SUMÁRIO Protecções Anticorrosivas A importância da certificação no sector das Protecções Anticorrosivas 05 Tribologia Análise de Partículas de desgaste Director: J. M. Dias Miranda Coordenação: Marta Miranda Secretariado: Dina Silva Nazaré Almeida Redacção e Administração: ISQ - Instituto Soldadura e Qualidade Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 33 TAGUSPARK - OEIRAS 2740 - 120 PORTO SALVO Tel. 214 228 100 Fax 214 228 120 Propriedade: ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade Concepção Gráfica: SAR, Publicidade Paginação: Alexandre Rodrigues - ISQ Impressão: Britográfica, Artes Gráficas Lda. Periodicidade: Trimestral 07 Estrutura Metálicas Reabilitação das estruturas metálicas do contorno interior da praça de touros do Campo Pequeno 10 Tribologia Análise de lubrificantes em serviço 14 Ambiente Estimativa da corrosão em chaminés metálicas por ácido clorídrico 17 I&D The RoHS Directive and the Role of SME’s in the Electrical Industries 19 Estrutura Metálicas Breves notas sobre a reabilitação do Museu da Electricidade - Central Tejo em Belém 20 Formação Projecto ETIV - EMAS 26 Homo Aprehendis Formação Aberta e a Distância Orientada 27 Tribologia Técnicas de Análise de Óleos 31 Ambiente Contaminação do ar interior por bioaerossóis 35 Tiragem: 3 000 exemplares Depósito Legal: 36 587/90 ISSN: 0871-5742 Ambiente Gestão da água em regiões semi-áridas 38 Gestão da Manutenção Apoio à decisão em Investimentos Técnicos Notícias ISQ 42 44 EDITORIAL Protecções Anticorrosivas A área de Inspecção de Anticorrosão e de Betão tem vindo a desenvolver a sua actividade nas inspecções técnicas e fiscalização de obras, especificidades das protecções anticorrosivas, isolamentos e construção civil em geral. Como o objectivo incide, essencialmente, sobre a Qualidade das construções, a nossa actividade insere-se na análise dos materiais aplicados (ou a aplicar) em obras e nos processos construtivos. Assim, a oferta de serviços do ISQ para o mercado, neste domínio, é predominantemente uma actividade de consultoria, auditorias técnicas, parcerias com outras entidades para a realização de trabalhos referentes a inspecções técnicas, fiscalização, gestão e coordenação de obras e controlo de qualidade de materiais e processos de reconstrução. A experiência dos nossos técnicos, assim como a qualidade dos J. M. Dias Miranda Presidente do Conselho de Administração do ISQ 4 equipamentos e metodologias de suporte à sua actividade, tem nos permitido desenvolver trabalhos em diversos países, com particular destaque para Angola e Cuba. PROTECÇÕES ANTICORROSIVAS Ana Maria Matos A importância da Certificação no sector das Protecções Anticorrosivas 1. Introdução O Sector de Protecções Anticorrosivas do ISQ é um núcleo especializado, que se encontra preparado para actuar em qualquer projecto no âmbito da protecção anticorrosiva, revestimentos e isolamentos. O seu campo de actuação é muito variado e envolve: projecto, escolha de materiais, protecção das superfícies por pintura (anticorrosão e protecção ao fogo), protecção catódica e alterações do meio ambiente. Possui vários colaboradores com certificações emitidas por organismos estrangeiros com reconhecimento internacional. 2. A importância da Certificação Desde a sua criação, o nosso sector tem tido sempre como política fornecer serviços de qualidade em qualquer trabalho que efectuamos. Outras empresas existentes no mercado disponibilizam alguns serviços semelhantes, no entanto, conseguimos marcar a diferença por diversas razões: Diversidade de serviços que disponibilizamos Equipamentos de tecnologia actual para apoio das inspecções e controlo de qualidade Laboratório de Protecções Anticorrosivos para realização de ensaios laboratoriais e apoio complementar aos serviços de campo (inspecções, peritagens) Elevado grau de experiência dos nossos técnicos Colaboradores certificados por entidades acreditadas e reconhecidas internacionalmente Relativamente às acções que desenvolvemos, estamos habilitados a realizar diversos serviços tais como a fiscalização de obras, execução de inspecções técnicas e peritagens, controlo de qualidade com ensaios de materiais e sistemas de protecção, análise de falhas, consultoria técnica, elaboração de especificações técnicas, e formação e avaliação de pintores e processos de pintura. Para além dos serviços referidos, o nosso sector tem como preocupação atender às novas necessidades que os nossos clientes apresentem sempre que estas sejam da nossa competência, renovando desta forma o leque de serviços disponíveis. Os técnicos têm ao seu dispor, equipamentos de inspecção e controlo de qualidade de tecnologia actual para a realização das acções de controlo de qualidade, inspecções e peritagens em revestimentos e isolamentos. O conhecimento das normas em vigor e específicas para as avaliações e ensaios que efectuamos dão-nos um acrescido valor. Os nossos inspectores têm ainda o apoio do nosso Laboratório de protecções anticorrosivas, no qual são efectuados diversos ensaios para avaliação dos revestimentos anticorrosivos e determinação das suas características físicas. Estabelecemos um acompanhamento da evolução do mercado para as novas tecnologias e produtos utilizados não só para podermos oferecer garantias nos trabalhos que controlamos, como também para podermos elaborar especificações de pintura com as melhores performances. O elevado grau de experiência dos nossos técnicos foi obtido pela regularidade e oportunidade de actuação em grandes obras nos últimos anos, tanto em Portugal como em outros países dos quais destacamos Angola e Cuba. Alguns dos nossos clientes são: IEP; EDP; REFER; MAKRO; CARREFOUR; PORTUCEL; PETROGAL; KOCH; LISNAVE; SONANGOL; TRANSGÁS, etc. Esse facto proporcionou o reconhecimento que temos tido durante os vários anos de existência do nosso sector. Essa experiência revela a sensibilidade para os pormenores essenciais na obtenção da qualidade de um revestimento. Porquê apostar nas certificações? Por tudo o que foi referido, poderíamos dizer que os nossos objectivos estão conseguidos, mas queremos ir mais além. É nossa intenção aumentar o nosso quadro de técnicos e especialistas com certificações. O facto de possuirmos certificações reforça o valor do nosso desempenho e das nossas qualificações porque entidades exteriores confirmam as nossas capacidades para a realização de determinado trabalho. Os nossos clientes têm assim a garantia que, ao requisitarem os nossos serviços, estão a tomar as medidas necessárias para obter um serviço com a mais elevada qualidade e competência. "A Certificação é a prova escrita de que temos capacidade e conhecimentos para efectuar determinado serviço" Por outro lado, a certificação permite-nos estar ao mesmo nível dos outros países nos quais na generalidade das vezes se tem a ideia que "os outros fazem melhor que nós", o que é completamente errado. Para a obtenção do certificado, o colaborador é avaliado em termos de conhecimentos e de trabalhos realizados. A avaliação é feita da mesma forma para todos os participantes, qualquer que seja o país, independentemente se a língua materna é ou não o inglês. É nossa intenção entrar em novos mercados e para isso muitas das vezes é requerido a certificação nessas áreas que comprove as habilitações para efectuar determinado trabalho. Para determinadas obras como é o caso de acções de inspecção de pintura em projectos de reparação de navios de armadores importantes (ex: 5 NATO) são requeridos inspectores certificados. As organizações que emitem os certificados têm uma grande importância em todo o Mundo, tendo reconhecimento internacional, daí que a certificação nos fornece a possibilidade de competir com outros países com as mesmas hipóteses, isto é, estamos em pé de igualdade. "A Certificação dá-nos a possibilidade de podermos competir em pé de igualdade com outros países, em qualquer lugar do Mundo" 3. Certificações dos colaboradores do Sector de Protecções Anticorrosivas do IAB O quadro técnico do sector de Protecções Anticorrosivas do IAB, já Certificação Entidade Certificadora da corrosão e das técnicas de controlo. Possui várias áreas de trabalho, nomeadamente a formação, contributo para a edição de normas, edição de livros e revistas da especialidade ("Material Performance" revista que é editada mensalmente), entre outros. Actualmente possui inspectores certificados em todo o mundo, dos quais 5 são colaboradores do departamento do IAB do ISQ. Vale a pena salientar que no nosso país são os únicos inspectores de pintura com certificação NACE. A obtenção da certificação como inspector de pintura (certificação NACE que habilita o indivíduo a poder efectuar e coordenar todo o tipo de controlo de qualidade em tratamentos anticorrosivos) passa pelo aproveitamento em exames práticos e teóricos em 3 sessões (até ao ano de 2004, a certifiColaboradores em Colaboradores fase de certificação com certificação (2005 - 2006) Inspectores certificados (*) NACE 5 3 Inspectores certificados FROSIO 1 1 Especialistas em protecções anticorrosivas SSPC 2 2 2 2 com a norma norueguesa NS 476. Os inspectores de pintura certificados por este organismo ficam habilitados a actuar como profissionais independentes e tecnicamente capazes em todos os aspectos relacionados com a inspecção de trabalhos de pintura. Essa certificação tem como base os mesmos princípios da NACE (formação na área das protecções anticorrosivas e experiência profissional), sendo o seu reconhecimento mais forte no Continente Europeu, em especial nos países nórdicos. 3.3. Certificação como especialista em protecções anticorrosivas (SSPC) A certificação SSPC ("The Society of Protective Coatings" - U.S.A.), tal como a NACE tem uma vasta gama de produtos e serviços: Normas - algumas das quais elaboradas em conjunto com a NACE Publicações técnicas (livros, revistas, vídeos, ...) Formação e programas de certificação de indivíduos e empresas Conferências e exposições (*) As certificações NACE são em diversas áreas: pintura, revestimentos especiais, "linings" (revestimentos de superfícies interiores), protecção catódica. Os 5 colaboradores certificados referidos possuem diversas certificações NACE, sendo no entanto comum a todos a certificação em inspecção de pintura. Um dos programas de certificação disponibilizado é o PCS (Protective Coating Specialist), no qual é necessário obter aproveitamento nos cursos ministrados pela SSPC (curso C1 e C2), e aproveitamento no exame final exame (PCS), em conjunto com o reconhecimento da experiência profissional, no mínimo de 5 anos, na área das protecções anticorrosivas. possui vários indivíduos com certificação em diversas áreas, tal como é apresentado no quadro a seguir apresentado. O nosso objectivo é duplicar o número de certificações no prazo de 2 anos. As entidades internacionais mais relevantes que emitem os certificados de qualificação que os técnicos e especialistas do IAB possuem são descritos a seguir. Com a obtenção da certificação o indivíduo é reconhecido como tendo habilitações e capacidade técnica para: Avaliar sistemas anticorrosivos e procedimentos de pintura Desenvolver e seleccionar sistemas de pintura para novas cons-truções ou de manutenção, tendo em conta os regulamentos ambientais e de segurança Inspectores certifica- Grupo Espanhol dos em isolamentos Isover 3.1. Certificação de Inspector de Pintura (NACE) A NACE INTERNATIONAL ("National Association of Corrosion Engineers" E.U.A.) é um organismo que está reconhecido internacionalmente no âmbito 6 cação era obtida em 4 "níveis"), e pelo reconhecimento do trabalho efectuado nessa área no mínimo de 2 anos. A NACE certifica indivíduos não só em inspecção de pintura, mas também em áreas mais específicas como é o caso da protecção catódica, revestimentos especiais, entre outros. 3.2. Certificação de Inspector de Pintura FROSIO A certificação FROSIO (Noruega) é fornecida pela "The Norwegian Professional Council for Education and Certification of Inspectors for Surface Treatment", estando esta de acordo O sector de Protecções Anticorrosivas, continuará a apostar na certificação do seu pessoal, sempre com o intuito de melhorar o desempenho nos serviços que disponibiliza por forma a manter a preferência e a satisfação dos seus clientes. TRIBOLOGIA Tiago David Análise de Partículas de Desgaste Independentemente de quão eficaz um programa de gestão de lubrificação possa ser, um componente irá, de uma forma ou de outra, começar a mostrar sinais de desgaste. As partículas de desgaste resultam da interacção superficial e são uma valiosa fonte de informação acerca dos mecanismos e modo de desgaste. A análise de partículas de desgaste tem como objectivo determinar a condição das máquinas através da observação das partículas geradas pelos processos de desgaste. A análise do desgaste pode ser feita com base na forma, textura e cor das partículas. A monitorização do desgaste permite a identificação de mecanismos de falha, e consequentemente, evitar falhas catastróficas. 1 Origem das partículas de desgaste Na figura 1. apresenta-se uma curva típica de desgaste de um sistema tribológico vs. tempo. Figura 1 - Curva típica de desgaste de um sistema tribológico vs. tempo O desgaste pode ser dividido em três estágios: Fase de arranque, a fase estacionária e a fase severa. A primeira fase é relativamente curta. A segunda fase deverá ocorrer ao longo de um período de tempo a uma taxa de desgaste moderada. O desgaste severo resulta de interacção superficial contínua ou degradação do lubrificante. A partir daqui, a concentração e a taxa de formação de partículas de desgaste nos sistema fluído aumenta rapidamente. Esta fase deve ser evitada e pre- venida pela Manutenção, caso contrário, a deterioração irá continuar a acelerar, normalmente causando danos secundários a outras partes do sistema mecânico, podendo resultar numa falha do sistema completo. As características dos danos superficiais e as partículas de desgaste são aspectos muitas vezes observados quando se considera o modo e o mecanismo de desgaste. A forma, textura e outras propriedades das partículas, proporcionam informações valiosas acerca do modo e mecanismo de desgaste, dando uma indicação da ocorrência ou não de desgaste severo e, logo, da necessidade de reparação. Por esta razão, a análise de partículas de desgaste tem atraído muita atenção na investigação actual em tribologia. identificação de tipos específicos de partículas que permitem formar uma opinião acerca da condição de desgaste do tribosistema. 3 Monitorização A monitorização das partículas de desgaste pode dividir-se em sistemas off-line (fora de linha), e em sistemas inte- Figura 2 - Sistemas de monitorização de partículas de desgaste 2 Classificação de partículas grados, como é indicado na figura 2. A análise de partículas de desgaste baseia-se na análise e compreensão da relação entre a morfologia das partículas, características de danos superficiais e o estado do lubrificante. A interpretação desta informação constitui um desafio porque o comportamento tribológico e a morfologia das partículas de desgaste não estão claramente definidos e requerem perícia na interpretação dos dados. 3.1 Sistemas off-line As partículas de desgaste podem ser divididas em três tipos morfológicos principais: - Escorregamento; - Laminar; - Corte; - Fadiga - Óxidos de ferro escuros - Óxidos de ferro vermelhos. O termo morfologia normalmente indica as características das partículas, tais como a forma, textura, e cor obtidas a partir das suas imagens. A análise destas imagens por observação daquelas características, permite a Os sistemas off-line podem ser instrumentos portáteis ou instrumentos laboratoriais. Estes últimos são normalmente utilizados em condições laboratoriais, utilizando amostragens periódicas e subsequente análise. Um análise laboratorial requer equipamentos dispendiosos e operadores qualificados. Um dos problemas associadas a estes métodos é o facto do tempo que medeia entre a amostragem e os resultados ser eventualmente longo. Os instrumentos portáteis têm como vantagem poderem ser usados em campo. 3.1.1 Tecnologias As tecnologias dividem-se entre quantitativas, que dão resultados numéricos e as visuais/microscópicas, que fornecem análises qualitativas. 3.1.1.1 Instrumentos quantitativos Os instrumentos quantitativos baseiam-se na medição de concentração de partículas. As tecnologias mais utilizadas para sistemas off-line são, o quantificador de partículas PQ, o 7 ferrógrafo quantitativo, e a espectroscopia. com raios-X, sendo excitada e emitindo radiação de raio-X. Quantificador PQ O quantificador PQ determina a quantidade relativa de metais ferrosos pelo grau de distorção de um campo magnético causado por todas as partículas ferrosas na amostra. A quantidade de metais ferrososos, expressa por índice PQ (PQI) pode ser correlacionada com os dados ferrográficos ou espectrométricos. O PQI é uma medida quantitativa adimensional que pode mostrar uma tendência ao longo do tempo, sendo particularmente benéfica para indicar o agravamento de situações de desgaste. Existem outras diferenças importantes entre estes três tipos de instrumentos, ao nível do limite de detecção do tamanho de partículas. O ICP não consegue detectar partículas acima dos 5 micrómetros. O RDE tem como limite, partículas de 8-10 micrómetros. O XRF consegue detectar partículas acima dos 10 micrómetros, no entanto, pode não detectar partículas muito pequenas que emitem radiação abaixo do limite deste instrumento. Os dados de cada um destes instrumentos normalmente não se correlacionam, sendo, por isso, importante estudos de tendência usando o mesmo instrumento. Ferrógrafo quantitativo O ferrógrafo quantitativo ou ferrógrafo de leitura directa (DRF) mede, através da densidade óptica, a concentração relativa de partículas ferrosas acima e abaixo dos 5 micrómetros. A partir destes dados, pode-se determinar a concentração total de partículas de desgaste (WPC) e a percentagem de grandes partículas (PLP). Tal como no método anterior, esta técnica possibilita o acompanhamento ao longo do tempo da tendência de desgaste da máquina. Esta técnica será desenvolvida com mais pormenor num artigo a publicar sobre Ferrografia. Espectroscopia O óleo é aquecido a uma temperatura muito elevada, os átomos são excitados e emitem luz com frequências características. A intensidade da luz emitida é relacionada com a concentração do elemento que emite luz a essa frequência particular. Existem três tipos de espectrómetros; Espectrómetro de Emissão por Plasma ICP, Espectrómetro de emissão por eléctrodo rotativo (RDE) e Espectrómetro por Fluorescência de Raio-X (XRF). A diferença entre eles situa-se fundamentalmente na forma como a amostra é vaporizada, excitada e emite luz subsequentemente. No caso do ICP, a amostra é aquecida por acção de um plasma de argon. No RDE, a amostra é vaporizada e excitada pela descarga eléctrica de alta voltagem entre um eléctrodo e um disco de carbono rotativo. No XRF, a amostra é bombeada 8 3.1.1.2 Instrumentos analíticos Os instrumentos analíticos são basicamente usados para a aquisição de imagens de partículas. Os mais comuns são a microscopia electrónica, a microscopia óptica (Ferrografia Analítica) e o processamento de imagens através de uma rede neural (Classificador automático de partículas). O método óptico é o mais utilizado. Microscopia electrónica de varrimento (SEM) Um microscópio electrónico de varrimento, para além de permitir visualizar as estruturas das partículas com grande ampliação, o feixe de luz electrónico que emite, provoca a emissão de raios-X da amostra, o que permite quantificar a concentração de individual de partículas metálicas por um processo semelhante ao da espectroscopia XRF. Ferrografia Analítica Este método baseia-se na observação ao microscópio óptico de partículas depositadas num substrato chamado ferrograma. Com base na observação da forma, cor e textura, consegue-se fazer uma avaliação do mecanismo de desgaste. Este ensaio, apesar de ser bastante eficaz para o diagnóstico de um problema de desgaste, tem as suas limitações. O ensaio é qualitativo, dependendo da qualificação e conhecimentos de um analista. A interpretação é subjectiva e exige conhecimentos detalhados para interpretação das partículas e sua correlação com a metalurgia da máquina. Além disso, apesar da sua eficácia quando bem executada, é morosa e dispendiosa. Esta técnica será mais desenvolvida num artigo a publicar. Classificador automático de partículas O classificador automático de partículas é uma tecnologia recente que combina contagem de partículas e classificação de partículas. Este instrumento utiliza uma técnica de captação de imagens por laser com a ajuda de um avançado software de processamento de imagens, para classificar as partículas em tipos de desgaste, com base no seu tamanho e forma. A amostra de óleo é bombeada através de uma célula óptica, que é iluminada por um laser pulsado. A imagem da silhueta das partículas é captada por uma câmera digital e armazenada num computador. Cada pulso de laser fornece uma imagem singular, sendo os resultados de combinações de milhares dessas imagens analisados. A classificação das partículas é feita recorrendo a uma rede neural artificial, onde foram pré-definidos tipos morfológicos de partículas. Cada partícula é diferenciada pela sua forma, cor e textura. Classifica partículas maiores que 20 micrómetros, em partículas de desgaste de escorregamento, de fadiga, de corte, óxidos, fibras, bolhas de água e de ar. Como contador de partículas, tem um maior limiar de contagem de partículas do que os contadores convencionais, permitindo contar com mais eficácia amostras contaminadas, uma vez que visualiza várias partículas simultaneamente, em vez de medir a retenção de luz pela passagem de uma só partícula de cada vez. Este método apresenta a vantagem de não sofrer da subjectividade da Ferrografia Analítica, ser bastante mais rápido, e não necessitar de um analista qualificado para a interpretação dos resultados. No entanto, não Figura 3 - Sistemas integrados de monitorização de partículas de desgaste é tão rigoroso nem completo como a Ferrografia Analítica, uma vez que se baseia na silhueta de partículas e respectiva classificação por comparação com imagens pré-definidas, e não por observação directa das partículas. 3.1.1.3 Analisadores combinados Os analisadores combinados são kits que analisam simultaneamente a química do óleo, a contaminação e o desgaste. Existem vários kits no mercado, sendo normalmente portáteis e destinados a pequenos laboratórios instalados nas empresas industriais. A título de exemplo, enumeram-se alguns; O Oilview 5200 Trivector (Emerson CSI), o Oilab (Oilab lubrication), e o ON-Site Oil Analyzer (Lubetrak). Apesar destes instrumentos não fornecerem normalmente todo o conjunto de parâmetros que algumas situações requerem, são tecnologias que proporcionam informação crítica imediata, tal como a contaminação do fluído e a presença de partículas de desgaste ferrosas. 3.2 Sistemas integrados Estes sistemas permitem a monitorização da condição da máquina em tempo real. Existem três tipos de instrumentos para a monitorização integrada: Sensores magnéticos, que usam um campo magnético para detectar o metal alvo, sensores dieléctricos que usam um campo electrostático em vez de electromagnético, e que podem detectar partículas não metálicas e, sensores ópticos, onde uma unidade de detecção reage à quantidade de luz recebida. Os aparelhos diferem uns dos outros pela gama de detecção de partículas, tipos de partículas detectadas, sensibilidade à concentração em massa das partículas e o método pelo qual são instalados no sistema. Podem ser instalados in-line ou on-line (Figura 3). Os primeiros são instrumentos instalados directamente na linha principal do óleo, ao passo que os últimos são montados em linhas complementares. No caso de sensores on-line, poderá haver o problema da amostra não ser representativa do sistema, por ser muito pequena. No entanto, algumas das vantagens associadas a este tipo de tecnologia é o facto dos resultados serem imediatos e geralmente não sofrerem influências exteriores. Os custos de amostragem também são evitados. A principal vantagem das ferramentas integradas de análise de partículas de desgaste é fornecerem resultados em tempo real e, portanto, permitirem detectar mudanças na condição da máquina imediatamente, podendo evitar com mais eficácia a ocorrência de falhas catastróficas. 4 Conclusão Os sistemas de manutenção preditiva e condicionada existem há mais de três décadas, mas ainda não são capazes de diagnosticar todos os problemas que afectam os componentes mecânicos. 70% das avarias nas máquinas devem-se à degradação superficial. Entre elas, 50% são devidas a desgaste mecânico. Assim, o estabelecimento de ensaios apropriados para detectar e analisar as partículas de desgaste, permite reconhecer com eficácia o início de um problema de desgaste e providenciar as acções correctivas, antes daquele atingir uma fase crítica. Existem várias técnicas para detectar e medir as partículas de desgaste, tendo todas limitações específicas. O futuro da monitorização condicionada de partículas de desgaste está no uso de programas de computadores e tecnologias de software de inteligência artificial para auxiliar na determinação da condição da máquina. O classificador automático de partículas, e os detectores opto-magnéticos integrados, são exemplos dalgumas destas tecnologias em desenvolvimento. Bibliografia: - N. Myshkin, L. Markova, A. Grigoriev, "Conditions Monitoring and Prdictive Analysis of Tribosystems by Wear Debris", Practicing Oil Analysis, Março 2005. - Alistair Geach, "Detecting particles in oil (Part 2)", Wearcheck Technical Bulletin, Setembro 2002. - Mark Barnes, "Wear Analysis", Practicing Oil Analysis, Março 2002. - R. Dalley, "Lubricant/Wear Particle Analysis", Predict, Cleveland, Ohio. - J. S. Evans, T. M. Hunt, "The Oil Analysis Handbook", Coxmoor Publishing Company´s, 1st ed., 2003. - Larry A. Toms, "Machinery Oil Analysis, Methods, Automation & Benefits", Coastal Skillings, 2nd ed. 1998. - Mark Smith, "Oil Analysis vs. Microscopic Debris Analysis: When and Why to choose", Practicing Oil Analysis, Maio 2004. - Mark Barnes, "Elemental Analysis", Practicing Oil Analysis, Janeiro 2001. - J. Reintjes, J. Tucker, A. Schultz and C. Lu, etc. "LASERNET Machinery Monitoring Technology", Symposium on Condition Based Maintenance for Highly Engineered Systems, Pisa, Italy, Sept. 25-27, 2000 - Sabrin Gebarin, "On-line and In-line Wear Debris Detectors: What's Out There?", Practicing Oil Analysis, Setembro 2003. - A. Aranzabe, J. Terradillos, etc., "Application of Micro-technologies in on-line condition monitoring of lubricants", Congresso Tribology and Lubrication Engineering, Stuttgart/Ostfildern, Germany, January 13-15, 2004. 9 ESTRUTURAS METÁLICAS Alcides Alves Reabilitação das estruturas metálicas do contorno interior da praça de touros do Campo Pequeno Introdução A Sociedade de Renovação Urbana do Campo Pequeno, promotora do projecto de reabilitação da praça de touros do Campo Pequeno (da autoria do gabinete de Arquitectura do Arquiteto José Brushy) requereu, através da PL Planeamento e Gestão de Projectos (realiza a gestão e fiscalização da obra), ao ISQ serviços de consultoria e inspecção. Os serviços solicitados são referentes aos aspectos relacionados com a reabilitação e protecção anticorrosiva de elementos metálicos estruturais e ornamentais do anel interior da praça de touros. Imagem 1 - Aspecto de perfis paralelos de viga de bordadura após remoção de entulho da área interior e demolição de laje de zona adjacente Neste âmbito foi efectuada numa primeira fase a reabilitação das superfícies metálicas das coberturas em cúpula. Numa 2ª fase foi solicitada a inspecção de avaliação do estado de conservação e análise de possibilidades de reabilitação das estruturas metálicas, de suporte da laje de cobertura sobre bancadas e anel estrutural interior com pilares e motivos ornamentais em ferro fundido. Este artigo aborda em particular as actividades desenvolvidas pelo ISQ na 2ª fase da obra. Avaliação de Estado Imagem 2 - Perfil de viga de bordadura com deterioração por perda de espessura total 10 Inicialmente foi efectuada inspecção para avaliação do estado da laje e estruturas do anel estrutural interior; para o efeito, foram definidos junto da fiscalização locais de abertura ou demolição de laje em abobadas de tijolo, e limpeza de alvenarias entre perfis metálicos, para melhor observação do estados das superfícies metálicas. Foi então, realizada inspecção visual para avaliação do estado das estruturas. A laje em abóboda de tijolo e perfis metálicos é suportada por uma estrutura principal de viga (viga de bordadura) constituída por dois perfis do tipo IEP com ligações aparafusadas entre si na zona dos pilares de suporte. Nestas vigas são ligados os perfis secundários de suporte da laje em abóbada. Por inspecção visual foram observadas as estruturas metálicas da laje embebidas, concluindo-se sobre a sua quase completa deterioração por corrosão em zonas bem definidas causadas por infiltrações de água locali-zadas. Nas restantes áreas estas vigas apresentavam um estado de conservação aceitável. Verificou-se, no entanto, a fissuração e fractura de grande parte dos elementos de ligação com deslocamentos, entre estrutura primária (viga de bordadura) e os perfis embebidos em laje (estrutura secundária). Na viga de bordadura constituída por dois perfis IEP em paralelo, e após limpeza do espaço interior entre os perfis, foi efectuada também inspecção visual pormenorizada. É observada ao longo do perímetro da viga, no espaço interior posta a descoberto, corrosão severa na alma e banzo dos perfis (ver imagem 3) com perda de espessura quase uniforme bastante significativa. Nal-gumas zonas localizadas verificamos degradação por corrosão com perfuração completa de perfis (alma e banzos) de viga principal de bordadura e de chapas de ligação entre estas, também é observada deterioração completa por corrosão de parafusos ou pernos de ligação entre perfis da viga de bordadura. Nota: O espaço entre perfis da viga de bordadura do anel interior encontravase completamente preenchido, em todo o perímetro da viga de bordadura, com materiais de enchimento não regulares (argamassas, terras, areias, cacos, etc ) que absorvem e retêm águas pluviais que se infiltram na laje e que permanecem assim em contacto com os perfis metálicos confinantes. Objectivamente, a observação efectua- Imagem 3 - Substituição de troços de aço da viga de bordadura em progresso Imagem 4 - Aspecto da viga de bordadura e colunas após finalização dos trabalhos de pintura da permitiu-nos concluir pela perda de capacidade resistente da estrutura metálica de suporte de laje. Algumas áreas foram consideradas em situação de corrosão crítica, dos perfis metálicos de suporte da laje. Esta situação punha em causa a resistência mecânica e eficiência da laje e assim a segurança de equipamentos ou pessoas. Definição de procedimento de reabilitação Nesta condição, duas alternativas deveriam ser consideradas: a demolição da laje e reconstrução de uma nova com materiais actuais, ou a recuperação da laje preservando o método construtivo. A possibilidade de recuperação da laje foi discutida em reunião com o projec11 Imagem 5 - Pormenor de coluna em ferro fundido com ocos ou "chochos" existentes tista de estruturas metálicas, em obra: Eng.º José Camara, e julgada exequível. Foi então definido que para reabilitação da laje dever-se-ia proceder à demolição das partes em tijolo burro da laje numa faixa adjacente à viga de bordadura de cerca de 30 cm e remoção de "entulho" da zona entre perfis consti- Imagem 6 - Pormenor de enchimento de chochos em coluna de ferro fundido com mastique tuintes da viga de bordadura. Avaliação detalhada de estado por inspecção visual e medição de perda de espessura do aço de todas as estruturas e ligações postas à vista. Substituição ou reforço de elementos metálicos deteriorados. Foi proposto o seguinte procedimento de reabilitação recondicionamento das protecções anticorrosivas das estruturas metálicas: Decapagem das superfícies por jacto abrasivo ao grau Sa2; Aplicação de uma demão de primário epoxi aprovado para soldadura; Trabalhos de reparação do aço com substituições de elementos de ligação, troços de perfis de vigas e reforços localizados, com execução 12 de soldaduras, de acordo com indicações da inspecção; Decapagem ao grau Sa2 das zonas de reparação; Aplicação da demão de primário das zonas de reparação; Aplicação de uma demão de intermédio epoxy de alta espessura; Enchimento com betão C25 do espaço entre vigas de bordadura e parte de laje demolida; Aplicação de uma demão de tinta de acabamento de poliuretano. O primário escolhido é também o indicado para aplicação sobre superfícies de ferro fundido, que constituem as colunas ou pilares e elementos ornamentais. registar a correcta interpretação por parte das diversas partes intervenientes dos defeitos ou anomalias registados pela inspecção assim como a pronta disponibilidade para fazer a necessária correcção de defeitos ou execução de novos procedimentos de acordo com as necessidades da obra. Particularmente, devemos realçar nesta fase a resolução de anomalia notada após a decapagem, nos elementos de ferro fundido: verificação da presença de ocos ou "chochos", vulgares em elementos de ferro fundido. Foi definido, após aplicação de primário nestes elementos, o preenchimento destes ocos com produto de enchimento de base epoxy, seguido da aplicação de restante esquema de pintura. Após aprovação pelo dono da obra este procedimento foi imediatamente aplicado. Inspecção Na fase de execução, os técnicos do ISQ efectuaram acções de inspecção de avaliação de estado e controlo de processo de execução. Foi nesta fase efectuada inspecção de acompanhamento de preparação de superfícies para pintura seguida da avaliação de estado, incluindo determinação de espessuras de aço, e assinalados os elementos metálicos a substituir ou a reforçar, de acordo com critério definido pelo projectista: substituição de elementos com deterioração e perda de espessura completa ou reforço em zonas com perda de espessura até um mínimo de 5 mm. Foi, então, feito acompanhamento de trabalhos de: reparação metalomecânica com controlo de soldaduras, e obtenção de protecção anticorrosiva. Os trabalhos de reabilitação estiveram a cargo da empresa S.L.M. Sociedade Lisbonense de Metalização. Apraz-nos Imagem 7 - Pormenor de capitel de coluna após finalização dos trabalhos de pintura Conclusão A possibilidade que foi dada ao ISQ para intervir neste projecto, em aspectos relacionados com consultoria e inspecção, assim como o envolvimento de todos os intervenientes neste projecto desde uma fase de diagnóstico de estado ou condição dos elementos a reabilitar, permitiu assegurar a boa execução dos trabalhos realizados. Imagem 8 - Aspecto de elementos ornamentais (em ferro fundido) com pintura completa TRIBOLOGIA Tiago David Análise de lubrificantes em serviço A análise de óleos é uma das mais eficientes ferramentas de manutenção preditiva que existe, tendo como principais objectivos evitar avarias e reduzir custos de manutenção. As técnicas de análise de óleos são utilizadas para monitorizar a condição da máquina e a condição do óleo, a partir das propriedades físicas e químicas do lubrificante, da presença de contaminantes e hoje se veêm obrigadas a implementar, devido a custos crescentes de manutenção. 1 Introdução A metodologia da análise de óleos pode ser resumido ao esquema representado na figura 1. de modo a garantir que este continue a desempenhar os requisitos especificados e, por outro, lado é necessário acompanhar as partículas de desgaste libertadas pelas máquinas, a fim de detectar antecipadamente um modo específico de falha em progresso. A análise de óleos engloba, portanto, três áreas (Figura 2): 1. Estado do óleo 2. Contaminação 3. Partículas de desgaste A análise de óleos pode ser comparada à análise médica ao sangue, uma vez que, tal como este, o óleo contém uma grande quantidade de informação acerca do sistema onde circula, o que permite detectar os sintomas de falhas correspondentes a cada uma daquelas áreas, da seguinte maneira: - Quantificação e identificação de contaminantes; - Determinação das propriedades químicas e físicas do lubrificante; - Quantificação e identificação de partículas metálicas resultantes do desgaste. Figura 1 - Procedimento da análise de óleos de metais de desgaste. Com este controlo, aumenta-se a fiabilidade do equipamento e minimiza-se tanto as falhas inesperadas como os tempos de paragem, reduzem-se os "stocks" de óleo e optimiza-se o intervalo de mudança de óleo. Para além disto, um programa de análise de óleos permite estudar, ao longo do tempo, tendências que proporcionam indicações de práticas operacionais e de manutenção incorrectas. A monitorização condicionada por análise de lubrificantes é, assim, um elemento crucial na manutenção preditiva e na manutenção centrada na fiabilidade (RCM), que muitas indústrias de 14 O óleo lubrificante consiste numa mistura de óleo base e substâncias aditivas, combinados para lubrificar um tipo particular de máquina numa aplicação particular. Durante o processo de lubrificação dos vários componentes, o óleo é sujeito a altas temperaturas e pressões que afectam o óleo base e consomem os aditivos. Simultaneamente, o óleo recolhe vários sub-produtos, metais de desgaste e outros contaminantes. Resumindo, o óleo passa por um processo de degradação e contaminação que continua até ser removido da máquina. Consequentemente, apesar das boas práticas de lubrificação e de manutenção, é necessário monitorizar a condição do lubrificante, A monitorização destes sintomas é do domínio da manutenção preditiva, tendo como principal objectivo tomar medidas correctivas para evitar grandes falhas. A monitorização e controlo das causas raiz da falha pertence à manutenção proactiva, e passa nomeadamente por, descobrir a eliminar a origem da contaminação, usar melhor filtração, procedimentos de Figura 2 - As três áreas da análise de óleos amostragem correctos, frascos de amostra limpos, estabelecimento de valores limites alvo de contaminação e garantia que estes não são atingidos, e tem como objectivos reduzir custos em diferentes áreas de manutenção, no trabalho, na disponibilidade e fiabilidade dos equipamentos, no consumo, e nos tempos de paragem de produção. 2 Análise do estado do lubrificante A análise do estado do lubrificante é efectuada por meio de ensaios físicos e químicos que têm como objectivo verificar se aquele mantém as suas propriedades originais, i.e., se cumpre os requisitos de lubrificação exigidos pela máquina, ou se necessita de ser substituído ou recuperado. Consiste numa análise periódica para determinar a vida útil remanescente do óleo e a sua deterioração física (contaminação) e química (degradação). A primeira está directamente relacionada com a capacidade anti-oxidante que possui, ou seja, a sua establidade à oxidação. A oxidação do óleo é nefasta, pois não só aumenta a viscosidade do óleo, como também conduz à formação de compostos ácidos e de oxidação que podem ser corrosivos e que podem fomentar a formação de depósitos que bloqueiam válvulas e prejudicam o funcionamento dos equipamentos. A deterioração física refere-se à contaminação externa, como por ex. poeiras e líquidos (água, mistura com outros óleos, atesto de óleo inadequado) e impurezas do processo. A contaminação promove a oxidação, pela presença de partículas catalisadoras da reacção de oxidação e contribui para o desgaste dos equipamentos, podendo também, no caso de contaminação por líquidos (água ou outro óleo), causar uma diminuição da viscosidade. A deterioração química diz respeito a todas as formas de degradação do óleo, i.e., oxidação, hidrólise, degradação térmica (polimerização) e evaporação, dando-se em análise de óleos em serviço, mais enfoque ao problema da oxidação. Todos estes mecanismos são promovidos pela entrada de ar, condensação ou entrada de água, elevada temperatura, contaminação, consumo de aditivos inibidores da oxidação e, tem como consequências a deterioração das propriedades do óleo base (capacidade de lubrificação e viscosidade) e a formação de produtos ácidos corrosivos, resinas e lamas. 3 Análise do estado da máquina A análise do estado da máquina consiste em determinar o estado mecânico dos componentes da máquina, através da análise de partículas de desgaste, de modo a que se possam tomar medidas de manutenção correctivas antes da ocorrência de grandes danos ou falhas. O desgaste é a consequência inevitável do contacto superficial de partes da máquina, mesmo em sistemas adequadamente lubrificados e, portanto, durante o seu funcionamento, as máquinas geram partículas oriundas dos múltiplos órgãos que constituem o equipamento que são despositadas nos sistema de lubrificação. As partículas maiores são retidas nos filtros e as mais pequenas ficam em suspensão no óleo. Por muito eficiente que seja um programa de lubrificação proactivo, um componente apresenta sempre desgaste (figura 3), o qual pode ser acelerado por problemas relacionados com o próprio lubrificante (degradação e contaminação) e por problemas de desalinhamento, desequilíbrio, sobrecargas ou sobreaquecimento. No início, quando uma máquina é nova, existe uma tendência para se produzirem concentrações maiores de partículas. Após este período, numa situação de desgaste normal, os metais de desgaste são produzidos a uma taxa aproximadamente constante. Durante este período de "boa saúde" as partículas geradas exibem tamanhos e características classificadas como normais para a máquina. À medida que estas partícu- Figura 3 - Concentração de metais de desgaste Vs. Horas de funcionamento las são continuamente produzidas, é necessário controlá-las de modo a que se detectem situações de desgaste anormal, em que tanto a taxa de desgaste como a quantidade de partículas produzidas aumenta significativamente. Esta condição é tipicamente acompanhada pela presença de partículas maiores, com características classificadas como anormais. Se uma situação de desgaste anormal for detectada, a vida útil da máquina será drasticamente reduzida, havendo uma grande probabilidade de vir a ocorrer uma falha catastrófica. Uma vez que as partículas de desgaste são constituídas pelo mesmo material das superfícies que lhes deram origem, a detecção, quantificação e caracterização destas partículas providencia uma informação directa sobre o estado de desgaste do equipamento. 4 Vantagens As vantagens de um programa de análise de óleos situam-se a três níveis: Utilização: - Aumento da segurança das operações - Aumento da disponiblidade dos equipamentos através da diminuição de paragens - Aumento da vida útil dos componentes - Diminuição de consumo de óleo Manutenção: - Identificação e medição da contaminação e desgaste dos componentes - Eliminação de inspecções e paragens para manutenção - Redução de falhas e de reparações - Estabelecimento de intervalos de mudança de óleo adequados Gestão: - Melhoria da avaliação de custos e do controlo de equipamento, trabalho e materiais - Melhoria da manutenção de registos de equipamentos - Avaliação do design de equipamentos e aplicações - Detecção de práticas operacionais incorrectas 15 5 Métodos de análise 6 Conclusões Na tabela seguinte apresentam-se os testes laboratoriais mais utilizados em análise de óleos, a descrição dos quais será dada com mais pormenor num artigo posterior. A análise de óleos é a ferramenta de diagnóstico mais eficiente que existe na indústria. Quando usada juntamente com outras técnicas de manutenção condicionada, como por exemplo a análise vibracional e termografia, conseguem-se reduções enormes de custos que podem chegar a traduzir-se em retornos de investimento de 37:1. Condição Degradação do óleo Estado da máquina Estado da máquina Contaminação Degradação do óleo Contaminação Degradação do óleo Contaminação Degradação do óleo Degradação do óleo Estado da máquina Contaminação Tipo de análise Análise física Análise de partículas Bibliografia: Técnica Filipe Didelet, José Carlos Viegas, Manutenção, Escola Superior de Tecnologia de Setúbal, 2001/2002. Alistair Geach, Detecting particles in oil (Part 1), Wearcheck Technical Bulletin. Larry A. Toms, Machinery Oil Analysis, Methods, Automation & Benefits, Coastal Skillings, 2nd ed. 1998. Lana Robin, Utilizing Oil Analysis for Machine Condition Monitoring, PdMA Corporation Viscosidade cinemática Ferrografia Mark Barnes, Wear Analysis, Practicing Oil Analysis, 2002. Análise química Espectrometria Joint Oil Analysis Program Manual Introduction, Theory, benefits, customer sampling procedures, programs and reports, 1999. Análise química Espectofotometria de infravermelhos (FTIR) Ray Dalley, Oil/Wear Particle Analysis. A predictive Maintenance Tool, Predict USA. Análise química Análise química Análise química Teor de água Índice alcalino (TBN) Índice ácido (TAN) Michael P. Barrett, Getting the most from Lube Oil Analysis, Insight Services. Análise de partículas Contagem de partículas pub britográfica Basics of Oil Analysis, Analysts, Inc, 2001. John S. Evans & Trevor M. Hunt, The Oil Analysis Handbook, 1st ed, 2003. AMBIENTE João Gomes Estimativa da corrosão em chaminés metálicas por ácido clorídrico Este trabalho descreve um método simples de estimar a possibilidade da ocorrência de corrosão em chaminés metálicas devido à condensação de ácido clorídrico, baseado na determinação do teor de HCl e na temperatura dos gases. 1. Apresentação do problema Num artigo anterior [1], o autor analisou a possibilidade da ocorrência de corrosão em chaminés metálicas devido à condensação de ácido sulfúrico a partir dos efluentes gasosos emitidos por sistemas tradicionais de combustão como sejam as caldeiras e os geradores de vapor e águas quentes. Contudo, em outros sistemas de combustão, como sejam os incineradores de resíduos urbanos e perigosos, podem formar-se, nos respectivos efluentes gasosos, outras espécies ácidas, como o ácido clorídrico. Esta última espécie pode, em determinadas circunstâncias, levar, igualmente, à corrosão de superfícies metálicas caso se dê a condensação nas mesmas, o que fará perigar a integridade mecânica dessas mesmas superfícies. Assim como para o ácido sulfúrico, este problema poderá ser minimizado se a temperatura dos efluentes gasosos for mantida acima do ponto de orvalho desses mesmos gases. Por estas razões, torna-se extremamente importante poder determinar essa temperatura por forma a garantir uma operação adequada dos equipamentos. 2. Considerações teóricas Naturalmente, que a base teórica deste problema está relacionada com o equilíbrio líquido-vapor para o sistema ácido clorídrico-água. Os dados de equilíbrio para esse sistema foram medidos por diversos autores e foram compilados por Perry [2], de forma tabular, mostrando a variação da pressão parcial de ácido clorídrico, como função da temperatura, para diversas percentagens de HCl em soluções aquosas de HCl. Estes dados experimentais tabelados, permitiram que fossem deduzidas equações de correlação com a seguinte fórmula geral: log PHCl = A - (B / T) Eq. (1) em que PHCl é a pressão parcial de HCl, expressa em mmHg e T é a correspondente temperatura do gás em K. Contudo, Perry [2] refere que a precisão destas correlações varia entre 15 e 30% entre 0 e 100 C para soluções contendo 2% em HCl. Para soluções contendo mais do que 30% em HCl, a precisão é de cerca de 5% para a gama de temperaturas mais baixa e de cerca de 15% para as temperaturas mais elevadas. Nestas condições, Perry [2] recomenda que se utilizem os dados tabelados em vez dessas correlações assim desenvolvidas, já que a precisão será sempre superior. Note-se que, os dados tabelados não incluem, numa única correlação, as 3 variáveis envolvidas nos fenómenos do equilíbrio e que são, PHCl, a temperatura do gás T e ainda a o teor em HCl, uma vez que PHCl foi medida para várias temperaturas e também para vários teores de HCl. Figura 1 - Representação gráfica da equação 3 Em vez de se desenvolver uma correlação a 3 parâmetros, que iria certamente resultar num decréscimo de precisão, optou-se por desenvolver correlações numéricas dos dados tabelados da temperatura dos gás como função de PHCl, para cada teor de HCl, cuja fórmula geral é: T = A log(PHCl) + B Eq. (2) Na figura 1, representa-se o ajustamento obtido para %HCl = 2%. Neste caso particular, a correlação obtida foi: T = 22,718 log(PHCl) + 390,5 Eq. (3) Sendo o coeficiente de correlação R2 = 0,9933. Obtiveram-se correlações análogas para outros teores de HCl e os coeficientes de correlação relativos à equação geral do tipo (2) apresentamse na tabela 1. Pode verificar-se que as correlações obtidas representam bons ajustamentos dos dados experimentais, em que os coeficientes de correlação R2 são de cerca de 0,99, apenas com um de 17 %HCl A B R2 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 22,718 23,163 24,634 25,315 26,54 27,575 28,53 29,491 30,726 31,957 33,079 34,544 36,099 37,893 38,999 40,034 39,985 40,532 42,333 43,913 45,316 46,145 390,65 377,34 370,47 363,64 357,24 350,11 342,33 333,96 324,97 315,42 305,01 293,61 281,4 267,49 253,54 238,96 225,89 211,92 195,51 179,38 163,82 148,06 0,9933 0,9910 0,9911 0,9877 0,9911 0,9914 0,9912 0,9912 0,9910 0,9910 0,9911 0,9910 0,9912 0,9912 0,9922 0,9932 0,9954 0,9965 0,9976 0,9976 0,9992 0,9999 Tabela 1 - Coeficientes de correlação obtidos para as equações do tipo (2) cerca de 0,98. Isto indica que se obtiveram correlações aceitáveis com uma precisão entre 2 e 5%. molecular médio e humidade do gás segundo os métodos US EPA 2, 3 e 4 [3]. No que diz respeito à determinação de HCl, colhe-se uma amostra isocinéticamente de acordo com o método US EPA 26 [3], após o que se determina o teor em ácido, laboratorialmente, por titulação. Utilizando os dados medidos pelos métodos anteriormente indicados, podem calcular-se os seguintes parâmetros necessários para resolver uma equação do tipo (2), como segue: a) teor em HCl: % HCl = CHCl x 1,268x10-6 x 100 Eq. (4) b) pressão parcial de HCl: PHCl = (% HCl/100) Pg x 760 Eq. (5) em que: CHCl = concentração de HCl, expressa em mg/m3 % HCl = percentagem molar de HCl Pg = pressão do gás, expressa em atm, 1,268 = densidade do HCl 3. Determinações experimentais 4. Estimativa do ponto de orvalho A estimativa do ponto de orvalho segundo uma equação do tipo (2) requer a determinação da pressão parcial de HCl e também o teor em HCl no efluente gasoso. A partir dos valores obtidos pelas equações (4) e (5), pode agora determinar-se a temperatura do ponto de orvalho dos gases, seguindo este procedimento: Ao realizar análises de verificação de conformidade com os respectivos limites de emissão, há que determinar as emissões de HCl, no caso dos incineradores. Para efectuar essas determinações utiliza-se, correntemente, o método US EPA [3] que é um método de referência. Trata-se de um método extractivo isocinético que considera também a determinação dos parâmetros de escoamento como sejam a temperatura, pressão, velocidade, peso 18 1) calcular %HCl utilizando a equação (4) 2) calcular PHCl utilizando a equação (5) 3) escolher a equação do tipo (2) que esteja mais próxima de %HCl determinado anteriormente 4) calcular T utilizando a equação do tipo (2) previamente seleccionada. A temperatura do ponto de orvalho assim estimada pode, agora, ser comparada com a temperatura do gás medida, tg, no interior da chaminé. Agora, a avaliação da probabilidade da ocorrência de corrosão pode ser efectuada simplesmente [1] tendo em consideração que, se a temperatura do gás, tg, for mantida acima do ponto de orvalho, não deverá haver corrosão. Contudo, quando se efectua esta análise, deve ter-se em consideração que este modelo foi desenvolvido para estimar o ponto de orvalho do vapor de ácido clorídrico, supondo que o ácido clorídrico é a única espécie ácida que pode condensar a partir do efluente gasoso, o que é razoável admitir para o caso de incineradores. Se estiverem presentes outras espécies ácidas, tais como ácido sulfúrico, o ponto de orvalho do ácido clorídrico irá, certamente, ser afectado. Para situações deste tipo, o ponto de orvalho de cada espécie ácida pode ser estimado pelo método aqui descrito, para o ácido clorídrico, e pelo método descrito em [1] para o ácido sulfúrico. Nestas condições, o melhor modo de operar a instalação será manter a temperatura dos gases acima do mais elevado dos pontos de orvalho ácidos determinados. Referências: 1. Gomes, J.F.P., "Avaliação da Possibilidade de Ocorrência de Corrosão em chaminés Metálicas Provocada por Efluentes Gasosos Ácidos", Corrosão e Protecção de Materiais, 21(4), 15/17 (2002) 2. Chemical Engineers' Handbook, Perry, R.H. and Green, D. Eds., 7th Edition, McGraw-Hill 3. EPA Stationary Source Sampling Methods, Rules and Regulations, Federal Register August 18, 1977 INVESTIGAÇÃO & DESENVOLVIMENTO The RoHS Directive and the Role of SME’s in the Electrical Industries Abstract The electronics industry in Europe is about to experience one of the biggest single changes since it started around 1960. The combination of the Waste Electronic & Electrical Equipments (WEEE) and Restriction of Hazardous Substances Directives (RoHS) due to be effective on 1st July 2006 will mean that the industry will have to change from the tin/lead solder used to join the electronic components to the PCB to a lead-free solder (LFS). The new alloys and fluxes with their consequential higher soldering temperature and wetting characteristics will mean that process parameters, quality and product reliability data generated over many years will no longer be relevant. This will result in immense challenges to European manufacturers, especially SMEs as nearly all research in this area has been conducted by and for large volume manufacturing companies. Solutions for SMEs will be significantly different as they will not have budgets for large research programmes or new equipment, and their production profiles tend to be more flexible, with small batch quantities and manual assembly. Of particular concern to SMEs in supply chains is the potential of their customers imposing extremely rapid changeover times (e.g. 6 months) for conversion to lead-free soldering. In a recent survey carried out within the electronic sector in the European Union, it was found that no plans or targets for conversion to lead-free Technology were in place in 46% of the electronic companies who responded. This survey covered large companies and SMEs, so it is expected that in the case of SMEs, the proportion of companies not prepared for LFS would be higher. Recently, a survey of the UK electronics industry find how ready it is to make the transition from tin/lead solders to lead-free solders, and to leadfree components. Many contract manufacturers in the UK, mostly small or medium sized companies, know little about the implications of the "Restriction of use of certain Hazardous Substances" (RoHS) directive and know even less about the problems that can occur with lead-free soldering. The results emphasized that only three per cent of companies have developed lead-free products, nine per cent of companies have started trials with lead-free solders and 50 %of companies admit they don't understand the impact of banning leadbased solders. 1. Introduction The electronics industry in Europe is about to experience one of the biggest single changes since it started around 1960. The combination of the Waste Electronic & Electrical Equipments (WEEE) and Restriction of Hazardous Substances Directives (RoHS) due to be effective on 1st July 2006 will mean that the industry will have to change from the tin/lead solder used to join the electronic components to the PCB to a lead-free solder (LFS). This change has now been formalised in European Directive 2002/95/EC RoHS (Removal of Hazardous Substances) [1] that came into force on 13th February 2003, and is applicable to companies in the electronic sector. According to this directive, the use of lead, mercury, hexavalent chromium, cadmium and bromidebased flame-retardants will be banned from 1st July 2006. The new alloys and fluxes with their consequential higher soldering temperature and wetting characteristics will mean that process parameters, quality and product reliability data generated over many years will no longer be relevant. This will result in immense challenges to European manufacturers, especially SMEs as nearly all research in this area has been conducted by and for large volume manufacturing companies. Solutions for SME's will be significantly different as they will not have budgets for large research programmes or new equipment, and their production profiles tend to be more flexible, with small batch quantities and manual assembly. Of particular concern to SME's in supply chains is the potential of their customers imposing extremely rapid changeover times (e.g. 6 months) for conversion to lead-free soldering. 2. State of the art There have been a number of programmes working on the selection of alternative lead-free solder alloys and their metallurgical and physical properties but no significant work on the practical applications and the implementation in small to medium volume PCB assembly. Over recent years solder manufactur19 ers have developed viable lead-free solders, fluxes and solder pastes which meet the general requirements of the PCB industry. However they also stressed the need for improved soldering equipment specifications. These are required because the increased soldering temperatures of lead-free solders are very close to the maximum temperatures tolerated by many electronic components, thus creating a reduced process window. This is of particular concern to SMEs in the electronics industry who may not be able to buy new higher specification soldering systems. These can be helped by researching the many combinations of lead-free materials and developing more robust soldering processes. Recent surveys of the PCB Assembly industry in Europe have shown that very few companies have changed their production to lead-free solder. The main reasons given were the lack of a definite implementation date for the Restriction of Hazardous Substances directive (RoHS), the lack of a complete range of lead-free electronic components and insufficient understanding of the lead-free soldering process. The data presented in a recent survey [2] stresses the fact that the European industrial companies are still far from achieving the requested skills to implement Lead-free soldering technology. Individual national evaluation of the SMEs situation face to LFS carried out by each of the involved RTD as well as information provided by different organisations indicates a very deficient situation regarding the implementation of lead free solders specially by small volume production SMEs. We are aware of reflow, wave and hand soldering technologies being used by larger companies. These firms have the resource and research capability to trial new materials and process settings, and are able to transfer their internal findings to pro20 duction. Often, suppliers to these companies are notified of the new requirements without actually receiving technical assistance. For the SME with restricted resource and less adaptable equipment, the barrier for making the technical changes is therefore relatively higher, as they have less ability to create or leverage internal knowledge for their own benefit. The largest problem SMEs face is the modifications to their production to give high yield assembly processes. In many cases these processes will be particular to the SME, because of the type of equipment, production volumes and specific requirements from customers, and so it is very difficult for small companies to pick off-the-shelf solutions that are a match for their existing facilities and staff. For most electronics assembly SMEs, a the current state of the art is tin-lead soldering with conventional processes and materials. A need for the implementation of projects, will guide SMEs in the use of appropriate materials, recommend process window settings/tolerances, show how the changes affect inspection and product reliability, and in general give SMEs the confidence to implement the technology with the minimum detrimental effects for their competitiveness. By the end of 2006, SME assemblers will need lead-free soldering with appropriate processes, materials and expertise. In related projects that have been performed or at the moment are running in the field of Lead-free, the major part of them are focused on procuring new solders without Lead but less than 10% of these projects are involved in dissemination to companies. At the moment there are some projects related to removal of lead from solders used in electronics. Some of them are [4]. IMECAT, IMEC (Belgium), Evaluation of lead-free soldering for different applications, DESREL, Univ. of Limerick, (Ireland), National Project: Design for Reliability of Lead-Free Solders Interconnects for Portable/Wearable Applications. NORDISK INDUSTRIFOND, IVF, (Sweden), Nordic Lead-Free Project, Networking for Nordic Country SME´s, BLEI-FREIE ELECTRONIK, Technolab GmbH, (Germany), implementation of lead-free soldering, COST 531, Vienna University, University based European Leadfree soldering network, EUREKA LEADFREE, EMPA, Switzerland, reliability of lead-free solder joints, EFSOT, Fraunhofer IZM (Germany), basic lead-free technology linked to work in progress in Japan and Korea with emphasis on environmental aspects PROTIN, Philips Lead.Free/Halogen free packaging for semiconductor devices, involving 3 major component manufacturers. INNOLOT (Germany) - Environmental solutions for the application of new solders, supported by larger companies like BOSCH. LFS for SMEs - Lead-free Soldering also for Small and Medium sized Entreprises CRAFT, TNO, Netherlands ELFNET Network, ITRI (UK) European Lead-free Soldering Network GREENROSE-Removal Hazardous Substances Electronics, ABELIA (NO) of in LEADOUT-Low Cost Lead-Free Soldering Technology to Improve Competitiveness of European SMEs, ISQ (P), TWI (UK) All these projects are related to leadfree soldering technology and include developing, testing of solders and some implementation and dissemination in companies. Although some SMEs are included in dissemination plans of some projects, most of them are not specifically oriented to SMEs. In addition, these projects are focused to Western Europe and Nordic Countries and only some includes countries from the less developed area of Europe, that is South and East countries (ten countries from East Europe has just join the EU in 2004, that is, before the requirement for lead-free products comes into effect). A cooperative CRAFT Project Leadfree for European SMEs, has recently started (5th Framework Programme) - April 2003, focused on Lead-free technology for SMEs. This project aims to develop cost-efficient methods and alternative processes (vapour phase and laser) to adjust typical SME production processes to the necessary lead-free materials. Although this project seems to be a starting point towards SME lead-free soldering implementation, the results are restricted to the project consortium. ELFNET - the European Lead-Free Soldering Network began in 2000 and is a large consortium of organisations, Research Institutes and Industrial companies who aims to exchange technical information, to provide support to national industry regarding implementation. ISQ in Portugal and INASMET in Spain are members of this network and National Focal Points for Lead-Free implementation in their countries. The International Conference "Towards Implementation of the RHS Directive" held last year in Brussels [5] has presented a very update information about the latest research on Leadfree technology around the world. All the technical work presented has been carried out by large European compa- nies (Valeo, Philips), American (AIM, HP) and Japanese (Panasonic). Although there is still a lot of issues to be researched (e.g. Temperature sensitivity, compatibility of lead-free solders with components and board finishing, process atmosphere in particular for the case of wave soldering, intermetallics characterisation and influence, NDT assessment in particular equipment- x-ray equipment reconfiguration, components lead replacement coatings, environment assessment during production, testing and standards, etc.) and developed (process yield, process window, quality criteria) the technical implementation still requires a large amount of attention. The process management and process window are still a great concern within PCB assembly. Celestica (UK), an electronic manufacturing service provider, has presented an Inhouse programme on implementation of Lead-free assembly [6] in their production, covering technical and processing aspects as well as qualification and training issues. HP (USA) presented a case study of in-house LFS implementation [7]. Once again, small scale PCB assembly was not covered neither issues related with soldering repair with exception of an Collective project [8], which main objectives and consortium was presented. Two recent technical projects dedicated to SMEs are being started, GREENROSE and LEADOUT. These projects leadership by Industrial Associations are focussed in support European SMEs in the implementation of LFS technology. 3. Status and Relevance to SME's in EU The ban on lead-free solder has a direct effect on electronic industry and indirectly on all other sectors that use electronic items in their products (automotive industry, white and brown goods, and many others). The 2002/95/EC Directive is applied to the entire electronic sector, and whilst large, multinational companies have their own R&D resources to overcome any problems, the majority of SMEs do not have effective mechanisms for dealing with the legislation relating to lead free solders. In a recent survey carried out within the electronic sector [2], in the European Union, it was found that no plans or targets for conversion to leadfree Technology were in place in 46% of the electronic companies who responded. This survey covered large companies and SMEs, so it is expected that in the case of SMEs, the proportion of companies not prepared for LFS would be higher. ERA Technology carried out a survey of the UK electronics industry [3] find how ready it is to make the transition from tin/lead solders to lead-free solders, and to lead-free components. Many contract manufacturers in the UK, mostly small or medium sized companies, know little about the implications of the "Restriction of use of certain Hazardous Substances" (RoHS) directive and know even less about the problems that can occur with lead-free soldering. The results can be quantified as follows: Only three per cent of companies have developed lead-free products Only nine per cent of companies have started trials with lead-free solders 50 % of companies admit they don't understand the impact of banning lead-based solders Many companies use sub-contractors for their printed circuit boards (PCBs), and are relying on them to find solutions. A few PCB manufacturers have carried out limited trials with lead-free solders, but most have not. Some have even been told by solder suppliers that 21 "drop-in" solder replacements are available. This is simply not true and may give a false sense of security both to them and their customers. Moreover, some companies in the supply chain feels that the change of technology will not affect them, and do not realise that, unless their own supplier can supply lead free compatibles products, the majority of their stocks will be illegal within a three years time. Therefore the supply chain lead free compatibility is extremely relevant within the technology transition process. The results from this study carried out by ERA Technology in UK, can be extrapolated to other European countries with similar or less understanding on Lead-free transition. In the changeover to lead-free soldering SMEs will face a range of specific problems including: Potential technical problems for SMEs in terms of assembly technology, procedures, joint reliability and quality assurance; Locating data relevant to small scale production (most information relates to large volume); Determining how to utilise manual and low volume equipment on leadfree alloys and impact on service reliability is very limited; Data on the cost and resource issues relating to a process/material changeover for SMEs is very limited; Little research has been carried out on small to medium-scale processes and associated reliability issues; Potential need for very rapid change to lead-free soldering in order to ensure continuity of pro22 Figure 1 - Consumer electronic market variation in Europe [Source: European Industry Association - EICTA] duction due to customer procurement requirements; Relatively limited financial and labour resources for data gathering, research and new equipment. The implementation of LFS is a common demand for a specific sector. This situation has a widespread impact on European SMEs because of the European dimension of the Directive. To date, large companies have carried out most LFS research and dissemination to SMEs is very limited. As this is a problem of a whole sector, it is essential to take advantage of the role of industrial associations of SMEs in electronics which can play an active role in the awareness of such scenario resulted from the prohibition of lead in electronics. Such associations must be actively involved in order to reach as many SMEs from around Europe as possible within the relatively short timeframe available before the Directive takes effect. Removal of lead from electronic products is essential not only because of the European Directive, but it is also a question of answering to the increasing demand of "green" products and also of competitiveness in the global market, a major market influence in the electronic consumer field. Several Japanese companies are about to put on the market products using leadfree technology. Support for European SMEs in particular, is necessary if they are to effectively compete with these companies. 4. Economic Impact The electronic market can be divided in three large electronic branches: Consumer Electronics (e.g. Audio TVC, Video), Electronic Components (e.g. Components, antennas, subcontracting) and Professional Electronics and Telecommunications (e.g instrumentation, industrial electronics, radiodifusion). The engineered products are used in a variety of industrial sectors: telecommunications, automotive, aerospace, household appliances and personnel computers. In general terms, Electronics industry worth around 275 billion and employs 2 million workers in Europe. It is dominated by SMEs with the majority of manufacturers employing fewer than 100 people. In Europe around 8.000 SMEs employs around 200.000 people, representing a total of 15 billion euros . The market in Europe for PCBs alone is 25.2 billion Euro, over 36% of the world market of which cheaper manufacturers from outside the EU are supplying an estimated 30%. The PCB manufacturing industry employs around 1.2 million in the EU; Figure 1 presents the Electronic Consumer Market in Europe. The UK has 3500 SMEs in electromanufacturing employing around 35.000 people. In addition to the above industries, the industry sustains employment in the supplier base (polymer manufacturers, component manufacturers, electronic designers, etc), estimated to be 3.6 million people. 75% of the industry and the supplier base comprises of SMEs.). The electronic sector in Spain moves about 71.000 Million of Euros annually and employs 133.660 people. In Portugal the electronic market includes more than 115 companies. It worth about 4.670 million of Euros and employs around 39.000 persons. A rough estimation of the European share number of SMEs involved in medium volume electronic production is presented in the table 1. In addition to the economic pressures in the Electronic market resulted from the negative World Economy evolution forecast within the sector these companies are directly threatened not only by the inability to comply with the Directive but most of all by their inability to forthcoming customer demands in due time. 5. Conclusions the 1st July 2006 all SMEs in the sector will have to remove lead from their products. This is clearly a problem of a European dimension. There is a Directive that foresees the banishment of the use of lead in electronics and this logically needs a common effort at European level, more than an individual effort in each country, region or even in each company. The European electronics industry is very diverse in size and industry sectors. It has some of the very largest multi-national manufacturing companies but also many thousands of SMEs. Products vary from safety critical aerospace systems to electronic toys and large telecommunication systems to the smallest mobile phones. Yet the basic design still involves soldering standard electronic components to a PCB, even though the operating system of the resulting assembly may be vastly different. There is still little information available to SMEs in Europe on lead-free PCB process conditions and assembly yields because there has been insufficient work conducted on low and medium volume assembly using equipment suitable for SMEs. The result is that most SMEs are ill prepared for the changeover to leadfree materials and may have technical problems making the transition. The changeover to lead-free is not only a result of the EC Directive but should also be faced as a step forward to the European Sustainable Development and Competitiveness towards other markets. Lead removal affects all the European Electronic Sector and on E. Dias Lopes M. Margarida Pinto EC Country UK Germany France Italy Rest Europe SME Number 450 2.000 1.500 1.800 3.300 Table 1 - (Source: Smart Group) References: [1] Directive 2002/95/EC of the European Parliament and Council on the restrictions of the use of certain hazardous substances in electric and electronic equipment (RHS). [2] K. Nimmo; "Second European LeadFree Soldering Technology Roadmap"; February 2003; Soldertec at Tin Technology. [3] Electronic Talk; ERA Newsletter, UK, August 2003 [4] ELFNET- European Lead Free Network; SOLDERTEC; 2nd meeting; Brussels, Oct 2002 [5] International Conference on Lead Free Electronics; "Towards Implementation of the RHS Directive"; Organised by IPC (USA) and SOLDERTEC (UK); Brussels, 11,12 June 2003 [6] Horsley, Rob (Celestica, UK); "Development and Implementation of Lead Free Assembly by and Electronics Manufacturing Service Provider"; Proced. International Conference on Lead Free Electronics; Brussels, 11,12 June 2003; pp. 128-139 [7] Hernandez-Sosa, E (Hewlett-Packard, USA).; "Development of a Lead Free Surface Mount Manufacturing Process for High Complexity Electronic Assemblies"; Proced. International Conference on Lead Free Electronics; Brussels, 11,12 June 2003; pp. 222232 [8] Zuber, K (IZM, Germany); "Removal of Harzardous Substances inElectronics";Proced. International Conference on Lead Free Electronics; Brussels, 11,12 June 2003; pp.143-152 [9] Directive 2002/96/EC of the European Parliament and Council on Waste Electrical and Electronic equipment (WEEE) [10] Data from European Foundation for the improvement of Living and Working Conditions [11] Graça L; III-Health and Workplace Absenteeism in Portugal: initiatives for prevention; 1995 23 ESTRUTURAS METÁLICAS Breves notas sobre a reabilitação do Museu da Electricidade - Central Tejo em Belém A Central Tejo em Belém, actual Museu da Electricidade (Edifício classificado como imóvel de interesse público) é constituída por um conjunto de edifícios com estrutura em ferro rebitado, paramentos com revestimento a tijolo vermelho e, janelões de vidro transparente. Trata-se de um excepcional exemplar da arquitectura do ferro, marcado pelo seu carácter industrial em que a sua função industrial é dominante sobre quaisquer preocupações simbólico-formais. É sobretudo no seu interior que se conjuga a riqueza plástica da articulação do emprego do ferro, nas estruturas e no equipamento industrial, em que a funcionalidade ganha toda a importância. Em 2000, a EDP, proprietária da Central Tejo, convidou o ISQ (Instituto de Soldadura e Qualidade) para efectuar uma inspecção técnica ao conjunto edificado, com vista à elaboração de um Caderno de Encargos para a sua reabilitação. Essa inspecção técnica procurou sistematizar e identificar as patologias e demais fenómenos e causas de alteração material, tanto a nível estrutural, como dos equipamentos exteriores ligados ao funcionamento da própria central. Todo o conjunto de edifícios, nomeadamente Edifício das Caldeiras de Alta Pressão, Edifício das Caldeiras de Baixa Pressão, Sala das Máquinas, Edifício da Tremonha do Carvão e Edifício da Tremonha das Cinzas, apresentavam uma degradação significativa, tanto dos materiais de revestimento como das próprias estruturas, podendo referir-se a seguintes patologias: 1. Ferro Elevado grau de corrosão de elementos exteriores com perda de secção e formação de fissuras nos panos de tijolo de revestimento das fachadas, destacamento da pintura de revestimento em estruturas metálicas exteriores e interiores; 2. Tijolo de Revestimento O revestimento apresentava uma associação de factores que conduziram à desagregação do tijolo por, pulverulência, escamação e elevado grau de erosão predominante nos alçados voltados a Sul e Oeste devido à salinidade, vento, águas pluviais, nevoeiros e condensações. Alguns destes elementos apresentavam também a formação de crostas negras formadas pela deposição de partículas de carvão concrecionadas, por carbonato e sulfato de cálcio, originados pelo facto de a central ter utilizado carvão mineral na produção de energia eléctrica; 3. Betão armado Abaixamento do pH e elevado teor de salinidade conduziram à oxidação das armaduras com delaminação e destacamentos do betão, deixando a armadura a descoberto; 4. Coberturas Rotura dos esquemas de impermeabi- 24 lização adoptados nos terraços dos edifícios e, deslocação e fractura de telhas, provocando em ambos os casos graves infiltrações de águas pluviais no interior dos edifícios; 5. Agentes externos identificados, comuns a todos os edifícios Acção erosiva do vento, exposição solar diferenciada dos vários planos de fachada, lixiviação dos constituintes pela acção de águas pluviais, formação de eflorescências salinas e poluição com emissão de dióxido de enxofre provocada pela queima de carvão mineral. Tomando como referência as patologias identificadas e as novas exigências funcionais dos edifícios, o ISQ elaborou um Caderno de Encargos com procedimentos e metodologias de recuperação a serem executadas, definindo e quantificando áreas de intervenção. Foi com base nessas acções de inspecção, registo técnico e conhecimento profundo da intervenção e da reabilitação a ser efectuada que a EDP convidou igualmente o ISQ para Fiscalização da obra. O projecto, coordenado pela própria EDP com conhecimento do IPPAR (Instituto Português do Património Arquitectónico), foi concebido no sentido de recuperar o excepcional exemplar da arquitectura industrial dotando-o de um conjunto de infra-estruturas que possibilitem a sua museografia. A intervenção tem, assim, como principal objectivo, a recuperação dos edifícios da Central Tejo, através de um conjunto de medidas de valorização e de apresentação, em que paralelamente foram decorrendo trabalhos inerentes ao projecto de musealização dos edifícios. A Coordenação da Fiscalização da designada "Empreitada de Reabilitação dos Edifícios das Caldeiras de Alta Pressão, Caldeiras de Baixa Pressão, Sala das Máquinas e Tremonha do Carvão", iniciada em Julho de 2003 e, ainda em curso, encontra-se a cargo do Sector de Construção Civil e Obras de Arte do ISQ, estando envolvidas também as áreas de Protecção Anticorrosiva, Electricidade e Segurança e Saúde. Às funções de Fiscalização estão associadas as de Controlo de Qualidade, Gestão e Coordenação da Obra. A reabilitação de edifícios, por si só, é uma tarefa com características próprias que se destinguem das obras correntes. A recuperação de edifícios classificados e com especificidades próprias inerentes à sua função e à época em que foram construídos, é uma tarefa de restauro, devendo ser encarada como tal. São obras em que existe a necessidade constante de articular de forma adequada técnicas e materiais modernos com materiais e processos de construção antigos. Por esta razão os técnicos que intervêm nestas obras devem ter um conhecimento profundo dos edifícios, procurando conhecer as técnicas pelas quais foram construídos e adaptá-las aos dias de hoje, sem desvios ao seu valor histórico e arquitectónico. Esta é a forma de entender a reabilitação pelo Sector de Construção Civil do ISQ e que tem sido aplicada nesta obra do Museu da Electricidade, cuja participação se reflecte de uma forma bastante activa e interveniente. Pedro Matos Fernandes FORMAÇÃO Projecto ETIV - EMAS Technocal Implementation and Verification Estão disponíveis os resultados do projecto "ETIV - EMAS Technical Implemen-tation and Verification", coordenado pelo ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade e financiado pela Comissão Europeia no âmbito do programa Leonardo da Vinci. Com uma duração de trinta meses, este projecto envolveu organizações de onze países (Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Reino Unido, Polónia, Grécia, Dinamarca, Finlândia, Hungria e República Checa) e teve como objectivos principais o desenvolvimento ferramentas de formação para estimular, promover e apoiar a implementação do EMAS (sistema comunitário de ecogestão e auditoria), a promoção e o desenvolvimento de materiais de formação inovadores e a divulgação e disseminação dos produtos desenvolvidos. Os principais resultados deste projecto são módulos de formação e casos de estudo referentes à aplicação do EMAS em diversos sectores de actividade e um software de apoio à implementação do EMAS, que tem como objectivo proporcionar um método de avaliação sistemático dos conhecimentos adquiridos a partir dos módulos de formação desenvolvidos. Os resultados do projecto foram compilados num CD-ROM, que se encontra disponível ao público. Para tal, todos os interessados deverão contactar o ISQ e solicitar o envio de CDROM, através do e-mail: [email protected] ou da página de Internet do projecto: http://idec.gr/etiv/. Apresenta-se em seguida uma descrição das varias ferramentas disponíveis no CD-ROM. 26 Módulos de formação Encontram-se disponíveis módulos de formação que incidem sobre os seguintes temas: Organizações de I&D; Indústria de processamento de peixe; Indústria cerâmica; Municípios; Noções Básicas de Ambiente; Instituições públicas; Legislação Nacional e Europeia; Indústria metalúrgica; Directiva IPPC; Sector turístico; EMAS - Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria; Indústria de produção de plásticos; EMAS - Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria para PME; Indústria de produtos de limpeza. Auditorias Internas e Verificação no EMAS; Diagnóstico Ambiental; Tecnologias Ambientais; Formação e Comunicação. Cada módulo de formação é composto por um manual de formação e por um conjunto de slides para apresentação dos respectivos conteúdos programáticos. Cada manual inclui ainda uma série de questões para avaliação dos conhecimentos adquiridos. Casos de estudo Os casos de estudo abrangem diversos sectores de actividade e incluem exemplos práticos de aplicação do EMAS no sector. Todos os casos de estudo, irão incluir, além do manual de formação, slides para apresentação dos conteúdos, bem como uma conclusão, no que se refere às principais dificuldades da implementação do EMAS, aos benefícios ambientais associados e à experiência obtida no caso de estudo seleccionado. Encontram-se disponíveis casos de estudo de implementação do EMAS nos seguintes sectores de actividade: Software "EMAS 2001" O software "EMAS 2001", terá como objectivo proporcionar um método de avaliação sistemática dos conhecimentos adquiridos a partir dos módulos de formação desenvolvidos, fornecendo simultaneamente a informação necessária à correcção dos conceitos não compreendidos. Tendo em conta os conteúdos dos módulos de formação, são colocadas questões de avaliação de conhecimentos, que serão utilizadas para verificar os conhecimentos adquiridos, para diversos perfis de utilizadores do software (Auditores e Verificadores Ambientais, Responsáveis do sistema de gestão ambiental, Gestão de Topo e Formadores). Para divulgação do projecto e dos seus resultados, realizaram-se seminários internacionais de divulgação, em cinco países europeus: Portugal; Espanha; Itália; Grécia e Polónia. Mais informações Na página de Internet http://idec.gr/etiv/ encontra-se disponível informação adicional acerca deste projecto. HOMO APREHENDIS Margarida Nunes No ano de 2001, em Oeiras, várias organizações uniram-se num desafio comum... A nossa primeira missão, foi formar os formadores que iriam mediatizar o processo de aprendizagem junto do público com baixas qualificações escolares e profissionais, transformando o e-Learning num processo de aprendizagem universal. :: O F@DO É sobre o Curso e-Tutores que venho partilhar algumas linhas convosco. No ano de 2001, em Oeiras, várias organizações uniram-se num desafio comum... :: No início foi assim... ... Construir uma Metodologia de Formação a Distância - Blended Learning - ajustada às características sociais e cognitivas de pessoas com baixas qualificações escolares e profissionais, residentes ou trabalhadoras no Concelho de Oeiras. O desenho do Curso e-Tutores começou com uma auscultação aos principais operadores nacionais de eLearning com o foco da pesquisa na figura do e-Tutor, características, valências, aspectos-chave da sua prática. Esta metodologia pretendia responder ao apelo lançado pela Nova Europa do Conhecimento e da Sociedade da Informação no sentido de unir esforços nacionais que permitissem a literacia digital da população bem como o aumento da sua empregabilidade e a motivação para processos de aprendizagem ao longo da vida. O ISQ, o INOFOR, a AERLIS, o INETI e a CMO, articularam vontades e competências no sentido de tornar possível este projecto desenvolvido no âmbito da Iniciativa EQUAL. Foram desafiadas 22 organizações locais e empresas, 15 formadores e 30 cidadãos no sentido de, em Figura 1 - Aspecto Gráfico do Ambiente de Aprendizagem - Edifício Aprender comum, e com a participação activa de TODOS, se poderem construir ambientes de aprendizagem, conteúdos, instrumentos de avaliação, exercícios, actividades interactivas, e circuitos eficazes de trabalho em rede, por forma a garantir que a metodologia de formação fosse útil e adequada a TODOS os envolvidos - empresários e tutores on-job, organizações e mediadores locais, formadores, formandos e suas famílias. A nossa primeira missão, foi formar os formadores que iriam mediatizar o processo de aprendizagem junto do público com baixas qualificações escolares e profissionais, transformando o e-Learning num processo de aprendizagem universal. Após analisar a informação compilada das entrevistas presenciais e o suporte documental recolhido em pesquisas, foi desenhado o Perfil do eTutor e validado internamente com indivíduos com prática de Tutoria em ambientes de aprendizagem com suporte on-line. Figura 2 - Aspecto Gráfico da Entrada no Edifício Aprender 27 Técnico-Pedagógicos Associados ao Curso E agora, o desenho do Curso... :: O Desenho do Curso... Após definir e enquadrar o público alvo e os objectivos de formação, procedeu-se ao desenho do curso, seguindo os seguintes passos: Selecção da Abordagem Pedagógica Seguiu-se uma Abordagem Construtivista, onde o formando é convidado a explorar os conteúdos assumindo uma postura activa perante os mesmos recorrendo, com este fim, à interactividade facultada pela utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) ao serviço da formação. Definição da Metodologia de Formação Utilizou-se uma Metodologia de Formação Mista - Blended-Learning - integrando momentos presenciais para reforço de conhecimentos e trabalho da vertente comunicacional do Curso e momentos a distância suportados por um Sistema Estruturado de Tutoria. Desenho do Conteúdo Programático do Curso Enfoque na exploração pedagógica/ dinamização dos recursos suportados pelas TIC e nas especificidades dos públicos com baixas qualificações escolares/ profissionais - o objectivo último do Curso Formação para e-Tutores era formar os formadores que iriam monitorizar o Curso para públicos com baixas qualificações. Figura 3 - Aspecto Gráfico do Ambiente onde foi introduzido uma Actividade de Quebra-Gelo Virtual Definição da Metodologia de Avaliação da Aprendizagem Definição da Metodologia em 3 valências: Avaliação Diagnóstica Inicial Explorando o Perfil dos Formandos ao Nível Técnico (conhecimento da Temática do Curso), Pedagógico-Comportamental (conhecimento dos Estilos de Aprendizagem), Motivacional (conhecimento das motivações para a aprendizagem) e Tecnológico (conhecimentos informáticos) Motivação: Utilização de um tema de interesse geral, com o conteúdo inserido de forma lúdica, despertando o interesse do e-Formando. Pedagógico: Alinhamento dos conteúdos com as características da Metáfora seleccionada, proporcionando referências com um assunto que o Formando já conhece, ajudando-o, desta forma, na construção do seu conhecimento. Avaliação Contínua/ Formativa Promovendo a auto-avaliação do Formando (e a motivação para a aprendizagem), explorando o progresso no processo de ensinoaprendizagem e diagnosticando, atempadamente, eventuais desvios no mesmo Avaliação Final - Promovendo a aplicação prática e partilha do conhecimento e competências adquiridas, transferidos para um projecto aplicativo final. Definição do Itinerário Pedagógico do Curso Definição dos Meios de Distribuição Com os conteúdos segmentados em pequenas Unidades Formativas (Estrutura Modular) e especificações associadas ao acesso aos módulos (por exemplo: Existência de precedências na Navegação entre Módulos), de forma a assegurar uma sequência na aprendizagem. Definição da opção tecnológica de acordo com as especificidades da acção - no presente Curso foi utilizado o Sistema IBM - Learning Management System. 28 Após uma cuidada análise do públicoalvo do Curso, foi desenhado o ambiente de aprendizagem associado à componente virtual. A metáfora associada ao Curso on-line teve como base o contexto e interesses dos formandos. Deste modo, foi desenhado um ambiente que integrava um Edifício Virtual onde cada piso do edifício correspondia a um Módulo Temático do Curso. Os princípios da construção da Metáfora de Aprendizagem, foram: Desenvolvimento do Ambiente de Aprendizagem e Recursos Figura 4 - Aspecto Gráfico da Actividade de Quebra-Gelo de introdução ao Curso Estruturação e Desenvolvimento dos Recursos Pedagógicos associados ao Curso Produção de materiais preparados para visualização on-line (produzidos de acordo com os parâmetros normativos - SCORM -, perspectivando a possibilidade de reutilização dos mesmos) e recursos susceptíveis de Impressão com o resumo dos materiais disponibilizados no Sistema de Gestão da Formação. Definição do Sistema de Tutoria do Curso Definição do Sistema de Acompanhamento ao formando em 4 vertentes: Suporte Técnico - Apoio ao formando no domínio dos conteúdos da acção de formação Os Projectos de Intervenção foram monitorizados pela Equipa de Formadores do Curso, previamente afecta a pequenos grupos de formandos (cada formador "apadrinhava" cerca de 3 formandos no desenvolvimento do Projecto Aplicativo). Suporte Pedagógico - Apoio ao for- Figura 5 - Aspecto Gráfico do Ambiente de Aprendizagem - Training Campus Figura 6 - Sessão de Aprendizagem Assíncrona - Training Campus mando no domínio pedagógico do curso - auscultação de dificuldades/ constrangimentos, dinamização do curso, etc. Suporte Tecnológico - Apoio ao formando nos aspectos tecnológicos relacionados com a Plataforma de Gestão da Formação Suporte Administrativo - Apoio ao formando em aspectos administrativos relacionados com a acção de formação. Implementação no Sistema de Gestão da Formação mação a distância com trabalho assíncrono e um momento presencial, realizado em Itália, numa lógica de WorkShop onde foram debatidos os principais aspectos referentes aos Conteúdos previamente disponibilizados na Plataforma de Aprendizagem. A opção tecnológica adoptada permitiu monitorizar de forma contínua a eficiência da formação. :: A Disseminação Validação da Intervenção Formativa e Reengenharia do Curso Os formandos que frequentaram esta acção avaliaram-na de uma forma muito positiva, enfatizando a sua clareza, abrangência, criatividade e inovação. No final do curso, todos os formandos estruturaram um Recurso Técnico-Pedagógico (RTP) para ser operacionalizado no Curso para o Público com baixas qualificações escolares/profissionais. Estes RTP's foram aplicados num curso subsequente de e-Learning para Públicos desfavorecidos no qual estes formandos assumiram um novo papel - o de e-Formadores. O grupo de formandos que testaram o Curso Formação de Formadores para e-Learning foram propositadamente seleccionados no seio de diversas organizações (entidades formadoras externas à parceria de desenvolvimento, CRVCC, empresas) com o intuito de se colherem vários "olhares" quer no processo de concepção quer de reengenharia e avaliação moving on do Curso. O Curso Formação de Formadores para e-Learning deu origem ao eTutors Course, direccionado a entidades/ indivíduos residentes em Itália, que pretendiam ingressar nas especificidades da introdução das TIC ao serviço da actividade formativa. O e-Tutors Course teve a duração total de 42 horas e foi disponibilizado numa Metodologia de Formação Mista (Blended-Learning), integrando for- Decorridos quatro anos do início do projecto, levámos o F@DO, e mais especificamente o Curso e-Tutores a um novo público - Ministério da Educação - através do Centro de Formação Professor Lindley Cintra (CFPLC). Integram o Curso 12 professores (de um total de 26 candidaturas) de diversas escolas do Concelho de Cascais seleccionados de acordo com a possibilidade de promoverem a disseminação do Projecto e da Metodologia a este associada. O Curso e-Tutores, surge agora com um Ambiente de Aprendizagem renovado, mantendo a ideia que fundou a Metáfora - promover a identificação do formando com situações que lhe são familiares. Teve início a 17 de Maio e vai decorrer até 27 de Outubro (componente de aplicação), possibilitando à Equipa de Formandos a possibilidade de operacionalizar um Projec-to de Intervenção que vão desenhando ao longo do Curso nas turmas que lhes são atribuídas. :: Nota Final O Curso e-Tutores, para além de reconhecido pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional para revalidação do Certificado de Aptidão Pedagógica é um Curso homologado pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua do Ministério da Educação. 29 Se algum dia a palavra F@DO for associada a destino, o nosso, até data, é de sucesso, graças ao envolvimento das pessoas, da parceria e das redes de suporte à mesma. A chave do nosso sucesso é o facto de todos e cada um reconhecermos o projecto como nosso, promovendo-o interna e externamente. Deixo-vos com algumas dicas, fruto da experiência interna e investigação, para quem pretenda ingressar neste admirável mundo novo da tecnologia ao serviço da aprendizagem... Ligações Entidades Envolvidas Instituto de Soldadura e Qualidade www.isq.pt Associação Empresarial da Região de Lisboa www.aerlis.pt Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação, I.P. www.ineti.pt na Município de Oeiras www.cm-oeiras.pt Centro de Formação Lindley Cintra www.cfplc.net Professor Instituto de Reinserção Social www.mj.gov.pt/front-end/mj/ Município da Amadora www.cm-amadora.pt/ Iniciativa EQUAL www.equal.pt 30 A emergência da necessidade de actualização de competências ao longo da vida e os constrangimentos crescentes no acesso às Acções de Formação fez despoletar uma panóplia de soluções formativas baseadas nas Tecnologias de Informação e Comunicação. Resta-nos partilhar alguns aspectos que identificamos como críticos para a eficiência do processo de ensino-aprendizagem a uma qualquer distância, tendo sempre presente que as características da aprendizagem de adultos devem ser exploradas nestas soluções de aprendizagem inovadoras e emergentes. Eis algumas sugestões para os que pretendem ingressar nos novos contextos da Formação: Projecto F@DO www.institutovirtual.pt/fado Instituto para a Inovação Formação (actual IQF) www.iqf.pt Ideias-Chave para os e-Formadores Domine, não seja Dominado As Tecnologias de Informação e Comunicação enriquecem o contexto formativo, se conseguirmos tirar partido das mesmas. Explore os recursos tecnológicos e domine-os de forma a potenciar a sua utilização junto dos formandos. Conheça os seus Formandos As motivações que imperam nos adultos são as internas, relacionadas com a satisfação nas tarefas realizadas, aumento da qualidade de vida e da auto-estima. A diminuição do contacto visual não deve ser um constrangimento ao conhecimento multidireccional (formandos-formandos/ formandos-formador). Conheça o grupo de formandos através de uma Avaliação Diagnóstica contextualizada, de forma a ir ao encontro das suas expectativas e mobilizar a sua motivação interna ao longo do processo de ensino-aprendizagem. Utilize a Experiência dos Formandos Os adultos têm experiências de vida numerosas e diversificadas formando grupos de aprendizagem heterogéneos em conhecimentos, necessidades, interesses e objectivos. Estimule a aprendizagem colaborativa, baseada na partilha de experiências pessoais e profissionais e integre os resultados desta partilha nos conteúdos do Curso. Não se Esqueça da Vida Real Os adultos estão propensos a aprender algo que contribua para as suas actividades profissionais a curto/ médio prazo. Promova a transposição dos conteúdos para os contextos aos quais os formandos pertencem, ligando, desta forma, a aprendizagem com a experiência de vida/ profissional dos formandos. Responda sempre ao "Porquê" Os adultos sentem-se motivados a aprender quando entendem as vantagens dessa aprendizagem ou quando se apercebem das consequências negativas associadas ao desconhecimento de algo. Acompanhe o processo de aprendizagem com metodologias que estimulem a auto-avaliação, consciencializando os formandos das suas dificuldades e justificando, deste modo, a necessidade/ utilidade da aprendizagem. Envolva os Formandos na Agenda do Curso Os adultos precisam de se sentir envolvidos para se responsabilizarem por algo. Responsabilize os formandos pela aprendizagem, definindo com eles a calendarização de actividades e formando grupos de trabalho de forma a repartir a responsabilidade de cada um perante a turma. Prepare o Terreno da Aprendizagem O tempo é um recurso escasso na população adulta. Disponibilize fontes para pesquisa, recursos e pistas para a aprendizagem de forma a facilitar este processo e a potenciar o sucesso do mesmo. TRIBOLOGIA Tiago David Técnicas de Análise de Óleos Um programa de análise de óleos eficaz aumenta a fiabilidade e disponibilidade do equipamento, ao mesmo tempo que reduz os custos associados a trabalho, reparações e paragens. A análise de óleos consiste em avaliar o estado do óleo e o estado da máquina onde ele circula. A primeira é efectuada por meio de ensaios físicos e químicos para analisar as propriedades do lubrificante, ao passo que a segunda se baseia na análise das partículas transportadas pelo óleo, na forma de contaminantes ou partículas de desgaste. É uma combinação apropriada destes ensaios que irá permitir beneficiar das vantagens de um programa de análise de óleos. 1 Introdução Na análise de óleos em serviço, existe um pequeno conjunto de ensaios básicos que se efectuam com o objectivo de analisar o estado da máquina e do óleo. Estas duas áreas estão interligadas; mudanças no estado do óleo levam a mudanças nos estado da máquina (sob a forma de desgaste). Devido a esta importante relação, existem pacotes de ensaios já estabelecidos pelos laboratórios de análise de óleos, os quais dependem dos objectivos do programa de análise de óleos e do tipo de equipamento a analisar. Para além deste ensaios Ensaios Viscosidade Propriedades do lubrificante G P Partículas de Desgaste N Contaminação Teor de água N G N TAN/TBN G P P Contagem de partículas N G P FTIR G P N Espectrometria G P G Ferrografia N P G G = Grande peso, P = Pequeno peso, N = Nenhum peso Tabela 1 - Técnicas de análise de óleos típicas e seu peso nas três vertentes de análise. básicos, existem outros ensaios adicionais, especiais, que podem ser realizados para análises mais específicas. Nos capítulos seguintes são descritos os ensaios mais usuais ou básicos tipicamente utilizados em análise de lubrificantes em serviço. 2 Técnicas básicas de análise de óleos A análise de óleos tem três vertentes: Análise das propriedades do lubrificante - Relacionada com a avaliação das propriedades químicas, físicas, e dos aditivos do lubrificante. Análise da contaminação - Os con- taminantes são matéria estranha que provém do exterior ou é gerada internamente, que condicionam a fiabilidade das máquinas e a degradação do lubrificante, pelo que se deve controlar o seu nível. Análise de partículas de desgaste Quando os componentes se desgastam, geram partículas, cuja monitorização e análise permite detectar e avaliar condições anormais de desgaste que, por sua vez, permitem implementar decisões de manutenção eficazes. De modo a se cumprirem estes três objectivos, existe um conjunto de ensaios básicos, cuja combinação depende do tipo de óleo e do tipo de Contagem de Ferrografia Ferrografia Água Viscosidade TAN/TBN FTIR Espectroscopia partículas Quantitativa Analítica Falha de filtro G N N N P P M M Sujidade G N N N P P M M Humidade P G M G M P M M Fuga de anticongelante P G M G M G P P Perda de aditivos M P G G G G M P Oxidação P P G G G P P P Detecção de desgaste G N N N N M G G Análise de desgaste M N N N N G M G Desalinhamento G N P N N M G G Lubrificante inadequado M N G M G G G P Sobreaquecimento M N G M M N P M Fuga de combustível P N G P P M P N Desgaste corrosivo M G N G P M M G Condição G = Grande , M - Médio, P = Pequeno, N = Nenhum Tabela 2 - Grau de correlação entre os ensaios e o tipo de problemas que pode detectar 31 máquina a ser monitorizada. Na tabela 1 estão indicados estes ensaios e a sua importância para cada uma das vertentes da análise de óleos. corte para fluir. Pode ser comparada à força necessária para mexer o óleo por meio de uma vareta. oxidação e subprodutos da combustão (no caso de motores). Uma diminuição da viscosidade, ainda que pouco usual, é causada por contaminação com um A maioria dos laboratórios mede a visfluído de mais baixa viscosidade, que A tabela 2 relaciona os ensaios mais cosidade cinemática, embora haja normalmente é um solvente, um óleo usuais com o tipo de problemas que muitos viscosímetros que medem a menos viscoso, ou no caso de motores, podem detectar. Enquanto alguns viscosidade dinâmica e depois a concombustível. Viscosidades muito baixas ensaios são indicadores primários de vertem para viscosidade cinemática. A provocam a redução da resistência da problemas, outros são utilizados apeunidade de medida para a viscosidade película lubrificante, baixando a capacinas para confirmação dos resultados. cinemática é o centistoke (cSt) que é dade de prevenir o contacto metal A tabela 3 apresenta os ensaios aplicaigual a milímetros quadrados por metal. Um aumento pode indicar oxidos a vários tipos de máquinas tipicasegundo e para a viscosidade dinâmica dação ou contaminação com um lubrimente abrangidas por este serviço. é o centipoise (cP) que é igual a ficante mais espesso. Isto pode ser o resultado de demoras Compressores Motores Sistemas Caixas de Chumaceiras Turbinas excessivas nas mudanças Ensaio ar/gas diesel hidráulicos velocidades de rolamento industriais de óleo, altas temperaturas de operação, ou a Espectroscopia R R E R R R presença de água ou de FT-IR R R X X X X outro catalisador de oxiViscosidade R R R R R R dação. Viscosidades excessivas impedem o fluxo Ferrografia R E E R E E de óleo de chegar a locais quantitativa vitais reduzindo a capaciFerrografia E E E E E E dade de lubrificação. analítica TAN R X R R R R TBN X R X X X X Contagem de partículas R E R E E R 2.2 Teor de água A água é um dos contaminantes mais frequentes Água R R R R R R no óleo, podendo provir de R = Ensaio de rotina, E = Ensaio de excepção, X = Ensaio não efectuado fonte externa, fugas interTabela 3 - Ensaios de análise de óleos efectuados por tipo de máquina nas, ou por condensação. A sua presença deve ser 2.1 Viscosidade miliPascal-segundo (mPa.s). sempre mantida ao mínimo, pois contribui para a oxidação e formação de A viscosidade é uma das mais imporA viscosidade em cSt a 40ºC é a base corrosão, e impede os aditivos de actantes propriedades dos lubrificantes. para o sistema de classificação ISO tuarem adequadamente, o que se É ela que, para dadas condições de 3448 das gamas de viscosidade cinepode vir a traduzir em desgaste acelesolicitação do sistema tribológico conmática. Existem outros sistemas de rado, aumento da temperatura de opetrola a espessura da película lubrificlassificação de viscosidade cinemátiração e aumento do atrito, que cante e, por conseguinte, a eficaz seca, como o Saybolt (SUS) e o SAE, os poderão conduzir a falhas catastrófiparação das superfícies de contacto e quais podem ser relacionados com a cas. a ocorrência ou não de desgaste. medição da viscosidade em cSt a 40ºC ou 100ºC. As classificações ISO são Há vários métodos de detecção de A viscosidade pode ser definida como a normalmente aplicadas a óleos induságua. Pequenas quantidades de água resistência de um determinado fluído triais a 40ºC, ao passo que o sistema (<0.1%) podem ser detectadas por para fluir (tensão de corte) a uma dada de classificações SAE é aplicado a meio de um ensaio de crepitação ou temperatura. Pode ser medida e reóleos de motores e a óleos de transespectofotometria de infravermelhos presentada por viscosidade cinemátimissões. (cujo limite mínimo de detecção é de ca ou por viscosidade dinâmica (abso0.05% ou 500 ppm). Para um análise luta). A primeira mede a resistência de A viscosidade de um óleo novo deve mais rigorosa, utiliza-se o método Karl um óleo para fluir a uma dada tempeestar dentro de 10% do seu ISO VG e Fischer que tem um limite mínimo de ratura através de um tubo capilar, sob a de um usado deve estar dentro de detecção de 0.002%. a acção da gravidade. Pode comparar20%. -se com a resistência de um fluído para No caso do teor de água ser superior escoar através de um funil. A segunda É normal que a viscosidade aumente a 0.1%, esta encontra-se suspensa ou determina a resistência interna e ao ao longo do tempo, como resultado da emulsificada no óleo, podendo ser 32 detectada visualmente pelo aspecto turvo que confere ao óleo. 2.3 Total acid number (TAN) O Total Acid Number - TAN, ou índice de acidez, é uma medida da degradação do óleo expressa pela mudança na acidez dos óleos usados quando comparado com os níveis de acidez do óleo novo. É uma medida da quantidade de agentes ácidos presentes na amostra, cujo aumento em relação ao TAN do óleo novo indica oxidação ou contaminação com um produto ácido. Altos níveis ácidos podem indicar excessiva oxidação ou consumo de aditivos, podendo levar à corrosão. O TAN é baixo quando o óleo é novo e aumenta ao longo da vida deste. Enquanto que um aumento lento do TAN ao longo do tempo de utilização é considerado normal, um aumento rápido é normalmente indicativo de oxidação excessiva e significa que o óleo chegou ao fim da sua vida útil e tem de ser mudado. 2.4 Total base number (TBN) Aplicado principalmente a óleos de cárteres, o Total Base Number - TBN, ou índice alcalino, mede a alcalinidade do óleo, i.e., a capacidade de neutralizar ácidos corrosivos que se formam durante a sua utilização. Os valores de TBN tendem a diminuir à medida que a reserva de alcalinidade diminui pela combustão e por ácidos de oxidação, mas uma diminuição acentuada deste valor (abaixo de metade do seu valor original) significa a perda de aditivos responsáveis por neutralizar os ácidos, podendo o óleo tornar-se altamente corrosivo. Isto é normalmente causado por demoras excessivas nas mudanças de óleo, óleo inadequado, sobreaquecimento ou uso de combustível de elevado teor de enxofre. 2.5 Contagem de partículas O método de contagem de partículas dá-nos a concentração de partículas da amostra por gamas específicas de tamanho. O resultado pode ser correlacionado com uma classificação internacional, que nos dá um código da concentração de partículas por tamanhos. O código ISO 4406 (Figura 1) é o mais usado, embora existam outros menos frequentes, como o NAS 1638 ou SAE 749. espectrofotometria de infravermelhos, analisa a composição química do óleo ao nível molecular, com base na absorção de certos comprimentos de onda de infravermelhos. Quando um composto orgânico, como um lubrificante é exposto a luz infravermelha, as substâncias presentes irão absorver a luz a certos comprimentos de onda. O espectro de infravermelhos resultante é comparado com o de um óleo idêntico novo para a análise de contaminantes não metálicos e produtos de degradação. Conseguem-se determinar simultaneamente os seguintes parâmetros: Figura 1 - Código de classificação de partículas ISO 4406 Existem vários instrumentos de contagem de partículas que se baseiam, ou na contagem óptica por laser, ou por retenção de partículas. Também podem ser contadas manualmente, ao microscópio. Este é um teste particularmente importante em sistemas hidráulicos e turbinas, onde os níveis de partículas sólidas têm de ser mantidos baixos. Um elevado número de contagem de partículas indica a presença de sujidade, seja por contaminação externa, ou por desgaste interno, podendo também indicar perda de eficiência do filtro. No primeiro caso as partículas costumam ser de dimensão mais reduzida do que as provenientes de desgaste. Quando isto se verifica, devem ser tomadas medidas para determinar o tipo e tamanho das partículas e outros factores que indiquem a origem do modo de avaria. 2.6 Análise por infravermelhos Esta técnica, também conhecida por Água Glicol (líquido de refiregeração ou anticongelante) Combustível Solventes químicos Fuligem (resíduos de carbono) Aditivos de inibição de oxidação Aditivos anti-desgaste Oxidação Nitração Sulfatação 2.7 Análise espectrométrica A análise espectrométrica detecta e quantifica (em ppm) os elementos metálicos presentes numa amostra de óleo, como resultado de desgaste, contaminantes ou aditivos. O método mais usado é a espectrometria por emissão atómica, na qual se aplica energia na forma de arco eléctrico à amostra, o que provoca a excitação dos átomos que libertam luz a comprimentos de onda específicos, criando um espectro. As frequências individuais desse espectro são analisadas e quantificadas. A maioria dos espectrómetros identifica até 21 elementos metálicos, e classifica-os de acordo com elementos de desgaste, de contaminação ou resultantes de entrada ou perda de aditivos. Esta técnica é limitada no tamanho máximo de partículas que consegue detectar, que se situam entre os 5 e os 10 µm. Partículas maiores não são contabilizadas por este método de 33 análise. A tabela 4 indica os tipos de elementos que se podem detectar. amostra de óleo e as partículas nela suspensas precipitam-se por acção da gravidade e pela presença de um campo magnético forte. Estas partículas são depois observadas ao microscópio para determinação da sua composição e origem e identificação do tipo de desgaste presente. Um analista experiente consegue identificar as partículas e classificá-las de acordo com o seu tamanho, forma, e metalurgia, o que permite determinar o tipo e severidade de desgaste. Tabela 4 - Classificação dos elementos normalmente medidos por análise espectrométrica Para além de partículas de desgaste, também se podem identificar outros tipos de partículas, como por ex., polímeros, sujidade, fibras, e outros contaminantes sólidos. Para além da espectrometria por emissão atómica, também se utiliza, embora menos frequentemente, a espectrometria por absorção atómica e a espectrometria por fluorescência de raio x. As vantagens e desvantagens de cada técnica não serão aqui desenvolvidas. Os relatórios de Ferrografia apresentam os valores de severidade de desgaste, acompanhadas por fotomicrografias com uma descrição, bem como conclusões e recomendações para acções correctivas. das partículas de desgaste e da humidade e, espectrómetros de emissão atómica compactos. 3 Conclusão Os laboratórios comerciais estão dotados de um conjuntos de instrumentos sofisticados e dispendiosos e de mão-de-obra qualificada que permitem um melhor diagnóstico dos problemas tribológicos do sistema. Contudo, à medida que os instrumentos de campo vão sendo cada vez mais utilizados como ferramentas de ensaios de rotina para a monitorização do estado do óleo, os laboratórios comerciais vão sendo cada vez mais vistos como fornecedores de serviços especializados de excepção, para a investigação de problemas especiais. Também haverá tendência ao acoplamento de computadores a sensores e à utilização de inteligência artificial para a análise dos dados recolhidos. 2.9 Técnicas de campo 2.8 Ferrografia A Ferrografia é um método para analisar partículas de desgaste. Divide-se em Ferrografia Quantitativa e Ferrografia Analítica. Ambas utilizam a separação magnética das partículas em suspensão no óleo e a sua distribuição de acordo com o tamanho e composição. A Ferrografia Quantitativa determina a quantidade de partículas ferrosas grandes (>5 µm) e pequenas (1-2 µm) presentes na amostra. A partir destes valores, podem-se fazer vários cálculos relativos à taxa, intensidade e severidade de desgaste. No caso de se detectar uma alteração do modo de desgaste do sistema, por uma alteração significativa da concentração relativa das partículas grandes e pequenas, recorre-se à Ferrografia Analítica para se identificar o tipo específico de desgaste e a origem possível do mesmo. Na Ferrografia Analítica, prepara-se uma lamela de vidro, também conhecida por ferrograma. Neste, flui a 34 Para além das técnicas tipicamente utilizadas em laboratórios comerciais, recorrendo a instrumentos sofisticados e a pessoal qualificado, existe outro tipo de instrumentos que podem ser utilizados em campo. É o caso dos instrumentos portáteis, kits de análise de óleos e sensores. Estas tecnologias têm como vantagem uma maior flexibilidade e prontidão na obtenção dos resultados. No entanto, são técnicas normalmente mais limitadas em termos da gama de parâmetros que medem e da exactidão dos resultados. Alguns dos instrumentos portáteis estão disponíveis, nomeadamente, como contadores automáticos de partículas, e viscosímetros. Há um outra categoria de instrumentos de campo a emergir, que permitem a monitorização da degradação do fluído. Estes instrumentos utilizam espectroscopia dieléctrica, voltametria, espectroscopia de infra-vermelhos para a medição das propriedades químicas do óleo. Estão também em desenvolvimento sensores que permitem a monitorização em tempo real Bibliografia Filipe Didelet, José C. Viegas, "Manutenção", Escola Superior de Tecnologia de Setúbal, 2001/2002. "Basics of Oil Analysis", Analysts, Inc, 2001. Malte Lukas, Daniel P. Anderson, "Laboratory Used Oil Analysis Methods", Spectro Incorporated, 1995. Drew Troyer, Jim Fitch, "Oil Analysis Basics", Noria Corporation, 1999. Jim Fitch, "Elements of an Oil Analysis Program", Tribology Data Handbook, 1997. Larry A. Toms, "Machinery Oil Analysis: Automation & Benefits", Coastal Skillings, 2nd ed. 1998. Drew Troyer, "Understanding Absolute and Kinematic Viscosity", Praticing oil analysis Magazine, 3/2002. AMBIENTE João Gomes Contaminação do ar interior por bioaerossóis Introdução O termo Síndroma dos Edifícios Doentes (SED) tem vindo a ser usado há mais de 15 anos sem uma definição clara e tem vindo a ser incluído na linguagem comum. Originalmente foi utilizado para referir um conjunto lato tanto de sintomas médicos, desconforto ambiental e queixas face a odores desagradáveis (1). Hoje em dia descreve, mais precisamente, irritações das membranas mucosas, sintomas do sistema nervoso central, rigidez do tronco, alergias e afecções da pele. Diversas destas afecções são originadas por microorganismos em suspensão na atmosfera que se designam por bioaerossóis. Relação entre os bioaerossóis e a saúde Á medida que tanto as habitações antigas como a novas têm vindo a ser adaptadas por forma a serem mais eficientes em termos energéticos, as concentrações de certos contaminantes da atmosfera têm vindo a aumentar, e a prevalência do SED e doenças relacionadas com as atmosferas anteriores têm crescido assustadoramente. Em particular, é, hoje em dia, reconhecido que a incidência da asma, hospitalizações e mortalidade relacionadas estão a aumentar, invertendo-se as tendências de diminuição registadas na década de 70 (2, 3). O facto de que tanto os valores limite como as concentrações de poluentes pulmonares irritantes e partículas respiráveis no ar ambiente exterior, ter vindo a baixar na maior parte das cidades do mundo no decurso das últimas três décadas, sugere que a poluição do ar ambiente exterior não é maioritariamente responsável pelo aumento dos problemas de saúde atribuíveis ao SED. O aumento da prevalência da asma e outras doenças respiratórias veio, assim, alertar para que os bioaerossóis interiores e outros alergenos, tais como os ácaros domés- ticos, podem ter um papel muito importante nessas alterações, embora não se possa ainda considerar que este facto esteja clinicamente estabelecido (4, 5). Juntamente com o SED, as doenças associadas a agentes biológicos podem incluir fungos (5, 6), bactérias (7, 8) e toxinas microbianas tais como endotoxina (9) ou micotoxinas (10) e compostos orgânicos voláteis libertados pelos contaminantes biológicos. A humidade em excesso está associada ao aumento da prevalência dos sintomas respiratórios provavelmente através da promoção do crescimento de fungos e ácaros (11, 12). Estudos efectuados sobre as condições ambientais em habitações vieram demonstrar o nexo causal entre os sintomas respiratórios e a elevada humidade ambiente (13, 14, 15). Viegi e colaboradores (16) realizaram diagnósticos sobre as condições de saúde, através de questionários dirigidos, a 3866 pessoas escolhidas entre a população da Itália central e verificaram que o uso de sistemas de aquecimento nas habitações por fogões de sala ou ar forçado estava associado ao aumento da prevalência de dispneias, diminuição da capacidade respiratória e problemas cardiovasculares. Do mesmo modo, os dados recolhidos durante um estudo de 150 habitações no Kansas (17) sugerem Aerossóis Vírus Bactérias Endotoxina Esporos de fungos, micotoxinas Protozoários Algas Pólens Alergenos de pólen Efluentes animais (fragmentos e excrementos) uma correlação entre o aumento de fungos e o uso de fogões a gás. Estes autores atribuem este aspecto ao aumento da humidade no interior das habitações provocado pela combustão de gás. Verificou-se, também, que a existência nas habitações de caves estão, geralmente, associados a elevadas concentrações de fungos saprofitas. Kodama e McGee (18) estudaram o desenvolvimento de microorganismos nas atmosferas interiores em habitações e encontraram menos fungos naquelas equipadas com sistemas de ar condicionado do que nas com ventilação natural, excepto para a espécie Aspergillus em que se dá precisamente o inverso. Níveis de concentração de bioaerossóis Hawthorne e colaboradores publicaram dados relativos a um estudo efectuado nos EUA que revelaram a existência de níveis de fungos em excesso de 1000 colónias formadas por metro cúbico (CF/m3) em 49% das habitações e concentrações de bactérias desta ordem de grandeza em 57% das mesmas, tendo-se que as concentrações destes organismos nas atmosferas exteriores eram sempre menores (19). Outro estudo realizado por Solomon nos EUA (20) revelou concentrações Fontes vivas Animais infectados Animais infectados Bactérias gram-negativas Cogumelos, bolores Animais infectados Árvores, relva, plantas Pólen Animais vivos Fontes inanimadas Água Água, solo, folhas, ar Água, solo, folhas, ar Superfícies de plantas vivas e mortas, solo, água, ar Água, solo Água, solo Superfícies de folhas, solo Água Solo, água, ar Tabela 1 - Alguns bioaerossoís e suas origens 35 exteriores de fungos no Inverno de 230 CF/m3, e de 342 CF/m3 no interior de habitações. Um estudo bastante exaustivo efectuado por DeKoster e Thorne (21) relativo a habitações na zona central dos EUA procurou investigar as relações entre as concentrações interiores de bioaerossóis e as características dos sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado (AVAC), assim como outros aspectos estruturais dos edifícios. As determinações em causa foram efectuadas em habitações classificadas como "sem queixas" (A), "com queixas" (B) e "recentemente intervencionadas" (C) em termos de isolamento e ventilação; tendo sido medidos os níveis de concentração de fungos a dois níveis de cada habitação e na atmosfera exterior, cujos resultados se apresentam na tabela 2. Por estes dados tem-se que, em geral, os níveis de concentração de fungos são consideravelmente mais elevados nas caves do que no piso térreo das habitações, o que parece poder situar as zonas mais junto ao solo como um local de amplificação consistente com o verificado em estudos anteriores (22) e justificado pela elevada humidade dos solos. Este aspecto, associado à acumulação de fungos derivada pela baixa circulação de ar e baixa injecção de ar fresco provocada por muitos sistemas AVAC leva a que se cheguem a obter concentrações no interior dos pisos térreos das habitações até cerca de 4 vezes superiores ao determinado na atmosfera exterior. Naturalmente que isto é mais notório no caso das habitações tipo B cujos habitantes registam queixas e menos nos outros tipos. Também se pode verificar que existe uma distribuição não uniforme para cada uma das espécies de fungos identificados, o que tem a ver com características intrínsecas dessas mesmas espécies. Ainda no âmbito deste estudo foi investigada, estatisticamente, a possibilidade de ocorrência de correlações entre as concentrações medidas e parâmetros estruturais e operacionais dos sistemas AVAC existentes nas habitações, tais como a ausência ou 36 presença de humidificadores, desumidificadores, tipo de ar condicionado (centralizado, localizado ou ausência deste), tempo médio de utilização do sistema AVAC, etc. Este estudo conclui pela existência de correlações com significado estatístico sob este aspecto: o tipo de sistema de ar condicionado afecta o nível de fungos presentes, sendo que as habitações com sistema centralizado apresentam menos colónias do que aquelas equipadas com sistema localizado ou sem ar condicionado. Os dados sugerem ainda que muitos dos sistemas de desumidificação não dispõem de uma capacidade suficiente para impedir o desenvolvimento de fungos e que as habitações em que os sistemas estão equipados com filtros de alta eficiência para tratamento de ar apresentam níveis significativamente mais baixos de fungos e microorganismos respiráveis. efectuados mais estudos detalhados. Diversos investigadores (23,24) sugeriram que a determinação das relações entre as concentrações de contaminantes entre o interior e o exterior das habitações pode ajudar na identificação da fonte interior de contaminação. Em 1989, a ACGIH (25) recomendou que, para a exposição a esporos de fungos, os níveis de concentração interior devem ser interpretados em relação aos ambientes de controlo, tais como o ar ambiente exterior ou o ar interior em que não se verifiquem queixas. Como raramente se encontram disponíveis dados da linha de base para habitações onde não existem queixas, a prática comum é a comparação com os níveis em ar ambiente exterior. Contudo, o estudo do DeKoster e Thorne (21) indica que esta avaliação nem sempre tem um bom valor de significância. Conclusões A natureza dos problemas da qualidade do ar interior em habitações residenciais difere substancialmente dos relativos aos edifícios de escritório, particularmente nos casos em que existem contaminantes microbiológicos. Na realidade, muita da informação relativa ao dimensionamento dos sistemas AVAC para edifícios de escritórios não é frequentemente relevante para habitações que têm requisitos e padrões diferentes em termos de ocupação, utilização, necessidades de ventilação, assim como fontes de contaminação. Muitas destas questões não se encontram ainda devidamente esclarecidas e necessitam que sejam Espécie Cladosporium Penicillium Alternaria Aspergillus Fusarium Enzimas Outros Relativamente ao tipo de espécies encontradas no interior das habitações tem-se que a maior parte dos fungos saprófitas, tais como Cladosporium, Alternaria, Penicillium e Aspergillus predominam mundialmente no ar exterior (26). Em geral, a espécie Cladosporium é a predominante, seguida pela espécie Penicillium, dependendo naturalmente das condições climatéricas reinantes. De notar que todos os estudos aqui referidos apontam para a existência de importantes correlações entre os contaminantes biológcos encontrados no interior das habitações e as características dos sistemas AVAC aí instalados. Em particular, o estudo de DeKoster e Habitação tipo A Habitação tipo B Habitação tipo C Exterior Cave Sala Cave Sala Cave Sala 253 272 306 470 557 198 1790 296 184 6030 455 186 75 118 37 40 24 26 39 34 129 45 33 1060 215 24 14 37 18 19 8 8 13 17 42 33 25 13 22 47 39 29 80 70 300 182 53 59 93 Tabela 12 - Concentrações de fungos (CF/m3) em habitações, segundo DeKoster e Thorne (21) Thorne (21) ao detectar concentrações mais elevadas de bioaerossóis nas caves do que nos pisos térreos e uma tendência análoga entre as habitações dos tipos A e B face às do tipo C, indicam que a intervenção neste último tipo de habitações, que consistiu na instalação de melhores sistemas AVAC, com melhor controlo de humidade e retenção de alergenos, é eficaz Bibliografia (1) Thorne, P.S.; LeVasseur, J.A., "Levels of airborne bacteria and fungi associated with sick and healthy homes"; Toxicologist, 12, 223 (1992) (2) Gergen, P.J.; Weiss, K.B., "The increasing problem of asthma in the United States", Am. Rev. Respir. Dis., 146, 823 (1992) (3) Yunginger, J.W. et al., "A community based study of the epidemiology of asthma: incidence rates 1964-83", Am. Rev. Respir. Dis., 146, 888 (1992) (4) Sporik, R., et al., "Exposure to housedust mite allergen and the development of asthma in childhood", N.Engl.J. Med., 323, 502 (1990) (5) Miller, J.D., "Fungi as contaminants in indoor air", Atmos. Environ., 26A, 2163 (1992) (6) Burge, P.S., "Bacteria, fungi and other micro-organisms" in Indoor Air Pollution: Problems and Priorities, G.B. Leslie e F.W. Lunau Eds., Cambridge Univ. Press, Cambridge, 1992, pp. 29-61 (7) Thorne, P.S., "Sump additives as a source of bioaerosols in a school building", Vet. Human Toxicol., 35, 141 (1993) (8) Hood, M.A., "Gram negative bacteria as bioaerosols" in Biological Contaminants in Indoor Environments, P.R. Morley, J.C. Feeley e J.A.Otten Eds., ASTM STP 1071, ASTM, Philadelphia, 1990, pp. 60-70 (9) Olenchock, S.A., "Endotoxins" in Biological Contaminants in Indoor Environments, P.R. Morley, J.C. Feeley e no controlo de bioaerossóis. Os diversos estudos pareceram ainda indicar a inexistência de relação entre as concentrações elevadas de bioaerossóis bacterianos e os parâmetros construtivos das habitações, embora exista uma relação directa entre essas concentrações e o número de indivíduos residindo nas mesmas casas. J.A.Otten Eds., ASTM STP 1071, ASTM, Philadelphia, 1990, pp. 190-200 (10) Jarvis, B.B., "Mycotoxins and indoor air quality" in Biological Contaminants Environments, P.R. Morley, J.C. Feeley e J.A.Otten Eds., ASTM STP 1071, ASTM, Philadelphia, 1990, pp. 201-214 (11) Dales, R.E. et al., "Respiratory health effects of home dampness and molds among Canadian children", Am. J. Epidemiol., 134, 196 (1991) (12) Platt, S.D. et al., "Damp housing, mould growth and symptomatic health state", Br. Med. J., 298, 1673 (1989) Contudo, as características das habitações que resultam no aparecimento de baixas concentrações de bioaerossóis fúngicos são uma baixa humidade das caves e pisos térreos, grande utilização de sistemas centralizados de ar condicionado, isolamento eficaz das caves e pisos térreos e filtros de alta eficiência instalados nos sistemas AVAC. microbial contaminants in indoor environments", Arch. Of Env. Health, 41, 306 (1986) (19) Hawthorne, A.R., et al., "Case studymultipollutant indoor air quality study of 300 homes in Kinston/Aharriman, Tennessee" in Design and Protocol for Monitoring Indoor Air Quality, N.L. Nagda e J.P. Harper Eds., ASTM STP 1002, ASTM, Philadelphia, 129 (1989) (20) Solomon, W.R., "A volumetric study of winter fungus prevalence in the air of Midwestern homes", J. Allergy Clin. Immunol., 57, 46 (1976) (13) Wagemaekers, M.N. et al., "Respiratory symptoms in damp homes", Allergy, 44, 192 (1989) (21) De Koster, Thorne, P.S., "Bioaerosols concentrations in noncomplaint, complaint, and intervention homes in the Midwest", Am. Ind. Hyg. Assoc. J., 56, 575 (1995) (14) Strachan, D.P., Sanders, C.H., "Damp housing and childhood asthma: respiratory effects of indoor air temperature and relative humidity", J. Epid. Comm. Health, 43, 7 (1989) (22) Rahjhans, G.S., "Findings of the Ontario Interministerial Committee on indoor air quality" in Proceedings of the ASHRAE/SOEH Conference on IAQ 1988, ASHRAE Inc., 1989, pp. 195-223 (15) Strachan, D.P. et al., "Quantification of airborne moulds in the homes of children with and without wheeze", Thorax, 45, 382 (1990) (23) Burge,H.A., et al, "Bioaerosols", Appl. Ind. Hyg., 2, 10 (1987) (16) Viegi, G. et al., "Effects of the home environment on respiratory symptoms of a general population sample in middle Italy", Arch. Environ. Health, 47, 64 (1992) (17) Su, H.J., et al., "Examination of fungi in domestic interiors by using factor analysis: correlation and associations with home factors", Appl. Environ. Microbiol., 58, 181 (1992) (18) Kodarna, A.M., McGee, R.I., "Airborne (24) Reynolds, S.J., et al. "Elevated airborne concentrations of fungi in residential and office environments", Am. Ind. Hyg. Assoc. J., 51,601 (1990) (25) American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH), "Guidelines for the Assessment of Bioaerosls in the Indoor Environment", Cincinnati, 1989. p.8 (26) Gregory, P.H. "The Microbiology of the Atmosphere", Leonard Hill Ltd, London, 1961. pp.108 37 AMBIENTE Gestão da água em regiões semi-á áridas: caso de estudo na bacia hidrográfica do Rio Guadiana A bacia hidrográfica do rio Guadiana é uma das maiores da Península Ibérica. O consumo de água na bacia está polarizada pelas actividades agrícolas, industriais e uso doméstico, com uma distribuição de cerca de 19% em Portugal e 81% em Espanha. Uma característica importante desta bacia hidrográfica é a forte variação sazonal no caudal, como consequência da regularidade interanual de períodos de chuva e seca. Em períodos de seca, são vários os afluentes do Guadiana sem caudal e em muitos outros se encontram níveis significativos de eutrofização. A monitorização das alterações na qualidade da água está a ser efectuada bem como a análise de resultados de redes de monitorização já existentes. Com estes dados, o projecto TRANSCAT está a desenvolver um DSS, integrando vários dados SIG para cada área-piloto. 38 Introdução Ao longo da história, Portugal e Espanha aprenderam a partilhar os recursos hídricos transfronteiriços. Dos cinco rios partilhados, o rio Guadiana constitui um caso singular, onde o rio atravessa território Espanhol, entra em Portugal e finalmente se transforma num longo estuário que delimita a fronteira entre os dois países. A bacia hidrográfica do Guadiana é uma das maiores da Península Ibérica, com 66.780 Km2 - com 55.200 Km2 (83%) em Espanha e 11.580 Km2 (17%) em Portugal. O rio Guadiana percorre 550 Km em território Espanhol e 260 Km em Portugal. Alguns destes delimitam a fronteira entre os dois países (Ministério de Médio Ambiente, 1998). A Tabela I inclui alguns dados sobre utilização de água e ratio de utilização de água (comparação entre o consumo e produção) em ambos os países. Esta bacia hidrográfica apresenta as condições típicas das regiões semi-áridas do sul da Europa, com as suas ca- racterísticas climáticas e sociais muito particulares. O clima, o tipo de solo e a hidrogeologia têm uma significância acrescida na disponibilidade dos recursos hídricos em área semi-áridas e um dos factores mais influentes na recarga subterrânea da bacia. Por outro lado, as actividades que consomem água afectam seriamente a sua quantidade e consequentemente a disponibilidade. Algumas destas actividades são a urbanização, a indústria e a produção agrícola. O aumento de superfícies impermeáveis tem o efeito de redução na infiltração de água e na recarga de aquíferos subterrâneos. A maior parte da água retirada do rio Guadiana é usada nos sectores da agricultura, indústria e nas actividades domésticas. A poluição difusa provocada pelas escorrências da agricultura e as fontes pontuais como unidades industriais, actividades mineiras, estações de tratamento de águas residuais e aterros/lixeiras ilegais, entre outras, estão identificadas como as principais fontes de contaminação da bacia hidrográfica. De acordo com dados recentes, 81% da água para irrigação e distribuição doméstica é uti- Tabela I - Recursos e usos da bacia do Guadiana (Maia, 2001). Dados da bacia Espanha Portugal População (106 hab) 0,23 1,67 Caudal natural médio (Km3/ano) 4,97 1,70 Consumo (Km /ano) 2,37 0,56 48 34 8,9 0,3 3 Ratio de utilização de água (%) Capacidade de armazenamento (Km ) 3 lizada em Espanha e 19% em Portugal. Mais, cerca de 75% da descarga anual do rio é produzida em Espanha e 25% em Portugal. Condições naturais Enquanto a água é um recurso renovável, a sua disponibilidade no tempo e no espaço está limitada pelo clima, geografia e condições físicas, que influenciam a sua quantidade e qualidade na bacia hidrográfica. Estimativas recentes sugerem que as alterações climáticas são responsáveis por um incremento de 20% na escassez de água no mundo (UNESCO, 2003). Na bacia hidrográfica do Guadiana, as condições climáticas são caracterizadas por uma elevada temperatura no Verão e moderada no Inverno, um regime pluviométrico irregular, o que é típicos de áreas Mediterrânicas. Em geral, os cursos de água de regiões semi-áridas, apresentam um caudal muito reduzido em períodos secos. A pluviosidade é caracterizada por curtos períodos de chuva, seguidos de longos períodos de seca, e grandes variações sazonais. Apesar da distribuição irregular da precipitação, a assimetria em Portugal não é tão intensa como em Espanha. Estas variações sazonais tornam-se tão significativas como as actividades humanas sobre o consumo de água, para os sectores da agricultura e industrial. Quanto às águas subterrâneas, deve realçar-se a sua utilização excessiva, especialmente nos troços mais a montante do rio em plena Extremadura Espanhola, onde vários aquíferos foram declarados como sobre-explorados, bem como na província de Huelva, mais a Sul. No território Português, a hidrogeologia da bacia tem uma capacidade mais limitada. Tal como em outras regiões do Sul da Europa, o impacte hidrogeológico das secas tem sido intensificado pela sobre-exploração dos recursos - isto sucede particularmente com os recursos subterrâneos, conduzindo a uma recarga subterrânea insuficiente, seca de fontes e minas, redução do caudal dos cursos de água, destruição de zonas húmidas, e em zonas mais costeiras a intrusão salina. Problemas relacionados com a quantidade de água A necessidade básica de água é uma das principais preocupações das autoridades governamentais em todo o mundo. No caso particular das regiões semi-áridas, a garantia de recursos hídricos adequados é severamente ameaçada pela dominância de condições climáticas desfavoráveis. No lado Espanhol da bacia hidrográfica do rio Guadiana, a agricultura, especialmente a irrigação por aspersão, apresenta o consumo mais elevado. O intenso consumo juntamente com um regime extremamente irregular da disponibilidade de água, geram problemas de sobre-exploração e escassez de recursos. A sobre-exploração afec- ta não só a agricultura, mas também a distribuição para consumo humano. Esta situação tem aumentado a necessidade de regulação de caudal por meio de barragens e represas. O Plano Hidrológico da Bacia do Guadiana (Espanhol) e o Plano de Bacia do Rio Guadiana (Português) propõem a implementação do uso racional dos recursos hídricos em todas as suas utilizações (IBERAQUA, 2003). Na parte Portuguesa da bacia, a quantidade de água consumida por todos os sectores de actividade, totaliza aproximadamente 182 hm3/ano, atingindo 268 hm3/ano se se incluir a região leste do Algarve, mas dependendo do caudal do rio. As actividades mais directamente afectadas pela redução de caudal em Espanha, são a irrigação e a pecuária. Este facto, agravado no anos de seca, originam sérias dificuldades na satisfação das necessidades de água. A Tabela II inclui os dados actuais sobre consumos anuais por tipo de utilização em ambas as partes da bacia. Uma das soluções mais frequentes para combater a falta de disponibilidade de água, é a construção de reservatórios artificiais - barragens, represas e açudes. Em Espanha, as barragens do rio Guadiana não estão dirigidas à produção de energia eléctrica são estatais e dirigidas na maioria para a irrigação e controlo de cheias. No entanto, um dos objectivos do actual plano de bacia inclui a intenção de aumentar a produção eléctrica na bacia hidrográfica. Por outro lado, a escassez e a redução da qualidade dos recursos subterrâneos conduziram a Tabela II - Volumes de água consumidos anualmente por tipo de utilização na bacia hidrográfica do rio Guadiana, em Espanha e Portugal (IBERAQUA, 2003). Consumo (hm3/ano) Uso % Agricultura e pecuária Es 22.285 90 Pt 166 91 Doméstico e consumo humano Es 156 6 Pt 15 8 Es 88 4 Pt 2 1 Industrial Observações Quantidade insuficiente Quantidade insuficiente Faltas de fornecimento 39 um aumento do consumo dos recursos superficiais, e consequentemente à necessidade de mais barragens. Problemas relacionados com a qualidade da água Para além da óbvia necessidade de uma quantidade suficiente de água, é essencial controlar a qualidade da água armazenada nos reservatórios artificiais - a eutrofização é causada pelo excesso de nutrientes, que surgem através da escorrências da agricultura, a siltação causada pela acumulação de material inorgânico de pequenas dimensões, e a salinização, quando a evaporação excede a precipitação. Estes processos podem causar sérias restrições à utilização da água para a irrigação e consumo humano. A disponibilidade de água superficial em períodos chuvosos é colocada em risco pelo aumento da carga poluente, e a redução do caudal do rio favorece a baixa qualidade da água por menor efeito de diluição. As principais fontes de poluição na bacia do Guadiana são as descargas de efluentes não tratados, especialmente industriais, e ainda a poluição difusa, com origem na agricultura e pecuária. Foram feitos vários investimentos nos últimos anos, nas infra-estruturas de tratamento de águas residuais, quer em Espanha quer em Portugal. Nas áreas de agricultura intensiva, os aquíferos apresentam níveis elevados de risco de poluição por fosfatos. A indústria de processamento de carnes e produção de azeite são as mais representadas na parte Espanhola da bacia. Os efluentes originados contêm grandes quantidades de matéria orgânica e nitratos, e a indústria do azeite utiliza grandes quantidades de potássio no seu processo produtivo e geralmente estão presentes também nos seus efluentes. De igual modo, surgem grandes quantidades de sódio nos efluentes das unidades de processamento de carne, devido ao uso de sal nos processos de secagem. No lado Português da bacia, as actividades industriais incluem também o processamento de carne, a produção 40 de azeite, os curtumes, fabricação de maquinaria, processamento de resíduos sólidos, indústria da madeira e cortiça, e indústria da borracha. A pecuária e a agricultura contribuem ainda com matéria orgânica, nitratos e fosfatos para os cursos de água receptores. A presença de lixeiras e aterros não controlados é um outro aspecto importante, bem como a exploração mineira de cobre e estanho. Por forma a avaliar as alterações da qualidade da água na parte transfronteiriça da bacia, foram estabelecidas onze estações de amostragem que não estavam incluídas na rede de monitorização regular das autoridades regionais de ambos os países. Nestes locais foram analisados diversos parâmetros físico-químicos in-situ e em laboratório A gestão de água transfronteiriça Até recentemente, as relações bilaterais entre Espanha e Portugal no que respeita aos aspectos da gestão da água, estavam baseados na partilha dos recursos hídricos para a produção de energia eléctrica. Em Novembro de 1998, ao abrigo da legislação ambiental internacional e comunitária e da exploração sustentável da água, foi estabelecido e assinado um novo acordo bilateral que estabelece um caudal mínimo para secções específicas do rio em anos com valores normais de precipitação - a Convenção de Albufeira (IBERAQUA, 2003). A gestão do recurso nas bacias Ibéricas enfrenta um novo desafio com a implementação de novos instrumentos. Ambos os países iniciaram a transposição da Directiva-Quadro da Água (DQA) para a legislação nacional, com o objectivo de prevenir a deterioração da condição ecológica, a poluição das águas superficiais e a recuperação do estado destas, por forma a atingir um bom estado de qualidade, de acordo com o espírito da DQA. Como requisitos, encontramos a elaboração de programas de monitorização do estado do recurso que permitam análises coerentes e exaustivas. A DQA define para o programa de monitorização, os parâmetros indicativos para a hidromorfologia e qualidade físico-química para a classificação do estado ecológico (JOCE, 2000). A DQA declara que a gestão futura de bacias hidrográficas nos estadosmembro da UE deve incluir a participação relevante das partes interessadas (stakeholders) na definição e implementação de planos. Especificamente, o guia de participação pública no âmbito da DQA, identifica três grupos: o público em geral ou grupos de indivíduos da comunidade não organizados, mas que têm interesses na gestão da bacia; stakeholders, com representantes de grupos ou organizações afectadas ou com efeito nos planos de gestão; e entidades competentes, que têm a responsabilidade de decidir e implementar os planos de gestão. O projecto TRANSCAT O projecto TRANSCAT (Integrated Water Management of Transboundary Catchments) lida com as questões da gestão de recursos hídricos em bacias hidrográficas transfronteiriças. É um projecto Europeu, co-financiado pelo V Programa-Quadro de apoio, ao abrigo do programa Energia, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (EESD), e que pretende desenvolver um sistema de apoio à decisão (DSS) para a gestão integrada de cinco bacias transfronteiriças Europeias. O projecto integra dados de clima, hidrologia, hidrogeologia, ecologia, paisagem e economia numa base de dados em formato SIG. Os dados baseados em sistemas de informação geográfica ajudam a suportar o processo de tomada de decisão num modo mais user-friendly e cativante. Espera-se que combinando as capacidades de DSS e SIG, se produza uma ferramenta melhorada para este caso particular de gestão e processo de decisão. Conclusões A bacia hidrográfica do rio Guadiana está localizada numa região semi-árida e apresenta um balanço hídrico crítico e não-compensado. As situações hidrológicas extremas, nomeadamente secas, devem ser tidas em consideração, e devem ser estabelecidos planos de acção com base nas diferentes bacias hidrográficas. Enquanto a quantidade de água está directamente dependente dos factores hidrológicos da bacia, a qualidade da água, por seu lado, está dependente das actividades antropogénicas (principalmente indústria e agricultura) induzindo uma escassez do recurso em períodos mais secos. Nestes períodos, os baixos caudais registados, conduzem a uma competição pelo fornecimento de água pelos diferentes utilizadores, resultando em restrições nos volumes requeridos com consequências económicas e sociais, e por vezes em deterioração severa da ecologia do rio a longo prazo. Os sistemas de apoio à decisão podem ser ferramentas efectivas para os decisores e outros utilizadores. A integração de informação digital apresentada em formato SIG ajuda na abordagem aos problemas, apontando intuitivamente para soluções. Nuno Cosme, Sónia Sousa, Marco Estrela ISQ - Portugal Andrés Olay, Rodrigo Álvarez, Jorge Loredo ETS - Univ. Oviedo Referências IBERAQUA (2003): Aplicação da Directiva-Quadro da Água e Convenção Luso-Espanhola de 1998 na Bacia Hidrográfica do Guadiana. JOCE (2000). Directiva 2000/60/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 23 de Outubro de 2000, que estabelece um quadro de acção comunitária no domínio da política da água. L327. 22-12-2000. Maia, R. (2001): Sharing the waters of the Iberian Peninsula, Faculty of Engineering of Porto University, Portugal. Ministério de Médio Ambiente (1998): Libro blanco del agua, Ministério de Médio Ambiente Madrid. UNESCO (2003): Water for people, water for life, Executive Summary of the UN World Water Development Report, Paris - France. (IN)FORMAÇÃO Software ADITEC Apoio à decisão em Investimentos Técnicos Porquê o ADITEC? O ISQ desenvolveu um conjunto de aplicações informáticas, designado ADITEC, que permite a avaliação económica e multicritério de alternativas de investimento em equipamentos, instalações e outras infra-estruturas. O ADITEC resultou da constatação que os gestores técnicos de um número considerável de empresas não dominam os conceitos de análise económica, e da vontade do ISQ em fazer algo que pudesse colmatar esta lacuna de uma forma simples e pedagógica. Com efeito, as decisões de investimento são frequentemente tomadas de forma empírica e apressada, sem a devida ponderação de todas as consequências económicas e estratégicas. Noutras ocasiões, quando alguém com funções técnicas se apercebe de uma oportunidade de melhoria, tem dificuldade em formulá-la nos termos mais adequados, podendo a sua iniciativa não ser acolhida pela hierarquia por não a ter entendida. Em próximas oportunidades, é provável que estes técnicos não apresentem novas ideias pela desmotivação associada. O que é o ADITEC? O ADITEC usa os métodos científicos adequados a estas situações, e inclui um tutor de enquadramento conceptual, o qual esclarece o utilizador quanto ao significado dos termos empregues e explica o cálculo com exemplos correntes. Criam-se, assim, as condições para que muitas oportunidades de melhoria da produtividade não continuem a perder-se. O ADITEC é composto por um conjun42 Vida económica de um equipamento n* to de quatro módulos que tratam da análise económica e de dois módulos que tratam da análise multicritério. A Análise Económica Os quatro módulos sobre análise económica permitem responder a diversas questões, as quais, sendo do âmbito da engenharia, devem ser também consideradas na vertente económica. Com efeito, as avaliações da engenharia, fundamentadas em critérios técnicos, devem ser sempre complementadas com critérios de racionalidade económica. Esta parte cobre o tema dos investimentos típicos de substituição, do aumento (ou diminuição) da capacidade e da melhoria da produtividade. reparação num equipamento (a vida restante aumentará ou o custo do ciclo de vida restante reduzir-se-á?) iii) Qual o equipamento mais económico entre vários alternativos na perspectiva do custo do ciclo de vida (aquisição, aluguer,...)? iv) Qual o período de retorno do capital investido (pay-back) num projecto de melhoria da produtividade? O software permite introduzir o conceito de incerteza nas análises per- Estes quatro módulos permitem responder a questões do tipo: i) Qual o momento mais económico para substituição de um qualquer equipamento? ii) É economicamente viável realizar uma determinada grande Determinação do momento em que um equipamento deve ser substituído mitindo que as variáveis sejam introduzidas considerando três estimativas de valor: "o mínimo", o "máximo" e "o mais provável". Um algoritmo de simulação combina depois valores gerados aleatoriamente destas variáveis e fornece os resultados com a precisão estatística desejada. Entre estes resultados, o ADITEC informa sobre a probabilidade de uma expectativa não se confirma A Análise Multi-Critério Tabela de comparação dos critérios dois a dois Hierarquia composta por 5 critérios, um dos quais se desdobra noutros dois Os dois módulos sobre análise multicritério permitem responder complementarmente a algumas das questões abordadas na análise económica com base em critérios múltiplos. Adicionalmente, o método multicritério desenvolvido pode prestar apoio à elaboração de especificações destinadas a integrar os cadernos de encargos nos processos de consulta aos fornecedores de equipamentos. No ADITEC o utilizador começa por construir a hierarquia de critérios e de sub-critérios considerados pertinentes para a decisão. Procede depois à comparação, dois a dois, dos critérios em cada nível da hierarquia de acordo com uma tabela de preferências. Em caso de incerteza, o utilizador poderá seleccionar os limites de um intervalo de valores para cada peso. O ADITEC corre depois um algoritmo de simulação, o qual permite "filtrar" as corridas que resultam em rácios de incoerência superiores a um limite aceitável e determinar os valores esperados dos pesos de cada critério em cada nível da hierarquia. Segue-se a definição das métricas de cada critério quantitativo e o sentido da variação do mérito de cada um deles com o valor da correspondente métrica. O ADITEC realiza depois o cálculo de adimensionalização e normalização dos valores das métricas, transformando-os em mérito. O utilizador procede à comparação dois a dois das propostas alternativas à luz de cada critério qualitativo de acordo com uma tabela de preferências. Finalmente os valores de mérito são ponderados ao longo da hierarquia e mostrados sob a forma tabular e gráfica bem como o ranking das várias propostas alternativas. Como usufruir do ADITEC? O ISQ utiliza e disponibiliza o ADITEC como ferramenta de suporte: a actividades de natureza formativa; a actividades de natureza consultiva; a actividades de assessoria e avaliação. Para quaisquer esclarecimentos sobre o produto e serviços disponíveis, por favor contactar: Hierarquia de avaliação do mérito das várias alternativas José Lopes dos Santos [email protected] +351 21 422 81 16 43 Castelo Branco ganha importância a nível mundial ISQ abre espaço de Serviço ao Cliente O Laboratório de Ensaios de equipamentos de frio que o Instituto de Soldadura e Qualidade detém em Castelo Branco está a ser duplicado para fazer face à procura. A obra custa 800 mil euros, deverá estar pronta em Novembro e torna a estrutura uma das mais modernas da Europa. As organizações são dinâmicas e encontram-se em constante evolução… os processos e os procedimentos têm de acompanhar essa evolução. A garantia é do responsável técnico do Laboratório do ISQ em Castelo Branco, Telmo Nobre, que justifica o investimento “por necessidades de mercado”, uma vez que a lista de espera, em termos de marcações de ensaios, já atinge os três a quatro meses. Assim o ISQ pretende evitar que as empresas tenham de se deslocar a Madrid, Bordéus ou Paris, os locais mais próximos onde existem túneis com as mesmas características. Também permite que as empresas cumpram a Lei, ou seja, que certifiquem as suas caixas de acordo com a norma ATP, a qual resulta de um acordo internacional emanado pela Organização das Nações Unidas, algo que dá maior garantia de qualidade dos consumidores. “Esta certificação garante que a caixa tem qualidade em termos de isotermia, ou seja, a quantidade de calor que ela perde para o exterior é controlada”. Garante ainda o certificado de garantia na Direcção Geral dos Transportes Terrestres. Dado o bom desempenho do laboratório, a Direcção Geral decidiu atribuir-lhe essa competência. “A partir de 1 Janeiro do ano passado que emitimos todos os certificados ATP a nível nacional”. 44 Assim sendo, e com o objectivo de centralizar o Atendimento e dinamizar a Gestão Comercial, entrou em funcionamento em Maio de 2005, no edifício D – piso 0, o Serviço ao Cliente (SC). Este serviço serve de suporte a uma orientação comercial que se pretende cada vez mais focada no Cliente, pretendendo melhorar o nível de atendimento e garantir a estrutura de suporte às operações de Gestão Comercial. Destinado a assegurar o atendimento presencial e telefónico geral dos Clientes ISQ, numa primeira fase este serviço incide principalmente nas áreas do Gás e da Electricidade, mais propriamente na recepção/registo de Projectos de Gás e de Electricidade, na marcação de Inspecções, bem como no esclarecimento de quaisquer questões associadas. O SC pretende elevar o nível de serviço prestado ao desenvolver competências internas que permitam dar uma resposta imediata a questões de carácter transversal colocadas pelos nossos Clientes no que diz respeito aos serviços do ISQ. WWTREAT Modernização do ISQ O ISQ é coordenador do projecto WWTREAT (Waste Water Treatment Improvement Efficiency in Small Communities), um projecto Europeu co-financiado pelo Programa LIFEEnvironment da UE. Contam-se entre os parceiros, os SMAS da Câmara Municipal de Sintra e o INOV (INESC-Inovação), e mais três parceiros Europeus (do País Basco, Irlanda do Norte e Hungria). A estratégia de modernização do ISQ foi definida com base em dois vectores: reorganização interna e implementação de um sistema de gestão que permita uma perspectiva integrada da organização. O projecto visa a melhoria da eficiência do tratamento de águas residuais em pequenas comunidades, tendo como caso de estudo três Estações de Tratamento de Águas Residuais geridas pelos SMAS de Sintra - ETARs de Almoçageme, Magoito e Vila verde. No âmbito das actividades de divulgação do projecto, o ISQ elaborou um folheto informativo - o Guia Prático para o Uso Eficiente de Água e para o Funcionamento Eficaz de Sistemas de Saneamento, onde se incluem algumas medidas para a utilização racional da água, bem como outras informações genéricas sobre tratamento de águas residuais. O folheto será distribuído pelos SMAS a cerca de 4.600 utentes abrangidos pelo serviço das referidas ETARs. Neste sentido, foi decidido proceder-se à implementação do SAP, o qual deverá ser um dos principais instrumentos de suporte à mudança estratégica a efectuar nos próximos anos. O principal objectivo desta decisão está intimamente relacionada com a necessidade de aumentar a eficiência do ISQ, melhorando a nossa capacidade de respostas às diversas solicitações, externas e internas. Este projecto terá o seu arranque formal no próximo dia 8 de Julho, devendo todo o Plano de Comunicação associado estar assente na mascote que junto divulgamos. ISQ na 8ª COTEQ Este evento, um dos mais renomados para a Indústria Brasileira, decorreu de 07 a 10 de Junho em Salvador (Bahia), Brasil e teve como objectivos promover a troca de conhecimentos e ideias somando experiências e ampliando negócios, através da presença de profissionais de liderança na área da Integridade Estrutural de Equipamentos, de Ensaios Não Destrutivos, Inspecção, Corrosão e Pintura. Os Eventos Envolvidos incluíram: • Congresso Nacional de Ensaios Não Destrutivos; • Congresso Brasileiro de Corrosão; • Seminário de Inspecção de Equipamentos; • Exposição de Tecnologia de Equipamentos para Corrosão & Pintura, END e Inspecção de Equipamentos. O ISQ / ISQ Brasil estiveram presentes com um stand onde foram divulgadas soluções ligadas à Engenharia de Inspeção de Equipamentos, incluindo as de Avaliação de Vida Restante, cálculos estruturais de tubagens e recipientes sobre pressão, análise experimental e teórica de tensões, com apoio complementar ou isolado de técnicas de inspeção não convencional. Neste capítulo destacou-se a exibição de um equipamento de ultrasons automatizado montado sobre um tubo de aço de 20'' com soldadura circunferencial, que foi o alvo das atenções do nosso público visitante. A participação do ISQ nos trabalhos técnicos esteve repre- sentada ao mais alto nível, com a apresentação de 3 trabalhos técnicos sobre Aplicações TOFD na Detecção e Dimensionamento de Defeitos, Medição de Camada de Magnetite em Tubos de Caldeira por US e RBI no ISQ, brilhantemente pronunciados pelo Engs. Pedro Barros e Correia da Cruz. Destaca-se como saldo da nossa participação as excelentes oportunidades que se vislumbram nas Áreas de Avaliação de Vida Residual (Caldeiras) e RBI, bem como nas de aplicação de técnicas de ensaios não destrutivos não convencionais (TOFD e Phased Array). Foram feitos igualmente importantes contactos no sector termoeléctrico onde existem vastas possibilidades de aplicação do Know How ISQ. 45 NORMALIZAÇÃO PROJECTOS DE NORMA EM INQUÉRITO PÚBLICO CEN TC 23 - TRANSPORTABLE GAS CYLINDERS EN 12863:2002/prA 1:2005 Transportable gas cylinders Periodic inspection and maintenance of dissolved acetylene cylinders Data Limite: 2005-08-05 prEN ISO 22435:2005 Gas cylinders cylinder valves with integrated pressure regulator specification and type testing (ISO/DIS 22435:2005) Data Limite: 2005-08-10 TC 69 - INDUSTRIAL VALVES prEN 558:2005 Industrial valves face-to-face and centre-to-face dimensions of metal valves for use in flanged pipe systems PN and class designated valves Data Limite: 2005-08-31 prEN 12982:2005 Industrial valves end-to-end and centre-to-end dimensions for but welding and valves Data Limite: 2005-10-07 TC 104 - CONCRETE (PERFORMANCE, PRODUCTION, PLACING AND COMPLIANCE - CRITERIA) prEN 15183:2005 Products and systems for the protection and repair of concrete structures test methods corrosion protection test Data Limite: 2005-08-10 prEN 15184:2005 Products and systems for the protection and repair of concrete structures test methods shear adhesion coated steel to concrete (pull-out test) Data Limite: 2005-08-10 TC 114 - SAFETY OF MACHINERY 46 EN 1088:1995/prA 1:2005 Safety of machinery interlocking devices associated with guards Principles for design and selection. Amendment 1: Design to minimize defeat possibilities Data Limite: 2005-08-24 prEN 11161:2005 Safety of machinery integrated manufacturing systems basic requirements (ISO/DIS 11161:2005) Data Limite: 2005-08-17 TC 121 - WELDING PrCEN/TR 15235:2005 Welding methods for assessing imperfections in metallic structures Data Limite: 2005-08-12 prEN 1093-2:2005 Safety of machinery evaluation of the emission of airborne hazardous substances. Part 2: Tracer method for assessing the emission rate of a specified pollutant Data Limite: 2005-09-21 prEN ISO 2560:2005 Welding consumables covered electrodes for manual metal arc welding of non-alloy and fine grain steels. Classification (ISO 2560:2002) Data Limite: 2005-10-21 prEN ISO 9453:2005 Soft solder alloys chemical compositions and forms (ISO/DIS 9453:2005) Data Limite: 2005-08-17 prEN ISO 14705:2005 Welding coordination tasks and responsibilities (ISO/DIS 14731:2005) Data Limite: 2005-08-03 NORMAS PORTUGUESAS PUBLICADA C800/ CT 80 NP EN ISO 10012: 2005 (1º edição) Sistemas de gestão da Medição. Requisitos para processos de medição e equipamento de medição (ISO 10012:20 03) EN ISO 10012:2003 IDT Termo de Homologação nº 1/2005, de 2005-01-03 C1020/ CT 102 NP 4436: 2005 (1º edição) Tubos flexíveis de borracha e de plástico para utilização com gás combustível. Requisitos para os tubos de borracha e de plástico para ligação dos aparelhos que utilizam combustíveis gasosos da 2ª família Termo de Homologação nº 2005/0025, de 2005-02-15 C1500/ CT 150 NP EN ISO 14040: 2005 (1º edição) Gestão ambiental avaliação do ciclo de vida princípios e enquadramento (ISO 14040:1997) EN ISO 14040:1997 IDT Termo de Homologação nº 2005/0007, de 2005-01-18 E900/ CT 9 NP EN 50125-1: 2005 (1º edição) Aplicações ferroviárias - Condições ambientais para o material. Parte 1: Equipamento a bordo do material circulante EN 50125-1:1999 IDT Termo de Homologação nº 2005/0049, de 2005-03-31 Exemplares destes projectos de Norma podem ser solicitados ao ISQ (Instituto de Soldadura e Qualidade), nos domínios em que ele é o Organismo de Normalização Sectorial: Soldadura Aparelhos de Elevação e Movimentação Contentores Recipientes sob Pressão Metrologia Linear e Angular Ensaios não Destrutivos Nos restantes, contactar o IPQ: Instituto Português da Qualidade, Rua António Gião, 2, 2829-513 Caparica; Telef: 21294 81 00; Fax: 21 294 81 01