Jornal da
UFOP
Publicação semestral
Universidade Federal de Ouro Preto
Singularidade histórica
Nos 185/186
- 2º semestre 2011
Investimentos em tecnologia e novas
práticas educacionais
S
ubstituição de quadro convencio-
em alta tecnologia de conteúdo aberto e com-
o futuro também chega trazendo inúmeras
nal por lousa digital, com acesso à
putação móvel. As universidades brasileiras
possibilidades de transformação das aulas
internet e possibilidade de intera-
investem na democratização do conheci-
convencionais em terrenos atrativos de inte-
tividade; montagem de laboratório para simu-
mento por meio do desenvolvimento de no-
ratividade entre alunos e professores, seja em
lação de fenômenos naturais; investimentos
vos sistemas e práticas educativas. Na UFOP,
sala ou não.
Uma em cada quatro mulheres avaliadas
em Ouro Preto apresentam HPV: o vírus causador do câncer cervical ou de colo de útero.
De acordo com estatísticas, é o segundo tipo
de câncer que mais causa mortalidade feminina no mundo, perdendo apenas para o de
mama. Diante disso, projeto da Escola de Farmácia, em parceria com a Prefeitura, realizou
Estudo
Projeto monitora
pontes da rede
brasileira de ferrovias.
Pág. 07
Foto: Lincon Zarbietti
Projeto objetiva prevenção de HPV e câncer cervical
o mapeamento dos casos na região, com o objetivo da prevenção por meio do desenvolvimento de serviço de aconselhamento ginecológico gratuito.
Prata da Casa
Tabajara Belo, o
multiartista
desbrava fronteiras.
Pág.24
2º trimestre 2011
02
‘‘Royalties do Petróleo” e
Jornal da UFOP
Editorial
investimentos em educação
A Associação Nacional dos Dirigentes
das Instituições Federais de Ensino Superior
(ANDIFES) realizou uma pesquisa do perfil socioeconômico dos estudantes das universidades federais, apresentando 95% de confiabilidade. Ela revelou que 67% dos alunos são
oriundos de famílias com renda de até 5 salários mínimos. Nos últimos anos, a expansão
das universidades federais, as políticas afirmativas e a descentralização de unidades de
ensino (interiorização) contribuíram sobremaneira para que o acesso às universidades
federais fosse ampliado e diversificado; porém, são necessárias novas alternativas mais
qualificadas de expansão. Nesse sentido, a
ANDIFES vem promovendo vários seminários visando construir diretrizes para o atendimento efetivo das novas demandas.
É certo que políticas mais agressivas precisam ser desenvolvidas para a melhoria da
qualidade dos ensinos fundamental e médio.
Os investimentos em educação devem seguir uma visão sistêmica, em que todos os níveis sejam atendidos e recebam investimentos, substituindo políticas fragmentadas do
passado, cuja aplicação de recursos se concentrava em um nível ou outro, em detrimento dos demais. É preciso assumir que a
educação superior é o nível capaz de formar
os demais e, nesse sentido, os investimentos
precisam ser permanentes.
Ao mesmo tempo, é necessário que o País se convença da necessidade de ampliar os
recursos destinados à educação para, pelo
menos, 10% do PIB, a fim de cumprir as metas
do Plano Nacional de Educação, bem como
unir esforços para assegurar a destinação de,
no mínimo, 30% dos recursos provenientes
dos “royalties do petróleo” para a educação,
cultura, ciência e tecnologia, gerando inovação e contribuindo para um País mais igual,
solidário e fraterno.
A Educação a Distância se apresenta como grande alternativa para a formação de jovens e adultos, haja vista as dimensões conti-
nentais do Brasil. Além disso, é um grande instrumento para a transformação do tecido social brasileiro. E não é suficiente apenas induzir a criação de cursos e vagas na EaD para os
excluídos da educação superior. Na verdade,
é preciso construir oportunidades que transformem o ambiente e as novas tecnologias
em espaço de reflexão que possibilite aos estudantes melhor convívio acadêmico e pedagógico, promovendo, assim, a representação estudantil e sua participação acadêmica.
É necessário efetivar uma política de Estado,
na qual os recursos de custeio e capital sejam
alocados na Lei de Orçamento Anual (LOA)
para as universidades, garantindo o atendimento do presente e o planejamento do futuro.
O relatório ANDIFES fortalece as políticas que as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) vêm desenvolvendo, apontando ainda estratégias voltadas para o futuro, isto é, para a verticalização da graduação a distância, bem como a regulação do sistema
EaD nos mesmos moldes adotados para o ensino presencial, dispensando a atenção necessária às características próprias da modalidade.
É certo que nem todos os docentes estão preparados para compreender a importância do aprender a aprender, haja vista que
necessitam do ambiente político para se afirmar perante a sociedade. Contudo, as novas
tecnologias para a educação carecem de ser
aplicadas, pois precisamos acompanhar a leitura do mundo dos nossos estudantes, que já
não se concentram mais no livro didático
nem nas aulas dos professores. As redes sociais e o diálogo com o mundo têm sido iniciativas nunca antes experimentadas por nós.
Assim sendo, é preciso inovar e buscar novas
arquiteturas pedagógicas e de relacionamento para uma interação eficaz e moderna,
pois somente dessa forma será possível formar pessoas qualificadas e com compromisso social.
Os avanços alcançados nos últimos
anos pelo Sistema Federal de Educação Superior atingiram uma dimensão fundamental
para o País obter saltos de desenvolvimento
social e econômico. E a velocidade desse
avanço deixou vários problemas sem solução definitiva. Com o atendimento dessas demandas e uma política específica para a superação do passivo existente nas IFES, antes do
processo de expansão, as universidades federais terão melhores condições para dar sequência à missão de apoiar o País em seu desenvolvimento e melhorar a qualidade de vida do nosso povo.
São inúmeros desafios e obstáculos.
Acredita-se que a superação de alguns desses problemas e o equacionamento cronológico de outros poderão permitir ao Sistema
Federal de Educação Superior, patrimônio
do povo brasileiro, colocar-se como protagonista na solução de grandes problemas nacionais, assumindo de vez seu papel transformador junto à sociedade brasileira.
É importante lembrar que, a cada 1 (um)
real investido em educação, 1,8 real é acrescido ao PIB nacional. É a importância da educação para a transformação das pessoas e a mudança do nosso tecido social.
João Luiz Martins, reitor da UFOP
Expediente
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Edição: Edwaldo Cordeiro
Redação: Edwaldo Cordeiro, Isabela Azi, Isadora Rabello,
Jéssica Michellin, João Felipe Lolli, Kíria Ribeiro, Marcelo
Nahime, Maressa Nunes, Nicole Alves, Simião Castro e Verônica
Soares
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2º semestre 2011
Projeto da Escola de Farmácia busca prevenir incidência
de HPV e câncer cervical em Ouro Preto e região
03
Jornal da UFOP
Por Isabela Azi
D
e acordo com o Ministério da Saúde, o câncer cervical, ou de colo de útero, causado pelo papilomavírus humano (HPV), é o segundo mais
comum entre as mulheres no País, perdendo
apenas para o de mama. No mundo, segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), a incidência do vírus é responsável pela segunda
maior causa de mortalidade feminina por câncer.
Existem mais de 100 tipos de HPV identificados, sendo 13 deles oncogênicos. Mesmo
assim, são poucas as campanhas e iniciativas
de prevenção à doença. Em Ouro Preto, projetos desenvolvidos pela Escola de Farmácia
apontam para o caminho do mapeamento e
prevenção da incidência de HPV e de câncer
cervical em toda a região.
Um primeiro estudo desenvolvido na cidade abrangeu 569 mulheres, na faixa etária
de 18 a 75 anos, e detectou a presença do papilomavírus humano, principal causa do câncer
cervical, em 23% da população analisada. Segundo Angélica Alves Lima, coordenadora da
pesquisa na região e professora do Departamento de Análises Clínicas da Escola de Farmácia da UFOP, foram encontrados nas amostras em Ouro Preto 21 tipos de HPV, sendo os tipos 6, 11, 16, 18, 53 e 61 os mais prevalentes.
Os tipos 16, 18 e 53 são considerados de
alto risco (maior potencial de desenvolver tumores). Já os tipos 6, 11 e 61 têm baixo risco oncogênico (causam condilomas ou verrugas genitais). Em relação aos fatores de risco associados à infecção pelo HPV e ao desenvolvimento do câncer de colo de útero, os mais relevantes no município foram idade, número de parceiros sexuais, estado civil, tabagismo e etilismo.
Os resultados desse primeiro estudo e a
necessidade de acompanhamento das mulheres que apresentaram HPV ou alguma alteração citológica motivaram a elaboração do
projeto de extensão “Aconselhamento Ginecológico: HPV e Câncer Cervical”, apoiado pela Pró-Reitoria de Extensão da UFOP, que visa
promover a educação continuada voltada aos
profissionais dos Programas de Saúde da Família (PSF) de Ouro Preto. A ideia é desenvolver,
juntamente com a Secretaria de Saúde do município, um programa de aconselhamento, envolvendo profissionais da Universidade e da
Prefeitura. “Acredito que esse projeto possa
contribuir para direcionar as ações de saúde
da mulher no sentido de aconselhamento, prevenção e diagnóstico precoce do câncer cervical”, afirma Angélica.
Exame gratuito
Para a realização do exame preventivo
de colo de útero (Papanicolaou), que é gratuito, basta que as mulheres procurem por uma
unidade do PSF. Caso seja detectado o vírus
HPV, é oferecido à paciente o aconselhamento ginecológico e o acompanhamento periódico dos profissionais dos postos de saúde. A
responsável pela análise citológica do material coletado, professora Cláudia Carneiro, ressalta que este exame visa identificar precocemente as alterações celulares displásicas que
podem evoluir para o câncer cervical.
“Em Ouro Preto, o projeto é a oportunidade que as pacientes têm de serem acompanhadas mais de perto, minimizando as possibilidades do surgimento do câncer cervical”,
afirma Cláudia. Ela acrescenta que o diagnóstico precoce é a chave da prevenção do câncer de colo do útero, pois, quanto antes for feito o diagnóstico, maiores são as chances de
cura. Hoje, as mulheres mais jovens apresentam maior prevalência de infecção por HPV.
No entanto, são as mais velhas, acima de 30
anos, casadas, com único parceiro sexual e de
baixa escolaridade, as que mais se preocupam
com a busca por exames preventivos.
O projeto conta com a participação de
alunos do mestrado em Ciências Farmacêuticas, Ciências Biológicas e graduandos em Farmácia, além da colaboração de Roney Luiz de
Carvalho Nicolato e Luiz Fernando de Medeiros Teixeira, professores da Escola de Farmácia da UFOP. Os estudos são realizados com a
colaboração dos pesquisadores Rita de Cássia
Stocco e Willy Beçak, do Instituto Butantan, de
São Paulo, e Ismael Dale Cotrin Guerreiro da Silva, professor da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp).
O que é? Como se propaga? Como detectar?
Como se proteger?
- O que é HPV? Qual a relação com o câncer cervical?
HPV é a sigla usada para identificar o Papiloma Vírus
Humano, capaz de provocar lesões na pele ou mucosa genital. Na maior parte dos casos, as lesões têm
crescimento limitado e regridem espontaneamente.
Existem mais de 10 tipos de papilomavírus, que são
classificados em baixo e alto risco oncogênico. Somente os de alto risco estão relacionados ao desenvolvimento do câncer cervical, também conhecido
como câncer de colo de útero.
- Quais são os tipos mais encontrados?
Entre os tipos de alto risco, os mais encontrados são o
16 e o 18, que provocam lesões persistentes e cancerosas. Já os tipos de baixo risco mais encontrados são
o 6 e o 11, relacionados ao surgimento de condilomas
ou verrugas genitais, que, na maioria das vezes, não
oferecem risco de progressão para tumores malignos.
- Como se propaga? Tem sintomas?
Os HPVs são vírus sexualmente transmissíveis, contraídos no contato direto com a pele infectada. Podem causar lesões, chamadas clínicas, e se apresentam na forma de verrugas, na vagina, no pênis e no
ânus. Já as lesões subclínicas, encontradas no colo do
útero, não apresentam nenhum sintoma e podem
progredir para o câncer cervical.
- Como o HPV é diagnosticado?
As verrugas genitais podem ser diagnosticadas pelos
exames urológico (pênis), ginecológico (vulva) e dermatológico (pele). Já o diagnóstico subclínico das lesões precursoras do câncer cervical é feito pelo exame de Papanicolaou, mais conhecido como Exame
Preventivo do Colo do Útero. A detecção do vírus e a
determinação do tipo viral podem ser feitas usando
técnicas de biologia molecular.
- Como se proteger?
Vacina
A vacina foi criada com o intuito de prevenir a
infecção por HPV e, dessa forma, reduzir o número de pacientes que venham a desenvolver
o câncer de colo de útero. Foram produzidas
duas vacinas: uma delas, a Cervarix, é bivalente e previne o HPV tipo 16 e o 18. Já a Gardasil é
quadrivalente, ou seja, previne os tipos 16 e
18, presentes nos casos de câncer de colo de
útero, e ainda os tipos 6 e 11, presentes nos casos de verrugas genitais. As vacinas, porém,
não eliminam a necessidade de fazer o exame
de Papanicolaou periodicamente e nem os cuidados preventivos, como o uso do preservativo.
O uso de preservativo minimiza as chances de contaminação pelo HPV (apesar de não evitar totalmente).
Por isso, o uso da camisinha é imprescindível em qualquer relação sexual, mesmo naquelas entre
casais
estáveis.
- Há algum fator que aumenta o risco do desenvolvimento do câncer do colo do útero?
O primeiro fator para o desenvolvimento do câncer é
a infecção pelo HPV. Porém, o seu desenvolvimento
pode estar associado ao número elevado de gestações, ao maior número de parceiros sexuais, ao início
precoce da atividade sexual, ao uso de contraceptivos orais (pílula anticoncepcional), ao tabagismo, ao
tratamento com medicamentos imunossupressores,
à infecção pelo HIV, a outras doenças sexualmente
transmissíveis, como herpes e a alguns fatores nutricionais.
2º trimestre 2011
04
Escola de Farmácia comemora 172 anos
Jornal da UFOP
Fundada em 4 de abril de 1839, a Escola
eleição dos membros da nova diretoria da enti-
ciados com a “Medalha Escola de Farmácia”: o
de Farmácia da UFOP completou 172 anos e
dade. Já no dia 2, houve recepção para ex-
prof. Tanus Jorge Nagem, o farmacêutico Vi-
inicia agora novo período na história ao resga-
alunos e demais convidados e sessão solene.
cente Éllena Trópia (in memoriam) e o prefeito
tar sua memória, com a consolidação do pro-
Estiveram presentes centenas de convidados
de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo de Araújo San-
jeto e reabertura do Museu da Farmácia. Com
entre alunos, ex-alunos, ex-professores e co-
objetivos claros de revitalização e moderniza-
tos, que fez o pronunciamento em nome dos
agraciados. As comemorações se encerraram
ção das instalações, criação de infraestrutura e
com a Missa em Ação de Graças na Igreja de
processamento técnico do acervo, o prédio,
Nossa Senhora do Pilar.
De acordo com a diretora Marta de Lana,
que ainda abriga a Escola de Farmácia, passa a
acolher os elementos presentes na trajetória
a comemoração desse aniversário é um even-
do curso de Farmácia da UFOP e a disponibili-
to tradicional e representativo para as home-
zar essa memória para a comunidade.
Isso foi possível com o desenvolvimento
professores, funcionários, instituições e pes-
do projeto inicialmente intitulado “Centro de
soas que contribuem na área de saúde no Pa-
nagens concedidas aos ex-alunos da Escola,
Memória da Escola de Farmácia”, que propor-
ís. Ela ressalta ainda a importância da unidade
cionou a reabertura do “Museu da Farmácia”
por ter sido a primeira da América Latina além
Circuito de Museus de Ouro Preto.
Dentre as atividades de comemoração
munidade acadêmica da Escola e da UFOP.
Participaram da composição da mesa do
cebendo conceito A nas sucessivas avaliações
cerimonial o reitor da UFOP, João Luiz Martins,
feitas pelo Ministério da Educação e Cultura
do 172º aniversário, no dia 1º de abril, o Salão
representantes dos Conselhos Estadual e Fe-
Nobre da Escola de Farmácia recebeu a
deral de Farmácia, a diretora da Escola de Far-
(MEC).
* O Museu da Farmácia é aberto ao públi-
Assembleia da Associação dos Ex-Alunos da
mácia, Marta de Lana, o presidente da Associ-
co de terça a sexta-feira, das 13h às 17h.
Escola de Farmácia. Em seguida, realizou-se a
ação dos Ex-Alunos homenageados e os agra-
ao público, incluído a partir de agora no
de figurar entre as cinco melhores do país, re-
3º CONCIFOP reuniu pesquisadores e estudantes de todo o Brasil
Por Nicole Alves
Com o objetivo de proporcionar troca de
sentante do grupo PET e do prof. Gustavo Bian-
experiências entre o meio acadêmico e o profissional, a terceira edição do Congresso de
co de Souza.
A programação foi elaborada de modo a
maram a atenção de todos que participaram
Ciências Farmacêuticas de Ouro Preto
abordar áreas básicas da Farmácia, como a de
do III CONCIFOP. Dentre os temas, o “Uso racio-
(CONCIFOP), ocorrida no final de março no Cen-
Análises Clínicas, de Saúde Pública e da indús-
nal de antimicrobianos”, ministrada pelo rei-
tro de Artes e Convenções da UFOP, reuniu pro-
tria. O CONCIFOP começou como evento
re-
tor da Universidade de Sorocaba (UNISO-SP),
fissionais e estudantes de áreas de atuação da
gional e hoje possui caráter nacional. A aluna Eli-
Fernando de Sá Del Fiol; as “Novas tendências
em radiofarmácia”, apresentado por Ralph San-
Temas diversificados
Palestras com assuntos diversificados cha-
Farmácia. O Congresso contou com palestras,
sa Henriques Dias Pereira, estudante do sétimo
minicursos e apresentações de projetos de ini-
período de Farmácia da Universidade do Vale
tos-Oliveira, do Instituto de Engenharia Nuclear
ciação científica, e fez parte da comemoração
do Paraíba (UNIVAP), diz ter ficado sabendo do
(IEN-RJ); “Dopping: o farmacêutico pode atuar
dos 172 anos da Escola de Farmácia.
O CONCIFOP, organizado pelo Programa
congresso em sua instituição. “Quero me atua-
nessa área?”, ministrada pelo prof. Tanus Jorge
lizar para as novidades e assistir às palestras,
Nagem, da UFOP, e “Prevenção de doenças:
que possuem temas muito interessantes”, diz.
O prof. Gustavo de Souza ressalta as van-
dos alimentos à farmácia”, apresentado por
to por um tutor, o prof. Gustavo Bianco de Souza, e 13 estudantes. “O congresso visou reto-
tagens do Congresso sob diversas óticas: “Atra-
de Educação Tutorial (PET Farmácia) é compos-
Thomas Prates, da Universidade de São Paulo
(USP).
O evento contou ainda com mesas-
mar a Semana de Estudos Farmacêuticos que
vés da possibilidade de ampliação dos seus co-
existia na UFOP; porém, ele constitui algo mai-
nhecimentos, os alunos percebem a importân-
redondas. Dentre as abordagens, os temas “Ato
or, mais abrangente”, diz Patrícia Monteiro, alu-
cia de participar de um evento científico, inte-
médico”, com os convidados Itamar Tatuhy Sar-
na do 9º período e participante do grupo PET.
A abertura do evento contou com a pre-
ragem com profissionais da área e obtêm con-
dinha Pinto, da Universidade Federal de Minas
selhos de ética profissional. A Universidade al-
Gerais (UFMG), e José Geraldo Martins, do Con-
sença da profª Lisiane Silveira, pró-reitora ad-
cança o reconhecimento e, consequentemen-
selho Regional de Farmácia (CRF); e “Panorama
junta de Planejamento e Desenvolvimento e re-
te, parcerias, contatos e projetos; ou seja, mais
da profissão farmacêutica no Brasil com os ex-
presentante do reitor da UFOP; da doutora Ri-
visibilidade. Os profissionais, por sua vez, apro-
alunos da Escola de Farmácia da UFOP”, Adria-
gléia Maria Lucena, secretária-geral do Conse-
veitam para rever conceitos e fazer uma recicla-
na Carneiro da Silva, do Hospital São João Batis-
lho Regional de Farmácia do Estado de Minas
gem que visa à valorização da classe profissio-
ta, de Viçosa, e Bárbara de Castro Figueiredo, da
Gerais (CRF-MG); da profª Marta de Lana, dire-
nal”.
Universidade de São Paulo (USP).
tora da Escola de Farmácia da UFOP, do repre-
2º trimestre 2011
Relações entre discurso,
identidade e memória
05
Jornal da UFOP
Departamento de Letras e Programa de Pós-Graduação
promoveram debates sobre cultura latino-americana
Por Marcelo Nahime
A análise e o debate sobre a cultura latino-americana foram o foco da 1ª Jornada –
Discurso, Identidade e Memória, que aconteceu no Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), no campus da UFOP, em Mariana,
nos dias 27 e 28 de abril.
O evento contou com mesas-redondas e
apresentações de trabalhos de alunos e professores, privilegiando a interdisciplinaridade, além de discutir a relação do discurso, da
identidade e da memória cultural no mundo.
Dentre os convidados, estavam os professores Kanavillil Rajagopalan, da Universidade de Campinas (Unicamp), Elcio Loureiro
Cornelsen e Leda Maria Martins, ambos da
Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), e a diretora do Instituto de Filosofia,
Artes e Cultura (IFAC) da UFOP, Guiomar de
Grammont.
Dos cerca de 80 participantes, 27 apresentaram trabalhos. “O Rajagopalan é muito
influente com assuntos envolvendo identidade, o que tem muito a ver com o tema da
Jornada; o Elcio e a Leda dominam o tema memória, envolvendo literatura e manifestações
corporais”, observou a aluna de Letras da
UFOP e membro da comissão executiva do
evento, Gabriele Flausino.
Por se tratar de um evento interdisciplinar, a aluna de Jornalismo da UFOP, Yasmini
Gomes, ressaltou que as apresentações foram interessantes, mas as que trataram de
questões de México, Brasil e África chamaram
mais a atenção.
Para ela, foi possível conhecer um pouco
mais outros povos e as questões acerca de suas identidades.
Proposta pelo Grupo de Estudos em Análise do Discurso (Gead), do Grupo de Estudos
sobre Linguagens, Culturas e Identidades
(Gelci), a Jornada foi uma atividade realizada
pelo Programa de Pós-Graduação em Letras
(Linguagem e Memória Cultural/Tradução e
Práticas Discursivas) e do Departamento de
Letras (Delet).
A comissão organizadora foi composta
pelos professores William Augusto Menezes,
Melliandro Mendes Galinari e Kassandra Muniz, todos do ICHS, e Ubiratan Gonçalves Vieira, do ICSA. À frente da comissão executiva, os
estudantes de Letras da UFOP, Gabriele Flausino e Alice Inácio, do mestrado de Letras. “Su-
ponho que trabalhos conjuntos intergrupos
devem ser incentivados, como o fizeram o Gead e o Gelci. Só assim podemos proporcionar
um autêntico diálogo entre as áreas de conhecimento e as diversas linhas de pesquisa.”, ressaltou o palestrante Elcio Cornelsen.
“Foi uma ótima oportunidade para a reflexão sobre questões importantes que têm sido discutidas pelo Gead, em especial em relação ao seu projeto de pesquisa maior, que trata de "discursos sociais, estratégias identitárias e representações da memória", e orienta as
atividades do grupo de pesquisa de mesmo
nome, registrado no Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq)”, destaca o prof. William Augusto Menezes.
Ele ainda ressalta a importância do evento para o projeto de pesquisa que busca explorar acervos da Região dos Inconfidentes,
cujo objetivo é a constituição de um banco de
dados, a partir dos arquivos e museus do espaço sociocultural e político, que compreende
cidades como Mariana, Ouro Preto, Catas
Altas, Ouro Branco, Congonhas e outras.
2º semestre 2011
06
Jornal da UFOP
Estudo revela concentração do
setor siderúrgico brasileiro
Por Isadora Rabello
Janderson Damaceno dos Reis é professor de Economia da UFOP. Para ele, o mercado
siderúrgico é oligopolizado em todo o mundo. O economista afirma que o número de empresas concorrendo diminuiu, aumentando,
portanto, a concentração do setor. Reis explica que isso se deve ao grande número de empresas que se fundiram e adquiriram as menores. O professor pesquisou sobre esse segmento para sua tese no Programa de PósGraduação em Economia Aplicada, da Escola
Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"
(USP/ESALQ). Orientado pela profª Márcia Azanha Ferraz Dias de Moraes, o estudo buscou
mensurar a concentração do mercado siderúrgico brasileiro e calcular a perda de bemestar gerada por esse processo.
A pesquisa considerou os aços produzidos no Brasil em que há maior concentração
de mercado. Os tipos analisados foram o aço
bruto, que engloba todos os tipos de aço, exceto o ferro-gusa, o mercado de laminados e
vergalhões, dentre outros. O setor de vergalhões, que abastece a construção civil, foi iden-
tificado como o mais concentrado, no qual
apenas três grupos empresariais controlam todo o mercado desse produto e, com isso, as
empresas manipulam o preço.
O ferro-gusa é matéria-prima para a produção do aço e, no Brasil, existem inúmeros
produtores de pequeno porte, denominados
guseiros. Esse mercado é o menos concentrado quando comparado aos demais, apesar de
ser dominado por quatro grandes grupos siderúrgicos. Essas empresas, por serem concentradas, têm poder sobre os pequenos produtores. Elas detêm o poder na compra e na venda do aço.
Segundo o professor, algumas empresas
siderúrgicas reclamam que sofrem pressão de
dois mercados. De um lado a Vale, que é uma
das maiores produtoras de minério de ferro
no mundo, e assim dita os preços do minério.
Do outro, lado estão as montadoras de carro,
definindo por qual preço elas querem comprar o aço. No entanto, o que a pesquisa do
professor de Economia conseguiu demonstrar é que "o mercado siderúrgico tem força
sim, não é pressionado por esses outros mercados, é oligopolizado, e há perda de bemestar para a sociedade", diz Reis.
De acordo com o especialista, três empresas dominam o mercado de vergalhões:
Gerdau, ArcelorMittal e Votorantim.
Para Reis, não há chance de o mercado
brasileiro deixar de ser oligopolizado, pois já
existe um órgão denominado Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), responsável pela livre concorrência. É esse órgão
quem determina se as empresas podem se
unir, comprar outras menores etc. O maior número de empresas que se fundem são as siderúrgicas e, com isso, o mercado fica cada vez
mais concentrado.
Antigamente, as empresas eram estatais
e, com a privatização delas, muitas se uniram
formando um grande grupo. Um exemplo disso é a ArcelorMittal, que comprou a CST- Companhia Siderúrgica de Tubarão, situada em Vitória-ES, e a Gerdau, que comprou a Açominas.
"Apesar de o mercado ser oligopolizado, há
uma disputa muito grande entre esses grupos",
afirma o especialista.
Giro
Texto de opinião
Ex-aluno do curso de graduação em Ciências Biológicas da UFOP e agora mestrando em Ecologia de Biomas Tropicais da Instituição, Valdir Lamim-Guedes publicou texto opinativo no Jornal da Ciência, em março, que trata da utilização da internet como alternativa para resolver
problemas comuns do cotidiano. Intitulado
"Novas formas de comunicação utilizando a internet: contornada a falta de recursos?", o texto
ressalta a possibilidade de se fazer reuniões a
distância, não só como uma alternativa para diminuir gastos, mas como adequação das pessoas às novas tecnologias disponíveis.
Ex-aluna da UFOP recebe Medalha da Inconfidência
Em solenidade no dia 21 de abril, na Praça Tiradentes, em Ouro Preto, a ex-aluna da UFOP, artista plástica e escritora, Andréia Donadon Leal,
foi agraciada com a Medalha da Inconfidência.
Quem concedeu a honraria foi o governador
do Estado de Minas Gerais, Antônio Anastasia,
por meio de decreto. A Medalha da Inconfidência é a mais alta comenda concedida pelo governo de Minas a personalidades que contribu-
íram para o prestígio e a projeção mineira.
Aluno de Jornalismo é capa do Caderno do jor-
ções que contribuam para o desenvolvimento
sustentável de comunidades carentes e ampliem o bem-estar da população.
nal “A Gazeta”
Aluno do quarto período de Jornalismo da
UFOP, Leonardo Alves foi capa do jornal “A Gazeta”, do Espírito Santo. Leonardo escreveu e
produziu o livro e filme “A herança – A incrível
história de Marie”. O livro foi lançado no dia 26
de março, em Muqui (ES). O longa pré-estreou
em abril.
Certificado de participação
A UFOP recebeu, em março, certificado de participação no Projeto Rondon, que contou com
equipe voluntária de 24 estudantes da Universidade. O projeto “As Operações Carajás” realizou atividades em 20 municípios dos estados
do Pará, Tocantins e Sergipe. Os alunos voluntários, chamados agora de rondonistas, tiveram a oportunidade de conhecer diferentes realidades, desenvolver novas habilidades e trocar
experiências com a população atendida. Coordenado pelo Ministério da Defesa, o Projeto
Rondon conta com a participação voluntária
de estudantes universitários na busca de solu-
Publicação em revista
Ary Carlos Leal Nogueira, estudante do curso
de Engenharia de Controle e Automação da
UFOP, publicou artigo intitulado “Análise do período transitório de abertura e fechamento de
válvulas em sistemas de controle de vazão de líquidos com base no volume total escoado”, na
Revista “Petro & Química”. O texto pode ser lido
na íntegra na edição 331, ano 2011, do periódico. Há um resumo também no site www.petroquimica.com.br.
Calourada Unificada 2011/1 em números
A Calourada Unificada 2011/1, realizada entre 6
e 10 de abril, contou com três mesas de debates, duas mostras de filmes, três oficinas, dois dias de atividades no Centro de Saúde da UFOP e
uma cena de teatro. Nos dois últimos dias, a Praça da UFOP recebeu quatro grandes shows: o
músico André Léllis, a banda Tihuana, a dupla
Leone e Raí e o grupo Nenhum de Nós.
Por Jéssica Michellin
2º semestre 2011
Malha ferroviária é tema de pesquisa
do Departamento de Engenharia Civil
07
Jornal da UFOP
Projeto de docente da UFOP, em parceria com outras universidades,
busca monitorar pontes da rede brasileira de ferrovias
Um sistema capaz de suportar o transporte das produções agrícolas e de minérios
aos crescentes centros urbanos e portos do
país: com esse intuito, foram criadas as primeiras pontes ferroviárias no ano de 1852. Hoje, a
rede ferroviária brasileira possui cerca de 29
mil quilômetros e tem como função primordial o transporte de minérios.
E é justamente a seguridade dessa malha que trabalha o projeto “Análise avançada, monitoramento, gestão e
confiabilidade de pontes ferroviárias”, recentemente aprovado no edital VALEFAPEMIG, e que tem como responsável o prof. João Batista
Marques de Sousa Júnior, docente do Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro Preto. O
estudo compõe uma rede de
pesquisa intitulada “Rede Brasileira de Pesquisa Avançada
em Monitoração e Análise de Elementos
Estruturais Ferroviários”, em convênio com a
Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade de São Paulo (USP).
Para o professor, “o transporte ferroviário brasileiro, com suas centenas de pontes de
diversas dimensões e tipologias, é fundamental para o escoamento dos produtos minerais”. Segundo João Batista, problemas com
essa estrutura geram enormes prejuízos, tanto para as mineradoras como para as outras
empresas, que precisam desse minério para a
fabricação de produtos. “Para agravar esse
quadro, nosso país ainda carece de estudos e
mapeamentos, como estratégias para prevenção, e novas técnicas de reparação de pontes ferroviárias. É atendendo a essa necessidade que optamos por desenvolver um projeto
nessa questão”, explica.
A proposta do grupo da UFOP, em paralelo com as das outras instituições da Rede,
tem como objetivo geral desenvolver pesquisas avançadas e originais com foco em obras
de pontes ferroviárias. É também realizar pesquisas nas áreas de análise estrutural e monitoramento de pontes ferroviárias, aproveitando a experiência acumulada
pelas duas parceiras na área
de instrumentação, colaborando com a experiência do
grupo ligado à pósgraduação em Engenharia Civil da Universidade, notadamente nas áreas de métodos
numéricos em engenharia de
estruturas, aplicação de técnicas de confiabilidade, análise
de risco, otimização, computação gráfica aplicada e análise dinâmica numérica e experimental.
O professor lembra ainda que esta é uma iniciativa pioneira no Brasil, mas que, em vá-rios
outros países, já existem sistemas integrados
de mapeamento e gerenciamento de pontes,
envolvendo órgãos governamentais, empresas e universidades.
2º semestre 2011
08
Jornal da UFOP
Por João F. Lolli
C
“No Brasil, 40% das mortes são causadas
por complicações cardíacas”
Professor de medicina da UFOP diz que problemas
no coração são os que mais matam no País
om o crescimento da população
com idade superior a 55 anos, novas preocupações surgem no
campo da medicina. Apesar dos grandes progressos com o advento de novos medicamentos e com a evolução de medidas preventivas, acidentes cardíacos repentinos continuam matando milhares de pessoas. “Problemas cardíacos são o que mais causam mortes no Brasil e no mundo”, afirma o prof. Raimundo Marques, do Departamento de Ciências Médicas (Decme) da Universidade Federal de Ouro Preto. “No Brasil, 40% das mortes
são causadas por complicações cardíacas”,
completa o professor.
A insuficiência cardíaca é mais comum
em pessoas da raça negra, por questões genéticas, e em idosos com mais de 65 anos. Porém, esse problema pode acontecer com todo mundo, sendo causado por outras doenças ou condições que danifiquem o músculo
cardíaco. Má alimentação, sedentarismo, fumo e estresse são apenas algumas das prováveis causas, que ainda incluem histórico fami-
Ciente dessa realidade, o professor é defensor da prevenção como um mecanismo imprescindível para a diminuição das mortes por
problemas cardíacos. Seu doutorado, desenvolvida em 2000, estudou a prevalência de fatores de risco como principais causadores de acidentes cardiovasculares na população de Ouro
Preto. A pesquisa “Corações de Ouro Preto” serviu de base para os atuais trabalhos de prevenção desenvolvidos no Departamento de Ciências Médicas da Instituição.
liar de problemas cardíacos, diabetes e obesidade.
Prevenção e acompanhamento médico:
receita para uma boa saúde
Depois de ser bem-sucedido na cidade de Ouro Preto, o projeto de prevenção cardíaca, iniciado pelo prof. Raimundo Marques,
tomou proporção estadual, acarretando a criação do grupo “Corações de Minas”.
O trabalho de pesquisa do grupo é
desenvolvido por alunos e professores dos cursos de Medicina e Nutrição, contando ainda
com colaboração dos alunos de História nas
pesquisas estatísticas. Na Medicina, são quatro
bolsistas e oito voluntários.
A pesquisa é financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e pelo Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS), com um montante de investimentos no valor de R$ 376.710,00.
Um dos desafios desse grupo é o de
capacitar os agentes das 28 regionais de saúde
de Minas Gerais, espalhados em 110 cidades
do Estado. Essa capacitação começa apenas no
mês de julho, mas o piloto do Projeto, uma espécie de ensaio geral, já vem sendo desenvol-
vido em Ouro Preto.
Os alunos do Projeto desenvolvem o
piloto no Posto de Saúde do bairro Antônio Dias, em Ouro Preto. Lá, é feito o acompanhamento de 900 pessoas, com idade superior a 55
anos. Também são realizadas visitas nas residências da população, onde é feita uma avaliação transversal da saúde cardíaca do paciente.
Essa avaliação transversal, explica o
professor Raimundo, é um “raio X momentâneo”, feito através da medição da pressão arterial de braços e pernas, quando é possível identificar fatores de risco que podem acarretar em
acidentes cardiovasculares.
Nas palestras de capacitação que o
Projeto vai oferecer a partir de julho, os agentes estaduais de saúde serão treinados a realizar a avaliação transversal, por meio da qual poderão identificar os fatores de risco e orientar
os pacientes a procurar tratamento médico
(ver box sobre tratamento). Com isso, o projeto
procura reduzir o número de mortes súbitas no
Brasil, causadas, principalmente, por acidente
vascular cerebral (AVC) e infarto.
Conheça mais sobre
a hipertensão arterial
Sempre associada a doenças
cardíacas, a hipertensão é o aumento dos
níveis tensionais acima de 140 x 90
mmHg. A pressão arterial deve ser medida com o paciente sentado, em repouso,
e repetida por três vezes.
Existem dois tipos de hipertensão: primária e secundária. Na primária,
correspondente a 90% dos casos, não há
causa conhecida e a própria hipertensão
é a causa de lesões em diferentes órgãos
do corpo, como cérebro, coração, rins e
olhos. Enquanto a secundária, menos comum, tem causa estrutural ou hormonal
bem definida e, portanto, potencialmente corrigível, o que dá importância a sua
identificação. Dentre essas causas, podem estar a hereditariedade (a doença se
manifestou em pais, avós), excesso de peso, problemas na artéria aorta, tumores e
algumas doenças endocrinológicas.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de cada cinco pessoas com hipertensão, apenas uma sabe o diagnóstico e trata corretamente; duas sabem, mas não realizam
tratamento; e as outras duas desconhecem que têm a doença. Isso significa que
somente 20% dos pacientes controlam a
hipertensão, enquanto 40% nem sabem
que têm a doença.
2º semestre 2011
Trinta e cinco horas de pura
gargalhada em Mariana
09
Jornal da UFOP
Por Simião Castro
D
eixar-se guiar pelo som das
risadas era a fórmula para encontrar os espetáculos do Circovolante – 3º Encontro de Palhaços. Isso porque as ruas de Mariana estavam tomadas de
pessoas e os eventos do Encontro sempre
cheios. Narizes vermelhos se espalhavam pelos picadeiros e palcos montados nas praças
da cidade. Divertiam todos os que dedicaram
seu tempo a prestigiar as apresentações lúdicas dos artistas da gargalhada.
“Eu gostei mais da risadinha dele”. Com
essa frase simples e inocente, Maísa da Mata,
três anos, confirma a primeira impressão de
que o evento é destinado a crianças. Porém,
um olhar mais atento revela que o público é
composto por gente de todas as idades. Muito além da palhaçada pura, para Flávio Viana
Gomide, 27 anos, o Encontro de Palhaços é
fundamental para a cultura marianense. “É imprescindível. As pessoas têm que conhecer outras artes e maneiras de expressão. Isso faz
com que elas vivam melhor.”
Xisto Siman, um dos idealizadores do Circovolante, que existe há 11 anos, diz que o
Encontro deste ano superou as expectativas:
“A pessoas invadiram as ruas, lotaram todos
os espetáculos. A cidade inteira se envolveu.
Foi tudo muito positivo.” Neste ano, como de
costume, o Encontro homenageou um palha-
ço: Manfried Santana, que faz graça desde
que se entende por gente. Nasceu no circo da
família e viajou o País fazendo piada da vida,
mas parecia não dar certo. Ninguém ria. Pintava o rosto antes de entrar no picadeiro e lá se
jogava no chão, virava cambalhota, fazia careta e nada. Cresceu e teve de conciliar a escola
com o circo. Um dia chegou da rua atrasado
para o espetáculo, se preparou e entrou no picadeiro. Surpreendentemente tudo o que ele
fez foi motivo de gargalhada. Esquecera de
uma coisa: a maquiagem e o nariz vermelho.
Mas, afinal, quem é Manfried? Ah, sim,
verdade! Manfried é ninguém menos que Dedé Santana, mestre da comédia pastelã no Bra-
sil. Ligado a 36 filmes num período de 30 anos
– como ator, diretor, produtor, ele é membro
de uma das trupes mais célebres e conhecidas
do País. Quem não se lembra d'Os Trapalhões? Mesmo quem nasceu após o fim do grupo sabe quem são Didi Mocó, Mussum, Zacarias e, claro, Dedé Santana. Parceiros há anos,
o encontro de Manfried e Renato Aragão não
poderia ser senão engraçado. Manfried diz
que a época era a do começo da TV no Brasil e
que fora convidado a trabalhar lá. Ao chegar,
foi apresentado a Renato. “'Como é seu nome?' 'Didi, e o seu?' 'Dedé.' Parecia que tínhamos até combinado”.
Em 2011, Dedé aceitou, pela primeira
vez, comemorar seu aniversário fora de casa.
Isso porque o 3º Encontro de Palhaços se realizou entre 28 de abril e 1º de maio. Dedé comemorou 75 anos no dia 29 de abril em uma noite de homenagens, no palco montado na Praça da Sé – lotada – de Mariana. Ele conta que
nunca antes tinha aberto mão de passar o aniversário com a família, e só o fez em razão da
homenagem. “Entre as dez maiores bilheterias do País, seis são filmes dos Trapalhões. Tem
festival de cinema no Brasil inteiro. O Dedé
nunca foi chamado para receber uma homenagem. Depois que eu morrer, eu não quero
mais. Por isso, estou me sentindo honrado
aqui com vocês.”
2º semestre 2011
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Jornal da UFOP
Blog
é premiado noExpocom Sudeste
Por Simião Castro
(prazo limite para a entrega das matérias), apuração, entrevista e o trabalho na rua com a comunidade. “Nós todos ganhamos com essa interação, mostrando que a gente está aqui,
olhando para a cidade, falando dela.”
Prática Jornalística
Imagem ilustrativa
Estudante do segundo período de Jornalismo, Davi Machado reforça a opinião da professora. Para ele, que participa pela primeira
vez de uma cobertura, é positiva a experiência
de lidar com o imediatismo entre fazer a apuração e escrever a matéria. “Acho que contribui muito. É bom para entender melhor como
é a profissão na prática”, diz.
U
m projeto premiado que
permanece realizando um trabalho de serviço público à comunidade de Mariana. Esse é o Tribuna da Palhaçaria, blog de cobertura do Circovolante –
Encontro de Palhaços, vencedor na categoria Produção em Jornalismo Informativo, da
Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom/Sudeste), durante a
16ª edição do Congresso de Ciências da Comunicação (Intercom).
Nascido a partir da parceria entre o curso de Comunicação Social – Jornalismo da
UFOP e o Circovolante, o blog fez a cobertura
do evento em Mariana pelo segundo ano
consecutivo. A atividade foi desenvolvida
por estudantes do segundo período. Editora-chefe da página em 2010, a aluna Luiza Barufi foi quem representou o projeto no Expocom.
Para ela, um prêmio como esse é de extrema importância e valoriza o curso de Jornalismo. “O que levou nosso trabalho a ser
premiado é que ele não é apenas uma cobertura jornalística. É um produto completo
que, além de conciliar os estudos obtidos em
sala de aula, integra a Universidade com a comunidade”, ressalta Luiza.
Estrutura
Coordenadora do blog e professora do
curso, Adriana Bravin conta que foi planejado um esquema de cobertura que viabilizou
o êxito do trabalho. Ela ressalta ainda a importância da disponibilização do laboratório
de redação jornalística no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), onde os textos
Números da cobertura
foram escritos e postados no blog.
A professora diz que a experiência é única para os estudantes, uma vez que muitos
têm, pela primeira vez, contato com o deadline
Ÿ4 dias de cobertura
ŸMais de 5 mil acessos
Ÿ15 equipes
Ÿ12 editores de texto
Ÿ44 repórteres
Projeto “UFOP com a Escola” promove integração entre alunos e
professores, a partir da fabricação e encenação artística com bonecos
2º semestre 2011
A arte a serviço da educação: teatro de bonecos
auxilia o ensino na rede pública de Mariana
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Jornal da UFOP
Por Jéssica Michellin
Oficina ensina a fabricar bonecos para auxiliar o aprendizado de alunos da rede pública
“O meu objetivo é incentivar a leitura por
meio do teatro com os bonecos. É fazer com
que as crianças assistam ao teatro, identifiquem-se com a personalidade dos bonecos e,
a partir daí, passem a frequentar mais a biblioteca”. É com esse objetivo que a bibliotecária
Aparecida Maurílio, da Escola Municipal Monsenhor José Cotta, vai todos os dias ao ateliê
do artista Catin Nardi para confeccionar bonecos e ter aulas de teatro.
Ela está entre os oito professores da rede
de ensino municipal de Mariana que integram a primeira turma da “Oficina de Fabricação de Bonecos”, uma iniciativa do projeto especial “UFOP com a Escola”, administrado pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade
Federal de Ouro Preto.
Segundo os idealizadores da oficina, Catin Nardi, Eduardo Dias e Mauro Carvalho, as
aulas são divididas em duas fases. Na primeira, os professores aprendem a confeccionar
bonecos, a partir da matéria-prima essencial
para a fabricação: a garrafa PET. Na segunda,
eles vão para o palco para passar a entender,
na prática, os conceitos teatrais. Dessa forma,
após a conclusão das oficinas, eles estarão aptos a utilizar os bonecos nas salas de aulas.
O projeto está na fase de finalização dos
bonecos e início das aulas de jogos teatrais,
que, segundo a bibliotecária, são as preferidas. “Tenho achado todas as aulas muito interessantes, principalmente as de jogos teatrais.
É nelas que desenvolvemos o personagem,
dando uma personalidade ao boneco, já pensando na trama que iremos construir. Já até tenho algumas ideias
para o meu boneco”, brinca Aparecida Maurílio.
Segundo Catin Nardi, o projeto em si não é novidade, mas a
maneira como está sendo desenvolvido é inovadora na Região
dos Inconfidentes. Além da utilização de materiais fáceis de serem manuseados, próprios para
leigos na área, há a experiência te-
atral, que dará um suporte aos professores na
utilização dos bonecos nas aulas. “Tudo isso
combinado chegará ao ponto em que nós gostaríamos: melhorar a comunicação entre alunos e professores, deixar os estudantes mais
envolvidos e facilitar o desenvolvimento de
conteúdos que têm mais dificuldades de serem assimilados por eles. É proporcionar a socialização e a integração entre corpo docente
e discente em um projeto pedagógico de qualidade”, afirma o artista.
2º semestre 2011
2º semestre 2011
12 UFOP investe em lousa digital e tecnologia aplicada em sala de aula 13
Jornal da UFOP
Recurso interativo, adquirido pelo Cead, substitui quadro-negro e visa tornar as aulas mais atraentes
Por Nicole Alves
ta como principal vantagem a interação
entre professor e aluno. “Algumas ferramentas permitem que estudantes à distância possam visualizar o conteúdo da
lousa se estiverem em casa, ainda que
não possam utilizar os recursos interativos. Acredito que a tendência seja a aquisição e adoção desse recurso daqui para
frente. Além da economia de materiais
de consumo (folhas, xerox, pincel), o aluno tem acesso ao conteúdo quando quiser”, diz.
Saraiva ressalta que a lousa facilita
o trabalho dos professores, já que o conteúdo das aulas estará disponível com o
passar do tempo; sendo assim, eles não
precisam elaborar um plano de aula sempre, apenas atualizar o que já está salvo.
“Não acredito que haja resistência dos
professores para aceitar as novas tecnologias”, observa.
Segundo Saraiva, o custo da lousa
digital não é alto. Geralmente a utilização do equipamento exige um computador, um quadro branco, um cabo USB
e um datashow. A manutenção ocorre esporadicamente (a do computador ocorre a cada seis meses ou um ano), e também não é cara, o que torna o recurso ainda mais viável para escolas e universidades.
Software simula
fenômenos naturais
O investimento em tecnologia tem sido prioridade na UFOP. Além
da lousa digital, outro exemplo é o Laboratório para Modelagem e Simulação de Sistemas Terrestres, TerraLab, coordenado pelo professor da
Ciência da Computação Tiago Garcia Senna Carneiro. O TerraLab tem como objetivo auxiliar o processo de aprendizado. No local, foi desenvolvido um software que, por meio de simulação, o aluno pode testar hipóteses próprias e ver quais funcionariam na realidade, a partir da observação da interação da sociedade com a natureza.
“Este tipo de tecnologia torna o aprendizado mais dinâmico e intuitivo, além de aproximar o aluno da disciplina, porque ele passa a perceber os fenômenos naturais de forma mais concreta”, diz Carneiro. As demais ciências, como Engenharia Ambiental, Engenharia Geológica e Biologia, também podem utilizar o recurso, que, por meio de métodos numéricos, é capaz de simular, por exemplo, dinâmicas hídricas, dispersões de poluentes e processos similares. Segundo o professor, o uso de
interfaces gráficas animadas viabilizaria a implantação da ferramenta
também em escolas.
O software, no entanto, não é utilizado apenas para fins acadêmicos. Os modelos presentes nele são desenvolvidos em parceria com o
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). De acordo com Tiago
Carneiro, em um primeiro momento, é necessário ir a campo observar
os processos naturais. Depois, profissionais de várias áreas, como geólogos, geógrafos, engenheiros, agrônomos, biólogos, explicam o que está
acontecendo na natureza de acordo com a ciência. O cientista da computação, por sua vez, faz um apanhado geral e coloca os dados corretos
no programa para realizar a simulação, tendo, assim, a chance de contribuir para o entendimento da interação entre sociedade e natureza.
O professor ressalta que, com as tecnologias emergentes, os docentes terão de mudar sua forma de ensino, uma vez que estão acostumados a ensinar da maneira tradicional.
Imagem ilustrativa
O
Centro de Educação Aberta e à Distância (Cead) da
UFOP já dispõe de uma
lousa digital que pode ser utilizada por
todos os alunos. Esse recurso tecnológico interativo poderá substituir o quadronegro daqui a alguns anos, em virtude
de suas múltiplas funções. Suas inúmeras possibilidades visam deixar as aulas
mais atraentes tanto para os alunos como para os próprios professores.
A lousa digital amplia a interação
em sala de aula, utilizando recursos computacionais. Com ela, o professor pode
preparar apresentações em programas
comuns como Power Point e, ao mesmo
tempo, navegar na internet durante a aula para pesquisar ou mostrar algum conteúdo adicional.
A tela é touchscreen, funcionando
com uma caneta ou com o próprio dedo,
e imagem e som possuem melhor qualidade, o que a diferencia de um computador normal, além do tamanho. As aulas são salvas na hora, podendo ser enviadas por e-mail aos alunos. Os professores também podem criar jogos e atividades interativas para incrementarem o
conteúdo de sua explicação.
Harley Balduino Saraiva, responsável pelo funcionamento da lousa, ressal-
Jornal da UFOP
Conteúdo aberto e computação móvel
As maiores tendências da aplicação das novas tecnologias nas escolas e
universidades apontam para o conteúdo aberto e a computação móvel, que
podem contribuir, segundo especialistas, para a maior democratização do conhecimento, principalmente no Brasil,
onde o desnível entre as instituições de
ensino é muito grande.
Estima-se que, em três anos, serão
mais frequentes, nas instituições de ensino, o uso de e-books (possibilitam leitura
eletrônica, comunicação sem fio, capacidade maior de armazenamento) e da
realidade aumentada, ou seja, da sobre-
posição de gráficos, áudio e outros melhoramentos das telas dos computadores sobre o
ambiente real. Ambas as tecnologias já são
utilizadas em algumas universidades de ponta. Além do investimento em softwares e em
hardwares, surge como necessidade urgente
no País a promoção de treinamentos para
que os professores consigam integrar a tecnologia ao processo de ensino.
A aquisição desses recursos tende a propiciar o amplo acesso ao conhecimento pelos estudantes, preparando profissionais em
sintonia com as atividades constantemente
exigidas pelo mercado de trabalho.
Por Nicole Alves
II Semana Acadêmica de Serviço Social reuniu professores, alunos e
autoridades para discutir a legitimação do trabalho do assistente social
Com o tema “Compromisso de classe por
uma sociedade emancipada”, a II Semana Acadêmica de Serviço Social reuniu profissionais,
professores, alunos, convidados e autoridades para discutir questões sobre a legitimação do trabalho do assistente social, a construção de um Serviço Social mais engajado e a
formação de uma nova ordem com especialistas na área emancipados de uma força de
trabalho. O evento buscou também destacar
a importância do profissional que é formado
para a sociedade, não apenas para o mercado.
O reitor da UFOP, prof. João Luiz Martins,
o diretor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) da Universidade, prof. José
Arthur dos Santos Ferreira, a presidente do colegiado do curso, profª Virgínia Carrara, a chefe de departamento, profª Juçara Brittes, e a
coordenadora do Centro Acadêmico, profª
Emília Godoy, formaram a mesa de abertura
do evento. Ali, a Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (ENESO) foi representada por Felipe Coelho e Valdeir Eustáquio, do
Conselho Regional de Serviço Social (CRESS).
Segundo Eustáquio, o CRESS possui
uma comissão específica para a formação
profissional e, por isso, é importante o seu
vínculo com a Universidade. Segundo ele, na
atual gestão, o termo “compromisso e luta”
pauta-se pela obrigação do Conselho com a
categoria profissional e a luta pela formação
adequada e pela escola digna.
De acordo com o diretor do ICSA, o curso de Serviço Social é o que possui uma das
maiores integrações entre ensino, pesquisa
e extensão, constituindo os pilares de uma
universidade, que apresenta uma lógica não
mercantil.
A principal discussão da II Semana Acadêmica de Serviço Social se deu em torno da
necessidade de efetivação da prática política
da área. Por causa disso, a formação do profissional deve, então, contribuir para novas
consciências e atividades acadêmicas, visando ampliar o espaço cultural. Segundo os especialistas que participaram do evento, é necessário que existam profissionais para propor projetos de intervenção e aumento do
campo de atuação. Ainda segundo os especialistas, é necessário que os alunos adquiram a noção da importância do Serviço Social não apenas como profissão, mas da sua
conjugação com o exercício da cidadania.
Imagem ilustrativa
2º semestre 2011
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Jornal da UFOP
Reflexão acerca da importância
do assistente social
UFOP: referência nacional em assistência estudantil
Centro de Convergência da UFOP, campus Morro do Cruzeiro
Pesquisa realizada pela Associação Nacional dos Dirigentes
das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) aponta a
Universidade Federal de Ouro Preto como acima da média nacional no percentual de estudantes contemplados por políticas de
assistência socioeconômica, como atendimento psicológico, médico, auxílio-transporte, dentre outros.
Para se ter uma ideia, na comparação em nível nacional com
outras instituições federais de ensino superior, no quesito atendimento odontológico, por exemplo, a UFOP concentra 12,46%
de estudantes atendidos nessa área contra 6,80% do nível nacional. No quesito apoio psicológico, o número chega a 6,23%, ante
os 2,67% do nível nacional.
Em termos de moradias estudantis, a UFOP registra 7,08%
contra os 5,03% do nível nacional. Chamam a atenção também
as diferenças em termos de alimentação e de atendimento médico. No primeiro caso, são 27,76% da UFOP contra 15,03%, ou seja,
é quase o dobro do nível nacional. No segundo, a diferença é de
5,66 pontos percentuais: são 12, 46% contra 6,80%.
2º semestre 2011
Encontro para discutir a
educação matemática
15
Jornal da UFOP
Por Isadora Rabello
A formação da primeira turma do Mestrado Profissional em Educação Matemática
da UFOP, envolvendo os produtos e processos educacionais gerados a partir de pesquisas desenvolvidas no âmbito do programa, foram o foco da segunda edição do Encontro de
Ensino e Pesquisa em Educação Matemática,
realizado na Universidade em maio.
O foco na pesquisa e no debate sobre o
ensino da Matemática foi destacado pelos alunos. Para Genaldo Gomes Ferreira, do mestrado, “como o curso de Matemática é considerado um daqueles com grande grau de dificuldade, encontros e debates como esses ajudam a formar melhores educadores.”
Após a abertura, o prof. Marco Antônio
Moreira, da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), ministrou palestra
com o tema “Abandono da narrativa, ensino
centrado no aluno e aprender criticamente”.
Moreira pertencia à área 46 da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino
Superior (Capes), quando veio à Universidade
para conhecer a proposta da criação do mestrado profissional de Matemática,
participando assim do nascimento do curso. Mar-
Diretor do ICEB, Antônio Claret
co Antônio Moreira é formado em Física, porém sua experiência ministrando aulas no ensino médio o levou a fazer mestrado na área.
Compareceram à abertura do evento,
realizado no Instituto de Ciências Exatas e
Biológicas (ICEB), o reitor da UFOP, João Luiz
Martins, o pró-reitor de Pesquisa e PósGraduação, Tanus Jorge Nagem, o diretor do
ICEB, Antônio Claret Soares Sabioni, e a profª.
Ana Cristina Ferreira, coordenadora do mestrado em Educação Matemática.
Incultec: recursos para consolidar projetos
Para fortalecer o empreendedorismo na
Região dos Inconfidentes, o Centro de
Referência em Incubação de Empresas e
Projetos de Ouro Preto (Incultec) conseguiu a
aprovação, junto à Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), de recursos no valor de R$ 55 mil para
consolidar projetos para o desenvolvimento
de empresas de base tecnológica.
Segundo o coordenador do Incultec,
prof. Jorge Humberto, esses recursos devem
contribuir para a geração de emprego e renda
no município e na região, consolidando a
capacidade empreendedora da Universidade
Federal de Ouro Preto. “A incubadora estabelece, por meio de uma gestão inovadora, um
ambiente propício ao desenvolvimento de
empresas de alta tecnologia, no qual a
Universidade e o setor produtivo têm um
papel importante. Esse ambiente permite
criar uma dinâmica empresarial no setor
tecnológico, levando, assim, ao uso compartilhado de serviços, instalações, informações e
se tornando objeto para apoio de agências de
fomento”, explica o professor.
Equipe de coordenação do Incultec
2º semestre 2011
16
Jornal da UFOP
PROEx lança modelo para facilitar
apoio a projetos de extensão
“Fluxo Contínuo” possibilita entrada de projetos mensalmente; a iniciativa
modifica termos do edital para propiciar a inclusão de novos trabalhos
Por Maressa Nunes
Programas e projeto
ganhadores do
IX Seminário de Extensão
Programa Direito e Sociedade - "Núcleo de
Assistência Jurídica" e "Centro de Mediação e
Cidadania"
Coordenador: prof. Fabiano Cézar Rebuzzi
Guzzo – DEDIR
Programa Educação Ambiental da UFOP
Coordenadora: profª Maria Rita Silvério Pires –
DEBIO/ICEB
Programa Integrado de Extensão para o
Ensino e a Divulgação da Ciência – PROCIÊNCIA
Coordenador: prof. Gilson Antônio Nunes –
DEMUL
Programa de Educação de Jovens e Adultos
– PEJA
Coordenadora: profª Regina Magna Bonifácio
de Araújo – DEEDU/ICHS
Projeto Gestão Estratégica em Entidades
Sociais e Culturais sem Fins Lucrativos
Coordenadora: profª Tays Torres Ribeiro das
Chagas – DEPRO/EM
para programas, projetos, cursos e eventos
eram muito extensos e não havia entendimento efetivo desse documento. Além disso,
os projetos eram enviados somente uma vez
por ano e com um prazo curto de inscrição”,
diz o prof. Danton Heleno Gameiro, pró-reitor
adjunto da PROEx. Ele ressaltou ainda que “a
Pró-Reitoria não trabalha com número de projetos e bolsas e, sim, com a questão orçamentária.”
Partindo dessa ideia, de acordo com o
professor, a PROEx começou a pensar uma maneira de investir o dinheiro recebido em outros projetos. “Primeiramente, foi feita uma
melhoria do edital pelo Comitê de Extensão,
que o deixou mais enxuto e de fácil entendimento. A partir do segundo semestre de
2010, com a implantação do 'Fluxo Contínuo',
os projetos passaram a ser apresentados mensalmente e não de forma anual, como era feito
anteriormente”, explicou Gameiro.
Para entender melhor o funcionamento
do Fluxo Contínuo, as pessoas interessadas
devem enviar projetos em um determinado
dia de cada mês. Esse dia é estabelecido a partir das reuniões do Comitê de Extensão. Nesse
Comitê, os projetos são avaliados e, se aprovados, o início é imediato. O grupo é composto por membros de quase todas as unidades
acadêmicas da Universidade e foi criado a fim
de agilizar e facilitar o envio e o início dos projetos. Com essa nova organização, a comunidade passa a ter mais oportunidades.
Como são e o que são os
programas e projetos
O
Comitê de Extensão define
Programa como "conjuntos
articulados de projetos de
extensão e de outras iniciativas científicas
e didático-pedagógicas, marcados pela indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão”. E os projetos podem ser vinculados a esses programas, ou podem ser
propostas isoladas. O fluxo contínuo tem
favorecido os programas. “Esses programas têm prioridade porque forçam a formação de equipes em um mesmo tema”,
afirmou o professor Danton. A PróReitoria incentiva os projetos isolados para que se unam e montem um programa
ou que algum projeto possa ser incluído
Imagem ilustrativa
I
niciativa da Pró-Reitoria de Extensão
(PROEx), o “Fluxo Contínuo” objetiva
a entrada contínua de programas e
projetos de extensão durante todo o ano.
Implantado no segundo semestre de 2010, o
Programa já obteve resultados positivos.
O número de propostas passou de 116
para 132 e o número de bolsas pulou de 348
para 369 no primeiro semestre de funcionamento.
Além de possibilitar a entrada de projetos mensalmente, o “Fluxo Contínuo” teve modificado alguns termos do edital e isso facilitou o ingresso de novos programas. Dessa forma, é possível oferecer mais chance para a entrada de novos projetos. “Antes da implantação do modelo de fluxo contínuo, os editais
em um programa já existente.
As atividades de extensão são divididas em oito temáticas diferentes, como Comunicação, Cultura, Direito, Educação, Meio Ambiente, Saúde, Tecnologia e Trabalho.
As temáticas que mais possuem projetos
de apoio à comunidade hoje são Educação
e Saúde.
Todo ano, essas ações de extensão são
premiadas no Encontro de Saberes, que reúne mostras de trabalhos das Pró-Reitorias
de Pesquisa e Pós-Graduação (Propp),
Extensão (PROEx) e Graduação (Prograd).
No Encontro de 2010, foram apresentados
1.200 trabalhos de iniciação científica, 200
na área de extensão.
Comparação entre 2010 e a prévia de 2011
Projeto de extensão da UFOP em João Monlevade ajuda
estudantes do ensino médio a entrar na universidade
2º semestre 2011
Preparação para ingresso no ensino superior
17
Jornal da UFOP
Por Isadora Rabello
O
“Pré-Vestibular Rumo à Universidade”, projeto de extensão da
Universidade Federal de Ouro
Preto desenvolvido em João Monlevade, aprovou 13 alunos desde 2009, ano em que foi criado. Lidiane Silva Maria, psicóloga da Unidade,
e Lidiane Júlia Bueno, assistente social, foram
as idealizadoras do Programa. Ambas fazem
parte do Núcleo de Assuntos Comunitários e
Estudantis de João Monlevade (NACE-JM).
Anteriormente, o Pré-Vestibular funcionava no Instituto de Ciências Exatas e Aplicadas (ICEA), no entanto, devido à estrutura física, passou, neste semestre, para a Escola
Alberto Pereira Lima.
O interessante é que as aulas são ministradas por alunos da própria Universidade.
Eles recebem bolsa permanência no valor de
R$ 250,00 e outra no mesmo valor para ministrarem as aulas. Hoje existem nove bolsistas,
sendo oito professores e um secretário. Os estudantes da UFOP são orientados por professores do campus, que ministram as disciplinas
Matemática, Física e Química. Existem duas colaboradoras, professoras de Português/Redação, que também dão apoio às aulas. São oferecidas as disciplinas de Matemática 1 e 2; Física 1 e 2, Química 1 e 2, Biologia, Português e
Redação.
Apoio
Para contribuir com o Projeto, a Prefeitura Municipal de João Monlevade fornece
transporte gratuito, assim como as prefeituras de cidades vizinhas, como Barão de Cocais,
Rio Piracicaba e São Gonçalo, parceiras do
Pré-Vestibular.
O curso é voltado para pessoas de João
Monlevade e região que já concluíram o ensi-
ANO
2009
no médio ou estão cursando o 3º ano. Os interessados em ingressar no curso precisam participar de um processo seletivo para a ocupação de 35 vagas.
Os professores orientadores e colaboradores ajudam no processo seletivo, coordenado pela assistente social.
Aprovação
No primeiro ano de funcionamento, o
curso contribuiu para um candidato passar no
vestibular. Depois, mais nove foram aprovados no segundo semestre de 2010, sendo dois na UFOP, quatro na UEMG e três na Unileste (Prouni). Até agora, 155 pessoas já estudaram no Pré-Vestibular: 40 alunos em 2009; 40
alunos no 1º semestre de 2010; 40 no 2º semestre de 2010 e 35 alunos no 1º semestre de
2011.
NOME
CURSO
UNIVERSIDADE
Lidiane
Enfermagem
Funcesi (Itabira)
Sistemas de
UFOP (João
Aparecida
Arcanjo
2010/2
Agnaldo Teixeira
Informação
Monlevade)
2010/2
Thalles Biachine
Engenharia
UFOP (João
Elétrica
Monlevade)
2010/2
Wilsander de
Engenharia
UFOP (João
Jesus
Elétrica
Monlevade)
2011/1
Adalton Virgílio
Engenharia Civil
UEMG
2011/1
Fabiana Barreto
Engenharia Civil
UEMG
Helton
Engenharia
UNILESTE/PROUNI
Fernandes da
Mecânica
Nascimento
Pereira
2011/1
Silva
2011/1
Karina Fernanda
Sistemas de
de Paula
Informação
2011/1
Kennya Silva
Engenharia
Braz
Metalúrgica
2011/1
Miguel Monteiro
Engenharia
UFOP
Elétrica
UEMG
Costa
UFOP
UEMG
e Engenharia
Metalúrgica
2011/1
Nayara
Engenharia de
UFOP/UNIFEI/UNIPAC
Aparecida Izidoro
Produção
- PROUNI
2011/1
Sâmara Ferreira
Ciências
UNILESTE
dos Santos
Biológicas
2011/1
Thais Caroline
Engenharia
UEMG
2º semestre 2011
Jornal da UFOP
Por Nicole Alves
Problemas para alugar um imóvel? Se a
resposta for sim, o Núcleo de Assistência Jurídica de Ouro Preto (Najop) pode ajudar. A partir de pesquisa realizada pelo Núcleo com estudantes da UFOP, constatou-se que a maioria não estava ciente dos direitos como inquilinos. Por causa disso, o Najop passou a auxiliar na locação residencial para evitar abusos
contratuais por parte das imobiliárias e dos
proprietários, desenvolvendo uma cartilha
com algumas orientações e um contrato de
aluguel padrão.
Ao todo, o programa já atendeu até agora 2.200 alunos: 1.100 por meio do ciclo de debates e 100 diretamente. Segundo a coordenação do programa, composta pelos professores Rafhael Frattari, Bruno Camilloto, Beatriz Schettini e Fabiano Rebuzzi, em 1997 o Na-
Artigo
Não poderia relegar as minhas posições e
convicções e quero aqui deixar o meu legado quanto ao futuro de Minas Gerais, Ouro Preto e o Brasil.
Acho que, no período colonial do Brasil, uma de nossas maiores riquezas era o ouro que abasteceu Portugal e Inglaterra.
Esse importante minério, cujo valor monetário estava agregado nele mesmo, nas condições de mercado e no custo de muitas vidas de escravos e indígenas, extinguiu-se em função de toda
a exploração. Esse período passou e para Ouro Preto, Minas e o Brasil ficaram apenas alguma herança
cultural, a arquitetura e, atualmente, o crescimento
natural da cidade e o inchaço irresponsável (sem
planejamento) da Universidade (UFOP), que ameaçam a arquitetura, nossa história e o turismo da cidade.
Como estudante, vivi em Ouro Preto o período áureo da riqueza do alumínio, cujo produto é
extraído do minério bauxita. A partir de 1976, aqui
viveu-se toda uma cadeia produtiva com as mais altas mordomias, fruto do produto, da educação e do
trabalho. Lembro-me de colegas formados em
Engenharia Metalúrgica pela Escola de Minas que tinham altos salários e, ainda, privilégios da antiga
Alcan. Na década de 1990 escrevi uma carta para o
presidente dessa empresa, no Canadá, denunciando os sérios problemas ambientais (geração de lama cáustica, produtos de rejeitos com elementos
químicos pesados ou radioativos), provocados em
Ouro Preto e região, para os quais tive resposta à altura dos meus questionamentos, mas não a solução
para os problemas. Passados então 30 anos, quando a matéria-prima se exauriu, a realidade é de total
decadência. A empresa está prestes a se fechar, a bauxita esgotou-se e os empregos acabaram.
Essa introdução mostra o que tende a
acontecer com Ouro Preto, Minas Gerais e o Brasil se
Desenvolvido pelo Departamento de Direito, o Najop já atendeu a
2.200 alunos: 1.100 por meio do ciclo de debates e 100 diretamente
jop constituía apenas um núcleo de prática
dentro da grade curricular do curso de Direito
da UFOP. Em 2009, no entanto, o Núcleo foi
procurado pela Universidade, devido ao crescimento significativo do número de alunos.
Constatou-se, então, que muitos estudantes
sentiam-se lesados pelas imobiliárias e as dúvidas e reclamações não eram casos isolados e,
sim, um problema recorrente. Dessa forma, o
projeto de extensão "Direito e Sociedade - Núcleo de Assistência Jurídica e Centro de Mediação e Cidadania" ficou responsável por tratar
do assunto. A meta do programa passou, então, a ser alertar e conscientizar. Segundo Rebuzzi, a competição entre alunos é um agravante, devido ao fato de todos precisarem de
moradia, sujeitando-se às injustiças por parte
dos proprietários dos imóveis.
Cartilha
Divulgação
18
Auxílio na locação residencial
A cartilha esclarece as dúvidas mais frequentes por meio de uma linguagem simples e
didática, auxilia no entendimento dos procedimentos a serem adotados em um contrato de
aluguel e traz outras informações importantes
para a locação de um imóvel, visando facilitar,
principalmente, a relação entre proprietário e
inquilino. Dentre as orientações da cartilha produzida pelo Najop está a exigência de se vistoriar o imóvel, a fixação de prazo no contrato de
aluguel e a estipulação do índice de reajuste.
Endereço para atendimento: rua Vitorino Dias,
56, sala 105, Pilar.
Minas Gerais, Ouro Preto e o futuro do Brasil
não lutarmos para agregar valores às nossas riquezas e não só entregá-las a custos irrisórios como temos feito com nosso minério de ferro (de alto teor)
que está indo embora para a China e que depois importamos como produtos acabados e com maiores
valores agregados (eletrodomésticos, máquinas,
equipamentos, carros, etc.). Os geólogos e engenheiros de minas sabem que, no Quadrilátero Ferrífero, só temos minério de ferro por, aproximadamente, mais 50 anos. Isso tudo está acontecendo
bem próximo de nós e a nossa riqueza está indo embora a olhos vistos. Uma mineradora como a Vale
nunca poderia dar prejuízo no Brasil, como mostrado pela história administrativa da companhia, tanto
na mão do governo quanto na de particulares. Não
é necessário ser profissional especializado (geólogo
ou engenheiro de minas) para administrar bem essa empresa.
A maioria das minas brasileiras são minas
a céu aberto e com alto teor do minério a ser lavrado. Portanto, não exige nenhuma tecnologia sofisticada para tal e nem muita mão de obra especializada. Não tem como dar prejuízo. Por isso, as multinacionais estão presentes aqui para nos explorar.
Aliás, é bom lembrar que a Vale foi privatizada, mas
quem manda na sua gestão é o governo federal, por
meio dos fundos de pensão do Banco do Brasil e da
Caixa Econômica Federal. E, assim como essa história, outras semelhantes mostram a ascensão, o apogeu e o declínio de um povo. Vejam, por exemplo, o
caso de Saddam Hussein, que tinha no Iraque um
verdadeiro oásis, bonito e promissor. O povo de lá vivia dignamente e com sustentabilidade, pois tinha
água e terra fértil. Essa comunidade iraquinana foi
politicamente contra Saddam em determinado período de seu governo. Em retaliação, esse ditador
mandou bombardear e destruir os mananciais de
água daquela região, levando seu povo à pobreza.
Esse fato mostra a tendência futura das regiões produtoras de minério em nosso Estado e País. Num futuro não tão longe, o Vale do Aço estará fadado ao
declínio e, consequentemente, as comunidades envolvidas serão afetadas.
Vejam, por exemplo, também o que está
acontecendo com as reservas de nióbio brasileiras.
A Folha de São Paulo (quarta-feira, 08/12/10) informou que "para os EUA, nióbio do Brasil é estratégico para a defesa nacional". Essa preocupação foi revelada pelo WikiLeaks. O Brasil detém 98% das reservas de nióbio do mundo, já que existe um pouquinho na Sibéria. Grande parte das reservas brasileiras se encontram na cidade mineira de Araxá e no
Morro dos Seis Lagos, no Amazonas. Todavia, essa
jazida não se encontra em exploração devido à alta
complexidade requerida nos meios extrativos. O
nióbio é um mineral que está sendo usado para tudo no mundo, por isso os países desenvolvidos são
tão dependentes do nióbio como são do petróleo.
Esse mineral é usado como liga resistente
em lâminas, instrumentos cirúrgicos, aviões e peças
que se submetem a altas e baixas temperaturas, foguetes, carros, armas etc. Sejam empresas estatais
ou privadas detentoras do direito de lavra mineral,
o governo brasileiro deve tratar a questão com muito cuidado, tentando agregar valores a essas matérias-primas se quisermos um futuro digno para as futuras gerações, para Minas Gerais, Ouro Preto e o
Brasil.
(*) Ernani Carlos de Araújo – ex-prefeito do campus,
professor associado II da Escola de Minas da UFOP,
mestre e doutor pela USP na área de Estruturas Metálicas.
E-mail: [email protected]
Este artigo foi publicado no Jornal da Ciência, da SPBC
O presente artigo é de inteira responsabilidade
do autor e não reflete a opinião deste jornal.
2º semestre 2011
Vigilância constante na execução das obras
19
U
ma obra aqui, outra ali. Aos
poucos, novas edificações no
campus da UFOP, em Ouro Preto
e nas demais unidades de Mariana e de João
Monlevade, vão ganhando forma. Para garantir que elas aconteçam, uma equipe de profissionais faz o acompanhamento constante dos
trabalhos das empresas licitadas para a execução dessas obras, em um total de 22 realizadas na Instituição.
De acordo com o prefeito do campus,
Eduardo Evangelista Ferreira, 12 fiscais fazem
o acompanhamento diário das edificações na
Universidade, para que os prazos estabelecidos em contrato sejam cumpridos, e um balanço mensal do trabalho, denominado medição, aponta eventuais problemas na execução das obras. Segundo Ferreira, quando são
detectados atrasos, as empresas licitadas sofrem sanções, que passam pela advertência,
multa e suspensão da atividade, e não podem
concorrer para outras obras na UFOP por dois
anos.
Ainda segundo Ferreira, quatro empresas já foram suspensas de licitar na Universidade em três anos. Uma foi multada seis vezes
em seis meses de contrato. Nesse mesmo período de três anos, foram mais de 40 notificações. “A empresa apresenta um cronograma.
Fazemos então a conferência dele, se estiver
abaixo da meta, aplicamos advertência ou
multa. Em casos mais graves, o contrato é suspenso”, explica o prefeito.
Legislação
De acordo com Ricardo Pacheco da Silveira, assessor da Coordenadoria de Suprimentos (CSU), órgão vinculado à Pró-Reitoria
de Finanças (Prof), a maior parte das empresas não consegue cumprir os prazos contratuais. “Muitas pedem aditivo de prazo, o que
não é regra, mas uma exceção. E quem delibera sobre o tempo são os fiscais da Prefeitura
do Campus (Precam)”.
As multas são aplicadas na mora (2%) e
na inadimplência (5%). “Não há justificativa
para atrasos porque, quando o licitante participa do certame, ele já conhece o processo”,
ressalta Silveira. Ainda segundo Silveira, todo
o processo de acompanhamento das obras está embasado na Lei de Licitação 8.666. “A CSU
recebe da Precam a denúncia de que a contratada apresenta irregularidade ou descumprimento de alguma cláusula contratual. Com
base na Lei, a denúncia é formulada e a ProReitoria de Finanças notifica a contratada aplicando as sanções”.
As empresas que não cumprem os contratos acabam parando no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedoras (Sicaf),
uma espécie de Sistema de Proteção ao Crédito (SPC).
UFOP atrai estudantes de 2.619 municípios brasileiros
Um número impressionante. A UFOP recebeu, para 2011/2, inscrições de candidatos
de 2.619 municípios brasileiros, o que corresponde a 47% do total dos 5.564 existentes no
País. Foram 57.348 inscrições pelo Sistema de
Seleção Unificada (SiSU). Comparado ao processo seletivo 2011/1, a Instituição registrou
um aumento de 56% no número de inscritos.
Desse número, 34.281 são de Minas Gerais;
São Paulo vem em segundo lugar com 10.508
inscritos, seguido do Espírito Santo e Bahia,
que são as novidades deste processo seletivo,
com 2.126 e 1.627 inscrições, respectivamente.
O curso mais concorrido foi Medicina,
com 343 candidatos por vaga, seguidos pelo
Direito (110 candidatos por vaga) e pela Engenharia Civil (100 candidatos por vaga). Para a
caloura de Medicina Débora Dumont Cruz Nunes, o curso da UFOP está bem estruturado e a
vertente a atraiu ainda mais. “Já tinha passado
em outras universidades federais, mas escolhi
a UFOP pela estrutura do curso e pela tradição”, diz.
Pensando no mercado de trabalho, Júlia
Nogueira Camargos, caloura do curso de
Engenharia de Minas, afirma ter trocado a universidade onde estudava pela UFOP devido à
conceituação que ela dá ao profissional e o incentivo à pesquisa. “A UFOP vai me preparar
melhor para o mercado de trabalho”, ressalta.
“Espero que a Universidade seja uma família, que dê assistência para eu ser uma boa
profissional”, diz Natália Carolina do Nascimento, caloura do curso de Engenharia Metalúrgica. A estudante afirma ainda que esco-
lheu a Instituição pela estrutura e pelo fato de
ela ser renomada.
Estudantes locais
O número de estudantes ingressantes
de Ouro Preto, Mariana e João Monlevade
quase dobrou nos últimos anos. Em 2007, de
acordo com dados da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), 16,21% dos alunos eram provenientes das três cidades. Este ano, considerando os números apenas do primeiro semestre, esse dado passou para 29,83%. A
abertura de cursos noturnos e a expansão da
UFOP podem ser considerados fatores determinantes no aumento da ocupação de vagas de estudantes que se enquadram nesse
perfil.
2º trimestre 2011
20
Jornal da UFOP
Novo polo do EaD em Cachoeira do Campo
Foto: divulgação
O polo do Centro de Educação Aberta e a
Distância (CEAD) da UFOP está pronto para
funcionar em Cachoeira do Campo. Os laboratórios de informática vão atender aos cursos de Pedagogia e Administração Pública,
ampliando, assim, o raio de ação da Instituição nessa modalidade em toda a região.
De acordo com o diretor do CEAD, Jaime
Antônio Sardi, o polo foi montado no Centro
Juvenil Dom Bosco, na av. Pedro Aleixo, 218,
na própria Rodovia dos Inconfidentes.
A construção do polo atende a uma demanda de Cachoeira do Campo, mas os cursos a distância da UFOP têm atraído ainda o interesse de outros municípios. A prefeitura de
Betim-MG é uma das que já enviou representantes a Ouro Preto para pleitear a instalação
de um polo também naquela cidade, mas, segundo Sardi, frequentemente há demandas
similares de outros prefeitos.
Para atender à solicitação crescente de
estudantes a distância, novas estruturas estão sendo montadas pela UFOP. Pioneira entre as universidades públicas que oferecem
essa modalidade de ensino no Brasil, o polo
de João Monlevade (que é diferente do campus presencial), por exemplo, é considerado
um dos melhores em infraestrutura. “Há dois
espaços distintos, um presencial e um a distância. O a distância funciona no centro da ci-
dade em parceria com a prefeitura”, explica o
diretor do CEAD.
Em Barão de Cocais, a UFOP mantém
apenas o ensino a distância. ‘’É lá que está o
primeiro curso de Administração Pública federal a distância do Brasil. Concretamente, em
termos de estrutura física, o que está sendo feito em Barão de Cocais é um polo-modelo, segundo a recomendação da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O prefeito esteve aqui e apresentou verba para a construção de um prédio na
cidade, já que o município foi o primeiro a ter
um polo quando o CEAD foi criado em 1999”,
diz.
Videoconferências, webconferências e tecnologia Moodle
Por meio de uma plataforma chamada
Moodle, os alunos podem acessar todo o sistema acadêmico da UFOP. As aulas dos cursos
a distância são ministradas ao vivo, uma vez
por mês, por meio de videoconferências, em
que os estudantes recebem os arquivos das
disciplinas e interagem com o professor. Há
também a webconferência, em que os conteúdos são enviados para um computador na sa-
la de aula e o tutor é responsável pela operação técnica e por orientar e conduzir os estudantes. Nos dois sistemas, os alunos de todos
os polos estão simultaneamente conectados
com o professor em Ouro Preto.
O Ensino a Distância (EaD) é uma área de
interseção entre a educação e as novas tecnologias de informação e comunicação, constituindo-se, portanto, um campo de experi-
mentações de inovações técnicas e pedagógicas. Ou seja, é uma modalidade em constante processo de transformações e, por isso,
configura-se como um valioso campo de pesquisa em Educação, cujos resultados podem
se traduzir em contribuições não apenas para
o EaD, mas também para a educação presencial.
Suporte na interiorização do ensino superior no Brasil
Segundo o diretor do CEAD da UFOP, Jaime Sardi, a Universidade Aberta, um consórcio de universidades federais, criada em 2006,
foi uma forma encontrada para se interiorizar
o ensino superior público e gratuito no Brasil,
permitindo que as pessoas menos favorecidas tivessem acesso a ela. A UFOP, por exemplo, possui hoje polos no interior de São Paulo, Bahia, Acre e Pará. São 6 mil alunos cursando a modalidade a distância em seus 35 polos.
Parte desses estudantes está concentrada em Minas Gerais, e, segundo Sardi, pensando em uma ampliação do EaD da UFOP no
Estado, novos polos estão sendo preparados.
Sua criação seria uma forma de melhorar a
educação no País. “O Brasil tem apenas 11%
dos jovens de 18 a 24 anos no ensino superior,
enquanto a Argentina e o Uruguai têm 30%.
Os países de Primeiro Mundo chegam a 70%
ou 80%”, ressalta. Sardi enfatiza que os cursos
de EaD não concorrem com os presenciais e
não existem para suprimi-los. “Há conteúdos
e conteúdos. Uns adaptam-se bem quando
ensinados a distancia, outros não. A tendência é que, em médio prazo, cursos de EaD e presenciais caminhem para uma convergência,
um hibridismo”. Na opinião do diretor do
CEAD, os alunos de EaD não são mais pobres
De acordo com a Associação Brasileira de Educação a Distância,
em 2008, 2,64 milhões de brasileiros estudaram via EaD,
distribuídos nos 1.752 cursos. Pelos dados do MEC, no fim de 2009,
o EaD contava com 111 instituições de educação superior, 52
particulares, 11 confessionais e 48 federais, estaduais e institutos
federais.
ou menos científicos do que os alunos presenciais. “Em geral, eles já são empregados e
cursam uma graduação simultaneamente.
Algumas empresas preferem alunos de EaD
porque acham que têm mais autodisciplina e
responsabilidade sobre seu próprio aperfeiçoamento.
Eles estudam para si ao invés de estudar
para o professor. As provas do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE)
têm mostrado que alunos de EaD se saem melhor nessas avaliações de curso feitas pelo
MEC”, observa.
Cursos oferecidos no CEAD da Universidade Federal de Ouro Preto
(UFOP): Administração Pública, Pedagogia (Licenciatura),
Pedagogia para Educação Infantil, Matemática (Licenciatura),
Práticas Pedagógicas, Gestão Pública, Gestão, Produção e
Organização de Conteúdo e Geografia.
Curso Prático de Obras capacita profissionais da região
a partir de iniciativa junto à Universidade Federal de Ouro Preto
2º trimestre 2011
“Para por a mão na massa”
Agenda
21
Jornal da UFOP
“Admite-se mestre de obras, com experiência. Salário de dois mil reais”. “Contratamse pedreiros, com ou sem experiência, salário
de mil reais”. Anúncios como esses são comuns quando passamos em frente a uma
agência de recursos humanos em Ouro Preto
ou em qualquer outro lugar do País. Mas isso
não é coincidência, é apenas o reflexo de uma
realidade: faltam profissionais da construção
civil no mercado de trabalho.
Com o intuito de preencher essa demanda, é coordenado pelo prof. Paulo Damasceno, do Departamento de Engenharia Civil (Deciv) da UFOP, o curso “Prático de Obras”, cujo
objetivo é capacitar profissionais do setor na
Região dos Inconfidentes.
Segundo o coordenador, o projeto foi criado em 1982 com a ideia de promover a formação profissional para melhorar as condições de empregabilidade na construção civil,
aumentando a renda das pessoas e a qualidade de vida. Ainda, segundo Damasceno, o curso procura fornecer ao trabalhador da área o
conhecimento teórico mínimo que lhe permita dominar fases específicas de uma obra, dando a ele o conceitual básico e promovendo, assim, o aperfeiçoamento prático das atividades profissionais, como as noções de segurança, que são abordadas na disciplina “Segurança do Trabalho”, ministrada pelo graduando em Engenharia de Produção, Guilherme Falagán Faria.
Para Tatiane Soares Oliveira, 20 anos,
uma das alunas mais aplicadas, segundo os
professores, esse é o setor (Segurança do Trabalho) da construção civil que mais carece de
profissionais capacitados. “Eu quero seguir essa área porque é extremamente importante
para a integridade física do trabalhador da
construção. Quero fazer com que os trabalhadores entendam o uso desses equipamentos,
não como uma adequação à Lei, mas como
uma forma de proteção do seu próprio ofício”,
diz a estudante.
Outro propósito da iniciativa apontado
por Damasceno é a articulação da UFOP com
as demandas sociais da região. Isso porque o
curso está diretamente focado nas pessoas da
comunidade que pertencem às camadas menos favorecidas da população. Nesse sentido,
ele tem dois objetivos: procurar dar às pessoas que estão empregadas no setor o aperfeiçoamento profissional, e, para as que estão de-
Foto: Jéssica Michellin
Por Jéssica Michellin
sempregadas, a oportunidade de competirem por uma vaga no mercado de trabalho e
ainda a possibilidade de retomarem a vida estudantil.
Para Luiz Carlos, 44 anos, ajudante de Serviços Gerais, também aluno do curso, as aulas
representam tanto o aperfeiçoamento profissional como a volta aos estudos. “Comecei aos 14 anos como servente de pedreiro. Até então não tinha voltado à escola. Hoje frequento as aulas e
passei a aplicar, na prática, o
que aprendi. Por exemplo, a
utilizar óculos e máscaras de
proteção quando estou mexendo com o maquinário
elétrico”, ressalta o profissional.
O curso, gratuito, tem
duração de 210h. Para participar, é necessário realizar
uma prova de conhecimentos gerais e específicos. As
disciplinas ministradas são
Acabamentos, Carpintaria,
Estruturas, Instalações Elétricas Prediais, Instalações
Hidrossanitárias, Operação
de Máquinas, Equipamentos da Construção Civil e Se-
gurança do Trabalho. De acordo com a coordenação, todas elas podem ser feitas separadamente.
Para outras informações, encaminhar email para [email protected].
2º semestre 2011
22
Jornal da UFOP
“Nunca é tarde para recomeçar”
Dito popular resume bem a dedicação de pessoas com 30 anos ou mais que buscam
a graduação. Com isso, elas visam entrar definitivamente para o mercado de trabalho
Por Marcelo Nahime Jr.
não buscam conhecimento não conseguem
nada”, aconselha Maria Gonçalves.
Preconceito
A futura profissional da área de Letras ressalta que nunca sofreu preconceito por causa
da diferença de idade em relação aos colegas
de sala de aula e da Universidade. “Aqui na
UFOP nunca fui vítima de preconceito. Há pessoas que se dizem influenciadas por mim, como o meu genro, por exemplo, que decidiu estudar depois de me ver na faculdade. Fico lisonjeada de ver que sirvo de exemplo para
pessoas jovens assim. Meus filhos, ao me verem passar no vestibular, foram comigo fazer
a matrícula e eles não acreditavam de tanta felicidade, sempre me apoiando”, diz, com alegria, Maria Gonçalves.
“Passei pela mesma situação da Caetana.
Meus filhos comemoraram demais a minha
aprovação e me levaram para comer pizza no
dia. Nunca percebi preconceito, é como se ele
não tivesse espaço”, ressalta também o futuro
museólogo, José Maria da Silva.
Os dois estudantes da UFOP concluíram
que isso pode ser chamado de a verdadeira realização de um sonho. Silva diz se sentir sossegado em buscar conhecimento agora que seus filhos estão criados e Maria Caetana ressal-
ta o amor pela leitura e sabe que está no caminho certo.
“Achamos que o contato com pessoas jovens nos renova e isso é fundamental. Tenho
vontade de fazer pesquisas, de falar cada vez
mais outras línguas, apesar de não saber aonde eu vou me inserir no mercado depois de
me formar na faculdade. É incerto, mas vontade de concretizar o sonho não falta.”, finalizam José e Caetana.
Mercado
Se a pessoa possui 50 anos ou mais, por
exemplo, há bons motivos para comemorar. É
que de acordo com o Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), o mercado nunca
esteve tão aquecido para absorver pessoas
nessa faixa etária. De 2003 para cá, aumentou
em 56,1% o número de pessoas ativas acima
dessa idade. Além disso, o percentual supera
o crescimento médio do total da população
ativa em 19,8%.
Dos 22,2 milhões de pessoas ativas na
média do primeiro trimestre de 2011 nas seis
regiões metropolitanas, 4,8 milhões estavam
no topo da pirâmide etária.
Imagem ilustrativa
“Depois de uma vida, só agora estou estou dando algo voltado para as artes. Quando soube do curso, pensei que não deveria deixar passar essa oportunidade”, relata José Maria da Silva, de 62 anos, aluno do curso de Museologia da Universidade Federal de Ouro Preto.
Assim como Silva, muitos estudantes
com mais de 30 anos, ao perceberem que não
há mais tabu em relação à idade para começar
a estudar, estão voltando às salas de aulas no
Brasil. De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de
2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), havia 1,718 milhão de pessoas de 30 anos ou mais frequentando o ensino superior no País. A UFOP conta atualmente
com 687 alunos com idades que variam de 30
a 60 anos. Dentre eles, 60 são técnicosadministrativos,37 dos quais estão matriculados na pós-graduação.
Com brilho nos olhos, a estudante Maria
Caetana Gonçalves, de 60 anos, do curso de
Letras, diz que agora não deixa mais escapar a
chance: “Sempre gostei muito de estudar,
mas nunca tive a oportunidade. Agora que estou aposentada, finalmente chegou a minha
vez. Mais do que nunca, acho que aqueles que
Por meio do Núcleo de Educação Inclusiva (NEI), a
UFOP direciona ações a alunos com necessidades especiais
2º semestre 2011
Atenção para a questão da acessibilidade
23
Jornal da UFOP
Por Kíria Ribeiro
O número de pessoas com algum tipo de
deficiência na rede regular de ensino cresce a
cada ano. Segundo dados do Ministério da
Educação e Cultura (MEC), no último censo realizado em 2006, o percentual de matrículas
na educação inclusiva no nível básico no Brasil já havia crescido 640%. Por causa disso, o
número de matrículas de pessoas portadoras
de deficiência deve aumentar nas universidades nos próximos anos.
Para atender aos alunos com esse perfil,
a Universidade Federal de Ouro Preto, por meio do Núcleo de Educação Inclusiva (NEI), trabalha permanentemente no que se refere à
permanência desses estudantes na Instituição, a fim de garantir os direitos de cidadania
e viabilizar sua inserção no mercado de trabalho.
A Universidade, desde 1990, desenvolve, por intermédio do NEI, alguns trabalhos
de apoio à inclusão, como a implantação da
caneta para desenho em relevo. De acordo
com o Pró-Reitor Adjunto de Graduação, Adilson Pereira dos Santos, a caneta foi implantada na Instituição para auxiliar na educação.
“Buscamos este recurso com o professor Francisco José de Lima, que atua no curso de pedagogia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e é Coordenador do Centro de Estudos Inclusivo de lá. Ele é o grande inventor
dessa caneta e nos deu muito apoio na instalação dela aqui na UFOP”. Segundo Adilson, o
uso da caneta é de fácil aprendizado. “Basta
pressioná-la contra o papel sobre uma prancheta de borracha e o deficiente visual pode
produzir desenhos, mapas ou gráficos”, explica.
Sendo de baixo custo, ainda de acordo
com Santos, a caneta permite que crianças, jovens e adultos cegos consigam conhecer e explorar o mundo dos desenhos bidimensionais, tendo acesso a representações de prédios,
igrejas, figuras de animais ou quaisquer objetos que antes não podiam manusear. Além
disso, ao formar figuras, os deficientes visuais
podem expressar suas próprias representações de objetos conhecidos ou imaginados,
desenvolvendo e manifestando, assim, suas
habilidades artísticas e de criação.
Felipe Lopes é deficiente visual e cursa
disciplinas do segundo e terceiro período de
Engenharia de Produção. Segundo ele, o uso
da caneta começou numa disciplina de desenho. “Comecei a utilizá-la no semestre passa-
Foto: Divulgação
Impressora em braile
do. Desde então, tive um melhor desempenho nas disciplinas do curso. Na verdade, eu
não tinha conhecimento desse objeto, quem
Foto: ilustração/divulgação
me apresentou foi o NEI. O uso da caneta facilitou muito meu aprendizado e meu rendimento na Universidade”, diz Felipe.
Para viabilizar o acesso ao ensino superior público das pessoas com deficiência, o
NEI se responsabiliza também em equipar salas especiais nos concursos, vestibulares e similares, observando as especificidades de cada área de deficiência, a metodologia e os recursos necessários. A organização de locais e
a disponibilidade de mobiliários adaptados, a
ampliação de provas ou a elaboração de provas em braille, a constituição de bancas de ledores e de intérpretes na Língua Brasileira de
Sinais (Libras) bem como a incumbência da seleção de coordenadores com conhecimento
desejável para atender às necessidades do
candidato são algumas das atividades do Núcleo. Após a aprovação no processo seletivo,
já na matrícula institucional, as necessidades
do aluno são indicadas para sua inserção, ativamente, na vida universitária.
Dando prosseguimento às ações de inclusão da pessoa com deficiência na UFOP, o
NEI está se preparando para a implementação de um conjunto de novas atividades, programas e parcerias, como a implantação de
uma sala de recursos no Instituto de Filosofia,
Artes e Cultura (IFAC). Em breve, o NEI abrirá
uma sala acessível na biblioteca do Instituto.
O projeto objetiva dar oportunidade às pessoas com deficiência, permitindo-lhes o acesso às tecnologias de informação e comunicação e proporcionando-lhes cultura, lazer, pesquisa e informação. O espaço terá computa-
dor ligado à rede mundial de computadores
(internet), além do acesso ao acervo do NEI,
com livros e revistas falados e exemplares em
braille e em Libras.
Outra ação é a parceria com a Fundação
Educativa de Rádio e Televisão de Ouro Preto
(Feop), com quem firmará convênio de integração do graduando em postos de trabalho,
na forma de estágios. Essa Fundação já dá suporte à UFOP no desenvolvimento de projetos acadêmicos. A expectativa do Núcleo com
essa parceria de inserção desses alunos nos
trabalho (estágio) é poder contribuir para a
elevação da autoestima do estudante, além
de criar oportunidade de interação com a futura profissão.
Também há a parceria com o Centro Federal Tecnológico de Educação de Ouro Preto
(CEFETOP). As instituições vêm desenvolvendo ações articuladas visando a um convênio
de cooperação, cujas principais preocupações consistem na socialização, na troca de experiências e na racionalização de recursos para os próprios centros acadêmicos. “Hoje há
muita preocupação e comprometimento por
parte das instituições de ensino, para que as
construções novas e reformadas sejam feitas
nos termos da legislação”, diz Adilson Pereira
dos Santos.
Existem normas que garantem acessibilidade às pessoas com necessidades especiais
nos espaços públicos, e a UFOP zela para garantir a adaptação do aluno na Instituição. Prédios mais antigos ainda estão defasados, mas
aos poucos estão sendo modificados para
que estejam de acordo com essas normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT).
2º semestre 2011
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Tabajara Belo, a música e o mundo
Por João Felipe Lolli
Jornal da UFOP
Nascido em Belo Horizonte, já viajou o mundo,
mas não perdeu o jeito mineiro de ser. Pelo
contrário, com sua arte e talento, vai
desbravando fronteiras e conquistando
parcerias internacionais. Esse é Tabajara Belo:
músico, professor, arranjador, enfim, um
multiartista que ensina música na UFOP desde
2004. Ouro-pretano de coração, nesse batepapo com o professor do Departamento de
Música, ele revela as preferências
instrumentais, as raízes musicais e um pouco
de sua experiência de vida.
Começando pelas origens, quem é Tabajara
Sant'Anna Belo?
Sou de Belo Horizonte, onde morei a maior parte da
minha vida. Tive a felicidade de crescer no bairro de
Santa Tereza, um lugar com sabor de cidade do
interior, conhecido, entre outras coisas, por ter
abrigado o movimento musical “Clube da Esquina”.
Sou casado e tenho um filho. Moro em
Ouro Preto há quatro anos, desde
quando me tornei professor efetivo aqui
da UFOP. Sobre minha formação
acadêmica, fiz bacharelado em violão
pela UFMG e mestrado na University of
Arizona, nos EUA.
Como surgiu a música em sua vida?
Meu início na música foi muito curioso.
Meu pai era coronel da Polícia Militar e
praticamente me obrigou a estudar
violão. Me colocou numa viatura e pediu
ao oficial que me levasse na minha
primeira aula com um professor que ele
já tinha arranjado. Fui contrariado, mas
gostei tanto da aula que me apaixonei
pelo instrumento logo de cara. Antes
disso, eu já convivia com muita música. Minhas três
irmãs tocavam e cantavam, e eu adorava aquilo,
mas não me imaginava tocando um instrumento.
Como foi seu processo de aprendizagem na
música?
Depois de um tempo tendo aulas particulares de
violão, fui estudar guitarra; em seguida, bandolim,
viola caipira e, naturalmente, harmonia,
improvisação, arranjo e outros saberes que
envolvem o fazer musical. Sempre estive aberto à
ideia de que o aprendizado pode e deve vir de várias
fontes, formais e informais; mesmo sendo
orientado por professores e abraçando uma
trajetória que inclui a formação acadêmica,
continuei e continuo aprendendo muita coisa
sozinho e também com amigos, colegas e alunos.
Antes de ser professor, trabalhava com música?
Tinha banda, fazia shows?
É importante salientar que o professor de música é
um profissional fundamental na cadeia produtiva
da área, ele também ‘‘trabalha com música’’, para
usar os termos que você empregou. Shows e
performances constituem uma parcela importante
da atuação profissional de um músico, mas não são
a única opção. No meu caso, sempre estive e
continuo envolvido com a produção artística e seus
desdobramentos, como as gravações e os
concertos.
Como surgiu seu interesse em lecionar?
Eu já dava aulas particulares desde 1997. Quando
me mudei para fora para fazer o mestrado, era
monitor de violão na University of Arizona e tive a
oportunidade de orientar alunos de diferentes
partes do mundo, interagir com inúmeros olhares
em relação à música. Esse contato com a
diversidade enriqueceu muito minha reflexão sobre
arte e foi a primeira confirmação da necessidade de
minha ligação com a docência. Quando ingressei na
UFOP, como professor substituto no fim de 2004,
encontrei um ambiente fértil, um espírito
predominantemente muito aberto por parte dos
Há muitas formas válidas de se
relacionar com a música, mas
considero o palco uma
dimensão vital, catártica,
imprescindível ao artista.
alunos, interessados em experimentar abordagens
distintas em relação ao instrumento e à música, e
isso me estimulou e me estimula até hoje. Dentro da
sala de aula pratico, experimento e aprendo muito
junto aos alunos.
Como é ser o chefe do colegiado de um curso da
UFOP?
A responsabilidade é enorme, ainda tenho pouco
tempo de experiência na parte administrativa, mas
conto com o apoio de colegas e funcionários muito
capacitados. O Colegiado de Música é,
essencialmente, um fórum de discussões do mais
alto nível, onde os embates sempre privilegiam
conceitos e conteúdos.
Você se considera um ‘‘acadêmico’’? Por quê?
Sim, tenho uma trajetória acadêmica em
andamento e venho tentando vivenciar todas as
instâncias do cotidiano universitário. Tenho muitas
etapas a cumprir, muito aprimoramento intelectual
a buscar e projetos para realizar, mas já me sinto
dignamente inserido na Universidade.
Quais suas preferências instrumentais e de gênero
musical?
Em relação à escuta, apreciação e análise, preciso
ter contato com todo tipo de manifestação musical,
para reelaborar conceitos, buscar novos efeitos,
aprimorar o entendimento de vários parâmetros
etc. Como escolha afetiva e profissional, tenho uma
conexão mais forte com a música instrumental
brasileira, principalmente vertentes ligadas ao
choro e ao samba.
O curso de música da UFOP tem condições de
oferecer um aprendizado de excelência para os
alunos?
Acredito muito na proposta do nosso curso.
Formamos professores de música com uma vivência
muita rica e ampla, além de profissionais com
elevada consciência crítica e preparo técnico para
atuação na educação musical.
Qual o diferencial do curso de Música da UFOP se
comparado a outras universidades?
Oferecemos uma Licenciatura com um amplo leque
de disciplinas e atividades ligadas à Educação e
também priorizamos a formação do músico e suas
habilidades essenciais, da performance à criação.
Nossa abertura estética também é um dado
importante, não estamos restritos apenas à
chamada música erudita. E estamos num
momento de expansão, com a abertura
de novas habilitações (percussão e
trombone), aumento do quadro de
professores efetivos, vários colegas em
processo de doutorado, além do
revestimento acústico de nossas
instalações.
Como foram as turnês que você fez pela
Europa, em 2008, e EUA, agora mais
recentemente?
As turnês são um elemento muito
importante na minha vida profissional, é
sempre fascinante levar um trabalho
estético para lugares distintos, se
surpreender com a reação de cada
público. Há muitas formas válidas de se
relacionar com a música, mas considero
o palco uma dimensão vital, catártica,
imprescindível ao artista. Por isso é tão gratificante
viajar para tocar.
O que essas viagens acrescentam para você e para
seus alunos do curso?
Penso que a ampliação da experiência internacional
de um docente já é um aspecto válido. Há sempre
um processo de aprimoramento envolvido na
preparação e na realização artística e didática de
uma turnê. Além disso, o contato com outros
cenários sempre nos leva à revisão de uma série de
conceitos e absorção de novas ideias, e isso é
fundamental na vida acadêmica. No caso específico
dos EUA, fiz um roteiro que privilegiava
universidades (Pima Community College, University
of Arizona, University of Santa Fe, Western Illinois
University, University of Kentucky), o que abriu
possibilidade de diálogo e parcerias interessantes
entre a UFOP e essas instituições.
Em que você tem trabalhado ultimamente? Quais
os projetos, os planos futuros?
Participei da preparação do show de lançamento do
Trio Amaranto e estou em fase de pesquisa e
composição de repertório do meu terceiro disco. Na
UFOP, tenho dado maior ênfase à docência,
priorizando as aulas individuais de instrumento e
nosso grupo de estudos em improvisação.
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Jornal da UFOP nº 185/186