem
Ao ver que seus filhos estão chorando,
Pois em muitas guerras estão matando
Inocentes, pela ira dos que mentem.
Choro como um órfão, que seu pai perdeu
Ou como um filho que está desolado;
Como uma esposa que não tem ao lado
O seu marido, que na guerra morreu.
A justiça com a morte não se faz,
Derramando sangue por toda parte,
Deixando a cada um a sua própria sorte;
Desejo aos meus irmãos, de todo o mundo,
Com meu sentimento de amor profundo
Que os seres humanos vivam em PAZ.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Sopro da vida-
Sofro com o despertar dos inocentes.
Choro, com as lágrimas dos desesperançados.
Evito o dia para não ter que ver a noite.
(Onde se encontra o amanhã?)
Escuto gritos de dor, mas não os conheço.
Ouço súplicas, mas sempre as esqueço.
Sento, acendo um cigarro e espero,
Espero a sorte trazer o que eu quero...
Minha vida? Essa eu já esqueci
Desde o momento de meu nascimento,
Que foi o dia do meu maior tormento,
Pois nascendo, eu morri e pereci.
Eu me encosto e meus olhos se cerram
De angústia, de agonia e de dor.
Minha “vida” e minha sorte se encerram
Pois, na “vida” nunca tive um grande amor.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Sorte contráriaNoite escura,
Clara lua,
Duas sombras.
Duas figuras andarilham na noite pérfida.
Perambulam com andar transfigurado, sonolentos
Esguiam-se mutuamente e, de momento a momento,
Voltam-se para a rua, solitárias companhias.
O andar grotesco indica a petulância, a miséria,
Que esses animais sofrem no cotidiano.
Aguardam ansiosos, ano a ano,
Que a sorte lhes traga boas novas.
O tempo passa, ou se passa pelo tempo
Com ligeira rapidez e esquecimento.
Esses pobres infelizes não eram animais
Eram pessoas esperando a cerração dos olhos de seus tormentos.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
Lágrimas na Lua,
Céu sem escuridão,
O cosmos chora o revés dos filhos;
Esperança...
Nas poças enlameadas se encontra o melhor dos espelhos,
Não aquele feito pelo homem, mas o verdadeiro da natureza des”humana”:
O espelho da alma.
Ao olharem, as criaturas encontram duas sombras horrendas
Com resquícios mínimos de humanidade, filhos das trevas
E filhos dos pais que os fizeram e não assumiram paternidade
Esses monstros, meus amigos, são irmãos nossos,
Crias da gestação abortiva
Da Sociedade...
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Tributo aos poetas-
O poeta é artista,
É urbanista, no êxodo rural.
O poeta é a canção do silêncio dito em palavras;
É o escultor da pedra bruta do léxico.
Poesia é amar ao belo, ao bruto;
Ser poeta é o mesmo que um arquiteto
Que tira da terra a moradia (da alma)
O Poeta é um pintor divino,
Que faz do papel a sua tela e da pena o seu pincel.
A tinta do quadro do poeta são as palavras,
Que organizadas refazem a criação do Criador.
O poeta é o Deus das palavras.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Vale da morte-
Chegando ao Vale da Morte,
Chegou ao fim a minha vida,
Deparei-me com grande mistério:
E talvez o início da sorte.
No céu ou no inferno eu não estava;
Quem sabe, nessa nova “vida”
Estava preso no cemitério.
Eu tenho mais sorte na morte?
Não tinha o corpo de carne
Pois os vermes o consumiram.
O que me restou dessa vida
Foi a dor pela triste partida.
Os anjos barrocos fitavam
O meu ser, alma perecida
E o ódio que enegrecia
O pouco da vida que restava.
As tumbas, sepulcros palácios,
Abriam-se com meu andar.
Os povos que ali residiam
Ao meu redor, se acumulavam.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Vida-
Vida ida
Vida ainda
Vida finda,
Finda, vida.
Vida linda
É vida vivida,
Vida valente,
Vida contente.
Vida doente
É vida sofrida,
Vida perdida,
Vida deprimente.
Vida carente,
Vida sem gente,
Vida maldita,
Vida sentida.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
Vida despida,
Vida caída,
Vida falida,
Vida dividida,
Vida bendita,
Vida excelente,
Vida forte,
Viva a vida!
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Concepção-
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-A vida passa-
A vida passa, o tempo passa, a uva passa...
A vida passa pelo tempo ou o tempo passa pela vida?
O tempo passa pela vida passada da uva passa.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Loucura do tempo-
O céu está nublado?
Metade do céu está,
E metade está ensolarado.
Uni-versos Poéticos
João Henrique Bonini do Nascimento
-Ódio doido-
Ódio doido, doído, doente.
Ódio, doença de doido?
Decadência...
Ódio, doença da desavença!
Uni-versos Poéticos
-Sobre o autor-
João Henrique Bonini do Nascimento nasceu em São Paulo, no ano
de 1985. Em 1996 mudou para a cidade de Marília, interior do mesmo estado,
onde permanece até os dias de hoje. Formado em Letras e cursando pós
graduação em Libras – Língua Brasileira de Sinais, é professor da Rede
Pública Estadual de Ensino, lecionando as disciplinas de Língua Portuguesa e
Lingua Inglesa e atuando também como Professor Interlocutor de Libras em
salas de aulas inclusivas, que tem alunos surdos. Poeta e escritor mariliense,
participa do Clube dos Poetas, iniciativa das Lojas Milani, na cidade. Tem como
primeiro trabalho esse e-book, que será também divulgado em versão
impressa.
-Índice Remissivo-
Poema
Haicais............................................................................................
Futuro incerto.............................................................................
Amor amargo.................................................................................
Amor proibido...............................................................................
Andarilho solitário....................................................................
Apocalipse.....................................................................................
As três rainhas............................................................................
Às vezes..........................................................................................
O espelho.......................................................................................
Devaneios psicotrópicos............................................................
Parabéns mulheres (homenagem).............................................
Imaginação.....................................................................................
Infância..........................................................................................
Insensatez.....................................................................................
Menino pobre................................................................................
Meu cativeiro................................................................................
Não te amo.....................................................................................
O mundo contemporâneo............................................................
O relógio........................................................................................
O tempo...........................................................................................
Oração da clemência divina......................................................
Reminiscências astrais...............................................................
Silêncio total...............................................................................
Soneto da declaração................................................................
Soneto da revelação..................................................................
Soneto da solidão........................................................................
Soneto do amante perdido.........................................................
Soneto do amor puro e incondicional.....................................
Soneto pela paz mundial............................................................
Sopro da vida................................................................................
Sorte contrária...........................................................................
Tributo aos poetas......................................................................
Vale da morte...............................................................................
Vida.................................................................................................
Concepção.....................................................................................
A vida passa...................................................................................
Loucura do tempo........................................................................
Ódio doido......................................................................................
Sobre o autor...............................................................................
pág
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
29
30
31
32
33
34
35
36
38
39
40
42
43
44
45
46
Download

Untitled