Quando as reivindicações por políticas de HIV/AIDS vão voltar às ruas?
Por Juan Carlos Raxach
Assessor de Projetos da Abia
Mais um retrocesso para a garantia do direito
humano à saúde se evidencia no Brasil nos
últimos tempos, depois de uma série de
conquistas decorrente de três décadas de
muita luta do movimento de HIV/AIDS. Desta
vez, lamentavelmente, o ministro Alexandre
Padilha solicitou que fosse tirado do ar o
material da campanha “Sem vergonha de
usar camisinha”, lançada pelo Departamento
de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde e destinada a
profissionais do sexo. Se a escolha do tema teve o objetivo de reduzir o estigma
da prostituição associada à infecção pelo HIV/AIDS, por ocasião do Dia
Internacional da Prostituta e com slogans como “Sou feliz sendo prostituta”, a
censura diante da campanha só reforçou o quanto práticas discriminatórias vêm
se institucionalizando, em detrimento do reconhecimento das demandas em
saúde pública e em nome de forças conservadoras e pressões religiosas.
Reações a estes acontecimentos recentes vêm sendo observadas por meio da
publicação de cartas de repúdio, manifestações em redes sociais e petições
online, com críticas às medidas adotas pelo ministro Padilha, que também
acarretaram na demissão e renúncia de gestores do Departamento de DST, AIDS
e Hepatites Virais. No entanto, mobilizações nas ruas, como as que marcaram a
história do movimento de HIV/AIDS no país, têm sido pontuais.
O que estamos esperando para levar nossas reivindicações em
defesa do que demoramos anos para construir coletivamente em
defesa das políticas de prevenção e do direito a uma vida com
dignidade às pessoas vivendo com HIV/AIDS?
A história da epidemia de HIV/AIDS nos mostrou e continua a nos
mostrar que silêncio ainda é igual a morte. E que a nossa
indignação e mobilização que deram voz às nossas demandas e,
com isso, visibilidade às nossas reivindicações. Que não nos
deixemos silenciar pelos retrocessos e interesses políticos que
comprometem o reconhecimento da cidadania. Ao contrário, vamos
aproveitar este momento de renovação e manifestações populares
que tomam conta das ruas do Rio de Janeiro e de todo o país para
seguirmos adiante, participando e levantando os nossos cartazes,
ecoando nossas reivindicações. Novos atos estão sendo programados pelas
cidades brasileiras.
Levemos às ruas as nossas bandeiras e o nosso grito de repúdio à censura e a
tudo mais que ameace a política nacional de HIV/AIDS que conquistamos e
construímos!
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