XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
DISCUTINDO A IMPORTÂNCIA DO
GERENCIAMENTO DE FLUIDO E CASCALHO DE
PERFURAÇÃO EM POÇOS DE PETRÓLEO
Thiego Costa de Araujo (UnP)
[email protected]
Francisca Joseane de Souza Silva (UnP)
[email protected]
Julia Relene de Freitas Rodrigues (UERN)
[email protected]
O petróleo é encontrado no subsolo. Para conseguir seus derivados, que hoje
utilizamos no dia a dia, há um caminho muito grande a ser percorrido, muitas
vezes, prejudicando o meio ambiente e a saúde humana. Uma das
degradações presente no momento de perfuração é quando se injeta no poço
uma quantidade de efluentes químicos, sendo ele o fluido, este tem uma
grande importância, pois o mesmo permite o controle da pressão hidrostática,
resfria a broca, limpa o fundo do poço e carrega consigo os cascalhos até a
superfície. Estes fluidos são altamente nocivos, e por tal motivo deve haver um
descarte de maneira adequada para que possa minimizar ou corrigir este
risco.
Durante
vários
anos,
vem
sendo
analisado
métodos
de
reaproveitamento que não degradem o meio ambiente, um dos métodos que é
muito utilizado ultimamente, é na produção de cerâmica.
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Palavras-chave: Petróleo, Fluido de perfuração, Cascalho de perfuração,
Reaproveitamento,
Meio
Ambiente.
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1. Introdução
A extração do petróleo tem uma grande importância para o papel econômico de uma nação.
De acordo com Fernandes (2007, p. 22) “no ano de 2005 foram arrecadados, em termos de
royalties, cerca de R$ 6, 21 bilhões”. Embora, a Lei do Petróleo estabeleça a distribuição dos
royalties entre seus beneficiários, não especifica em quais setores este dinheiro deve ser
aplicado.
Apesar de ser uma grande empreitada para a economia, a extração do petróleo agride o
patrimônio natural de onde se busca este óleo para poder impulsionar o mercado nacional e
internacional. Principalmente, quanto aos resíduos gerados por essa atividade, pois estes
resíduos podem vir tanto em seu estado líquido, sólido ou gasoso. Segundo Pires (2009, p. 19)
o cascalho de perfuração é o resíduo mais complexo da indústria do petróleo, pois este resíduo
pode variar de volume e taxa de contaminação dependendo de sua forma de produção.
Ao longo das últimas décadas, a indústria petrolífera tem feito um esforço, sempre
crescente, no sentido de prevenir danos ao meio ambiente e à saúde pública em todas
as suas operações. Consultando o público em geral, governos e outras autoridades, a
indústria petrolífera internacional tem estudado o impacto dos resíduos sobre o meio
ambiente e tem apresentado propostas bem equilibradas para a forma de disposição
final dos rejeitos oriundos de suas atividades. (SOUZA; LIMA, 2002. Pag. 8)
É sabido que, muito deve ser feito pelas empresas do ramo petrolífero para que haja uma
forma de não se agredir o meio ambiente com os resíduos oriundos das perfurações, por esse
motivo, medidas sustentáveis são desenvolvidas para que estes materiais possam ser
reaproveitados de alguma forma. Todavia, se não for possível o reaproveitamento destes
resíduos para fins de reaproveitamento - por fatores químicos, físicos ou biológicos - que
sejam descartados de maneira correta para que não ocorram problemas ambientais futuros.
2. Referencial teórico
2.1 Caracterizar o que são fluidos e cascalhos utilizados no processo de separação
Durante o momento de perfuração é produzido uma grande quantidade de rejeitos, são eles os
efluentes químicos, que podem estar no estado sólido, líquido e por vezes gasoso, nesse
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processo destaca-se o cascalho. São eles pedaços de rochas golpeadas pela broca no momento
de perfuração, subindo a superfície impregnada no fluido. “Os cascalhos de perfuração são
carreados por um fluido (fluido de perfuração) que é injetado pelo interior de tubos de aço até
o fundo do poço, retornando a superfície pelo espaço anular entre o poço e as paredes externas
da tubulação.” (THOMAS, 2001 Apud MEDEIROS, 2010, Pag. 39).
Os fluidos, também conhecidos como lama de perfuração, são injetados para equilibrar a
pressão do poço. São eles sistemas líquidos multifásicos compostos na maioria das vezes por
água, sólidos e, muitas vezes, por sais que são dissolvidos em matérias orgânicas, sua
caracterização se dá em função da sua constituição principal da fase contínua ou dispersante,
podendo ser caracterizado em fluidos a base de água ou fluidos a base de óleo, sendo que os a
base de óleo, são economicamente inviáveis, pois eles são mais poluentes e tem um custo
inicial mais alto.
A classificação de um fluido de perfuração se dá em função do constituinte principal
da fase contínua ou dispersante, sendo a seguinte:
a) Fluidos à base de água: a água é a fase contínua, podendo ser doce ou salgada. A
principal função da água é prover o meio de dispersão para os materiais coloidais.
Estes, principalmente as argilas e polímeros, controlam a viscosidade, entre outros.
b) Fluidos à base de óleo: a fase contínua é o óleo, que pode conter até 45% de água
(emulsão inversa, na qual as gotas de água ficam encapsuladas pelo óleo, tendo uma
maior dificuldade de interagir com as rochas ativas). As principais características
dos fluidos à base de óleo, e que lhes confere vantagens sobre os fluidos à base de
água, são: grau de inibição elevado em relação às rochas ativas; baixíssima taxa de
corrosão; propriedades controláveis acima de 175º C; grau de lubricidade elevado;
amplo intervalo de variação de densidade (de 0,89 a 2,4 g/l); baixíssima solubilidade
de sais inorgânicos.
Entretanto, os fluidos à base de óleo têm algumas desvantagens, sendo as mais
significativas: maior grau de poluição e maior custo inicial. (SOUZA; LIMA, 2002,
pag.12).
São características dos fluidos, serem estáveis quimicamente, não podendo reagir com as
formações com que venha entrar em contato, pois ele tem a finalidade de controlar a pressão
do poço sobre as formações geológicas evitando um possível kick, estabilizam a parede do
mesmo para que não ocorra um possível desmoronamento, lubrifica e resfria, a coluna e a
broca limpando o fundo do poço dos cascalhos gerados pela broca e transportando-os até a
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superfície, dando uma possibilidade para sua separação, os sólidos de sua constituição devem
ficar em suspensão quando em repouso.
Os fluidos de perfuração devem apresentar características adequadas para que
possam ser utilizados nas diversas formações. Sendo assim, um fluido de perfuração
deve ser estável quimicamente, facilitar a separação dos cascalhos na superfície, ser
inerte (não reagir) com as rochas produtoras, ser capaz de aceitar tratamento físico
e/ou químico, ser passível de bombeamento, e ainda deve apresentar baixo grau de
corrosão e abrasão (esfoliamento) em relação à coluna de perfuração e a outros
equipamentos da coluna de perfuração, além de não ser agressivo ao meio ambiente
(THOMAS et al., 2001 Apud GUIMARÃES; ROSSI, 2007, pag. 2).
2.2 Analisar os tratamentos a serem utilizados nos fluidos de perfuração antes de serem
descartados
Muitos dos resíduos e materiais associados com as atividades de perfuração e produção
causam impacto ao meio ambiente. O impacto potencial depende principalmente do material,
sua concentração depois de descartado e a comunidade biótica que está exposta. Alguns riscos
ambientais podem ser significativos, enquanto outros são muito baixos. Planejamento
apropriado, arranjo e controle de cada fase da operação de perfuração, levando em conta os
aspectos ambientais da atividade como parte integral do empreendimento, pode ajudar a
evitar, minimizar e mitigar os impactos (CARVALHO, 2005, p. 53).
De acordo com Schaffel (2002, p. 19), é necessário entender a influência do fluido utilizado
sobre o cascalho produzido pelo poço, conhecer as peculiaridades, vantagens e desvantagens
da utilização de cada tipo de fluido e as preocupações com seu potencial tóxico, a
biodegradação e bioacumulação que permeiam o descarte dos fluidos nos ambientes
específicos. Há vários tipos de fluidos, que se diferenciam de acordo com seu constituinte
principal, podendo ser à base de água, óleo, sintético e ar. Fluidos à base de água consistem
em uma dispersão de sólidos, líquidos e componentes químicos, tendo como fase continua a
água.
Os principais tipos de fluidos à base de água são os fluidos convencionais, fluidos
naturais, fluidos dispersos tratados com lignosulfonados, fluidos tratados com cal,
fluidos tratados com gesso, fluidos não dispersos tratados com cal e polímeros,
fluidos salgados tratados com polímeros, fluidos de base KCl, fluidos isentos de
sólidos e os fluidos biopoliméricos (VEIGA, 1998 Apud SCHAFFEL, 2002).
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Esse tipo do fluido é de baixo custo, biodegradável e se mistura facilmente à água, sendo seu
descarte no mar permitido, devendo-se apenas observar as normas especificas de descarte de
cada região. Uma desvantagem encontrada é que a perfuração de poços utilizando este tipo de
fluido leva a uma alta produção de resíduos de perfuração, uma vez que a argila hidrofílica
presente nos folhelhos (típica rocha sedimentar) possui alta afinidade por água, reagindo com
a água do fluido, causando um “inchaço” da argila. Uma alternativa utilizada para evitar esse
aumento residual é a adição de inibidores como sódio e potássio, reduzindo a hidratação e o
possível “inchaço”. Os fluidos à base de óleo diferem-se dos à base de água devido à sua fase
contínua ser composta por óleo, apresentando diversas vantagens em relação a sua
compatibilidade, estabilidade térmica, lubrificação, mínima corrosão, rapidez na operação e
reaproveitamento após tratamento adequado.
Infelizmente, ao mesmo tempo em que ganham em performance, as lamas à base de
óleo são prejudiciais ao meio ambiente quando descartadas ao mar. A toxicidade é a
mais séria e talvez uma desvantagem insuperável das lamas a base de óleo. São
altamente tóxicas e biodegradam-se lentamente nas condições anóxicas que são
encontradas no ambiente submarino (DURRIEU et al., 2000).
O descarte ao mar do cascalho, oriundo de um poço que utilizou fluido à base de óleo, é
facilmente deslocado através da lâmina d’água, aglomerando-se em placas e acumulando-se
no fundo do mar, o que não ocorre ao se usar um fluido à base d’água.
Já os fluidos sintéticos se mostram como novas alternativas ao uso dos fluidos citados
anteriormente, ao oferecerem um menor poder tóxico e uma menor produção residual. É
recomendada sua utilização em águas onde não é permitido o descarte de cascalho oriundo de
perfurações com fluidos a base de óleo.
A agência de proteção ambiental americana (EPA), ciente da dificuldade técnica a
ser enfrentada pela utilização dos fluidos de perfuração à base de água em poços
marítimos, e acreditando que a utilização de lamas à base de óleo, que seriam a
melhor alternativa técnica, provocaria um gasto maior de energia, custos, emissões e
riscos (já que o descarte marítimo daquele tipo de lama é proibido naquele país
obrigando ao transporte dos resíduos para terra), concluiu pela alteração das normas
vigentes para descarte no mar de resíduos da atividade de perfuração marítima de
poços de óleo e gás, dando apoio à utilização de fluidos de perfuração de base
sintética. (EPA, 1999 Apud SCHAFFEL, 2002).
Para Schaffel (2002, p. 31), os fluidos sintéticos são mais caros do que os oleosos, não
deixando de serem economicamente compensadores, pois o descarte marítimo dos fluidos de
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perfuração à base de óleo está proibido em diversas partes do mundo, implicando em custos e
riscos extras a serem assumidos com o transporte dos resíduos para descarte em terra.
Fluidos à base de ar são constituídos de um fluxo de ar ou gás natural injetado no poço, o que
gera uma pressão oriunda de compressores instalados na superfície, concomitante aos outros
equipamentos de perfuração. São similares aos demais tipos de fluidos na execução das
operações de perfuração, não respondendo satisfatoriamente apenas no transporte de cascalho;
sendo mais aplicado em regiões de baixa permeabilidade, são formadas por calcários ou
outros tipos de rochas duras.
2.3 Entender de qual maneira é reaproveitado estes resíduos
É fundamental para as sondas de perfuração de poços de petróleo, que haja tratamentos nos
fluidos e cascalhos, pois seu mau descarte ou sua forma de tratamento irá agredir o meio
ambiente, causando perdas na fauna e flora.
Al-Tabbaa (2006) sugere que o cascalho de perfuração possa ser classificado como
um material heterogêneo, perigoso, com concentrações significantes de
hidrocarbonetos, metais pesados e sais solúveis em água. No entanto, há que se
ressaltar que as características físicas e químicas do cascalho são muito variáveis,
uma vez que são dependentes da geologia local, do fluido de perfuração utilizado, da
técnica de escavação e do tipo de broca utilizado na perfuração. (PIRES, 2009. Pag.
30-31)
Os fragmentos de rochas são removidos do poço através dos fluidos de perfuração, que são
injetados por bombas para o interior do poço, e retornam à superfície através do espaço anular
da coluna. Esse processo pode causar impactos ambientais como a contaminação do solo e das
águas subterrâneas e etc., caso este descarte ou tratamento não seja feito de forma correta.
Durante vários anos, medidas sustentáveis para o tratamento do cascalho foram encontradas.
Uma dessas maneiras de reaproveitamento é a reciclagem, para a confecção de peças de
cerâmica, com o objetivo de oferecer um material de boa qualidade e ambientalmente correto
à indústria civil.
A disposição permanente do cascalho de perfuração é realizada em aterros
industriais ou em aterros especificamente construídos para este fim, com o operado
pela Total Fina Elf, na Líbia, descrito por Morillon et al. (2002). Alternativamente,
os cascalhos de perfuração podem ser empregados como materiais de pavimentos ou
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como materiais de construção, conforme sugerem Smith et al. (1999). (PIRES;
ARARUNA JÚNIOR; ALEXANDRE, 2008. Pag. 111)
Ocorreu um programa experimental, que buscou viabilizar a aplicação do cascalho de
perfuração dos Campos de Carmópolis (SE), Pilar (AL) e Anambé (AL). Na primeira fase,
houve uma investigação de campo de onde se buscaram materiais argilosos aos quais
pudessem ser incorporados ao cascalho com a finalidade de confecção de peças de cerâmica.
Na segunda fase, consistiu em uma série de ensaios1 visando à aplicação dessas peças de
cerâmica oriundas da junção dos materiais argilosos com o cascalho de perfuração.
A classificação das peças obtidas neste programa experimental, segundo a norma brasileira de
classificação de resíduos (NBR 10.0042), mostra que as peças se encaixam na categoria de
resíduo não perigoso Classe II, onde podem ser aplicados como blocos cerâmicos de vedação.
Além disso, estas peças demonstraram uma grande viabilidade. Elas também apresentaram
valores de resistência cerca de duas vezes superiores as das peças confeccionadas com os
cascalhos de perfuração do pólo de Campos dos Goytacazes (RJ).
Tabela 1: Codificação de alguns resíduos classificados como não perigosos
Código de
identificação
Descrição do
resíduo
Código de
identificação
Descrição do
resíduo
A001
Resíduo de
restaurante (restos
de alimentos)
A009
Resíduo de madeira
A004
Sucata de metais
ferrosos
A010
Resíduo de
materiais têxteis
Os ensaios do programa experimental foram realizados nos laboratórios da PUC-Rio, da Embrapa Solos e da Analytical
Solutions. Na totalidade, as peças de cerâmica foram confeccionadas com quatro tipos de cascalho de perfuração.
1
Esta Norma classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que
possam ser gerenciados adequadamente. Esta Norma foi revisada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
no ano de 2004.
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A005
Sucata de metais
não ferrosos (latão
etc.)
A011
Resíduos de
minerais nãometálicos
A006
Resíduo de papel e
papelão
A016
Areia de fundição
A007
Resíduos de
plástico
polimerizado
A024
Bagaço de cana
A008
Resíduos de
borracha
A099
Outros resíduos não
perigosos
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
2.4 Estabelecer os procedimentos que devem ser tomados quando o fluido está
contaminado
Os fluidos contaminados ficam armazenados em diques, onde serão tratados. Eles recebem
além do cascalho, efluentes líquidos oriundos das operações existentes na perfuração (restos
de lama, água contaminada na área operacional da sonda, restos de cimento e etc.). Além
disso, esses diques têm como dimensão, normalmente, entre 1,0 e 1,5 m³ por metro de poço
perfurado. Eles têm que, por sua vez, serem impermeabilizados para garantir que não ocorra a
percolação3 de contaminantes com o término dos trabalhos de perfuração, estes deve receber
uma disposição adequada, a fim de minimizar a agressão ao meio ambiente.
A perfuração, uma das etapas da exploração de petróleo e gás, hoje objetiva cenários
geológicos de grande complexidade, com elevadas profundidades. Como efluente da
atividade exploratória há a geração de cascalhos contaminados ou revestidos com
fluidos de perfuração. Uma legislação ambiental mais rigorosa e a necessidade de
reduzir os custos de perfuração (prospecção e produção) apontam para a necessidade
de otimização da separação e reciclagem do fluido de perfuração de poços de
petróleo e gás. (PEREIRA, 2010)
Durante vários anos utilizou-se fluido a base de óleo diesel, devido à excelente
performance proporcionada à perfuração. O aumento da preocupação ambiental
3
Ação ou processo de passar um líquido através de interstícios.
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levou a indústria do petróleo a elaborar composições de fluidos que fossem menos
agressivas ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, apresentassem performances
semelhantes à do fluido a base de óleo diesel. (VAQUEIRO, 2006)
Com relação aos resíduos que são oriundos de poços marítimos, a Agência Nacional do
Petróleo (ANP) ressalta que “fluidos e/ou cascalhos contaminados com óleo, não podem ser
descartados no mar e devem ser transportados para terra, de onde serão encaminhados para
empresas licenciadas para darem a destinação final adequada” (2010).
3 Metodologia
3.1. Descrição do método
Foi feita uma pesquisa de cunho qualitativo, procurando por descrições a resposta ao
problema que nos indagamos inicialmente, buscando a qualidade da pesquisa. São
características de tais pesquisas, ser descritiva, não pode ser quantificado, analisar
indutivamente o material coletado, fazer interpretação de fenômenos e a atribuir os
significados que são básicos neste processo. Analisando bibliograficamente, os artigos
recolhidos procurando o conhecimento científico com relação ao problema.
3.2. Universo da pesquisa
Foram pesquisadas informações referentes de artigos científicos, revistas relacionadas ao
ramo petrolífero, como a TN Petróleo, monografias apresentadas em TCC (Trabalho de
Conclusão de Curso) e Iniciação Científica, teses de mestrado e doutorado, dissertações e etc..
Estas buscas foram realizadas em sites científicos como o Scielo (Scientific Electronic
Library Online), Google Acadêmico e outros.
3.3. Campo e objeto de estudo
A partir das fontes pesquisadas o assunto foi dividido, tendo se analisado cada um, a
fim de reunir o maior número de informações para achar o melhor resultado do problema.
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3.4. Coleta e tratamento de dados
Comparando-se os assuntos pesquisados foi feita uma análise entre os mesmos, a fim de
evidenciar quais as vantagens e desvantagens que é produzido pelo fluido e cascalho na
perfuração.
4. Considerações finais
De acordo com a explanação apresentada acerca dos fluidos de perfuração, foram
identificadas as vantagens e limitações inerentes a cada tipo e o impacto causado devido à sua
utilização, considerando a influência crescente da variável ambiental na escolha das
formulações. O surgimento dos fluidos sintéticos despontou como alternativa ambientalmente
preferível em comparação aos à base de óleo, sendo mais eficiente do que os à base de água.
As refinarias vêm sendo renovadas no que diz respeito ao processamento do petróleo
brasileiro, reduzindo seu teor de enxofre e dando origem a combustíveis menos poluentes.
Inovações tecnológicas vêm desenvolvendo sistemas de tratamento que permitem a
reutilização de efluente líquidos resultantes das operações de produção.
Os despejos líquidos provenientes dos processos de perfuração são tratados por meio de
processos físicos, químicos e biológicos. Além de minimizar a geração de resíduos sólidos,
ainda há a realização de coleta seletiva, o que permite a reciclagem para utilização própria ou
a venda a terceiros.
O restante do resíduo não reciclado é tratado em unidades de recuperação de óleo e de
biodegradação natural, onde microorganismos dos solos degradam os resíduos oleosos.
Outros resíduos sólidos são enclausurados em aterros industriais constantemente controlados
e monitorados.
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13
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discutindo a importância do gerenciamento de fluido e