Jornal da UFOP Publicação semestral Universidade Federal de Ouro Preto Singularidade histórica Nos 185/186 - 2º semestre 2011 Investimentos em tecnologia e novas práticas educacionais S ubstituição de quadro convencio- em alta tecnologia de conteúdo aberto e com- o futuro também chega trazendo inúmeras nal por lousa digital, com acesso à putação móvel. As universidades brasileiras possibilidades de transformação das aulas internet e possibilidade de intera- investem na democratização do conheci- convencionais em terrenos atrativos de inte- tividade; montagem de laboratório para simu- mento por meio do desenvolvimento de no- ratividade entre alunos e professores, seja em lação de fenômenos naturais; investimentos vos sistemas e práticas educativas. Na UFOP, sala ou não. Uma em cada quatro mulheres avaliadas em Ouro Preto apresentam HPV: o vírus causador do câncer cervical ou de colo de útero. De acordo com estatísticas, é o segundo tipo de câncer que mais causa mortalidade feminina no mundo, perdendo apenas para o de mama. Diante disso, projeto da Escola de Farmácia, em parceria com a Prefeitura, realizou Estudo Projeto monitora pontes da rede brasileira de ferrovias. Pág. 07 Foto: Lincon Zarbietti Projeto objetiva prevenção de HPV e câncer cervical o mapeamento dos casos na região, com o objetivo da prevenção por meio do desenvolvimento de serviço de aconselhamento ginecológico gratuito. Prata da Casa Tabajara Belo, o multiartista desbrava fronteiras. Pág.24 2º trimestre 2011 02 ‘‘Royalties do Petróleo” e Jornal da UFOP Editorial investimentos em educação A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) realizou uma pesquisa do perfil socioeconômico dos estudantes das universidades federais, apresentando 95% de confiabilidade. Ela revelou que 67% dos alunos são oriundos de famílias com renda de até 5 salários mínimos. Nos últimos anos, a expansão das universidades federais, as políticas afirmativas e a descentralização de unidades de ensino (interiorização) contribuíram sobremaneira para que o acesso às universidades federais fosse ampliado e diversificado; porém, são necessárias novas alternativas mais qualificadas de expansão. Nesse sentido, a ANDIFES vem promovendo vários seminários visando construir diretrizes para o atendimento efetivo das novas demandas. É certo que políticas mais agressivas precisam ser desenvolvidas para a melhoria da qualidade dos ensinos fundamental e médio. Os investimentos em educação devem seguir uma visão sistêmica, em que todos os níveis sejam atendidos e recebam investimentos, substituindo políticas fragmentadas do passado, cuja aplicação de recursos se concentrava em um nível ou outro, em detrimento dos demais. É preciso assumir que a educação superior é o nível capaz de formar os demais e, nesse sentido, os investimentos precisam ser permanentes. Ao mesmo tempo, é necessário que o País se convença da necessidade de ampliar os recursos destinados à educação para, pelo menos, 10% do PIB, a fim de cumprir as metas do Plano Nacional de Educação, bem como unir esforços para assegurar a destinação de, no mínimo, 30% dos recursos provenientes dos “royalties do petróleo” para a educação, cultura, ciência e tecnologia, gerando inovação e contribuindo para um País mais igual, solidário e fraterno. A Educação a Distância se apresenta como grande alternativa para a formação de jovens e adultos, haja vista as dimensões conti- nentais do Brasil. Além disso, é um grande instrumento para a transformação do tecido social brasileiro. E não é suficiente apenas induzir a criação de cursos e vagas na EaD para os excluídos da educação superior. Na verdade, é preciso construir oportunidades que transformem o ambiente e as novas tecnologias em espaço de reflexão que possibilite aos estudantes melhor convívio acadêmico e pedagógico, promovendo, assim, a representação estudantil e sua participação acadêmica. É necessário efetivar uma política de Estado, na qual os recursos de custeio e capital sejam alocados na Lei de Orçamento Anual (LOA) para as universidades, garantindo o atendimento do presente e o planejamento do futuro. O relatório ANDIFES fortalece as políticas que as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) vêm desenvolvendo, apontando ainda estratégias voltadas para o futuro, isto é, para a verticalização da graduação a distância, bem como a regulação do sistema EaD nos mesmos moldes adotados para o ensino presencial, dispensando a atenção necessária às características próprias da modalidade. É certo que nem todos os docentes estão preparados para compreender a importância do aprender a aprender, haja vista que necessitam do ambiente político para se afirmar perante a sociedade. Contudo, as novas tecnologias para a educação carecem de ser aplicadas, pois precisamos acompanhar a leitura do mundo dos nossos estudantes, que já não se concentram mais no livro didático nem nas aulas dos professores. As redes sociais e o diálogo com o mundo têm sido iniciativas nunca antes experimentadas por nós. Assim sendo, é preciso inovar e buscar novas arquiteturas pedagógicas e de relacionamento para uma interação eficaz e moderna, pois somente dessa forma será possível formar pessoas qualificadas e com compromisso social. Os avanços alcançados nos últimos anos pelo Sistema Federal de Educação Superior atingiram uma dimensão fundamental para o País obter saltos de desenvolvimento social e econômico. E a velocidade desse avanço deixou vários problemas sem solução definitiva. Com o atendimento dessas demandas e uma política específica para a superação do passivo existente nas IFES, antes do processo de expansão, as universidades federais terão melhores condições para dar sequência à missão de apoiar o País em seu desenvolvimento e melhorar a qualidade de vida do nosso povo. São inúmeros desafios e obstáculos. Acredita-se que a superação de alguns desses problemas e o equacionamento cronológico de outros poderão permitir ao Sistema Federal de Educação Superior, patrimônio do povo brasileiro, colocar-se como protagonista na solução de grandes problemas nacionais, assumindo de vez seu papel transformador junto à sociedade brasileira. É importante lembrar que, a cada 1 (um) real investido em educação, 1,8 real é acrescido ao PIB nacional. É a importância da educação para a transformação das pessoas e a mudança do nosso tecido social. João Luiz Martins, reitor da UFOP Expediente Reitor: Prof. João Luiz Martins Vice-Reitor: Prof. Antenor Rodrigues Barbosa Júnior Chefe de Gabinete: Margarete Aparecida Santos Assessor de Comunicação: Rondon Marques Coordenação de jornalismo: Ady Carnevalli Diagramação: Felipe Augusto Lana de Oliveira Edição: Edwaldo Cordeiro Redação: Edwaldo Cordeiro, Isabela Azi, Isadora Rabello, Jéssica Michellin, João Felipe Lolli, Kíria Ribeiro, Marcelo Nahime, Maressa Nunes, Nicole Alves, Simião Castro e Verônica Soares Jornalistas: Edwaldo Cordeiro JPMG 11.388 Fotografias: Antônio Laia Revisão: Magda Salmem e Milena Gallerani Impressão: Gráfica MJR Tiragem: 3000 exemplares Assessoria de Comunicação Institucional - ACI Centro de Convergência/Campus Morro do Cruzeiro Ouro Preto/MG - 35400-000 Telefax: (31) 3559-1222 Site: www.ufop.br / e-mail: [email protected] 2º semestre 2011 Projeto da Escola de Farmácia busca prevenir incidência de HPV e câncer cervical em Ouro Preto e região 03 Jornal da UFOP Por Isabela Azi D e acordo com o Ministério da Saúde, o câncer cervical, ou de colo de útero, causado pelo papilomavírus humano (HPV), é o segundo mais comum entre as mulheres no País, perdendo apenas para o de mama. No mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a incidência do vírus é responsável pela segunda maior causa de mortalidade feminina por câncer. Existem mais de 100 tipos de HPV identificados, sendo 13 deles oncogênicos. Mesmo assim, são poucas as campanhas e iniciativas de prevenção à doença. Em Ouro Preto, projetos desenvolvidos pela Escola de Farmácia apontam para o caminho do mapeamento e prevenção da incidência de HPV e de câncer cervical em toda a região. Um primeiro estudo desenvolvido na cidade abrangeu 569 mulheres, na faixa etária de 18 a 75 anos, e detectou a presença do papilomavírus humano, principal causa do câncer cervical, em 23% da população analisada. Segundo Angélica Alves Lima, coordenadora da pesquisa na região e professora do Departamento de Análises Clínicas da Escola de Farmácia da UFOP, foram encontrados nas amostras em Ouro Preto 21 tipos de HPV, sendo os tipos 6, 11, 16, 18, 53 e 61 os mais prevalentes. Os tipos 16, 18 e 53 são considerados de alto risco (maior potencial de desenvolver tumores). Já os tipos 6, 11 e 61 têm baixo risco oncogênico (causam condilomas ou verrugas genitais). Em relação aos fatores de risco associados à infecção pelo HPV e ao desenvolvimento do câncer de colo de útero, os mais relevantes no município foram idade, número de parceiros sexuais, estado civil, tabagismo e etilismo. Os resultados desse primeiro estudo e a necessidade de acompanhamento das mulheres que apresentaram HPV ou alguma alteração citológica motivaram a elaboração do projeto de extensão “Aconselhamento Ginecológico: HPV e Câncer Cervical”, apoiado pela Pró-Reitoria de Extensão da UFOP, que visa promover a educação continuada voltada aos profissionais dos Programas de Saúde da Família (PSF) de Ouro Preto. A ideia é desenvolver, juntamente com a Secretaria de Saúde do município, um programa de aconselhamento, envolvendo profissionais da Universidade e da Prefeitura. “Acredito que esse projeto possa contribuir para direcionar as ações de saúde da mulher no sentido de aconselhamento, prevenção e diagnóstico precoce do câncer cervical”, afirma Angélica. Exame gratuito Para a realização do exame preventivo de colo de útero (Papanicolaou), que é gratuito, basta que as mulheres procurem por uma unidade do PSF. Caso seja detectado o vírus HPV, é oferecido à paciente o aconselhamento ginecológico e o acompanhamento periódico dos profissionais dos postos de saúde. A responsável pela análise citológica do material coletado, professora Cláudia Carneiro, ressalta que este exame visa identificar precocemente as alterações celulares displásicas que podem evoluir para o câncer cervical. “Em Ouro Preto, o projeto é a oportunidade que as pacientes têm de serem acompanhadas mais de perto, minimizando as possibilidades do surgimento do câncer cervical”, afirma Cláudia. Ela acrescenta que o diagnóstico precoce é a chave da prevenção do câncer de colo do útero, pois, quanto antes for feito o diagnóstico, maiores são as chances de cura. Hoje, as mulheres mais jovens apresentam maior prevalência de infecção por HPV. No entanto, são as mais velhas, acima de 30 anos, casadas, com único parceiro sexual e de baixa escolaridade, as que mais se preocupam com a busca por exames preventivos. O projeto conta com a participação de alunos do mestrado em Ciências Farmacêuticas, Ciências Biológicas e graduandos em Farmácia, além da colaboração de Roney Luiz de Carvalho Nicolato e Luiz Fernando de Medeiros Teixeira, professores da Escola de Farmácia da UFOP. Os estudos são realizados com a colaboração dos pesquisadores Rita de Cássia Stocco e Willy Beçak, do Instituto Butantan, de São Paulo, e Ismael Dale Cotrin Guerreiro da Silva, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O que é? Como se propaga? Como detectar? Como se proteger? - O que é HPV? Qual a relação com o câncer cervical? HPV é a sigla usada para identificar o Papiloma Vírus Humano, capaz de provocar lesões na pele ou mucosa genital. Na maior parte dos casos, as lesões têm crescimento limitado e regridem espontaneamente. Existem mais de 10 tipos de papilomavírus, que são classificados em baixo e alto risco oncogênico. Somente os de alto risco estão relacionados ao desenvolvimento do câncer cervical, também conhecido como câncer de colo de útero. - Quais são os tipos mais encontrados? Entre os tipos de alto risco, os mais encontrados são o 16 e o 18, que provocam lesões persistentes e cancerosas. Já os tipos de baixo risco mais encontrados são o 6 e o 11, relacionados ao surgimento de condilomas ou verrugas genitais, que, na maioria das vezes, não oferecem risco de progressão para tumores malignos. - Como se propaga? Tem sintomas? Os HPVs são vírus sexualmente transmissíveis, contraídos no contato direto com a pele infectada. Podem causar lesões, chamadas clínicas, e se apresentam na forma de verrugas, na vagina, no pênis e no ânus. Já as lesões subclínicas, encontradas no colo do útero, não apresentam nenhum sintoma e podem progredir para o câncer cervical. - Como o HPV é diagnosticado? As verrugas genitais podem ser diagnosticadas pelos exames urológico (pênis), ginecológico (vulva) e dermatológico (pele). Já o diagnóstico subclínico das lesões precursoras do câncer cervical é feito pelo exame de Papanicolaou, mais conhecido como Exame Preventivo do Colo do Útero. A detecção do vírus e a determinação do tipo viral podem ser feitas usando técnicas de biologia molecular. - Como se proteger? Vacina A vacina foi criada com o intuito de prevenir a infecção por HPV e, dessa forma, reduzir o número de pacientes que venham a desenvolver o câncer de colo de útero. Foram produzidas duas vacinas: uma delas, a Cervarix, é bivalente e previne o HPV tipo 16 e o 18. Já a Gardasil é quadrivalente, ou seja, previne os tipos 16 e 18, presentes nos casos de câncer de colo de útero, e ainda os tipos 6 e 11, presentes nos casos de verrugas genitais. As vacinas, porém, não eliminam a necessidade de fazer o exame de Papanicolaou periodicamente e nem os cuidados preventivos, como o uso do preservativo. O uso de preservativo minimiza as chances de contaminação pelo HPV (apesar de não evitar totalmente). Por isso, o uso da camisinha é imprescindível em qualquer relação sexual, mesmo naquelas entre casais estáveis. - Há algum fator que aumenta o risco do desenvolvimento do câncer do colo do útero? O primeiro fator para o desenvolvimento do câncer é a infecção pelo HPV. Porém, o seu desenvolvimento pode estar associado ao número elevado de gestações, ao maior número de parceiros sexuais, ao início precoce da atividade sexual, ao uso de contraceptivos orais (pílula anticoncepcional), ao tabagismo, ao tratamento com medicamentos imunossupressores, à infecção pelo HIV, a outras doenças sexualmente transmissíveis, como herpes e a alguns fatores nutricionais. 2º trimestre 2011 04 Escola de Farmácia comemora 172 anos Jornal da UFOP Fundada em 4 de abril de 1839, a Escola eleição dos membros da nova diretoria da enti- ciados com a “Medalha Escola de Farmácia”: o de Farmácia da UFOP completou 172 anos e dade. Já no dia 2, houve recepção para ex- prof. Tanus Jorge Nagem, o farmacêutico Vi- inicia agora novo período na história ao resga- alunos e demais convidados e sessão solene. cente Éllena Trópia (in memoriam) e o prefeito tar sua memória, com a consolidação do pro- Estiveram presentes centenas de convidados de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo de Araújo San- jeto e reabertura do Museu da Farmácia. Com entre alunos, ex-alunos, ex-professores e co- objetivos claros de revitalização e moderniza- tos, que fez o pronunciamento em nome dos agraciados. As comemorações se encerraram ção das instalações, criação de infraestrutura e com a Missa em Ação de Graças na Igreja de processamento técnico do acervo, o prédio, Nossa Senhora do Pilar. De acordo com a diretora Marta de Lana, que ainda abriga a Escola de Farmácia, passa a acolher os elementos presentes na trajetória a comemoração desse aniversário é um even- do curso de Farmácia da UFOP e a disponibili- to tradicional e representativo para as home- zar essa memória para a comunidade. Isso foi possível com o desenvolvimento professores, funcionários, instituições e pes- do projeto inicialmente intitulado “Centro de soas que contribuem na área de saúde no Pa- nagens concedidas aos ex-alunos da Escola, Memória da Escola de Farmácia”, que propor- ís. Ela ressalta ainda a importância da unidade cionou a reabertura do “Museu da Farmácia” por ter sido a primeira da América Latina além Circuito de Museus de Ouro Preto. Dentre as atividades de comemoração munidade acadêmica da Escola e da UFOP. Participaram da composição da mesa do cebendo conceito A nas sucessivas avaliações cerimonial o reitor da UFOP, João Luiz Martins, feitas pelo Ministério da Educação e Cultura do 172º aniversário, no dia 1º de abril, o Salão representantes dos Conselhos Estadual e Fe- Nobre da Escola de Farmácia recebeu a deral de Farmácia, a diretora da Escola de Far- (MEC). * O Museu da Farmácia é aberto ao públi- Assembleia da Associação dos Ex-Alunos da mácia, Marta de Lana, o presidente da Associ- co de terça a sexta-feira, das 13h às 17h. Escola de Farmácia. Em seguida, realizou-se a ação dos Ex-Alunos homenageados e os agra- ao público, incluído a partir de agora no de figurar entre as cinco melhores do país, re- 3º CONCIFOP reuniu pesquisadores e estudantes de todo o Brasil Por Nicole Alves Com o objetivo de proporcionar troca de sentante do grupo PET e do prof. Gustavo Bian- experiências entre o meio acadêmico e o profissional, a terceira edição do Congresso de co de Souza. A programação foi elaborada de modo a maram a atenção de todos que participaram Ciências Farmacêuticas de Ouro Preto abordar áreas básicas da Farmácia, como a de do III CONCIFOP. Dentre os temas, o “Uso racio- (CONCIFOP), ocorrida no final de março no Cen- Análises Clínicas, de Saúde Pública e da indús- nal de antimicrobianos”, ministrada pelo rei- tro de Artes e Convenções da UFOP, reuniu pro- tria. O CONCIFOP começou como evento re- tor da Universidade de Sorocaba (UNISO-SP), fissionais e estudantes de áreas de atuação da gional e hoje possui caráter nacional. A aluna Eli- Fernando de Sá Del Fiol; as “Novas tendências em radiofarmácia”, apresentado por Ralph San- Temas diversificados Palestras com assuntos diversificados cha- Farmácia. O Congresso contou com palestras, sa Henriques Dias Pereira, estudante do sétimo minicursos e apresentações de projetos de ini- período de Farmácia da Universidade do Vale tos-Oliveira, do Instituto de Engenharia Nuclear ciação científica, e fez parte da comemoração do Paraíba (UNIVAP), diz ter ficado sabendo do (IEN-RJ); “Dopping: o farmacêutico pode atuar dos 172 anos da Escola de Farmácia. O CONCIFOP, organizado pelo Programa congresso em sua instituição. “Quero me atua- nessa área?”, ministrada pelo prof. Tanus Jorge lizar para as novidades e assistir às palestras, Nagem, da UFOP, e “Prevenção de doenças: que possuem temas muito interessantes”, diz. O prof. Gustavo de Souza ressalta as van- dos alimentos à farmácia”, apresentado por to por um tutor, o prof. Gustavo Bianco de Souza, e 13 estudantes. “O congresso visou reto- tagens do Congresso sob diversas óticas: “Atra- de Educação Tutorial (PET Farmácia) é compos- Thomas Prates, da Universidade de São Paulo (USP). O evento contou ainda com mesas- mar a Semana de Estudos Farmacêuticos que vés da possibilidade de ampliação dos seus co- existia na UFOP; porém, ele constitui algo mai- nhecimentos, os alunos percebem a importân- redondas. Dentre as abordagens, os temas “Ato or, mais abrangente”, diz Patrícia Monteiro, alu- cia de participar de um evento científico, inte- médico”, com os convidados Itamar Tatuhy Sar- na do 9º período e participante do grupo PET. A abertura do evento contou com a pre- ragem com profissionais da área e obtêm con- dinha Pinto, da Universidade Federal de Minas selhos de ética profissional. A Universidade al- Gerais (UFMG), e José Geraldo Martins, do Con- sença da profª Lisiane Silveira, pró-reitora ad- cança o reconhecimento e, consequentemen- selho Regional de Farmácia (CRF); e “Panorama junta de Planejamento e Desenvolvimento e re- te, parcerias, contatos e projetos; ou seja, mais da profissão farmacêutica no Brasil com os ex- presentante do reitor da UFOP; da doutora Ri- visibilidade. Os profissionais, por sua vez, apro- alunos da Escola de Farmácia da UFOP”, Adria- gléia Maria Lucena, secretária-geral do Conse- veitam para rever conceitos e fazer uma recicla- na Carneiro da Silva, do Hospital São João Batis- lho Regional de Farmácia do Estado de Minas gem que visa à valorização da classe profissio- ta, de Viçosa, e Bárbara de Castro Figueiredo, da Gerais (CRF-MG); da profª Marta de Lana, dire- nal”. Universidade de São Paulo (USP). tora da Escola de Farmácia da UFOP, do repre- 2º trimestre 2011 Relações entre discurso, identidade e memória 05 Jornal da UFOP Departamento de Letras e Programa de Pós-Graduação promoveram debates sobre cultura latino-americana Por Marcelo Nahime A análise e o debate sobre a cultura latino-americana foram o foco da 1ª Jornada – Discurso, Identidade e Memória, que aconteceu no Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), no campus da UFOP, em Mariana, nos dias 27 e 28 de abril. O evento contou com mesas-redondas e apresentações de trabalhos de alunos e professores, privilegiando a interdisciplinaridade, além de discutir a relação do discurso, da identidade e da memória cultural no mundo. Dentre os convidados, estavam os professores Kanavillil Rajagopalan, da Universidade de Campinas (Unicamp), Elcio Loureiro Cornelsen e Leda Maria Martins, ambos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e a diretora do Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (IFAC) da UFOP, Guiomar de Grammont. Dos cerca de 80 participantes, 27 apresentaram trabalhos. “O Rajagopalan é muito influente com assuntos envolvendo identidade, o que tem muito a ver com o tema da Jornada; o Elcio e a Leda dominam o tema memória, envolvendo literatura e manifestações corporais”, observou a aluna de Letras da UFOP e membro da comissão executiva do evento, Gabriele Flausino. Por se tratar de um evento interdisciplinar, a aluna de Jornalismo da UFOP, Yasmini Gomes, ressaltou que as apresentações foram interessantes, mas as que trataram de questões de México, Brasil e África chamaram mais a atenção. Para ela, foi possível conhecer um pouco mais outros povos e as questões acerca de suas identidades. Proposta pelo Grupo de Estudos em Análise do Discurso (Gead), do Grupo de Estudos sobre Linguagens, Culturas e Identidades (Gelci), a Jornada foi uma atividade realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Letras (Linguagem e Memória Cultural/Tradução e Práticas Discursivas) e do Departamento de Letras (Delet). A comissão organizadora foi composta pelos professores William Augusto Menezes, Melliandro Mendes Galinari e Kassandra Muniz, todos do ICHS, e Ubiratan Gonçalves Vieira, do ICSA. À frente da comissão executiva, os estudantes de Letras da UFOP, Gabriele Flausino e Alice Inácio, do mestrado de Letras. “Su- ponho que trabalhos conjuntos intergrupos devem ser incentivados, como o fizeram o Gead e o Gelci. Só assim podemos proporcionar um autêntico diálogo entre as áreas de conhecimento e as diversas linhas de pesquisa.”, ressaltou o palestrante Elcio Cornelsen. “Foi uma ótima oportunidade para a reflexão sobre questões importantes que têm sido discutidas pelo Gead, em especial em relação ao seu projeto de pesquisa maior, que trata de "discursos sociais, estratégias identitárias e representações da memória", e orienta as atividades do grupo de pesquisa de mesmo nome, registrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)”, destaca o prof. William Augusto Menezes. Ele ainda ressalta a importância do evento para o projeto de pesquisa que busca explorar acervos da Região dos Inconfidentes, cujo objetivo é a constituição de um banco de dados, a partir dos arquivos e museus do espaço sociocultural e político, que compreende cidades como Mariana, Ouro Preto, Catas Altas, Ouro Branco, Congonhas e outras. 2º semestre 2011 06 Jornal da UFOP Estudo revela concentração do setor siderúrgico brasileiro Por Isadora Rabello Janderson Damaceno dos Reis é professor de Economia da UFOP. Para ele, o mercado siderúrgico é oligopolizado em todo o mundo. O economista afirma que o número de empresas concorrendo diminuiu, aumentando, portanto, a concentração do setor. Reis explica que isso se deve ao grande número de empresas que se fundiram e adquiriram as menores. O professor pesquisou sobre esse segmento para sua tese no Programa de PósGraduação em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (USP/ESALQ). Orientado pela profª Márcia Azanha Ferraz Dias de Moraes, o estudo buscou mensurar a concentração do mercado siderúrgico brasileiro e calcular a perda de bemestar gerada por esse processo. A pesquisa considerou os aços produzidos no Brasil em que há maior concentração de mercado. Os tipos analisados foram o aço bruto, que engloba todos os tipos de aço, exceto o ferro-gusa, o mercado de laminados e vergalhões, dentre outros. O setor de vergalhões, que abastece a construção civil, foi iden- tificado como o mais concentrado, no qual apenas três grupos empresariais controlam todo o mercado desse produto e, com isso, as empresas manipulam o preço. O ferro-gusa é matéria-prima para a produção do aço e, no Brasil, existem inúmeros produtores de pequeno porte, denominados guseiros. Esse mercado é o menos concentrado quando comparado aos demais, apesar de ser dominado por quatro grandes grupos siderúrgicos. Essas empresas, por serem concentradas, têm poder sobre os pequenos produtores. Elas detêm o poder na compra e na venda do aço. Segundo o professor, algumas empresas siderúrgicas reclamam que sofrem pressão de dois mercados. De um lado a Vale, que é uma das maiores produtoras de minério de ferro no mundo, e assim dita os preços do minério. Do outro, lado estão as montadoras de carro, definindo por qual preço elas querem comprar o aço. No entanto, o que a pesquisa do professor de Economia conseguiu demonstrar é que "o mercado siderúrgico tem força sim, não é pressionado por esses outros mercados, é oligopolizado, e há perda de bemestar para a sociedade", diz Reis. De acordo com o especialista, três empresas dominam o mercado de vergalhões: Gerdau, ArcelorMittal e Votorantim. Para Reis, não há chance de o mercado brasileiro deixar de ser oligopolizado, pois já existe um órgão denominado Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), responsável pela livre concorrência. É esse órgão quem determina se as empresas podem se unir, comprar outras menores etc. O maior número de empresas que se fundem são as siderúrgicas e, com isso, o mercado fica cada vez mais concentrado. Antigamente, as empresas eram estatais e, com a privatização delas, muitas se uniram formando um grande grupo. Um exemplo disso é a ArcelorMittal, que comprou a CST- Companhia Siderúrgica de Tubarão, situada em Vitória-ES, e a Gerdau, que comprou a Açominas. "Apesar de o mercado ser oligopolizado, há uma disputa muito grande entre esses grupos", afirma o especialista. Giro Texto de opinião Ex-aluno do curso de graduação em Ciências Biológicas da UFOP e agora mestrando em Ecologia de Biomas Tropicais da Instituição, Valdir Lamim-Guedes publicou texto opinativo no Jornal da Ciência, em março, que trata da utilização da internet como alternativa para resolver problemas comuns do cotidiano. Intitulado "Novas formas de comunicação utilizando a internet: contornada a falta de recursos?", o texto ressalta a possibilidade de se fazer reuniões a distância, não só como uma alternativa para diminuir gastos, mas como adequação das pessoas às novas tecnologias disponíveis. Ex-aluna da UFOP recebe Medalha da Inconfidência Em solenidade no dia 21 de abril, na Praça Tiradentes, em Ouro Preto, a ex-aluna da UFOP, artista plástica e escritora, Andréia Donadon Leal, foi agraciada com a Medalha da Inconfidência. Quem concedeu a honraria foi o governador do Estado de Minas Gerais, Antônio Anastasia, por meio de decreto. A Medalha da Inconfidência é a mais alta comenda concedida pelo governo de Minas a personalidades que contribu- íram para o prestígio e a projeção mineira. Aluno de Jornalismo é capa do Caderno do jor- ções que contribuam para o desenvolvimento sustentável de comunidades carentes e ampliem o bem-estar da população. nal “A Gazeta” Aluno do quarto período de Jornalismo da UFOP, Leonardo Alves foi capa do jornal “A Gazeta”, do Espírito Santo. Leonardo escreveu e produziu o livro e filme “A herança – A incrível história de Marie”. O livro foi lançado no dia 26 de março, em Muqui (ES). O longa pré-estreou em abril. Certificado de participação A UFOP recebeu, em março, certificado de participação no Projeto Rondon, que contou com equipe voluntária de 24 estudantes da Universidade. O projeto “As Operações Carajás” realizou atividades em 20 municípios dos estados do Pará, Tocantins e Sergipe. Os alunos voluntários, chamados agora de rondonistas, tiveram a oportunidade de conhecer diferentes realidades, desenvolver novas habilidades e trocar experiências com a população atendida. Coordenado pelo Ministério da Defesa, o Projeto Rondon conta com a participação voluntária de estudantes universitários na busca de solu- Publicação em revista Ary Carlos Leal Nogueira, estudante do curso de Engenharia de Controle e Automação da UFOP, publicou artigo intitulado “Análise do período transitório de abertura e fechamento de válvulas em sistemas de controle de vazão de líquidos com base no volume total escoado”, na Revista “Petro & Química”. O texto pode ser lido na íntegra na edição 331, ano 2011, do periódico. Há um resumo também no site www.petroquimica.com.br. Calourada Unificada 2011/1 em números A Calourada Unificada 2011/1, realizada entre 6 e 10 de abril, contou com três mesas de debates, duas mostras de filmes, três oficinas, dois dias de atividades no Centro de Saúde da UFOP e uma cena de teatro. Nos dois últimos dias, a Praça da UFOP recebeu quatro grandes shows: o músico André Léllis, a banda Tihuana, a dupla Leone e Raí e o grupo Nenhum de Nós. Por Jéssica Michellin 2º semestre 2011 Malha ferroviária é tema de pesquisa do Departamento de Engenharia Civil 07 Jornal da UFOP Projeto de docente da UFOP, em parceria com outras universidades, busca monitorar pontes da rede brasileira de ferrovias Um sistema capaz de suportar o transporte das produções agrícolas e de minérios aos crescentes centros urbanos e portos do país: com esse intuito, foram criadas as primeiras pontes ferroviárias no ano de 1852. Hoje, a rede ferroviária brasileira possui cerca de 29 mil quilômetros e tem como função primordial o transporte de minérios. E é justamente a seguridade dessa malha que trabalha o projeto “Análise avançada, monitoramento, gestão e confiabilidade de pontes ferroviárias”, recentemente aprovado no edital VALEFAPEMIG, e que tem como responsável o prof. João Batista Marques de Sousa Júnior, docente do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro Preto. O estudo compõe uma rede de pesquisa intitulada “Rede Brasileira de Pesquisa Avançada em Monitoração e Análise de Elementos Estruturais Ferroviários”, em convênio com a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade de São Paulo (USP). Para o professor, “o transporte ferroviário brasileiro, com suas centenas de pontes de diversas dimensões e tipologias, é fundamental para o escoamento dos produtos minerais”. Segundo João Batista, problemas com essa estrutura geram enormes prejuízos, tanto para as mineradoras como para as outras empresas, que precisam desse minério para a fabricação de produtos. “Para agravar esse quadro, nosso país ainda carece de estudos e mapeamentos, como estratégias para prevenção, e novas técnicas de reparação de pontes ferroviárias. É atendendo a essa necessidade que optamos por desenvolver um projeto nessa questão”, explica. A proposta do grupo da UFOP, em paralelo com as das outras instituições da Rede, tem como objetivo geral desenvolver pesquisas avançadas e originais com foco em obras de pontes ferroviárias. É também realizar pesquisas nas áreas de análise estrutural e monitoramento de pontes ferroviárias, aproveitando a experiência acumulada pelas duas parceiras na área de instrumentação, colaborando com a experiência do grupo ligado à pósgraduação em Engenharia Civil da Universidade, notadamente nas áreas de métodos numéricos em engenharia de estruturas, aplicação de técnicas de confiabilidade, análise de risco, otimização, computação gráfica aplicada e análise dinâmica numérica e experimental. O professor lembra ainda que esta é uma iniciativa pioneira no Brasil, mas que, em vá-rios outros países, já existem sistemas integrados de mapeamento e gerenciamento de pontes, envolvendo órgãos governamentais, empresas e universidades. 2º semestre 2011 08 Jornal da UFOP Por João F. Lolli C “No Brasil, 40% das mortes são causadas por complicações cardíacas” Professor de medicina da UFOP diz que problemas no coração são os que mais matam no País om o crescimento da população com idade superior a 55 anos, novas preocupações surgem no campo da medicina. Apesar dos grandes progressos com o advento de novos medicamentos e com a evolução de medidas preventivas, acidentes cardíacos repentinos continuam matando milhares de pessoas. “Problemas cardíacos são o que mais causam mortes no Brasil e no mundo”, afirma o prof. Raimundo Marques, do Departamento de Ciências Médicas (Decme) da Universidade Federal de Ouro Preto. “No Brasil, 40% das mortes são causadas por complicações cardíacas”, completa o professor. A insuficiência cardíaca é mais comum em pessoas da raça negra, por questões genéticas, e em idosos com mais de 65 anos. Porém, esse problema pode acontecer com todo mundo, sendo causado por outras doenças ou condições que danifiquem o músculo cardíaco. Má alimentação, sedentarismo, fumo e estresse são apenas algumas das prováveis causas, que ainda incluem histórico fami- Ciente dessa realidade, o professor é defensor da prevenção como um mecanismo imprescindível para a diminuição das mortes por problemas cardíacos. Seu doutorado, desenvolvida em 2000, estudou a prevalência de fatores de risco como principais causadores de acidentes cardiovasculares na população de Ouro Preto. A pesquisa “Corações de Ouro Preto” serviu de base para os atuais trabalhos de prevenção desenvolvidos no Departamento de Ciências Médicas da Instituição. liar de problemas cardíacos, diabetes e obesidade. Prevenção e acompanhamento médico: receita para uma boa saúde Depois de ser bem-sucedido na cidade de Ouro Preto, o projeto de prevenção cardíaca, iniciado pelo prof. Raimundo Marques, tomou proporção estadual, acarretando a criação do grupo “Corações de Minas”. O trabalho de pesquisa do grupo é desenvolvido por alunos e professores dos cursos de Medicina e Nutrição, contando ainda com colaboração dos alunos de História nas pesquisas estatísticas. Na Medicina, são quatro bolsistas e oito voluntários. A pesquisa é financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e pelo Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS), com um montante de investimentos no valor de R$ 376.710,00. Um dos desafios desse grupo é o de capacitar os agentes das 28 regionais de saúde de Minas Gerais, espalhados em 110 cidades do Estado. Essa capacitação começa apenas no mês de julho, mas o piloto do Projeto, uma espécie de ensaio geral, já vem sendo desenvol- vido em Ouro Preto. Os alunos do Projeto desenvolvem o piloto no Posto de Saúde do bairro Antônio Dias, em Ouro Preto. Lá, é feito o acompanhamento de 900 pessoas, com idade superior a 55 anos. Também são realizadas visitas nas residências da população, onde é feita uma avaliação transversal da saúde cardíaca do paciente. Essa avaliação transversal, explica o professor Raimundo, é um “raio X momentâneo”, feito através da medição da pressão arterial de braços e pernas, quando é possível identificar fatores de risco que podem acarretar em acidentes cardiovasculares. Nas palestras de capacitação que o Projeto vai oferecer a partir de julho, os agentes estaduais de saúde serão treinados a realizar a avaliação transversal, por meio da qual poderão identificar os fatores de risco e orientar os pacientes a procurar tratamento médico (ver box sobre tratamento). Com isso, o projeto procura reduzir o número de mortes súbitas no Brasil, causadas, principalmente, por acidente vascular cerebral (AVC) e infarto. Conheça mais sobre a hipertensão arterial Sempre associada a doenças cardíacas, a hipertensão é o aumento dos níveis tensionais acima de 140 x 90 mmHg. A pressão arterial deve ser medida com o paciente sentado, em repouso, e repetida por três vezes. Existem dois tipos de hipertensão: primária e secundária. Na primária, correspondente a 90% dos casos, não há causa conhecida e a própria hipertensão é a causa de lesões em diferentes órgãos do corpo, como cérebro, coração, rins e olhos. Enquanto a secundária, menos comum, tem causa estrutural ou hormonal bem definida e, portanto, potencialmente corrigível, o que dá importância a sua identificação. Dentre essas causas, podem estar a hereditariedade (a doença se manifestou em pais, avós), excesso de peso, problemas na artéria aorta, tumores e algumas doenças endocrinológicas. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de cada cinco pessoas com hipertensão, apenas uma sabe o diagnóstico e trata corretamente; duas sabem, mas não realizam tratamento; e as outras duas desconhecem que têm a doença. Isso significa que somente 20% dos pacientes controlam a hipertensão, enquanto 40% nem sabem que têm a doença. 2º semestre 2011 Trinta e cinco horas de pura gargalhada em Mariana 09 Jornal da UFOP Por Simião Castro D eixar-se guiar pelo som das risadas era a fórmula para encontrar os espetáculos do Circovolante – 3º Encontro de Palhaços. Isso porque as ruas de Mariana estavam tomadas de pessoas e os eventos do Encontro sempre cheios. Narizes vermelhos se espalhavam pelos picadeiros e palcos montados nas praças da cidade. Divertiam todos os que dedicaram seu tempo a prestigiar as apresentações lúdicas dos artistas da gargalhada. “Eu gostei mais da risadinha dele”. Com essa frase simples e inocente, Maísa da Mata, três anos, confirma a primeira impressão de que o evento é destinado a crianças. Porém, um olhar mais atento revela que o público é composto por gente de todas as idades. Muito além da palhaçada pura, para Flávio Viana Gomide, 27 anos, o Encontro de Palhaços é fundamental para a cultura marianense. “É imprescindível. As pessoas têm que conhecer outras artes e maneiras de expressão. Isso faz com que elas vivam melhor.” Xisto Siman, um dos idealizadores do Circovolante, que existe há 11 anos, diz que o Encontro deste ano superou as expectativas: “A pessoas invadiram as ruas, lotaram todos os espetáculos. A cidade inteira se envolveu. Foi tudo muito positivo.” Neste ano, como de costume, o Encontro homenageou um palha- ço: Manfried Santana, que faz graça desde que se entende por gente. Nasceu no circo da família e viajou o País fazendo piada da vida, mas parecia não dar certo. Ninguém ria. Pintava o rosto antes de entrar no picadeiro e lá se jogava no chão, virava cambalhota, fazia careta e nada. Cresceu e teve de conciliar a escola com o circo. Um dia chegou da rua atrasado para o espetáculo, se preparou e entrou no picadeiro. Surpreendentemente tudo o que ele fez foi motivo de gargalhada. Esquecera de uma coisa: a maquiagem e o nariz vermelho. Mas, afinal, quem é Manfried? Ah, sim, verdade! Manfried é ninguém menos que Dedé Santana, mestre da comédia pastelã no Bra- sil. Ligado a 36 filmes num período de 30 anos – como ator, diretor, produtor, ele é membro de uma das trupes mais célebres e conhecidas do País. Quem não se lembra d'Os Trapalhões? Mesmo quem nasceu após o fim do grupo sabe quem são Didi Mocó, Mussum, Zacarias e, claro, Dedé Santana. Parceiros há anos, o encontro de Manfried e Renato Aragão não poderia ser senão engraçado. Manfried diz que a época era a do começo da TV no Brasil e que fora convidado a trabalhar lá. Ao chegar, foi apresentado a Renato. “'Como é seu nome?' 'Didi, e o seu?' 'Dedé.' Parecia que tínhamos até combinado”. Em 2011, Dedé aceitou, pela primeira vez, comemorar seu aniversário fora de casa. Isso porque o 3º Encontro de Palhaços se realizou entre 28 de abril e 1º de maio. Dedé comemorou 75 anos no dia 29 de abril em uma noite de homenagens, no palco montado na Praça da Sé – lotada – de Mariana. Ele conta que nunca antes tinha aberto mão de passar o aniversário com a família, e só o fez em razão da homenagem. “Entre as dez maiores bilheterias do País, seis são filmes dos Trapalhões. Tem festival de cinema no Brasil inteiro. O Dedé nunca foi chamado para receber uma homenagem. Depois que eu morrer, eu não quero mais. Por isso, estou me sentindo honrado aqui com vocês.” 2º semestre 2011 10 Jornal da UFOP Blog é premiado noExpocom Sudeste Por Simião Castro (prazo limite para a entrega das matérias), apuração, entrevista e o trabalho na rua com a comunidade. “Nós todos ganhamos com essa interação, mostrando que a gente está aqui, olhando para a cidade, falando dela.” Prática Jornalística Imagem ilustrativa Estudante do segundo período de Jornalismo, Davi Machado reforça a opinião da professora. Para ele, que participa pela primeira vez de uma cobertura, é positiva a experiência de lidar com o imediatismo entre fazer a apuração e escrever a matéria. “Acho que contribui muito. É bom para entender melhor como é a profissão na prática”, diz. U m projeto premiado que permanece realizando um trabalho de serviço público à comunidade de Mariana. Esse é o Tribuna da Palhaçaria, blog de cobertura do Circovolante – Encontro de Palhaços, vencedor na categoria Produção em Jornalismo Informativo, da Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom/Sudeste), durante a 16ª edição do Congresso de Ciências da Comunicação (Intercom). Nascido a partir da parceria entre o curso de Comunicação Social – Jornalismo da UFOP e o Circovolante, o blog fez a cobertura do evento em Mariana pelo segundo ano consecutivo. A atividade foi desenvolvida por estudantes do segundo período. Editora-chefe da página em 2010, a aluna Luiza Barufi foi quem representou o projeto no Expocom. Para ela, um prêmio como esse é de extrema importância e valoriza o curso de Jornalismo. “O que levou nosso trabalho a ser premiado é que ele não é apenas uma cobertura jornalística. É um produto completo que, além de conciliar os estudos obtidos em sala de aula, integra a Universidade com a comunidade”, ressalta Luiza. Estrutura Coordenadora do blog e professora do curso, Adriana Bravin conta que foi planejado um esquema de cobertura que viabilizou o êxito do trabalho. Ela ressalta ainda a importância da disponibilização do laboratório de redação jornalística no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), onde os textos Números da cobertura foram escritos e postados no blog. A professora diz que a experiência é única para os estudantes, uma vez que muitos têm, pela primeira vez, contato com o deadline Ÿ4 dias de cobertura ŸMais de 5 mil acessos Ÿ15 equipes Ÿ12 editores de texto Ÿ44 repórteres Projeto “UFOP com a Escola” promove integração entre alunos e professores, a partir da fabricação e encenação artística com bonecos 2º semestre 2011 A arte a serviço da educação: teatro de bonecos auxilia o ensino na rede pública de Mariana 11 Jornal da UFOP Por Jéssica Michellin Oficina ensina a fabricar bonecos para auxiliar o aprendizado de alunos da rede pública “O meu objetivo é incentivar a leitura por meio do teatro com os bonecos. É fazer com que as crianças assistam ao teatro, identifiquem-se com a personalidade dos bonecos e, a partir daí, passem a frequentar mais a biblioteca”. É com esse objetivo que a bibliotecária Aparecida Maurílio, da Escola Municipal Monsenhor José Cotta, vai todos os dias ao ateliê do artista Catin Nardi para confeccionar bonecos e ter aulas de teatro. Ela está entre os oito professores da rede de ensino municipal de Mariana que integram a primeira turma da “Oficina de Fabricação de Bonecos”, uma iniciativa do projeto especial “UFOP com a Escola”, administrado pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Ouro Preto. Segundo os idealizadores da oficina, Catin Nardi, Eduardo Dias e Mauro Carvalho, as aulas são divididas em duas fases. Na primeira, os professores aprendem a confeccionar bonecos, a partir da matéria-prima essencial para a fabricação: a garrafa PET. Na segunda, eles vão para o palco para passar a entender, na prática, os conceitos teatrais. Dessa forma, após a conclusão das oficinas, eles estarão aptos a utilizar os bonecos nas salas de aulas. O projeto está na fase de finalização dos bonecos e início das aulas de jogos teatrais, que, segundo a bibliotecária, são as preferidas. “Tenho achado todas as aulas muito interessantes, principalmente as de jogos teatrais. É nelas que desenvolvemos o personagem, dando uma personalidade ao boneco, já pensando na trama que iremos construir. Já até tenho algumas ideias para o meu boneco”, brinca Aparecida Maurílio. Segundo Catin Nardi, o projeto em si não é novidade, mas a maneira como está sendo desenvolvido é inovadora na Região dos Inconfidentes. Além da utilização de materiais fáceis de serem manuseados, próprios para leigos na área, há a experiência te- atral, que dará um suporte aos professores na utilização dos bonecos nas aulas. “Tudo isso combinado chegará ao ponto em que nós gostaríamos: melhorar a comunicação entre alunos e professores, deixar os estudantes mais envolvidos e facilitar o desenvolvimento de conteúdos que têm mais dificuldades de serem assimilados por eles. É proporcionar a socialização e a integração entre corpo docente e discente em um projeto pedagógico de qualidade”, afirma o artista. 2º semestre 2011 2º semestre 2011 12 UFOP investe em lousa digital e tecnologia aplicada em sala de aula 13 Jornal da UFOP Recurso interativo, adquirido pelo Cead, substitui quadro-negro e visa tornar as aulas mais atraentes Por Nicole Alves ta como principal vantagem a interação entre professor e aluno. “Algumas ferramentas permitem que estudantes à distância possam visualizar o conteúdo da lousa se estiverem em casa, ainda que não possam utilizar os recursos interativos. Acredito que a tendência seja a aquisição e adoção desse recurso daqui para frente. Além da economia de materiais de consumo (folhas, xerox, pincel), o aluno tem acesso ao conteúdo quando quiser”, diz. Saraiva ressalta que a lousa facilita o trabalho dos professores, já que o conteúdo das aulas estará disponível com o passar do tempo; sendo assim, eles não precisam elaborar um plano de aula sempre, apenas atualizar o que já está salvo. “Não acredito que haja resistência dos professores para aceitar as novas tecnologias”, observa. Segundo Saraiva, o custo da lousa digital não é alto. Geralmente a utilização do equipamento exige um computador, um quadro branco, um cabo USB e um datashow. A manutenção ocorre esporadicamente (a do computador ocorre a cada seis meses ou um ano), e também não é cara, o que torna o recurso ainda mais viável para escolas e universidades. Software simula fenômenos naturais O investimento em tecnologia tem sido prioridade na UFOP. Além da lousa digital, outro exemplo é o Laboratório para Modelagem e Simulação de Sistemas Terrestres, TerraLab, coordenado pelo professor da Ciência da Computação Tiago Garcia Senna Carneiro. O TerraLab tem como objetivo auxiliar o processo de aprendizado. No local, foi desenvolvido um software que, por meio de simulação, o aluno pode testar hipóteses próprias e ver quais funcionariam na realidade, a partir da observação da interação da sociedade com a natureza. “Este tipo de tecnologia torna o aprendizado mais dinâmico e intuitivo, além de aproximar o aluno da disciplina, porque ele passa a perceber os fenômenos naturais de forma mais concreta”, diz Carneiro. As demais ciências, como Engenharia Ambiental, Engenharia Geológica e Biologia, também podem utilizar o recurso, que, por meio de métodos numéricos, é capaz de simular, por exemplo, dinâmicas hídricas, dispersões de poluentes e processos similares. Segundo o professor, o uso de interfaces gráficas animadas viabilizaria a implantação da ferramenta também em escolas. O software, no entanto, não é utilizado apenas para fins acadêmicos. Os modelos presentes nele são desenvolvidos em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). De acordo com Tiago Carneiro, em um primeiro momento, é necessário ir a campo observar os processos naturais. Depois, profissionais de várias áreas, como geólogos, geógrafos, engenheiros, agrônomos, biólogos, explicam o que está acontecendo na natureza de acordo com a ciência. O cientista da computação, por sua vez, faz um apanhado geral e coloca os dados corretos no programa para realizar a simulação, tendo, assim, a chance de contribuir para o entendimento da interação entre sociedade e natureza. O professor ressalta que, com as tecnologias emergentes, os docentes terão de mudar sua forma de ensino, uma vez que estão acostumados a ensinar da maneira tradicional. Imagem ilustrativa O Centro de Educação Aberta e à Distância (Cead) da UFOP já dispõe de uma lousa digital que pode ser utilizada por todos os alunos. Esse recurso tecnológico interativo poderá substituir o quadronegro daqui a alguns anos, em virtude de suas múltiplas funções. Suas inúmeras possibilidades visam deixar as aulas mais atraentes tanto para os alunos como para os próprios professores. A lousa digital amplia a interação em sala de aula, utilizando recursos computacionais. Com ela, o professor pode preparar apresentações em programas comuns como Power Point e, ao mesmo tempo, navegar na internet durante a aula para pesquisar ou mostrar algum conteúdo adicional. A tela é touchscreen, funcionando com uma caneta ou com o próprio dedo, e imagem e som possuem melhor qualidade, o que a diferencia de um computador normal, além do tamanho. As aulas são salvas na hora, podendo ser enviadas por e-mail aos alunos. Os professores também podem criar jogos e atividades interativas para incrementarem o conteúdo de sua explicação. Harley Balduino Saraiva, responsável pelo funcionamento da lousa, ressal- Jornal da UFOP Conteúdo aberto e computação móvel As maiores tendências da aplicação das novas tecnologias nas escolas e universidades apontam para o conteúdo aberto e a computação móvel, que podem contribuir, segundo especialistas, para a maior democratização do conhecimento, principalmente no Brasil, onde o desnível entre as instituições de ensino é muito grande. Estima-se que, em três anos, serão mais frequentes, nas instituições de ensino, o uso de e-books (possibilitam leitura eletrônica, comunicação sem fio, capacidade maior de armazenamento) e da realidade aumentada, ou seja, da sobre- posição de gráficos, áudio e outros melhoramentos das telas dos computadores sobre o ambiente real. Ambas as tecnologias já são utilizadas em algumas universidades de ponta. Além do investimento em softwares e em hardwares, surge como necessidade urgente no País a promoção de treinamentos para que os professores consigam integrar a tecnologia ao processo de ensino. A aquisição desses recursos tende a propiciar o amplo acesso ao conhecimento pelos estudantes, preparando profissionais em sintonia com as atividades constantemente exigidas pelo mercado de trabalho. Por Nicole Alves II Semana Acadêmica de Serviço Social reuniu professores, alunos e autoridades para discutir a legitimação do trabalho do assistente social Com o tema “Compromisso de classe por uma sociedade emancipada”, a II Semana Acadêmica de Serviço Social reuniu profissionais, professores, alunos, convidados e autoridades para discutir questões sobre a legitimação do trabalho do assistente social, a construção de um Serviço Social mais engajado e a formação de uma nova ordem com especialistas na área emancipados de uma força de trabalho. O evento buscou também destacar a importância do profissional que é formado para a sociedade, não apenas para o mercado. O reitor da UFOP, prof. João Luiz Martins, o diretor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) da Universidade, prof. José Arthur dos Santos Ferreira, a presidente do colegiado do curso, profª Virgínia Carrara, a chefe de departamento, profª Juçara Brittes, e a coordenadora do Centro Acadêmico, profª Emília Godoy, formaram a mesa de abertura do evento. Ali, a Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (ENESO) foi representada por Felipe Coelho e Valdeir Eustáquio, do Conselho Regional de Serviço Social (CRESS). Segundo Eustáquio, o CRESS possui uma comissão específica para a formação profissional e, por isso, é importante o seu vínculo com a Universidade. Segundo ele, na atual gestão, o termo “compromisso e luta” pauta-se pela obrigação do Conselho com a categoria profissional e a luta pela formação adequada e pela escola digna. De acordo com o diretor do ICSA, o curso de Serviço Social é o que possui uma das maiores integrações entre ensino, pesquisa e extensão, constituindo os pilares de uma universidade, que apresenta uma lógica não mercantil. A principal discussão da II Semana Acadêmica de Serviço Social se deu em torno da necessidade de efetivação da prática política da área. Por causa disso, a formação do profissional deve, então, contribuir para novas consciências e atividades acadêmicas, visando ampliar o espaço cultural. Segundo os especialistas que participaram do evento, é necessário que existam profissionais para propor projetos de intervenção e aumento do campo de atuação. Ainda segundo os especialistas, é necessário que os alunos adquiram a noção da importância do Serviço Social não apenas como profissão, mas da sua conjugação com o exercício da cidadania. Imagem ilustrativa 2º semestre 2011 14 Jornal da UFOP Reflexão acerca da importância do assistente social UFOP: referência nacional em assistência estudantil Centro de Convergência da UFOP, campus Morro do Cruzeiro Pesquisa realizada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) aponta a Universidade Federal de Ouro Preto como acima da média nacional no percentual de estudantes contemplados por políticas de assistência socioeconômica, como atendimento psicológico, médico, auxílio-transporte, dentre outros. Para se ter uma ideia, na comparação em nível nacional com outras instituições federais de ensino superior, no quesito atendimento odontológico, por exemplo, a UFOP concentra 12,46% de estudantes atendidos nessa área contra 6,80% do nível nacional. No quesito apoio psicológico, o número chega a 6,23%, ante os 2,67% do nível nacional. Em termos de moradias estudantis, a UFOP registra 7,08% contra os 5,03% do nível nacional. Chamam a atenção também as diferenças em termos de alimentação e de atendimento médico. No primeiro caso, são 27,76% da UFOP contra 15,03%, ou seja, é quase o dobro do nível nacional. No segundo, a diferença é de 5,66 pontos percentuais: são 12, 46% contra 6,80%. 2º semestre 2011 Encontro para discutir a educação matemática 15 Jornal da UFOP Por Isadora Rabello A formação da primeira turma do Mestrado Profissional em Educação Matemática da UFOP, envolvendo os produtos e processos educacionais gerados a partir de pesquisas desenvolvidas no âmbito do programa, foram o foco da segunda edição do Encontro de Ensino e Pesquisa em Educação Matemática, realizado na Universidade em maio. O foco na pesquisa e no debate sobre o ensino da Matemática foi destacado pelos alunos. Para Genaldo Gomes Ferreira, do mestrado, “como o curso de Matemática é considerado um daqueles com grande grau de dificuldade, encontros e debates como esses ajudam a formar melhores educadores.” Após a abertura, o prof. Marco Antônio Moreira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ministrou palestra com o tema “Abandono da narrativa, ensino centrado no aluno e aprender criticamente”. Moreira pertencia à área 46 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (Capes), quando veio à Universidade para conhecer a proposta da criação do mestrado profissional de Matemática, participando assim do nascimento do curso. Mar- Diretor do ICEB, Antônio Claret co Antônio Moreira é formado em Física, porém sua experiência ministrando aulas no ensino médio o levou a fazer mestrado na área. Compareceram à abertura do evento, realizado no Instituto de Ciências Exatas e Biológicas (ICEB), o reitor da UFOP, João Luiz Martins, o pró-reitor de Pesquisa e PósGraduação, Tanus Jorge Nagem, o diretor do ICEB, Antônio Claret Soares Sabioni, e a profª. Ana Cristina Ferreira, coordenadora do mestrado em Educação Matemática. Incultec: recursos para consolidar projetos Para fortalecer o empreendedorismo na Região dos Inconfidentes, o Centro de Referência em Incubação de Empresas e Projetos de Ouro Preto (Incultec) conseguiu a aprovação, junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), de recursos no valor de R$ 55 mil para consolidar projetos para o desenvolvimento de empresas de base tecnológica. Segundo o coordenador do Incultec, prof. Jorge Humberto, esses recursos devem contribuir para a geração de emprego e renda no município e na região, consolidando a capacidade empreendedora da Universidade Federal de Ouro Preto. “A incubadora estabelece, por meio de uma gestão inovadora, um ambiente propício ao desenvolvimento de empresas de alta tecnologia, no qual a Universidade e o setor produtivo têm um papel importante. Esse ambiente permite criar uma dinâmica empresarial no setor tecnológico, levando, assim, ao uso compartilhado de serviços, instalações, informações e se tornando objeto para apoio de agências de fomento”, explica o professor. Equipe de coordenação do Incultec 2º semestre 2011 16 Jornal da UFOP PROEx lança modelo para facilitar apoio a projetos de extensão “Fluxo Contínuo” possibilita entrada de projetos mensalmente; a iniciativa modifica termos do edital para propiciar a inclusão de novos trabalhos Por Maressa Nunes Programas e projeto ganhadores do IX Seminário de Extensão Programa Direito e Sociedade - "Núcleo de Assistência Jurídica" e "Centro de Mediação e Cidadania" Coordenador: prof. Fabiano Cézar Rebuzzi Guzzo – DEDIR Programa Educação Ambiental da UFOP Coordenadora: profª Maria Rita Silvério Pires – DEBIO/ICEB Programa Integrado de Extensão para o Ensino e a Divulgação da Ciência – PROCIÊNCIA Coordenador: prof. Gilson Antônio Nunes – DEMUL Programa de Educação de Jovens e Adultos – PEJA Coordenadora: profª Regina Magna Bonifácio de Araújo – DEEDU/ICHS Projeto Gestão Estratégica em Entidades Sociais e Culturais sem Fins Lucrativos Coordenadora: profª Tays Torres Ribeiro das Chagas – DEPRO/EM para programas, projetos, cursos e eventos eram muito extensos e não havia entendimento efetivo desse documento. Além disso, os projetos eram enviados somente uma vez por ano e com um prazo curto de inscrição”, diz o prof. Danton Heleno Gameiro, pró-reitor adjunto da PROEx. Ele ressaltou ainda que “a Pró-Reitoria não trabalha com número de projetos e bolsas e, sim, com a questão orçamentária.” Partindo dessa ideia, de acordo com o professor, a PROEx começou a pensar uma maneira de investir o dinheiro recebido em outros projetos. “Primeiramente, foi feita uma melhoria do edital pelo Comitê de Extensão, que o deixou mais enxuto e de fácil entendimento. A partir do segundo semestre de 2010, com a implantação do 'Fluxo Contínuo', os projetos passaram a ser apresentados mensalmente e não de forma anual, como era feito anteriormente”, explicou Gameiro. Para entender melhor o funcionamento do Fluxo Contínuo, as pessoas interessadas devem enviar projetos em um determinado dia de cada mês. Esse dia é estabelecido a partir das reuniões do Comitê de Extensão. Nesse Comitê, os projetos são avaliados e, se aprovados, o início é imediato. O grupo é composto por membros de quase todas as unidades acadêmicas da Universidade e foi criado a fim de agilizar e facilitar o envio e o início dos projetos. Com essa nova organização, a comunidade passa a ter mais oportunidades. Como são e o que são os programas e projetos O Comitê de Extensão define Programa como "conjuntos articulados de projetos de extensão e de outras iniciativas científicas e didático-pedagógicas, marcados pela indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. E os projetos podem ser vinculados a esses programas, ou podem ser propostas isoladas. O fluxo contínuo tem favorecido os programas. “Esses programas têm prioridade porque forçam a formação de equipes em um mesmo tema”, afirmou o professor Danton. A PróReitoria incentiva os projetos isolados para que se unam e montem um programa ou que algum projeto possa ser incluído Imagem ilustrativa I niciativa da Pró-Reitoria de Extensão (PROEx), o “Fluxo Contínuo” objetiva a entrada contínua de programas e projetos de extensão durante todo o ano. Implantado no segundo semestre de 2010, o Programa já obteve resultados positivos. O número de propostas passou de 116 para 132 e o número de bolsas pulou de 348 para 369 no primeiro semestre de funcionamento. Além de possibilitar a entrada de projetos mensalmente, o “Fluxo Contínuo” teve modificado alguns termos do edital e isso facilitou o ingresso de novos programas. Dessa forma, é possível oferecer mais chance para a entrada de novos projetos. “Antes da implantação do modelo de fluxo contínuo, os editais em um programa já existente. As atividades de extensão são divididas em oito temáticas diferentes, como Comunicação, Cultura, Direito, Educação, Meio Ambiente, Saúde, Tecnologia e Trabalho. As temáticas que mais possuem projetos de apoio à comunidade hoje são Educação e Saúde. Todo ano, essas ações de extensão são premiadas no Encontro de Saberes, que reúne mostras de trabalhos das Pró-Reitorias de Pesquisa e Pós-Graduação (Propp), Extensão (PROEx) e Graduação (Prograd). No Encontro de 2010, foram apresentados 1.200 trabalhos de iniciação científica, 200 na área de extensão. Comparação entre 2010 e a prévia de 2011 Projeto de extensão da UFOP em João Monlevade ajuda estudantes do ensino médio a entrar na universidade 2º semestre 2011 Preparação para ingresso no ensino superior 17 Jornal da UFOP Por Isadora Rabello O “Pré-Vestibular Rumo à Universidade”, projeto de extensão da Universidade Federal de Ouro Preto desenvolvido em João Monlevade, aprovou 13 alunos desde 2009, ano em que foi criado. Lidiane Silva Maria, psicóloga da Unidade, e Lidiane Júlia Bueno, assistente social, foram as idealizadoras do Programa. Ambas fazem parte do Núcleo de Assuntos Comunitários e Estudantis de João Monlevade (NACE-JM). Anteriormente, o Pré-Vestibular funcionava no Instituto de Ciências Exatas e Aplicadas (ICEA), no entanto, devido à estrutura física, passou, neste semestre, para a Escola Alberto Pereira Lima. O interessante é que as aulas são ministradas por alunos da própria Universidade. Eles recebem bolsa permanência no valor de R$ 250,00 e outra no mesmo valor para ministrarem as aulas. Hoje existem nove bolsistas, sendo oito professores e um secretário. Os estudantes da UFOP são orientados por professores do campus, que ministram as disciplinas Matemática, Física e Química. Existem duas colaboradoras, professoras de Português/Redação, que também dão apoio às aulas. São oferecidas as disciplinas de Matemática 1 e 2; Física 1 e 2, Química 1 e 2, Biologia, Português e Redação. Apoio Para contribuir com o Projeto, a Prefeitura Municipal de João Monlevade fornece transporte gratuito, assim como as prefeituras de cidades vizinhas, como Barão de Cocais, Rio Piracicaba e São Gonçalo, parceiras do Pré-Vestibular. O curso é voltado para pessoas de João Monlevade e região que já concluíram o ensi- ANO 2009 no médio ou estão cursando o 3º ano. Os interessados em ingressar no curso precisam participar de um processo seletivo para a ocupação de 35 vagas. Os professores orientadores e colaboradores ajudam no processo seletivo, coordenado pela assistente social. Aprovação No primeiro ano de funcionamento, o curso contribuiu para um candidato passar no vestibular. Depois, mais nove foram aprovados no segundo semestre de 2010, sendo dois na UFOP, quatro na UEMG e três na Unileste (Prouni). Até agora, 155 pessoas já estudaram no Pré-Vestibular: 40 alunos em 2009; 40 alunos no 1º semestre de 2010; 40 no 2º semestre de 2010 e 35 alunos no 1º semestre de 2011. NOME CURSO UNIVERSIDADE Lidiane Enfermagem Funcesi (Itabira) Sistemas de UFOP (João Aparecida Arcanjo 2010/2 Agnaldo Teixeira Informação Monlevade) 2010/2 Thalles Biachine Engenharia UFOP (João Elétrica Monlevade) 2010/2 Wilsander de Engenharia UFOP (João Jesus Elétrica Monlevade) 2011/1 Adalton Virgílio Engenharia Civil UEMG 2011/1 Fabiana Barreto Engenharia Civil UEMG Helton Engenharia UNILESTE/PROUNI Fernandes da Mecânica Nascimento Pereira 2011/1 Silva 2011/1 Karina Fernanda Sistemas de de Paula Informação 2011/1 Kennya Silva Engenharia Braz Metalúrgica 2011/1 Miguel Monteiro Engenharia UFOP Elétrica UEMG Costa UFOP UEMG e Engenharia Metalúrgica 2011/1 Nayara Engenharia de UFOP/UNIFEI/UNIPAC Aparecida Izidoro Produção - PROUNI 2011/1 Sâmara Ferreira Ciências UNILESTE dos Santos Biológicas 2011/1 Thais Caroline Engenharia UEMG 2º semestre 2011 Jornal da UFOP Por Nicole Alves Problemas para alugar um imóvel? Se a resposta for sim, o Núcleo de Assistência Jurídica de Ouro Preto (Najop) pode ajudar. A partir de pesquisa realizada pelo Núcleo com estudantes da UFOP, constatou-se que a maioria não estava ciente dos direitos como inquilinos. Por causa disso, o Najop passou a auxiliar na locação residencial para evitar abusos contratuais por parte das imobiliárias e dos proprietários, desenvolvendo uma cartilha com algumas orientações e um contrato de aluguel padrão. Ao todo, o programa já atendeu até agora 2.200 alunos: 1.100 por meio do ciclo de debates e 100 diretamente. Segundo a coordenação do programa, composta pelos professores Rafhael Frattari, Bruno Camilloto, Beatriz Schettini e Fabiano Rebuzzi, em 1997 o Na- Artigo Não poderia relegar as minhas posições e convicções e quero aqui deixar o meu legado quanto ao futuro de Minas Gerais, Ouro Preto e o Brasil. Acho que, no período colonial do Brasil, uma de nossas maiores riquezas era o ouro que abasteceu Portugal e Inglaterra. Esse importante minério, cujo valor monetário estava agregado nele mesmo, nas condições de mercado e no custo de muitas vidas de escravos e indígenas, extinguiu-se em função de toda a exploração. Esse período passou e para Ouro Preto, Minas e o Brasil ficaram apenas alguma herança cultural, a arquitetura e, atualmente, o crescimento natural da cidade e o inchaço irresponsável (sem planejamento) da Universidade (UFOP), que ameaçam a arquitetura, nossa história e o turismo da cidade. Como estudante, vivi em Ouro Preto o período áureo da riqueza do alumínio, cujo produto é extraído do minério bauxita. A partir de 1976, aqui viveu-se toda uma cadeia produtiva com as mais altas mordomias, fruto do produto, da educação e do trabalho. Lembro-me de colegas formados em Engenharia Metalúrgica pela Escola de Minas que tinham altos salários e, ainda, privilégios da antiga Alcan. Na década de 1990 escrevi uma carta para o presidente dessa empresa, no Canadá, denunciando os sérios problemas ambientais (geração de lama cáustica, produtos de rejeitos com elementos químicos pesados ou radioativos), provocados em Ouro Preto e região, para os quais tive resposta à altura dos meus questionamentos, mas não a solução para os problemas. Passados então 30 anos, quando a matéria-prima se exauriu, a realidade é de total decadência. A empresa está prestes a se fechar, a bauxita esgotou-se e os empregos acabaram. Essa introdução mostra o que tende a acontecer com Ouro Preto, Minas Gerais e o Brasil se Desenvolvido pelo Departamento de Direito, o Najop já atendeu a 2.200 alunos: 1.100 por meio do ciclo de debates e 100 diretamente jop constituía apenas um núcleo de prática dentro da grade curricular do curso de Direito da UFOP. Em 2009, no entanto, o Núcleo foi procurado pela Universidade, devido ao crescimento significativo do número de alunos. Constatou-se, então, que muitos estudantes sentiam-se lesados pelas imobiliárias e as dúvidas e reclamações não eram casos isolados e, sim, um problema recorrente. Dessa forma, o projeto de extensão "Direito e Sociedade - Núcleo de Assistência Jurídica e Centro de Mediação e Cidadania" ficou responsável por tratar do assunto. A meta do programa passou, então, a ser alertar e conscientizar. Segundo Rebuzzi, a competição entre alunos é um agravante, devido ao fato de todos precisarem de moradia, sujeitando-se às injustiças por parte dos proprietários dos imóveis. Cartilha Divulgação 18 Auxílio na locação residencial A cartilha esclarece as dúvidas mais frequentes por meio de uma linguagem simples e didática, auxilia no entendimento dos procedimentos a serem adotados em um contrato de aluguel e traz outras informações importantes para a locação de um imóvel, visando facilitar, principalmente, a relação entre proprietário e inquilino. Dentre as orientações da cartilha produzida pelo Najop está a exigência de se vistoriar o imóvel, a fixação de prazo no contrato de aluguel e a estipulação do índice de reajuste. Endereço para atendimento: rua Vitorino Dias, 56, sala 105, Pilar. Minas Gerais, Ouro Preto e o futuro do Brasil não lutarmos para agregar valores às nossas riquezas e não só entregá-las a custos irrisórios como temos feito com nosso minério de ferro (de alto teor) que está indo embora para a China e que depois importamos como produtos acabados e com maiores valores agregados (eletrodomésticos, máquinas, equipamentos, carros, etc.). Os geólogos e engenheiros de minas sabem que, no Quadrilátero Ferrífero, só temos minério de ferro por, aproximadamente, mais 50 anos. Isso tudo está acontecendo bem próximo de nós e a nossa riqueza está indo embora a olhos vistos. Uma mineradora como a Vale nunca poderia dar prejuízo no Brasil, como mostrado pela história administrativa da companhia, tanto na mão do governo quanto na de particulares. Não é necessário ser profissional especializado (geólogo ou engenheiro de minas) para administrar bem essa empresa. A maioria das minas brasileiras são minas a céu aberto e com alto teor do minério a ser lavrado. Portanto, não exige nenhuma tecnologia sofisticada para tal e nem muita mão de obra especializada. Não tem como dar prejuízo. Por isso, as multinacionais estão presentes aqui para nos explorar. Aliás, é bom lembrar que a Vale foi privatizada, mas quem manda na sua gestão é o governo federal, por meio dos fundos de pensão do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. E, assim como essa história, outras semelhantes mostram a ascensão, o apogeu e o declínio de um povo. Vejam, por exemplo, o caso de Saddam Hussein, que tinha no Iraque um verdadeiro oásis, bonito e promissor. O povo de lá vivia dignamente e com sustentabilidade, pois tinha água e terra fértil. Essa comunidade iraquinana foi politicamente contra Saddam em determinado período de seu governo. Em retaliação, esse ditador mandou bombardear e destruir os mananciais de água daquela região, levando seu povo à pobreza. Esse fato mostra a tendência futura das regiões produtoras de minério em nosso Estado e País. Num futuro não tão longe, o Vale do Aço estará fadado ao declínio e, consequentemente, as comunidades envolvidas serão afetadas. Vejam, por exemplo, também o que está acontecendo com as reservas de nióbio brasileiras. A Folha de São Paulo (quarta-feira, 08/12/10) informou que "para os EUA, nióbio do Brasil é estratégico para a defesa nacional". Essa preocupação foi revelada pelo WikiLeaks. O Brasil detém 98% das reservas de nióbio do mundo, já que existe um pouquinho na Sibéria. Grande parte das reservas brasileiras se encontram na cidade mineira de Araxá e no Morro dos Seis Lagos, no Amazonas. Todavia, essa jazida não se encontra em exploração devido à alta complexidade requerida nos meios extrativos. O nióbio é um mineral que está sendo usado para tudo no mundo, por isso os países desenvolvidos são tão dependentes do nióbio como são do petróleo. Esse mineral é usado como liga resistente em lâminas, instrumentos cirúrgicos, aviões e peças que se submetem a altas e baixas temperaturas, foguetes, carros, armas etc. Sejam empresas estatais ou privadas detentoras do direito de lavra mineral, o governo brasileiro deve tratar a questão com muito cuidado, tentando agregar valores a essas matérias-primas se quisermos um futuro digno para as futuras gerações, para Minas Gerais, Ouro Preto e o Brasil. (*) Ernani Carlos de Araújo – ex-prefeito do campus, professor associado II da Escola de Minas da UFOP, mestre e doutor pela USP na área de Estruturas Metálicas. E-mail: [email protected] Este artigo foi publicado no Jornal da Ciência, da SPBC O presente artigo é de inteira responsabilidade do autor e não reflete a opinião deste jornal. 2º semestre 2011 Vigilância constante na execução das obras 19 U ma obra aqui, outra ali. Aos poucos, novas edificações no campus da UFOP, em Ouro Preto e nas demais unidades de Mariana e de João Monlevade, vão ganhando forma. Para garantir que elas aconteçam, uma equipe de profissionais faz o acompanhamento constante dos trabalhos das empresas licitadas para a execução dessas obras, em um total de 22 realizadas na Instituição. De acordo com o prefeito do campus, Eduardo Evangelista Ferreira, 12 fiscais fazem o acompanhamento diário das edificações na Universidade, para que os prazos estabelecidos em contrato sejam cumpridos, e um balanço mensal do trabalho, denominado medição, aponta eventuais problemas na execução das obras. Segundo Ferreira, quando são detectados atrasos, as empresas licitadas sofrem sanções, que passam pela advertência, multa e suspensão da atividade, e não podem concorrer para outras obras na UFOP por dois anos. Ainda segundo Ferreira, quatro empresas já foram suspensas de licitar na Universidade em três anos. Uma foi multada seis vezes em seis meses de contrato. Nesse mesmo período de três anos, foram mais de 40 notificações. “A empresa apresenta um cronograma. Fazemos então a conferência dele, se estiver abaixo da meta, aplicamos advertência ou multa. Em casos mais graves, o contrato é suspenso”, explica o prefeito. Legislação De acordo com Ricardo Pacheco da Silveira, assessor da Coordenadoria de Suprimentos (CSU), órgão vinculado à Pró-Reitoria de Finanças (Prof), a maior parte das empresas não consegue cumprir os prazos contratuais. “Muitas pedem aditivo de prazo, o que não é regra, mas uma exceção. E quem delibera sobre o tempo são os fiscais da Prefeitura do Campus (Precam)”. As multas são aplicadas na mora (2%) e na inadimplência (5%). “Não há justificativa para atrasos porque, quando o licitante participa do certame, ele já conhece o processo”, ressalta Silveira. Ainda segundo Silveira, todo o processo de acompanhamento das obras está embasado na Lei de Licitação 8.666. “A CSU recebe da Precam a denúncia de que a contratada apresenta irregularidade ou descumprimento de alguma cláusula contratual. Com base na Lei, a denúncia é formulada e a ProReitoria de Finanças notifica a contratada aplicando as sanções”. As empresas que não cumprem os contratos acabam parando no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedoras (Sicaf), uma espécie de Sistema de Proteção ao Crédito (SPC). UFOP atrai estudantes de 2.619 municípios brasileiros Um número impressionante. A UFOP recebeu, para 2011/2, inscrições de candidatos de 2.619 municípios brasileiros, o que corresponde a 47% do total dos 5.564 existentes no País. Foram 57.348 inscrições pelo Sistema de Seleção Unificada (SiSU). Comparado ao processo seletivo 2011/1, a Instituição registrou um aumento de 56% no número de inscritos. Desse número, 34.281 são de Minas Gerais; São Paulo vem em segundo lugar com 10.508 inscritos, seguido do Espírito Santo e Bahia, que são as novidades deste processo seletivo, com 2.126 e 1.627 inscrições, respectivamente. O curso mais concorrido foi Medicina, com 343 candidatos por vaga, seguidos pelo Direito (110 candidatos por vaga) e pela Engenharia Civil (100 candidatos por vaga). Para a caloura de Medicina Débora Dumont Cruz Nunes, o curso da UFOP está bem estruturado e a vertente a atraiu ainda mais. “Já tinha passado em outras universidades federais, mas escolhi a UFOP pela estrutura do curso e pela tradição”, diz. Pensando no mercado de trabalho, Júlia Nogueira Camargos, caloura do curso de Engenharia de Minas, afirma ter trocado a universidade onde estudava pela UFOP devido à conceituação que ela dá ao profissional e o incentivo à pesquisa. “A UFOP vai me preparar melhor para o mercado de trabalho”, ressalta. “Espero que a Universidade seja uma família, que dê assistência para eu ser uma boa profissional”, diz Natália Carolina do Nascimento, caloura do curso de Engenharia Metalúrgica. A estudante afirma ainda que esco- lheu a Instituição pela estrutura e pelo fato de ela ser renomada. Estudantes locais O número de estudantes ingressantes de Ouro Preto, Mariana e João Monlevade quase dobrou nos últimos anos. Em 2007, de acordo com dados da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), 16,21% dos alunos eram provenientes das três cidades. Este ano, considerando os números apenas do primeiro semestre, esse dado passou para 29,83%. A abertura de cursos noturnos e a expansão da UFOP podem ser considerados fatores determinantes no aumento da ocupação de vagas de estudantes que se enquadram nesse perfil. 2º trimestre 2011 20 Jornal da UFOP Novo polo do EaD em Cachoeira do Campo Foto: divulgação O polo do Centro de Educação Aberta e a Distância (CEAD) da UFOP está pronto para funcionar em Cachoeira do Campo. Os laboratórios de informática vão atender aos cursos de Pedagogia e Administração Pública, ampliando, assim, o raio de ação da Instituição nessa modalidade em toda a região. De acordo com o diretor do CEAD, Jaime Antônio Sardi, o polo foi montado no Centro Juvenil Dom Bosco, na av. Pedro Aleixo, 218, na própria Rodovia dos Inconfidentes. A construção do polo atende a uma demanda de Cachoeira do Campo, mas os cursos a distância da UFOP têm atraído ainda o interesse de outros municípios. A prefeitura de Betim-MG é uma das que já enviou representantes a Ouro Preto para pleitear a instalação de um polo também naquela cidade, mas, segundo Sardi, frequentemente há demandas similares de outros prefeitos. Para atender à solicitação crescente de estudantes a distância, novas estruturas estão sendo montadas pela UFOP. Pioneira entre as universidades públicas que oferecem essa modalidade de ensino no Brasil, o polo de João Monlevade (que é diferente do campus presencial), por exemplo, é considerado um dos melhores em infraestrutura. “Há dois espaços distintos, um presencial e um a distância. O a distância funciona no centro da ci- dade em parceria com a prefeitura”, explica o diretor do CEAD. Em Barão de Cocais, a UFOP mantém apenas o ensino a distância. ‘’É lá que está o primeiro curso de Administração Pública federal a distância do Brasil. Concretamente, em termos de estrutura física, o que está sendo feito em Barão de Cocais é um polo-modelo, segundo a recomendação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O prefeito esteve aqui e apresentou verba para a construção de um prédio na cidade, já que o município foi o primeiro a ter um polo quando o CEAD foi criado em 1999”, diz. Videoconferências, webconferências e tecnologia Moodle Por meio de uma plataforma chamada Moodle, os alunos podem acessar todo o sistema acadêmico da UFOP. As aulas dos cursos a distância são ministradas ao vivo, uma vez por mês, por meio de videoconferências, em que os estudantes recebem os arquivos das disciplinas e interagem com o professor. Há também a webconferência, em que os conteúdos são enviados para um computador na sa- la de aula e o tutor é responsável pela operação técnica e por orientar e conduzir os estudantes. Nos dois sistemas, os alunos de todos os polos estão simultaneamente conectados com o professor em Ouro Preto. O Ensino a Distância (EaD) é uma área de interseção entre a educação e as novas tecnologias de informação e comunicação, constituindo-se, portanto, um campo de experi- mentações de inovações técnicas e pedagógicas. Ou seja, é uma modalidade em constante processo de transformações e, por isso, configura-se como um valioso campo de pesquisa em Educação, cujos resultados podem se traduzir em contribuições não apenas para o EaD, mas também para a educação presencial. Suporte na interiorização do ensino superior no Brasil Segundo o diretor do CEAD da UFOP, Jaime Sardi, a Universidade Aberta, um consórcio de universidades federais, criada em 2006, foi uma forma encontrada para se interiorizar o ensino superior público e gratuito no Brasil, permitindo que as pessoas menos favorecidas tivessem acesso a ela. A UFOP, por exemplo, possui hoje polos no interior de São Paulo, Bahia, Acre e Pará. São 6 mil alunos cursando a modalidade a distância em seus 35 polos. Parte desses estudantes está concentrada em Minas Gerais, e, segundo Sardi, pensando em uma ampliação do EaD da UFOP no Estado, novos polos estão sendo preparados. Sua criação seria uma forma de melhorar a educação no País. “O Brasil tem apenas 11% dos jovens de 18 a 24 anos no ensino superior, enquanto a Argentina e o Uruguai têm 30%. Os países de Primeiro Mundo chegam a 70% ou 80%”, ressalta. Sardi enfatiza que os cursos de EaD não concorrem com os presenciais e não existem para suprimi-los. “Há conteúdos e conteúdos. Uns adaptam-se bem quando ensinados a distancia, outros não. A tendência é que, em médio prazo, cursos de EaD e presenciais caminhem para uma convergência, um hibridismo”. Na opinião do diretor do CEAD, os alunos de EaD não são mais pobres De acordo com a Associação Brasileira de Educação a Distância, em 2008, 2,64 milhões de brasileiros estudaram via EaD, distribuídos nos 1.752 cursos. Pelos dados do MEC, no fim de 2009, o EaD contava com 111 instituições de educação superior, 52 particulares, 11 confessionais e 48 federais, estaduais e institutos federais. ou menos científicos do que os alunos presenciais. “Em geral, eles já são empregados e cursam uma graduação simultaneamente. Algumas empresas preferem alunos de EaD porque acham que têm mais autodisciplina e responsabilidade sobre seu próprio aperfeiçoamento. Eles estudam para si ao invés de estudar para o professor. As provas do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) têm mostrado que alunos de EaD se saem melhor nessas avaliações de curso feitas pelo MEC”, observa. Cursos oferecidos no CEAD da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP): Administração Pública, Pedagogia (Licenciatura), Pedagogia para Educação Infantil, Matemática (Licenciatura), Práticas Pedagógicas, Gestão Pública, Gestão, Produção e Organização de Conteúdo e Geografia. Curso Prático de Obras capacita profissionais da região a partir de iniciativa junto à Universidade Federal de Ouro Preto 2º trimestre 2011 “Para por a mão na massa” Agenda 21 Jornal da UFOP “Admite-se mestre de obras, com experiência. Salário de dois mil reais”. “Contratamse pedreiros, com ou sem experiência, salário de mil reais”. Anúncios como esses são comuns quando passamos em frente a uma agência de recursos humanos em Ouro Preto ou em qualquer outro lugar do País. Mas isso não é coincidência, é apenas o reflexo de uma realidade: faltam profissionais da construção civil no mercado de trabalho. Com o intuito de preencher essa demanda, é coordenado pelo prof. Paulo Damasceno, do Departamento de Engenharia Civil (Deciv) da UFOP, o curso “Prático de Obras”, cujo objetivo é capacitar profissionais do setor na Região dos Inconfidentes. Segundo o coordenador, o projeto foi criado em 1982 com a ideia de promover a formação profissional para melhorar as condições de empregabilidade na construção civil, aumentando a renda das pessoas e a qualidade de vida. Ainda, segundo Damasceno, o curso procura fornecer ao trabalhador da área o conhecimento teórico mínimo que lhe permita dominar fases específicas de uma obra, dando a ele o conceitual básico e promovendo, assim, o aperfeiçoamento prático das atividades profissionais, como as noções de segurança, que são abordadas na disciplina “Segurança do Trabalho”, ministrada pelo graduando em Engenharia de Produção, Guilherme Falagán Faria. Para Tatiane Soares Oliveira, 20 anos, uma das alunas mais aplicadas, segundo os professores, esse é o setor (Segurança do Trabalho) da construção civil que mais carece de profissionais capacitados. “Eu quero seguir essa área porque é extremamente importante para a integridade física do trabalhador da construção. Quero fazer com que os trabalhadores entendam o uso desses equipamentos, não como uma adequação à Lei, mas como uma forma de proteção do seu próprio ofício”, diz a estudante. Outro propósito da iniciativa apontado por Damasceno é a articulação da UFOP com as demandas sociais da região. Isso porque o curso está diretamente focado nas pessoas da comunidade que pertencem às camadas menos favorecidas da população. Nesse sentido, ele tem dois objetivos: procurar dar às pessoas que estão empregadas no setor o aperfeiçoamento profissional, e, para as que estão de- Foto: Jéssica Michellin Por Jéssica Michellin sempregadas, a oportunidade de competirem por uma vaga no mercado de trabalho e ainda a possibilidade de retomarem a vida estudantil. Para Luiz Carlos, 44 anos, ajudante de Serviços Gerais, também aluno do curso, as aulas representam tanto o aperfeiçoamento profissional como a volta aos estudos. “Comecei aos 14 anos como servente de pedreiro. Até então não tinha voltado à escola. Hoje frequento as aulas e passei a aplicar, na prática, o que aprendi. Por exemplo, a utilizar óculos e máscaras de proteção quando estou mexendo com o maquinário elétrico”, ressalta o profissional. O curso, gratuito, tem duração de 210h. Para participar, é necessário realizar uma prova de conhecimentos gerais e específicos. As disciplinas ministradas são Acabamentos, Carpintaria, Estruturas, Instalações Elétricas Prediais, Instalações Hidrossanitárias, Operação de Máquinas, Equipamentos da Construção Civil e Se- gurança do Trabalho. De acordo com a coordenação, todas elas podem ser feitas separadamente. Para outras informações, encaminhar email para [email protected]. 2º semestre 2011 22 Jornal da UFOP “Nunca é tarde para recomeçar” Dito popular resume bem a dedicação de pessoas com 30 anos ou mais que buscam a graduação. Com isso, elas visam entrar definitivamente para o mercado de trabalho Por Marcelo Nahime Jr. não buscam conhecimento não conseguem nada”, aconselha Maria Gonçalves. Preconceito A futura profissional da área de Letras ressalta que nunca sofreu preconceito por causa da diferença de idade em relação aos colegas de sala de aula e da Universidade. “Aqui na UFOP nunca fui vítima de preconceito. Há pessoas que se dizem influenciadas por mim, como o meu genro, por exemplo, que decidiu estudar depois de me ver na faculdade. Fico lisonjeada de ver que sirvo de exemplo para pessoas jovens assim. Meus filhos, ao me verem passar no vestibular, foram comigo fazer a matrícula e eles não acreditavam de tanta felicidade, sempre me apoiando”, diz, com alegria, Maria Gonçalves. “Passei pela mesma situação da Caetana. Meus filhos comemoraram demais a minha aprovação e me levaram para comer pizza no dia. Nunca percebi preconceito, é como se ele não tivesse espaço”, ressalta também o futuro museólogo, José Maria da Silva. Os dois estudantes da UFOP concluíram que isso pode ser chamado de a verdadeira realização de um sonho. Silva diz se sentir sossegado em buscar conhecimento agora que seus filhos estão criados e Maria Caetana ressal- ta o amor pela leitura e sabe que está no caminho certo. “Achamos que o contato com pessoas jovens nos renova e isso é fundamental. Tenho vontade de fazer pesquisas, de falar cada vez mais outras línguas, apesar de não saber aonde eu vou me inserir no mercado depois de me formar na faculdade. É incerto, mas vontade de concretizar o sonho não falta.”, finalizam José e Caetana. Mercado Se a pessoa possui 50 anos ou mais, por exemplo, há bons motivos para comemorar. É que de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o mercado nunca esteve tão aquecido para absorver pessoas nessa faixa etária. De 2003 para cá, aumentou em 56,1% o número de pessoas ativas acima dessa idade. Além disso, o percentual supera o crescimento médio do total da população ativa em 19,8%. Dos 22,2 milhões de pessoas ativas na média do primeiro trimestre de 2011 nas seis regiões metropolitanas, 4,8 milhões estavam no topo da pirâmide etária. Imagem ilustrativa “Depois de uma vida, só agora estou estou dando algo voltado para as artes. Quando soube do curso, pensei que não deveria deixar passar essa oportunidade”, relata José Maria da Silva, de 62 anos, aluno do curso de Museologia da Universidade Federal de Ouro Preto. Assim como Silva, muitos estudantes com mais de 30 anos, ao perceberem que não há mais tabu em relação à idade para começar a estudar, estão voltando às salas de aulas no Brasil. De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia 1,718 milhão de pessoas de 30 anos ou mais frequentando o ensino superior no País. A UFOP conta atualmente com 687 alunos com idades que variam de 30 a 60 anos. Dentre eles, 60 são técnicosadministrativos,37 dos quais estão matriculados na pós-graduação. Com brilho nos olhos, a estudante Maria Caetana Gonçalves, de 60 anos, do curso de Letras, diz que agora não deixa mais escapar a chance: “Sempre gostei muito de estudar, mas nunca tive a oportunidade. Agora que estou aposentada, finalmente chegou a minha vez. Mais do que nunca, acho que aqueles que Por meio do Núcleo de Educação Inclusiva (NEI), a UFOP direciona ações a alunos com necessidades especiais 2º semestre 2011 Atenção para a questão da acessibilidade 23 Jornal da UFOP Por Kíria Ribeiro O número de pessoas com algum tipo de deficiência na rede regular de ensino cresce a cada ano. Segundo dados do Ministério da Educação e Cultura (MEC), no último censo realizado em 2006, o percentual de matrículas na educação inclusiva no nível básico no Brasil já havia crescido 640%. Por causa disso, o número de matrículas de pessoas portadoras de deficiência deve aumentar nas universidades nos próximos anos. Para atender aos alunos com esse perfil, a Universidade Federal de Ouro Preto, por meio do Núcleo de Educação Inclusiva (NEI), trabalha permanentemente no que se refere à permanência desses estudantes na Instituição, a fim de garantir os direitos de cidadania e viabilizar sua inserção no mercado de trabalho. A Universidade, desde 1990, desenvolve, por intermédio do NEI, alguns trabalhos de apoio à inclusão, como a implantação da caneta para desenho em relevo. De acordo com o Pró-Reitor Adjunto de Graduação, Adilson Pereira dos Santos, a caneta foi implantada na Instituição para auxiliar na educação. “Buscamos este recurso com o professor Francisco José de Lima, que atua no curso de pedagogia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e é Coordenador do Centro de Estudos Inclusivo de lá. Ele é o grande inventor dessa caneta e nos deu muito apoio na instalação dela aqui na UFOP”. Segundo Adilson, o uso da caneta é de fácil aprendizado. “Basta pressioná-la contra o papel sobre uma prancheta de borracha e o deficiente visual pode produzir desenhos, mapas ou gráficos”, explica. Sendo de baixo custo, ainda de acordo com Santos, a caneta permite que crianças, jovens e adultos cegos consigam conhecer e explorar o mundo dos desenhos bidimensionais, tendo acesso a representações de prédios, igrejas, figuras de animais ou quaisquer objetos que antes não podiam manusear. Além disso, ao formar figuras, os deficientes visuais podem expressar suas próprias representações de objetos conhecidos ou imaginados, desenvolvendo e manifestando, assim, suas habilidades artísticas e de criação. Felipe Lopes é deficiente visual e cursa disciplinas do segundo e terceiro período de Engenharia de Produção. Segundo ele, o uso da caneta começou numa disciplina de desenho. “Comecei a utilizá-la no semestre passa- Foto: Divulgação Impressora em braile do. Desde então, tive um melhor desempenho nas disciplinas do curso. Na verdade, eu não tinha conhecimento desse objeto, quem Foto: ilustração/divulgação me apresentou foi o NEI. O uso da caneta facilitou muito meu aprendizado e meu rendimento na Universidade”, diz Felipe. Para viabilizar o acesso ao ensino superior público das pessoas com deficiência, o NEI se responsabiliza também em equipar salas especiais nos concursos, vestibulares e similares, observando as especificidades de cada área de deficiência, a metodologia e os recursos necessários. A organização de locais e a disponibilidade de mobiliários adaptados, a ampliação de provas ou a elaboração de provas em braille, a constituição de bancas de ledores e de intérpretes na Língua Brasileira de Sinais (Libras) bem como a incumbência da seleção de coordenadores com conhecimento desejável para atender às necessidades do candidato são algumas das atividades do Núcleo. Após a aprovação no processo seletivo, já na matrícula institucional, as necessidades do aluno são indicadas para sua inserção, ativamente, na vida universitária. Dando prosseguimento às ações de inclusão da pessoa com deficiência na UFOP, o NEI está se preparando para a implementação de um conjunto de novas atividades, programas e parcerias, como a implantação de uma sala de recursos no Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (IFAC). Em breve, o NEI abrirá uma sala acessível na biblioteca do Instituto. O projeto objetiva dar oportunidade às pessoas com deficiência, permitindo-lhes o acesso às tecnologias de informação e comunicação e proporcionando-lhes cultura, lazer, pesquisa e informação. O espaço terá computa- dor ligado à rede mundial de computadores (internet), além do acesso ao acervo do NEI, com livros e revistas falados e exemplares em braille e em Libras. Outra ação é a parceria com a Fundação Educativa de Rádio e Televisão de Ouro Preto (Feop), com quem firmará convênio de integração do graduando em postos de trabalho, na forma de estágios. Essa Fundação já dá suporte à UFOP no desenvolvimento de projetos acadêmicos. A expectativa do Núcleo com essa parceria de inserção desses alunos nos trabalho (estágio) é poder contribuir para a elevação da autoestima do estudante, além de criar oportunidade de interação com a futura profissão. Também há a parceria com o Centro Federal Tecnológico de Educação de Ouro Preto (CEFETOP). As instituições vêm desenvolvendo ações articuladas visando a um convênio de cooperação, cujas principais preocupações consistem na socialização, na troca de experiências e na racionalização de recursos para os próprios centros acadêmicos. “Hoje há muita preocupação e comprometimento por parte das instituições de ensino, para que as construções novas e reformadas sejam feitas nos termos da legislação”, diz Adilson Pereira dos Santos. Existem normas que garantem acessibilidade às pessoas com necessidades especiais nos espaços públicos, e a UFOP zela para garantir a adaptação do aluno na Instituição. Prédios mais antigos ainda estão defasados, mas aos poucos estão sendo modificados para que estejam de acordo com essas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 2º semestre 2011 24 Tabajara Belo, a música e o mundo Por João Felipe Lolli Jornal da UFOP Nascido em Belo Horizonte, já viajou o mundo, mas não perdeu o jeito mineiro de ser. Pelo contrário, com sua arte e talento, vai desbravando fronteiras e conquistando parcerias internacionais. Esse é Tabajara Belo: músico, professor, arranjador, enfim, um multiartista que ensina música na UFOP desde 2004. Ouro-pretano de coração, nesse batepapo com o professor do Departamento de Música, ele revela as preferências instrumentais, as raízes musicais e um pouco de sua experiência de vida. Começando pelas origens, quem é Tabajara Sant'Anna Belo? Sou de Belo Horizonte, onde morei a maior parte da minha vida. Tive a felicidade de crescer no bairro de Santa Tereza, um lugar com sabor de cidade do interior, conhecido, entre outras coisas, por ter abrigado o movimento musical “Clube da Esquina”. Sou casado e tenho um filho. Moro em Ouro Preto há quatro anos, desde quando me tornei professor efetivo aqui da UFOP. Sobre minha formação acadêmica, fiz bacharelado em violão pela UFMG e mestrado na University of Arizona, nos EUA. Como surgiu a música em sua vida? Meu início na música foi muito curioso. Meu pai era coronel da Polícia Militar e praticamente me obrigou a estudar violão. Me colocou numa viatura e pediu ao oficial que me levasse na minha primeira aula com um professor que ele já tinha arranjado. Fui contrariado, mas gostei tanto da aula que me apaixonei pelo instrumento logo de cara. Antes disso, eu já convivia com muita música. Minhas três irmãs tocavam e cantavam, e eu adorava aquilo, mas não me imaginava tocando um instrumento. Como foi seu processo de aprendizagem na música? Depois de um tempo tendo aulas particulares de violão, fui estudar guitarra; em seguida, bandolim, viola caipira e, naturalmente, harmonia, improvisação, arranjo e outros saberes que envolvem o fazer musical. Sempre estive aberto à ideia de que o aprendizado pode e deve vir de várias fontes, formais e informais; mesmo sendo orientado por professores e abraçando uma trajetória que inclui a formação acadêmica, continuei e continuo aprendendo muita coisa sozinho e também com amigos, colegas e alunos. Antes de ser professor, trabalhava com música? Tinha banda, fazia shows? É importante salientar que o professor de música é um profissional fundamental na cadeia produtiva da área, ele também ‘‘trabalha com música’’, para usar os termos que você empregou. Shows e performances constituem uma parcela importante da atuação profissional de um músico, mas não são a única opção. No meu caso, sempre estive e continuo envolvido com a produção artística e seus desdobramentos, como as gravações e os concertos. Como surgiu seu interesse em lecionar? Eu já dava aulas particulares desde 1997. Quando me mudei para fora para fazer o mestrado, era monitor de violão na University of Arizona e tive a oportunidade de orientar alunos de diferentes partes do mundo, interagir com inúmeros olhares em relação à música. Esse contato com a diversidade enriqueceu muito minha reflexão sobre arte e foi a primeira confirmação da necessidade de minha ligação com a docência. Quando ingressei na UFOP, como professor substituto no fim de 2004, encontrei um ambiente fértil, um espírito predominantemente muito aberto por parte dos Há muitas formas válidas de se relacionar com a música, mas considero o palco uma dimensão vital, catártica, imprescindível ao artista. alunos, interessados em experimentar abordagens distintas em relação ao instrumento e à música, e isso me estimulou e me estimula até hoje. Dentro da sala de aula pratico, experimento e aprendo muito junto aos alunos. Como é ser o chefe do colegiado de um curso da UFOP? A responsabilidade é enorme, ainda tenho pouco tempo de experiência na parte administrativa, mas conto com o apoio de colegas e funcionários muito capacitados. O Colegiado de Música é, essencialmente, um fórum de discussões do mais alto nível, onde os embates sempre privilegiam conceitos e conteúdos. Você se considera um ‘‘acadêmico’’? Por quê? Sim, tenho uma trajetória acadêmica em andamento e venho tentando vivenciar todas as instâncias do cotidiano universitário. Tenho muitas etapas a cumprir, muito aprimoramento intelectual a buscar e projetos para realizar, mas já me sinto dignamente inserido na Universidade. Quais suas preferências instrumentais e de gênero musical? Em relação à escuta, apreciação e análise, preciso ter contato com todo tipo de manifestação musical, para reelaborar conceitos, buscar novos efeitos, aprimorar o entendimento de vários parâmetros etc. Como escolha afetiva e profissional, tenho uma conexão mais forte com a música instrumental brasileira, principalmente vertentes ligadas ao choro e ao samba. O curso de música da UFOP tem condições de oferecer um aprendizado de excelência para os alunos? Acredito muito na proposta do nosso curso. Formamos professores de música com uma vivência muita rica e ampla, além de profissionais com elevada consciência crítica e preparo técnico para atuação na educação musical. Qual o diferencial do curso de Música da UFOP se comparado a outras universidades? Oferecemos uma Licenciatura com um amplo leque de disciplinas e atividades ligadas à Educação e também priorizamos a formação do músico e suas habilidades essenciais, da performance à criação. Nossa abertura estética também é um dado importante, não estamos restritos apenas à chamada música erudita. E estamos num momento de expansão, com a abertura de novas habilitações (percussão e trombone), aumento do quadro de professores efetivos, vários colegas em processo de doutorado, além do revestimento acústico de nossas instalações. Como foram as turnês que você fez pela Europa, em 2008, e EUA, agora mais recentemente? As turnês são um elemento muito importante na minha vida profissional, é sempre fascinante levar um trabalho estético para lugares distintos, se surpreender com a reação de cada público. Há muitas formas válidas de se relacionar com a música, mas considero o palco uma dimensão vital, catártica, imprescindível ao artista. Por isso é tão gratificante viajar para tocar. O que essas viagens acrescentam para você e para seus alunos do curso? Penso que a ampliação da experiência internacional de um docente já é um aspecto válido. Há sempre um processo de aprimoramento envolvido na preparação e na realização artística e didática de uma turnê. Além disso, o contato com outros cenários sempre nos leva à revisão de uma série de conceitos e absorção de novas ideias, e isso é fundamental na vida acadêmica. No caso específico dos EUA, fiz um roteiro que privilegiava universidades (Pima Community College, University of Arizona, University of Santa Fe, Western Illinois University, University of Kentucky), o que abriu possibilidade de diálogo e parcerias interessantes entre a UFOP e essas instituições. Em que você tem trabalhado ultimamente? Quais os projetos, os planos futuros? Participei da preparação do show de lançamento do Trio Amaranto e estou em fase de pesquisa e composição de repertório do meu terceiro disco. Na UFOP, tenho dado maior ênfase à docência, priorizando as aulas individuais de instrumento e nosso grupo de estudos em improvisação.