Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Modelagem do Vestuário - História da Moda - Desenho Básico - Ergonomia Governador Cid Ferreira Gomes Vice Governador Francisco José Pinheiro Secretária da Educação Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Secretário Adjunto Maurício Holanda Maia Secretário Executivo Antônio Idilvan de Lima Alencar Assessora Institucional do Gabinete da Seduc Cristiane Carvalho Holanda Coordenadora de Desenvolvimento da Escola Maria da Conceição Ávila de Misquita Vinãs Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC Thereza Maria de Castro Paes Barreto Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional APOSTILA DE HISTÓRIA DA MODA íNDICE MÓDULO 1 1.A HISTÓRIA DA MODA ---------- PÁG. 02 MÓDULO 2 2.ORÍGEM E EVOLUÇÃO ---------- PÁG. 04 MÓDULO 3 3.A HISTÓRIA DA MODA (Séculos e décadas) ---------- PÁG. 13 MÓDULO 4 4.VOCABULÁRIO DE MODA---------- PÁG. 35 BIBLIOGRAFIA---------- PÁG. 48 Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 1 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional MÓDULO 1 1.A HISTÓRIA DA MODA Compreender o conceito de desenho industrial, seus padrões de aparência, sua transposição para a indústria do vestuário e suas conseqüentes relações manifestadas estilisticamente no séc. XIX, XX e XXI, através do fenômeno da moda e de seus códigos de elegância, é uma das missões que hoje, os curso de moda precisam enfrentar. É preciso demonstrar o peso deste setor produtivo dentro da história econômica e social destes novos tempos modernos e, se colocar como dignos e merecedores dos créditos que contribuíram para projetar e construir o indivíduo contemporâneo. Para tanto, acreditamos que se faz necessário compreender os conceitos de Estilismo, Classicismo e Revivalismo, e a transposição destes conceitos para as matrizes formais que estabeleceram o projeto de indústria de massa neste século. INTRODUÇÃO Segundo Julio Carlo Argan (1989-42), ao se discutir sobre a aplicação de aparências modalizadas em objetos de design industrial é preciso ter sempre certo que: …a Moda é a presença, em determinado período histórico, de algumas formas expressivas não obrigatoriamente vinculadas a necessidades de caráter ético e social. Dependente muitas vezes apenas de uma efêmera necessidade de mudança que é capaz de determinar as mutações e variações indispensáveis à organização de alguns elementos estilísticos dentro de uma dada cultura. Uma necessidade tão efêmera de mudança nos faz questionar sobre qual deve ser o fator primordial que determina o elemento formal dos objetos industrializados, integrados ao fenômeno da moda, que permite o seu reconhecimento em um universo de representação estilística, nos fazendo questionar também, sobre até que ponto se pode identificar a moda como parte que determina ou participa do estilo de uma época. O produto do design industrial está sujeito à rapidez de consumo e à obsolescência de sua aparência e, por isso, exposto à instabilidade formal interpretada como gratuita que comumente é relegada aos objetos que são criados e produzidos dentro do sistema de moda. O que se costuma discutir sobre esta relação é sua maior adaptabilidade ao sistema de forma funcional que derivada da natureza técnica do objeto ou forma decorativa decorrente de sua natureza afetiva. Acreditam os estudiosos de design que a escolha e o uso do vestuário é, na maioria das vezes, de ordem afetiva, visto que a moda é mais visível em objetos de uso pessoal. Estudioso das questões do design de moda, George Nelson, em sua obra In Problems of Design, afirma que (1957,65): Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 2 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional a moda é a expressão do hábito popular tirado das coisas e é constantemente obsoleta e cíclica e, que para se distinguir entre o que está na moda e o que está em obsolescência se deve considerar o desgaste do objeto devido à superação de um dado técnico e formal. Para ele, um gênero que está fora da moda possui a disposição de adotar modelos antiquados por motivos afetivos ou diferenciação social como uma forma artística que procura fazer publicidade de si próprio no produto. Porém, além da questão formal do objeto, o modo de trabalho em equipe contribui para diferenciar o produto do design das demais formas produtivas, é um produto que deriva de múltiplas atividades. O projeto é uma das etapas. Elementos técnicos, econômicos e mecânicos, além de estéticos, convergem para a produção. Ser Designer significa programar para a indústria; o gosto deve estar vinculado tanto ao gosto do público à que se destina o produto, como às exigências econômicas a que tenha que se submeter. Estas são as duas razões que obrigam a trabalhar em equipe, para que se possa estar em contato tanto com o setor produtivo como com o setor técnico científico. É preciso estar inteirado das técnicas e pesquisas motivacionais de mercado, das ergonômicas e das técnicas de tratamento de materiais, só assim é possível produzir o belo simbolicamente eficaz. Ser designer não é apenas ser um desenhista, é ser projetista de objetos que serão reproduzidos industrialmente e num plano de processo produtivo. A operação produtiva no seu todo implica em reagrupar informações de diferentes especialidades: técnicas, estatísticas, perícia de mercado e técnicas operativas. A tarefa é maior do que estilizar, revestir de superfície apropriada e nova cujas características vitais ele ignora; deve impor as dimensões ópticas cuja construção deverá ater-se ao valor formal considerado por aquele que é mais adequado à exigência do público. Deve também pensar se o problema foi Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 3 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional colocado com clareza e se torna compreensível para o público a que se dirige salientando as qualidades funcionais para que se sobressaiam. MÓDULO 2 2.ORÍGEM E EVOLUÇÃO A origem da palavra design está no latim designare, verbo que abrange o sentido de designar e de desenhar e por tanto, já contem na sua origem o aspecto abstrato de conceber/projetar/atribuir e o concreto de registrar/configurar/formar, tratando assim de uma atividade que gera projeto, esboços e modelos. Historicamente o marco fundamental que caracteriza a função e a existência do design se deu com a passagem de um tipo de fabricação em que o mesmo indivíduo concebe e executa o artefato para um outro tipo em que existe uma separação entre projetar e fabricar. Tal separação inicialmente não deu importância se o processo fabril se dava por meios manuais ou mecânicos e, tão pouco relevava a questão da padronização e reprodução em série. O uso do termo design começou a ser freqüente na Inglaterra do século XIX. Um número considerável de trabalhadores ligados principalmente à confecção de padrões ornamentais na indústria têxtil, já se intitulava designer, sugerindo a necessidade de estabelecer o design como uma etapa especificada do processo produtivo e de encarregá-la a um trabalhador especializado. Esta condição, que fez parte da implantação do sistema industrial de fabricação, gerou a necessidade de organizar as primeiras escolas de design do século XIX e continuou gerando durante o século XX, obrigando a que só se considere hoje, como designer, um profissional formado em nível superior. Surgiu uma nova figura de profissional, o designer como um homem que compartilha das mesmas origens e dos mesmos gostos dos consumidores que buscavam nessas produções, mais do que uma simples qualidade construtiva, uma afirmação de sua identidade social capaz de ostentar seu progresso profissional. A identidade das classes sociais passou por um processo de redefinição e, com o tempo, tais preocupações foram se difundindo por outras camadas sociais. O cruzamento de dados de ordem econômica e cultural com outras informações de natureza tecnológica e artística faz-se essencial para dar sentido à diversidade da função do design em diferentes contextos. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 4 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O crescimento urbano do século XIX trouxe o aumento da quantidade de indivíduos vivendo em um pequeno espaço, ocasionando transformações profundas entre eles. O deslocamento para o trabalho em bondes, metrôs e ônibus gerou desafios em termos de organização e apresentação das informações: como sinalizar a geografia da cidade, com seus novos bairros e ruas; como ordenar a convivência e o fluxo de transeuntes para minimizar a insegurança provocada pelo confronto com estranhos e com diferenças culturais e de classes sociais? Uma grande questão deste contexto foi como comunicar, para um público anônimo, os préstimos de um produto desconhecido, já que na cidade, com as economias das sobras dos salários, aumentava o número de pessoas capazes de consumir e, segundo Rafael Cardoso (2004-39): Entre as mercadorias cujo consumo mais se expandiu no século 19 estão os impressos de todas as espécies, pois a difusão da alfabetização propiciou nos centros urbanos um verdadeiro boom do público leitor. O anseio de ocupar os momentos de folga deu origem a outra invenção da era moderna: o conceito de lazer popular que desenvolveu-se cem estreita aliança com a abertura de uma infra estrutura cívica composta por museus, teatros, locais de exposição , parque e jardins. Em todo o mundo ocidental, a segunda metade do século XIX foi um período de crescimento das elites urbanas e por tanto de ampliação de atividades culturais de toda espécie, incluindo a produção e veiculação de imagens que anunciavam novos produtos e ensinavam sobre seus usos culturais. Isso criou novas tecnologias para impressão de texto, e uma expansão do mercado para produtos gráficos, que gerou uma grande evolução no campo da reprodução de imagens que se deu a partir do florescimento de um mercado editorial que se explica tanto pela redução no custo de produção como também pelo aumento do tamanho do público leitor. Igualmente, o uso de impressos de formato muito especializado está condicionado diretamente a necessidades que variam de acordo com o lugar e a época. E ainda segundo Cardoso (2004-47) O cartaz publicitário serve como um bom exemplo da especificidade da comunicação visual a um determinado contexto social e cultural. O cartaz, bem como seu sucessor, o outdoor, teve uma aplicação principalmente urbana como peça de divulgação. O uso do cartaz só faz sentido em contexto em que há o que divulgar, o que tanto explica a existência de reclames e avisos afixados a muros desde muito antes da popularização do cartaz e sua relativa Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 5 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional escassez em contextos de pouca atividade comercial. A rápida evolução dos meios, impressos de comunicação é outro fator que distingue o século XIX. Diversos avanços de ordem tecnológica vieram juntarse nessa época à ampliação do público leitor, além de livros e jornais, foram criados veículos impressos novos ou pouco explorados anteriormente, como o cartaz, a embalagem, o catálogo e a revista ilustrada. No contexto da indústria gráfica o papel do designer adquiriu um valor redobrado, pois o critério principal que distinguia a qualidade dos impressos já não era mais a habilidade de execução gráfica, mas a originalidade do projeto e principalmente das ilustrações. A proliferação de jornais e revistas ilustrados deu início a um rápido processo de avanço nas tecnologias disponíveis para impressão de imagens, era preciso gerar uma linguagem gráfica adequada às novas possibilidades de reprodução e, segundo Cardoso é preciso lembrar que (2004-41) entre as tentativas toscas de justapor textos e imagens características do inicio do séc.19 e as sofisticadas programações do final do mesmo, existe um mundo de diferenças não somente de ordem tecnológica, mas também em termos de cultura visual. A evolução desse campo na era moderna é um fenômeno que depende da existência de um público leitor urbano, com nível de renda e de instrução condizente com o consumo regular de impressos. O conceito do lazer popular, que se desenvolveu em estreita aliança com a abertura de uma estrutura cívica composta por museus, teatros, locais de exposição, parques e jardins, culminaram com o animado espetáculo das Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 6 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional grandes lojas de departamentos. Nas grandes capitais da Europa e da América, a segunda metade do século XIX foi marcada por uma verdadeira explosão de consumo, principalmente como o surgimento, na década de 1890, das primeiras lojas de departamento, também conhecidas como magazines. Bom Marche em Paris e Macy’s em Nova Yorque transformaram as compras em uma atividade de lazer. Para as mulheres, às quais era vedada uma maior participação em outras atividades como o trabalho e o estudo, a loja de departamento acabou se transformando em um mundo com infinitas possibilidades de interação e de expressão social, que podia se dar longe tanto da solidão doméstica quanto do perigo das ruas. O fenômeno se espalhou por todo o mundo gerando outros nomes famosos como o Liberty de Londres, o Printemps e o Samaritaine em Paris ou a Notre Dame de Paris na rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro. Além do impacto sobre o imaginário do consumidor, as lojas de departamento contribuíram para a formação de métodos de distribuição e venda de mercadorias, pois garantiram a transição do consumo de varejo para o ritmo e escala industrial. Para Cardoso (2004-80) As lojas de departamento viraram cenários aproximando-se assim, do espetáculo e do hábito moderno de olhar como forma de consumir. Consumir com os olhos caracteriza o regime de consumo como lazer e espetáculo. Desde o anúncio no jornal até os grandes reclames até grandes reclames afixados às paredes, a publicidade começa a se definir na passagem do séc 19 para o 20 como o veículo principal para a expressão dos sonhos em comum. Porém, é na moradia da classe média, na intimidade do lar, nas mesas, estantes, gavetas e armários da burguesia, grande e pequena, que se encontra um dos primeiros focos históricos importantes para a personalização do design. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 7 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A preocupação com a aparência da própria pessoa e, por extensão, da moradia, como indicador de status, serviu para a formação de códigos complexos de significação em termos de riqueza, estilo e acabamento de materiais e objetos. O exterior da casa das pessoas passou a ser visto cada vez mais como uma expressão do seu sentido interior, passível de apreciação e interpretação. A impressão de conforto, de luxo e às vezes de elegância passou a revelar uma preocupação extrema com o bem estar, a estabilidade e a solidez. A abundância de objetos, que compôs o lar burguês vitoriano, tem revelado muito sobre as condições sociais decorrentes da Revolução Industrial: o interior doméstico passou a se configura como um lar, como local de refúgio e de certezas, oposto ao perigo e instabilidade das ruas. O novo luxo dos interiores burgueses contrastava com o lixo, a miséria e a doença crescente nas ruas das cidades. Em nome da higiene, da segurança e do progresso, foram empreendidas, em diversas capitais, reformas urbanas de grande porte, como a reurbanização de Paris executada pelo Barão de Haussmann e a do Rio de Janeiro. A preocupação com a higiene não se limitou ao saneamento urbano. As campanhas sanitaristas acabaram redimensionando as condições de higiene domestica com conseqüências importantes para a área do design: às virtudes do lar, como o conforto e bem estar, se juntaram a limpeza e eficiência. Louças sanitárias, instalações hidráulicas e eletrificação doméstica fizeram surgir os primeiros eletrodemésticos e também produtos de limpeza com sabão, desinfetante. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 8 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Em paralelo ao redesenho das cidades e das casas ocorreu uma reorganização tanto nas fábricas quanto nos escritórios. A evolução do design de móveis de escritório mostra a mudança na conceituação e na natureza do trabalho. As escrivaninhas foram substituídas por mesa e a função de arquivar foi desmembrada para um outro móvel: o arquivo. Tal mudança coincide com o ingresso da mulher no escritório, ocupando nova posição, como a secretária. Com o advento da máquina de escrever em 1880, o declínio do escrevente e o surgimento do ofício da secretária revela um fenômeno sociológico que se reflete claramente na configuração física e espacial do escritório moderno que foi se moldando uma nova ordem social. E foi contrapondo-se ao senso nítido de desordem e desagregação que marcou a industrialização nos países europeus, que o século XIX chegou ao fim munido de instituições e serviços encarregados de impor e manter a ordem dentro do espaço urbano, criando desde bombeiros, escolas, transportes e até hospitais. Segundo Elisabeth Wilson, em sua obra Enfeitada de Sonhos (1989), na moda, a industria têxtil deu o arranque da Revolução e, não houve literatura e pensamento teórico que escondesse a forte exploração trabalhista das mulheres neste setor. Incomodava àqueles contemporâneos que, enquanto as mulheres da sociedade burguesa se vestiam com roupas luxuosas, as operárias das indústrias têxteis eram exploradas, recebendo baixos salários, trabalhando em condições de grande insalubridade e excesso de carga horária. Em poucos anos, a indústria inglesa do algodão dominava o mundo, tendo destruído as indústrias de algodão indígena do subcontinente indiano e devorado a matéria-prima na qual se baseava, o que implicou condições de vida e de trabalho duras pra mulheres e crianças daquela colônia. A partir do século XVIII o tecido de algodão passou a ser usado não somente para forros ou artigos domésticos, mas também para as roupas da alta sociedade. A partir daí as técnicas de estamparia do algodão foram mecanizadas, aumentando a venda e a procura do produto. A industrialização da lã também começou a se estabelecer definitivamente na Inglaterra, deixando de ser uma tecelagem de domínio familiar e artesanal, passando a ser usada inclusive pela alta sociedade, pois anteriormente era um tecido usado somente pelas classes mais baixas. Quanto à tecelagem da seda, que foi sempre considerada mais luxuosa do que a lã e o algodão foram entre os séculos XVII e XVIII que a Inglaterra passou a ser importante produtor de tecidos dessa fibra. Esta industria incluía na sua mão de obra homens e mulheres dos mais diferentes níveis sociais, tais como os ricos mestres tecelões e as mulheres e crianças trabalhadoras mais exploradas. A seda sempre foi um tecido raro, difícil de ser produzido por exigir uma mão-de-obra muito qualificada. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 9 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Na cadeia produtiva têxtil as fibras mais conhecidas encontram-se na natureza: a seda, a lã, os pelos e as crinas de origem animal e os caules que permitem a extração de fibras de origem vegetal. As fibras químicas abrangem as fibras sintéticas, derivadas de produtos petroquímicos, e as artificiais derivadas da celulose. Enquanto as fibras naturais necessitavam de um trabalho intensivo ou de grandes espaços, e por vezes de ambos, a produção dos tecidos sintéticos não necessitava nem de um tipo especial de clima, nem de uma força de trabalho abundante. Os artigos fabricados ao longo da cadeia produtiva têxtil podem ser agrupados em quatro grandes segmentos: 1- Fios Têxteis: o fio têxtil é o produto final da etapa de fiação. Sua característica mais importante é o diâmetro ou grossura. 2 – Tecidos e panos: o tecido ou o pano é o produto final da tecelagem. 3- Os não-tecidos, de aplicação crescente, são desenvolvidos por procedimentos de produção completamente diferentes. São obtidos pelo agrupamento de camadas de fibras unidas por processos mecânicos, químicos ou combinação destes, têm uso preponderante em forrações decorativas, tais como carpetes, feltros e em produtos do tipo descartável, como fraldas, roupa de cama para hospitais, indumentária cirúrgica. 4- Malhas ou Tricô: a tecelagem das malhas dispensa a necessidade dos fios de trama, sendo o pano produzido a partir de um ou mais fios que se entrelaçam sobre si mesmos. São feitos à mão ou a máquinas com agulhas. 5- Confecções: constitui o produto final da cadeia produtiva têxtil vestuário. As confecções abrangem roupas de malha, vestuário e acessórios de tecidos, roupas de cama, mesa, banho, copa, sacos e sacolas para embalagem, cobertores e outras manufaturas, tais como tapetes e rendas, dentre outros. Cabe ressaltar que, tanto o setor têxtil quanto o de confecções não são geradores da sua própria tecnologia, o que significa que os seus respectivos avanços tecnológicos são incorporados pela utilização de bens de capital. A manufatura das roupas, nas sociedades industriais do século XIX, desenvolveu-se de duas maneiras diferentes. Havia uma procura de costureiras por encomenda, de costuras delicadas e sob medida, que só podiam ser feitas à mão, e ao mesmo tempo, começava a produção em massa do vestuário industrializado padronizado, tanto nos modelos como nas medidas. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 10 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O aparecimento das fábricas de roupas reforçou a divisão entre as empresas que usavam maquinário e recrutavam mão de obra semiqualificada, e os velhos artesãos. No comércio tradicional dos alfaiates, cada peça de roupa era feita separadamente por um só trabalhador; isto era conhecido como método da peça única. Os alfaiates haviam estado entre os primeiros artesãos independentes e tinham estabelecido as suas corporações nas cidades medievais. Eram organizações de patrões, que trabalhavam normalmente com as suas famílias, um ou dois trabalhadores experientes, contratados por dia, e alguns aprendizes. No século XVII, surgiu a loja de alfaiate. Os alfaiates eram comerciantes estabelecidos que tinham capital suficiente para alugarem uma loja numa zona Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 11 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional chique das cidades, para terem estoque de tecidos caros e oferecer crédito ilimitado às pessoas da sociedade que formavam sua clientela. O comércio era sazonal e os trabalhadores das alfaiatarias eram contratados e despedidos conforme as necessidades. Na Inglaterra e nos Estados Unidos, dois grupos de trabalhadores vieram juntar-se às fileiras dos trabalhadores temporários e semiqualificados. No final do século XIX usaram trabalho dos emigrantes, especialmente Judeus. No início do século XIX as mulheres passaram de simples operária a aprendizes de alfaiates em número cada vez maior. Os trabalhadores Judeus, em muitos casos, já eram reconhecidos como alfaiates qualificados. Foi durante o período entre 1898 e 1910, que a indústria do vestuário feito em massa arrancou de fato, tanto na Inglaterra como na América. A expansão das fabricas de confecção, no entanto não causou a falência das lojas de alfaiates ou o desaparecimento das costureiras a dias. Pelo contrário, este sistema aumentou o trabalho a domicílio. Na virada do século XIX para o XX, os grupos feministas lutavam para acabar com a exploração salarial do trabalho da mulher e da criança, e obtiveram sucesso. A Primeira Guerra mundial fortaleceu o movimento dos Trade Boards e melhorou as condições de trabalho. Em 1909 houve uma greve histórica na indústria das roupas onde 20 mil trabalhadores deixaram seus trabalhos. Apesar da maioria dos grevistas ser constituída por homens, foi a maior greve feminina da América. E esta greve levou a um acordo histórico que foi assinado pelos patrões, e a partir daí, as roupas femininas começaram a ser criadas também visando às necessidades de uso para o trabalho da mulher, isto, é, começaram a se fazer roupas funcionais. Nos EUA havia um grande campo para roupas feitas em massa. As grandes distâncias geraram a possibilidade de se reproduzir e vender roupas em grande quantidade, tanto de modelos quanto de tamanhos e, para os diferentes centros. Entre os anos 20 e 30, houve mudanças importantes na indústria das roupas, a industria de roupa conseguiu traduzir as medidas masculinas de pessoais para um padrão de roupa feita em fábrica. A moda da classe média também se desenvolveu em estilos próprios diferentes e com boa qualidade. Nos anos 40 a produção de roupa barata e atraente estava cada vez mais ligada ao desenvolvimento de métodos de fabricação modernos que envolviam rapidez, estilo, qualidade e preço. Durante a década de 50, com o fim do período de guerras mundiais, houve uma melhoria nas condições de vida e com isso, o crescimento de uma sociedade consumidora. Outro fator que contribuiu enormemente para o desenvolvimento da industrialização de roupas foi o surgimento do mercado voltado aos jovens estudantes. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 12 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Na metade da década de 60, quase metade das roupas industrializadas era destinada à faixa etária de 15 a 19 anos de idade. Esta mudança nos hábitos de consumo da juventude foi um fenômeno de moda e ocorreu inicialmente na Inglaterra, o que fez com que o desenho de moda inglês para o mercado de massas começasse a liderar o resto do mundo. O crescimento do mercado de moda se deu tanto para atender exigências das faixas etárias como pela globalização, que estabeleceu um padrão de elegância a nível global. Tal crescimento exigiu grandes reformulações nas estruturas de trabalho e um grande aprimoramento no maquinário. A modernização de todos os processos industriais continuou, introduzindo o planejamento computadorizado das provisões, o desenvolveu do corte a laser e o desenvolvimento, pelos japoneses, de máquinas que bordam até em tecidos muito delicados, e hoje, até a alfaiataria de fábrica por encomenda utiliza agora pontos feitos à máquina que imitam os aspecto do ponto feito à mão. MÓDULO 3 3.A HISTÓRIA DA MODA (Séculos e décadas) Modas de Paris em 1837. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 13 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Following the Fashion (1794), caricatura de James Gillray: uma figura valorizada pelos vestido curto então em voga, contrastando-a com uma imitadora, que não ficou tão bem. Moda é a tendência de consumo da atualidade. A moda é composta de diversos estilos que podem ter sido influenciados sob vários aspectos. Acompanha o vestuário e o tempo, que se integra ao simples uso das roupas no dia-a-dia. É uma forma passageira e facilmente mutável de se comportar e sobretudo de se vestir ou pentear. "Embora tenham sido encontradas agulhas feitas de marfim, usadas para costurar pedaços de couro, que datam cerca de 40 000 a.C., ou mesmo evidencias de que o tear foi inventado há cerca de 9 000 a.C., só podemos pensar em moda em tempos muitos mais recentes. Ela se desenvolve em decorrência de processos históricos que se instauram no final da Idade Média (século XIV) e continuam a se desenvolver até a chegar ao século XIX. É a partir do século XIX que podemos falar de moda como a conhecemos hoje (POLLINI, 2007). A moda nos remete ao mundo esplendoroso e único das celebridades. Vestidos deslumbrantes, costureiros famosos, tecidos e aviamentos de ultima geração. Não nos leva a pensar que desde a pré-história o homem vem criando sua moda, não somente para proteger o corpo das intempéries, mas como forma de se distinguir em vários outros aspectos tais como sociais, religiosos, estéticos, místicos ou simplesmente para se diferenciar individualmente. A moda passou por várias transformações, muitas vezes seguindo as mudanças físicas e principalmente sociais que ocorreram dentro de um determinado período. A moda pode ser considerada o reflexo da evolução do comportamento. Uma espécie de retrato da comunidade. É uma linguagem não verbal com significado de diferenciação. Instiga novas formas de pensar e agir. Para criar estilo, os figurinistas utilizam-se de cinco elementos básicos: a cor, a silhueta, o caimento, a textura e a harmonia. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 14 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A moda é abordada como um fenômeno sociocultural que expressa os valores da sociedade - usos, hábitos e costumes - em um determinado momento. Já o estilismo e o design são elementos integrantes do conceito moda, cada qual com os seus papéis bem definidos. A moda é um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, que integra o simples uso das roupas no dia-a-dia a um contexto maior, político, social, sociológico. Pode-se ver a moda naquilo que se escolhe de manhã para vestir, no look de um punk, de um skatista e de um pop star, nas passarelas. A cada dia que passa o mundo da moda vem se superando e surpreendendo as pessoas, com cores vivas, tendências novas, cortes inusitados e inovadores. A moda proporciona aos que seguem uma tendência sempre inovadora e ousada. Ela é abordada sempre, encaixa em qualquer assunto e é sempre um meio de inspiração aos que a seguem. Convém ressaltar que, deixando de lado a tendência etnocêntrica (na realidade "eurocêntrica"), a qual ainda hoje é preponderante, devemos ter clareza de que a moda, enquanto fenômeno, só se tornou "universal" em meados do século XIX, com o advento da crinolina. Até então, cada povo possuía sua própria maneira de se vestir e ornamentar, de maneira que conviviam diversas manifestações e estilos numa mesma época. Mesmo hoje, em que vivemos, sob o capitalismo hegemônico, a fase da globalização, não se pode esquecer que o mundo muçulmano se constitui num universo à parte, onde a burka e o chador ainda são amplamente utilizados e onde populações inteiras, como a maior parte da Índia e as comunidades indígenas, bosquímanas e aborígenes australianos, por exemplo, estão alijados da produção e do consumo. A nudez original - contextualização Antes de nos determos em explanar sobre o vestuário, devemos - até por uma questão cronológica - dissertar brevemente sobre a nudez, já que se constitui, ainda que de forma involuntária, no primeiro modismo. Dentre as várias formas de nudez que a humanidade experimentou (a nudez como contingência da natureza, a nudez como realização do ideal do belo, a nudez como forma de protesto, etc) podemos facilmente diferenciar as suas primeiras expressões:"A nudez dos indígenas ou dos homens das cavernas nada tem em comum com a nudez dos gregos e romanos. No primeiro caso trata-se de uma contingência imposta pelas condições materiais de vida e adaptação ao meio-ambiente, enquanto no segundo caso trata-se de uma solução da ordem da estética, com amplo lastro da filosofia e da doutrina moral então dominante. Explicitando melhor as razões e a manifestação da nudez no homem primitivo (primeira forma de nudez) podemos afirmar que:"Num momento em que a cultura ainda não existia e que o ser humano era coletor e nômade, antes da terceira glaciação, a nossa espécie era regida pela mesma lei que as demais espécies animais, a seleção natural. Os indivíduos mais fortes e mais Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 15 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional adaptáveis sobrevivem, enquanto os mais fracos e menos adaptáveis transformam-se em alimento para animais maiores. Alimentando-se de vegetais, frutas e tubérculos, vivendo em bandos e migrando através das pastagens e savanas primitivas atrás de alimento, o ser humano primitivo dava plena vazão aos seus instintos e, neste sentido, não devia ter grandes escolhas em relação ao objeto do seu desejo. Tanto indivíduos machos quanto fêmeas eram então completamente bissexuais, pois não havia diferenças anatômicas tão marcantes em relação aos sexos e também a busca constante de alimentos e a fuga de animais carnívoros limitavam bastante as oportunidades de acasalamento. Estes indivíduos evidentemente ainda não haviam estabelecido um vínculo causal entre a cópula e a reprodução, ou seja, a razão pela qual as fêmeas engravidavam e davam a luz era tão vaga para eles quanto a razão do sol nascer aparecer e desaparecer no horizonte todos os dias. Num momento em que o sexo estava desvinculado da reprodução não havia qualquer sanção moral a qualquer modalidade sexual, até porque a moral ainda não havia sido inventada. Durante a terceira glaciação este panorama edênico se altera drasticamente; grandes porções do planeta são cobertas pelo avanço das geleiras, o que restringe o habitat humano. O homem tem de procurar abrigo nas cavernas e, após descobrir o fogo, passa a se alimentar também de carne, tornando-se caçador. Para suprir a falta de garras e de presas produz os primeiros instrumentos de pedra, tornando-se artesão. Como subproduto da caça e da sua nova dieta alimentar produz as primeiras vestimentas, utilizando o couro e a pele dos animais abatidos. Além de proteger do frio, as roupas passaram também a proteger a genitália, especialmente a masculina, que o fato do homem ter se tornado exclusivamente bípede, tornara muito exposta, vulnerável a impactos e atrito. Um bom filme para ilustrar o período das primeiras incursões do homem primitivo no período das cavernas é A Guerra do Fogo, de 1981. Ainda que os produtores estadunidenses não ousem expor as personagens da tribo "menos desenvolvida" nuas - como de fato elas deveriam estar - as vestimentas da tribo "mais avançada" mantém alguma ligação com a realidade, como tem demonstrado a arqueologia. A "nudez" dos indígenas sul-americanos e dos aborígenes Indígenas do Pará, ainda sem contato regular com o homem branco, 1894. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 16 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Se considerarmos a produção de ornamentos como parte que compõe um vestuário, os indígenas sul-americanos e aborígenes australianos não estão realmente nus, pois utilizam - em doses fartas - de cores e de texturas em sua pintura corporal, cocares, cintos, brincos e outros adornos. Os "adereços" utilizados visam se constituir em atrativo e apelo erótico em relação ao sexo oposto, têm função religiosa (ritual) ou social (no sentido de danças e eventos de socialização da tribo). O que fez com que o colonizador europeu julgasse estarem nus foi o fato de que eles não tem, via de regra, nenhuma preocupação em ocultar a genitália. Pelo contrário, várias tribos a valorizam, através do uso de uma espécie de "estojo" peniano, ou então, tanto homens quanto mulheres, depilam-se e utilizam adereços coloridos para valorizar a região pubiana. Para ilustrar o choque cultural que se produziu do encontro entre brancos (europeus) e indígenas sugerimos dois filmes, que estão entre as melhores produções do cinema brasileiro: Como Era Gostoso o Meu Francês, de 1970, e Hans Staden, de 1999. Em ambos os filmes entramos em contato com a maneira de "vestir" (adornar) dos tupinambás, um universo colorido engendrado pela fauna e flora tropicais, tão ricas em pigmentos (como o urucum), fibras (como a juta) e materiais diversos para a confecção de adornos e adereços (como as coloridas penas de araras e de tucanos). Acreditamos que estes costumes estão inseridos num contexto muito maior, que visa perpetuar as tribos, tanto enquanto singularidades como enquanto culturas. Neste sentido, fica mais fácil a escolha do parceiro para a procriação, e a genitália depilada (tanto masculina quanto feminina) tem uma conotação mais higiênica. Nos povos "primitivos", como vemos, a moda desempenha funções evidentemente pragmáticas. As vestes dos indígenas da América do Norte, Incas, Maias e Astecas Ao contrário dos povos indígenas sul-americanos, os indígenas da América do Norte sempre utilizaram roupas, no sentido contemporâneo do termo, apesar de também utilizarem cocares e outros adereços. O uso de vestimentas "tradicionais" (para nossos padrões, ocidentais e cristãos) deve-se em parte ao clima temperado e em parte à proximidade em relação a duas grandes e antigas civilizações: os Maias e os Astecas. O filme O Homem chamado Cavalo, de 1970, é muito preciso na recriação das roupas dos índios Sioux e Crow.[4] Tal como nos filmes brasileiros, citados no tópico anterior, o filme mostra o choque entre duas culturas distintas (e por vezes antagônicas) e a possibilidade de adaptação individual ou de síntese cultural. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 17 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional As três grandes civilizações da América Pré-Colombiana (Incas, Maias e Astecas) possuíam em comum o gosto pelas vestes elaboradas (tais como túnicas, mantos e capas), a tecelagem bastante desenvolvida (no caso específico dos Incas, utilizando-se inclusive da lã das lhamas e vicunhas) e o fato dos trajes mais vistosos e coloridos serem destinados aos homens, bem como brincos, bandanas, pulseiras e demais ornamentos. As vestes femininas eram geralmente monocromáticas e de corte reto.[5] Os quechuas e aymaras, na América do Sul, preservam ainda hoje muitos dos hábitos dos antigos incas. Na antiguidade Como vimos, já no final da Pré-história os seres humanos passaram a se cobrir com peles de animais para se proteger do clima e, com o tempo, essa proteção foi se tornando cada vez mais sinônimo de poder e status. As pessoas achavam que usar peles de animais estava na moda, cada vez se via mais. Esta tendência foi sendo suplantada pelo uso de fibras naturais como o linho e o algodão no Egito e a seda na China. Na Antiguidade Oriental as vestes passaram a ser usadas para diferenciação social: as diferentes castas na Índia usavam cores e padronagens diferentes, no Egito a veste do camponês era apenas um perissoma (espécie de "fralda") feito de algodão enquanto os sacerdotes e guerreiros usavam túnicas elaboradas e vários adornos e, desta maneira, foram surgindo nas sociedades orientais várias formas de indumentária e ornamentos, para que as pessoas pudessem ser facilmente identificadas, em relação ao papel que desempenhavam. Cerimônia do "abrir a boca", do Livro dos Mortos. Os gregos, com o culto ao belo e o seu ideal de Paideia que consistia no pressuposto de que "uma mente sã habita um corpo saudável" (que os romanos traduziram por "mens sana in corpore sano"), desprezavam as vestimentas. Os jovens do sexo masculino andavam nus a maior parte do tempo - conforme podemos perceber ao analisar a estatuária e pintura grega mas tinham sempre uma espécie de manto ou capa ao ombro, para solenidades cívicas ou para o interior das habitações. Como as mulheres eram desvalorizadas, passando a maior parte do tempo reclusas no gineceu, elas normalmente são representadas vestidas, com o "peplos" jônico (Atenas) ou o "chiton" (ou quíton) dórico (Esparta). É facilmente perceptível a diferença na representação masculina e feminina ao analisarmos os padrões de Kouros e Kore. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 18 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Com o helenismo, e a expansão das letras e das artes gregas por toda a bacia do Mediterrâneo, as várias culturas se mesclam ocasionando uma mudança nas formas de representação. No bojo da síntese formal helenística começam a aparecer, pela primeira vez, mulheres representadas nuas, como é o caso da famosa Vênus de Milo. Afresco de Pompéia, representando um jovem. Em Roma, profundamente mais democrática em relação ao gênero do que a Grécia, as mulheres não apenas participam da vida cultural, como também das solenidades cívicas. Há inúmeros exemplos na estatuária romana de elaborados penteados e suntuosas vestimentas que identificavam as mulheres patrícias. Aos homens da classe senatorial (senadores, magistrados, tribunos) era permitido o uso da toga, a qual ainda hoje é usada pelos juízes. Os plebeus, tanto homens quanto mulheres, usavam trajes semelhantes aos patrícios (sendo vetado apenas o uso da toga) mas não usavam ornamentos indicativos de alta condição social, como os diademas, anéis e demais ornamentos. No período bizantino, onde o cristianismo já era a religião oficial do Estado, proscreveu-se a nudez e as roupas tornaram-se nitidamente mais amplas e mais longas, sendo que foram estas as vestimentas que deram origem aos hábitos dos monges e freiras e às batinas dos padres. Dava-se valor, por exemplo, às roupas na cor roxa, chamada "púrpura", pois essa cor era derivada de um pigmento muito raro que só a nobreza tinha condições de adquirir. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 19 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Corte do Imperador Justiniano, retratada em mosaico de Ravena. Já os mais pobres usavam roupas na cor azul, que era feita com uréia, encontrada em abundância, pois os tintureiros tomavam muitas bebidas alcoólicas, faziam a urina em baldes, e essa era utilizada para tingir as peças de tecido.[6] Os camponeses usavam ainda tons crus, o ocre e o terra. Facilmente encontramos, em qualquer compêndio de química, como produzir a cor azul através da uréia: "Encontramos ainda na saliva substâncias que estão sendo excretadas e que não possuem qualquer função na digestão tais como o sulfocianeto, o nitrito e a uréia.(...)Colocar em tubo de ensaio 1 mL de saliva filtrada, duas gotas de ácido sulfúrico diluído (10%) e duas gotas de iodeto de potássio (10%). Desprende-se iodo que pode ser melhor observado pela adição de 1 mL de goma de amido 1% levando ao desenvolvimento de cor azul."[7] A moda na Idade Média No início da Idade Média, isto é, na Alta Idade Média, as invasões bárbaras levaram ao isolamento e à vida nos feudos, desagregando as cidades e praticamente extinguindo o comércio em toda a Europa. Dentro destas condições, as vestimentas passaram a ser produzidas artesanalmente, com fibras naturais e em cores cruas, tornando-se raras e exclusivas, apesar de extremamente básicas. A forma se assemelhava às bizantinas e a elite, formada pelos guerreiros e sacerdotes, se distinguia dos camponeses também através da vestimenta, a qual era colorida (normalmente vermelho ou verde). As roupas eram confeccionadas em casa, evoluindo das túnicas merovíngias (de comprimento até a altura dos joelhos, bordadas nas pontas e amarradas por cintos) até as ricas vestimentas da época carolíngia, com enfeites de brocado. Com o passar do tempo os camponeses começaram a tingir tecidos em tom azul, pois este é facilmente conseguido através da uréia. A partir do século X, com o final das invasões e o renascimento comercial e urbano, houve a formação das corporações de ofício, dentre elas as dos tecelões e dos tintureiros, criando uma maior variedade, ou seja aumentando a quantidade e a qualidade das roupas. Com o desenvolvimento das cidades e a reorganização da vida das cortes, a aproximação das pessoas na área urbana levou ao desejo de imitar. Enriquecidos pelo comércio, os burgueses passaram a copiar as roupas dos nobres. Ao tentarem variar suas roupas, para diferenciar-se dos burgueses, os nobres inventavam algo novo e assim por diante. Em termos de indumentária, também podemos falar do românico e do gótico enquanto estilos válidos. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 20 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Enquanto a Europa Ocidental variou as formas de vestuário, como vimos, em contrapartida, a cultura oriental bizantina se manteve atrelada ao seu próprio estilo. Com o Renascimento existe a tentativa de copiar os trajes romanos da época imperial mas, devido às contingências impostas pela época, o que as guildas acabam por fazer é uma releitura da indumentária clássica, adaptando-a à moral cristã então vigente, ao clima (sensivelmente mais frio do que havia sido na época romana[9]) e aos recursos materiais e técnicos de que então se dispunha. Os camponeses, alheios à moda e aos modismos, continuarão a se vestir mais ou menos da mesma forma até meados do século XIX. A moda na Idade Moderna Madame de Pompadour. Exemplo de elegância no Antigo Regime. A idade moderna é a época que vai do século XV ao XVIII. É a chamada "Época das Grandes Navegações", período em que a América foi descoberta e a noção de um mundo em forma de quadrado do Medievo foi abandonada. No início da Idade Moderna, há uma preferência nas cortes européias pelo vermelho, as roupas mais refinadas levavam esta cor. O metódo de tingimento utilizava o pau-brasil, extraído em larga escala no Brasil para atender a este modismo. Vários filmes tem figurinos inspirados pelos estilos diferenciados, que foram criados e veiculados na Idade Moderna. Podemos citar A Rainha Margot, filme francês de 1994, com Isabelle Adjani no papel título, dirigida por Patrice Chéreau: logo na primeira cena (o casamento de Margot com Henrique de Bourbon, interpretado por Daniel Auteuil) Margot está usando um modelo maravilhoso, vermelho, de cetim, com uma gola alta e larga de renda a lhe emoldurar o rosto; sua mãe, Catarina de Médicis (vivida por Virna Lisi), também usa um modelo suntuoso, ao qual não falta nem mesmo o véu. Durante o filme, vemos desfilar brocados (como no modelo magnífico, que ela usa para ir às ruas, travestida em prostituta), rendas e sedas, em modelos ora com ousados Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 21 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional decotes, ora com golas altas, inspiradas nos retratos de Rubens, Rembrandt, Velásquez e Frans Hals. Ambientando na mesma fase histórica (época da chamada Revolução na Cristandade), Elizabeth, filme inglês de 1998, também traz vários exemplares retirados das imagens deixadas pelos grandes mestres da pintura da época, apenas que, por ser britânico, faz alusões também a Hans Holbein, pintor oficial da corte de Henrique VIII, pai de Elizabeth. São vestidos em tecidos "encorpados" e brilhantes, em tons de vermelho,amarelo e verde, com o chamado ventre de corsa: o corpete acabando em bico na parte dianteira e a saia se abrindo volumosa para os lados. Os homens usam as calças curtas (na altura dos joelhos) e bufantes e uma espécie de "enchimento" para realçar a genitália (moda lançada na época de Henrique VIII, o qual gostaria de passar à posteridade como um rei viril). O figurino e os cenários da cena de coroação foram inspirados em uma pintura da coroação da verdadeira rainha Elizabeth I.[10] Também recorrendo à obra de um grande mestre do período (desta vez Vermeer) foi lançado em 2003, pelo Reino Unido e Luxemburgo, Moça com Brinco de Pérola. Desta vez, vemos não apenas as roupagens suntuosas dos aristocratas e o interior dos palácios, mas também burgueses (que se vestem com roupas que afetam a forma geral dos trajes aristocráticos, mas são feitos com material de qualidade inferior) e pessoas do povo (alheios à moda, vestindo-se ainda como na época medieval). No final da idade moderna, temos um grande personagem histórico que marca a moda: Luix XV. Sua contribuição se dá basicamente pelo uso de salto alto, algo inovador. Nesta época também é notável a presença de perucas, babados, o estilo rococó aliado ao vestuário.[11] Revivendo o luxo, o requinte e o glamour de Versailles, os Estados Unidos lançaram em 2006 Maria Antonieta. Trata-se de uma alegada "biografia mais humanizada" da última rainha da França no Antigo Regime. Este filme é interessante de ser citado pois a Idade Moderna se encerra oficialmente com a Revolução Francesa de 1789, em virtude da qual Maria Antonieta perde a cabeça na guilhotina. Antes porém que sua real cabecinha vá parar em um cesto, ela desfila vários penteados extremamente altos (que a cultura lusitana costuma apelidar de ninhos de ratos), jóias e vestidos, em geral estampados, em seda ou brocado. A partir do século XVIII, com a chamada Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, e a mudança do Capitalismo Comercial - Mercantilismo para o Capitalismo Industrial a Moda deixa o seu caráter artístico/artesanal de lado e passa a ser também inserida na rede engendrada pelo Mercado. "...a consolidação da Revolução Industrial possibilitou a produção em larga escala de bens de consumo, como roupas, tecidos e calçados. Dentro de um universo mais comunicativo, todo o mundo passou a adotar o estilo europeu para a moda, em todas as camadas sociais, apenas adaptando-as para seus climas e crenças religiosas."[12] Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 22 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A moda no século XIX Evolução da Moda Feminina, de 1794 a 1887. O século XIX se inicia com a emolução do Império Romano, por parte da corte de Napoleão Bonaparte, o qual se faz inclusive coroar Imperador pelo papa Pio VII em 1805. Dentro do clima generalizado de "revival", a moda desempenha o seu papel ao livrar as mulheres, de uma só vez, dos espartilhos, anáguas, armações para saias e anquinhas: era o "Estilo Império". Com a derrota definitiva de Napoleão, o Congresso de Viena e as várias restaurações monárquicas, dele advindas, há um anseio pela "volta à ordem" e a década de 1830 adotará um perfil mais romântico, com saias mais amplas e grandes mangas bufantes, embora o comprimento das saias ainda fosse ligeiramente mais curto. Na década seguinte, a tendência romântica se consagra e a silhueta feminina vai afetando a forma de um sino, ou uma flor invertida, o foi consagrado com o advento da crinolina. As crinolinas marcam o momento em que surge a indústria da moda propriamente dita, sendo este o primeiro modismo que poderíamos chamar de "universal": foram usadas de 1852 a 1870, em lugares tão diversos quanto a Nova Zelândia (assistam ao clássico filme O piano e vejam a protagonista fazer uma tenda com a sua anágua crinolina, sob a qual pernoitam ela e a filha) e o Brasil (assistam Mauá - O Imperador e o Rei e vejam May, interpretada por Malu Mader, entreter-se em girar a sua crinolina), a França e o México, os Estados Unidos (basta assistir ao clássico E o vento levou e ver o quanto as crinolinas marcam o estilo do sul dos Estados Unidos) e as colônias européias da África e Ásia, conforme retratadas no clássico O rei e eu por exemplo. Podemos aludir a uma anedota, que Gilda de Mello e Souza[13] alude apenas por alto, que explica o surgimento das crinolinas e demonstra a ligação destas Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 23 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional com a indústria: Napoleão III, sobrinho de Napoleão Bonaparte, governou a França de 1848 a 1852 como presidente da República e de 1852 a 1870 como imperador. Ele era casado com a belíssima nobre espanhola Eugênia de Montijo, mulher de sangue quente e que detestava o desconforto produzido pelas 9 anáguas engomadas que eram usadas para armar as saias na corte. estilos de moda em 1822. Havia uma fábrica de espetos, em processo de falência, chamada Peugeot. Um belo dia de julho de 1854 a fábrica recebeu a ilustre visita da imperatriz que lhes trouxe um desenho seu de uma espécie de gaiola feita de finíssimos aros de arame de aço e que, desde então, tornaria a indumentária feminina muito mais leve e mais arejada, a crinolina. A Peugeot foi salva da falência (após 1870 ela passou a produzir guardachuvas, depois bicicletas até chegar aos automóveis), a França tornou-se líder mundial inconteste no universo da moda e o nome da bela Eugênia passou a estar associado, para todo o sempre, às “maisons” de alta costura. Em 1870, com a derrota de Luís Napoleão Bonaparte (Napoleão III) na Guerra Franco-Prussiana a 3ª República adota o estilo "princesa" e a partir de 1880 vemos se repetirem, até o final do século, tendências e estilos esboçados em momentos anteriores. as crinolinas caíram em descrédito, sendo substituídas pelas tournures ("anquinhas") que armavam apenas a parte traseira das saias e vestidos. Estas, foram usadas até o final da década de 1880. A virada do século A década de 1890 reviveu a de 1830 e a moda do século XX, até o final da Primeira Guerra Mundial, em nada se diferenciou da moda do século XIX. "...no inicio do século XX a Europa vivia uma intensa transformação de valores e costumes, ninguém mais do que Paul Poiret soube enxergar o que esta nova época desejava em matéria de vestimenta. Com apenas 24 anos, Poiret abriu sua própria Maison. Inspirados pelos Balés Russo e pela atmosfera Oriental, realizou roupas que mudaram a silhueta feminina e a História da Moda. Em 1906, um vestido marcou a nova silhueta, não mais apertada, espremida pelo espartilho. Poiret ficou conhecido por liberar as mulheres desse incomodo acessório. Para a mulher que precisava usar todos os dias o apertado espartilho, foi uma revolução (POLLINI, 2007). Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 24 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A influência oriental na moda de Poiret é evidente. O mestre inspirava-se também no folclore e na história. Os tecidos são finos e delicados. Poiret gostava de utilizar seda e cetim, finas musselinas, bem como tecidos tipo véu e tule. Além do mais, as suas criações eram um verdadeiro festival de cores: vermelho e cor de rosa brilhante, verde e amarelo, por vezes, alguns tons intensos de castanho, isto numa época em que as senhoras se costumavam vestirem tons discretos com a cor de malva, o cinzento e o azul (LEHNERT, 2001). As feministas decretam o fim do espartilho. A guerra e a urbanização pedem roupas mais práticas e de volume menor: saias no tornozelo e botas de cano alto. Até 1914 a moda manteve-se estática. Mas, depois disso, com o advento da Primeira Guerra Mundial, as sufragistas, as epidemias, o desastre com o Titanic e a popularização do cinema mudo, o mundo se transformou, gerando reflexos na moda. Nessa época surgiu o soutien, criado por Mary Phelps. A Primeira Guerra Mundial veio provocar um corte em todos os movimentos artísticos, e não apenas na moda. Tal como os escritores e os pintores, também muitos estilistas forma mobilizados ou alistaram-se voluntariamente (LEHNERT, 2001). Durante a Primeira Guerra, as mulheres tiveram de assumir trabalhos que antes eram exclusivamente desempenhados por homens, o que impulsionou de certa forma uma nova postura da mulher. E ainda, o Jazz, o Charleston e as novas descobertas cientificas (que encorajavam a pratica de esportes e passeios ao ar livre) contribuíram para, de repente, a moda dar um pulo: subitamente, a silhueta mudou, o cabelo mudou, a altura das saias mudou, os costumes mudaram. Foi um período de retumbante liberdade, e para as mulheres, uma redescoberta: a silhueta passou a ser tubular, e a cintura, os quadris e os seios não eram mais evidenciados, ao contrário, eram utilizadas cintas e malhas que “igualavam” a silhueta (POLLINI, 2007).[14] A moda nos anos 1920 Nessa época, a moda já estava livre dos espartilhos do século XIX. As saias já mostram mais as pernas e o colo. Na maquiagem, a tendência era o batom. A boca era carmim, em forma de coração. A maquiagem era forte nos olhos, as sobrancelhas eram tiradas e o risco pintado a lápis. A tendência era ter a pele bem branca. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 25 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Moda de 1925. Foi a época de Hollywood em alta, e a maioria dos grandes estilistas da época, como Coco Chanel e Jean Patou, criaram roupas para grandes estrelas. Foi uma década de prosperidade e liberdade, animada pelo som das jazzbands e pelo charme das melindrosas, as mulheres modernas da época, que frequentavam os salões e traduziam em seu comportamento e modo de vestir o espírito da também chamada Era do Jazz. A silhueta dos anos 20 era tubular, os vestidos eram mais curtos, leves e elegantes, com braços e costas à mostra. O tecido predominante era a seda. Os novos modelos facilitavam os movimentos frenéticos exigidos pelo charleston - dança vigorosa, com movimentos para os lados a partir dos joelhos. As meias eram em tons de bege, sugerindo pernas nuas. O chapéu, até então acessório obrigatório, ficou restrito ao uso diurno. O modelo mais popular era o "cloche", enterrado até os olhos, que só podia ser usado com os cabelos curtíssimos, a "la garçonne", como era chamado. A mulher sensual era aquela sem curvas, sem seios e com quadris pequenos. A atenção estava toda voltada aos tornozelos. A sociedade dos anos 20, além da ópera ou do teatro, também freqüentava os cinematógrafos, que exibiam os filmes de Hollywood e seus astros, como Rodolfo Valentino e Douglas Fairbanks. As mulheres copiavam as roupas e os trejeitos das atrizes famosas, como Gloria Swanson e Mary Pickford. A cantora e dançarina Josephine Baker também provocava alvoroço em suas apresentações, sempre em trajes ousados. Em 1927, Jacques Doucet (1853-1929), figurinista francês, subiu as saias ao ponto de mostrar as ligas rendadas das mulheres - um verdadeiro escândalo aos mais conservadores. Foi a época da estilista Coco Chanel, com seus cortes retos, capas, blazers, cardigãs, colares compridos, boinas e cabelos curtos. Durante toda a década Chanel lançou uma nova moda após a outra, sempre com muito sucesso. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 26 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Evolução esquemática da moda do início do século XX à década de 60. Figurinistas da década de 1920 • • • Jacques Doucet (1853-1929), um figurinista francês, em 1927, subiu as saias para mostrar as ligas rendadas. Coco Chanel criou a moda dos cortes retos, capas, blazers, cardigãs, colares compridos, boinas e cabelos curtos. Jean Patou, estilista francês teve o foco na criação de roupas esportivas. Inclusive para a tenista Suzanne Lenglen. Também revolucionou a moda da praia com seus maiôs. Décadas de 30 e de 40 Toda a euforia dos "felizes anos 20" acabou no dia 29 de outubro de 1929, quando a Bolsa de Valores de Nova York registrou a maior baixa de sua história. De um dia para o outro, os investidores perderam tudo, afetando toda a economia dos Estados Unidos e, consequentemente, do resto do mundo. Os anos seguintes ficaram conhecidos como a Grande Depressão, marcados por falências, desemprego e desespero. No plano político, a recessão econômica levou ao conservadorismo e à ascensão de líderes totalitários: Hitler na Alemanha, Mussolini na Itália, Salazar em Portugal, Franco na Espanha, Stalin na União Soviética e Getúlio Vargas no Brasil. A reboque, a moda viu-se forçada a uma "volta à ordem". Após os "loucos anos 20", a década seguinte vê os vestidos voltarem aos calcanhares, os decotes diminuírem e os sapatos quase se tornarem as "botinhas" de 1900. Os homens ganharam ternos desestruturados, normalmente de linho, de ombros estreitos e calças mais curtas e mais justas. Um bom filme a ser assistido, para quem desejar ver ilustrada com precisão a mudança de paradigmas estéticos da década de 20 para a de 30 é Tomates Verdes Fritos, filme estadunidense de 1991 que retrata com extrema sensibilidade o período. Aos poucos vemos os vestidos vaporosos darem lugar aos mais "pesados" (e mais fechados), os sapatos de saltos altos com pulseirinha no tornozelo serem substituídos pelos mais baixos e bem fechados, como "botinhas", e os cabelos curtos à garçonne darem lugar aos longos, presos em coque na nuca. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 27 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) o guarda-roupa, tanto masculino quanto feminino, ganha formas e cores militares: os ombros se agigantam (o "poder"), a cintura se estreita e as cores tendem para o sépia, o bege e o verde musgo. Carmen Miranda lança a moda das plataformas e arrebanha adeptas em todo o mundo. A moda dos anos 40 foi esplendidamente compilada nos figurinos de filmes como Casablanca, de 1942 e Gilda, de 1946. Década de 50 O fim da Guerra e a emergência dos Estados Unidos como líderes incontestes do mundo ocidental levaram a uma onda de otimismo sem precedentes. É a época de ouro das multinacionais, de Hollywood e da moda "made in USA" no caso o "new look", criado por Christian Dior mas repaginado e divulgado por centenas de filmes de divas como Marilyn Monroe e Jane Russell. Por um curto espaço de tempo, a Argentina também terá a sua diva, na figura da primeira dama, Eva Perón. As saias são amplas, em godê guarda-chuva ou balonê, revivendo um pouco a época das crinolinas. Os tecidos brilhantes e "encorpados" como o tafetá e o cetim convivem com o crepe de seda, o tule e o jersey. O bolerinho volta a ser usado, bem como o redingote. Na moda masculina, a tendência são os topetes, as calças com pregas, a riscade-giz e os sapatos com a ponta afilada. Os jovens mais ousados imitam James Dean e Marlon Brando, passando a usar gibão de couro, camiseta branca e calça de brim, a qual ainda não é chamada jeans. Além dos próprios filmes da época, como Os Homens Preferem as Loiras e Como agarrar um milionário de 1953, O pecado mora ao lado e Ladrão de casaca de 1955, O Sorriso de Mona Lisa, de 2003 é um bom filme para analisarmos as modas e os modos da alta burguesia do nordeste dos Estados Unidos (Nova Inglaterra) entre os anos de 1953 e 1954: estão em pleno uso os soutiens de bojo, as cintas e modeladores, as saias godê em várias padronagens, bem como o duplo padrão de moralidade (onde, a exemplo do que acontecia no Brasil Colonial [15] ao homem tudo era permitido, em se tratando de sexo e sexualidade, e à mulher "de família" tudo era ocultado, tolhido e negado) e a hipocrisia social (onde todos fazem "vistas grossas" aos "pecadilhos" dos bem nascidos, mas não perdoam nem mesmo o menor deslize dos subalternos) tão característica daquela forma de sociedade. Décadas de 60 e 70 No seu viés elegante, a década de 60 foi marcada pelo uso do scarpin, algumas vezes com salto carretel, e o "tubinho", de corte reto, clássico legado de Madame Chanel, comprimento acima do joelho. Os cabelos eram usados no corte/penteado "gatinha", mesma denominação dada aos óculos de forma amendoada e com os cantos exteriores proeminentes. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 28 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Os homens usaram (pouco) o terno bem cortado, de modelagem definida mas sem exageros e (muito) a calça jeans (já conhecida por este nome) e a camiseta. Os topetes continuaram em alta. No viés "rebelde" ou "revolucionário" tivemos o movimento hippie. Hippies. Na imagem ao lado vemos dois hippies que veiculavam a consígnia "paz e amor", lemas da época. Usavam por cores alegres e estampas floridas, demonstrando sensibilidade, romantismo, descontração e bom humor, como também a liberdade de expressão perante o regime ditatorial em países como o Brasil, Chile e França. A maquiagem era essencial e feita especialmente para o público jovem. O foco estava nos olhos, sempre muito marcados. Os batons eram clarinhos ou mesmo brancos e os produtos preferidos deviam ser práticos e fáceis de usar. Nessa área, Mary Quant inovou ao criar novos modelos de embalagens, com caixas e estojos pretos, que vinham com lápis, pó, batom e pincel. As perucas também estavam na moda e nunca venderam tanto. Mais baratas e em diversas tonalidades e modelos, elas eram produzidas com uma nova fibra sintética, o kanekalon. Nos anos 70 o Movimento hippie foi absorvido pela mídia e passou a ser "mais uma tendência", nas batinhas indianas, tecidos florais (a chita voltou com tudo) e bijuterias falsamente artesanais. Usou-se a "boca-de-sino" e a "pata de elefante", que eram calças com as pernas muito largas, e o tropicalismo trouxe de volta as plataformas (agora usadas para ambos os sexos) e os turbantes e "balangandãs" de Carmen Miranda. Usaram-se combinações de cores bastante insólitas, como o roxo com laranja e o verde com roxo. A partir de 1975, com a onda "disco" e o surgimento das danceterias, que na época se chamavam discotecas, voltaram as sandálias de salto agulha (agora usadas com meias curtas e coloridas de lurex) e a saia "evasê". Surgiu a "frente-única" e o vestido de "lastex". O cabelo black power era a sensação do momento. Foi na década de 70, em Berlim, que surgiu o Movimento Punk, que marcou profunda e decisivamente a moda, a música e o comportamento. Grande expoente deste movimento, a ex-cantora de ópera, Nina Hagen. "Hair" - Moda e Modismos Hippies "Hair foi originalmente um musical da Broadway, lançado em 1967, no bojo da contra-cultura , do pacifismo e da contestação à Guerra do Vietnã, sob os "slogans" do "PAZ E AMOR" e "FAÇA AMOR, NÃO FAÇA A GUERRA" veiculados pelo movimento hippie. O título do filme, "cabelo", refere-se aos longos cabelos da maioria de suas personagens e que, na época, eram uma forma de contestação aos valores sexistas da sociedade tradicional, além de Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 29 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional uma manifestação da estética adotada pela juventude . HAIR, produzido na década de 1980, é o fiel retrato de uma época em que se consolida o “poder da flor” e que, pela primeira vez na história, os jovens do mundo todo assumiram uma postura crítica e ativa: já não eram mais os jovens “rebeldes” da década anterior (1950), eram jovens genuinamente revolucionários. A sua atitude deixou de ser pautada por um pacifismo apenas conformista, deixou de ser passiva e desengajada, a sua crítica passa a ter consistência. Em várias partes do mundo os jovens demonstram que já tem consciência de sua própria força, participando nus no “Central Park” de manifestações contra a Guerra do Vietnã (1968) ou então de manifestações em prol dos direitos civis dos negros no sudeste dos Estados Unidos e contra o “Apartheid” na África do Sul. O que nós podemos vislumbrar, além dos conflitos internos intrínsecos das personagens, é o conflito social e o choque cultural inerente a esta época, o que nos faz afirmar que existe uma grande dose de universalidade no filme HAIR, pois os ideais de seus jovens personagens são também os ideais de todos os nossos jovens que resistiram à ditadura e que procuraram democratizar as relações intersexuais , questionando os papéis homem/mulher, interaciais, religiosos e políticos."[16] Anos 80 e 90 Os anos 80 e 90 constituíram-se num "revival" de várias épocas passadas: • • • • • • • O vestido de noiva de lady Diana, cujo casamento foi assistido ao vivo, via satélite, por milhões de pessoas ao redor do mundo, foi um "lançamento oficial" do estilo chamado de "New Romantic", o qual usou e abusou dos babados, laços, fitas e rendas. Todo o figurino do filme futurista Blade Runner: o caçador de andróides, de 1982, trazia os ombros ultra estruturados e os terninhos em estilo militar da década de 40 (o "poder"). Nestes anos Meryl Streep estelou três filmes de época, sendo dois consecutivamente: A mulher do tenente francês em 1981 e A escolha de Sofia em 1982. Ainda na onda "revival", estrelou também Entre dois amores em 1985. O filme italiano La Chiave (A Chave), de 1983, dirigido por Tinto Brass, que trazia Stefania Sandrelli no papel principal, revive de maneira nostálgica a elegância da Itália no início do fascismo. Os filmes De volta para o futuro,[17] de 1985 e Dirty Dancing-ritmo quente, de 1987 traziam de volta o glamour dos anos 50. Estes filmes alavancaram a volta das saias godê guarda-chuva e balonê, do tafetá e do crepe de seda, além dos famosos bolerinhos (espécie de casaquinhos curtos, em geral com meia manga, ou manga três quartos). Em Peggy Sue: seu passado a espera, de 1986, dirigido por Francis Ford Coppola, Kathleen Turner retorna a 1960, tendo a chance de modificar o seu futuro, ao decidir se deveria se casar ou não com Nicolas Cage, de quem ela está se divorciando em 1985. O vestido de noiva de Peggy Sue, um clássico, trouxe de volta a moda noiva de 1960. Também de 1986, Veludo Azul, de David Lynch, utilizando-se de música homônima de Bobby Vinton para compor o título, tem evidentes ligações com a moda. A personagem principal, uma cantora de salão mantida Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 30 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP • • • Ensino Médio Integrado à Educação Profissional prisioneira por um psicopata, usa modelos clássicos e glamourosos da década de 50, inclusive um tomara que caia em veludo azul, o qual confirma a tendência geral da época. O clássico ...E o vento levou, de 1939, foi relançado em versão restaurada. Houve um seriado televisivo, Scarlet, lançado nesta época, que se propunha a ser a continuação da história. Ambos os eventos reforçaram a tendência geral às saias rodadas e mais volumosas, aos babados e aos bolerinhos. Para o clip da música Material Girl a pop star Madonna realizou uma releitura de Marilyn Monroe cantando "Diamonds are a Girl's best friends" em Os Homens Preferem as Loiras, de 1953. O tomara que caia ajustado ao corpo, de cetim foi bastante copiado.[18] Nos anos 80 eram comuns "festas dos anos 50" ou "festas dos anos 60", com muito twist e rock and roll, dando origem a várias bandas nacionais, como a Blitz. Já nos anos 90 a febre foram as "festas dos anos 70", com muito colorido, preponderando o laranja e o roxo e ressurgimento do New Wave. Início do século XXI No início do século XXI a moda parece marcada por duas máximas: "nada se cria, tudo se copia" e "a moda vai e vem". Ao invés de divas do cinema ou da música, os carros-chefes são as drag-queens, que comandam o mundo fashion de dentro dos seus guetos, que são as grandes casas noturnas, espaços concorridos como as Paradas Gays e mesmo alguns espaços na televisão. Neste sentido, é emblemática a trajetória de Ru Paul, Nany People, Dimmy Kieer, Léo Áquilla, Salete Campari e Silvetty Montilla. Dentro do paradigma estético adotado, vêm crescendo a tendência à customização e à reciclagem de materiais, buscando o desenvolvimento sustentável, também no campo da moda. Para não dizer que não há novidades, existem ainda vários movimentos da juventude, como a estética Clubber, o underground e a cultura hip hop, mas sempre ligados ao universo das baladas e casas noturnas. Neste contexto, acentuou-se muito a difusão da tatuagem e do piercing. No dia a dia porém, para as atividades do cotidiano, não se notam sensíveis diferenças em relação ao "revival" efetuado pelas duas décadas anteriores. Imagens: Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 31 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Década de 10 Década de 20 Década de 30 Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 32 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Década de 40 Década de 50 Década de 60 Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 33 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Década de 70 Década de 80 Década de 90 Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 34 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional MÓDULO 4 4.VOCABULÁRIO DE MODA Neste módulo apresentaremos termos, palavras e expressões usadas por estilista, modelistas, produtores de moda, consultores de moda, modelos, enfim, por todos os profissionais da área. Acrílico: fibra sintética leve, macia e quente para o inverno ou fria, macia e semelhante ao algodão para o verão. Algodão/Cotton: uma das principais fibras têxteis, comercializada em escala mundial. Alta Costura: Coleções de moda destinadas roupas de alto luxo, feitas com exclusividade. Os tecidos e os vestidos são sempre realizados pelos estilistas mais prestigiados do mundo, personagens de um circuito fechado e elitista. Anatômico: vamos aproveitar o dicionário para explicar a diferença entre anatômico e ortopédico. Como a moda anda rondando estas qualidades, é bom saber que uma peça é anatômica quando segue a forma do corpo. E é ortopédica quando pretende consertar, retificar, colocar na posição certa alguma parte do corpo. Em geral, temos sandálias anatômicas, quando o solado segue a forma do pé (vide Birkenstock). E sapatos ortopédicos são corretores de arco, pé chato, etc (vide Dr. Scholl). Anti-fit : (diga: “antifít”. Apesar de que em alguns estados americanos há quem diga “antaifít”) quer dizer sem forma justa, ou largo. Barroco: Com a crise da sociedade renascentista (pós-Idade Média), na qual a arte era, basicamente, o centro de tudo, o Barroco surge procurando solucionar os novos dilemas do homem através da volta a uma intensa religiosidade medieval e da eliminação dos conceitos renascentistas de vida e arte. No Barroco, a arte eclesiástica deseja propagar a fé católica. Para isso, inúmeras igrejas, capelas, e estátuas de santos são construídas. A arte sacra fala aos fiéis com eficácia, mas evita aproximações, conferindo um caráter solene à obras. Na moda, o Barroco é seguidamente retomado por meio de peças que lembram o clima eclesiástico e o estilo medieval (tons pastéis, tecidos rústicos, mantôs, capuzes, capas, casacões, batas pesadas, especialmente no inverno). Básico: a palavra diz tudo. Estilo descompromissado de vestir, que abusa de roupas simples e de cores neutras ou primárias. Beatniks, ou Geração Beat: Movimento literário surgido nos anos 50 na Califórnia, nos Estados Unidos, que rompia com a literatura estabelecida em nome de uma narrativa mais ágil e coloquial, que refletia a vida de jovens de Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 35 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional espírito aventureiro e rebelde. Procure pelos magníficos escritores Jack Kerouac (Pé na Estrada, On the Road, talvez o título mais marcante), Allen Ginsberg e Willian Burroughs. Na moda: rebeldia, jeans, camiseta e botas ou tênis, tudo muito básico, que é pra pegar a estrada e viver a vida! Body suit: roupa colante, ajustada ao corpo, ressaltando os contornos. Bottom: parte inferior dos corpos e roupas. Saias, calças, bermudas, shorts... Brocado: tecido jacquard com desenhos em relevo realçados por fios nobres, como de ouro ou de prata. A palavra tem origem na francesa "broucart", que significa ornamentar. Bustier: que cobre o busto. Pode ser curto como um sutiã ou comprido como espartilho. Backstage: em inglês, “back” é atrás: “stage”, é palco. Portanto, atrás do palco só pode ser o camarim. Baggy* (diga “bégui”): palavra inglesa, na moda designa a calça com folga nos quadris. Foi moda nos 80, e ficou no guarda-roupa brasileiro muito mais tempo do que nos outros países; quando viajava, o turista brasileiro era reconhecido pelo corte fofo das calças jeans. Barbarella personagem de cinema, de filme do mesmo nome do diretor francês Roger Vadim, com a americana Jane Fonda no papel da heroína sexyfuturista. Bistretch (diga “bistretch”): diz-se do tecido que tem fio elastano em dois sentidos, no horizontal e no vertical. Boudoir Allure (diga: buduar alirre) _ em francês, é a atitude de quarto, mania que está pegando desde o desfile de outubro 97 de Dior by John Galliano. Na prática, são roupas que lembram roupões, camisolas, baby-dolls. Gênero Hilda Furacão… Boyish: Em inglês, significa 'ameninado', ou seja, que tem elementos masculinos. Bons exemplos: coletes, gravatas, camisetas larguinhas, etc. Use peças boyish com outras mais femininas. Brandenburgos* (aportuguesamento de “brandenbourg”): são arabescos de couro ou passamanaria, que no século 17 eram usados nas fardas dos solados, durante o reinado de Luis 14. O nome deriva da cidade alemã de onde vinham as passamanarias, de Brandenbourg. Briefing :é um conjunto de informações, uma coleta de dados passadas em uma reunião para o desenvolvimento de um trabalho, documento, sendo muito utilizadas em Administração, Relações Públicas e na Publicidade. O briefing Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 36 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional deve criar um roteiro de ação para criar a solução que o cliente procura, é como mapear o problema, e com estas pistas, ter idéias para criar soluções. Canelado: possibilita ajuste perfeito ao corpo com liberdade de movimentos. Tecido que combina elasticidade e alongamento, tipo stretch. A textura imita um listrado vertical ou horizontal em alto relevo. Cânhamo: o tecido de cânhamo é feito a partir da planta Cannabis sativa, a popular maconha. O caule possui fibras industrialmente importantes, conhecidas como cânhamo. É uma fibra mais rígida que o linho, gerando um tecido próprio para bolsas, mochilas, tênis, cortinas, cordas, redes de pesca e lonas. Cardado, fio: o fio cardado é mais rústico, pois não passa pela penteadeira e tem fibras curtas, o que facilita a formação de bolinhas e defeitos na regularidade do fio. Cardigan: casaco ou suéter tricotado, geralmente de lã, sem gola, com ou sem mangas. Cargo: modelos baseados em uniformes militares ou de serviço. Cheios de bolsos e com algumas amarrações ou zíperes, são muito úteis para serviços ou esportes radicais. Modelagem ampla, confortável e casual. Casimira: tecido encorpado de lã. Casting: é o doloroso processo de seleção de modelos. Espécie de "paredão" no qual, muitas vezes, a fita métrica é o carrasco. Se está fora do padrão (de cintura, quadril, busto...), a modelo é descartada sem dó nem piedade. No final, resta o conjunto de modelos escolhidas para fazer um desfile, campanha publicitária ou ensaio de moda para revistas, jornais ou sites especiaizados. Casual: esportivo, básico, descompromissado, descontraído, ocasional. Catwalk: é o caminhar da(o) modelo na passarela. Chamoix: tecido de matéria-prima, mas principalmente de algodão, com acabamento tipo flanelagem que confere um aspecto de veludo ou pele de camurça à pela. Changeant: tecido que muda de cor, semelhante ao Furta-Cor. Chiffon: origina-se na palavra francesa que significa trapo. Tecido muito fino e transparente de seda ou de fibras químicas (poliéster ou poliamida), com fios. A palavra chiffon utilizada com o nome de outros tecidos denota leveza: crepe chiffon, tafetá chiffon, veludo chiffon... Cós: tira de pano para arrematar calças e as saias no local da cintura. Cotelê: listas em relevo e rasas, que se alternam. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 37 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Crepe: Tecido granulado com toque áspero (crepe em francês significa crespo). Cristal Swarovski: cristais austríacos lapidados um a um. A indústria produz em média de 3 milhões de cristais por dia para alimentar o mercado mundial. Cru: nome dado a tecidos, geralmente de algodão, com aspecto rústico. Cache-coeur:já falei? (diga Caxe-quer) é a blusa inspirada na roupa de aula das bailarinas. De malha ou tricô, cruza na frente, amarra na cintura ou abaixo do busto. Capri (diga Cápri) calça curta, uma corsária alongada, em geral com abertinho na barra. Capsule Collection (diga quépsul colécchon) é a coleção pequena, uma cápsula, desenvolvida sem estação definida, para uma marca própria ou alheia. Cardigan (diga cardigã): casaco de malha, decote em V. Cargo: as roupas inspirados no estilo militar, com bolsões chapados laterais. Cinco-bolsos _ como a moda chama as calças tradicionais de jeans, que têm dois bolsos grandes e um pequenininho para moedas na frente e dois chapados atrás. Chamois couro macio e fino, em geral de cabra ou carneiro. Cleansing (diga “clínssin”): significa limpeza. Cool (em inglês; frio. Pronúncia original: cuul, com u longo. Mas em Paris, é cuule, acabando em e rápido) em moda e em comportamento, define o estado indiferente, que não faz questão de nada, nem liga para ninguém. Atitude calma e distante. Esta no auge da moda, como seqüela do minimalismo, que era um pouco demais para a maioria do consumo. Em Paris, diz-se de uma roupa meio espalhafatosa: “é, tem muitos detalhes, é muito colorida.’ E completa-se com um sorriso de desculpas, “Mas é cool”. Cool Wave (diga cul uêive): é um dos perfumes do desodorante da Gillette, significa “onda fria”. Coulissé (diga “culissê) é “franzido”, “puxado com fio” em francês. Na moda, designa a barra apertada por cadarço roliço ou rolotê grosso. É o acabamento franzido por tira embutida na barra. Usa-se mais desfeito. Se amarrar, fica um horror. Corner (diga córner): em inglês, pode ser canto, esquina, ângulo. Crispy:crespo, no literal, que encrespa. Um frio daqueles secos, que arrepia, é crispy. Um linho que parece buclê, também é crispy _ seco e emboladinho. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 38 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Cuissarde bota decano acima dos joelhos. Ou no meio das coxas (“cuisse”, em francês). Dark: do inglês escuro. Refere-se tanto ao movimento cultural (incluindo a moda) gerado a partir de grupos de rock dos anos 80 que faziam um som introspectivo e, por vezes, depressivo, como The Cure, Joy Division, Bauhaus, Sisters of Mercy e Siouxsie & the Banshees, quanto às cores em tons mais escuros: azul dark (dark blue), brown dark (marrom dark)... Dark é confundido com gótico (cultura gótica, som gótico, estilo gótico), mas não tem o mesmo significado. Dégradé: tecido no qual o tom da cor muda, gradativamente, de escura para clara. O dégradé pode ser obtido com brilhos de intensidade diferentes. Délavé: lavagem estonada para clareamento com alvejante químico, deixando o tecido com um visual mais macio. Denim: tipo de jeans , antigamente fabricado na cidade francesa de Nimes. O denim azul índigo teria sido utilizado nas antigas caravelas. Desgaste localizado: acabamentos feitos peça por peça com efeitos diversos, como o detonado (de esmeril, dando picotes na peça antes de lavar), o used (uso de pistola para clarear uma parte determinada), o lixado (processo manual de abrasão com lixa para desgastar o tecido em local específico). Destroyed: lavagem parecida com a estonagem, porém com enzimas que corroem a fibra levemente, deixando a peça com aspecto destruído. Devoré: tecido que apresenta desenhos com efeitos de transparência, produzido a partir de produtos corrosivos que destroem a fibra. Drapeado: uma peça drapeada apresenta ondulações, dobras ou pregas. Dry Fit: tecido feito com poliamida e elastano (supplex) que proporciona conforto propício para peças de esporte, que exigem facilidade para a transpiração do corpo. Peça com Dry Fit tem a capacidade de tirar o suor do corpo e transportá-lo para fora do tecido. Damier: tabuleiro de jogo de damas, em francês. Nome da estampa de quadrados em um tom de marrom e outro bege, da Louis Vuitton. Déjà-vu (diga dêjávi, fazendo biquinho no i): já visto, uma expressão bem comum. Muito expressiva, menos agressiva que dizer que algo é “batido”. Desconstruído: em moda, identifica a roupa com modelagem clássica, que é desmanchada e refeita, desviando dos padrões originais. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 39 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Duffle-coat* (diga “dafol-cout”); palavra inglesa para o casaco todo pespontado de lã grossa, rústica, que era feita na cidade de Duffel , na Bélgica. Em geral, tem capuz, grandes bolsos e brandenburgos de tecido como fechos (ver “brandenburgos“). Elastano: tecido artificial conhecido como lycra e produzida com fibras químicas com maior capacidade elástica. Entretela: tecido resistente (duro) que se coloca entre o forro e o tecido de uma peça para lhe dar consistência ou para torná-la armada. Enzime Wash: dá aspecto envelhecido ao tecido. A lavagem enzimática é feita a 40º C por 60 minutos. Depois, o tecido passa por um processo de amaciamento. Estonagem: processo de lavagem de peças ou tecidos em tambores com pedras de argila chamadas sinasitas. Durante a lavagem, as pedras entram em atrito com as peças, deixando-as com aspecto de usadas. Early Bird (diga êrli bêrd): significa pássaro madrugador. Expressão usada nos EUA para os que chegam mais cedo. Principalmente nos estacionamentos de Manhattan, os early birds ganham bons descontos nas diárias. Ébène (diga êbéne): em francês, quer dizer ébano, a madeira negra. Espinha-de-peixe: tecido de terno tradicional, com trama em zig-zag. Em francês é conhecido como “chevron”, em inglês, é “herringbone”. Estruturado: vem de estrutura, claro. Em moda, usa-se para as roupas com corte e montagem certa no corpo, ou que remodele o corpo com artifícios de corte. Em geral, está presente na alfaiataria, nos blazers e casacões. Evasé: (palavra em francês. Diga êvasê) significa a forma que abre, como uma cúpula de abajur. Vista primeiro nas saias de Courrèges nos anos 60, agora nos anos 90 volta à moda. Fiação: processo final de transformação das fibras em fio. O objetivo da fiação é transformar as fibras individuais em um fio contínuo, coeso e maleável. Fibra: estrutura de origem animal, vegetal, mineral ou sintética parecida com pêlo. Fibras artificiais: o processo de produção das fibras artificiais consiste na transformação química de matérias-primas naturais. Exemplo: a viscose passa por banho de soda cáustica e, depois, por processos de moagem, sulfurização e maturação para depois assumir a forma de fios contínuos ou fibras cortadas. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 40 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Fibras Naturais: fibras naturais são obtidas diretamente da natureza (frutos, folhas, cascas). Os filamentos são feitos a partir de processos de torção, limpeza e acabamento. As principais plantas que produzem tecidos são o Algodoeiro (algodão), a Juta (para cordas), o Sisal (parecido com o linho), o próprio linho, entre outras. Furta-cor: que apresenta cor diferente conforme a projeção da luz. Flagship: (diga flégchip) palavra inglesa que em geral vem seguida de shop (loja) para designar a loja-matriz de uma marca ou de uma rede. Nem sempre é a primeira ou a maior, mas é a principal. Furtacor: parece mentira, mas acho que a palavra francesa é mais conhecida desta geração: changeant. Refere-se aos tecidos e matérias que parecem mudar de cor conforme o ângulo que são vistas. Se tem a palavra em português, prefiro. E por favor, parem de substituir “moda” por “fashion”. Sabiam que é a mesma coisa? Gabardine: casaco comprido (7/8) feito com tecido impermeabilizado, com ou sem capuz, para proteger da chuva. Glitter, estampa: a malha é estampada com o glitter (brilho) com uma camada de pasta incolor que não sai na lavagem. Godê: tecido cortado enviesadamente usado na confecção de saias. Gorgurão: tecido encorpado, liso ou estampado, misto de algodão e poliéster, com efeito canelado, utilizado para vestuário ou decoração. Gótico: estilo artístico e arquitetônico (eclesiástico, principalmente, como a catedral de Notre Dame, na França) nascido na Europa no século XII. Hoje, a tribo de jovens góticos cresce cada vez mais nas grandes cidades, onde organizam festas e até raves no estilo. Niilistas, os jovens são ¿adoradores das trevas¿, vestem preto e ostentam acessórios de metal como colares de cruzes, anéis de caveiras, piercings e tatuagens de estilo marcante (frases profundas em letras góticas, por exemplo). Eles encaram a vida com tristeza, visitam cemitérios à noite, e gostam de bandas de rock que fazem um som denso, pesado e introspectivo, como Lacrimosa, Nightwish, My Dying Bride, Lacrimas Pronfudere (estilos sonoros preferidos são o próprio gótico, mas também doom e death metal). Na literatura, gostam de autores como Álvares de Azevedo e dos fantasiosos Anne Rice e JR Tolkien. Grunge: movimento roqueiro nascido em Seattle, nos Estados Unidos, que acabou com a pomposidade do hard rock (tipo Van Halen, Aerosmith e Guns'n'Roses) e de bandas posers do metal (como Poison, Bon Jovi) em nome da poesia e da crueza do punk. Nirvana, Soundgarden, Pearl Jam, Mudhoney, Hüsker Dü, Dinosaur Jr., e Breeders apostaram na sujeira do rock pesado e conseguiram alçá-lo às primeiras posições de listas mainstream como Billboard Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 41 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional e às capas de revistas como New Music Express. Na moda, camisetas de bandas de rock, camisas de flanela xadrez por cima, jeans rasgado, meias listradas compridas, cabelo comprido e sujo e tênis. Helanca: tecido elástico para calças e bermudas destinadas, geralmente, a atividades esportivas. Indie: termo nascido na cultura norte-americana e inglesa para determinar as bandas de rock independentes que gravam CDs, fazem shows em pequenos inferninhos e atraem o público sem o apoio da indústria da música ou mesmo da mídia - ironicamente, as duas, quando descobrem tais bandas, tentam logo de incorporá-las ao sistema. Com o tempo, o termo indie passou a referir-se também aos jovens que curtem essas bandas novas. O estilo é desleixado, sujo, cabelos tipo mullets (compridinho na nuca e por cima das orelhas, mas não longo). As roupas são jeans, camisetas de rock (de bandas indies, claro) e tênis All Star (principalmente), Adidas, Asics e Converse. Os indies são a cara dos anos 90 e 2000. A partir de 2001 a cena cresceu no Brasil, atingindo seu ápice em 2004 em cidades como São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e Goiânia. Índigo Blue: tecido utilizado em calças jeans. Índigo diz respeito à planta indiana Indigus, que contém em sua raiz um corante natural de coloração azul. Jacquard: método de tecelagem inventado por Joseph Marie Jacquard em 1801. Por meio de um sistema eletrônico que controla as agulhas de tecimento, cria-se desenhos especiais não possíveis em teares comuns. Jeans: estilo de confecção com estrutura reforçada evidenciando rebites e costuras duplas. Calça jeans: feita em índigo (algodão) - a calça jeans 5 pockets é a mais tradicional (5 bolsos). Jogging: Agasalho conhecido antigamente como abrigo (calça e casaco) para fazer esportes. Jodhpur: é lugar na Índia, mas na moda é a calça de montaria com reforços na parte interna das pernas. Leave-on (diga “lívon”): significa “deixar sobre”, mais ou menos. Aplica-se aos cremes de cabelo que a gente deixa, não enxágua. Liberty (diga líberti): estampas de flores em buquês, de jeito antigo. Lã: fibra natural, animal, proveniente basicamente de ovelhas, cabras e carneiros (mas também de camelo, alpaca, e lhama). Pode ser em fios grossos e rústicos ou finos e nobres. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 42 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Lamê: tecido liso ou jacquard, utilizando em fios metálicos em sua trama, como ouro ou prata. Legging: meia-calça mais grossa utilizada em atividades esportivas ou casuais - espécie de fuseau. Linho: fibra natural vegetal, proveniente do caule da planta de mesmo nome. Look: é o visual de alguém ou de alguma modelo na passarela - a soma de roupa, acessórios, cabelo e maquiagem que se percebe em um olhar. Leave-on (diga “lívon”): significa “deixar sobre”, mais ou menos. Aplica-se aos cremes de cabelo que a gente deixa, não enxágua. Liberty (diga líberti): estampas de flores em buquês, de jeito antigo. Madras: (diga “mádras”) é indiana, designa o tecido de algodão com fios multicoloridos em harmonias suaves, que vinha da região de Madras, na Índia. Foi muito popular nos anos 70, agora existe em sedas, tafetás, além do algodão. Mainstream: a corrente predominante, tanto no mar, no ar como…na moda. Não se fala “seguir a corrente” em português? Martingale (diga “martangale”): palavra francesa que designa uma tirinha reguladora, em geral por botões, nas costas de um casaco, na altura da cintura. Alcinha quase sempre abotoada ou afivelada, marcando a cintura nas costas dos casacos. Master sample (diga “máster sampol”): é a peça-mãe, o protótipo de um produto, a amostra. Em português, usa-se “peça-piloto”. Minimalista: a pedidos, dou a versão-moda. Saiu da Arte, onde um traço poderia significar uma obra-prima. Na roupa, quer dizer que quanto menos, melhor. Sem babadinhos, franzidinhos, enfeitinhos. A roupa é seca, sóbria, em cor neutra. Uma boa solução, sempre que ficarmos em dúvida quanto ao que vestir: simples. Não interpretem como minimalismo de peças, senão começa todo mundo a sair nú por aí. Mitaine luvas de cano longo, sem dedos. Pode ter uma alcinha fina, prendendo em um dos dedos, o médio. Modal: novo tipo de tecido, que inclui fios feitos a partir de viscose _ ou seja fibras vegetais. É macio, “respira” bem. Sintético dos anos 90. Moisturizing (diga “móistiuráizin”): é hidratante, ou umedecedor. Mon Copain (diga “mon copén”): em francês, meu companheiro. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 43 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Monocromáticas: peça de uma só cor. Mono/ uma e cromo/cor. Se foram muitas cores, o prefixo muda para “poli”, policromático. Moulage (diga “mulage”): técnica de modelagem muito usada atualmente. O tecido é montado e ajustado diretamente no manequim de atelier (boneco de alfaiate ou busto), é feito o molde em morim (ou no próprio tecido da roupa definitiva). Multimarca: palavra que define a loja que vende roupas de várias marcas. Um tipo de comércio que foi forte nacionalmente nos anos 70, entrou em decadência nos 80 e princípio dos 90 _ porque valia mais a pena desenvolver a própria marca e vender para suas próprias lojas, formando grandes redes _,e agora, com a possibilidade de importar, está voltando a se fortalecer. Agora, a multimarca recomeça a fazer sucesso. A Daslu, de São Paulo achou a fórmula certa, de combinar sua etiqueta com marcas internacionais. Microfibra: tecido produzido com fios sintéticos extremamente finos. Para se ter uma idéia, estes filamentos podem ser 60 vezes mais finos que um fio de cabelo e 10 mil filamentos de microfibra podem pesar menos que uma grama. Os tecidos têm toque sedoso e alta resistência. Modelagem: processo para obter moldes de roupas. Uma boa modelagem é essencial para que as peças tenham um bom caimento no corpo. Moulage: técnica francesa de modelagem tridimensional, criada diretamente nos manequins. lon: tecido sintético com resistência, brilho e certa elasticidade. Organza: tecido fino e transparente de fio poliamida. Oxford: tecido tramado com um fio tinto e um fio cru, deixando um aspecto bicolor, sendo o fundo branco. Inicialmente, este tecido era composto de puro algodão, mas hoje também é fabricado com poliéster. Over-size (diga: ôverssaize): em inglês, quer dizer grande demais, acima do tamanho. Define a roupa jovem, grandona, larga, que entra no estilo de rua (ou streetwear). Patchwork: tecido composto por vários pedaços de outros tecidos, de aspectos ou de cores diferentes, costurados juntos. Semelhante a uma colcha de retalhos. Peletizado: uma das características do tecido peletizado é o sentido do pêlo. Na costura, é obrigatório que o sentido seja sempre o mesmo. Pelúcia: variedade de veludo, com pêlos mais compridos, para imitar a pele de animais (pele fake). Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 44 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Picueta: acabamento dado a barras, decotes e punhos em artigos de malha com efeito de bordado nas pontas. Plissado: série de pregas em um tecido feitas com máquina própria para este fim para que não se desmanchem. Poá: qualquer tipo de tecido com estampado com bolinhas. Polaina: acessório de lã ou pele fake para esquentar pernas e tornozelos no inverno. Poliamida (nylon): a poliamida, ou nylon, foi a primeira fibra sintética criada pelo homem. Poliéster: fibra artificial sintética, derivada do petróleo, com ótima resistência e secagem rápida. Príncipe de Gales: Variedade de xadrez cuja distribuição das cores e trama segue dados precisos. Pedido: no dicionário básico da moda, este sistema quase acabou. Chama-se pedido o que os compradores das lojas fazem nas feiras e atacados. Eles vêem a coleção, selecionam as peças que gostam mais e encomendam à confecção, combinando prazos de entrega e pagamentos. Por isto, os lançamentos devem ser antecipados, para dar tempo de haver este contato de escolha e produção. A coleção de inverno, por exemplo, que será vestida a partir de junho, e deve estar indo para as lojas em fins de março, tem que ser lançada no máximo em janeiro, auge do verão, para dar tempo de os pedidos serem feitos, fabricados e entregues. Identifica-se um leigo na moda quem se admira ou fica indignado com esta antecedência. Pronta-entrega: estratégia de vendas que fez a fama de Copacabana e da Rua João Cachéiro (em São Paulo) nos anos 70. Consiste em fabricar toda a produção prevista para uma estação esperar que os lojistas venham se abastecer. Há alguns riscos, como o da coleção não agradar, ou alguma crise econômica provocar retração por parte dos lojistas _ eles ficam com medo de vender pouco, e não terem como pagar as faturas. Qualidade ótica: óculos que são fabricados de modo que as lentes possam ser removidas (trocadas) e as armações possam ser ajustadas. Óculos vendidos em lojas não-especializadas. Ribana: malha com dupla face, uma diferente da outra. Risca de Giz: Tecido com listras finas, geralmente de cores claras sobre fundo escuro. Rococó: também chamado estilo Luís XV e Luís XVI, o Rococó é um estilo artístico surgido na França, no século XVIII, como desdobramento do Barroco, porém mais leve e intimista. Usado inicialmente em decoração de interiores, Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 45 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional passou da arquitetura para todas as formas de arte. É caracterizado pela abundância de formas curvas e profusão de elementos decorativos como conchas, laços e flores. Elegância, alegria, frivolidade e exuberância são algumas das chaves deste estilo quando conectado com a moda. Romantismo: O movimento cultural (literário, principalmente) teve seu início nos países europeus e atingiu seu ápice no fim do século XVIII (Revolução Francesa). Emoção, sentimento e estética unem-se na criação. O narcisismo artístico reproduz o "eu interior¿ em um mundo idealizado. O Romântico é revolucionário por querer estar além de sua realidade: volta ao passado tanto individual (infância) quanto histórico (época medieval). Tudo é rebuscado, principalmente na moda, onde os detalhes das roupas são essenciais. Regalo rolinho, em geral de pele, para esquentar as mãos no inverno rigoroso. Meio antigo. Revival:(diga “riváival”) – renascimento, reviver. Em moda, rever um estilo antigo. Ruço: como falamos em moda de Petrópolis, é preciso dizer que ruço é como os serranos chamam a neblina formada na serra. Sarja: tecido básico e versátil com bom caimento e para qualquer tipo de clima. Seda: fibra natural, animal, formado pelo bicho-da-seda. Supõe-se que a seda tenha sido descoberta por volta de 2.640 a.C na China. Shantung: nome derivado de Chan-Tung, cidade da China, produtora de seda. Hoje, o termo é utilizado para qualquer tecido grosso de aspecto irregular. Soft: tecido leve capaz de manter a temperatura do corpo em equilíbrio e indicado para vestuário de inverno e roupas esportivas. Stone washed: aspecto de "usado" obtido em peças que passam por lavagem industrial com pedras ou enzimas. Strass: bijoux feita de vidro que imita pedras preciosas como o diamante. Stretch: a palavra inglesa significa esticar e diz respeito a tecidos com elasticidade obtida por meio de filamentos de poliéster texturizado. Stylists: profissional que trabalha no backstage de um desfile conferindo o look final de uma modelo, ajeitando roupas e acessórios, garantindo que está tudo lindo, tudo ótimo, tudo perfeito para o catwalk. Eles organizam todas as modelos para a entra na passarela e ajudam transportar o clima da coleção aos meninas e meninos. Os stylists também trabalham em ensaios de moda e editoriais de revistas. Sal-e-pimenta: tipo de tecido, normalmente usado na moda masculina, uma trama preto e branca, que lembra sal e pimenta do reino. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 46 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Spicy (diga spáici); apimentado, temperado, quente. Um perfume pode ser spicy, quando cheira a sálvia, cipreste, e agora até o óleo de pimenta negra, que faz parte do Extreme Polo Sport, do Ralph Lauren. Tafetá: tecidos lustrosos e armados, de seda ou poliéster, de trama fina e superfície com leve nervura no sentido da trama. É um dos mais antigos tecidos conhecidos pelo homem. Texturização: a texturização tem o objetivo de fornecer ao fio uma melhor textura e aparência, aumentando o aquecimento e a absorção e diminuindo a possibilidade de formação de bolinhas sobre o tecido. Top: a parte de cima do vestuário feminino, como uma mistura de miniblusa e bustier. Trench-coat: casaco longo masculino ou feminino em diferentes tecidos. Tweed: tecido de lã cardada, grosso e rústico. Usado para ternos, mantôs, vestidos de inverno, etc. Twin-set: conjunto de blusa e casaco de tecido e padronagem iguais. Toile de Jouy (diga “tuale dê juí”): estampa comum em decoração, com paisagens campestres em tecidos de tramas rústicas. Em geral, em azul sobre cru. Equivalente aos motivos da porcelana Companhia das Índias. Twin-set (diga “tuínsset”): conjunto gêmeo, literalmente. Aplica-se ao conjunto de suéter e casaquinho, ambos no mesmo material e colorido. Há desde os twin-sets de algodão, da Hering, até os luxuosos da Andrea Saleto, em mohair bordado. Über model: expressão alemã utilizada quando a modelo atinge um patamar de muita importância e reconhecimento, sendo mais poderosa do que uma supermodelo. Gisele Bündchen é uma über model. Urdume: fios verticais do tecido. Viscose: fibra proveniente de celulose regenerada a partir de algodão ou polpa de madeira. Week (diga: uíc): significa semana, em inglês. Walkshorts: nome novo (2009) para o bermudão masculino. Referência: coleção Redley Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 47 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional BIBLIOGRAFIA INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DA MODA Noções gerais de design: história e conceitos. O design de moda. O conceito de cultura da moda. Campos de atuação e de aplicação do design de moda. Conceitos de estilo. Moda e estilo. O estilismo. Moda e marketing. Moda e seus relacionamentos com outros campos do conhecimento. BIBLIOGRAFIA: EMBACHER, Airton. Moda e Identidade: A construção de um estilo próprio. São Paulo: Ed. Anhembi – Morumbi, 1999. COUTO, ita Maria. Formas do Design; por uma metodologia interdisciplinar. Rio de Janeiro: 2AB, 1999. TAMBINI, Michael. O Design do Século. São Paulo: Ática, 1999. CALDAS, Dário. Universo da Moda. São Paulo: Ed. Anhembi-Morumbi, 1999. ECO, Umberto. Psicologia do vestir. LAVER, James. A Roupa e a Moda. MUNARI, Bruno. Das coisas nascem as coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1981. BARTHES, Roland. Sistema da Moda. Lisboa, Ed. 70, s/d. FRANCINI, C. Segredos de Estilo (SP, Alegro). LIPOVETSKY, G. Império do Efêmero (SP, Companhia das Letras. MULLER, F. Arte e Moda (SP, Cosa & Naify) KUPER, Adam. Cultura: a visão dos antropólogos. Bauru, SP. Edusc, 2002. BAUDRILLSRD, J. O sistema dos objetos. São Paulo: Perspectiva, 1973. HOLLANDER, A. O sexo e as roupas: a evolução do traje moderno. Rio de Janeiro: Rocco, 1996. LURIE, Alison. A linguagem das roupas. Rio de Jaaneiro: Rocco, 1997. PALOMINO, Érika. Babado forte: moda, música e noite. São Paulo: Mandarim, 1999. REVISTAS: FASHION THEORY. A REVISTA DA MODA, CORPO E CULTURA. Edição Brasileira, São Paulo, Ed. Anhembi Morumbi, volume 1, n. 1., 2.,3., e 4., 2002. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 48 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional APOSTILA DE ERGONOMIA Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 49 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional índice MÓDULO 1 1.A ERGONOMIA----------PÁG 51 MÓDULO 2 2.ANTROPOMETRIA----------PÁG 53 MÓDULO 3 3.ERGONOMIA E ANTROPOMETRIA NO VESTUÁRIO-------PÁG 60 BIBLIOGRAFIA----------PÁG 78 Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 50 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional MÓDULO 1 1.A ERGONOMIA 1.1.Etimologia ERG.....................................(do grego érgon): trabalho, parte material. NOMO..................................(do grego nomós); lei, regra, norma, que regula. LOGO...................................(do grego log): conhecimento, estudo, ciência. METRO.................................(do grego métron): que mede, o ato de medir; metro – a escala métrica – tem origem latina. Ergologia:..............................Parte da etnologia que se ocupa da cultura, no seu aspecto material; ciência do trabalho. Ergoterapia...........................Cura pelo trabalho; terapia ocupacional. Ergofobia...............................Aversão ao trabalho; horror ao trabalho. Ergometria.............................A medição do esforço físico. Ergométrico...........................Que mede o esforço físico (ex.: a bicicleta ergométrica). Ergonomia............................Tratado do trabalho; aplicação do trabalho (ao homem).Conjunto de estudos relacionados com a organização do trabalho. Cada pessoa tem vários dons ou aptidões, e com eles exerce a sua atividade laborativa. Ninguém tem “vocação” para médico, engenheiro, eletricista ou vendedor. E é com o uso efetivo dos seus dons que o homem exercita a sua única vocação; para isso, ele precisa de conforto e segurança. E esse é o propósito da Ergonomia. 1.2 Conceito ERGONOMIA É A APLICAÇÃO DO TRABALHO AO HOMEM Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 51 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Nesta segunda fase da prevenção de acidentes e doenças ocupacionais – adaptação do trabalho ao homem – temos os seguintes procedimentos: T H 1- adaptação dos fatores ambientais ao trabalhador. 2- adaptação dos fatores operacionais ao trabalhador. 3- o uso de rodízios. 4- o ajuste dos EPIs(Equipamentos de proteção individual) ao trabalhador. 5- EPCs: algumas vezes se constituem em medidas ergonômicas. 6- A programação adequada de trabalho ao homem. 7- Disposição adequada dos elementos no ambiente de trabalho. Exemplos: A- O trabalho do motorista: antes de iniciar o trabalho, há necessidade de ajustar os elementos do trabalho (carro, no caso) a ele. B- O uso dos EPIs (Equipamentos de proteção individual): cada epi deve ser ajustado ao trabalhador, para que ele possa trabalhar com segurança e conforto. C- O ledor de consumo de água: a comodidade na leitura, a prancheta para escrever, o instrumento “telescópico” para a leitura, etc. D- O trabalho do telefonista: ajuste do nível de som, em função da sua eventual limitação auditiva. E- O trabalho do empacotador: o ajuste da altura da mesa. 1.3. O objeto da Ergonomia H O objeto da Ergonomia é o homem; ele é o “centro“ das atenções. O trabalhador precisa de todos os benefícios e facilidades para exercer a sua função de produzir. É oportuno lembrar que a Ergonomia não se preocupa com a ociosidade (“erg” significa trabalho). Portanto, o conforto, a segurança e o bem-estar não são Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 52 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional um “fim”, mas um “meio”: um meio oferecido para que o trabalhador produza com boa qualidade. A Ergonomia deve constituir-se na principal ferramenta para o “controle de qualidade”. É inimaginável um “controle de qualidade” sem a preocupação inicial com a segurança, o conforto e o bem-estar...de quem produz. Entendemos que, quando um bem é produzido com acidentes e doenças ocupacionais, a boa qualidade está comprometida. MÓDULO 2 2.ANTROPOMETRIA A antropometria estuda as dimensões físicas e proporções do corpo humano.Sendo ela um dos campos das ciências bioógicas que tem como objetivo o estudo das peculiaridades da morfologia humana. .O conhecimento dessas medidas e como saber usá-las é muito importante na determinação dos diversos aspectos relacionados ao posto de trabalho, no sentido de se manter uma boa postura, e também de produtos e equipamentos destinados ao uso humano, etc.. Por falta de consideração antropométrica, uma série de problemas pode ocorrer para o trabalhador: • Pode haver esforço excessivo para alcançar controles ou peças. • Pode haver dor lombar pelo fato de as costas terem que se encurvar para buscar peças distantes; nessa situação, também pode haver dor um pouco mais acima (denominada dorsalgia). • Pessoas altas podem bater a cabeça ou, o que é mais comum, terão que se encurvar e sentirão dor nas costas. • Pessoas de compleição física maior em geral terão dificuldade em executar alguns trabalhos em locais apertados. • Se as mãos do trabalhador forem muito pequenas, ele poderá ter dificuldade para conseguir segurar com firmeza cabos de ferramentas grandes ou mesmo recipientes grandes; se forem muito grandes pode haver dificuldade de firmar objetos. • Se a pessoa for baixa, pode ter dificuldade para ver acima da carga que está carregando em uma empilhadeira ou carrinho de mão; ou pode ter dificuldade de fazer leitura em mostradores ou operar painéis de controle. • Ainda, pessoas baixas terão dificuldade para manusear ferramentas nos postos de trabalho, pois muitas vezes terão que elevar os ombros em posição desconfortável. O problema mais prático com o qual a Antropometria se defronta está relacionado às diferentes dimensões das pessoas, de tal forma que uma altura boa para uma pessoa não é necessariamente boa para outra. A solução comumente encontrada está na flexibilidade, mas como essa, muitas vezes custa muito caro se depender de mecanismos de ajustes. A Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 53 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional solução mais prática e menos dispendiosa está no estabelecimento de padrões, de porcentagens e de saber usá-los adequadamente no planejamento do trabalho. Quando e como usar as tabelas antropométricas no planejamento da ergonomia do posto de trabalho: 1- Em diversas situações é desnecessário qualquer ajuste no posto de trabalho, pois o mesmo, embora desprovido de regulagens, atende à grande maioria dos trabalhadores. 2- Em algumas situações, a regulagem deve estar no posto de trabalho, sendo desnecessário o uso de tabelas antropométricas. 3- Caso os princípios acima não se apliquem, calcular a altura do posto de trabalho baseado em dados antropométricos da população. Não projetar pela média, projetar pelas porcentagens mais adequadas. 4- Caso a situação seja de alcance, considerar a porcentagem menor da população feminina. 5- Caso a situação seja de espaço, considerar a porcentagem maior da população masculina. 6- Os comandos de máquinas devem estar entre a altura do púbis e a altura do ombro. Existem situações em que o projeto é dimensionado deliberadamente para um dos extremos da população como, por exemplo, um painel de controle que deve ser alcançado com os braços, deve ser dimensionado a sua altura pelo usuário mais baixo, ou ainda uma porta deve ser dimensionada para as pessoas mais altas (se fosse dimensionada para as pessoas de estatura média, uma boa parte das pessoas bateria a cabeça, pois tem estatura acima da média). A figura acima mostra que mesmo quando se faz um projeto abrangente, levando-se em consideração um maior número de pessoas atendidas, por exemplo, em relação à altura, sempre haverá os extremos que não serão atendidos. 2.1.Tabelas antropométricas Uso de tabelas antropométricas adequadas As tabelas antropométricas apresentam as dimensões do corpo, pesos e alcances dos movimentos e referem-se sempre a uma determinada população e nem sempre podem servir de referência para outras populações. A tabela abaixo apresenta as dimensões de ingleses adultos. As dimensões referem-se a homens e mulheres nus e descalços. As três colunas da tabela têm o seguinte significado: Baixos: significa que existem 5% da população adulta abaixo disso; Médios: média de todos os homens e mulheres adultos; Altos: significa que existem 5% da população acima destes valores ou que 95% dessa população está abaixo. Item: Medidas em cm Baixos Médios Altos Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 54 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Em pé 1.Estatura 150,5 167,5 185,5 2.Alcance horizontal para agarrar 65,0 74,5 83,5 3.Profundidade do tórax 21,0 25,0 28,5 4.Alcance vertical para agarrar 179,0 198,3 219,0 5.Altura dos olhos 140,5 156,8 174,5 6.Altura dos ombros 121,5 136,8 153,5 7.Altura do cotovelo 93,0 104,4 118,0 8.Altura do punho 66,0 73,8 82,5 Sentado 11.Altura (a partir do assento) 79,5 88,0 96,5 12.Altura olhos-assento 68,5 76,5 84,5 13.Altura do cotovelo-assento 18,5 24,0 29,5 14.Altura poplítea 35,5 42,0 49,0 15.Comprimento do antebraço 30,4 34,3 38,7 16.Comprimento nádegas-poplítea 43,5 48,8 55,0 17.Comprimento nádegas-joelho 52,0 58,3 64,5 Peso (kg) 44,1 68,5 93,7 No Brasil ainda não existem medidas antropométricas normalizadas da população. Hoje há estudos, levantamento de dados para que se possa definir um padrão antropométrico que atenda a população brasileira. A própria composição étnica, bastante heterogênea, da população brasileira e o processo de miscigenação, além dos desníveis socioeconômicos que tem profunda influência sobre as medidas corporais, a partir de variantes nutricionais, dificultam o estabelecimento de padrões antropométricos. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 55 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 2.2.Medidas Observadas 1 Estatura 2 Altura dos olhos 3 Altura dos ombros 4 Altura dos cotovelos 5 Altura dos quadris 6 Altura do punho 7 Altura da ponta dos dedos 8 Altura do alto da cabeça (pessoa sentada) 9 Altura dos olhos (pessoa sentada). 10 Altura dos ombros (pessoa sentada). 11 Altura dos cotovelos (pessoa sentada) 12 Espessura das coxas 13 Comprimento nádegas-joelho Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 56 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 14Comprimento nádegas-dobra interna do joelho 15 Altura dos joelhos 16 Altura da dobra interna do joelho 17 Largura dos ombros (deltóide) 18 Largura dos ombros (crista da escápula) 19 Largura dos quadris. 20 Profundidade do tórax 21 Profundidade do abdômen 22 Comprimento ombro-cotovelo 23 Comprimento cotovelo-ponta dos dedos 24 Comprimento do braço 25 Comprimento do ombro-pega 26 Profundidade da cabeça 27 Largura da cabeça 28 Comprimento da mão 29 Largura da mão 30 Comprimento do pé 31 Largura do pé 32 Envergadura 33 Envergadura dos cotovelos 34 Altura (em pé) 35 Altura (sentado) 2.4.Diferentes tipos físicos Endomorfo: pernas curtas; estrutura óssea delicada; seios um pouco maiores que a média, rosto redondo. Cuidados: se você é assim ou tem um parente próximo com esse perfil, fique de olho na balança! Em geral, as mulheres desse tipo precisam tomar cuidado com a alimentação, pois tendem a se tornar rechonchudas e a acumular gordura no abdômen. Mesomorfo: pernas de comprimento médio, em geral, na mesma proporção que o tronco; seios de tamanho médio; rosto quadrado ou oval; quadris maiores que os ombros. Cuidados: se você é do tipo mesomorfo, ao ganhar alguns quilinhos extras, a tendência é de que se alojem nos seus quadris! Ectomorfo: pernas mais longas; estrutura óssea forte; seios pequenos; rosto oval ou em forma de coração. O peso é distribuído pelo corpo todo, sem tendência a se acumular aqui ou ali. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 57 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 2.4.Diferenças corporais -DIFERENÇA POR SEXO (Homens x Mulheres) Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 58 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional -DIFERENÇA RACIAL (Branco x Negro x Japonês x etc.) -DIFERENÇA DE PROPORÇÕES (Variações de acordo com a idade) Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 59 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional -VARIAÇÕES CORPORAIS (Obesidade , gravidez, etc.) MÓDULO 3 3.ERGONOMIA E ANTROPOMETRIA NO VESTUÁRIO Ergonomia e Antropometria Em se tratando da moda e vestuário pronto-a-vestir é fundamental termos em consideração as necessidades e anseios dos consumidores. Sendo assim, a indústria deve, obrigatoriamente, desenvolver seus produtos utilizando as ferramentas apropriadas para tal. Este processo poderá ser amplamente facilitado e otimizado se a moda se apropriar de ciências como a ergonomia e a antropometria e aplicar no vestuário os conceitos já estudados por estas áreas. Existe uma relação estreita entre a ergonomia, a antropometria e o vestuário, uma vez que tratam de questões que se interpelam constantemente como, por exemplo, a satisfação do usuário e o conforto. A International Ergonomics Association (Iida, 2005:02) define a ergonomia (ou factores humanos) como a “disciplina científica que estuda as interações entre os seres humanos e outros elementos do sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visem otimizar o bem-estar humano e o desempenho global de sistemas.” Partindo desta definição, verificamos que o vestuário é um produto que necessita de uma perfeita interação com o usuário, principalmente se considerarmos que todos os seres humanos usam roupas e com elas ficam em contato a maior parte do dia. Se tal interação não for otimizada e o vestuário não apresentar as características Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 60 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional mínimas de conforto físico este pode, para além da incômoda sensação de desconforto, afectar o bem-estar e a saúde do indivíduo. Para que tenhamos uma melhor compreensão do que acima foi dito, complementamos com a idéia de Wisner (1987:12), que conceitua a ergonomia como um “conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para a concepção de produtos e ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia”. Portanto, de acordo com a ergonomia, o produto “vestuário” necessita da aplicação de uma série de conhecimentos científicos para que seja concebido da forma correta, proporcionando ao utilizador conforto, segurança e eficácia. Contudo, é importante realçar que os termos conforto, segurança e eficácia estão diretamente atribuídos ao uso do produto, ou seja, devem ser constatados no momento da interação do produto com o usuário. Uma das áreas científicas fundamentais para a obtenção de vestuário ergonomicamente correto, relacionado ao estudo do corpo humano é a antropometria. Para que o vestuário satisfaça o usuário nas suas funções ergonômicas, este deve ser projetado e concebido de acordo com dimensões humanas específicas, a partir de uma abordagem das dimensões corporais reais dos indivíduos, sendo indispensável a correta aplicação dos dados antropométricos. A definição que Iida (2005:97) traz da antropometria diz que esta “trata das medidas físicas corporais, em termos de tamanho e proporções”, que são dados de base para a concepção ergonômica de produtos. Desta forma, podemos afirmar que para que um produto possa ser considerado ergonomicamente qualificado, este deve passar por uma adequação antropométrica. Relativamente à ergonomia aplicada às etapas do processo produtivo, Rebelo (2004:16), diz que esta se situa numa “área de estudos que abrange o conceito do produto, o projeto, o processo de produção, a comercialização e a sua utilização (…)”. Em consonância com esta afirmação, validamos a idéia de que os fatores ergonômicos e antropométricos do vestuário devem estar presentes desde antes da sua concepção, devendo a indústria conhecer as características físicas do público para o qual o produto se destina, ou melhor, conhecer o usuário que irá interagir com o vestuário desde o conceito do mesmo. Tais atribuições não fazem parte exclusivamente da etapa de modelagem das peças de vestuário, como muitos acreditam, pois quando se trata das etapas de desenvolvimento do produto, no momento em que este chega na modelagem, o profissional é responsável apenas por aplicar as medidas previamente estudadas, de acordo com o público específico ao qual se destina (Heinrich, 2005). Estudos Antropométricos com Aplicação para o Vestuário Os princípios científicos necessários para a concepção do vestuário, nomeadamente os antropométricos, têm sido amplamente discutidos em todo o mundo. Apesar disto, pouco se tem considerado a boa interação do usuário com o produto, ou seja, o conforto em se tratando das formas e do momento do uso do produto, segundo prevêem os princípios da ergonomia. Muitos órgãos têm vindo a discutir e propor soluções para otimizar as questões relativas à padronização dos tamanhos do vestuário. Estudos antropométricos populacionais têm sido realizados em diversos países, em sua grande maioria, utilizando-se da tecnologia dos scanners corporais 3-D. Estes, como exemplo do CAESAR – Civilian American and European Surface Anthropometry Resource – possuem câmeras de varredura para fornecer modelos Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 61 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional tridimensionais completos de cada pose, utilizando marcações ou pontos de referência, conforme relata Wang e Ressler (2005). Os dados foram organizados em grupos determinados segundo o peso, etnia, gênero, regiões geográficas e padrão sócio-econômico. Para fazer a coleta dos dados foram utilizadas três posições: posição relaxada com o indivíduo em pé, posição relaxada com o indivíduo sentado e de cobertura (a partir do teto). A estas, somaram-se ainda dados de algumas medidas obtidas da forma tradicional (1D), utilizando uma medida de fita métrica e compasso de calibre. As posições utilizadas no CAESAR Database estão ilustradas na Figura 1. Além do CAESAR, uma das mais representativas acerca do tema, é importante citar-se a pesquisa realizada pela Human Solutions Company, que participa de estudos antropométricos realizados em nove países, muitos destes já concluídos como no caso da Alemanha. A empresa realizou o levantamento dos dados antropométricos da população alemã para fins de validação da norma EN 13402 (2006) que designa os tamanhos de vestuário. Este sistema possui um dispositivo de digitalização corporal muito semelhante ao anteriormente exposto, e as posições para a realização das medições estão ilustradas na Figura 2. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 62 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Certamente não poderíamos deixar de mencionar, ainda que de forma breve, os objetivos das pesquisas referidas, uma vez que os dados obtidos nestes processos possuem como finalidade a normatização para designação dos tamanhos do vestuário (EN 13402:2006), não objetivando especificamente a concepção de vestuário. Embora tais medidas venham a ter obrigatoriedade de aplicação nas peças do vestuário, devendo fazer parte da sua concepção, os dados disponibilizados são insuficientes para a construção da modelagem, pois não referem um mapeamento completo do corpo humano contemplando as variáveis necessárias para tal. A diferença incide no foco da pesquisa e na quantidade de variáveis adotadas. Segundo esclarece a própria norma, para que se possa atribuir o tamanho ao vestuário, as medidas do corpo do utilizador devem ser definidas e identificadas pelo tamanho que mais se aproximar num quadro de medidas normatizadas. Pela norma EN 13402:2006 (parte 1), o tamanho do corpo é definido utilizando treze variáveis que abrangem o público feminino, masculino e infantil, sendo elas: perímetro da cabeça, perímetro do pescoço, perímetro do peito, perímetro do busto, perímetro abaixo do busto, perímetro da cintura, perímetro da bacia (ou quadris), altura 1 (exceto para crianças), altura 2 (para crianças que ainda não consigam manter-se em pé), comprimento entre-pernas, comprimento do braço, perímetro da mão e, por fim, comprimento do pé. Além destas, ainda é obtido o peso do indivíduo. No decurso desta investigação foram analisados seis sistemas de levantamentos antropométricos com o uso da tecnologia de digitalização 3-D e, a partir desta etapa, concluímos que todos utilizam o indivíduo em posição estática, seja em pé ou sentado, como podemos verificar pela observação e comparação das Figuras 1 e 2. Além dos levantamentos antropométricos com utilização de equipamentos tecnológicos também foram considerados neste estudo os métodos tradicionais de medição, dentre eles o Estudo Antropométrico da População Portuguesa (Arezes, et al:2006). A metodologia neste utilizada parte da aquisição da imagem de forma semi-automática ou assistida por computador, com o uso de imagens fotográficas, o que reduz consideravelmente o tempo de medição. A seguir, os dados do indivíduo capturados a partir das fotografias foram tratados Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 63 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional em software específico, utilizando uma plataforma Java e Microsoft Access. Este estudo considera 25 dimensões antropométricas (incluindo o peso), sendo nove na posição de pé e as restantes na posição sentada. As posições utilizadas estão representadas na Figura 3. Da mesma forma que a Norma EN 13402:2006, as sete posições e as vinte e cinco variáveis apresentadas pelo Estudo Antropométrico da População Portuguesa também não contemplam todo o aparato necessário para a concepção de moldes de vestuário. Efetivamente, o estudo acima indicado não objetivava a aplicação na concepção de vestuário, porém os dados, técnicas e métodos nele utilizados podem ser adaptados dentro das necessidades específicas para o uso na modelagem de roupas. A insuficiência dos dados disponibilizados pela norma EN 13402:2006, bem como dos dados do Estudo Antropométrico da População Portuguesa para a concepção do vestuário, foi constatada a partir da análise e comparação das variáveis existentes nestes métodos com a quantidade de variáveis necessárias para utilização na modelagem. Além das variáveis, também foram consideradas as posições do indivíduo no momento da obtenção das medidas. As posições e variáveis que a modelagem de vestuário tem usualmente utilizado podem ser verificadas na metodologia de Aldrich (2004), a título exemplificativo. A Figura 4, que abaixo se apresenta, denota os pontos para a obtenção das medidas conforme utilizadas para a confecção dos moldes de vestuário, sendo apresentadas pelo autor 21 variáveis: circunferência do busto, circunferência da cintura, circunferência dos quadris ou ancas, largura do costado ou entre-cavas, largura do peito ou busto, ombro, circunferência do pescoço, altura do ombro até a cintura (frente), altura da cintura até os quadris ou ancas, profundidade do gancho, altura do quadril até o joelho, circunferência do joelho, circunferência do tornozelo (em duas alturas), profundidade da cava, altura do pescoço até a cintura (costas), altura da cintura até ao chão, circunferência do braço junto ao bíceps, circunferência do punho, altura da cintura até o quadril (costas) e comprimento do braço. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 64 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Consideramos que existem variáveis que se apresentam como fundamentais para a construção de moldes de vestuário, ou seja, sem estas é impossível executar a construção dos moldes. As medições corporais identificáveis no exemplo acima (Figura 4) podem ser entendidas como as variáveis mínimas que devem ser disponibilizadas para a modelagem. Porém, ainda assim, para contemplarmos todas as questões referentes ao conforto no uso do produto, devemos apropriar-nos de outros aspectos. Usualmente, assim como Aldrich demonstra na Figura 4, as posições no momento da medição corporal são estáticas. Por outro lado, não somente este autor aplica a obtenção das medidas desta mesma forma. Tal procedimento, envolvendo variáveis e posição estática do indivíduo, foi verificado na análise de seis métodos específicos de concepção de modelagem de vestuário. São eles: Metric Pattern Cutting, de Winifred Aldrich; London College of Fashion; Il Modelismo, do Istituto di Moda Burgo; Fashion Design on The Stand, de Dawn Cloake; Modelagem e Técnicas de Interpretação para Confecção Industrial, de Daiane Pletsch Heinrich e Métodos de Modelagem do SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). As análises acima referidas representam a ferramenta fundamental para uma novaproposta de aprimoramento dos levantamentos antropométricos, instigada pelo fato de que os métodos de modelagem não consideram os movimentos realizados pelo indivíduo no uso do produto e a perfeita interação do usuário vs vestuário. Proposta de aprimoramento do processo de obtenção de medidas para vestuário A partir de todas as elucidações até aqui discutidas, a proposta de aprimoramento do processo de obtenção de medidas corporais inicia-se com a inserção de posições que simulem os movimentos do indivíduo, considerando Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 65 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional os princípios da biomecânica para tal. Segundo Nordin e Frankel (2003:11) a biomecânica “usa conceitos da física e da engenharia para descrever o movimento dos vários segmentos do corpo e as forças que agem nesses segmentos durante as atividades normais”. Somado a isto, Grave acrescenta que, na concepção do vestuário, devem ser a analisadas questões como “a função à qual a peça se destina e a atividade desta região corporal” (2004:13). Conforme já abordado ao longo deste estudo, no momento do uso do produto o indivíduo interage com o mesmo de forma dinâmica pela realização de movimentos. A grande problemática surge pelo fato de estarem sendo aplicadas medidas corporais de um indivíduo estático na construção da modelagem. Notadamente, é imprescindível destacarmos que os movimentos ocasionam alterações nas dimensões músculo-esqueléticas dos diversos segmentos do corpo. Exemplificamos: o simples ato de levantar os braços à frente do corpo, em ângulo reto, ocasiona alterações na região da cintura escapular (costas) e facilmente gera desconforto no vestuário na região do costado ou entre-cavas, além de apertar na região do bíceps e tríceps (braço). Nesta etapa, é necessário esclarecer que as verificações com relação ao conforto no uso do produto prevêem a utilização de tecidos planos sem elasticidade em sua composição, fator que também é fundamental para mensurar a sensação de conforto ergonômico. A partir de ensaio realizado no decurso da pesquisa foram obtidos resultados que merecem ser aqui mencionados para melhor elucidação da alternância do referido movimento e suas implicações nas medidas da região corporal das costas. Primeiramente, foi obtida a medida da região das costas (conforme as landmarks da Figura 5, à esquerda) estando o indivíduo na posição relaxada. Após, a mesma medição, utilizando as mesmas landmarks, foi realizada com o indivíduo mantendo os braços esticados horizontalmente, à frente do corpo (Figura 5, à direita). A comparação dos resultados gerou uma diferença numérica variável de 2centímetros a 4,5centímetros dentre os indivíduos medidos. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 66 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Mesmo sem considerarmos a aplicação de força muscular, o simples movimento dos segmentos corporais (braços e pernas) ocasiona alterações dimensionais, o que resultam em diferentes medidas numéricas. Obrigatoriamente, isto deve ser contemplado pelo vestuário no seu momento de projeto e concepção, sobretudo se almejamos um vestuário ergonômico. Para verificação das alterações nas dimensões musculares nos membros inferiores, propomos a comparação entre as posições de pé e sentado, assim como diferentes posições de membros superiores através do levantamento e flexão dos braços. Para definição das variáveis, foi realizado um estudo comparativo baseado em seis métodos de modelagem para vestuário, já mencionados, com a metodologia utilizada pela ergonomia na antropometria estática, obtida do Estudo Antropométrico da População Portuguesa. Podemos afirmar que os dados certificados da antropometria estática servem como referência para a definição das variáveis necessárias para uma varredura das dimensões corporais a fim aplicá-las especificamente à modelagem de vestuário, proposta desta pesquisa. Para tal, foram desconsideradas algumas variáveis e incluídas outras, principalmente no que concerne às medidas de perímetros ou circunferências. Percebeu-se a necessidade de descartar variáveis por não terem relevância para a construção da modelagem, ao mesmo tempo que é obrigatório o acréscimo de outras medições para atingir o objetivo pretendido com o estudo. Indubitavelmente, o acréscimo dos movimentos aos processos de levantamentos antropométricos representará um significativo contributo para a satisfação dos usuários, atribuindo maior conforto e liberdade ao vestir. Para que este acréscimo qualitativo se torne eficaz, é necessário que o vestuário englobe o “tipo de superfície interior e exterior de articulação, amplitude e forma de movimento que são de grande valia para a qualidade, tanto estética como ergonômica”, destaca Grave (2004:23). Antropometria e Qualidade dos Produtos de Vestuário Acerca da qualidade dos produtos de vestuário é fundamental fazermos uma análise dos aspectos que a configuram, ou seja, quais os factores ou quais as características que o produto deve apresentar para considerarmos que possui ou não possui qualidade. De acordo com Iida (2005), a ergonomia prevê que todos os produtos estão destinados a satisfazer certas necessidades humanas e, direta ou indiretamente, entram em contato com o homem. Para que isto aconteça da melhor forma, é imprescindível que o produto – vestuário – apresente características técnicas, estéticas, e ergonômicas. O autor relata, ainda, que a qualidade técnica se refere à parte funcional, considerando a eficiência com que o produto executa sua função; a qualidade ergonômica abrange a facilidade de manuseio, adaptação antropométrica, clareza de informações, compatibilidades de movimentos e demais fatores de conforto e segurança; e a qualidade estética é responsável por proporcionar prazer ao consumidor, envolvendo a combinação de cores, formas, materiais, texturas, acabamentos e movimentos, tornando os produtos desejáveis e atraentes aos olhos do consumidor. Partindo da definição de Iida e relacionando-a com a antropometria e modelagem, questões até o momento tratadas no âmbito desta pesquisa, facilmente atribuímos a qualidade ergonômica como princípio aplicável aos produtos de vestuário. Porém, ao aprofundar este conceito, percebemos que a qualidade ergonômica se interrelaciona com a qualidade estética do vestuário, eis que a primeira influencia no resultado da segunda. Quando um vestuário não está apropriado ao tipo de corpo do Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 67 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional utilizador, questões relacionadas ao ajuste e caimento da peça (forma e equilíbrio), bem-vestir e sensação de conforto comprometem também a qualidade estética do produto. Os somatórios dos elementos abordados neste estudo identificam a necessidade de uma nova abordagem metodológica acerca dos métodos de levantamentos antropométricos para vestuário. Especialmente porque uma perfeita adequação antropométrica destes produtos configuram a qualidade ergonómica e estética dos mesmos, garantindo ao usuário uma maior satisfação ao vestir. 3.1.ERGONOMIA DO PRODUTO Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 68 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 69 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O estudo ergonômico dos projetos de modelagem vem adquirindo cada vez mais importância pelo fato de que no uso da roupa, o conforto tem sido prioridade ao lado do embelezamento. A amplidão da ergonomia no vestuário vem da premissa de que o ser humano passa o tempo todo vestido. As funções ergonométricas da modelagem, antes voltadas apenas para a usabilidade no trabalho, estão também voltadas para o uso enquanto transporte e mudanças climáticas. Os modelistas devem ficar atentos aos estudos ergonômicos do vestuário em todo os segmentos. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 70 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Anexos (artigos referentes a ergonomia no vestuário, fonte:site Fashion Bubbles) Moda e Modelagem Ergonômica para PPD’s. Estilo | Fashion Bubbles | março 15, 2007 at 12:43 pm Anúncios Maria de Fátima Grave, professora e pesquisadora na área de Modelagem Ergonômica junto à Fundação Selma , apresentará o Reafashion desfile com roupas especialmente desenhadas para portadores de deficiência física. As roupas visam proporcionar aos PPD’s conforto e qualidade de vida, agregados à estética, através de roupas modernas e que, acima de tudo, respeitam os conceitos ergonômicos referentes a cada deficiência em específico. Seu trabalho de pesquisa teve início há 9 anos e já resultou na publicação de um livro – “A Modelagem sob a ótica da ergonomia”, além de várias apresentações em passarela ao longo dos anos. Este ano, ela conta com o apoio do Centro Universitário Belas Artes e três desfiles irão acontecer dentro da VI Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação e Inclusão (ReaFashion), nos dia 13 e 15 de abril, às 18:00 e 15:00 horas, respectivamente. A versão deste ano irá enfatizar a moda Brasil-Espanha, apresentando roupas modeladas dentro das mais modernas técnicas ergonômicas para cada categoria de deficiência e, assim, atender maior número de PPD’s. Além do desfile das peças criadas por Fátima, a estilista com deficiência visual Marilia de Souza Tocalino irá se apresentar ao mercado, mostrando sua coleção, especialmente desenvolvida para gestantes. O estilista Geraldo Lima também irá apresentar seu trabalho, apresentando roupas que atendem às necessidades do deficiente visual. Em seguida, serão realizadas palestras com conteúdo multidisciplinar, abordando temas voltados à moda e ao vestuário do portador de deficiência. Pode-se afirmar que, hoje, o Brasil apresenta um diferencial na confecção da moda e do vestuário ergonômico. Para o sucesso do evento, a Fundação espera poder contar com o patrocínio de empresas com responsabilidade social e gostaria de obter a sua adesão. Com este evento e sua participação, temos certeza que estaremos abrindo espaço para novos estilistas portadores de deficiência física. Para maiores Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 71 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional informações, favor entrar em contato com Fátima através do e-mail [email protected]. Para que o design ergonômico na roupa íntima? Num sentido muito mais amplo, o homem deve interagir com a sua roupa de forma ainda mais intensiva que com o seu ambiente de trabalho – enquanto a maioria das pessoas têm dias de folga com certa freqüência, nos quais não entram em contato com seus utensílios de trabalho, são poucos os dias em que é possível andar completamente nu... Apesar de que algumas das vestimentas exteriores também podem ser altamente anti-ergonômicas (por exemplo roupa muito ajustada ou muito dura), a peça individual mais importante de roupa com a qual um homem entra em contato todos os dias é a sua roua íntima. Por isso usar a roupa íntima errada pode ser uma razão escondida para muitos problemas, tais como • • • • incomodidade durante reuniões longas ou viagens coceira durante caminhadas ou prática de esportes inclusive dor se houver pressão sobre os testículos situações embaraçosas en público. Este é um exemplo clássico da importância no design ergonômico nas empresas: Um chefe perguntava para si porque razão um dos seus assistentes levantavase continuamente para tomar café, ir ao banheiro e conversar com seus colegas. Depois de uma investigação realizada por um especialista em ambientes de trabalho descobriu que a verdadeira razão da sua “inquietude” era a necessidade de levantar de uma cadeira totalmente inadequada! O Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 72 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional estofamento estava completamente esmagado e o encosto estava solto. Nem sequer o assistente tinha consciência de que ele se levantava tantas vezes únicamente para descansar da sua cadeira. Quando a antiga cadeira foi substituída por uma ergonômicamente correta, o empreado reduziu suas interrupções para menos da metade. Se passarmos este exemplo para a roupa íntima, podemos chegar às mesmas conclusões – com a diferença de que nenhum especialista vai ter a coragem de perguntar que tipo de roupa íntima você está usando! ECTOMORFO MESOMORFO ENDOMORFO Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 73 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Mesomorfo, Endomorfo ou Ectomorfo: Qual o seu tipo físico? Desde que todos nós somos geneticamente diferentes, saber exatamente qual é o seu tipo físico pode ser uma grande ajuda para alcançar os seus objetivos mais rapidamente, se alimentando e se exercitando de forma mais apropriada. Geneticamente falando, existem 3 tipos físicos diferentes: mesomorfo, endomorfo e ectomorfo. Você é na verdade uma mistura desses 3 tipos físicos, mas sempre existe a predominância de um deles em particular. O seu tipo físico "principal" vai ser aquele no qual você mais vai se identificar. Então vamos ver qual é o seu tipo físico: MESOMORFO São aqueles mais bem dotados geneticamente falando porque são mais pré-dispostos a terem maiores ganhos musculares. Geralmente tem um visual mais atlético e sarado, tem boa postura e são simétricos. Mesomorfos são conhecidos por ganharem massa muscular muito mais rapidamente do que a maioria das pessoas e da mesma forma podem perder gordura rapidamente seguindo uma dieta apropriada. Para os bodybuilders e para os fanáticos por fitness essa é uma excelente notícia! Dicas de treinamento para o MESOMORFO: O melhor treinamento com pesos para o mesomorfo é aquele com cargas muito pesadas e feito de forma explosiva (com muita força e muita intensidade). Super sets, Drop Sets, Séries Negativas e outras técnicas avançadas e treinamento são muito úteis para os mesomorfos que vão proporcionar excelentes ganhos de massa muscular. Mas é muito importante sempre descansar e intercalar os treinamentos para evitar a todo custo o overtraining. Os treinos cardiovasculares devem ser feitos 2-3 vezes na semana por aproximadamente 20-30 minutos por sessão. A intensidade deve ser moderada a alta para objetivos de queima de gordura. Se você se identificou com o tipo físico mesomorfo é muito importante que não se exceda nos exercícios cardiovasculares porque eles podem fazer com que você perca massa muscular magra se forem feitos durante muito tempo e/ou com muita frequência. Dicas de dieta para o MESOMORFO: Proteína é a chave para os mesomorfos! Procure ingerir proteínas de alta qualidade ao longo do dia com uma quantidade moderada de carboidratos (de preferência aqueles com baixo índico glicêmico) e gorduras. O mesomorfo deve evitar variações de peso para ganhar/reter massa muscular. Adotando uma dieta nutritiva e evitando alimentos com pouco valor nutricional o apetite e os níveis de energia ficarão estáveis proporcionando uma saciedade e evitando o desejo de comer besteiras como balas, doces, etc. ENDOMORFO As pessoas com esse tipo corporal são geralmente mais pré-dispostas a um maior acúmulo de gorduras. Conhecidas por terem um visual menos definido, é mais difícil para elas conseguirem um corpo em forma através de exercícios e dieta. A boa notícia é que a estrutura óssea dos endomorfos é larga e forte. Isso pode ser uma vantagem no seu esforço em ganhar massa muscular. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 74 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Dicas de treinamento para o ENDOMORFO: Ao escolher um tipo de treinamento, o endomorfo deve focar em aumentar seu metabolismo. Treinos em Circuito, Supersets, Séries compostas e outras técnicas são muito positivas. Não é recomendado o uso de cargas muito pesadas que vão limitar o número de repetições a serem feitas. A faixa entre 10-15 repetições é a ideal para os endomorfos. É indicado pouco tempo de descanso entre os sets de exercícios para se manter dentro da sua zona de batimento cardíaco alvo. Já que o endomorfo é conhecido pela sua tendência de acumular gordura corporal, o treino cardiovascular deve ser feito com regularidade. Se você se identificou com o tipo físico endomorfo saiba que o uso de monitores cardíacos é muito útil na sua rotina de exercícios. Eles vão permitir com que você se mantenha exercitando dentro da sua zona de batimentos cardíacos alvo para maximizar a perda de gordura. Para achar sua zona de batimento cardíaco alvo, diminua sua idade de 220 e multiplique o resultado pela porcentagem determinada para atingir seus objetivos. Se você quer saber mais sobre as zonas de batimento cardíaco alvo leia o artigo "Monitores de Frequência Cardíaca: Deixe seu coração guiar seus treinos!!" Dicas de dieta para o ENDOMORFO: Todos nós precisamos fazer refeições menores e freqüentes ao logo do dia além das principais que já estamos acostumados a fazer (café da manhã, almoço e jantar). Essa regra não é uma exceção para os endomorfos! Muito pelo contrário, eles são os grandes beneficiados disso já que sabemos que refeições menores e mais freqüentes aumentam o metabolismo e mantém os níveis de energia mais estáveis. Certifique-se de comer pelo menos 5-6 refeições por dia.MRP (Substitutos de Refeição) e barrinhas de proteína vão te ajudar pela praticidade e pela qualidade nutricional, especialmente nas refeições menores entre as refeições principais. Existem excelentes Fat Burners (queimadores de gordura) no mercado que podem te ajudar a acabar com a gordura indesejada. Produtos como "Thermoburn" e "Fatloss" da Arnold Nutrition, "Fat Burners (Easy to Swallow)" da Universal Labs e outros produtos como o "Thermogenic Ripped" da Nutrilatina, que tem em sua fórmula o chá verde, sensação do momento, podem ser uma excelente alternativa para que você consiga perder a gordura mais rapidamente. ECTOMORFO Difícil de ganharem peso! Pernas e braços grandes, pequena porcentagem de gordura corporal e poucos músculos. Esses são os Ectomorfos. Enquanto que algumas mulheres não veriam problema nenhum em ter essas características, os homens geralmente tem uma visão diferente. Dicas de treinamento para o ECTOMORFO: Se você é um Ectomorfo, provavelmente seu maior benefício vai ser alcançado com cargas muito pesadas nos treinos com pesos. Você vai querer estimular os seus músculos muito intensamente para ter a resposta que quer em termos de ganhos musculares. Exercícios usando barras e halteres são ótimos para alcançar esse objetivo. Eles permitem que você use toda a amplitude de movimentos e geralmente são mais familiares ao corpo do que aqueles feitos nas máquinas. Dê um bom descanso entre os sets (2-3 min) para que com isso você reponha seus níveis de ATP e tenha forças para uma nova série de exercícios pesados. Malhar pesado exige Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 75 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional muito do seu organismo e dessa forma você vai precisar descansar o suficiente entre as sessões de treinamento. Os ectomorfos geralmente têm um metabolismo muito rápido e a queima de calorias é muito intensa. Dessa forma não se preocupe com exercícios cardiovasculares por enquanto. A menos que você faça atividades cardiovasculares por razões pessoais, você deve inicialmente se concentrar em ganhar massa muscular magra através do treino com pesos. Dicas de dieta para o ECTOMORFO: Lembre-se que a sua alimentação é responsável por pelo menos 70-75% de todo resultado do seu treinamento. Dessa forma mesmo que você seja naturalmente magro você precisa ingerir com freqüência alimentos de alta qualidade nutricional, saudáveis e completos. Sempre tome suplementos multivitamínicos e minerais. Existem outros suplementos que podem te ajudar muito, dentre eles os aminoácidos, os shakes de proteína e principalmente os hipercalóricos dentre os quais recomenda-se a linha Mega-Gym da Nutrilatina que foi desenvolvida especialmente para ajudar os Ectomorfos no ganho de massa muscular. Observações Finais: A busca pelo corpo perfeito não é uma tarefa fácil. Requer muito sacrifício, organização e disciplina. Esperamos que através desse artigo você tenha identificado o seu tipo físico e com isso consiga otimizar seus treinamentos e sua alimentação para alcançar seus objetivos mais rapidamente. Texto sobre visagismo, biótipo e estilo (Sylvana Cardoso) CONSULTORIA DE IMAGEM VISAGISMO A palavra visagismo é derivada do francês visage (rosto). É a arte de criar uma imagem pessoal que revela as qualidades interiores de uma pessoa, de acordo com suas características físicas e os princípios da linguagem visual (harmonia e estética), por meio da maquilagem, do corte, da coloração e do penteado do cabelo. Revela as características do rosto humano, quais são e como reconhecê-las: a estrutura e a anatomia da cabeça, os formatos de rosto, as proporções do rosto e do corpo, os diversos formatos das feições (olhos, boca, nariz, queixo, pescoço e ombros) e as cores das peles brancas e negras. BIÓTIPO O tipo físico que cada uma de nós tem. De acordo com ele, temos uma tendência natural a sermos baixas ou altas, mais cheias de corpo ou magras, de pernas compridas ou curtas. Basicamente, existem três biótipos: endomorfos (ou brevilíneos), mesomorfos (ou atléticos) e ectomorfos (ou longilíneos). Os nomes são pra lá de esquisitos, mas vale a pena conferir. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 76 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Comece dando uma espiada em sua mãe, sua tia ou sua avó. A genética sempre ela - tem a ver com essa história. Além disso, a partir dos 12 ou 13 anos, a menina já pode ter uma boa noção de qual é o seu tipo físico. Veja qual é o seu: Endomorfo: pernas curtas; estrutura óssea delicada; seios um pouco maiores que a média, rosto redondo. Cuidados: se você é assim ou tem um parente próximo com esse perfil, fique de olho na balança! Em geral, as mulheres desse tipo precisam tomar cuidado com a alimentação, pois tendem a se tornar rechonchudas e a acumular gordura no abdômen. Mesomorfo: pernas de comprimento médio, em geral, na mesma proporção que o tronco; seios de tamanho médio; rosto quadrado ou oval; quadris maiores que os ombros. Cuidados: se você é do tipo mesomorfo, ao ganhar alguns quilinhos extras, a tendência é de que se alojem nos seus quadris! Ectomorfo: pernas mais longas; estrutura óssea forte; seios pequenos; rosto oval ou em forma de coração. O peso é distribuído pelo corpo todo, sem tendência a se acumular aqui ou ali. ESTILO Você tem! Todos nós temos um estilo, mesmo aqueles que se consideram neutros possuem estilo. Estilo não é estar na moda; estilo vem de dentro pra fora, é individual e pode ser aprendido e adquirido com o passar dos anos. Buscamos tê-lo, mesmo que inconscientemente queremos transmitir uma mensagem de quem somos através de uma imagem não verbal: a aparência. Essas mensagens repetidas vezes, forma o estilo e permite que os outros a interpretem de tal forma. Para transmitir uma boa imagem, o ideal é aliar bom senso com estilo próprio. É importante não copiar o estilo de ninguém, mas sim descobrir o seu e lidar com a moda apenas buscando nela aquilo que se encaixa em seu estilo e corpo. Seguindo a moda à risca, ficamos todos iguais, com a mesma cara; ao contrário, respeitando nosso estilo, nos individualizamos e firmamos nossa própria personalidade transmitindo assim uma imagem consistente de quem somos. Existem sete padrões internacionais de estilo. Toda pessoa é formada por um predominante e dois diluídos. São eles: Esportivo/Natural, Tradicional, Elegante/Clássico, Romântico, Sexy, Criativo e Moderno. Tente identificar o seu!Esportivo: Preferem as roupas mais confortáveis e funcionais. Sua mensagem é amigável, jovem e alegre. Tradicional: Em geral relacionam roupa com necessidade. Transmitem uma mensagem mais conservadora, de respeito e autoridade. Elegante: Vestem-se para brilhar, preocupam-se com o glamour do que vestem. A mensagem é de refinamento, de uma pessoa culta e bem sucedida. Romântico: Lida com a sensualidade de maneira doce e leve. A mensagem transmitida pode ser de muita feminilidade. Sexy: Buscam chamar a atenção e transmitem uma mensagem sexy, poderosa (o) e desejável. Criativo: Vestem-se de forma original e independente. Sua mensagem é divertida, alegre e animada. Parece fácil identificar nosso próprio estilo, mas não, exige muito conhecimento de quem somos e uma análise minuciosa. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 77 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional BIBLIOGRAFIA LACERDA, E. Segurança do trabalho: ergonomia. Curitiba: Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Agrárias. Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal, 2007. 12p. Curso de Ergonomia Aplicada – Teoria e Prática – Kamilla F. O. Sartori Ergonomia: fundamentos da prática ergonômica – Rodrigo Pires do Rio e Licinia Pires Ergonomia Aplicada ao Trabalho em 18 lições – Hudson de Araujo Couto Ergonomia Prática – Jan Dul e Bernard Weerdmeester Manual de Ergonomia no escritório – Qualitymark Editora Ltda. Manual de Ergonomia em Casa - Qualitymark Editora Ltda. Atualidades em Ergonomia Logística, Movimentação de Materiais, Engenharia Industrial, Escritório – Antonio Francisco Abrantes – IMAM Ergonomia no vestuário: conceito de conforto como valor agregado ao produto de moda – Gonçalves, Eliana – UDESC;Lopes, Luciana Dornbusch – UDESC. Aldrich, W. (2004). Metric Pattern Cutting. Oxford: Blackwell Publishing. Arezes, P., Barroso, M., Cordeiro, P., Costa, L., Miguel, A. (2006). Estudo Antropométrico da População Portuguesa. Lisboa: Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho. Grave, M. (2004) A Modelagem sob a ótica da Ergonomia. São Paulo: Ed. Zennex Publishing. Heinrich, D. (2005). Modelagem e Técnicas de Interpretação para Confecção Industrial. Novo Hamburgo: Feevale Editora. Iida, I. (2005). Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo: Ed. Edgard Blücher. Rebelo, F. (2004). Ergonomia no dia a dia. Lisboa: Edições Sílabo. Size Germany: The German Sizing Survey Project (2006). Publication manual. Berlin. W, Y. (2004). Clothing Appeareance and Fit: Science and Technology. Cambridge: Woodhead Publishing Ltd. Wang, Q. e Ressler, S. (2005, junho). A Tool Kit to Generate 3D Animated CAESAR Bodies. Trabalho apresentado no Digital Human Modeling for Design and Engineering (DHM), Iowa City, Iowa. Winks, J. (1997). Clothing Sizes: International Satandardization. Manchester: Redwood Books. Wisner, A. (1987). Por dentro do trabalho: Ergonomia: Método e Técnica. São Paulo: FTD Editora. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 78 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional APOSTILA DE DESENHO BÁSICO Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 79 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional ÍNDICE -MÓDULO 1 1.A INICIAÇÃO AO DESENHO ----------PÁG 81 -MÓDULO 2 2.AS FORMAS BÁSICAS----------PÁG 87 -MÓDULO 3 3.USO DO LÁPIS----------PÁG 93 -MÓDULO 4 4.O DESENHO E AS SUAS FUNÇÕES----------PÁG 96 -MÓDULO 5 5.TÉCNICAS DE DESENHO BÁSICO----------PÁG 101 -BIBLIOGRAFIA----------PÁG 110 Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 80 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional MÓDULO 1 1.A INICIAÇÃO AO DESENHO Tópicos: 1.1.O que é desenhar? 1.2.Um exercício de aquecimento 1.3.Aprendendo a traçar 1.4.O volume 1.5.Passo-a-passo Apresentação O desenho é por si só uma arte e, além disto, se encontra como o primeiro passo para inúmeras outras como a pintura, a escultura, arquitetura, cenografia e muito mais. Na verdade, todos podem desenhar desde que desenvolvam a capacidade de observação.Vamos iniciar aprendendo os primeiros passos técnicos. 1.1.O QUE É DESENHAR? Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 81 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 1.2.UM EXERCÍCIO DE AQUECIMENTO Usando uma prancheta como apoio, papel sulfite e lápis 3B, faremos um exercício de aquecimento. Inicie ilustrando de acordo com as letras do alfabeto: para A uma árvore, para B uma bola, para C uma casa, e assim por diante. Desenhe rápido sem se preocupar com o resultado.Esta atividade vai ajudar a desenvolver a criação. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 82 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 1.3.APRENDENDO A TRAÇAR Para que você alcance o domínio do desenho é preciso aprender primeiramente a traçar. O lápis, deslizando sobre o papel deixa um rastro, este rastro é a linha. Ainda usando o papel sulfite, trace linhas como no exemplo abaixo. Use folhas inteiras para cada tipo de traço:verticais, horizontais, oblíquas, cruzadas,... Naturalmente, no início do exercício estas linhas parecerão tortas e desalinhadas. Não desanime! A intenção maior é que a sua mão torne-se leve e firme para o desenho. Mesmo depois de tornar-se um artista, volte sempre ao traçado para adquirir cada vez mais, as noções de paralelismo e perpendicularidade, tão necessárias em todas as representações artísticas. 1.4.O VOLUME Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 83 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 1.5. PASSO A PASSO 1.5.1 O Esboço: O desenhista deve sempre prestar atenção às formas do seu modelo. Cada objeto adquire um formato especial, cujo aspecto o define como unidade. Observe como algumas linhas de construção irão lhe facilitar o desenvolvimento do desenho. Procure traçar com a mão leve, sem marcar o papel. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 84 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 1.5.2. O sombreamento 1.5.3 Acentuando os tons Com o grafite 6B acentue os tons em determinadas partes do desenho, dando um efeito de sombras e volumes. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 85 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 1.5.4.O ACABAMENTO Utilize todos os recursos que aprendeu neste módulo: linhas, sombras, texturas, sem se prender apenas a um ou a outro conhecimento. Cada artista deve estabelecer suas normas próprias de criação do esboço e depois de valorização do desenho. Quanto mais você treinar, mais fácil será a execução dos trabalhos. O mais importante é enriquecer a sua arte e desenvolver a criatividade. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 86 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional MÓDULO 2 2.AS FORMAS BÁSICAS Como você pode ver abaixo, basicamente podemos desenhar qualquer coisa, tendo em mente 4 formas geométricas básicas. Circular - Triangular - Cilíndrica - Quadrada Destas formas podemos criar inúmeras outras, chamadas de formas derivadas. Os grandes mestres das artes visuais, não possuem segredos ou fórmulas mágicas, que os tornam hábeis desenhistas. Porém existe um fator em comum entre a maioria dos grandes desenhistas e artista. A persistência, a paciência, e treinamento constante. Como diria o grande e famoso inventor Thomas Edson, inventor da lâmpada elétrica, devemos ter um por cento de inspiração e noventa e nove de transpiração, e esta regra, também se aplica as artes visuais, portanto treine e muito. Faça este treinamento de rabiscos: Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 87 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Com estes rabiscos acima e outros que você faça, os traços a mão livre ficarão cada vez mais fáceis e rápidos. Note as linhas retas e as curvas. Partindo destes simples traços, você poderá desenhar outras formais tais como, os retângulos, ovais, elipses, curvas diversas, pirâmides, círculos etc. Veja exemplos abaixo. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 88 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Se você prestar atenção nos objetos, pessoas e animais, a sua volta, perceberá que todas possuem uma ou mais formas geométricas básicas, agrupadas ou não. Por exemplo, um Pingüim nos lembra ou possui uma forma semelhante a de um pino de boliche, desta forma ficará mais fácil começar a desenhá-lo. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 89 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Veja abaixo exemplos de formas básicas, comece pelos traços básicos e simples, veja o quanto mais fáceis estes desenhos serão feitos. Desenhe estes exemplos abaixo. Nesta primeira fase, faça-os a mão livre sem o uso de gabaritos ou réguas. Como você pode perceber, os desenhos são na realidade, sobreposições e uniões de formas geométricas trabalhadas e aperfeiçoadas, sendo finalizadas Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 90 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional com um acabamento, que lhes dará originalidade e beleza. O segredo para se chegar lá é treinamento constante. Composição de uma paisagem simples Nesta primeira fase, vamos fazer desenhos simples e rápidos, não faça o contrário, desta forma você irá aprendendo a fazer as mais diversas figuras, de um modo fácil. Com o passar do tempo e progresso pessoal, você poderá desenhar o que quiser, mesmo sem a ajuda das linhas bases ou rabiscos, também chamados de croquis.Tudo é questão de tempo e treino. Neste exemplo acima, iniciei pelas formas e linhas básicas, que são as curvas e as retas, a mão livre e régua para a linha do horizonte . Tente fazer o mesmo. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 91 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Nesta fase, começo a dar as formas e detalhes da paisagem, seguindo a formas e linhas básicas. Conforme você for desenhando, vá apagando as linhas de construções. Desenho finalizado, sem a coloração. As formas básicas e linhas ajudaram neste processo, pois são práticas e de grande importância. Grandes mestres dos quadrinhos, pintura, animação etc, começam seus trabalhos seguindo este processo. Faça o mesmo. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 92 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional MÓDULO 3 3.USO DO LÁPIS 3.1.Uso do lápis – parte 1 Temos vários detalhes para “falar” sobre o uso do lápis, como, qual marca é a melhor, qual graduação uso, como manuseio o lápis? “…Primeiro, é preciso entender as gradações do grafite e seus códigos. As letras H (do inglês “hard”) dizem respeito a grafites mais duros. Por isso, há o lápis H e, à medida que os números crescem, para 2H, 3H e assim por diante, vai aumentando a dureza do grafite, que assim produzirá sombras cada vez mais claras. São lápis usados para sombreados mais suaves ou traços bem delineados quando bem apontados. Mas devem ser usados com cautela e mão leve, porque marcam e sulcam o papel devido à sua dureza. Se soubermos usá-los com suavidade, serão muito adequados para delinear os esboços de um desenho em papel definitivo. Também são estes os lápis mais apropriados para superfícies mais resistentes como paredes ou pedras. As letras B (do inglês “black”) dizem respeito a grafites mais macios e escuros. Da mesma forma, à medida que os números crescem, aumenta a maciez e portanto a capacidade de escurecimento do grafite. São lápis usados para as sombras mais escuras. O lápis HB tem amplo uso e se situa na gradação intermediária, nem muito duro nem muito macio. É encontrada também a letra F (do inglês “Fine”), fazendo referência à ponta fina. São lápis indicados para contornos, usados bem apontados. Sabendo disso, o ideal é que cada um procure ver como se adapta melhor conforme o uso. Pessoalmente, para obter sombras lisas e homogêneas, utilizo primeiro os lápis mais duros (uso apenas do H para os mais macios), preenchendo com uma sombra bem clarinha o desenho todo de forma igual (chapada) excetuando a área de luz. Mesmo com o lápis H, alguns papéis agarram tão bem o grafite que é preciso ter a mão bem leve (para isso é bom segurar no meio do lápis e deixá-lo cair com o prório peso, sem impor o peso da mão). Quando percebo que o grafite começa a não fazer muita diferença ou que estou começando a fazer força demais e marcando o papel, passo ao lápis mais macio. Recomeço o mesmo processo e vou passando aos grafites mais escuros até o fim, a cada nova camada mantendo o sombreamento mais distante da área de luz, assim determinando o degradê. Para evitar as indesejáveis marcas de traços no sombreado (eventualmente indesejáveis, já que traços podem ser úteis em texturizações), mantenho o lápis sempre brandamente apontado. Isso significa apontar mas deixar ao menos um pouco arredondado na pontinha mais extrema, para que o lápis não sulque o papel e nem deixe marcas mais escuras aqui ou ali. As marcas que costumo recomendar são Bruynzeel, Cretacolor, Mitsubishi ou Faber Castell Alemão (jamais o Regent). Não parece, mas um lápis pode fazer Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 93 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional toda a diferença na obtenção de um resultado satisfatório. Até mesmo quem tem total domínio e muita prática pode sofrer com um lápis de má qualidade. Alguns lápis (mesmo os melhores, como o Cretacolor ou o até recomendável Koh-I-Noor) podem apresentar pequenos cristais no grafite, o que faz com que se perceba durante o desenho que o lápis parece não estar riscando, e sentimos uma textura diferente, um certo atrito. Nesses casos, só podemos nos resignar e ir experimentando outras marcas. Caso sua sombra apresente pequenas manchinhas mais escuras, isso provavelmente não se deve ao grafite, se ele for de boa qualidade. Podem ser micro-resíduos de borracha. Por isso, procure limpar bem o papel antes de sombrear. Para retirar ou corrigir sombreado, usa-se o limpa-tipos (uma massinha antigamente usada para limpar os tipos de máquinas de escrever). As marcas que recomendo são Milan (o melhor) e Cretacolor. Não recomendo nenhuma das outras, mesmo as mais elegantes marcas importadas, podem ser terríveis e gordurosas. A massa deve ser usada com pequenas e leves batidas contra o desenho, de forma que ela arrancará o grafite, que grudará na massinha. Pode-se usar também friccionando (não como a borracha; passa-se a massa uma só vez e ela já retira muito grafite), mas é arriscado e melhor usar assim apenas em casos em que se quer retirar toda a sombra. Quando se sombreia novamente onde o limpa-tipos foi friccionado, podem surgir marcas por causa de resíduos. Isso não ocorre quando apenas batemos a massa no papel. O limpa-tipos deixará marcas disformes se usarmos sem modelar, por isso procuro modelá-lo com a mão criando uma crista bem fininha e batendo essa crista no mesmo sentido do traço de grafite, assim é possível retirar o grafite traço por traço. Isso é excelente para pequenas correções de imperfeições. À medida que aquela região da crista da massinha fica saturada de grafite, é preciso remodelar a massinha, fazendo-se nova crista com massa limpa.” 3.2. Uso do lápis – parte 2 O lápis é a ferramenta mais fácil de encontrar no mercado para voce iniciar e aprofundar nesta técnica. A globalização unida com a internet nos possibita ter no mercado os lápis necessários do iniciante ao profissional. No entanto o uso do lápis de forma correta é pessoal, mas toda orientação a mais sempre é bem vinda. Impera para que fim voce o quer, assim vou colocar abaixo, o que outros profissionais indicam para os autodidatas, iniciantes, médios e até avançados. Hs ou HB – para criar a grade ou quadriculado para desenhos realisticos pela precisão no traço. Facilmente desaparece ao realizar a sombra. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 94 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 2B – ideal para um esboço por realizar traço claro com maciez. Facilita no croquis deixar inumeros os traços auxiliares e caso queira apagar não ficará um “traço fantasma”. 6B – é o mais solicitado para uso em provas de vestibulares. Auxilia a dominar a pressão do lápis no papel, seja no croqui ou no jogo de luz e sombra. Gera inumeros efeitos dependendo do papel escolhido. Bs – são mui úteis, entraram quando as necessidades da sua motivação requisitá-los. Manuseio - aponta-lo com estilete, mas crianças devem usar o tradicional apontador. Use a ponta para realizar croquis, em partes do desenho que exija traços ou linhas, como sobrancelhas, cilios, cabelos,… texturas de tecido, penas e até pontos. Deitado é ideal para sombrear areas grandes e com variação de pressão no papel. Tenha cuidado com a madeira próxima da mina do grafite, ela pode arranhar o papel gerando uma textura extra e indesejada no seu papel. Outra opção seria as minas maciças, que evitam estes danos. Materiais auxiliares – para esfumaçar ou sombrear podemos treinar muito e não usar nenhum auxilio ou usar esfuminho, algodão, guardanapo, pincel com cerdas macias, feltro,…Evite os dedos, pois a nossa pele tem gordura e ficará no papel, o que dificultará o uso do lápis e acabamento do seu desenho. 3.3.Desenho a mão livre e prova de aptidão O aluno ao realizar a inscrição para o vetibular, é que descobre a prova de habilidade específica para o seu curso. A maioria dos cursos para artes, tem o item de Desenho a mão livre. Nesta prova põe o candidato diante de um objeto e uma folha em branco para desenha-lo com lapis 6B. Irão avaliar: • • • • • croquis e desenhos elaborados; capacidade de observação, síntese, proporção, prespectiva, representação do modelo; desenho de memória e interpretação de temas; composição formal: figura, fundo, ocupação do papel; desenho a lapis e a caneta esferográfica. A preparação para esta prova deve ser de mínimo de 6 meses de antecedência. Leitura de livros indicados pela faculdade e o principal de tudo concentração e calma. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 95 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3.4.Uso do lápis de cor Existe mais de um tipo de lápis de cor, como o comum, aquarelável, nacionais e importados. O trabalho pode ser realizado com eles, porém a diferença de um e do outro refletirá no seu trabalho, tanto em tempo de execução e acabamento. Vamos a lista de material: - lápis de cor 48 cores; - papéis Canson A4; - estile para adultos ou/e apontador para crianças; - lápis 6B; - borracha maleável e lápis borracha. MÓDULO 4 4.O DESENHO E AS SUAS FUNÇÕES O homem pré-histórico marcou na rocha seres humanos, animais, plantas, elementos do seu mundo, expressando de uma forma intensa as suas vivências (fig. 1). As culturas da antiguidade como a Egípcia (fig. 2) e Grega, deixaram marcas da sua história registrada sob a forma de imagens desenhadas que nos oferecem meios para a compreensão do seu pensamento história e sabedoria. O desenho da idade média transporta-nos para o ambiente da época com as suas personagens ingênuas e espaços "impossíveis" por ausência da perspectiva (fig. 3). Figura 1 Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 96 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 2 Figura 3 No renascimento o desenho ganha pujança e força com as suas perspectivas sublimes e a sensibilidade grandiosa dos mestres da época. Cada cultura possui saberes, códigos e valores próprios e portanto condiciona os sistemas de comunicação. O desenho de cada período histórico é condicionado por aquilo que em determinado momento histórico é considerado verdadeiro e digno de importância. Veja-se por exemplo como varia a representação de um Cristo na arte Bizantina ou na da Idade Média, do Gótico ou da atualidade. Igualmente a representação da figura humana aparece com aspectos completamente diversos conforme as épocas históricas devido aos conhecimentos que se tinham ou não sobre a anatomia humana, ou os ideais de beleza do momento. Também de indivíduo para indivíduo, mesmo sendo contemporâneos, o caráter do desenho varia caracterizando a capacidade de representação, sensibilidade, personalidade e interesses de cada um. Mesmo desenhos do mesmo indivíduo, por vezes variam bastante de acordo com diversas condicionantes, como a experiência, vivências, estados de espírito, etc. Do ponto de vista do observador procura-se fazer a decodificação do que se vê representado, a partir do que se conhece do mundo, fazendo associações automáticas entre o que conhecemos da realidade e o que vemos representado. O receptor, aquele que analisa um desenho, também só Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 97 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional perceberá nele o que conseguir ou quiser entender. A cultura que cada um de nós possui, vai tornar-nos mais ou menos capazes de extrair "leituras" de uma imagem ou desenho. O tipo de sensibilidade, a disponibilidade e curiosidade para apreciar a imagem também conduzem a uma apreensão mais rica ou mais pobre. 4.1. O DESENHO DE SÍNTESE E DE ESBOÇO O desenho de síntese Normalmente os registros figurativos desenhados fazem-se dando um maior realce a certos aspectos da realidade visível e omitindo outros. O caso extremo desta afirmação será por exemplo o de uma caricatura. O que nos é oferecido ver sobre a pessoa caricaturada é uma "síntese" dessa pessoa em que alguns dados são omitidos propositadamente e outros são realçados e exagerados provocando-se deliberadamente a chamada de atenção para os aspectos que se julgam fundamentais e que se querem transmitir. O desenho para determinados fins de estudo como por exemplo na botânica, zoologia, etc., usa também este critério de eliminar alguns aspectos da forma observada e dar apenas realce aos aspectos que se querem transmitir. Omite deliberadamente alguns elementos fazendo uma síntese do que é considerado essencial no objetivo de estudo. O artista desenhista também omite, consciente ou inconscientemente determinados aspectos da realidade que está a representar, tornando outros mais vincados (fig. 11). Mesmo que uma imagem se aproxime imenso do fato ou personagem retratados, ela não é mais do que uma "ilusão" dessa realidade e como tal uma das representações possíveis dela. Neste sentido o desenhista faz uma síntese do que vê e representa apenas o que pretende transmitir. É neste fato que reside acima de tudo o grande e verdadeiro poder do desenho, o de "manipular a realidade" dirigindo a atenção do observador para os fatos que se pretendem transmitir. É o artista que livremente escolhe e expõe o que julga essencial expressar. Figura 8 Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 98 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 9 Figura 10 Figura 11 Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 99 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O desenho de esboço Certos analistas da arte referem mesmo o desenho como base das artes visuais. O desenho de esboço está sempre presente no atelier de quem projeta. É a partir dele que os pintores, arquitetos (fig. 14), designers, trabalham. Pensam, recolhem dados, fomulam hipóteses, projetam. Cineastas, coreógrafos, cenógrafos, fazem constante uso dele no decurso do seu trabalho de concepção e nos projetos que elaboram. O recurso ao desenho esquemático, ao esboço, é feito praticamente por todas as pessoas, quando individualmente ou em grupo, organizam raciocínios, fatos, constatações, estudos, percursos e fases de trabalho. Figura 12 Figura 13 Figura 14 Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 100 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional MÓDULO 5 5.TÉCNICAS DE DESENHO BÁSICO 5.1.É tudo uma questão de pratica e dedicação... Como desenhar...poucas pessoas sabem faze-lo maravilhosamente a primeira vez que pegam num lápis ou um pincel. Para a restante maioria das pessoas, é uma questão de aprendizagem e não um dom. Pintar e desenhar são atividades que têm que ser estudadas e praticadas, assim como se aprende um novo desporto, uma nova língua, montar bicicleta ou escrever novelas. É tudo uma questão de pratica e dedicação. E é precisamente a pratica, o que faz a diferença entre um artista médio e um grande artista. Dedicação Se quiser ter sucesso, é recomendado não só conhecer como desenhar, mas o mais importante, dedicar tempo á pratica do desenho e pintura pelo menos duas vezes por semana. Algumas pessoas gostam de desenhar e pintar sobre uma superfície plana, como uma mesa ou secretaria outros preferem o cavalete e a facilidade de manipulação do mesmo para colocar a folha ou tela em qualquer posição… Isto é mesmo uma questão de preferência e hábito. No entanto por experiência própria posso dizer que se o seu intuito é começar a desenhar para depois passar á pintura a óleo ou pastel, o mais conveniente é se habituar desde o início ao cavalete. Bloco de rabiscos. Um fabuloso habito, para quem quer levar o desenho a sério é adquirir um bloco de rabiscos que possa levar a qualquer sítio. Observe tudo a sua volta, tentando descobrir as formas básicas por detrás de cada figura, veja como a luz se projeta sobre os objetos, observe as sombras, as proporções, os pontos de fuga das imagens em perspectiva e reproduza o que vê, no seu bloco. Em quanto espera no médico, no autocarro, no transito, nas ferias, em fim, qualquer momento é bom. Desenhe os objetos da sua casa, copie imagens de fotografias, desenhe as suas próprias mãos, os seus pés, a sua imagem do espelho…As oportunidades de praticar ficam só limitadas pela sua imaginação. Faça exercícios...Da mesma forma que qualquer desportista, apresentador de televisão ou cantor, faz exercícios de aquecimento e descontração antes de iniciar a sua atividade … Antes de iniciar as suas aulas semanais, faça exercícios de aquecimento com as mãos a fim de descontrair os músculos do “desenho” e criar um fluxo de energia criativa entre o seu cérebro, os seus olhos, a sua ferramenta de desenho e a superfície de trabalho. 5.2.Desenho por encaixe A tecnica de desenho por "encaixe" é o procedimento de desenho, mais fácil, rápido e simples de utilizar, que consiste em encerrar Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 101 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional numa figura geométrica ou combinação de varias formas simples, a figura de qualquer objeto seja ele plano ou corpóreo. Quase todas as formas podem ser representadas desta maneira.: reduzindo-o a sua estrutura geométrica. Esta forma geométrica que envolve ou contem o objeto, podemos dizer que atua como uma caixa, dali a denominação encaixe ou encaixar Nos exemplos a seguir podemos observar como as figuras ou objetos correspondem a estruturas geométricas tais como, um triângulo, um círculo, um cone e um cubo...ou a combinação de varias figuras geométricas. Se observarmos ao nosso redor podemos comprovar atraves de inúmeros exemplos como as formas reais encaixam em figuras geométricas e combinações de formas básicas como: triângulos, quadrados, retângulos, elipses, esperas, cilindros, cubos e cones. Nos exemplos anteriores observamos como os objetos "encaixam" perfeitamente em certas figuras geométricas. O gelado, por exemplo, insere-se num cone e num circulo. Por tanto se iniciarmos o nosso desenho fazendo estas figuras geométricas basicas, será muito mais fácil a seguir, "embelezar" a forma básica e desenvolve-la até ficar como um gelado. A folha, insere-se prefeitamente num triangulo, pelo que se torna muito fácil apos desenhar a forma básica geométrica, reproduzir as curvas da folha e representa-la com as proporções corretas. Um exercício importante que aconselhamos, a fim de desenvolver o seu sentido de observação e educar a sua visão, é desenhar tudo o que lhe apetecer, aplicando este método. Verá como com tempo e pratica será extremamente fácil representar sem dificuldades. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 102 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 5.3.Forma e Tamanho-A relação das proporções dos objetos. A forma e tamanho dos objetos nos permitem reconhece-los e diferencia-los uns dos outros. Observando a Figura A-1, podemos concluir que o único fator em comum entre eles, é que todos são cogumelos. No entanto, cada um possui caracteristicas diferentes nas suas proporções que nos permite diferencia-los entre si. A relação entre as alturas, as grossuras dos "troncos" e as “cabeças” determinam a forma de cada um de eles respeito aos outros. Quando desenhamos, devemos observar minuciosamente o modelo e estabelecer adequadamente a relação de proporções entre os distintos elementos que o conformam a fim de representa-los corretamente. Se assim não o fizermos, estaremos a representar uns objetos parecidos aos modelos, mas não os objetos com as formas reais e corretas. No entanto, se calcularmos e mantivermos a relação de proporção com o modelo, estaremos definindo a sua forma e tamanho e representando-a corretamente mediante o desenho. Vejamos por exemplo, a Figura A-2. As proporções das dimensões A e B dos cogumelos não são iguais aos representados na Figura A-1. Estes desenhos por tanto, não possuem as mesmas proporções. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 103 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 5.4.Luz e Sombra- São os elementos basicos para produzir o efeito de Volume nos objetos.. Num desenho em duas dimensões, a luz e a sombra são elementos que definem e caracterizam o volume do objeto. O volume é em conjunto com a forma outro dos aspectos que distingue os objetos que nos rodeiam. Este depende da luz que recebe, e por consequência das sombras que este produz. A definição correta do volume dum objeto se consegue atraves da valorização exata das intensidades das suas sombras. Podemos definir dois tipos de sombras, as próprias e as projetadas. As sombras próprias são as que origina o objeto em si próprio e as projetadas são aquelas que ele produz nas superfícies vizinhas. Também se deve ter em consideração os reflexos produzidos pela luz, que projetam as superfícies ou objetos vizinhos já que estas aclaram a sombra própria. Entre a luz e a sombra há uma zona de transição ou de “meia sombra” que pode variar em extensão dependendo da intensidade da luz. No exemplo da Figura A-1, distinguimos dois objetos com a mesma forma, tamanho e proporção, no entanto um representa um circulo e outro uma esfera. O circulo passou a ser um elemento bidimensional, a parecer um elemento tridimensional, com volume. A diferença entre os dois objetos é conseguida neste caso pelo efeito da luz e da sombra. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 104 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 5.5.Perspectiva A perspectiva é um sistema matemático que permite criar a ilusão de espaço e distancia numa superfície plana. Neste pequeno gráfico podemos ver o funcionamento de uma projecção que resulta numa perspectiva e onde se mostram os elementos que a definem Perspectiva simples ou com um ponto de fuga Numa perspective simples ou de um ponto de fuga, todas as linhas de um objeto ou desenho apontam a um ponto colocado na linha do horizonte. Neste caso o observador está situado por cima da linha do horizonte. Na Figura 2, a linha do horizonte esta a altura do olho do observador. Na Figura 3, o observador esta situado abaixo da linha do horizonte. Quando alteramos a altura da linha do horizonte, o ponto de observação e o ângulo de observação, obtemos efeitos interessantes nos desenhos. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 105 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Perspectiva com dois pontos de fuga. No caso duma perspectiva realizada com dois pontos de fuga, cada cara da figura (neste caso o quadrado) se estendem com linhas imaginarias que se unem em dois pontos de fuga localizados a ambos lados do objeto e sobre a linha do Horizonte. Bem seja que o observador esteja acima da linha do horizonte ou abaixo da mesma. No desenho a seguir temos um plano representado na cor magenta que representa a plano de quadro. Isto é, a folha onde iremos representar a perspective do modelo. Neste caso os pontos de fuga ficam localizados fora do plano. Se colocarmos os pontos de fuga dentro do plano de quadro ou dentro da nossa folha, a figura parecerá deformada. Os dois desenhos são ligeiramente diferentes. No primeiro o observador se encontra mais afastado do modelo, no segundo se encontra mais perto. Estes efeitos podem ser estudados de forma a proporcionar certos efeitos de impacto nas perspectivas. Tudo depende do dramatismo que se pretende impor á composição. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 106 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Perspectiva com três pontos de Fuga Podem ser utilizados um infinito número de pontos de fuga em qualquer cena. O número de pontos de fuga, dependerá do número de planos que possua o modelo. Este tipo especifico de perspectiva com três pontos de fuga, surge quando o observador esta localizado muito acima ou abaixo da linha do horizonte e por tanto os planos verticais também sofrem deformação. 5.6.Composição - Conceitos Básicos. Regras e padrões para criar equilibrio e harmonia Composição refere-se a colocação ou distribuição dos elementos que conformam a superfície do quadro de uma forma perfeita e equilibrada. Seja qual for o estilo artístico a que pertence uma obra, a técnica de execução da mesma ou a vertente artística do autor, todas elas têm em comum certos elementos como: linhas, tons, cor, luz, sombras, etc. É a correta e equilibrada organização desses elementos sejam eles objetos ou espaços vazios, seguindo certos padrões e princípios, o que denominamos composição. Poderíamos dividir a composição em dois tipos básicos: clássica e livre. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 107 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Composição clássica: Consiste em elementos estáticos procurando o seu equilíbrio a traves da simetria. Composição livre: Supõe uma ruptura do equilíbrio estático das obras.O principal ponto a considerar ao compor um quadro é definir se os elementos que a conformam serão realistas ou não e a seguir, procurar fazer um conjunto harmonioso de tons, texturas e cores, colocando os objetos em diferentes planos de forma a obter o efeito de profundidade e jogar com todos esses elementos seguindo certas regras e padrões a fim de obter um peso visual harmonioso e equilibrado Os elementos básicos dentro de uma composição são: O ponto, a linha, o contorno e a forma, a textura, o tom, a cor, a luz. O equilíbrio na composição Todos os elementos que conformam uma composição, devem ser colocados de maneira que se relacionem entre eles, e dentro do conjunto criando ritmos, tensões, direções… Para obter o equilíbrio numa composição há vários atributos que devem ser conseguidos com sucesso O ritmo, o peso, a tensão, a direção, o tamanho e a Escala, o ponto de vista e a proporção. Harmonia na composição. Harmonia pode ser consequência da correta aplicação de certos padrões que aplicados ao desenho de forma correta farão de uma pintura, uma obra de arte. - Equilíbrio simétrico ou assimétrico, aplicação da regra dos terços, movimento sugerido, ênfases, unidade, repetição, escala e contraste. Os princípios gerais da composição. De uma forma geral podemos dizer que há certos princípios que definem - Cada obra é um conjunto de elementos que conformam uma unidade. - Cada elemento tem um valor - O valor de cada elemento depende da sua força de atração. - Um elemento perto do bordo é mais atraente. - Cada secção do quadro tem um poder de atração. - Cada secção de um quadro tem um peso visual. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 108 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional - Um elemento num espaço vazio tem mais força quando colocado junto a outros elementos. - Um elemento preto num espaço branco tem muita mais força. - O valor do branco ou do preto é proporcional ao tamanho do espaço que faz contraste com ele. -Um elemento em primeiro plano tem menos peso que o mesmo elemento colocado á distancia. -Dois ou mais elementos associados podem ser reconhecidos como um. Nesta introdução ao tema, enumeramos os elementos básicos de uma composição, as regras do equilíbrio e a harmonia e certos princípios gerais. No entanto, considerando a importância e amplitude deste tema, sugerimos que a pesquisa e o treino constante do desenho básico. (para compreender melhor o desenho) Exercícios: 1. Faça vários retangulos para preencher. O primeiro com movimentos circulares, mantendo a mesma pressão e preenchendo todo espaço branco da area do retangulo. 2.Agora pinte outro controlando a pressão, usando apenas uma cor.conseguimos vários tons, por meio do controle de pressão, que seria sua mão pressionando pouco ou muito o lápis sobre o papel. 3.A seguir faça outro realizando um degradê. Inicie com pressões fortes, médias e bem suaves. 4. Utilize um círculo como se simbolizasse uma laranja para estudar sobre posição de cores, use primeiro o marrom, depois amarelo, vermelho, verde, preto e marrom novamente. Siga o modelo de uma laranja. Dicas Evite o excesso do uso de borracha, mas caso precise dela, use a borracha maleável por não ferir a sua folha. O lápis amarelo e demais cores mui claras, exige que clarei o máximo o seu esboço , pois o contato com o grafite borra e pode estragar a sua obra. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 109 Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional BIBLIOGRAFIA GOMBRICH, E. - A imagem e o olho - Ed. Alianza Forma. EDWARDS, B. - Aprender a Dibujar con el lado derecho del cerebro Ed.Blume. BETTY, C., SALE, T. - Drawing, A contemporary approach - HBJ. FRANKASTEL:, P. - Imagem, visão e imaginação. GOMBRICH, E. - Arte e ilusão - Ed. Martins Fontes. ARNHEIM, R. - Arte e Percepção Visual , Ed. 70. BOULEAU, C. - La Geometrie Secrete des Peintres, Ed. Charpentes. HAYES, C. - Peindre et Dessiner . Elsevier. MASSIRONI, M. - Ver Pelo Desenho - Ed. 70. DONDIS, D.A. - La Sintaxis de la Imagen - Ed. Gustavo Gili. BERGER, J. - Modos de Ver - Ed. 70. DORFLES, G. - Elogio da desarmonia - Ed. 70. ITTEN, J. - Art de la color - Ed. Dessin y Tolra. KANDINSKY, W. - Ponto, linha e plano - Ed. 70 GREGORY, R. L. - A Psicologia da Visão (O olho e o cérebro) - Ed. Inova. Técnico Integrado em Modelagem do vestuário 110 Hino Nacional Hino do Estado do Ceará Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante, E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da pátria nesse instante. Poesia de Thomaz Lopes Música de Alberto Nepomuceno Terra do sol, do amor, terra da luz! Soa o clarim que tua glória conta! Terra, o teu nome a fama aos céus remonta Em clarão que seduz! Nome que brilha esplêndido luzeiro Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro! Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte! Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece. Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada,Brasil! Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Do que a terra, mais garrida, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "Nossos bosques têm mais vida", "Nossa vida" no teu seio "mais amores." Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro dessa flâmula - "Paz no futuro e glória no passado." Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil! Mudem-se em flor as pedras dos caminhos! Chuvas de prata rolem das estrelas... E despertando, deslumbrada, ao vê-las Ressoa a voz dos ninhos... Há de florar nas rosas e nos cravos Rubros o sangue ardente dos escravos. Seja teu verbo a voz do coração, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte! Ruja teu peito em luta contra a morte, Acordando a amplidão. Peito que deu alívio a quem sofria E foi o sol iluminando o dia! Tua jangada afoita enfune o pano! Vento feliz conduza a vela ousada! Que importa que no seu barco seja um nada Na vastidão do oceano, Se à proa vão heróis e marinheiros E vão no peito corações guerreiros? Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas! Porque esse chão que embebe a água dos rios Há de florar em meses, nos estios E bosques, pelas águas! Selvas e rios, serras e florestas Brotem no solo em rumorosas festas! Abra-se ao vento o teu pendão natal Sobre as revoltas águas dos teus mares! E desfraldado diga aos céus e aos mares A vitória imortal! Que foi de sangue, em guerras leais e francas, E foi na paz da cor das hóstias brancas!