1
COMPARAÇÃO DO PERFIL DOS PACIENTES COM HANSENÍASE
POR MEIO DOS CONTATOS INTRADOMICILIARES EM UM CENTRO
DE REFERÊNCIA NO MUNICÍPIO DE GOVERNADOR VALADARESMG
COMPARING OF PROFILE OF PATIENTS WITH LEPROSY SECOND CONTACT
ROOMMATES IN A REFERENCE CENTER CITY OF GOVERNADOR
VALADARES-MG
1
2
3
4
Edilene Soares da Silva , Lívia Coimbra , Moara Zaíra Lopes de Souza , Shirley Alves de Lana ,
Sabrina Gomes Morais5
1- Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce
Valadares-MG. E-mail: [email protected]
2- Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce
Valadares-MG. E-mail: [email protected]
3- Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce
Valadares-MG. E-mail: [email protected]
4- Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce
Valadares-MG. E-mail: [email protected]
5- Orientadora Professora da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE)
MG. E-mail: [email protected]
(UNIVALE) – Governador
(UNIVALE) – Governador
(UNIVALE) – Governador
(UNIVALE) – Governador
– Governador Valadares-
Resumo
A Hanseníase é uma doença infecto-contagiosa de evolução lenta. O exame clínico dos contatos
intradomiciliares constitui uma das principais atividades na busca do diagnóstico precoce da doença.
O objetivo do estudo foi comparar o perfil dos pacientes com hanseníase atendidos no CREDEN-PES
(Centro de Referências em Doenças Endêmicas e Programas Especiais) de Governador ValadaresMG no período de julho/2004 a junho/2006 em que os contatos intradomiciliares foram examinados
com o perfil dos pacientes em que os contatos intradomiciliares não foram examinados. A fonte de
informação para coleta dos dados foi o SINAN dos pacientes inscritos no período de julho/2004 a
junho/2006. Variáveis utilizadas: gênero, classificação operacional (Paucibacilar e Multibacilar),
idade, grau de escolaridade, ocupação, bairro. A estatística descritiva e o Teste Qui Quadrado foram
utilizados para análise dos dados. O estudo revelou que quanto ao gênero, o masculino superou o
feminino no número de contatos não examinados (Χ2 ≥ 22,84; p<0,05). Quanto à classificação
operacional, os paucibacilares levaram menos contatos para serem examinados (Χ2 ≥ 3,50; p=0,06).
Com relação à idade, pacientes entre 11-20 anos foram os que menos levaram contatos para o
exame (Χ2 ≥ 9,83; p=0,08). O nível de escolaridade nº 2 (1 a 3 anos de estudo) foi o que menos levou
contatos para serem examinados (Χ2 ≥ 3,48; p=0,10). Com relação à ocupação e aos bairros houve
uma grande variedade de profissões e local de residência dos pacientes. Mais estudos devem ser
feitos investigando qualitativamente quais os motivos do reduzido número de exames de contatos
para que sejam traçadas formas efetivas de controle da hiperendemia na região.
Palavras-Chave: Hanseníase. Contatos Intradomiciliares. Perfil Epidemiológico.
Abstract
Leprosy is a disease infect contagious with slow evolution. The clinical diagnosis of relatives or
roommates who lived with someone with the disease is a very important activity to diagnose the
disease at its beginning. The goal of this study is to compare profile patients with leprosy treated at
CREDEN-PES (Center for Endemic Diseases and References in Special Programs) in Governador
Valadares-MG during July 2004 until June 2006, in contact with roommates that were examined with
the profile of patients in contact with roommates that were not examined. The source of information for
from the patients was taken from SINAN patients enrolled in the period of July/2004 to junho/2006.
Variables used: sex, operational classification (“Paucibacilares”, “Multibacilares”), age, education,
2
occupation and neighborhood. The descriptive statistic and the test “Qui Quadrado” were used to
study the results. The study showed that male patients were more than female patients at the number
of contacts not clinically checked (Χ2 ≥ 22,84; p<0,05). About the operational classification, the
“paucibacilares” took less data to be checked (Χ2 ≥ 3,50; p=0,06). About the age, patients between 11
– 20 years old were the ones that less took data to the examed (Χ2 ≥ 9,83; p=0,08). The level of
education nº 2 (1 to 3 years of study) were the ones that less took data to the examed (Χ2 ≥ 3,48;
p=0,10). Neighborhood and occupation were found a variety of different information. More studies
should be made qualitatively investigating the reasons the small number of examinations of contacts
to be traced effective ways to control the hiperendemia in the region.
Key words: Leprosy. Contacts Roommates. Epidemiol Profile
1- INTRODUÇÃO
A
hanseníase
é
uma
doença
infecto-
casos
paucibacilares
(PB)
definidos
como
contagiosa de evolução lenta podendo demorar
aqueles indivíduos que apresentam até 5 lesões
de dois a sete anos para manifestar seus sinais e
de pele. Eles abrigam um pequeno número de
sintomas. É transmitida pelo ar, por meio do
bacilos no organismo, insuficiente para infectar
bacilo
outras
Mycobacterium
Leprae
(M.
leprae)
pessoas.
Os
casos
paucibacilares,
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Depois da sua
portanto, não são considerados importantes
entrada no organismo, não ocorrendo a sua
fontes de transmissão da doença devido à sua
destruição, este irá se localizar na célula de
baixa carga bacilar. Algumas pessoas podem até
Schwann
curar-se espontaneamente (MINISTÉRIO DA
e
na
caracterizando
comprometimento
pele
(ARAÚJO,
lesões
na
dos
nervos
pele
2003)
e
SAÚDE, 2002).
Um número menor de pessoas não apresenta
periféricos
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
resistência ao bacilo, que se multiplica no seu
Segundo Ministério da Saúde (2002), em um
organismo passando a ser eliminado para o meio
país endêmico como o Brasil, um indivíduo que
exterior, podendo infectar outras pessoas. Estas
apresenta lesão de pele com perda bem definida
pessoas apresentam mais de 5 lesões de pele e
de sensibilidade deve ser considerado um caso
constituem os casos Multibacilares (MB), que
de hanseníase.
Demonstrou-se através de
são a fonte de infecção e manutenção da cadeia
estudos que o M. leprae é um bacilo com alto
epidemiológica da doença (MINISTÉRIO DA
poder infectante e baixo poder patogênico, isto é,
SAÚDE, 2002).
muitos contaminam, mas poucos adoecem.
A definição operacional de um caso de
O Brasil se destaca nesse cenário por ocupar
o
primeiro
lugar
nas
Américas
(sendo
hanseníase é uma pessoa apresentando sinais
responsável, em 2002, por cerca de 96% das
clínicos da doença (presença de manchas ou
notificações no continente), a sua taxa de
áreas com alteração de sensibilidade), com ou
prevalência em 2006 foi de 3,20 casos/10.000
sem confirmação bacteriológica do diagnóstico e
habitantes (LANA et al, 2006), e desde 2007
requerendo quimioterapia (CASTELO BRANCO,
ocupa o 1º lugar no mundo com mais de 2
2003).
casos/10.000 (WHO, 2007). Ainda distante da
Dentre as pessoas que adoecem, algumas
proposta da Organização Mundial de Saúde
apresentam resistência ao bacilo, constituindo os
(OMS) de eliminar a hanseníase como problema
3
de saúde pública (LANA et al, 2006) tendo como
busca do diagnóstico clínico precoce da doença.
meta
Sendo que, o caso índice é o primeiro entre
de
eliminação
menos
de
1/10.000
habitantes.
vários
casos
de
natureza
similar
O município de Governador Valadares é
epidemiologicamente relacionados, muitas vezes
considerado hiperendêmico devido às altas taxas
identificado como fonte de contaminação ou
de prevalência. Em 2005 apresentou prevalência
infecção.
de 8,1/10.000 habitantes e uma taxa de detecção
Um
estudo
preliminar
realizado
por
de 11,92/10.000 habitantes. Portanto, devem-se
QUINTELA, COELHO, MORAIS, (2006), em
manter os esforços para o alcance da meta de
Governador Valadares-MG, no período de julho
eliminação de hanseníase em nível municipal até
de 2004 a junho de 2006, mostrou que o
o ano de 2010 (QUINTELA, COELHO, MORAIS,
percentual de contatos examinados foi de
2006).
58,81% e o de não examinados foi de 41,19%,
Por
conseguinte,
implementação
há
das
a necessidade de
diretrizes
políticas
e
epidemiológicas no sentido de atingir a meta
proposta (LANA et al, 2003).
sendo este índice considerado regular pelo
Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2002).
Segundo Lana et al (2006), o baixo percentual
O diagnóstico tardio dos casos novos, baixa
de casos diagnosticados através de exame de
cobertura assistencial, abandono do tratamento
contatos aponta a necessidade de intensificação
pelos pacientes, baixa taxa de controle dos
das ações de vigilância epidemiológica, uma vez
comunicantes, baixo nível de esclarecimento da
que essa vigilância pode contribuir para o
população
e
diagnóstico precoce reduzindo a prevalência
preconceito que a envolvem e baixas condições
oculta e também a instalação de incapacidades
de vida da população, podem ser considerados
físicas,
fatores responsáveis pela alta prevalência da
acompanha a doença.
sobre
a
doença,
estigma
doença (LANA et al, 2003).
se
estigma
que
contribui por permitir o desenvolvimento de
precoce. Ela engloba o exame dos comunicantes
ações de informação e conscientização do
e
público alvo, visando o aumento do número de
coletividade.
atingir
O
o
que os contatos foram e não foram avaliados
diagnóstico
de
para
pelo
O levantamento do perfil dos pacientes em
A busca ativa de casos constitui uma das
ferramentas
responsáveis
primeiro
também
denominado de exame de contatos refere-se à
contatos
avaliação
hiperendemicidade da doença no município.
dos
indivíduos
que
residem
ou
avaliados
e
diminuindo
a
residiram com o doente nos últimos cinco anos,
O objetivo do presente estudo foi comparar o
sendo este o grupo de maior risco para contrair a
perfil dos pacientes com hanseníase atendidos
doença. O segundo trata do exame de grupos
no CREDEN-PES de Governador Valadares-MG
específicos: em prisões, quartéis, escolas etc
no período de julho/2004 a junho/2006 em que
(LANA et al, 2004).
os contatos intradomiciliares foram examinados
Segundo
Neto
(2004),
a
investigação
epidemiológica a partir do caso índice e o exame
clínico periódico dos contatos intradomiciliares
constituem uma das principais atividades na
com o perfil dos pacientes em que os contatos
intradomiciliares não foram examinados.
4
2- METODOLOGIA
Em relação à classificação operacional, do
total de 176 pacientes classificados como MB, 94
Trata-se de um estudo descritivo, a fonte de
(53,40%) não trouxeram contatos para serem
informação para coleta dos dados foi o SINAN
examinados enquanto 230 (61,83%) do total de
(Sistema
372 pacientes
de
Notificações)
Informação
dos
CREDEN-PES
de
pacientes
(Centro
de
Agravos
e
classificados
como PB não
inscritos
no
trouxeram.
Referência
em
estatisticamente significativa (Tabela 2).
Esta
diferença
não
foi
doenças Endêmicas e Programas especiais) e
que residem em Governador Valadares-MG no
período de julho/2004 a junho/2006.
Variáveis utilizadas:
gênero, classificação
operacional (Paucibacilar e Multibacilar), idade,
grau de escolaridade, ocupação, bairro. A
estatística descritiva e o Teste Qui Quadrado
foram utilizados para análise estatística dos
dados.
A tabela 3 apresenta a distribuição dos
O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética
pacientes por idade. Não houve uma relação
em Pesquisa da Universidade Vale do Rio Doce-
significativa entre idade e número de contatos
UNIVALE conforme parecer 062/2006.
examinados. Os pacientes entre 11-20 anos
foram percentualmente os que menos levaram
3- RESULTADOS
contatos para serem examinados (75,40%).
O número de pacientes inscritos no CREDENPES no período de julho de 2004 a junho de
2006 foi de 548, sendo que, destes, 297 eram do
gênero masculino e 251 do gênero feminino.
Do total de 251 mulheres, 121 (48,20%) não
trouxeram contatos para serem avaliados. Já
entre os homens, do total de 297, 203 (68,35%)
não
trouxeram
porcentagens
sendo
esta
estatisticamente
diferença
de
significativa.
(Tabela 1)
O SINAN classifica o nível de escolaridade
em 6 itens que significam: nº 1(nenhuma
escolaridade), nº 2 (1 a 3 anos de estudo), nº 3
(4 a 7 anos de estudo), nº 4 (8 a 11 anos de
estudo), 5 (12 anos e
mais de
(ignorado).
observada
Não
foi
estudo), 9
diferença
significativa entre o grau de escolaridade e o
número de contatos examinados. O nível de
5
escolaridade nº 2 foi percentualmente (66,67%) o
que percentualmente menos trouxeram contatos
que
para serem avaliados foram: atendentes e
menos
levou
contatos
para
serem
examinados (Tabela 4).
recepcionistas 6 (85,7%) seguido de cabeleireiro
8 (72,2%), professores 9 (69,2%). (Gráfico 1).
Houve uma grande variedade no local de
residência dos pacientes. Os bairros que menos
trouxeram contatos para serem avaliados foram:
Vila Bretas com 8 (88,8%), Vera Cruz 6 (85,8%)
e Ilha dos Araújos 10 (83,3%). (Gráfico 2).
Também com relação à ocupação houve uma
grande variedade de profissões sendo que, as
Gráfico 1: Distribuição por ocupação de pacientes com hanseníase no município de Governador
Valadares no período de julho de 2004 a junho de 2006
6
Gráfico 2: Distribuição por bairros de pacientes de hanseníase no município de Governador
Valadares no período de julho de 2004 a junho de 2006
que as buscas por serviços de saúde ficam em
segundo plano (AGUIAR E MOURA, 2004).
4- DISCUSSÃO
Por outro lado, no entanto, estudos afirmam
No presente estudo, do total de 324 pacientes
que
não
trouxeram
contatos
para
serem
que, na verdade, os homens preferem utilizar
outros serviços de saúde, como farmácias ou
examinados, 203 são do gênero masculino e 121
prontos-socorros,
que
responderiam
do
objetivamente
suas
demandas.
gênero
feminino.
O
gênero
feminino
às
mais
Nesses
destacou-se em relação ao masculino, por terem
lugares, os homens seriam atendidos mais
mais contatos examinados. Vários
rapidamente
são os
e
conseguiriam
expor
seus
motivos levantados para que mulheres busquem
problemas com mais facilidade (FIGUEIREDO,
mais as unidades de saúde e diagnostiquem
2005).
Quanto à classificação operacional, apesar de
precocemente as doenças.
Lana et al (2002), sugerem que o fato pode
não haver diferença estatística, os multibacilares
ser atribuído aos cuidados das mulheres com a
trouxeram mais contatos para serem avaliados.
estética e aos cuidados com a saúde e também
Como o tempo de tratamento para os indivíduos
pela maior exposição destas a comunidade, ao
paucibacilares é de 6 meses e de multibacilares
ingressarem no mercado de trabalho.
é de 1 ano, o tempo que o multibacilar fica no
Gomes
a
serviço é maior o que pode contribuir para que
preocupação com o trabalho e o sustento da
ele receba mais orientações quanto a prevenção
família,
e exames de contatos.
et
e
al
a
(2007),
destacam
que
insegurança
quanto
da
impedem
ao
o
Indo ao encontro destes achados, em um
Os homens
estudo apresentado por Aquino et al (2003), para
também revelam que o horário de funcionamento
avaliar um programa de controle de hanseníase,
dos serviços de saúde não atende às demandas,
foi observado que um número reduzido de
por coincidir com a carga horária de trabalho e
contatos vem sendo contemplado com tais
comprometimento
virilidade
homem da procura aos serviços.
7
medidas.
Dos
contatos
dos
pacientes
doença, já que nesse estudo percebeu-se que os
paucibacilares, nenhum foi examinado, e dos
pacientes
multibacilares, 16,8% foram examinados.
conhecimento sobre a doença. Relatam ainda
Em relação à idade o estudo observou que
tinham
pouco
ou
que, a educação proporciona ao individuo maior
75,40% dos pacientes que na o trouxeram
compreensão
contatos para serem examinados apresentavam
levando a busca do serviço de saúde.
faixa etária entre 11- 20 anos.
procuram
o
do
processo
saúde-doença,
Em relação aos professores, seria de se
Segundo Halber et al (2000), os adolescentes
que
nenhum
serviço
saúde
parte do presente estudo com 69,2% de contatos
freqüentemente se deparam com obstáculos de
não examinados por possuírem um nível de
exigências legais de consentimento parental,
escolaridade mais elevado e serem responsáveis
falta de confidencialidade, incapacidade de
pela educação.
pagar, horários e locais
de
esperar que estes profissionais não fizessem
inconvenientes, e
Figueiredo (2006) em seu estudo fala que a
incapacidade de cumprir a prescrição ou o
persistência do estigma da hanseníase acaba
seguimento, questões que devem ser resolvidas
impondo por vezes aos doentes o silêncio como
para otimizar o atendimento dos adolescentes,
estratégia
fazendo com que aumente a busca destes ao
integração familiar.
serviço de saúde.
de
permanência
na
zona
de
No município de Governador Valadares-MG,
Outro estudo realizado por Claro et al (2006),
houve
uma
grande
variedade no
local
de
destaca o fato de que os adolescentes têm
residência dos indivíduos.
necessidades e expectativas peculiares, tendem
Bretas, Vera Cruz e Ilha dos Araújos, trouxeram
a não valorizar sintomas que não sejam muito
menos contatos para serem examinados.
Os bairros Vila
graves e que não sejam físicos e tendem a não
A literatura vem relatando que o medo de que
aderir tanto às ações de prevenção quanto às de
familiares, amigos, colegas de trabalho saibam
tratamento.
que o indivíduo possui a doença possa ser ums
A literatura relata que existe relação entre o
dos motivos para que o mesmo não levem seus
nível de escolaridade e a ocupação do indivíduo,
contatos para serem examinados.. No estudo de
ou seja, quanto menor o nível de escolaridade,
Simões e Delello (2005), observou-se elevado
menor os cargos profissionais ocupados.
grau de estigma pessoal e social que o paciente
No presente estudo 66,67% dos pacientes
que
não
trouxeram
contatos
para
possui diante da enfermidade. Na verdade, tais
serem
informações refletem a atitude do paciente frente
examinados tinham de 1 a 2 anos de estudo e as
ao seu ambiente social, ou seja, partimos da
categorias profissionais que menos trouxeram
hipótese de que se o paciente conta sobre sua
foram atendentes e recepcionistas, seguido de
doença para um determinado grupo social, isto
cabeleireiro e professores.
pode indicar que o mesmo não se autodiscrimina
Simões e Delello (2005) observaram que a
maioria dos pacientes com hanseníase tem baixa
e vice versa.
Estudos também revelam que pacientes com
escolaridade e não tem profissão definida,
suspeita
resultando em renda familiar precária, podendo
espontaneamente o serviço de saúde para
interferir no conhecimento dos pacientes sobre a
orientação o fazem em outros municípios. Isto
de
hanseníase
que
procuram
8
demonstra que a doença é estigmatizante e leva
o paciente a procurar tratamento em locais
distantes da sua residência, com medo de ser
descoberto na condição de doente (AQUINO et
al, 2003).
ARAUJO, M. G. Hanseníase no Brasil. Revista
da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical,
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5- CONCLUSÃO
O conhecimento do perfil dos pacientes que
estão em tratamento e que não examinaram
seus contatos permite desenvolver ações para
aumentar o número de contatos avaliados e
controle da doença na região. Medidas de
prevenção além do tratamento eficaz dos casos
são absolutamente necessárias. Enquanto uma
vacina efetiva para hanseníase não se encontra
disponível,
programas
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de
vigilância
epidemiológica assumem importância central no
controle e prevenção da doença (MATOS et al,
1999).
Mais estudos devem ser feitos investigando
qualitativamente quais os motivos do pouco
exame de contatos para que sejam traçadas
formas efetivas de controle da hiperendemia na
região. Sendo Governador Valadares-MG uma
cidade hiperendêmica o exame do contato
intradomiciliar consiste em uma das ações de
diagnóstico precoce para controle da doença.
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