DEMANDA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL EM EMPRESAS DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NO ESTADO DO RJ Luiz Carlos de Sá Carvalho, Dr. Dezembro, 2006 RESUMO Este estudo tem por objetivo pesquisar, em nível exploratório, o perfil qualitativo da demanda de recrutamento, formação e aperfeiçoamento de recursos humanos especializados nas empresas de serviços de TI no Estado do Rio de Janeiro e verificar o alinhamento da oferta a esta demanda. Estas empresas, predominantemente de pequeno porte, mesmo tendo sido bem sucedidas durante muitos anos, apresentam uma demanda educacional importante, em várias de suas funções e negócios, incluindo aspectos gerenciais, de processos, comportamentais e técnicos, a despeito de haver uma oferta acadêmica qualitativamente bem conceituada (mas nem sempre bem realizada). As empresas, que começam a se interessar mais e mais por qualidade e padronização de seus processos, já investem correntemente em educação, só não o fazem mais por falta de meios. Mas um reforço qualitativo e quantitativo dos recursos humanos dessas empresas só pode ser bem sucedido se integrado sistemicamente com a própria evolução organizacional, gerencial, mercadológica etc. dessas empresas. 2 ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO 2 OBJETIVOS E DELIMITAÇÃO DA PESQUISA 3 CONTEXTO E CONCEITUAÇÃO 3.1 O MERCADO DE SOFTWARE E SERVIÇOS DE TI 3.1.1 DADOS BÁSICOS E TENDÊNCIAS GERAIS 3.1.2 O MERCADO DO ESTADO DO RJ 3.1.3 A QUESTÃO DA EXPORTAÇÃO 3.2 O NEGÓCIO “SERVIÇOS DE TI” 3.2.1 AS EMPRESAS E SEUS SERVIÇOS/PRODUTOS 3.2.2 O CONHECIMENTO NAS EMPRESAS DE SERVIÇOS DE TI 3.2.2.1 TECNOLOGIA DO PRODUTO 3.2.2.2 TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO 3.2.2.3 ASPECTOS GERENCIAIS, PAPÉIS E PERFIS 3.3 A EDUCAÇÃO EM TI 3.3.1 PANORAMA 3.3.1.1 ENSINO REGULAR 3.3.1.2 OUTRAS FORMAÇÕES 3.3.2 ASPECTOS METODOLÓGICOS 3.4 AÇÕES INSTITUCIONAIS 4 METODOLOGIA 4.1 TIPO DE PESQUISA 4.2 A AMOSTRA 4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 4.4 ENTREVISTAS 4.5 ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES 4.5.1 TIPOS DE NEGÓCIOS 4.5.2 A QUESTÃO DA CERTIFICAÇÃO 4.5.3 RELACIONAMENTO CAPITAL-CONHECIMENTO X DEMANDA 4.5.4 CONCEITOS DE FUNÇÕES TÍPICAS 4.6 TRATAMENTO DOS DADOS 4.7 O FÓRUM EDUC-TI 5 RESULTADOS 5.1 RESULTADOS DO FÓRUM EDUC-TI 5.1.1 ALGUMAS PREOCUPAÇÕES E VIVÊNCIAS 5.1.2 PROPOSIÇÕES DO FÓRUM 5.1.2.1 PREMISSAS DE CONTEXTO 5.1.2.2 ALGUNS PROJETOS/TEMAS DE INVESTIGAÇÃO 5.1.2.3 DIMENSÕES DE INVESTIGAÇÃO 5.2 PESQUISA DE CAMPO 5.2.1 DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESA POR PORTE 5.2.2 IDADE DAS EMPRESAS 5.2.3 ORIGEM DO CAPITAL 5.2.4 INTERESSE PELA CERTIFICAÇÃO 5.2.5 TIPOS DE NEGÓCIOS PREDOMINANTES 5.2.6 A EXPORTAÇÃO 5.2.7 DEMANDA DE CAPITAL-CONHECIMENTO – IMPLÍCITA 5.2.7.1 CONTROLE DAS TECNOLOGIAS DE PRODUTO 4 7 9 9 9 12 13 15 15 18 19 21 26 30 30 30 35 36 39 41 41 41 42 42 44 44 44 45 46 46 46 48 48 48 50 50 51 52 53 54 54 55 55 57 58 59 59 5.2.7.2 PREVISÃO DE MUDANÇAS. NAS TECNOLS. PRODUTO 5.2.7.3 TECNOLOGIAS DE PRODUTO EXISTENTES 5.2.7.4 TECNOLOGIAS DE PRODUTO A ADQUIRIR 5.2.7.5 CONTROLE DAS TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO 5.2.7.6 PREVISÃO DE MUDANÇAS NAS TECNOLS. PRODUÇÃO 5.2.7.7 TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO EXISTENTES 5.2.7.8 TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO A ADQUIRIR 5.2.8 DEMANDA CAPITAL-CONHECIMENTO – EXPLÍCITA 5.2.8.1 NECESSIDADES DE RECRUTAM., ESCOLARID. E PERFIL 5.2.8.2 INVESTIMENTOS EM TREINAMENTO 6 CONCLUSÕES 6.1 SÍNTESE DOS RESULTADOS PRINCIPAIS E COMENTÁRIOS 6.2 SUGESTÕES DE OUTRAS PESQUISAS 7 REFERÊNCIAS ANEXOS 59 60 62 64 64 64 69 70 70 73 77 77 81 82 3 1 INTRODUÇÃO Este estudo tem por objetivo pesquisar, em nível exploratório, o perfil qualitativo da demanda de recrutamento, formação e aperfeiçoamento de recursos humanos especializados nas empresas de serviços de TI no Estado do Rio de Janeiro. O interesse deste tipo de avaliação é evidente: o sucesso do atual esforço privado e público (leis de incentivo, instrumentos de financiamento, políticas de desenvolvimento tecnológico etc.) para fortalecer e inserir as empresas nacionais de software e serviços como atores principais no mercado interno e global de tecnologia depende, mais do que tudo, da qualidade, adequação e disponibilidade desses recursos humanos. Apenas como referência, somente 17% da demanda do mercado nacional, cujo crescimento previsto para os próximos anos será substancial (ABES, 2006), é hoje atendida por empresas nacionais (Kurtz, 2005). Por outro lado, sendo as empresas deste setor em sua grande maioria micro ou pequenas, não existe sobra de recursos para investir pesadamente em treinamento e formação complementar, caso os profissionais que chegam ao mercado estejam, por razões quaisquer, muito desalinhados com relação à demanda e os requisitos dessas empresas. Essa demanda e esses requisitos, por sua vez, dependem fortemente da percepção e das intenções dos dirigentes dessas empresas, assim como do mercado e do perfil atual das mesmas (missão, estilo gerencial, produtos etc.). O panorama se torna ainda mais desafiador se pensarmos na velocidade com que o conhecimento neste setor avança. Por exemplo, como reduzir, na formação de um profissional, a obsolescência precoce? Como, ao mesmo tempo, possibilitar-lhe tornar-se rapidamente produtivo, o que demanda uma certa especialização? Como dividir as responsabilidades pela formação e atualização desses profissionais entre universidades e empresas? Como as pequenas empresas, que constituem a imensa maioria do setor, podem organicamente ampliar seu nível de atuação aproveitando ao máximo recursos humanos mais efetivos se e quando eles tornarem disponíveis? Etc. Naturalmente, as autoridades do MEC, a academia e as empresas que atuam em treinamento (como atividade principal ou complementar a outros serviços) vêm discutindo intensamente, assim como em outros países, como melhor atender a demanda das empresas e da sociedade. Estas propostas relativas à oferta de formação de recursos humanos se baseiam em fatores como: 4 Academia: o estado da arte e as tendências tecnológicas (até onde se pode antecipá-las, o que não é trivial, tendo em vista o tempo de formação e maturação de um profissional). (Ver, por exemplo, Computerworld, 2006); Autoridades educacionais: atender às necessidades percebidas da sociedade (com os mesmos desafios de previsão de futuro acima citados) e alinhar-se com um modelo de desenvolvimento geral e setorial. Por exemplo, o país deve tornar-se grande exportador de software (Gazeta Mercantil, 2006)? Em caso positivo, qual seria o modelo? Empresas de treinamento: atender a uma demanda explicitamente percebida. Empresas fornecedoras de produtos e serviços (que demandam mão-de-obra especializada): facilitar a comercialização desses produtos. Cada um deste atores, naturalmente, tem também uma visão particular dos métodos educacionais que seriam os mais efetivos e rápidos: ensino à distância, residência, concentração dos esforços no nível médio, superior de curta duração ou plena etc. Há ainda uma outra questão: como isto tudo se insere dentro das políticas nacionais para o setor, que ainda estão em processo de indefinição e amadurecimento (Queiroz, 2006)? Evidentemente, há também o aspecto quantitativo, que não será abordado nesta pesquisa. Quantos programadores, com que perfil? Quantos analistas de sistemas (o que quer que isto signifique atualmente)? As empresas têm capacidade para absorver estes profissionais em quanto tempo? Esta pesquisa, realizada entre Julho e Dezembro de 2006, foi apoiada pela RIOSOFT, ASSESPRO-RJ e SEPRORJ e patrocinada pelo SEBRAE. 5 2 OBJETIVOS E DELIMITAÇÃO DA PESQUISA Trata-se de uma pesquisa exploratória e qualitativa, cujo objetivo maior é enriquecer o panorama acima alinhavado com um elemento essencial: uma visão mais precisa e talvez menos evidente da natureza da demanda das empresas de serviços de TI em matéria de perfil qualitativo da sua mão-de-obra. Esta perspectiva inclui levantar alguns aspectos implícitos dessa demanda, através do confronto entre as necessidades expressas de recursos humanos (que papéis na empresa estão demandando reforço, na visão dos gestores) e fatores como valorização das certificações, busca de qualidade, gestão empresarial, status dinâmico da empresa (negócios mais ou menos estáveis ou com prognóstico de mudanças importantes), cultura, tipos de atividades e valores empresariais e a vivência prática do recrutamento e emprego de profissionais. Naturalmente, vai-se procurar cotejar esta demanda com a oferta e as propostas de aperfeiçoamento educacional para o setor. As perguntas da pesquisa são: a) Perfil da empresa do ponto de vista do porte, tempo de atuação e interesse na formalização e consolidação do seu capital-conhecimento: Porte Tempo de existência Origem da empresa (essencialmente, se o seu capital inicial foi conhecimento ou capital propriamente dito). Existência, interesse e tipo de motivação por certificações e padrões de qualidade e produção (CMMI, MPS-Br, ISO etc.). b) O negócio: Quais os tipos de fontes de receita (incluindo eventualmente a proveniente de exportação) atuais e futuras (previstas ou planejadas): desenvolvimento de software sob encomenda, pacotes, consultoria etc. c) A tecnologia do produto — atual e futura, ou seja, o conhecimento do negócio do cliente ou da aplicação: Campos de aplicação dos serviços ou produtos 6 Quem detém (e deve deter no futuro) o conhecimento (gestores, profissionais ou terceiros) d) A tecnologia da produção — atual e futura, ou seja, o conhecimento, usado na geração dos produtos e serviços: Tipos de ambientes, métodos e ferramentas Quem detém (e deveria deter no futuro) o conhecimento (gestores, profissionais ou terceiros). e) Funções da empresa que precisariam ser aperfeiçoadas através de recrutamento ou educação: Que níveis e tipos de escolaridade são desejados para cada um desses papéis Que características pessoais são vistas (ou não) como importantes Onde a empresa já investe ou investiria em educação, se tivesse recursos. Além destes aspectos de demanda, captados na pesquisa de campo, também serão exploradas, através de pesquisa documental, as principais características da oferta de educação para o setor, incluindo propostas futuras. Finalmente, serão feitas considerações sobre como a demanda e oferta parecem ou não alinhar-se neste momento. No Capítulo 4 – Metodologia, as perguntas da pesquisa de campo serão melhor detalhadas e justificadas do ponto de vista do objetivo central da pesquisa, qual seja, qual o perfil qualitativo da demanda de recursos humanos dessas empresas? Embora a pesquisa tenha levantado alguns aspectos mais gerais das empresas entrevistadas, o foco é apenas o perfil, a formação e o aperfeiçoamento dos profissionais que atuam na empresa (incluindo eventualmente os próprios gestores). Não se trata portanto de um diagnóstico mais abrangente do setor. As limitações da pesquisa são as seguintes: a) Foram estudadas empresas de serviços de informática do Estado do Rio de Janeiro, identificadas por meio do cadastro do SEPRORJ, que se dispuseram a ser entrevistadas ou a responder a um questionário via e-mail. Algumas dessas empresas são ou foram participantes do programa Qualisoft, coordenado pela RIOSOFT. b) O estudo trata apenas dos serviços de TI enquanto negócio. Não foram portanto 7 pesquisados serviços de TI internos de empresas usuárias. c) Os dados existentes sobre o setor são ainda muito incompletos, fragmentários e pouco consistentes (FINEP, 2003), a despeito de esforços de entidades como SOFTEX, ASSESPRO (Projeto Canesi: ASSESPRO, 1996; Estatística Sobre as Empresas do RJ – 2001: ASSESPRO, 2002; e Perfil das Associadas do RJ – 2005: ASSESPRO, 2005), ABES e outras, com o apoio da FINEP, do IBGE e do MCT. Um dos documentos de referência é o censo — na verdade uma amostragem — de associadas da SOFTEX de 2001, elaborado junto com o MCT (SOFTEX, 2001). É importante lembrar que cinco anos são um tempo um tanto longo em um mercado tão dinâmico. d) A própria conceituação das diferentes formações, assim como das funções e papéis nas empresas do setor é um tanto heterogênea e muito volátil, o que torna qualquer generalização bastante delicada (p. ex. Tandon, 2003). A recente iniciativa do MEC no sentido de normalizar a nomenclatura e conceituação dos cursos e disciplinas é um exemplo a mais da necessidade de lidar permanentemente com deste desafio conceitual (Paraguassú, 2006). e) O tratamento dos dados foi qualitativo, sem buscar qualquer generalização estatística. Os resultados tabulados servem apenas como indicativos do tipos de achados da pesquisa. f) Foram levantadas, com garantia de sigilo das informações, 60 empresas, entre respondentes de questionários (33) e entrevistadas diretamente pelo pesquisador (27). 8 3 CONTEXTO E CONCEITUAÇÃO 3.1 O MERCADO DE SOFTWARE E SERVIÇOS DE TI 3.1.1 DADOS BÁSICOS E TENDÊNCIAS GERAIS Como dissemos anteriormente, os dados sobre este mercado são bastante frágeis. Várias razões concorrem para isso, dentre elas as diferentes conceituações adotadas nas pesquisas, a dinâmica e a intangibilidade e ubiqüidade do software e serviços correlatos (Roselino, 200604). Sem falar, é claro, no notório custo e dificuldade para a obtenção de dados de campo. Do ponto de vista desta pesquisa, há outro desafio a considerar: os dados existentes são bastante gerais e voltados predominantemente para a perspectiva econômica: receitas, participação no mercado, porte das empresas, custos etc. Mesmo nos estudos mais focais, a categorizações da informação são bastante largas. Segundo a ABES (2006), resumindo pesquisa do IDC 1 de 2005, os principais dados econômicos globais e nacionais do setor são os seguintes. De um mercado global de software e serviços de US$662 bilhões, o Brasil ocupa 1,09% do mercado (12º lugar), com US$7,23 bilhões, assim distribuídos: a) Software: US$ 2,72 bilhões (1,2% do mercado global) Variação 2005/2004: 40,1% Cerca de 6000 empresas 29% produzidos no país: Exportação: 1,2% Produção local sob encomenda: 20,5% Produção local de software-produto: 7,3% Aplicativos: 47,2% Ambientes de desenvolvimento: 19,8% Infra-estrutura: 32,9% Segmentação por classe de software: 9 Software-padrão: 14,6% Software parametrizável: 64,8% Software por encomenda: 20,5% b) Serviços: US$ 4,69 bilhões (0,9% do mercado global) Variação 2005/2004: 40,9% Cerca de 1700 empresas Exportação: 3% Mercado local: 97% Segmentação por tipo de serviço: Consultoria: 12% Integração de sistemas: 29% Outsourcing: 29% Suporte: 27% Treinamento: 3% c) Segmentação de software e serviços de acordo com o mercado comprador: Indústria: 27,6% Comércio: 7,6% Agroindústria: 1% Governo: 6,4% Finanças: 22,7% Serviços: 14% Óleo e gás: 2,6% Outros: 18% Este estudo, feito por amostragem, não considera alguns tipos de negócios: software embarcado, software básico e outros. As fontes primárias de consulta também são empresas 1 Empresa de consultoria e pesquisa de mercado especializada em TIC: http://www.idc.com 10 provavelmente acima de um certo porte e faturamento (58 fornecedores de produtos e 455 desenvolvedores de software customizado e parametrizável). Há uma discrepância entre os dados relativos ao número de empresas e o indicado em outras estatísticas. Por exemplo, Kubota (2006) estima cerca de 10000 empresas no País em 2002. Com todo o crescimento deste período, dificilmente teria havido uma redução ao invés de crescimento até 2005 (7700, de acordo com a pesquisa acima). É mais provável que a razão seja metodológica: os tipos de negócios não considerados e as extrapolações a partir de empresas de algum porte. Do ponto de vista econômico, isso pode fazer uma diferença pequena, já que estas empresas provavelmente representam o grosso do mercado em valor. Mas o mesmo não pode ser dito em relação à quantidade de empresas e de postos de trabalho, o aspecto que interessa mais de perto à presente pesquisa. Um outro aspecto a destacar nestes dados é que os critérios de segmentação, embora realistas e bem definidos no estudo, não são compatíveis com os utilizados em outros trabalhos. É uma situação freqüente em pesquisas no setor (Roselino, 2006-02). Por outro lado, chama a atenção o enorme crescimento do mercado nacional entre 2004 e 2005, mesmo se comparado com o crescimento global, também significativo (24% no total, sendo 30% em serviços e 15% em software). A não ser que exista alguma anomalia inexplicável ou erro grosseiro de pesquisa, aparentemente não há razões para supor que este crescimento se torne subitamente muito menor, sem falar de uma eventual forte expansão das exportações, como muitos preconizam. Há estimativas, feitas pelo IDC-Brasil, de 14,9% de crescimento do mercado de TI como um todo em 2006, esperando-se que o setor de serviços ultrapasse o de hardware entre 2007 e 2008 (Ângelo, 2006-07). Quanto à mão-de-obra, dados do IDC citados por Ângelo (2006-09), indicam que o País teria cerca de 587 mil profissionais empregados no setor de software. Haveria ainda, de acordo com MCT (2006), uma carência de 17 mil postos de trabalho em 2005 e uma projeção de 213 mil até 2012, se o país quiser ocupar 2% do mercado internacional. Neste mesmo sentido, Cristoni (2006) fala de um déficit de 15 a 20 mil profissionais. TI-Inside (2006) reforça estes argumentos, destacando ainda algumas necessidades particulares, principalmente relacionados com a exportação, como o domínio do inglês e até do Cobol. A pergunta a fazer é: como esses recursos humanos a serem formados, aperfeiçoados e integrados no processo produtivo poderão suportar tamanha expansão do mercado? Poderão? 11 Mais adiante, veremos as propostas e iniciativas já existentes com estas preocupações em mente: como acelerar e focar adequadamente o processo educacional para enfrentar estes desafios. A este respeito, um interessante trabalho sobre o desejo de queimar etapas na aprendizagem pode ser encontrado em Newel (2005). Tomando como base o generalizado reconhecimento, pelas empresas e nações, de que o conhecimento é o recurso organizacional chave para o crescimento, o autor alerta para o risco da tentação de “curto-circuitar” o processo de aprendizagem através do uso de “melhores práticas” codificadas e automatizadas. Segundo ele, apoiado por muitos autores, a aprendizagem depende da vivência pessoal e compartilhada, podendo ser acelerada apenas através de sistemas sociais adequados e adequadamente implementados, com apoio, naturalmente, de sistemas tecnológicos. 3.1.2 O MERCADO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Dados da ASSESPRO-RJ referentes a 2001 (ASSESPRO, 2002) indicam para o setor de serviços no Estado uma receita de cerca de 300 milhões de reais, gerada por perto de 5000 empresas. Estes dados são estimativas baseadas nas empresas associadas da ASSESPRO, ou seja, basicamente empresas privadas de capital nacional. Considerando a evolução destas empresas associadas à ASSESPRO até 2005, ASSESPRO (2005) indica um crescimento do faturamento de 25,5%, contra um IGPM de 53,10%. A mão-de-obra empregada caiu cerca de 25%. Roselino (2006-02) estima que o Rio de Janeiro, em 2002, possuía cerca de 13% do total de empresas de serviços do País (5400 empresas), com uma receita igual a 30% do total (perto de 6 bilhões de reais) e empregando 17% da mão-de-obra (43000 profissionais). Estes dados incluem não apenas empresas privadas nacionais, mas também estatais de grande porte como o SERPRO e o IBGE, multinacionais etc. Pelas razões anteriormente expostas, não faz sentido tentar extrapolar para o RJ, com estes parâmetros, os dados gerais de 2006 da pesquisa da ABES. Podemos apenas estimar que o mercado de educação em TI no Estado é da ordem, grosso modo, de 43000 profissionais (2005), sem considerar crescimento, exportação, novas empresas e oportunidades etc. 12 3.1.3 A QUESTÃO DA EXPORTAÇÃO O estudo da ABES (2006) confirma também claramente a já conhecida insignificância da nossa participação no mercado global, principalmente se comparada com a de outras nações de desenvolvimento intermediário como a nossa (Índia etc.), em que pese o fato de que estes dados são tidos como subestimados por alguns por causa, entre outros fatores, das dificuldades em caracterizar e contabilizar plenamente a exportação de software (Stefanuto e Carvalho, 2005). Além do nosso pequeno papel no cenário internacional, as propostas de saltos quantitativos também não estão se concretizando com a rapidez desejada. Um cuidadoso diagnóstico pode ser encontrado em Stefanuto (2004), que apresenta o seguinte quadro resumo: CENA INICIAL (1990) Projeto Nacional para a IBSw 2: remanescente da reserva Imagem do software brasileiro: praticamente inexistente no mercado externo CENÁRIO OBSERVADO (2000) Projeto Nacional para a IBSw: tentativas de articulação Imagem do software brasileiro: pouco conhecido no exterior. Exceção a nichos de mercado. Moderado conhecimento no mercado interno. Regulação Governamental: desconsideração da Regulação Governamental: baixa consideração da existência da IBSw IBSw. Mercados cativos: estatais, mercado financeiro e Mercados cativos: Presença de grandes mercados indústria (in-house) cativos (bancos, estatais, etc.), mas relativamente reduzido em função de terceirizações Empresas transnacionais: Participação equilibrada entre Empresas transnacionais: Mercado de Software majoritariamente dominado por ETNs (80%). empresas de capital nacional e ETNs. Destaque das empresas nacionais: empresas de hardware e estatais de Subsistemas de ETNs. processamento de dados. Estratégia de criação das empresas – início do processo Estratégia de criação das empresas: predomínio de de terceirização (CPDs), redes de fornecedores , spin-offs de empresas e startups aproveitamento de oportunidades pontuais. Padrão de concorrência da IBSw (modelos de Padrão de concorrência da IBSw : Predomínio de negócios): predomínio do software embarcado e produtos customizáveis e desenvolvimento sob integração de sistemas encomenda (serviços de alto valor agregado) Tecnologia: P&D nas empresas em queda Crescimento Tecnologia : Alta importação de tecnologia e agregação de valor – predomínio da customização. de importação. Interação univ./empresa em deterioração. Baixa disseminação do estado-da-arte da Alguns nichos de excelência no desenvolvimento de tecnologia local: setor bancário, telecomunicações, tecnologia de software. Multinacionais com poucas energia e automação de empresas e comercial atividades de P&D em software no País. Exportação: inexistente Exportação: pouca, concentrada em ETNs (canais de comercialização e software embarcado); Cooperação entre empresas: Inexistente entre PMEs, Cooperação entre empresas: formação de alguns desagregação entre grandes empresas de hardware consórcios de grandes e médias empresas; Capacidade financeira: auto-financiamento (grandes Capacidade financeira: reinvestimento, capital de risco empresas de hardware) e inexistência de instrumentos e instrumentos específicos (PROSOFT). específicos. QUADRO 1 - Fonte: Stefanuto, 2004 – p.87 2 Indústria Brasileira de Software 13 Uma série de autores e autoridades tem argumentado enfaticamente em favor dessa estratégia exportadora. Arbache (2002), por exemplo, ao afirmar que a ampliação da exportação — principalmente para o Mercosul e para os EUA, nossos principais mercados atuais — deveria ser o objetivo número um do governo brasileiro, coloca como vantagens do modelo exportador a economia de escala, a geração de divisas e o aumento do emprego. Por sua vez, Saur (2004) afirma: Ao longo dos últimos 12 a 15 meses, ficamos convencidos de que o Brasil tem, em 2004/2005, uma oportunidade única - mas passageira - para se tornar um dos principais exportadores mundiais de software nos próximos anos, desde que não repita erros recentes, aprenda com quem fez certo, e consiga estabelecer parcerias internas. A principal delas é a governo-iniciativa privada. É, porém, necessário que a discussão de exportação de software se faça com urgência, pois como veremos abaixo, as condições favoráveis existentes hoje no mercado internacional abrem uma janela de tempo para que alguns países possam passar a ingressar o seleto grupo de “global software outsourcers”. Como ponto central de sua argumentação, o autor contrapõe o modelo exportador de software como produto, que demandaria imensos e impraticáveis investimentos na formação de uma “marca Brasil” ao esforço — mais viável, segundo ele — de exportar software como serviço (terceirização), seguindo em parte o modelo indiano. Como fundamento deste esforço estaria a alta e reconhecida capacidade brasileira em segmentos como automação bancária, egovernment etc. Mas há vozes discordantes. Roselino (2006-04), por exemplo, questiona: Por que a ênfase no modelo exportador como instrumento de desenvolvimento do setor? Sua argumentação é a de que o modelo voltado para o mercado interno apresentaria um “potencial de desenvolvimento mais virtuoso do que outras configurações nacionais voltadas ao atendimento externo”. Analisando os dados do PAS e da RAIS, através de uma matriz de categorias (software de baixo valor, software de alto valor e software-produto) e classes de empresas por origem do capital (estrangeiro, nacional privado e nacional público), o autor procura demonstrar que o setor de software brasileiro é resultante de um complexo histórico econômico particular e, devido ao seu porte e pujança, não pode nem deve ser sumária e rapidamente deslocado da sua vocação e mercado “natural”, o imenso mercado interno. Uma 14 série de propostas de fortalecimento das empresas voltado para o mercado interno acompanha sua análise, procurando demonstrar a viabilidade deste caminho. Por outro lado, o estudo de Gomel (2006) sobre investimentos em P&D, privilégio de empresas com uma certa capacidade econômica, portanto teoricamente mais capacitadas para exportar, revela que: ...os resultados desses investimentos [em P&D] não estão diretamente relacionados aos resultados de exportação. As empresas que mais investem em P&D são justamente aquelas que apresentam baixo volume de exportação. Este fato pode conduzir a duas conclusões: a primeira supõe que as empresas com maior investimento em P&D se preparam para aumentar sua capacidade tecnológica e, dentro de algum tempo, aumentar seu volume de exportação; ou, no segundo caso, esse segmento concentra sua atuação no mercado interno e não se interessa por expandir suas vendas externas, por razões diversas. É evidente que, dependendo da estratégia nacional adotada com relação a esta questão de mercado interno versus exportação, a natureza dos esforços para o aperfeiçoamento dos recursos humanos e das empresas de serviços de TI deverá ser fortemente afetada. 3.2 O NEGÓCIO “SERVIÇOS DE TI” 3.2.1 AS EMPRESAS E SEUS SERVIÇOS/PRODUTOS Sendo o foco deste trabalho a educação, portanto a aquisição de conhecimento, torna-se necessário tentar caracterizar, deste ponto de vista, a natureza do negócio e das atividades dessas empresas, que são, elas próprias, essencialmente empresas de conhecimento e inovação. Segundo Carvalho, Jr. (2005) 3, citado por Roselino (2006-04), as empresas de software são dinâmicas e intensivas em P&D, apoiando-se fortemente em processos de inovação, além de representarem importante “efeito indutor de melhorias em outras cadeias produtivas”. É sabido também que este setor tem forte predominância de micro, pequenas e médias empresas 4 (ABES, 2006), cuja existência, enquanto também intensivas em conhecimento e inovadoras, é extremamente desafiadora no Brasil (Forman, 2006). 3 Carvalho Jr. A. M. A Política Industrial e o BNDES. Revista do BNDES, v.12, n.23, p.17-18, 06/2005 Usamos neste estudo a classificação do SEBRAE para empresas de serviços: Micro: <10 empregados; Pequena: 10 a 49; Média: 50 a 99; Grande: >99. 15 4 Essa dupla característica — empresa simultaneamente de pequeno porte e de conhecimento — provoca a seguinte interrogação: como o capital-conhecimento é percebido e gerido nessas empresas? Carvalho, Rodrigues e Paret (2000) em uma pesquisa sobre a gestão do conhecimento e da informação em MPMEs, concluem pela existência de fortes indícios de que: A sobrevivência por mais de 5 anos da MPME (considerada como “sucesso” por muitos estudiosos), se apoia fortemente no conhecimento do empresário, que o utiliza também como instrumento de controle da mesma. No entanto, a relativa falta de capacidade de gerir conhecimento (ou seja, ensinar — não apenas treinar ou passar informação —, criar mecanismos para geração e transferência coletiva de conhecimento, criar padrões, delegar, transformar comportamentos etc.), sem perder o controle da organização, limita e restringe esse mesmo sucesso e o crescimento da empresa na medida em que centraliza as decisões e sobrecarrega o empresário [...] Os autores afirmam ainda que: Quanto às “empresas de conhecimento”, [...] foram identificados outros aspectos interessantes, dentre os quais, a experiência dos executivos, bem menor do que nas outras empresas (são empresas jovens), o maior índice de metas e planos formalizados, uma auto-avaliação pouco favorável no conhecimento de marketing e o nível de delegação ainda menor do que nos setores tradicionais. Este último aspecto parece dever-se ao fato desses executivos serem, em geral, os “experts” na atividade-fim da empresa, que nasceu exatamente com esta motivação [grifo nosso]. Com relação ao foco do presente trabalho, a principal implicação destes fatos seria a de que a educação para empresas de TI não deveria ser pensada apenas para o pessoal técnico e gerencial, mas também refletir uma demanda latente dos próprios executivos superiores. Existem múltiplas propostas de classificação de empresas de serviços de TI. A IDC, citada em ABES (2006) propõe segmentar o mercado em: a) Software: Aplicativos: pacotes de soluções fechados ou customizados. Ambientes de desenvolvimento e implementação de aplicativos Software de infra-estrutura: gerenciamento de redes, segurança etc. b) Serviços: 16 Consultoria Integração de sistemas: desenvolvimento de sistemas sob encomenda Outsourcing: gestão da infra-estrutura de TI do cliente Suporte: instalação, configuração, suporte a usuários etc. Treinamento Este mesmo estudo propõe ainda uma subdivisão do produto software em classes: Standard: instalados pelo próprio usuários, sem necessidade de suporte. Parametrizável: requerem contratação de serviços adicionais Sob encomenda: desenvolvidos de acordo com especificações de um único usuário. Serviços: todos os demais serviços técnicos agregados ao software, tais como, por exemplo, treinamento, suporte, criação e manutenção de páginas na Internet etc. Roselino (2006-04), com a preocupação de destacar a densidade tecnológica, propõe uma taxonomia para as empresas de software assim definida resumidamente: a) Serviços de informática, voltados para consultoria em hardware (configuração e redes), manutenção, etc., inclusive a comercialização de hardware. b) Serviços de software de baixo valor agregado, que são os ligados à Internet (exceto provedores), criação e manutenção de bancos de dados, processamento de dados para terceiros, suporte e terceirização. c) Serviços de software de alto valor agregado, que compreendem o desenvolvimento de software sob encomenda e o desenvolvimento de projetos e modelagem de bancos de dados. d) Desenvolvimento e comercialização de software-produto, incluindo a eventual customização, a comercialização, licenciamento e locação etc., de software (eventualmente de terceiros). Uma outra proposta de classificação de empresas pode ser encontrada em Malaia (2002): a) Desenvolvimento de software 17 b) Consultoria c) Educação e treinamento d) Instalação de infra-estutura e) Manutenção f) Suprimentos g) Outros A SOFTEX (2001), por sua vez, apresenta a seguinte classificação: a) Desenvolve software para uso próprio b) Desenvolve software-pacote para comercialização (packaged software) c) Desenvolve software sob encomenda para terceiros (custom software) d) Desenvolve software embarcado (embedded / bundled software) e) Desenvolve software para Internet (Internet enable software) f) É distribuidora ou editora de software de terceiros O maior desafio dessas classificações reside no fato de que freqüentemente uma empresa e até mesmo um único negócio da empresa podem misturar, no que se refere ao escopo e forma de remuneração, várias dessas categorias. Assim sendo, é natural que o perfil e a formação desejados dos recursos humanos dessas empresas varie bastante, conforme cada situação. Por exemplo, a especificação de um sistema para um cliente pode agregar um tanto de negociação e comercialização ou envolver decisões sobre mudanças organizacionais importantes no ambiente, que nada têm a ver diretamente com conhecimentos de TI. 3.2.2 O CONHECIMENTO NAS EMPRESAS DE SERVIÇOS DE TI Que tipos principais de conhecimentos uma empresa deste setor deve possuir para competir no mercado e perdurar? Além do conhecimento genérico de negócios necessário a qualquer empresa (planejamento estratégico, marketing, finanças, RH etc.), estamos supondo, nesta pesquisa, dois grandes campos de investigação. 3.2.2.1 Tecnologia do Produto É o conhecimento de como os produtos e serviços oferecidos se alinham e beneficiam 18 os clientes. Ou seja, é o conhecimento do universo dos problemas e aplicações dos clientes e das atividades dos usuários que serão afetadas pelo uso daqueles serviços e produtos. Este não é um conhecimento conhecido convencionalmente como “tecnológico”, mas é tão ou mais vital quanto este último para o sucesso da empresa. Tem a ver, é claro, com o marketing da empresa, porém, como se constrói e apoia em ferramentas e processos eventualmente revolucionários, vai muito além do marketing convencional (além de modificá-lo). Um exemplo claro disso são os ERPs, que, do ponto de vista estrito de implementação técnica, infra-estrutura de banco de dados etc., podem ser totalmente convencionais, mas que, ao trazerem embutida em sua implementação uma imensa e selecionada bagagem de processos de negócios de diferentes empresas, terminam por forçar a empresa usuária a mudanças que são a verdadeira fonte dos benefícios deste tipo de solução (Zwicker e Souza, 2003). Um outro exemplo são os novos nichos de aplicação que a Internet tem propiciado a cada dia, como o YouTube, Skype, novos ambientes colaborativos etc. além de outros como a TV digital, software para celulares etc. Nesse sentido, a competência e os investimentos em marketing, criando e moldando necessidades novas, associadas a marcas poderosas (independentemente da qualidade tecnológica intrínseca) fazem toda diferença. A Microsoft foi e é um grande exemplo disso (Kubota, 2006 5 citado por Roselino, 2006-02). As pequenas empresas nacionais de software dificilmente, por falta de capital e cultura de marca, poderiam fazer o mesmo. Mas nada impede que encontrem nichos aplicativos inovadores. A importância dessa competência na criação de produtos diferenciados e adequados a uma demanda nem sempre visível pode também ser destacada com base na constatação de que a TI está se tornando uma commodity, até certo ponto similar para todos, a não ser que se concentre em aspectos realmente fundamentais e diferenciados do negócio do usuário (Ferreira e Ramos, 2005). Evidentemente, a variedade de campos de conhecimento relacionados com a tecnologia do produto é gigantesca, praticamente confundindo-se com todos os campos de aplicação da TI. No entanto, é possível desenvolver um tipo de enfoque que permita compreender mais efetiva e rapidamente, ao se desenvolver uma solução de TI, as reais necessidades do usuário. É a aptidão do que Cunha e Souza (2005) chamam de “Profissional tipo M”, voltado para o 5 Kubota L. C. Desafios para a Indústria de Software, Texto para Discussão n. 1.150, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, Rio de Janeiro, Janeiro de 2006. 19 problema, em contrapartida ao “Profissional tipo A”, voltado para a tecnologia. Uma possibilidade de classificação deste tipo de conhecimento, bastante grossa, seria por segmentação do mercado comprador, conforme mostrado acima (ABES, 2006). Bem mais refinada é a proposta da pesquisa da SOFTEX (2001), que envolve duas dimensões, o domínio e o tipo de aplicação. a) Domínios: Administração privada Agropecuária / Agribusiness Comércio Engenharia, arquitetura, construção civil Financeiro Meio Ambiente Saúde Telecomunicações Turismo Administração pública Bancário Educação Entretenimento Indústria Qualidade e Produtividade Serviços Transportes Outros. b) Campos de aplicação Administração de recursos humanos Administração escolar Automação bancária Automação de escritórios Automação predial Computação gráfica Contabilidade Educação à distância Gestão de conteúdo Geoprocessamento Gerenciador de redes Gestão de documentos Gestão integrada – ERP Página Web Processador de imagens Serviços de mensagens Utilitários. Administração de serviços Administração jurídica Automação comercial Automação industrial Comércio eletrônico Comunicação de dados E-business Ferram./ Amb. .desenv. de software Gestão do relac. com cliente – CRM Gerenciador de banco de dados Gestão da qualidade Gestão do conhecimento Jogos Planilha e Processador de texto Segurança e proteção de dados Simulação e modelagem Outros Embora seja muito difícil imaginar uma política educacional voltada para tantos campos, um fato inegável (corroborado pelos dados de campo que obtivemos — ver mais adiante) é que as empresas precisam investir — e investem — também neste tipo de aprendizagem. 20 3.2.2.2 Tecnologia da Produção Engloba os métodos, ferramentas e a infra-estrutura produtiva da empresa. Inclui os processos gerenciais, metodologias, sistemas de controle e qualidade, ferramentas de produtividade e suporte ao desenvolvimento, técnicas de engenharia de software, projeto, desenvolvimento, testes etc. linguagens de programação, ambientes (sistemas operacionais, redes, Internet etc.), bancos de dados etc. Este conhecimento é bem mais organizado e classificado, embasando inclusive os currículos de formação acadêmica. Obviamente, esse esforço de entendimento precisa ser contínuo, tendo em vista as mudanças constantes, profundas e rápidas, que criam, rearrumam e desorganizam categorias de conhecimento quase diariamente. A ACM (1998) 6 apresenta uma classificação exaustiva porém excessivamente detalhada para nosso propósito. Rodrigues e Ludmer (2005) apresentam quatro grandes áreas temáticas: a) Tecnologia propriamente dita (ferramentas e ambientes) b) Desenvolvimento (métodos etc.) c) Uso d) Gerenciamento. Malaia (2002) utiliza em sua pesquisa de Mestrado os seguintes critérios: a) Tecnologias para desenvolvimento das empresas Programação orientada e objeto Internet Intranet Outros b) Equipamentos: Micros Rede interna Conexão entre redes Association of Computer Machinery: http://www.acm.org 21 Transmissão de dados Provedores de acesso a Internet Segurança de redes Outros c) Bancos de dados: (Os diferentes produtos do mercado) d) Ambiente operacional: (Os diferentes sistemas operacionais) e) Linguagens de programação: (Diferentes linguagens) f) Ferramentas de desenvolvimento: Análise orientada a objeto Prototipação CASE Gerador de aplicações Outras g) Outras tecnologias: Rede local Rede de longa distância (WAN) Processamento de imagens Outras É uma classificação curiosa, mas que tem sua justificativa no objetivo da dissertação, que é estudar a aderência curricular de uma formação técnica em informática às necessidades das empresas. Beira e Nascimento (2001), após comentarem a classificação da ACM e enfatizar o desafio de estabelecer classificações como esta apresenta propõem a seguinte tipologia pragmática: 22 a) Infra-estrutura tecnológicas e arquiteturas Equipamentos e periféricos Ambientes e sistemas operacionais Redes e telecomunicações: LANs, WANs, VANs Serviços de redes digitais Intranets e extranets Tecnologias de segurança em redes b) Tecnologias de Engenharia de Software Gestão de bases de dados Desenvolvimento de aplicativos Hosting de aplicativos Data mining Data warehousing Middleware Tecnologias de integração Segurança e integridade de dados c) Tecnologias aplicativas orientadas para gestão de negócios Transacionais, âmbito operacional (informação estruturada) Pacotes de gestão administrativa e financeira ERPs (enterprise resource planning) CRMs (customer relationship management) SCMs (supply chain management) EDI (electronic data interchange) Não transacionais, âmbito estratégico Sistemas de apoio à decisão 23 Gestão do conhecimento Revisão de processos Colaborativas e de produtividade pessoal Automação de escritório GED (gestão eletrônica de documentos) Groupware d) Tecnologias aplicativas não orientadas para gestão CAD/CAE Multimídia Reconhecimento de voz e formas Simulação e realidade virtual Simulação de sistemas Inteligência artificial Aplicações industriais específicas e) E-Tecnologias Aplicações de apoio E-mail, voice-mail Video-conferência Chat-rooms, fóruns web Ferramentas de desenvolvimento web Internet business exchange technologies Portais Marketplaces E-brokers Sociedade de informação (formação, informação e lazer) Jogos 24 Tecnologias de ensino e aprendizagem assistida Multicasting e broadcasting De qualquer modo, estas classificações, por mais refinadas que sejam, sofrem um combate duro e permanente das mudanças aceleradas e por vezes radicais da própria tecnologia. Por exemplo, documento da SBC (2006), principal entidade acadêmica do setor no Brasil, apresenta uma visão dos grandes desafios da pesquisa científica e tecnológica em TI para os próximos 10 anos 7, reforçando esta volatilidade do perfil do conhecimento: Gestão da Informação em grandes volumes de dados multimídia distribuídos. Modelagem computacional de sistemas complexos artificiais, naturais e sócioculturais e da interação homem-natureza. Impactos para a área da computação da transição do silício para novas tecnologias. Acesso participativo e universal do cidadão brasileiro ao conhecimento. Desenvolvimento tecnológico de qualidade: sistemas disponíveis, corretos, seguros, escaláveis, persistentes e ubíquos. Mais próximos do presente, novos temas, como convergência digital e outros, trazem também novas demandas transdisciplinares (IBDC, 2006-09). A cada ano surgem novas propostas conceituais, como, por exemplo, em Computerworld (2006-12), onde um grupo de especialistas sugere como próxima onda as seguintes tecnologias: SOA (Services Oriented Architecture), protocolos de segurança, “Self Technologies” (transferência dos custos de transação, manutenção e suporte para os próprios usuários, como já fazem os bancos), “WebUtility”, “WebOne” e “WebHome” (Internet como serviço público), “Dynamic Usability” (inteligência e semântica dos sistemas), “Serviço e gestão do conhecimento pessoal” (wikipedias, busca desktop etc.) e “Gestão do capital tecnológico” (métricas mais efetivas para TI). O relato da Computerworld (2006-12) levanta também uma outra questão: até que ponto esses termos refletem verdadeiramente campos de conhecimento definidos e inovadores, tecnologias de fato? Não seriam alguns deles meras marcas ou estratégias comerciais, 7 Sociedade Brasileira da Computação: http://www.sbc.org.br 25 elevadas artificialmente à categoria de “conceitos”? O caso dos ERPs é bem elucidativo disso. Trata-se de sistemas integrados, que cobrem a maioria das aplicações operacionais da empresa. A maioria, porém não a totalidade, pois raramente uma empresa implanta de fato tudo que uma dessas ferramentas oferece, ao mesmo tempo em que cada uma delas tem as suas áreas preferenciais e não atende a outras. Por que então, diferenciar, como na classificação de Beira e Nascimento (2001) acima, “Pacotes de gestão administrativa e financeira” de “ERPs”? São de fato tecnologias diferentes? Um outro aspecto da tecnologia da produção a ser também considerado é aquele que envolve e se entrelaça com a dimensão gerencial. Ou seja, os princípios e práticas inseridos nas metodologias e na própria engenharia de software são um tanto técnicos, outro tanto, gerenciais, envolvendo planejamento, medição e controle. 3.2.2.3 Aspectos Gerenciais, Papéis e Perfis Além das capacidades gerenciais gerais anteriormente referidas, comuns a qualquer negócio, outras capacidades particulares do setor são freqüentemente enfatizadas, mormente relacionadas com padrões tipo PMI, CMMI, ISO e outras. De certo modo, a atenção com relação à padronização é indício da preocupação do empresário para passar do artesanato para a produção industrial, embora muitas vezes, como veremos nos resultados da pesquisa, sua primeira motivação nem sempre seja a busca de qualidade e previsibilidade decorrentes do uso de padrões, porém o marketing associado a estas marcas poderosas. Além dos conhecimentos específicos que viemos discutindo até aqui, é necessário buscar uma visão mais geral de outras capacidades e perfis que podem ser resultantes de processos educativos. Os modelos de qualidade de processos (CMMI, NBR/ISO 12207, Mps-Br etc.) e eventualmente também os de produtos (ISO 9126, ISO 12119 etc., estes menos usados pelas empresas de software brasileiras cf. Weber, 2006) preconizam uma série funções padronizadas e às vezes seqüenciais. Como as empresas deste segmento são em maioria de pequeno porte (embora muitas atualmente já bastante sensíveis para a adoção de algum padrão), propomos a seguinte taxonomia pragmática simples de funções (eventualmente superpostos na prática) para segmentar as eventuais necessidades de aumento da capacidade ou do conhecimento nas empresas (associadas ou não ao recrutamento): 26 a) Gerência de projetos/processos b) Consultoria, definição/implantação de processos etc. c) Negociação/Concepção/Definição requisitos d) Design, usabilidade, interface humana etc. e) Projeto (inclusive banco de dados) f) Desenvolvimento/programação/manutenção g) Testes/homologação h) Desenvolvimento de tecnologia/suporte técnico interno i) Distribuição/instalação/suporte a clientes j) Gestão da operação, BD, segurança etc. k) Outras O item “Outros”, quando usado, revelou na pesquisa uma unanimidade, a comercialização. Aparentemente, estas empresas percebem esta função de modo muito particularizado, bem diferente das “vendas” que, em outros segmentos, fazem parte da bagagem de qualquer organização, mesmo as menos sofisticadas. Assim adotamos, na classificação acima, a comercialização como um item de capacidade funcional específica. Além desta visão puramente funcional e gerencial, que outros aspectos podem interessar à construção de uma visão dos processos educacionais demandados por este setor? Echeveste (1998) 8, citado por Castro e Sá (2002), caracteriza um perfil profissional considerando três dimensões: os conhecimento especializados, as habilidades/competências e os valores/atitudes. A questão comportamental, talvez por pertencer a um universo cultural muito diferente do tecnológico, nem sempre é devidamente enfatizada. Porém, sabe-se que, de acordo com Salles (2006), 87% das demissões ocorrem por problemas de conduta e que as atitudes são pelo menos tão importantes quanto as habilidades e conhecimentos específicos para qualquer empresa, mormente as pequenas, onde uma única pessoa pode afetar a atmosfera e a produtividade geral. 8 ECHEVESTE, Simone, VIEIRA, B. et all. Perfil do executivo no mercado globalizado. Foz do Iguaçu: Anais do 22o Encontro Nacional da ANPAD. v.10, n.12, 1998 27 O IBDC (2006-05), consultando diversos especialistas traça um perfil verdadeiramente impactante do perfil do profissional em demanda: Para o Diretor Corporativo da Intel Brasil, maior fabricante mundial de chips, Carlos Luzzi, as empresas de TI procuram um profissional que esteja inteirado com os negócios do mercado e possua domínio da ciência da computação. “O funcionário precisa ser fluente em inglês, ter visão estratégica, noção do impacto de TI no business e capacidade para teamwork. Além disso, o mercado exige que o profissional de TI possua conhecimentos sólidos de novas tecnologias, em particular aquelas relacionadas com o mundo wireless”, afirma Luzzi. “No caso do mercado de exportação de softwares e serviços de TI, entendemos que alguns pontos são muito importantes: formação básica em tecnologia da informação, conhecimento de processos de padrão de classe mundial, como CMMI e ISO, no desenvolvimento e manutenção de SW e aplicativos, formação em processos de atendimento a clientes, domínio do idioma inglês e eventualmente francês, espanhol e outros” explica Saulo Porto, Executivo de Relações Governamentais da IBM Brasil [...] “Em termos de skills mais gerais, essas são as competências fundamentais que valorizamos: adaptability, passion for business, creative problem solving, trustworthiness, teamwork & collaboration, communication, taking ownership, client focus e drive to achieve”, acrescenta. Computerworld (2006-09) apresenta um panorama similar, onde “os departamentos de TI serão povoados por ‘profissionais versáteis’ – indivíduos que têm background em tecnologia, mas também conhecem a área de negócio a fundo, elaboram e executam planos de tecnologia em sintonia com o foco da empresa e cultivam muito bem relações dentro e fora da organização”. Provavelmente, a proposta de Cunha e Souza (2005) acima comentada, apresenta, com menos “hype” e mais consistência, a provável necessidade de associar a estes novos requisitos de habilidades e atitudes um papel mais claro, voltado para o problema e não para a tecnologia. No mesmo sentido, Moore e Love (2005) enfatizam os comportamentos de uma espécie de cidadania (confiabilidade, honestidade etc.) indispensáveis ao funcionamento das atividades da profissão. Estes aspectos não estritamente técnicos são reconhecidos também pelo MEC, ao estabelecer, nas diretrizes para a avaliação dos cursos de formação de profissionais do setor (INEP, 2006), dentre os requisitos de perfil desejados, por exemplo, que o profissional de ser capaz de “analisar situações e identificar problemas que podem ser tratados com suporte 28 computacional e que representem benefícios no contexto social em que estão inseridos [grifo nosso]” e “aplicar conhecimentos de forma autônoma, inovadora e empreendedora [criatividade — grifo nosso], acompanhando a evolução do setor [capacidade de aprendizagem permanente — grifo nosso] e contribuindo na busca de soluções nas diferentes áreas aplicadas.” Numa pesquisa com empresas usuárias (não produtoras de serviços) de TI, Abraham et al. (2006) concluem, entre outras coisas, que: Os departamentos de TI dessas empresas acreditam que a capacitação profissional mais essencial, que deve ser mantida sob controle da empresa, relaciona-se com o negócio, a gestão de projetos e as atividades que envolvem relacionamento com clientes, incluindo análise e projeto de sistemas. Paradoxalmente, no entanto, os profissionais juniores preferencialmente recrutados por essas empresas têm perfil técnico. Comunicação e conhecimento do negócio são também capacidades muito desejadas, porém raramente encontradas nos novos contratados. O perfil de capacitação vital em profissionais de nível intermediário reúne gestão de projetos, conhecimento do negócio e conhecimento técnico. Estes perfis mistos estão sendo (nos EUA) aproximadamente os que os programas de formação em Sistemas de Informação nas escolas de negócios estão procurando formar. De alguma forma, a academia no Brasil também tem tido estes tipos de preocupação neste tipo de formação. Em suma, todo este panorama indica que, além das evidentes competências técnicas, os profissionais que o mercado demanda deveriam possuir aptidões para a aprendizagem permanente, associadas a uma visão mais abrangente do que a puramente técnica (de preferência dos objetivos e do negócio da organização e de seus clientes), e finalmente, valores e atitudes altamente positivos (criatividade, capacidade de trabalho em equipe, liderança, comunicação, ética etc.). Na verdade, em todo este panorama persiste um desafio, como afirma Tandon (2006): “tivemos sucesso limitado em identificar, definir e delinear as competências e educação requeridas para projetar e desenvolver soluções complexas de software”. 29 3.3 A EDUCAÇÃO EM TI 3.3.1 PANORAMA GERAL 3.3.1.1 Ensino Regular Os principais cursos de graduação relacionados a TI existentes no Estado do RJ (considerados pelo MEC) são das seguintes categorias (RIOSOFT, 2006): TOTAL Ciência da computação - SUBTOTAL Administração de redes Ciência da computação Engenharia de computação (HW) Informática (ciência da comput.) Tecnologia da informação Tecnologia em Desenvolv. SW Tecnologia em Informática Processamento da Informação - SUBTOTAL Analise de sistemas Informática educacional Processamento de dados Sistemas de informação Eletrônica e Automação - SUBTOTAL Automação Controle e automação Engenharia de computação Engenharia de telecomunicações Engenharia eletrônica Manutenção de equip. eletrônicos Manut. Maquinas/Equipamentos Redes de Computadores Telecomunicações N° cursos 150 63 6 21 2 9 2 3 20 68 24 1 20 23 19 2 1 3 2 1 1 1 2 6 Concluíram em 2005 2262 1277 62 385 38 208 23 29 532 775 253 5 408 109 210 7 33 25 61 25 0 11 0 48 Vagas 24270 10626 780 3056 100 999 180 320 5191 10624 4610 360 3.200 2454 3020 100 300 400 220 240 0 50 1040 670 TABELA 1 - Fonte: Adaptada de RIOSOFT, 2006 30 As principais formações gerais de graduação para o setor de software já avaliadas pelo MEC (INEP, 2006) são: • Bacharelado em Ciência da Computação: têm a Computação como atividade fim e visam à formação de recursos humanos para o desenvolvimento científico e tecnológico da Computação. Esses cursos se caracterizam pela necessidade de conhecimento profundo de aspectos teóricos da área de Computação, como: álgebra e matemática discreta, computabilidade, complexidade de algoritmos, linguagens formais e autômatos, compiladores e arquitetura de computadores. Os egressos desses cursos devem ser empreendedores e estar situados no estado da arte da ciência e da tecnologia da Computação, sendo aptos à construção de software para novos sistemas computacionais (software básico). Esses egressos devem ter capacidade de continuar suas atividades na pesquisa, promovendo o desenvolvimento científico, ou aplicando os conhecimentos científicos, promovendo o desenvolvimento tecnológico na área de Computação. • Engenharia de Computação: têm a Computação como atividade fim e visam à aplicação da Ciência da Computação e o uso da tecnologia da computação, especificamente, na solução dos problemas ligados a processos de automação e comunicação de dados. Esses cursos se caracterizam pela utilização intensiva de conceitos de física, eletricidade, controle de sistemas, robótica, arquitetura e organização de computadores, sistemas de tempo-real, redes de computadores e de sistemas distribuídos. Os egressos desses cursos podem potencialmente ser empreendedores e estar situados no estado da arte da ciência e da tecnologia da Computação e Automação, sendo aptos ao projeto de software e hardware. Esses egressos devem ter capacidade de continuar suas atividades na pesquisa, promovendo o desenvolvimento científico, ou aplicando os conhecimentos científicos, promovendo o desenvolvimento tecnológico nas áreas de Computação e Automação. • Bacharelado em Sistemas de Informação: têm a Computação como atividade meio. Esses cursos se caracterizam pela necessidade de conhecimento abrangente e capacidade de utilização eficiente de tecnologias da Computação, como: programação, banco de dados, engenharia de software, redes de computadores, entre outras. Esses cursos reúnem aspectos da tecnologia da computação e da administração. Seus egressos devem ter capacidade empreendedora e devem ser capazes de propor soluções tecnológicas para automatização de processos organizacionais, através da análise de cenários, aquisição, desenvolvimento e gerenciamento de serviços e recursos da tecnologia de informação, apoio ao processo decisório e definição e implementação de novas estratégias organizacionais. Observe-se que esta última é a formação que mais se adequa à maioria das empresas e aplicações da TI. No entanto, mesmo considerando os cursos de Ciência da Computação na 31 Tabela 1, que também parecem atender esta demanda, ainda assim há menos cursos, vagas e formandos em Sistemas de Informação do que no restante das graduações. As competências e habilidade gerais preconizadas (e avaliadas pelo MEC) são (INEP, 2006): • Ter a capacidade de desenvolver, implementar e gerenciar uma infra-estrutura de tecnologia da informação (computadores e comunicação), dados (internos e externos) e sistemas que abranjam uma organização; • Possuir domínio de novas tecnologias da informação e gestão da área de Sistemas de Informação; • Fazer uso criativo de tecnologia da informação para aquisição de dados, comunicação, coordenação, análise e apoio à decisão; • Ter conhecimento e emprego de modelos, ferramentas e técnicas, que representem o estado da arte na área, associados ao diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação de projetos de sistemas de informação aplicados nas organizações; • Respeitar aos princípios éticos e profissionais da área de computação; • Possuir visão humanística crítica e consistente sobre o impacto de sua atuação profissional na sociedade e nas organizações. Observe-se novamente a preocupação com uma formação mais ampla do que puramente técnica. Quanto aos conteúdos desta formação (Bacharel em Sistemas de Informação), vale a pena transcrever: a) Conteúdos comuns a todas as três formações: • Arquitetura de computadores (sistemas numéricos, organização de computadores, conjunto de instruções, mecanismos de interrupção e de exceção, barramento, comunicações, interfaces e periféricos, organização de memória, multiprocessadores, multicomputadores, arquiteturas paralelas); • Computação, algoritmos e estruturas de dados (desenvolvimento e complexidade de algoritmos, estruturas de dados lineares e não lineares, pesquisa e ordenação, grafos); • Engenharia de Software (processos de desenvolvimento de software, qualidade de software, técnicas de planejamento e gerenciamento de software, engenharia de requisitos, métodos 32 de análise e de projeto de software, verificação, validação e teste, manutenção, documentação); • Ética, computador e sociedade (aspectos sociais, econômicos, legais e profissionais de computação, Aspectos estratégicos do controle da tecnologia, ética e responsabilidade profissional); • Lógica matemática e matemática discreta (cálculo proposicional, lógica de primeira ordem, conjuntos, relações, funções, ordens parciais e totais, álgebra booleana, estruturas algébricas, combinatória); • Programação (paradigmas de linguagens, metodologias de desenvolvimento de programas, recursividade); • Sistemas operacionais (gerência de processos/processador, comunicação, concorrência e sincronização de processos, gerenciamento de memória, alocação de recursos e deadlocks, sistemas de arquivos, gerenciamento de dispositivos de entrada/saída). b) Conteúdos específicos ao Bacharelado em Sistemas de Informação: • Administração (as atividades do processo administrativo: planejamento, organização, direção e controle, a relação entre níveis organizacionais, processo decisório e sistemas de informação, visão geral das funções empresariais básicas: marketing, finanças e contabilidade, produção e logística, recursos humanos, os conceitos, níveis e tipos de decisão nas organizações, os estágios do processo decisório, os modelos individuais e organizacionais de tomada de decisão, teorias, metodologias, técnicas e ferramentas aplicáveis à análise de decisões); • Auditoria e avaliação de sistemas (o conceito e os objetivos da auditoria de sistemas de informação, o planejamento, implementação e avaliação de políticas de segurança de informações, técnicas de auditoria em sistemas de informação, avaliação quantitativa X avaliação qualitativa, classificação e caracterização dos métodos de avaliação e tipos de problemas envolvidos); • Banco de dados (visão geral do gerenciamento de banco de dados, arquitetura de um sistema gerenciador de banco de dados, modelagem e projeto de banco de dados, gerenciamento de transações, controle de concorrência, recuperação, segurança, integridade e distribuição, bancos de dados relacional, objeto-relacional, orientado a objetos); • Gerência de projetos e qualidade de software (planejamento, execução, acompanhamento, controle e encerramento de um projeto, modelos, metodologias, técnicas e ferramentas do 33 gerenciamento de projetos, conceitos de qualidade de software, modelos e normas de qualidade de software, técnicas de garantia da qualidade de software); • Processos de desenvolvimento de software (o processo de software e o produto de software, ciclo de vida de sistemas e seus paradigmas, uso de modelos, metodologias, técnicas e ferramentas de análise e projeto de sistemas, processo de desenvolvimento de sistemas de informação para suporte ao processo decisório e estratégico); • Redes de computadores e sistemas distribuídos (tipos de enlace, códigos, modos e meios de transmissão, protocolos e serviços de comunicação, arquiteturas de protocolos, modelos de arquitetura e aplicações, interconexão de redes, planejamento e gerência de redes, segurança e autenticação, comunicação entre processos, tolerância a falhas, heterogeneidade e integração); • Sistemas de informação aplicados (o conceito e classificações de sistema, os conceitos de dado, informação e conhecimento, enfoque sistêmico, os conceitos, objetivos, funções, componentes e classificações dos sistemas de informação, as dimensões tecnológica, organizacional e humana dos sistemas de informação, características e funcionalidades de sistemas de informação de nível operacional, tático e estratégico nas organizações, o planejamento estratégico de sistemas de informação, desenvolvimento de sistemas de informação de suporte ao processo decisório operacional, tático e estratégico). Trata-se, sem dúvida, de uma formação bastante completa e que poderia atender às necessidades de qualquer empresa do setor. Teremos, na análise dos resultados da pesquisa, algumas percepções particulares sobre isto. É bom não esquecer, por outro lado, que toda uma geração de profissionais absorvida, e em geral bem avaliada, pelo mercado foi a dos Tecnólogos em Análise de Sistemas, uma formação hoje tendendo ao desuso. De acordo com RIOSOFT (2006), em pós-graduação stricto sensu (Mestrado, Doutorado e Mestrado Profissional), o Estado conta com universidades e cursos de excelente qualidade, inclusive envolvendo diversas parcerias, apoiadas por órgãos públicos, de pesquisas com empresas (de grande porte, em sua maioria). As áreas e temas da pós-graduação stricto sensu são: Ciências Exatas e da Terra (Sistemas e Computação; Design WEB; Informática; Matemática); Multidisciplinar (Computação de Alto Desempenho; Engenharia de Computação —Mestrado em Geomática); Engenharias (Engenharia Elétrica; Engenharia de Produção; Ciências Sociais Aplicadas 34 (Administração — ênfase em empresa; Economia — ênfase em tecnologia). As principais unidades de ensino e pesquisa são a UFRJ, a PUC-RIO, a UERJ, a UFF e o IME. É preciso considerar ainda que outras pós-graduações stricto sensu (nas áreas de Administração, Engenharia e Economia, entre outras) podem ser também de interesse no recrutamento de profissionais para as empresas de TI. Quanto aos cursos de pós-graduação lato sensu (mínimo de 360 horas) de interesse do setor, ainda de acordo com RIOSOFT (2006), são oferecidos pela UFF, UFRJ, UERJ, PUCRIO, UCAM, Estácio de Sá, Veiga de Almeida, UNICARIOCA, FGV e IBMEC. Existem 34 cursos com ênfase em TI e 33 em Administração ou Gestão. 3.3.1.2 Outras formações No que se refere ao ensino complementar, não encontramos dados gerais confiáveis. São provavelmente centenas ou milhares de empresas e mesmo instituições de nível superior oferecendo os mais diversos cursos e treinamentos, desde uma simples iniciação ao uso de computadores, com 4 horas de duração, até treinamentos sofisticados e de alto nível, MBAs não reconhecidos, cursos de treinamento para certificações etc. Naturalmente, os próprios fornecedores de ferramentas (Oracle, Microsoft, SAP, Sun, IBM etc.) são concorrentes neste mercado. De particular interesse das empresas são entidades que formam ou certificam profissionais: PMI 9, ALATS 10 etc. As empresas do setor também recorrem, para treinamento de seus profissionais e gestores, a entidades como a RIOSOFT, voltada essencialmente para qualidade do software, a SUCESU, com cursos para gestores de usuários etc. Como acontece em outras áreas, algumas entidades de treinamento de maior porte e mais tempo de mercado tendem a se transformar em cursos de nível superior, como, por exemplo, o Instituto INFNET 11, e a Faculdade SENAC Rio 12, entre outras. Alguns autores, como Petit (2006), preconizam, para suprir mais rapidamente a carência de profissionais no mercado, a formação de nível médio para algumas funções, tais como, codificação, debuging e teste. 9 Project Management Institute – http://www.pmi.org Associação Latino-Americana de Teste de Software: http:// 200.214.34.9/ 11 http://www.infnet.com.br/superior/ 12 http://www.rj.senac.br 10 35 Como exemplo desta política, o FAT 13 (2006) apresenta um abrangente projeto de implantação de um sistema de qualificação de profissionais de nível técnico para o setor de Tecnologia da Informação, com o objetivo de “implantar um modelo de formação de profissionais de nível técnico na área de tecnologias da informação, de modo a possibilitar o atendimento da demanda atual e a evolução de novos negócios desse setor e viabilizar uma estratégia nacional de melhoria da posição relativa do Brasil no mercado mundial de TI”, qualificando também estes profissionais com selos internacionais de qualidade. 3.3.2 ASPECTOS METODOLÓGICOS E MOTIVACIONAIS DA EDUCAÇÃO EM TI Algumas questões metodológicas associadas ao tema da educação em TI são: a) O uso da própria tecnologia para ensinar TI, mormente em ensino à distância. b) Métodos de educação continuada. c) Processos de aceleração e aprofundamento da capacitação prática. Não há nenhuma dúvida de que o ensino à distância, servindo-se dos mais diversos recursos da Internet, é um fato neste setor. A ACM, por exemplo, oferece aos seus associados cerca de 1000 cursos de excelente qualidade, e gratuitos. A FENAINFO 14 , através de um convênio com a ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil, criou a Universidade Corporativa Fenainfo 15, com o propósito de oferecer educação à distância, de boa qualidade e baixo custo, às empresas do setor, incluindo um MBI On-line de gestão de empresas de TI. Quintão, Segre e Rapkiewicz (2001) apresentam um panorama abrangente dos processos utilizados para a educação de profissionais de TI. Segundo a pesquisa dos autores, vários métodos são usados nestes processos pelas empresas: cursos seqüenciais, cursos de pós-graduação, auto-aprendizado, troca de experiências, treinamento à distância, treinamento na própria empresa e treinamento oferecido pelos fornecedores de ferramentas e serviços. Um aspecto bastante enfatizado nesse estudo é o da educação associada à certificação, dentre as quais as mais procuradas são as de administração de redes, sistemas operacionais e servidores, as de administração e desenvolvimento de bancos de dados e as de desenvolvimento de software. De fato, muitas dessas certificações (Cisco, Novell, IBM, Microsoft, HP, Sun, Oracle etc.) demonstram que o profissional conhece as ferramentas mais 13 14 Fundação de Apoio à Tecnologia, ligada à FATEC-SP: http://www.fundatec.org.br/ Federação Nacional das Empresas de Informática – http://www.fenainfo.org.br 36 do que os processos de solução de problemas. Outras, no entanto, como as da Computer Technology Industry Association - CompTIA, já têm um cunho mais aplicado. Em 2000, as certificações mais procuradas eram as da Microsoft, da IBM e da Cisco. As principais vantagens das certificações, segundo os autores, são a maior empregabilidade, o reconhecimento do profissional por padrões internacionais reconhecidos, melhores salários e a aquisição de conhecimentos atualizados. As empresas que oferecem certificações o fazem, naturalmente, com interesse comercial, não apenas relacionado com as receitas oriundas da preparação e do processo em si de certificação (por vezes bastante caro), mas também porque isso valoriza os seus produtos (os profissionais certificados passam a ser ardentes defensores dos mesmos). Uma das justificativas adotadas por estas empresas, contrapondo a certificação à formação acadêmica regular, é que “as habilidades exigidas pelas empresas são tão novas que ainda não são ensinadas nas universidades”. As desvantagens e riscos deste tipo de certificação são a possível rápida obsolescência (por ser em produtos específicos), a necessidade de atualizar o certificado freqüentemente, o caráter teórico dos testes, a não garantia de competência (por não estar associada à resolução de problemas e sim a ferramentas), o fato de não agradar a alguns empregadores pelo caráter excessivamente especializado, além de não ser muito valorizada academicamente. Por outro lado, ainda no mesmo estudo, há o desafio de a formação acadêmica não atender aos requisitos do mercado, exatamente por ser mais lenta e genérica, demandando muito cuidado da parte do estudante para cursar em paralelo com as disciplinas básicas, outras, eletivas, mais atuais. Uma forma mais recente e bem vista pelo mercado para formar profissionais aceleradamente e com competência teórico-prática é a da residência. Uma experiência, co-patrocinada pela Motorola, pela Universidade Federal de Pernambuco e pela empresa Qualiti Software Processes é relatada por Sampaio (2006). Este experimento tem por objetivos a “formação acelerada de profissionais, devido à escassez de profissionais em várias áreas de TI, a redução do tempo de internalização produtiva do capital humano formado, a formação ‘sob demanda’, a redução do custo operacional da formação de pessoal e a integração contínua e balanceada entre teoria e prática; é um modelo baseado no Residência Médica”. 15 http://ucf.esab.edu.br/ucf/ 37 Neste experimento, foram formados 150 residentes, todos absorvidos pelo mercado, tendo sido geradas diversas monografias, que foram transformadas em produtos. O custo de um residente, segundo o autor é 40% menor do que o da contratação direta de um profissional contratado. Algumas características do processo são: Pré-seleção baseada em análise curricular, apresentação do programa e entrevistas Tempo integral (8h de dedicação) Bolsa de estudos; dedicação exclusiva ao curso (única atividade paralela permitida é a graduação) Postura profissional Outros critérios técnicos e profissionais estabelecidos pela Unidade de Residência a partir do estudo das necessidades e demandas da empresa Formação geral em Engenharia de Software (tipicamente nas disciplinas de um processo) com especialização em: Testes Desenvolvedor web (Java, .Net etc.) Conversão entre plataformas Arquitetura de software Qualidade Inserção do Residente nos processos de desenvolvimento e qualidade da empresa; supervisão de um líder de equipe, na empresa; alocação de atividades bem definidas, permitindo avaliação do residente Produtividade do residente depende diretamente: do nível de organização empresa da supervisão do líder Visão crítica de algum aspecto vivenciado na empresa; tipicamente: Ferramenta de apoio 38 Melhoria de processo Um novo negócio! Formato da avaliação final: texto escrito e apresentação oral Apoio: orientador da formação teórica e supervisão (formação prática) Uma outra interessante experiência de abordagem criativa do ensino de TI é relatada por Nickerson (2006). Trata-se de um curso de mestrado chamado “Integrando Tecnologias de Sistemas de Informação”. São tratados problemas reais da prática empresarial e o processo pedagógico se assemelha à formação de arquitetos. Os estudantes devem apresentar projetos de sistemas complexos sob forma de posters, que são, a cada aula, discutidos na turma. Foi relatada uma eficiência maior do que com o tipo de apresentação usual, com slides ou papers. Os estudantes relataram que não apenas o poster auxilia a visualização, mas também permite acompanhar e discutir melhor o pensamento de quem apresenta. 3.4 AÇÕES INSTITUCIONAIS Do ponto de vista da educação em TI voltada para empresa, algumas ações institucionais devem ser consideradas. Embora a ASSESPRO (2004), em sua proposta de política industrial para o setor, se concentre predominantemente nos aspectos do poder de compra do estado, apoio ao desenvolvimento tecnológico, legislação e tributação, várias de suas propostas embutem a necessidade implícita do aperfeiçoamento da mão-de-obra (e explicitamente em apenas um item do documento). Tanto assim que, conforme TI & Governo (2006), um convênio foi assinado em outubro de 2006 entre a ASSESPRO-RGS e o Ministério do Trabalho para um “programa emergencial de qualificação em TI”, iniciativa essa que deverá servir de modelo para outros estados. Segundo Paret (2007), “a disponibilidade de recursos e projetos, somada à boa conjuntura política e econômica, alimenta a esperança de um novo capítulo na história da TI fluminense. Sem esse salto, dificilmente teremos desenvolvimento sustentável. Para isso, entretanto, é preciso que os recursos disponíveis nas várias fontes de financiamento cheguem às empresas que desenvolvem tecnologia. Que se disponibilizem parte dos recursos que retornam para o FUNDES, através da InvestRio, às micro, pequenas e médias empresas de TI. 39 Que se injete nova vida à FAPERJ para que ela canalize com agilidade os recursos federais disponíveis para inovação tecnológica. Que se explore ao máximo, enfim, o potencial de financiamento disponível nas agências federais e internacionais de fomento.” É evidente que, se estas propostas se viabilizarem, muitas outras oportunidades de ação no campo educacional se viabilizarão também, sem esquecer de outras formas recentes e inovadoras de incentivos à empresa de tecnologia, como o Pappe-Subvenção, o Programa Juro Zero etc. (Paret, 2007). O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT, 2006) tem uma ampla proposta educacional, elaborada pela SOFTEX, para o período 2006-2012. Seus pontos principais podem ser assim resumidos: a) Objetivo: suprir a carência qualitativa e quantitativa de profissionais. b) Quatro frentes principais de ação: reeducação de profissionais de outras áreas para ingressar no desenvolvimento de software, reciclagem de profissionais já atuando, formação em engenharia de software (graduação e pós, incluindo mudanças curriculares) e atração de talentos para o setor. c) O impacto esperado seriam 50 mil novos profissionais habilitados até 2012. d) O projeto compreende 5 módulos: I) Reciclagem e reeducação; II) Formação técnica e superior; III) Atração de talentos; IV) Formação de parcerias; V) Gestão integrada. e) O modelo de fomento envolveria a contratação de projetos através de editais de fomento de agências como o CNPq e a FINEP. f) O orçamento global seria de 470 milhões, recuperáveis com o aumento da arrecadação do imposto de renda pago pelos novos profissionais (que teriam renda aumentada), sem contar com outras formas, como o aumento da produtividade das empresa, exportação etc. g) O projeto prevê, para cada módulo, uma metodologia específica e uma ementa básica (conteúdo disciplinar). h) Este projeto não prevê a reciclagem de empreendedores já estabelecidos (que são, em sua maioria, técnicos). 40 4 METODOLOGIA 4.1 TIPO DE PESQUISA Trata-se de uma pesquisa exploratória e qualitativa (Vergara, 2000). O cunho exploratório deriva do fato de que não foram identificadas outras pesquisas deste tipo, onde se busca conhecer a demanda educacional das empresas de TI mais profundamente do que simplesmente através de questionários objetivos etc.. Este resultado também pretende ir além de identificar apenas aspectos de conteúdo do ensino, mas também sugerir abordagens para que essas empresas possam efetivamente se beneficiar do aumento da qualidade e quantidade de profissionais mais capacitados, visando uma inserção mais efetiva nos mercados interno e externo. O escolha da abordagem qualitativa decorreu de dois fatores principais: Não há dados confiáveis sobre o mercado que possibilitem generalizar informações quantitativas. O conhecimento adquirido qualitativamente pode ser de natureza multidimensional, abarcando, num mesmo panorama, diferentes aspectos das empresas, que se entrelaçam para definir os processos decisórios relativos ao campo estudado, a educação profissional. A perspectiva adotada na abordagem qualitativa é construtivista e hermenêutica, onde a compreensão é preferida à mensuração (Möbius, 2002). Isso significa que, embora se tenha elaborado um questionário ou roteiro de entrevista, o próprio diálogo do entrevistado com o pesquisador deu muitas vezes origem a questionamentos e reflexões originais e inesperadas. Para isso, a postura do entrevistador foi, o mais possível, empática e questionadora, o que foi facilitado pelo fato de ser ele também empresário e profissional de TI. O aspecto hermenêutico está presente na interpretação das respostas e dos dados, como veremos adiante. 4.2 A AMOSTRA As empresas investigadas foram contatadas por critérios de acessibilidade e variedade. As fontes de referências foram os cadastros do SEPRORJ (que contém, por razões legais, todas as empresas do setor no Rio de Janeiro) e da RIOSOFT, formado principalmente por 41 empresas que já participaram de algum evento educacional oferecido pela instituição (incluindo o projeto Qualisoft, voltado para a qualidade dos processos de produção). Nenhuma pré-condição foi estabelecida para uma empresa ser contatada, apenas a comodidade e acessibilidade. Assim, há na amostra uma empresa que ocupa uma pequena sala, com poucos profissionais autônomos, e outra que tem mais de 2000 empregados. Os contatos foram feitos por telefone (por funcionárias do SEPRORJ) e por e-mail. Algumas empresas aceitaram ser entrevistadas, outras preferiram responder ao questionário via e-mail. Conhecimento pessoal dos consultores da RIOSOFT e diretores do SEPRORJ também foi utilizado para facilitar o acesso às empresas. Acessoriamente, as empresas, tanto as entrevistadas quanto as que responderam a questionários via e-mail, foram, após a coleta de dados inicial, contatadas por telefone para informações suplementares e eventuais correções. Os sites das empresas também serviram na maioria dos casos para completar informações. Em ambas as formas de pesquisa, houve uma grande preocupação em respeitar as limitações de tempo e disponibilidade dos executivos. As entrevistas e coleta de dados via e-mail ocorreram entre setembro e dezembro de 2006. 4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS A carta enviada via e-mail encontra-se no Anexo 1, e o respectivo formulário no Anexo 2. O formulário era acessado através de num link na própria carta e cada campo tinha uma explicação detalhada sobre sua natureza e forma de preenchimento. O questionário principal da pesquisa está no Anexo 3. A conceituação e roteiro de preenchimento estão no Anexo 4. 4.4 ENTREVISTAS O aspecto central das entrevistas foi tentar ir além das respostas aparentemente objetivas dadas usualmente a perguntas que se pretendem objetivas. Com efeito, a demanda — qualquer 42 demanda — tem um aspecto consciente e objetivo e outro mais sutil, onde a pessoa que responde introduz inconscientemente um viés de viabilidade ou familiaridade, pensando em barreiras, impossibilidades, desejos, etc., e só exprime aquilo que parece realista ou correto. Ao mesmo tempo, as perguntas menos óbvias, o questionamento das respostas dadas etc., pode provocar novos insights e idéias, aumentando a qualidade do entendimento daquela realidade. Estes princípios foram seguidos com muito cuidado e algumas percepções só surgiram ao final da entrevista, muitas vezes após um tempo de relaxamento e conversa livre, por vezes questionando eventuais aparentes contradições nas respostas anteriores. As entrevistas foram todas feitas pelo responsável pela pesquisa, que possui ampla experiência empresarial e profissional no setor, permitindo também criar uma certa cumplicidade com o entrevistado e abrir espaço para uma reflexão mais sincera. Um exemplo claro disto, que surgiu em quase todas as entrevistas, foi quando se falou do perfil profissional ideal, envolvendo também aspectos comportamentais. Também houve um cuidado de deixar o formato das respostas mais aberto do que o formulário em anexo permite supor. As perguntas eram feitas de modo a deixar o entrevistado falar à vontade. As informações oferecidas por ele, quando não fossem meramente dados objetivos, eram anotadas no verso da folha e depois transcritas para uma planilha, classificando por categoria quando fosse o caso. As tecnologias de produção e de produto só foram classificadas durante o tratamento dos dados. A coleta dessas informações eram as que mais demandavam a intervenção do pesquisador, procurando lembrar ao entrevistado sobre fatores e categorias de tecnologias que, por serem para ele comuns, poderiam não ser lembradas. Outro ponto importante foi quando a resposta pressupunha “estar atrasado ou defasado tecnologicamente” (particularmente com relação ao uso de métodos e ferramentas mais modernos). Neste casos, o pesquisador procurava fatores positivos e justificativas nestas opções, de modo a permitir ao entrevistado falar mais longamente dos porquês disso. Procurou-se permanentemente minimizar o tempo de entrevista e eventual desconforto do entrevistado. Por exemplo, no item referente aos investimentos feitos ou desejados em treinamento, verificou-se que a maioria dos entrevistados achava muito desconfortável discorrer sobre isso do modo como a planilha foi concebida, isto é, associando a cada função, 43 uma a uma, o tipo de investimento. Como ficou claro que a maioria só não investia em alguma coisa por falta de recursos, supusemos que a demanda consistia de todas as classes de treinamentos etc., seja os realizados, seja os desejados. Então procuramos uma visão mais de conjunto. É claro que houve também um cuidado extremo em minimizar o viés das opiniões do pesquisador, submetendo ao entrevistado, ao final da entrevista suas percepções sobre os pontos principais. Foi garantido sigilo completo a todas as empresas. 4.5 ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES DA INFORMAÇÃO A maioria dos conceitos e categorizações da informação adotados na presente pesquisa estão justificados no capítulo anterior e descritos nos capítulo de resultados. Alguns aspectos a destacar são: 4.5.1 TIPOS DE NEGÓCIOS Este item indica mais claramente o perfil empresarial: de que a empresa vive? Isso visa facilitar o entendimento da natureza da sua organização tecnológica. Ou seja, uma empresa que vende pacotes tem que ter capacidades — portanto demandas de aprendizado — diferentes da empresa que faz software sob encomenda. Na realidade, foi encontrada em geral uma realidade misturada, predominando uma busca para criar software “sob encomenda” a partir de um pacote básico. Os conceitos mais sutis relativos aos tipos de negócios estão explicado no Anexo 4. 4.5.2 A QUESTÃO DA CERTIFICAÇÃO Partiu-se da premissa de que as empresas do setor, por serem, em sua maioria, de pequeno porte e terem nascido do conhecimento técnico, tendem a perpetuar práticas um tanto artesanais. O amadurecimento e reconhecimento da importância de uma disciplina nas atividades se consubstancia no esforço de adoção prática de alguma norma ou critério universal. Foram consideradas três classes de certificação como indícios desta transformação (que também caracteriza um determinado status empresarial): 44 a) Qualidade da gestão como um todo: certificações ISO. b) Qualidade da gestão técnica e da engenharia de software (processos): CMMI, MPSBr. ITIL etc. c) Certificações profissionais: PMI etc. e as de ferramentas. Este critério de análise não significa que a empresa tenha efetivamente mais ou menos qualidade e sucesso em seus negócios (até porque muitas vezes a escolha é mercadológica, como veremos nos Resultados), porém que se preocupa com a questão metodológica geral. 4.5.3 RELACIONAMENTO CAPITAL-CONHECIMENTO VERSUS DEMANDA Esta foi uma das mais importante premissas da pesquisa: conhecer a natureza do capital conhecimento da empresa implicitamente traz à tona vários insights sobre a natureza da demanda de aquisição e aperfeiçoamento do conhecimento, portanto de educação em TI. Isso não significa que possam existir cursos ou treinamento formais para atender a essa demanda, mas que, de algum modo, o empresário precisa disso, seja de modo informal, autodidata, através de consultoria, orientação etc. Dentre as categorias adotadas para os diferentes aspectos do capital-conhecimento da empresa, temos: a) Tecnologia de produto: foi basicamente adotada a classificação de domínios e campos de aplicação de SOFTEX (2001), porém foi necessário fazer adaptações e simplificações. Esta classificação necessitaria também de atualização. b) A categorização das tecnologias de produção se inspirou na proposta de Rodrigues e Ludmer (2005) combinada com a classificação pragmática de Beira (2001), para ajudar, nas entrevistas, a recordar pontos que poderiam ser esquecidos devido à familiaridade. c) Em alguns casos, uma tecnologia de produto pode ser simultaneamente incluída também como de produção, quando a natureza do produto ou serviço exigir um conhecimento particular para sua realização, ou seja, se trata de um produto e de uma técnica. Pode ser o caso, por exemplo, de BI (business intelligence). 4.5.4 OS CONCEITOS DE FUNÇÕES TÍPICAS DA EMPRESA DO SETOR Existem inúmeras visões funcionais da empresa, independentemente do setor. Para os propósitos deste estudo, foram adotadas as categorias a seguir, que se mostraram 45 perfeitamente inteligíveis e familiares aos entrevistados, mesmo quando não era essa a sua estrutura organizacional interna. É claro que, em cada empresa, algumas dessas funções podem ou não existir ou estar englobadas num mesmo cargo. a) Gerência de projetos/processos: o sentido é evidente. b) Consultoria, definição/implantação de processos etc.: são as atividades correlatas, complementares à incorporação de um software numa empresa cliente; é um fato corriqueiro em sistemas de maior porte, estando por vezes esta função a cargo de uma terceira empresa. c) Negociação/Concepção/Definição requisitos: este conjunto de funções define a “zona cinzenta” e delicada entre as necessidades do cliente, percebidas com clareza ou não, e a solução que será proposta; englobamos aí também a negociação dos contratos de serviços, de modo que fica clara a correlação entre os requisitos e a responsabilidade de cada parte. d) Design, usabilidade, interface humana etc.: são função em geral associadas às anteriores (item c), mas de cunho mais “artístico”, feitas por profissionais diferentes (pelo menos em parte). e) Projeto (inclusive banco de dados); função comum e bem identificada f) Desenvolvimento/programação/manutenção: idem g) Testes/homologação: idem h) Desenvolvimento de tecnologia/suporte técnico interno: idem i) Distribuição/instalação/suporte a clientes: idem j) Gestão da operação, BD, segurança etc.: idem k) Outras: em todos os casos, foi a comercialização, porém vista como mais do que simplesmente vender, incluindo um pouco da função do item c acima. 4.6 TRATAMENTO DOS DADOS Tendo todas as entrevistas sido digitadas em planilhas individuais, os dados tabuláveis foram criticados e transcritos, nas devidas categorias, para uma grande planilha e tabulados, 46 permitindo criar os gráficos e tabelas. Em alguns casos, houve necessidade de reinterpretação, contato com o executivo ou acesso ao site da empresa e coleta de dados suplementares. Em seguida, as informações qualitativas, opiniões importantes etc. foram também transcritas em categorias, facilitando a redação do capítulo de resultados. Um ponto importante foi a conceituação dos percentuais. Como não estamos interessados em aspectos quantitativos (quantos por cento das empresas têm tal ou qual característica), porém mostrar predominância determinados temas, estes percentuais foram calculados com base na quantidade de respostas de cada categoria, mesmo que uma mesma empresa desse várias respostas. Ou seja, são percentuais não sobre quantidade de empresas, mas sobre quantidade de itens declarados. As escalas destinadas a mensurar a importância relativa das características gerais (conhecimento técnico, capacidade de aprender, visão de conjunto e do problema e atitudes etc.) no perfil desejado dos profissionais da empresa tiveram que ser normalizadas. Ou seja, foram convertidas para uma escala de 0 a 10, mais ampla do que a escala do questionário, de 0 a 5, para as diferenças serem melhor percebidas. Como todas as notas foram de 3 a 5, subtraímos 3 de cada nota e multiplicamos o resultado por 5, gerando em seguida as médias. 4.7 O FÓRUM EDUC-TI Este grupo reuniu-se diversas vezes durante o projeto. Foram convidados empresários, consultores e educadores, todos com larga experiência. Os resultados das discussões permitiram coletar informações bibliográficas, idéias e fatos importantes (inclusive históricos), críticas aos resultados intermediários etc. Como apoio, foi criado um Grupo de Discussão no Yahoo, onde as trocas e documentos ficaram guardados. Os resultados das interações do Fórum estão no Item 5.1 a seguir. 47 5 RESULTADOS 5.1 RESULTADOS DO FÓRUM EDUC-TI As discussões no Fórum EDUC-TI, visando oferecer subsídios para a pesquisa (e eventualmente para outras iniciativas), resultaram nos seguintes resultados principais (além da criação de um grupo de discussão no Yahoo, servindo para arquivar os textos produzidos pelo grupo e literatura pesquisada, a qual serviu parcialmente ao presente estudo). 5.1.1 ALGUMAS PREOCUPAÇÕES E VIVÊNCIAS a) A idéia inicial do Fórum é a de estudar e refletir com amplitude sobre a Educação em TI no Estado: O que se ensina, onde, por quem, para quem, quantos estudantes, metodologias, qualidade etc.: Foi lembrada a existência de uma pesquisa do INEP sobre o tema; Há também definições claras do MEC sobre os diferentes tipos de cursos e focos; A Faculdade da Cidade tem um projeto em andamento para uma formação ongoing, isto é, com etapas de formação intercaladas com estágios profissionais etc.; Foi lembrado também que a SBC tem estudado o tema já há bastante tempo, pelo menos do ponto de vista de currículos, recomendações, natureza etc.; Há outras formações de intenção não profissionalizante, e que poderíamos também estudar, já que a TI tem escopo horizontal, isto é, penetra em todas as profissões e faixas de idade/interesses (foram lembrados os cursos de TI para 3ª idade etc.). Aspectos comportamentais, éticos e de atitude dos estudantes são uma constante preocupação dos educadores. A academia tem-se deparado com enormes desafios neste terreno, provavelmente advindos da falhas educacionais mais profundas e antigas (família, ensino básico e médio). Qual a demanda e como ela está ou não sendo atendida por esta formação: 48 Como é o ingresso das pessoas no mercado de trabalho Como é o perfil dos profissionais empregados e qual o grau de satisfação dos empregadores do ponto de vista de atendimento imediato dos requisitos dos negócios X defesa contra a obsolescência Como o gestor percebe a questão dos RH no setor; demanda reprimida consciente ou não e demanda bem atendida Como a empresa participa do processo educacional b) Os resultados deste estudo serviriam para embasar propostas de institucionalização, financiamento e outros projetos que apoiariam o fortalecimento do Estado enquanto produtor/exportador de software e serviços de TI c) O ensino de 3º grau serve para profissionalizar ou educar? Qual deve ser a ênfase? Alunos chegam muito crus de coisas bem básicas, incluindo posturas, clareza de papéis, tipos de problemas que devem resolver etc. d) Formalizar/clarificar o papel das empresas como parceiras da formação em TI; propor mecanismos/formas de delimitação desses papéis, incentivos, financiamento etc. e) Estudar a desescolarização da formação: há muitos profissionais de qualidade sem formação regular; (recrutamento em cursos de inglês para empresas terceirizadas exportadoras — fábricas de software) f) Estudar metodologias de aprendizagem g) Projetos de residência (Motorola etc.) h) Ver Lei de Diretrizes e Bases i) O profissional de TI se vê/é visto como um operador de ferramentas ou um “resolvedor” de problemas (como um engenheiro)? Exemplo: demanda de certificações em ferramentas pelas próprias empresas (por que?) j) Ensinar a comprar (uma possível demanda educacional) k) Como reduzir, desde a própria formação, a probabilidade de obsolescência profissional precoce (tendo em vista a velocidade das mudanças tecnológicas, organizacionais e econômicas? Empreendedorismo 49 Aprender a aprender Autodidatismo l) Aproximar empresas e entidades de ensino m) Examinar as incubadoras e empresas juniores n) Criar um evento para conhecer o que as faculdades estão planejando/fazendo e seus desafios; o) Que tipo de formando vai para que tipo de emprego? p) Estudar as avaliações do MEC; q) Ver artigo na RAE On-line sobre a Lei de Inovação; r) SBC – workshop sobre qualidade de cursos; s) Parceria com a SBC (inclusão de alguém no Fórum); t) Ver próximo Congresso da SBC; u) Examinar com cuidado o ensino à distância; v) Estudar projetos educacionais em curso ou planejados, mesmo que fora da academia; w) Ver outras formas importantes de educação: sensibilização de usuários etc.; x) Algumas dúvidas sobre escopo: Incluir outras formações, além de produção de software? Ex. consultoria, gerenciamento, suporte, pós-graduações diversas, cursos livres etc. Incluir profissionais da indústria (hardware e software básico), comercialização, manutenção? y) Incluir TI de empresas usuárias, além de produtoras de software? 5.1.2 PROPOSIÇÕES DO FÓRUM Até o momento em que iniciamos este relatório, o Fórum tinha produzido as seguintes proposições: 5.1.2.1 Premissas de Contexto Estas premissas dizem respeito, em sua maioria, à busca de equilíbrio entre demandas opostas. Por exemplo: 50 a) Considerar as demandas educacionais de curto e longo prazos, ou seja, aspectos instrumentais e teórico-conceituais. b) Considerar, além dos aspectos puramente técnico-profissionais, outros de natureza educacional e formativa. c) Considerar que a TI não é apenas um conjunto de técnicas e ferramentas a serem manuseadas competentemente, mas um agente de transformação da economia e da sociedade. Neste sentido, a formulação é tão importante quanto a resolução de problemas. d) Considerar a existência e complementaridade de múltiplos níveis, tipos, instrumentos e agentes de formação de recursos humanos. e) Considerar o ambiente tecnológico e econômico global, nacional e regional, não só atual mas também prospectivo. Isso inclui o porte e perfil característico das empresas empregadoras no Estado. f) Considerar as oportunidades de incentivos e as diretrizes oferecidas pelas instâncias governamentais, no sentido do maior aproveitamento das mesmas e, se possível, de orientá-las para os maiores benefícios econômicos e sociais. g) Considerar que a TI vai muito além da TI (Sociedade da Informação e do Conhecimento etc.). 5.1.2.2 Alguns Projetos e/ou Temas de Investigação a) Formação e demanda de recursos humanos em TI no RJ. b) Capacitação de profissionais de outras áreas no entendimento e uso eficaz da TI c) Aspectos da cultura do setor: Como desenvolver uma efetiva capacidade para definir o problema, sem desconsiderar as potencialidades da tecnologia nem deixar que o fascínio e complexidade das ferramentas poluam o entendimento efetivo do problema. O papel e status (inclusive salarial) das certificações e da formação instrumental e super-especializada, em contraponto à formação mais conceitual e profunda (incluindo o “aprender a aprender” etc.). d) Estratégias e mecanismos de formação/aperfeiçoamento: 51 Experiências de formação e atualização (residência, colleges comunitários, escolas técnicas etc.) no Pais e no exterior. Ensino à distância. Educação permanente – mecanismos e estratégias. e) Sinergia Empresa x Profissional: Que perfil de recursos humanos é adequado à inserção do Brasil no mercado global (e que inserção está sendo buscada)? Empreendedorismo e criatividade em TI Formação profissional x processos de qualidade Tipos de vínculos de trabalho no setor (quais as formas mais eficazes), rotatividade etc. f) Inclusão social, democratização da TI e da sociedade com apoio da TI etc. 5.1.2.3 Dimensões de Investigação Em todos estes temas, podem-se investigar, entre outras coisas: Instrumentos, incentivos financeiros e legais e meios educacionais disponíveis no País e no Estado para uso no setor. Experiências educacionais de outras áreas (p. ex. o Profae etc.) Tipos de produtos o Fórum Educ-TI poderia produzir (coletânea de artigos, propostas educacionais, projetos para obter financiamento, seminários etc.) Experiências de outros países A questão do alinhamento com as mudanças tecnológicas, vistas como desafios e também como oportunidades. 52 5.2 PESQUISA DE CAMPO Foram investigadas, via entrevistas e e-mail, com apoio telefônico e consulta aos respectivos sites, as seguintes empresas: Acol B&C TECH Century Datafix Dinâmica Groupnet Informal K&N Message Módulo Online BBS Primsc Redes Inteligentes Tecso Vertigo 5.2.1 Alterdata BL Choice DBA Drive Hime Interface L. Bursztyn Mestra MPS Perlink Prognum Rhodes Tecteam Wings Telecom APPI Brayner Compuway Delline Gemini N.I. Ibdcon ISM Lab 245 MI 2000 Nasajon Pix Puzzle Sincout Tokoro Workers ASA Senac Rio CSC Brasil Delphos GKO Imago ITH2O Linux Solutions Microsiga Notion Precision Quality Synapsis Brasil V.S. Wozen DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR PORTE 16 >99 Grande 15% <10 - Micro 22% 50 a 99 Média 17% 9 a 49 Pequena 46% No total, estas empresas (uma delas é de porte realmente grande — mais de 2000 profissionais) empregam (incluindo os executivos) cerca de 5000 pessoas. 16 SEBRAE (serviços): Micro: <10 empregs.; Pequena: 10 a 49; Média: 50 a 99; Grande: >99 53 No estudo da ABES (2006), a distribuição das empresas do setor por porte no país é a seguinte: Micro – 35%; Pequenas – 59%; Médias – 5%; Grandes – 1%. Por sua vez, a estatística da ASSESPRO (2002) apresenta a seguinte distribuição: Micro – 68%, Pequenas – 26%, Médias e Grandes – 6%. Idêntica proporção de médias e grandes em relação à estatística nacional da ABES (2006), mas com uma quase inversão entre micro e pequenas. Nossa amostra, portanto, parece atípica, com uma proporção de médias e grandes empresas bem maior do que as das outras tabulações. Considerando que as empresas foram contatadas basicamente por e-mail geral (cadastro do Seprorj) algumas possibilidades explicativas seriam: O interesse pelo tema da educação seria mais sensível em empresas mais estruturadas. Se verdadeira, esta hipótese também indicaria que esforços educacionais junto a empresas poderão não ter viabilidade com empresas muito pequenas ou desestruturadas. Falta de tempo, disposição e recursos das empresas menores para responder pesquisas. 5.2.2 IDADE DAS EMPRESAS 8,3% das empresas tinham até 5 anos e as demais (91,7%), mais de 5 anos (tempo limite para verificar o sucesso de uma MPME, cf. Carvalho, Rodrigues e Paret, 2000). A idade média foi de 15 anos, bastante elevada, embora até certo ponto comparável com a das associadas da ASSESPRO (2005): 10,5 anos em média (sendo 78% com mais de 5 anos). Isto parece reforçar a suposição acima: empresas menos jovens, maiores e provavelmente mais estruturadas teriam mais disponibilidade para refletir sobre o tema educação (assim como se associar a entidades de classe, naturalmente). É importante enfatizar portanto que esta pesquisa teve como objeto típico (embora involuntário) empresas experientes, competentes para sobreviver e prestar serviços, mas que, em sua grande maioria, mantiveram-se micro e pequenas. 54 5.2.3 ORIGEM DO CAPITAL Capital de terceiros 5% Capital próprio 17% Incubada 3% Conhecimento 75% Trata-se de uma distribuição esperada: o grosso das empresas nasceu do capitalconhecimento de seus fundadores. O pequeno número de incubadas é provavelmente proporcional ao universo de empresas do Estado ou resulta de uma amostra de empresas mais velhas (quando não havia quase incubadoras). Também deve ser enfatizada a notável falta de capital de risco (“capital de terceiros”). 5.2.4 INTERESSE PELA CERTIFICAÇÃO 9 0 ,0 8 0 ,0 7 0 ,0 6 0 ,0 5 0 ,0 F o rn e c e d o r MPSBr IS O CMMI % 4 0 ,0 3 0 ,0 2 0 ,0 1 0 ,0 0 ,0 T ê m C e r t if ic a ç ã o P re te n d e m te r S e m in t e r e s s e 55 Este resultado é significativo, mesmo com a ressalva de que perto de 20% das empresas participantes da pesquisa já tiveram algum contato com programas da Riosoft voltados para qualidade, em especial o Qualisoft. Quase 90% das empresas pesquisadas têm interesse em ter ou ampliar suas certificações, escolhidas apenas entre as voltadas para qualidade de processos e não para ferramentas ou ambientes proprietários. Em especial, 28% destas se interessam pela certificação MPSBr. 23,3% do total já têm algum tipo de certificação sendo que, neste caso, as certificações proprietárias (ferramentas) entrem com 20% destas. Apenas 3% das empresas levantadas foram explícitas em demonstrar total desinteresse pelas certificações. Os entrevistados interessados em ingressar ou ampliar suas certificações, quando questionados pelo pesquisador, foram explícitos em defender que as certificações voltadas para processos são ou seriam de muito interesse mas que razões de custo ou operacionais (poucos recursos humanos disponíveis) impedem a sua adoção mais intensa. Por outro lado, muitos manifestaram coisas como “não temos a certificação porque é caro, mas já utilizamos métodos e processos similares, à nossa maneira”. Quanto à motivação pelas certificações, tem-se Qualidade + Marketing 17% Qualidade + Editais 4% Editais 4% Qualidade 50% Marketing 25% Fica clara a divisão entre a motivação voltada para qualidade e a mercadológica. Muitos empresários, questionados pelo pesquisador, manifestaram um certo ceticismo quanto ao efetivo ganho de qualidade, mas reconhecem o ganho comercial inegável. 56 Muitos dentre os mais céticos acham que já possuem bastante qualidade, com processos próprios e, principalmente, com a ampla experiência concreta e compatível com o porte, o estilo, o mercado, a estrutura e a história da empresa. Isso ficou, repetidas vezes, ainda mais evidente quando alguns entrevistados manifestaram um certo entusiasmo ao lhes ser mostrado, provocativamente, um artigo (Jenkins, 2006), onde o autor afirma que “o estilo tradicional de desenvolvimento de software pode ser tão produtivo quanto uma abordagem mais moderna”. Na maioria dos casos, no entanto, as questões de previsibilidade, de método, de disciplina, de processo de produção, de gestão racional etc. eram uma evidente preocupação do executivo e as opiniões e percepções sobre certificação foram desse modo contextualizadas. Por outro lado, alguns dos empresários já engajados no processo de certificação comentaram que “agora precisamos investir em alguma ferramenta ou método que aumente a nossa produtividade, pois os processos desta certificação tornam as coisas muito lentas e burocráticas e os clientes não pagam pela demora”. O resultado deste item da pesquisa apresenta um interessante indício de necessidade no campo de atuação educacional. 5.2.5 TIPOS DE NEGÓCIOS PREDOMINANTES Integração sistemas 4% Comercializ. hard./soft. 3os. 5% Provedor 1% Webservices 5% Desenv. soft. encomenda 29% Consultoria 9% Trein./ suporte técnico 5% Fábrica de software 4% Software pacote 38% 57 Estes resultados refletem a percentagem de itens (eventualmente mais de um por empresa) cujas categorias correspondem a pelo menos 25% da receita total da empresa. Este é um item delicado, uma vez que os contratos de serviços, comercialização ou licença são extremamente variados, combinando receitas dos modos os mais diversos, sem correlação direta com a efetiva natureza das atividades e custos do fornecedor. Por exemplo, a categoria “Software pacote”, em alguns casos, é apenas a licença de uso ou aluguel, podendo ou não envolver algum suporte, instalação e manutenção corretiva ou de adaptação legal. Em outros casos, vários desses e outros serviços estão embutidos nos contratos de licença. Em outros ainda, mesmo os menores serviços são discriminados e cobrados à parte, sendo então possível categorizá-los em rubricas de receita separadas. Embora, no presente estudo, a preocupação não seja com diagnóstico econômico ou empresarial, esta mistura de fatos comerciais se refletiu em alguns casos numa certa mistura conceitual quanto à natureza do negócio, sendo necessário um certo tempo de reflexão e discussão com o entrevistador. A questão da “Fábrica de software” também se revelou delicada, com uma certa mistura entre aspectos metodológicos e efetivamente do negócio (produzir programas a partir de especificações totalmente a cargo do cliente). Em todos os casos, o executivo entrevistado parecia não acreditar que se pudesse deixar de intervir na própria especificação, caracterizando um pouco o “desenvolvimento de software por encomenda”. O ponto mais significativo deste item foi a tendência estratégica (e tecnológica, de certo modo), de um grande número de empresas, de buscar construir sistemas sob encomenda sobre a base de um pacote, num processo de contínua realimentação. Trata-se de uma busca de reusabilidade construída não apenas sobre funcionalidades de classes básicas (como é generalizado na abordagem OO), mas do próprio negócio. Ou seja, imitar a estratégia geral dos fornecedores de ERPs no negócio de pacotes em geral. As conseqüências procuradas são, naturalmente, a velocidade e a confiabilidade. A consultoria foi também um item ambíguo, pois pode ser efetivamente um serviço de apoio à mudança de processos do cliente, como também simplesmente um apoio na comercialização ou na implantação de um pacote ou software sob encomenda. 5.2.6 EXPORTAÇÃO Apenas 10% das empresa já têm um pé no exterior (muito incipiente, representando no 58 máximo, em poucos casos, 10% das receitas das que já estão neste processo) e 28,3% pensam no assunto, com graus de envolvimento variável. Questionados, os entrevistados em geral mostravam certa perplexidade, considerando a própria incapacidade econômica e estrutural para ganhar mais mercado nacional, reconhecido como de grande potencial. “Para que tentar exportar?”, diziam alguns. Não houve indício de reconhecimento de correlação entre uma eventual falta de capacidade técnica e a pouca penetração internacional. 5.2.7 DEMANDA POR CAPITAL-CONHECIMENTO – IMPLÍCITA A demanda educacional, ou seja, a necessidade de aumentar o capital-conhecimento, destas empresas tem, como dito no capítulo sobre Metodologia da presente pesquisa, dois indícios: Necessidades do próprio negócio e da sua gestão – natureza das tecnologias, mudanças previstas ou necessárias etc. (demanda implícita) Necessidade percebida de aumentar a quantidade ou treinar recursos humanos (demanda explícita). 5.2.7.1 Controle das Tecnologias de Produto 37% dessa empresas têm as tecnologias de produto predominantemente nas mãos dos executivos principais que se envolvem, na maioria dos casos, em detalhes nas negociações e especificações de produtos e serviços. Reconhecendo os riscos disto (sobrecarga do executivo, não lhe permitindo pensar estrategicamente), 70% destes empresários pensavam ser necessário delegar esta função fortemente. Porém, considerando esta situação como uma forma de garantir a propriedade do principal capital da empresa, o conhecimento (ver item 5.2.3 e comentário no item 3.2.1 sobre empresas de conhecimento de pequeno porte) e não sabendo de fato como fazer isso sem excesso de riscos, estes empresários reconheciam, de modo enfático, uma carência de natureza gerencial, implicitamente indicando uma necessidade educacional. Esta foi, aliás, uma constante em inúmeras entrevistas: carência gerencial e necessidade de melhor comercialização. 59 5.2.7.2 Previsão de Mudanças nas Tecnologias de Produto 29,6% das empresas estavam prevendo a necessidade ou desejo, num horizonte de um a dois anos, de ampliar ou mudar a natureza ou o foco dos produtos e serviços oferecidos, o que, evidentemente, demandaria um grande esforço de aprendizagem. Isso ocorria tanto no domínio quanto no campo de aplicação (ver proposta da SOFTEX, 2001, no item 3.2.2.1). Ou seja, quase 1/3 empresas pesquisadas se encontra diante de um possível grande risco, uma vez que o tipo de negócio/produto de uma empresa é sabidamente o elemento mais estável da mesma, relacionando-se diretamente com a missão. No entanto, neste setor, talvez pelo caráter genérico das ferramentas, isso talvez não seja tão sensível, pelo menos no entendimento do empresários. Ou então, ao contrário, tratar-se-ia de uma real necessidade estratégica: o mercado muda sempre e obriga à freqüente quebra de paradigmas. Qualquer que seja o motivo, tem-se aí mais uma demanda implícita e radical de aprendizagem. 5.2.7.3 Tecnologias de Produto Existentes Embora este aspecto não seja por si mesmo indicador de demanda de educação das empresas, dá uma idéia do amplo universo de conhecimentos sobre as atividades dos clientes das mesmas. Esses conhecimentos, de uma forma ou de outra, foram adquiridos para competir nesse mercado. Não é razoável esperar que não necessitem de aperfeiçoamento contínuo. O uso do referencial de domínios e campos de aplicação sugeridos pela SOFTEX (2006) (item 3.2.2.1 acima), teve que sofrer alguns ajustes para captar as informações das Administração privada 15% Administração pública 4% Quaisquer 25% Bancário 1% Outros 6% Comércio 11% Educação 3% Entretenimento 1% Telecomunicações 7% Serviços 10% Financeiro 7% Saúde 6% Indústria 5% 60 empresas. O fato é que muitas aplicações e serviços são genéricos, ou seja, teriam um Utilitários. 4% Serviços de mensagens 1% Quaisquer 1% Administração de RH 2% Outros 13% Administração de serviços 22% Administração escolar 1% Segurança e prot. dados 4% Página Web 7% Jogos 1% Automação bancária 1% Automação comercial 9% Automação industrial 4% Gestão integrada – ERP 9% Comunicação de dados 4% Contabilidade 8% Gestão do conhecimento 1% Gestão de documentos 2% Administração jurídica 1% Gestão relac.cliente – CRM 1% Gestão de conteúdo 2% E-business Educação à 1% distância 2% domínio e/ou aplicação “Quaisquer”. Quanto aos campos de aplicação, tem-se: Esta classificação é ainda mais delicada com relação à dos domínios, uma vez que vários produtos não podem ser classificados coerentemente em uma única categoria. Estes resultados se referem a quantidades de domínios e de campos, não de empresas. Se uma empresa tiver mais de um domínio ou campo, aparece mais de uma vez. A lista completa de produtos informados foi a seguinte: Suporte técnico e instalação, trein. Seguros Nota fiscal eletrônica Gestão de tribunais Gestão de shopping-centers Gestão de educação Gestão indústria mecânica Governança de TI, ITIL Celulares TV Digital Indústria de petróleo Tributação estadual Dep. jurídico Workflow Previdência Desenvolvimento de software geral Automação comercial Rede (voz, dados, imagem) Admin. de pessoal (operacional) Gestão laborats, incl. imagem... Gestão hospitalar Gestão operadoras planos de saúde Gestão bancária Catálogo+gestão de gráficos Racionalização de processos Help-desk Distribuição/comercial. energia Telecomunicações Gestão do conhecimento Ferramentas básicas Gestão imobiliária GED Serviços gerais rede, portais... Sistemas financeiros Gestão empresarial geral (ERP) BI CRM E-commerce Gerador de relatórios Gestão de identidade Gestão empresa de energia Gestão de materiais, logística E-learning Segurança de TI 61 Seguindo comentários conceituais anteriores, consideramos, por exemplo, na categoria ERP, algumas soluções que ainda não cobrem todo o espectro usual. Do ponto de vista conceitual, “Gestão empresarial geral” é mais coerente, a não ser que o produto se limite, por exemplo, apenas a aplicações contábeis e financeiras, ou de gestão de RH, quando então ficariam nas respectivas categorias. Se um pacote envolve, por exemplo suprimentos e PCP, já seria justificável ser classificado como ERP. O fato é que estes conceitos todos, como dissemos acima, são naturalmente bastante ambíguos, voláteis e frágeis. 5.2.7.4 Tecnologias de Produto a Adquirir Este foi um ponto essencial para começar a perceber a demanda de educação destas empresas, pelo menos no que se refere ao aspecto externo de suas atividades. Os itens declarados serviram, como acima, para montar um quadro de domínios e campos de aplicação. Quaisquer 22% Administração privada 41% Telecomunicações 15% Indústria 4% Bancário 4% Financeiro 7% Comércio 7% São domínios nada surpreendentes para investimentos por parte de empresas do RJ. O setor “Telecomunicações” compreende também aplicações para TV digital. Provavelmente, este precisará ser considerado um setor à parte no futuro. Quanto às aplicações, tem-se: 62 Utilitários. 4% Outros 7% Quaisquer 4% Administração de RH 4% Simulação e modelagem 4% Segurança e prot. dados 7% Automação bancária 4% Automação comercial 7% Página Web 4% Automação industrial 4% Gestão integrada – ERP 7% Gestão do conhecimento 4% Administração de serviços 15% Gestão de documentos 4% Comércio eletrônico 4% Gestão relac.cliente – CRM 4% Comunicação de dados 15% Onde aparece ERP, a empresa deseja, na verdade, ampliar seu produto, que já é um pacote de gestão limitado, com novas funcionalidade. Isso não nega o fato de que os executivos entrevistados sabiam da necessidade de nova embalagem, incluindo mais poder de parametrização etc. Houve também bastante ambigüidade e superposição no que se refere aos aplicativos e serviços web, principalmente com relação à chamada gestão do conhecimento, portais, gestão de conteúdo, sistemas colaborativos etc. TV digital foi um campo declarado como de interesse por muitos, embora ainda sem definição se vão ou não investir. Esse interesse aparece no item “Comunicação de dados”. Uma última observação a respeito da demanda de novos conhecimentos no campo da tecnologia do produto é que, embora conscientes de que seria necessário realizar um esforço de aprendizagem, os empresários não pareciam em geral preocupados com isso, como se, por terem gerado e desenvolvido seus negócios a partir de conhecimento similar adquirido de modo autodidata, novamente se faria o mesmo. Medidas de apoio a estas empresas poderiam incluir algum tipo de suporte para este processo. 63 A lista de tecnologias de produto a adquirir nos próximos 2 anos foi: Automação industrial Serviços gerais p/ web Gestão de RH BSC Gestão comercio material de construção Impacto gestão TI nos negócios Gestão colaborativa Celular p/ monitoramento e controle dispositivos Previdência privada Gestão do conhecimento Comunidades de prática Pagamentos p/celular (incl. plano de saúde) ERP TV digital CRM Gestão de supermercados Serviços bancários SOX Gestão de veículos Gerenciamento de impressão Bolsa de mercadorias Mapeamento processos negócios (BPM) Gestão segurança e identidade 5.2.7.5 Controle das Tecnologias de Produção Neste campo, são especialmente as empresas menores que têm o controle das tecnologias de produção predominantemente nas mãos dos principais executivos (14,8% das empresas) e, destes, 50% acreditam que isto precisa ser modificado. 5.2.7.6 Previsão de Mudanças nas Tecnologias de Produção 26,7% das empresas esperam, necessitam ou desejam realizar mudanças nas tecnologias de produção (ferramentas, linguagens, métodos etc.). É, surpreendentemente, um número inferior ao das que têm este tipo de percepção com relação às tecnologias de produto (29,6%). Ou seja, as mudanças e novidades tecnológicas não parecem ser estímulos mais poderosos para investimentos em mudanças e aprendizagem do que as demandas do mercado. De qualquer modo, trata-se, em ambos os casos, de perto de um terço das empresas percebendo implicitamente uma necessidade de aprendizagem. 5.2.7.7 Tecnologias de Produção Existentes Como dissemos no Capítulo 4 – Metodologia, para captar os tipos de conhecimentos das empresas relacionados com a tecnologia da produção — os quais pressupõem eventuais necessidades de aprendizagem — as classificações descritas no item 3.2.2.2 foram simplificadas e adaptadas para uma conceituação mais coerente com a visão das próprias empresas. (Não foi levantado o conhecimento fundamental dos profissionais da empresa — algoritmos, matemática, arquitetura de computadores etc. — mas apenas o domínio do conhecimento aplicado da empresa.) Quanto ao hardware, só foi indicado quando relacionado com sistemas operacionais. 64 É importante ressaltar que parte do conhecimento técnico das empresas foi tratada como “tecnologia do produto”. Há, no entanto, casos ambíguos, onde o conhecimento aparece tanto na tecnologia do produtos quanto da produção. Por exemplo, BI (business intelligence), que designa um tipo de serviço ou produto de software e também uma série de técnicas para desenvolvimento deste tipo de serviço/produto. Estas técnicas eram por vezes enfatizadas pelos entrevistados e incluídas também como tecnologia da produção. No caso dos “ambientes”, também ocorreu uma certa superposição em alguns casos, como, por exemplo, ambiente “dot-net”, que, evidentemente, implica no uso de sistemas operacionais da Microsoft. Nestes casos, ambas as camadas de ambiente foram indicadas. De qualquer modo, estas simplificações não interferem no objetivo da pesquisa que é estudar a questão do conhecimento e demanda de aperfeiçoamento do mesmo. Quanto às técnicas e métodos/gestão, muitas empresas manifestaram possuir “próprias”. Questionados, vários destes executivos acabaram reconhecendo que, na verdade, não davam importância nem tinham nenhuma metodologia definida, apenas esboços de regras internas. É a categoria “Não usa/não é importante”. De outra parte, como vários dos métodos e técnicas se servem de ferramentas particulares e estas costumam ter seu escopo definido de acordo com a visão e interesse dos fornecedores, formando os mais diferentes “frameworks”, incluímos toda esta dimensão na categoria “Técnicas, métodos e gestão”. Por exemplo, ambientes (ferramentas) de desenvolvimento podem ou não incluir funções de gerenciamento de projeto, automatizar a codificação dos programas, a construção de bancos de dados, etc. Tem-se assim: a) Técnicas (análise, programação, testes, linguagens de representação, ferramentas de desenvolvimento etc.), Métodos e Gestão (incluindo ferramentas de produtividade, planejamento, documentação etc.) b) Ambientes (sistemas operacionais, web etc.) c) Bancos de dados d) Linguagens de programação O panorama das Técnicas, Métodos e Gestão, onde os percentuais são sobre o número de técnicas, métodos e formas de gestão declaradas e não o número de empresas, é o seguinte: 65 ar e es J2 EE S s et c. N ão us a/ nã o U M Pr L óp ria O Er w in é im RU po P rta nt e O 15 do w ni x 30 W in U 15,0 M 11,7 .N ET s 20 ux , tip lo 5,0 5,0 úl 3,3 5,0 M 3,3 5,0 W eb 3,3 m óv Lo ei s tu s N ot es lu çõ ris 5,0 Li n s/ so 3,3 el ul e 1,7 1,7 So la 5 C ) 10 nf ra m 1,7 ai do s 1,7 da 1,7 de 1,7 an te c ai s 1,7 M ol et a m in nd 1,7 m te r rla 1,7 1,7 Sy de ita l 1,7 (c co Bo 1,7 lm bá si di g 1,7 Pa e 1,7 ftw ar 1,7 SO A 1,7 TV ax 1,7 So Aj ZI M Pr ot ot ip En aç te ão rp ris e An Ar ITIL ál ch is C e i o es mp tec tru on t tu e ra nte da s + ER C M M I IS n.3 O 90 00 M R a S M et -Fo tion od a ol und l og at i ia o Bo n Fe rla rra nd m Té E .g c er cn li en ic pse as c. ta de re BI fa s, do cs PM ./ I .N pr oj ET . de v. T fra ab m a Xt ew re or m k e Pr Ecl og ips ra e m m in g 40 35 35,0 30 25 20 11,7 13,3 13,3 10 10,0 10,0 3,3 5,0 5,00 1,7 0 Os ambientes apresentaram os seguintes percentuais: 80 70 71,7 60 50 40 23,3 15,0 5,0 0 66 As linguagens de programação tiveram a seguinte distribuição percentual: 45 41,7 40 35 31,7 30 25 20 15,0 15 11,7 11,7 8,3 10 5 16,7 1,7 1,7 1,7 1,7 1,7 3,3 1,7 3,3 5,0 5,0 8,3 5,0 D el ph i Ja va AS P VB C C ++ r PH P pe C lip Pe rl C ob ol ua C# lS tu di o Vi s H TM L Es pe ci al Lu As a se m bl er XM L N at ur al C en tu ra 0 Os bancos de dados utilizados se distribuíram percentualmente deste modo: 45 40,0 40,0 40 35 30 25 20 15 10,0 11,7 13,3 15,0 10 5 1,7 1,7 1,7 1,7 3,3 3,3 3,3 3,3 5,0 M yS ql Q ua is qu er O ra cl e SQ L Se rv er Fi re bi rd D B2 Po st gr es BD pr óp rio Sy ba se Xb as e In fo rm ix Ac ce ss Pa ra do x C ac hé In te rb as e 0 67 As principais considerações sobre os dados acima são os seguintes, tendo em mente que os itens acima foram os declarados explicitamente pelos executivos, por serem considerados particularmente significativos: a) Técnicas, métodos e gestão: Chamam particularmente a atenção as categorias “Metodologia própria”, a maior, e “Não usa ou não dá importância”. Em alguns casos, estas informações traduzem a mesma situação. Há uma evidente demanda educacional aqui, do ponto de vista de gestão técnica da empresa. Algumas categorias estão quantitativamente subestimadas, ou seja, a empresa que citou OO como metodologia de projeto e programação, provavelmente usa também UML, mesmo não o tendo citado explicitamente. Do mesmo modo, quem usa Rational como ferramenta provavelmente usa OO, e assim por diante. Quando não havia dúvida, a tecnologia foi contada nas duas categorias. Digna de nota é a referência aos processos PMI, que refletem uma preocupação com a racionalidade na gestão de projetos (isso não implica em certificações, mas em alinhamento com os princípios e recomendações). Os referenciais conceituais e de processos ISO, CMMI e MPSBr podem estar um pouco subestimados, tendo em vista as declarações sobre certificações anteriormente citadas. Provavelmente por serem vistos mais como compromissos gerenciais e mercadológicos do que propriamente metodológicos. Por outro lado, PMI é visto com mais clareza diretamente como método e tecnologia de produção. Nem todas as empresas que citaram TABA no apoio aos processos de engenharia de software se mantiveram usando-a, com algumas críticas severas à ferramenta. b) Ambientes Neste caso as duplicidades implícitas foram consideradas, pois são mais óbvias do que o anterior. Ou seja, todas as declarações de ambiente que obviamente operam sobre outros ambientes mais básicos (sistemas operacionais), isto foi devidamente quantificado. Não há grandes surpresas, salvo, talvez, um número razoável de indicações de busca de liberdade em relação ao sistema operacional (“Múltiplos”). 68 c) Linguagens Devido à idade das empresas, Delphi aparece como muito importante, tendendo a ser substituída por Java, indicando necessidade de modernidade e independência de fornecedor e ambiente. Muitas empresas se declararam diante do dilema do grande investimento e risco, associado à premência, para desenvolver suas aplicações em outra linguagem. Java é a preferida, mas há falta de programadores capacitados (único caso reconhecido de escassez de profissionais no mercado). O restante do panorama não surpreende, a não ser, talvez, pela grande quantidade de linguagens utilizadas. d) Bancos de dados: nada de particularmente notável. 5.2.7.8 Tecnologias de Produção a Adquirir As tecnologias de produção cuja aquisição a curto prazo foram consideradas essenciais se distribuíram de modo equilibrado. Estas informações completam o panorama da demanda implícita de educação das empresas. As mais importantes foram: Técnicas, Métodos e Gestão: OO+UML Própria (implantar de fato o que já foi desenvolvido) Ferramentas de workflow Sistemas internos de gestão Automação gerenciamento de projetos Técnicas de análise (em geral, quem não possui metodologia nenhuma) Técnicas de segurança Ambientes: TV digital (incipiente, apenas “estudar o assunto”, na maioria dos casos) Ajax Web (migração do sistema da empresa para web) SOA 69 Corba Convergência digital (desenvolver ou migrar os aplicativos para celulares, palms etc. .NET Linux (portar o aplicativo para ambiente open) J2EE Linguagens de programação: Java Delphi .NET (outra forma de modernizar sem mudar totalmente a cultura técnica da empresa) Bancos de dados Quaisquer (migrar para soluções independentes do tipo de BD) MySQL SQL Server Firebird DW (incluir funcionalidades de Datawarehouse no aplicativo) Oracle 5.2.8 DEMANDA POR CAPITAL-CONHECIMENTO – EXPLÍCITA 5.2.8.1 Necessidades de recrutamento, escolaridade e perfil Este item da pesquisa reflete mais diretamente a demanda por educação e aumento da capacidade produtiva da empresa via conhecimento (mesmo que atrelada ao recrutamento de novos profissionais). Há quatro grandes componentes desta dimensão: a demanda por recursos humanos associados a funções da empresa, o nível de escolaridade desejado destes recursos, os aspectos de atitudes etc. que a empresa valoriza e a demanda (eventualmente já atendida pela própria empresa) por treinamento. 70 O primeiro gráfico indica o percentual de demandas de recrutamento por função (sobre o total de empresas, podendo uma empresa aparecer várias vezes, se tiver demandas para várias funções). O número sobre as barras (o mais próximo) indica o percentual. NE=2 PI=14 78 90 % 80 NE=5 PI=22 70 67 60 NE=4 PI=0 52 50 NE=3 PI=13 59 NE=3 PI=23 48 NE=2 PI=22 67 NE=3 PI=0 52 NE=5 PI=14 52 NE=0 PI=36 NE=0 PI=82 41 41 40 30 NE=0 PI=50 20 15 10 G er ên ci a pr oj C et on os su /p lto ro ria ce -d ss N e os f./ eg im oc pl ia an ç. /C t.p on ro cs D ce es . p. ig /D n, e us f.r eq ab ui il. s. ,i nt er f.h Pr um oj et an o D a (in es c en lu vo si ve lv ./p BD ro ) gr am ./m Te st an e ut s/ D . es ho .te m ol cn og ol aç ./s ão up D .t is é tri c. b. in / in te rn st G al es o . / tã s up o op .c lie er nt ., es BD ,s eg ur .e C tc om . er ci al iz aç ão 0 “NE” representa o nível de escolaridade predominante (moda) para a função, com a seguinte convenção: 1 2 3 4 5 Médio ou estagiário Superior curta duração em TI Superior pleno (sistema de informação/engenheiro de software/ciência da computação) Certificado Pós-graduado “PI” indica a percentagem de empresas, dentre as que têm a demanda para aquela função, que consideram a escolaridade irrelevante ou menos significativa que a experiência e o perfil. Esta ampla necessidade de recrutamento significa tanto falta de capacidade financeira da empresa para bancar o aumento de custos respectivo, quanto dificuldades para encontrar os profissionais adequados, a primeira razão sendo a mais comum. A primeira observação sobre estes resultados é, naturalmente, a grande demanda para 71 quase todas as funções, com predomínio para a programação, seguida de perto pelas funções de testes e consultoria para o efetivo aproveitamento dos produtos pelos clientes (mudanças de processos etc.). Funções de gestão, desenvolvimento tecnológico e suporte técnico interno, assim como projeto de sistemas, aparecem em seguida. A demanda expressa em níveis de escolaridade também não surpreende, salvo se observarmos a relativa grande quantidade de “Irrelevante, o que importa é o perfil e experiência” (PI). Este aspecto será melhor entendido no gráfico seguinte. 10 10 9 Conhecimento técnico Visão geral, foco no problema etc. Capacidade de aprender, evoluir Atitudes, relacion., profissiona., ética etc. 9 9 8 8 8 7 6 6 6 6 7 7 6 6 6 5 6 6 6 5 5 5 5 55 5 5 5 4 4 4 4 4 3 8 7 7 7 5 8 8 7 6 9 44 3 3 2 2 1 C om er ci a li z aç ão ra nç a. .. D ,s eg u ,B G es tã o op e ra çã o /s up or te cl ie nt es te rn o té c. in çã o D is tri bu i v te cn o ló gi co /in st al aç ão /s up o rte m ol og aç ão te nç ão an u Te st es /h o ra m ro g D es en vo l D es en vo lv ./p Pr oj et o (in aç ão /m cl u in te rf. si ve hu m BD ) an a s si to ad e, qu i D es ig n, us ab i lid /D ef .re oc es so s t.p r ce pç ão pl an ci aç ão /C on N eg o ud -m su lt o ria C on G er ên ci a pr an ça /im oj e to s/ pr oc es so s 0 Os valores neste gráfico representam a importância relativa (na média) dada a cada uma das categorias que devem compor o perfil dos profissionais desejados para recrutamento (e também o que a empresa valoriza nos seus atuais colaboradores). Considerando que todas as notas (numa escala de 0=nenhuma importância até 5=exigência absoluta) foram acima de 3, normalizamos, com a finalidade de exprimir melhor as diferenças entre tipos de atributos, os 72 valores para uma escala de 0 a 10, considerando apenas notas 3, 4 e 5 como base. Analisando inicialmente os valores dentro de cada função, é evidente a importância dos atributos relacionados com atitudes, relacionamento, profissionalismo e ética para praticamente todas as funções. No caso das funções que ser relacionam com o cliente, aliás, é o atributo mais importante. Mas também o é, curiosamente, na programação, indicando, pelos comentários dos entrevistados, um receio, advindo de experiências infelizes e comuns, de que este tipo de profissional, mesmo tendo sua atividade interna um tanto isolada, pode, se tiver um temperamento negativo e alheio às necessidades da empresa, envenenar o ambiente. A importância do conhecimento técnico, quando associada às diversas funções acima, não surpreende. Mas em apenas um caso — desenvolvimento tecnológico e suporte técnico interno — é o fator de maior peso. Isso é inesperado e reflete um entendimento de que o sucesso desta atividade necessita integrar múltiplas aptidões e atitudes, não apenas técnicas. Quanto à capacidade de aprender, adaptar-se e evoluir, foi considerada a mais importante para os analistas e projetistas de sistemas, talvez por ser sobre a capacidade destes profissionais, mais do que sobre qualquer outros, que a empresa pode evoluir seus produtos e serviços (inclusive de modo autodidata). 5.2.8.2 Investimentos em treinamento Estas empresas investem constantemente em treinamento, provavelmente mais do que as do mercado corporativo, as usuárias de TI (Impacta, 2005). Não o fazem mais porque não têm recursos, inclusive para liberar profissionais importantes. O panorama de cursos, treinamentos, estímulo ao autodidatismo e à aprendizagem coletiva, apoio, inclusive com bolsas etc., que estas empresas oferecem é amplo. Os gráficos abaixo refletem tanto o que já é ou foi feito pela empresa, como também o que seria feito se houvesse condições, recursos etc. As categorias de demandas e o conceito de percentagem são os mesmos referidos no item 5.2.7.7 acima, com o acréscimo da categoria “Educação Geral”, que compreende desde a cobertura de cursos de graduação até seminários de informação técnica geral, cursos e certificações de fornecedores (sem especificação da natureza, revelando apenas uma tendência a fazer este tipo de investimento etc.). O panorama dos temas de Educação Geral é o seguinte: 73 ca s de U M L ria 1,96 se gu Po ra nç nt os a de fu nç Té ão cn ic as de Té BI cn ic as de G O pr er O og en ra ci m am aç en ão to An de ál is te Es e st pe de es ci pr fic o aç ce ão ss os de re qu is C it o er tif s IT i c IL aç ,G ão ov PM er En I n an ge ça nh ar de ia TI de so ftw C M ar M e, I Q G u es al is tã of o t de pr oj et os Té cn i Pr óp ei n. pr od ut o da em U p sa M res bi ar a lid k S e Au ade eg tin to , d ura g m aç esi nça ão gn Fi co we na m b nç er C as/ E-le cia om co a l u n rn N nic tab ing eg a ili óc çã da io o e de do sc s r Pr cl ita ie oj nt et e o C C de on 2º g s al I e r n l C -ce for ban ctiv au om n m c i po ter/ aç o d dad rta su ão e d e m po s/T ad rte V o e C nto /at d s ur /re e ig so la nd ita l i s c de ion me n a fo m to In fo C rne ent rm om ce o. . t e do .. ec rc r no iali es ló za gi çã ca o G ge C ra er du ral ti a G fica es çõ Pó L çã o tã e í s n o s e -g gu da m ra a em fe dua s pr rra çã es m o a/ en ne ta gó s ci os Tr 14 12 1,96 11,5 10,310,3 10 9,0 9,0 8 6,4 6,4 6 5,1 5,1 4 3,8 2,6 2,6 2,6 2,6 2,6 2 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3 0 A categoria Técnicas, Métodos e Gestão recebem a seguinte ênfase do ponto de vista da intenção ou já realização de investimentos em educação: 25 20 19,61 21,57 15 10 9,80 5 3,92 1,96 1,96 3,92 3,92 3,92 9,80 9,80 3,92 1,96 0 74 Os percentuais de treinamentos visualizados como necessários ou já realizados na categoria “Ambientes” são: 45 40,00 40 35 30 25 20,00 20 15 10,00 10,00 10,00 10,00 10 5 eb W Fe rra m en ta s s uç õe so l C el ul ar es / .N ET as m x ni x, U nu Li co op er at iv et c. s w do in W M S óv ei s 0 Quanto às linguagens, tem-se: 70 62,50 60 50 40 30 25,00 20 12,50 10 0 Perl Delphi Java 75 Finalmente, a categoria “Bancos de dados” revelou apenas uma demanda explícita por treinamentos em variados softwares (para generalizar o aplicativo da empresa) e em Oracle. A demanda explícita de educação em TI por parte das empresas tem dois aspectos relevantes. De um lado, ela parece bem menos ampla do que a demanda implícita. A interpretação disso, baseada em boa parte na conversa informal durante o levantamento, é de duas naturezas. A própria história das empresas, que se desenvolveram bastante a partir e sobre a competência técnica de seus dirigentes, através de muito esforço autodidata, faz com que estes executivos não vejam nenhum desafio absurdo em continuar neste caminho, incluindo nele os profissionais de elite da empresa. A outra razão é mesmo a falta de recursos, fazendo com que nem se cogite investir mais constantemente em treinamento. Inversa e paradoxalmente, as empresas reconhecem que precisam investir, e até investem, quando podem, em educação geral, como se pode ver no primeiro gráfico acima! Isso parece se dever em parte ao fato de que os executivos se ressentem eles próprios de carências nestas áreas. É também uma forma saudável de reter quadros nos quais se investe regularmente em educação (embora alguns executivos tenham se queixado de que, principalmente quando custeiam o treinamento e a prova para certificações proprietárias, perdem os empregados, que passam a ganhar melhor em grandes empresas). 76 6 CONCLUSÕES 6.1 SÍNTESE DOS RESULTADOS PRINCIPAIS E COMENTÁRIOS As empresas de software e serviços de TI do RJ que foram pesquisadas (60 empresas) são predominantemente de porte micro e pequeno, de origem baseada no conhecimento profissional ou acadêmico de seus fundadores, têm um tempo médio de vida bastante elevado para empresas deste porte (15 anos) e estão em sua maioria interessadas em aperfeiçoar seus processos de gestão, qualidade e marketing, tendo como um dos instrumentos mecanismos de certificação. Os tipos de negócios predominantes na amostra foram software pacote (38%) e desenvolvimento sob encomenda (29%). Praticamente não exportam e as manifestações de interesse nisso foram pouco importantes, sem que tal fato seja percebido como originado de falta de capacidade técnica e sim por um maior apelo do mercado interno, a ser mais amplamente conquistado. No caso de virmos a ser exportadores de peso, a opção das empresas dependerá do modelo dominante: pacotes ou serviços terceirizados. A primeira hipótese demandará imensos investimentos em formação de marcas, um desafio apenas para empresas muito grandes e capitalizadas. A segunda também demanda empresas de peso, capazes de investir na montagem de estruturas produtivas do tipo fabril para alta produtividade em subcontratações de sistemas especificados pelo contratante. Isto já está em andamento em algumas iniciativas. Para as empresas menores restaria o segmento de desenvolvimento completo sob encomenda, campo no qual essas empresas têm inegável competência e criatividade. Em qualquer caso, há um espaço importante para educação, inclusive de línguas. A gama de tecnologias de produto (conhecimento das necessidades dos clientes) é imensa e este conhecimento é controlado predominantemente pelos próprios executivos. Em cerca de 30% das empresas, há uma grande expectativa ou percepção de necessidade de mudanças nesta base de conhecimento, o que não é, paradoxalmente, percebido como risco mas como oportunidade, não associada à necessidade de grandes investimentos em treinamento (provavelmente com base na história da própria empresa, que adquiriu este tipo de conhecimento de modo autodidata). As principais tecnologias de produto têm como domínios “Quaisquer” (soluções 77 genéricas e independentes do tipo de empresa usuária), “Administração privada” e “Financeira”, com peso relativo também em “Saúde” e “Serviços”. Os campos de aplicação mais importantes são “Administração de serviços”, “Diversos” (soluções genéricas), “Automação comercial”, “ERP” e “Soluções Web”. Estas empresas têm os planos principais de aquisição de tecnologias de produto nos domínios “Quaisquer” (genéricos), “Administração privada”, “Telecomunicações”, “Comércio” e “Financeiro” e nos campos de aplicação “Administração de serviços”, “Comunicação de dados” (incluindo TV digital), “Automação comercial”, “ERP”, “Segurança de proteção de dados” e “Outros”. Quanto às tecnologias de produção (ferramentas, técnicas e métodos, inclusive de gestão, qualidade etc.), este tipo de conhecimento é mais facilmente percebido pela academia e instituições de ensino como alvo natural de esforços educacionais. Há uma grande quantidade de opções, porém este tipo de conhecimento está normalmente em mãos dos profissionais da empresa e menos nas mãos dos executivos. No que se refere à categoria Técnicas, Métodos e Gestão, as principais ocorrências desta amostra são “Própria”, “UML”, “Não usa/não é importante”, “RUP” e “OO”. A falta de aceitação clara de métodos padronizados em muitas empresas significa tanto um ceticismo quanto à aplicabilidade dos mesmos à empresa, quanto falta de consciência da necessidade de ter disciplina. Métodos de gestão de projetos inspirados no PMI aparecem também com bastante freqüência. Os ambientes predominantes são, como é esperado, MS Windows (muito predominante) e Linux, com algum peso na categoria “Múltiplos”, revelando necessidades de portabilidade e autonomia dos produtos da empresa. Os bancos de dados mais freqüentes foram Oracle e SQL Server, vindo a seguir “Quaisquer”, novamente com preocupação de autonomia, MySql e Firebird. Linguagens têm uma grande predominância de Delphi, provavelmente por causa da idade das empresas, cuja época de criação de evolução tinha esta linguagem como alternativa importante. Estas empresas manifestaram o desejo de adquirir tecnologia de produção principalmente focando em, TV digital, Ajax, sistemas web, SOA, OO+UML, automação do gerenciamento de projetos, segurança, convergência digital, e, principalmente, Java. Igualmente importantes foram as manifestações relativas à intenção de ampliação das 78 certificações voltadas para processos: CMMI, MPSBr, ISO etc. O panorama acima relativo às tecnologias de produto e produção retrata o que chamamos de “demanda de educação implícita”. Traduzindo esta demanda em termos mais concretos, podemos inferir as seguintes necessidades (talvez nem todas viáveis de serem atendidas por programas de educação formais). a) A primeira dessas necessidades diz respeito a toda a política educacional. Se desejarmos integrar as empresas de pequeno porte (e imensa maioria) neste processo de fortalecimento, não basta treinar profissionais. É preciso que este esforço integre sistemicamente as transformações das empresas, mormente em gestão moderna. b) Educação empresarial: Gestão em geral, com ênfase em processos de mudança, delegação, gestão de tecnologia, processos de qualidade etc. Principais domínios e campos de aplicação (este o tema mais desafiador para uma proposta educacional consistente) e suas implicações em sistemas de TI. Soluções portáveis, multi-ambientes. c) Educação profissional: os diferentes temas das tecnologias de produto e produção acima. (Mais adiante veremos outros aspectos) Quanto à demanda explícita das empresas, ou seja, de recrutamento e treinamento, o panorama pode ser resumido da seguinte forma. Há demandas importantes para todas as funções para as quais se necessita recrutar, com predominância em programação e testes, consultoria (apoio nas adaptações do clientes aos produtos da empresa), gerência de projetos, projeto de sistemas e desenvolvimento tecnológico. O reforço da capacidade em comercialização especializada também foi visto como muito necessário. As empresas, de modo geral, manifestaram insatisfação e enfatizaram o desafio de obter bons profissionais, seja por questões salariais, seja pela dificuldade de encontrar o perfil requerido. O nível de escolaridade desejado é consistente com os tipos de funções, porém há uma grande quantidade de casos importantes (programação, consultoria, design, instalação e comercialização) em que este nível importa menos que o perfil e experiência. 79 Este último fato é consistente com as propostas de formação de nível médio para atender à demanda atual de programação. No entanto, muitas empresas também foram enfáticas ao impor a formação superior sólida como condição necessária básica, mesmo sabendo não ser suficiente. O panorama do perfil funcional desejado pelas empresas foi mais surpreendente, com ênfase muito grande nos aspectos de atitudes, postura, relacionamento, ética etc. (principalmente nas funções que lidam com os clientes, mas também, curiosamente, na programação). Outros atributos do perfil desejado como “capacidade de aprender” e “visão de conjunto e do problema” foram consistentes com as diferentes funções. O requisito “capacidade técnica” também foi consistente com as respectivas funções. O fato mais importante destas manifestações dos executivos entrevistados foi um sentimento de que, no terreno de aumento da efetividade dos recursos humanos da empresa, via recrutamento ou educação, a situação deixa muito a desejar. É uma postura muito severa, derivada de várias vivências negativas. Ora, o currículo das diferentes formações superiores atualmente disponíveis no Estado do RJ, como vimos no item 3.3.1.1, é bastante compatível com as necessidades das empresas de serviços de TI, inclusive incluindo aspectos de cultura geral, ética, visão da empresa etc. Por que isso parece não atender a essas empresas? Os contatos com os empresários indicaram duas hipóteses: a) Embora academia tenha feito esforços curriculares importantes para atender à demanda das empresas, pode haver falhas educacionais anteriores, que a academia não pode resolver, ou falhas de implementação da própria academia, cuja estrutura docente continua sendo muito técnica (as matérias administrativas etc. seriam vistas como menos importantes pelos estudantes). b) As próprias empresas, de pequeno porte e de origem e gestão predominantemente técnica (e por técnicos), apresentam dificuldades para lidar com todas esses requisitos funcionais. Isso reforça o que dissemos acima, ou seja, que o processo de absorção da mão de obra mais qualificada é sistêmico, não podendo ser visto como mera questão de disponibilidade de quadros e de processos de recrutamento. Há que educar também as empresas e empresários. Essas empresas investem em treinamento, sob todas as formas: desde custeio de cursos 80 de graduação e técnicos, até pós-graduação, treinamentos informativos e processos de certificação, estímulo ao autodidatismo etc. Não investem mais por falta de recursos e também por falta de organização e tempo disponível para liberar o pessoal de elite. Dentre os mais freqüentes temas de educação geral, tem-se gestão de negócios, certificações proprietárias, pós-graduação, línguas, graduação, informação tecnológica geral, comercialização etc. Na categoria “Técnicas, Métodos e Gestão”, os esforços mais constantes são em gestão de projetos, engenharia de software, CMMI, governança de TI, PMI e especificação de requisitos. Resumindo todo este panorama, fica claro que a formação em larga escala de profissionais para atender à demanda de crescimento, seja para exportação, seja para ocupar o mercado interno, seja para ambas as possibilidades, tem que ser acompanhada pela melhoria da capacidade comercial, financeira e gerencial das empresas, com entendimento de que uma empresa de pequeno porte pode ser — e é — viável, produtiva, criativa e duradoura (como os dados dessa pesquisa mostram), mas que tem sua especificidade que deve ser respeitada. Ou seja, eventuais novas iniciativas de subvenção governamental, como já tem acontecido no terreno da inovação (PAPPE-Subvenção), deverão ser estruturadas como um sistema de evolução empresarial global, ou seja, contemplando, nas licitações, as ações de adaptação do marketing, planejamento, estrutura, gestão, métodos e processos da organização candidata para a efetiva absorção da mão-de-obra mais qualificada e maior competitividade empresarial. 6.2 SUGESTÕES DE OUTRAS PESQUISAS Uma das principais necessidades é a de se obter um verdadeiro censo das empresas de serviços de TI. Ou pelo menos uma pesquisa por amostragem com embasamento estatístico sólido. Outra necessidade premente, inclusive como pré-requisito do censo ou pesquisa de mercado acima, seria o estabelecimento de critérios sólidos de qualificação da informação tecnológica e operacional das empresas, principalmente os tipos de negócios, campos e tipos de aplicações e categorias de tecnologias de produção. 81 7 REFERÊNCIAS ABES - Associação Brasileira de Empresas de Software. Mercado Brasileiro de Software Panorama e Tendências. São Paulo: ABES 2006. Abraham T. et al. IT Workforce Trends: Implications for IS Programs. Communications of the Association for Information Systems. Atlanta, Georgia: v. 17, pp. 1147-1170. Association for Information Systems, 2006 ACM. 1998 ACM Computing Classification System. Disponível em <http://www.acm.org/class/1998/ccs98.html>. Acesso em 18 de julho de 2006. Ângelo, F-07. Mercado Brasileiro de TI Crescerá 14,9% em 2006. Computerworld. 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Outras medidas e recursos, que visam também ampliar a capacidade tecnológica e econômica das nossas empresas, vêm sendo estudadas, com o entendimento de que este é um setor estratégico vital. Uma dessas iniciativas visa a questão do aperfeiçoamento dos recursos humanos do setor. A demanda deve crescer em quantidade mas também em qualidade. Com o objetivo de subsidiar este processo, a Rede Software-Rio, formada pelo Seprorj, Riosoft e Assespro, está iniciando, com o apoio do Sebrae, uma pesquisa para conhecer a situação atual e a demanda das empresas do RJ, em termos de recursos humanos especializados. Como executivo do setor, você certamente estará interessado em participar e se beneficiar deste momento único na história das nossas empresas. Pedimos então que responda o questionário clicando em www.seprorj.org.br/quest.asp. Vai lhe ocupar um tempo mínimo, com enormes ganhos para as empresas do setor. Todas as informações serão totalmente sigilosas e utilizadas apenas totalizadas. Sua resposta vai nos ajudar a defender, junto às entidade do governo, uma política que atenda de fato aos interesses das nossas empresas. Muito obrigado. Cordialmente, Luiz Carlos de Sá Carvalho – Coordenador da Pesquisa Diretor - Seprorj – Sindicato de Empresas de Informática ANEXO 2 FORMULÁRIO PARA AS EMPRESAS QUE PARTICIPARAM DA PESQUISA VIA ON-LINE Empresa : Nome de quem respondeu: Cargo: E-mail: Telefone: Número de pessoas: Como a empresa se formou (o aspecto mais importante): Ano Fundação: Possui certificações (CMMI, ISSO etc.)? Quais? A maior parte da receita vem de: Exporta que percentual da receita? Planeja exportar? Planeja ter novos produtos, serviços ou mercado nos próximos 2 anos? TV digital? O principal produto/serviço é voltado para que área (gestão, automação comercial, finanças, banco de dados, games, software de celulares etc.) Planeja ter novas tecnologias de produção (ferramentas, ambientes, métodos) nos próximos 2 anos? Qual é o ambiente de desenvolvimento da empresa • principais linguagens • banco de dados • metodologias • sistema operacional • ferramentas de suporte ao desenvolvimento • processo de gerenciamento da produção Planeja ou precisa recrutar profissionais de TI em futuro próximo? Escolaridade • Nível médio • Nível superior curta duração • Nível superior longa duração • Pós-graduado • Irrelevante Capacidade Geral • Conhecimentos técnicos detalhado, profissional certificado • Capacidade de evoluir/acompanhar a tecnologia/mercado • Profissional com visão geral, capaz de especificar requisitos • Postura, profissionalismo, ética Quais as áreas de conhecimentos desejadas (para todas as áreas da atividade-fim)? Incluir conhecimentos de ferramentas e também conhecimentos mais gerais (consultoria, análise de processos, especificação de requisitos, gerência de projetos etc.)? Quais a principais demandas de treinamento ou aperfeiçoamento da sua empresa (para todas as áreas da atividade-fim)? Incluir conhecimentos de ferramentas e também conhecimentos mais gerais (consultoria, análise de processos, especificação de requisitos, gerência de projetos etc.) Comentários gerais: ANEXO 3 FORMULÁRIO PARA AS EMPRESAS QUE FORAM ENTREVISTADAS PESQUISA RIOSOFT-SEPRORJ-ASSESPRO-SEBRAE EDUCAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS EM EMPRESAS DE TI NO RJ Empresa Respondente Tel. Data Cargo E-mail Nº pessoas Ano funda. Origem Certificações Atuais ⇒⇒ Planejadas/desejadas Motivo PRODUTOS/SERVIÇOS (% DA RECEITA) Merc.nacion. Exportação Nacion.Fut. Export.Fut. COMENTÁRIOS Desenvolv. softw. encomenda Software pacote Fábrica de software Treinamento e suporte técnico Consult. Comercializ.hard./soft.de 3os. Integração sistemas Provedor Webservices CPD Outros: Descrever ⇓ ⇓ TECNOLOGIA DO PRODUTO Projetos novos implantados 2005-06 Áreas de conhecimento atuais 2007-08 ⇓⇓ Novas áreas de conhecimento a adquirir (previsão/necessidade) QUEM DETÉM E MANTÉM O CONHECIMENTO DA TECNOL. DO PRODUTO (Preencher os quadros abaixo com: 0=nenhum; 1=parcial; 2=exclusivo; ou, se desejar, informar %)) SITUAÇÃO ATUAL NECESSIDADE FUTURA Dirigentes Técnicos Terceiros Dirigentes Técnicos Terceiros Desenvolvida por Mantida/Aperfeiçoada por Especif.de produtos/serviços TECNOLOGIA PRODUÇÃO Tecnologias novas implant. 2005-06 Principais ferramentas / métodos usados ⇓ ⇓ 2007-08 Novas ferramentas / métodos a adquirir (previsão/necessidade) ⇓ ⇓ QUEM DETÉM E MANTÉM O CONHECIMENTO DA TECNOL. DA PRODUÇÃO (Preencher os quadros abaixo com: 0=nenhum; 1=parcial; 2=exclusivo; ou, se desejar, informar %)) SITUAÇÃO ATUAL NECESSIDADE FUTURA Dirigentes Técnicos Terceiros Dirigentes Técnicos Terceiros Conhecimento detido por Mantido/Aperfeiçoado por PAPÉIS DESEMPENHADOS PELOS PROFISSIONAIS (INCL.DIRIGENTES) Gerência de projetos/processos ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ Consult., definição/implant.processos etc. Negociação/Concep./Definição requisitos ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇓ ⇓ ⇓ Design, usabilidade, interface humana etc. Projeto (inclusive banco de dados) ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ Desenvolv./programação/manutenção ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ Testes/homologação ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ Desenv.tecnologia/suporte técnico interno ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ Distribuição/instalação/suporte a clientes Gestão da operação, BD, segurança etc. ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇓ Outras ⇓ ⇓ ⇒ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇒ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ PRECISA CRESCER A EQUIPE (Sim=1; Não=em branco) NÍVEL DE FORMAÇÃO DESEJADO (Sim=1; pode-se ter mais de uma opção) Médio Superior curta duração em TI Superior pleno Certificado Pós-graduado Outras formações que não TI Preferência: perfil e/ou experiência e não escolaridade SERIA ÚTIL/NECESSÁRIO AUMENTAR A CAPACIDADE PARA O PAPEL (de 0=não até 5=extremamente) Conhecimentos técnicos Visão geral/capac. entender o problema Capacid. de evoluir/acompanhar a tecnologia/mercado Postura, profissionalismo, ética INVESTIMENTOS EM EDUCAÇÃO — PARA O DESEMPENHO DOS PAPÉIS ACIMA 90 (1=Empresa já banca; 2=Pessoa já banca; 3= Empresa bancaria se tivesse recursos; 4=Empresa bancaria se curso existisse e fosse acessível) ASSUNTO/FORMAÇÃO (inclusive certificações) DESEJOS E COMENTÁRIOS GERAIS DO ENTREVISTADO E PERCEPÇÕES DO ENTREVISTADOR 91 ANEXO 4 ORIENTAÇÃO PARA PREENCHIMENTO DO FORMULÁRIO PARA AS EMPRESAS QUE FORAM ENTREVISTADAS APRESENTAÇÃO DA EMPRESA a) Nº Pessoas: Inclui sócios, gestores, PJ etc., porém apenas os regulares b) Origem: Como a empresa se formou (o aspecto mais importante da origem do empreendimento): Profissional = Profissionais ou pesquisadores detentores de conhecimento, ferramenta ou produto Incubadora = Semelhante, porém com apoio institucional Capital de risco = Capital de terceiros foi o principal meio de criação da empresa Capital próprio = Capital próprio foi o principal meio de criação da empresa c) Certificações: Da empresa: por exemplo, CMMI- nível X, ISO 12000 etc. d) Motivo: Indicar a motivação principal para as certificações: 1=qualidade; 2=marketing; 3=editais; 4=marketing e editais; 5=qualidade e marketing PRODUTOS/SERVIÇOS (% DA RECEITA) a) Fábrica de software: Programação sob encomenda, cuja especificação de requisitos é dos contratantes b) Consultoria: Inclui serviços de diagnóstico e reorganização da TI dos clientes, estudos de estratégia, elaboração de planos diretores de TI, estudos de tendências tecnológicas, definição e implantação de processos, implantação de sistemas de gestão (ERP), etc. c) Comercialização de hardware/software: Inclui locação de equipamentos e software, incluindo instalação d) Webservices: Inclui serviços de valor agregado ao provedor: serviços de busca, sistemas de gestão do conhecimento, gestão de portais, sistemas especializados via web, serviços de backup etc. e) Nacional Fut. e Export.Fut.: Porcentuais previstos ou desejados nos próximos dois anos para vendas nos mercados nacional e internacional TECNOLOGIA DO PRODUTO a) Este quadro indica as áreas de conhecimento voltadas para o entendimento e atendimento do negócio do cliente, ou seja os setores, tipos de empresas ou especialidades do mercado atendido (gestão empresarial, suprimentos, games, telecomunicações, engenharia, automação bancária etc.) b) Projetos novo implantados em 2005-06: Este item visa registrar o momento da empresa, do ponto de vista de necessidade de adquirir novos conhecimentos relacionados com os produtos/serviços ou tipos de mercado atendidos. Indicar apenas a quantidade do que é novo; não incluir correção de defeitos, adaptação e implantação em novos clientes de pacotes já existentes, pequenos aperfeiçoamentos ou modificações, mudança de plataforma de software já desenvolvido, prestação dos mesmos serviços em novos clientes etc. Ou seja, "novo" significa negócios, tipos de clientes ou áreas diferentes do que se fazia antes. c) Principais áreas de conhecimento atuais: Exemplos de temas ou áreas de conhecimento usadas na prestação de serviços pela empresa: suprimentos automação comercial TV digital administração hospitalar integração de sistemas mudança organizacional processo decisório, gestão estratégica estatística marketing segurança de sistemas automação financeira gestão de shopping-centers mercado de games 93 sistemas geo-referenciados gerência de projetos engenharia de produção seguros gestão agropecuária etc. d) QUEM DETÉM E MANTÉM O CONHECIMENTO DA TECNOLOGIA DO PRODUTO – Desenvolvida por: Quem desenvolveu ou já detinha o conhecimento (tecnologia do produto ou dos serviços prestados) quando a empresa foi criada e) QUEM DETÉM E MANTÉM O CONHECIMENTO DA TECNOLOGIA DO PRODUTO – Mantida/aperfeiçoada por: A quem cabe hoje manter e aperfeiçoar o conhecimento f) QUEM DETÉM E MANTÉM O CONHECIMENTO DA TECNOLOGIA DO PRODUTO – Especif. de produtos/serviços: A quem cabe a negociação com clientes, o conhecimento das necessidades e do mercado, a concepção de produtos e serviços, os ajustes negociais, até a especificação de requisitos dos produtos ou serviços. g) SITUAÇÃO ATUAL / NECESSIDADE FUTURA: Indicar para cada caso: 0 = se não há participação alguma 1 = se participa mas não exclusivamente 2 = se participa exclusivamente TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO a) Este quadro registra o conhecimento utilizado para a produção do software ou serviços: métodos, processos de produção e ferramentas b) Tecnologias novas implantadas em 2005-06: Indicar apenas a quantidade do que é novo, isto é novos métodos ou procedimentos, softwares, linguagens, ambientes de desenvolvimento, ferramentas etc. Incluir as modificações tecnológicas eventualmente feitas em algum produto/serviço, mesmo que não modifiquem a aplicação em si. Por exemplo, reprogramação numa outra linguagem. 94 c) Principais ferramentas/métodos usados: Exemplos: Gestão de processos e engenharia da produção: CMMI Processos MPS-Br Normas ISO Gerenciamento de projetos (padrão PMI) Etc. Metodologias e ferramentas de desenvolvimento Metodologia RUP Ferramenta de apoio (Rational etc.) Ferramentas e métodos de especificação de requisitos Ferramentas e métodos de testes UML Etc. Ferramentas e ambientes de desenvolvimento Sistemas operacionais (no desenvolvimento e na produção) Outros ambientes especiais (celulares, web, TV digital, palmtop etc.) Banco de dados Plataforma de programação (Eclipse etc.) Plataforma de componentes (.NET etc.) Linguagens e ferramentas de desenvolvimento: Java, PHP, AJAX, HTML, etc. Etc. Outros conhecimentos e tecnologia CAD, GIS RFID Robótica 95 Sistemas móveis, Wifi, Voip, etc. Gestão da informação Usabilidade, interface humana etc. d) QUEM DETÉM E MANTÉM O CONHECIMENTO DA TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO – Desenvolvida por: Quem desenvolveu ou já detinha o conhecimento (tecnologia do produto ou dos serviços prestados) quando a empresa foi criada e) QUEM DETÉM E MANTÉM O CONHECIMENTO DA TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO – Mantida/aperfeiçoada por: A quem cabe hoje manter e aperfeiçoar o conhecimento f) SITUAÇÃO ATUAL / NECESSIDADE FUTURA: Indicar para cada caso: 0 = se não há participação alguma 1 = se participa mas não exclusivamente 2 = se participa exclusivamente PAPÉIS DESEMPENHADOS PELOS PROFISSIONAIS (INCL.DIRIGENTES) a) Esta sessão lista uma série de papéis genéricos de qualquer empresa do setor. São apenas os papéis relacionados com a atividade-fim. A lista dos papéis são colunas de 4 tabelas cujas linhas são os itens das sessões seguintes. Devem-se preencher os quadros cinzas, com as indicações explicadas mais adiante. b) Consultoria, definição/implantação de processos etc.: Serviços para clientes c) Negociação/Concepção/Definição requisitos: Negociação com clientes, levantamento das necessidades e do mercado, concepção de produtos e serviços, ajustes negociais e especificação de requisitos dos produtos ou serviços. d) Desenvolvimento, programação, manutenção: A manutenção aqui indicada é a do dia-a-dia, pequenos ajustes de programas, pequenas melhorias, correções de erros etc. Não inclui as grandes mudanças, que envolvem projeto e maior formalidade etc. Nestes casos, indicar dentro dos respectivos papéis, conforme a etapa. e) PRETENDE OU PRECISARIA CRESCER A EQUIPE (Se Sim=1; Se não, 96 deixar em branco): Este item indica se a empresa está em processo de expansão. É evidente que, se não estiver, suas necessidades de aperfeiçoamento de RH serão diferentes. f) NÍVEL DE FORMAÇÃO DESEJADO EM CASO DE RECRUTAMENTO (Sim=1; Não, deixar em branco; pode-se ter mais de uma opção, ou seja, mais de uma formação aceitável para cada papel) Preferência: perfil e/ou experiência e não escolaridade: Indicar se a política de RH da empresa valoriza mais as características pessoais e experiência do que os títulos (em cada papel) g) SERIA ÚTIL OU NECESSÁRIO AUMENTAR A CAPACIDADE NA FUNÇÃO (de 0=não até 5=extremamente); Trata-se de uma escala de julgamento, para cada papel, considerando três capacidades diferentes: técnica, de evoluir e aprender, de postura. Capacid. de evoluir/acompanhar a tecnologia/mercado: Este quesito tem a ver com a volatilidade das tecnologias; capacidade a aprender de modo autodidata, de adaptar-se às mudanças, ambientes etc. h) INVESTIMENTOS EM EDUCAÇÃO — PARA O DESEMPENHO ADEQUADO DOS PAPÉIS ACIMA – Listar livremente vários tipos de treinamento a considerar para cada papel, indicando, conforme o caso: 1 = A empresa já investe atualmente 2 = Os colaboradores já investem atualmente (com estímulo e no interesse da empresa) 3 = A empresa investiria se tivesse recursos ou tempo 4 = A empresa investiria se este tipo de treinamento existisse e fosse acessível (horário, local, conteúdo). COMENTÁRIOS Registrar, no verso do questionário, comentários livres, eventualmente estimulados pelas perguntas: a) O que você pensa de subsídio do governo para educação em TI? 97 b) Quais os principais desafios para o aperfeiçoamento dos recursos humanos da empresa (incluindo a falta de tempo)? c) Como você lida com rotatividade versus treinamento? d) O que você prefere em geral num novo colaborador, rapidez de resposta ou capacidade de refletir, adaptar-se e aprender? e) Mais especialista ou mais generalista? f) Se não houvesse exigências de certificação em concorrências etc., você buscaria pessoas certificadas? Por que? g) Como você definiria o pessoal de TI na sua empresa e em geral: Criativo? Disciplinado? Capacidade de adaptação, aprendizagem e mudança Capacidade de entender o problema, de definir requisitos Postura profissional Etc. h) Outros comentários. 98