ISSN 2178-8405 Publicação da ANFARMAG – Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais. ANO 5 – Nº 22 – outubro/NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013 Manipulação com hormônios da tireoide: cálculos para correção de teor e umidade Pigmentação em foco: alterações e a melhor escolha de tratamento Excipiente: Hpmc para cápsulas em formulações magistrais PROVISIT tab ® cosmetologia avançada Primeira Assessoria em Tablet para Visitação Médica do Brasil! Conheça a Assessoria Tablet Cosmetologia Avançada Exclusiva 6 Papers Científicos Digitais para Visitação Médica em Tablet Exclusivos; Vídeo Visita para o Médico; 6 Papers Científicos para Visitação Médica; Vídeo Treinamento para Propagandistas; 1 Tablet Gratuito!¹ 1 Licença para uso do propagandista. Torne sua visita muito mais Fácil, Prática e Eficiente! Agora, a Consulfarma faz a Visita para você! Prática e Econômica! Visitar seus Médicos, nunca foi tão fácil! 19 3736.6888 www.provisit.com.br 1. A gratuidade do Tablet se dá mediante aquisição da assessoria em visitação médica Provisit Cosmetologia Avançada Exclusiva e assinatura de contrato fidelidade 15 meses. Este contrato dá direito a Assessoria Provisit Cosmetologia Avançada Exclusiva e 1 licença da Assessoria Provisit Tab Cosmetologia Avançada. Demais licenças não inclui o aparelho. O tablet cortesia é o modelo Galaxy Tab 10.1 da Samsung. editorial Vamos estudar juntos? Insumos, tecnologias e formas farmacêuticas estão em constante evolução. Para acompanhar o ritmo, saber das novidades e, principalmente, ter segurança na manipulação para gerar produtos de qualidade garantida, temos que buscar atualização. Ainda assim, no cotidiano da profissão nos deparamos com dúvidas. Quando a dúvida surge, nada melhor que procurar a resposta na experiência dos colegas. É por isso que a Revista Técnica do Farmacêutico é como um grande grupo de estudos. A cada edição, convidamos especialistas e pautamos temas que julgamos pertinentes para o dia a dia do farmacêutico. São artigos que surgem a partir de estudos de diferentes profissionais ou de dúvidas que chegam aos ouvidos e aos e-mails de nossa equipe técnica na rotina de atendimento ao associado. Ana Lúcia Mendes dos Santos Povreslo Diretora técnica da Anfarmag (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais) Afinal, a dúvida ou a informação surgida da experiência de alguém pode ser útil até para quem ainda não havia se deparado com o dilema. A ideia é que o conteúdo que você encontra aqui tenha serventia no laboratório, ajude a solucionar desafios técnicos, contribua para a qualidade do seu trabalho e gere insights. Por isso, estamos abertos às suas sugestões. Queremos saber que textos você viu aqui que foram úteis e que outros assuntos você gostaria de ver abordados. Também, nossa proposta é que, além de leitor, você seja co-autor. A Revista Técnica do Farmacêutico Magistral só existe a partir da cocriação, pois é pela experiência múltipla de profissionais de perfil e atuação distintos que conseguimos alcançar um conjunto pertinente e enriquecedor. Boa leitura! |3 sumário Rua Vergueiro, 1855 - 12o andar - CEP 04101-000 - São Paulo - SP E-mail: [email protected] - Site: www.anfarmag.org.br Tel.: (11) 2199-3499 - Fax: (11) 5572-0132 Revista Técnica do Farmacêutico - Órgão Oficial da Anfarmag Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais Diretoria Nacional Gestão 2013 - 2015 Presidente - Ademir Valério da Silva - SP 1° Vice-Presidente - Ivan da Gama Teixeira - SP 2° Vice-Presidente - Carlos Alberto P. Oliveira - DF 3° Vice-Presidente - Antonio Geraldo Ribeiro S. Júnior - SP Secretário-Geral - Marcelo Brasil do Couto - PA 2ª Secretária - Rejane Alves G. Hoffmann - PR Tesoureiro - Adolfo Moacir Cabral Filho - SC 2ª Tesoureira - Márcia Aparecida Gutierrez - SP Conselho Fiscal Ana Lúcia Mendes dos Santos Povreslo - SP Marcos Antonio Costa Oliveira - MG Marina Sayuri M. Hashimoto - PR Diretoria Técnica Ana Lúcia M. Povreslo Diretoria de Comunicação Gerson Appel 06 | Atualidades 08 | Farmacotécnica Hormônios da tireoide 14 | Dermatologia Pigmentação em foco 22 | Nota técnica HPMC para cápsulas 24 | Insumo Fator de correção em SAMe 26 | Legal 1 Resíduos sólidos Gerente Técnico e de Assuntos Regulatórios Vagner Miguel - [email protected] Equipe farmacêutica da área técnica Maria Aparecida Ferreira Soares, Lúcia Helena S. G. Pinto, Carolina Leiva Fiore, Jaqueline Tiemi Watanabe, Fernando Rodrigo Zolin e Adriana Paula de Mello Alves. CONTATO COMERCIAL Simone Tavares - [email protected] 29 | Legal 2 Rastreabilidade do processo magistral 32 | Normas Revisão do Conteúdo Editorial Presoti Comunicação / Grupo Interface - Melissa Boëchat Fotos Divulgação e Banco de Imagem Arte e diagramação Fontpress Assessoria de Comunicação Imagem da capa Shutterstock Impressão Vox Editora - www.voxeditora.com.br Revista destinada aos farmacêuticos magistrais, dirigentes e funcionários de farmácias de manipulação e de laboratórios; prestadores de serviços e fornecedores do segmento; médicos e outros profissionais de saúde; entidades de classe de todo o território nacional; parlamentares e autoridades da área de saúde dos governos federal, estadual e municipal. Artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da Anfarmag. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. É expressamente proibida a reprodução total Ou parcial dos textos da Revista Técnica do Farmacêutico Periocidade: Trimestral Circulação: Nacional Tiragem: 5.000 exemplares Distribuição dirigida relação de empreSAS ANUNCIANTES 02 – Consulfarma 05 – Led 11 – Elyplast 13 – Ortofarma 21 – Senac 35 – Alternate Linha de Protetores Solares LED FPS 30 + PPD 10,2 e FPS 50 + PPD 19 A RDC 30/2012 regulamenta a obrigatoriedade do Fator de Proteção UVA mínimo de 1/3 do valor de FPS para todos os protetores solares. Testados "in vivo" em laboratório credenciado pela ANVISA. LANÇAMENTO bisnaga 110g Economia, Praticidade, Segurança, Qualidade e Padronização para a farmácia de manipulação. A mais completa Linha de Bases. Creme Hidratante Hipoalergênico (Dermatológicamente Testado) Creme Hidrossolúvel Aniônico Creme Siliconado (com Emulsão água em Silicone) Creme Hidratante Clean Creme Hidratante Hidrossolúvel Creme Hidratante Não Iônico com Óleo de Amêndoas e Óleo de Uva Creme Hidratante Cold Cream Creme Hidratante Não Iônico Loção Hidratante Não Iônica com Óleo de Amêndoas e Óleo de Uva Loção Hidratante Hidrossolúvel Loção Hidratante Oil-Free Condicionador Shampoo Base Perolado Shampoo para Cabelos Secos Shampoo para Cabelos Oleosos Shampoo para Cabelos Normais Sabonete Líquido Perolado Sabonete Cremoso Gel Hidratante com Carbomer Gel Hidratante com Hidroxietilcelulose Gel Creme Hidratante Gel Creme Hidratante Plus Base para Microemulsão Fases Aquosa e Oleosa (Bases para Gel Transdérmico) Led - Laboratorio de Evolução Dermatológica Ltda. Televendas: (19) 3227-1471 / Fax: (19) 3267-7555 - www.ledlaboratorio.com.br - e-mail: [email protected] Atualidades 1. Prescrição de Nutricionista – avaliação e atendimento A Anfarmag, no sentido de orientar sobre a recente norma editada pelo Conselho Federal de Nutrição (CFN) publicada no DOU de 28 de junho de 2013, Seção 1, páginas 141 e 142, apresenta informações na forma de perguntas e respostas para melhor entendimento. O trabalho foi elaborado pela Anfarmag, com intercâmbio das entidades APFit e CONBRAFITO. O embasamento legal foi baseado no texto da resolução em referência. Referência: RESOLUÇÃO CFN Nº 525, DE 25 DE JUNHO DE 2013 – Regulamenta a prática da fitoterapia pelo nutricionista, atribuindo-lhe competência para, nas modalidades que especifica, prescrever plantas medicinais, drogas vegetais e fitoterápicos como complemento da prescrição dietética, e dá outras providências. Dúvidas sobre esta norma ou outra podem ser encaminhadas no portal da Anfarmag, em Acesso Restrito. Para mais informações, acesse a área restrita ao Associado: http://www.anfarmag.org.br/ler-comunicado/informativo---res-cff-n-52513---pratica-fitoterapia-no-ambito-do-nutricionista0 2.CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA disponibiliza Portal “Saúde baseada em evidências” A Anfarmag informa que o Conselho Federal de Farmácia (CFF) vem trabalhando no sentido de promover informação para o aprimoramento técnico-científico dos farmacêuticos. Em parceria com a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES/ MS) do Ministério da Saúde, o CFF disponibiliza em sua página o link do portal “Saúde baseada em evidências”, para acesso gratuito às publicações científicas em revistas, periódicos e livros organizados pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/MEC). O que é? SAÚDE BASEADA EM EVIDÊNCIAS – Criado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Capes/MEC, o Portal Saúde Baseada em Evidências reitera o compromisso do governo brasileiro de aprimorar o exercício dos trabalhadores da saúde, democratizando as condições de acesso, nas suas áreas de atuação, a conteúdos cientificamente fundamentados na perspectiva de melhor atender à população. O que irá fornecer? Conhecimento científico por meio de publicações atuais e sistematicamente revisadas. Informações, providas de evidências científicas, utilizadas para apoiar tanto a prática clínica, como também a tomada de decisão para a gestão em saúde e qualificação do cuidado, auxiliando, assim, os profissionais da saúde. pelo e-mail [email protected] ou pelo Disque Saúde 136 (ligação gratuita). Bases editoriais disponíveis: Dentre as várias as bases editoriais disponibilizadas, destacam-se: Atheneu Livros Virtuais Disponibiliza mais de 200 títulos publicados, com assuntos que englobam a área de Ciências da Saúde e Medicina em geral. Dynamed Ferramenta de referência clínica, para uso no local de tratamento, que contém sumários clinicamente organizados e inclui calculadoras médicas. Embase Ferramenta on-line com revisões sistemáticas em áreas como farmacologia, ciências farmacêuticas, toxicologia, alergia e imunologia, oncologia, neurologia, cardiologia, química medicinal e descoberta de drogas. Fonte: CFF, com informações do Portal Saúde Baseada em Evidências Quem pode ter acesso? Os profissionais de saúde vinculados ao respectivo Conselho Profissional. Terão acesso à pesquisa os profissionais das áreas de Biologia, Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Psicologia e Serviço Social. Como acessar? Acesse o Portal Saúde Baseada em Evidências pelo link abaixo: http://aplicacao.periodicos.saude.gov.br Caso seja seu primeiro acesso, utilize o link “Cadastro de novo usuário”. Suporte – Os profissionais podem solicitar informações Para mais informações, acesse a área restrita do Associado: http://www.anfarmag.org.br/ler-comunicado/informe---portal-de-saude-baseado-em-evidencias |7 Farmacotécnica Manipulação de Formas Farmacêuticas com Hormônios da Tireoide: Cálculos para correção de teor e umidade Anderson de Oliveira Ferreira, MSc. Ortofarma Laboratório de Controle da Qualidade Este artigo tem o objetivo de descrever os cálculos envolvidos na obtenção da correta concentração dos hormônios tiroidianos na manipulação e preparo do produto acabado em acordo com as especificações farmacopeicas. O texto destaca que a qualidade do medicamento magistral, bem como a minimização de riscos associados, está diretamente envolvida com a correta interpretação dos resultados expressos no certificado de análise da matéria-prima, na avaliação crítica da prescrição, na precisão dos cálculos farmacêuticos e na execução correta das operações farmacêuticas. A terapia de reposição dos hormônios tiroidianos tem sido realizada por mais de 100 anos no tratamento do hipotiroidismo, e não há dúvida em relação à sua eficácia (WIERSINGA, 2001). Os hormônios tiroidianos levotiroxina sódica (T4) e a liotironina sódica (T3) são os fármacos normalmente empregados para a correção dos baixos níveis de T3 e/ou T4 no organismo. O ajuste de doses e o emprego da associação destes dois hormônios são viabilizados por meio do preparo de medicamentos individualizados pela farmácia magistral. Contudo, eventuais desvios da qualidade em medicamentos manipulados contendo T3 e/ou T4 têm sido relatados e publicados por laboratórios oficiais. Os resultados desses relatos incluem tanto cápsulas com teores abaixo como acima do especificado para as concentrações rotuladas, além de falta de uniformidade entre as cápsulas (MAGNELLI et al., 2010). Assim como para os demais fármacos, o preparo correto e seguro de medicamento contendo hormônio tiroidiano deve ter início com uma interpretação minuciosa dos dados relacionados no certificado de análise da matéria-prima. Alguns 8| Revista Técnica do Farmacêutico resultados dos testes relacionados nesse documento são empregados na realização dos cálculos farmacotécnicos. Neste artigo, vamos nos ater à explanação dos cálculos envolvidos para obtenção da correta concentração dos hormônios tiroidianos no produto acabado, em acordo com as especificações relacionadas nas monografias da Farmacopeia Americana (USP), uma vez que não há monografia dessas substâncias na Farmacopeia Brasileira. Os hormônios tiroidianos T4 e T3, destinados para fins farmacêuticos e relacionados na USP, estão disponíveis nas respectivas formas químicas de levotiroxina sódica anidra ou hidratada e liotironina sódica anidra. As fórmulas moleculares e estruturais desses hormônios estão representadas abaixo: • Levotiroxina sódica (T4) Fórmula molecular C15H10I4N NaO4 (anidra) PM= 798,86 (anidra). CAS:53-03-8 C15H10I4N NaO4 x H2O (hidrato) PM = varia de acordo com o nº de moléculas de água ligantes (ex. o PM da levotiroxina mono-hidratada é igual a 816,87 CAS: 25416-65-3 ). Fórmula estrutural (forma hidratada) • Liotironina sódica (T3) Fórmula molecular Liotironina sódica anidra (T3) (C15H11I3NNaO4) PM=672,96. CAS: 55-06-1 Liotironina (base) (C15H12I3NO4) PM = 650,97. CAS: 6893-02-3 Fórmula estrutural Liotironina sódica Liotironina base É importante considerar previamente algumas definições, conceitos básicos e informações de química analítica para um melhor entendimento do que estamos abordando neste artigo: *Água de adsorção (= água higroscópica): é a água retida sobre a superfície de substâncias sólidas quando estas estão em contato com um ambiente úmido. A quantidade de água adsorvida dependerá da temperatura e da superfície específica do sólido. Quanto mais finamente dividida esta substância sólida se apresentar, maior será sua área específica exposta ao ambiente e, consequentemente, maior será a quantidade de água adsorvida. Portanto, toda substância na forma de pó apresenta uma área expressiva de exposição à umidade ambiental e tende a adsorver água em maior ou menor grau de forma específica à sua natureza química e às condições de temperatura e umidade ambiental. **Água de hidratação ou água de cristalização: este tipo de água participa da estrutura dos cristais, ou seja, é parte do retículo cristalino em proporção fixa em relação aos íons presentes. É representada na fórmula química e é computada no cálculo do peso molecular. A água está ligada à substância sólida mediante ligações de coordenação covalentes, que são normalmente mais fracas que as eletrostáticas. Entendendo os testes de determinação do conteúdo de água e perda por secagem Há uma confusão entre os profissionais farmacêuticos relacionada à interpretação dos resultados de conteúdo de água (expresso nos certificados de análise como água) e os resultados de perda por secagem . Há uma considerável diferença entre esses ensaios que precisa ser compreendida. |9 Farmacotécnica Conteúdo de água ou água: é determinado pelo método titrimétrico Karl Fischer e o resultado expressa somente água. O resultado não inclui outro composto volátil além da água. Perda por secagem: é determinado pelo aquecimento da amostra abaixo do seu ponto de fusão em uma estufa e o seu resultado inclui toda substância volátil, incluindo o conteúdo de água e solventes. A perda por secagem é uma técnica analítica inespecífica que remove não somente a água, mas todas as impurezas voláteis da amostra (ex. álcool). A perda por secagem ou conteúdo total de umidade de substâncias farmacêuticas pode incluir tanto água de ligação (ex. água de hidratação) como a água livre (ex. água de adsorção). Em alguns casos, a perda por secagem pode ser menor que o conteúdo de água, devido à não remoção pelo aquecimento da água ligada ao retículo cristalino (ex. água de hidratação ou cristalização). Em outros casos, a perda por secagem pode ser maior que o conteúdo de água. O teste de perda por secagem envolve o aquecimento da substância sólida, em estufa, a 105oC por 2 horas, até obtenção de peso constante. A natureza do ingrediente farmacêutico ativo que será pesado e usado na manipulação de uma formulação relacionada em uma prescrição precisa ser exatamente conhecida. Por exemplo, se a levotiroxina sódica é um hidrato, seu peso equivalente à levotiroxina anidra deve ser calculado. Por outro lado, se houver umidade adsorvida relacionada no certificado de análise no resultado da perda por secagem da liotironina sódica, esta informação também precisa ser usada no cálculo da quantidade desse insumo que será pesada, de forma a determinar a quantidade exata de substância anidra requerida. Entendendo o ensaio de doseamento O ensaio de doseamento dos insumos farmacêuticos ativos é geralmente realizado com a amostra previamente dessecada, ou seja, reflete o teor da amostra sem umidade (substância seca ou substância anidra). Por outro lado, na manipulação o insumo ativo é empregado sem prévia dessecação. Consequentemente, torna-se imperioso que os cálculos para definição da quantidade a ser pesada considerem essa situação e se corrija tanto o teor como a umidade. A observação da forma química do insumo farmacêutico ativo, expressa no resultado do teor, é também uma informação relevante a ser considerada nos cálculos farmacêuticos. Para obtermos um produto acabado consistente com o teor especificado na rotulagem de formulações com hormônios tiroidianos, é necessário considerar nos cálculos os resultados de dois testes expressos no certificado de análise: • Ensaio 1 - Determinação do conteúdo de água por Karl Fischer (aplicado na análise da levotiroxina sódica) ou perda por secagem (aplicado na análise da liotironina sódica); • Ensaio 2 - Teor (expresso no doseamento do pó dessecado). 10| Revista Técnica do Farmacêutico Além desses dados, é importante levar em consideração como o teor é expresso na especialidade farmacêutica de referência, ou seja, qual forma química do hormônio é o parâmetro no doseamento no produto acabado. No caso do T4, o teor no produto final deverá ser expresso em termos de levotiroxina sódica anidra, e para os produtos com T3 o teor deverá ser expresso em termos de liotironina base (USP-36). Para facilitar a compreensão dos cálculos envolvidos, vamos considerar os hormônios separadamente no contexto dos exemplos abaixo relacionados: • Levotiroxina sódica A levotiroxina sódica está disponível nas formas químicas hidratada e anidra. Esta discussão envolve a levotiroxina sódica mono-hidratada. É preciso considerar que a dose de levotiroxina sódica nas preparações farmacêuticas é relacionada em termos de levotiroxina sódica anidra. Exemplo: Considerando um exemplo de um lote real, seguem abaixo transcritos os resultados expressos em um certificado de análise levotiroxina sódica hidratada: 1) Determinação de água por Karl Fischer= 7,69% (especificação relacionada na USP 36 para esse ensaio= máximo de 11%). 2) Ensaio de Doseamento (pó dessecado) = 98,8% de levotiroxina sódica anidra (especificação relacionada na USP 36 para esse ensaio = entre 97 e 103%). A levotiroxina sódica é um fármaco higroscópico, conforme denota seu alto limite para o ensaio de perda por secagem (máximo de 11%). Portanto, a correção do percentual de água de adsorção* e de hidratação** expressas de forma unificada por esse ensaio é impactante e deve ser considerada no cálculo da potência e do fator de correção. O ensaio de determinação de água por Karl Fisher é um ensaio volumétrico que expressa o total de água presente na amostra, incluindo o somatório da água de absorção e hidratação. Os resultados desses dois ensaios relacionados no certificado de análise são utilizados para calcular o fator de correção conforme cálculos a seguir: Podemos simplificar os cálculos acima e calcular diretamente: FC = 100 (100% - A%) x T% onde A% = percentagem de água (expresso no certificado de análise) T% = teor de levotiroxina sódica anidra (expresso no certificado de análise) Farmacotécnica Efetuando: FC = 100 = 100 = 100 = 1,096 1,1 (100% - 7,69%) x 98,8% (92,31%) x 98,8% 91,2 → Fc= 1,1 (Fator multiplicador para correção do teor e água) Portanto, em relação ao lote de levotiroxina sódica discutida no exemplo, deve-se corrigir a água e o teor com a aplicação do fator de correção 1,1. Multiplicando a dose prescrita pelo fator 1,1, estaríamos corrigindo a umidade e o teor. • Liotironina Base Esta discussão envolve a forma química liotironina sódica, cuja matéria-prima é doseada em termos de liotironina sódica “seca”. No entanto, a dose de T3 nas preparações farmacêuticas é relacionada em termos de liotironina base, e não na sua forma de sal sódico (liotironina sódica). Consequentemente, é preciso, então, empregar uma quantidade equivalente da liotironina sódica (C15H11I3NNaO4) correspondente à quantidade rotulada de liotironina base (C15H12I3NO4). Portanto, além da correção da umidade e do teor, torna-se também necessária a aplicação do fator de equivalência. Exemplo: Considerando um exemplo real, seguem abaixo transcritos os resultados expressos em um certificado de análise liotironina sódica: 1) Ensaio de Perda por secagem = 3,0% (especificação relacionada na USP 36 para esse ensaio = máximo de 4%). 2) Ensaio de doseamento (pó dessecado) = 96% de levotiroxina sódica anidra (especificação relacionada na USP 36 para esse ensaio = entre 95 e 101%). FC = Feq = 672,96 ≅ 1,034 650,97 Fator de equivalência= 1,034 Portanto, em relação ao lote de liotironina sódica discutido no exemplo, deve-se corrigir a umidade e o teor com a aplicação do fator de correção 1,07. Deve-se, também, aplicar o fator de equivalência entre a liotironina sódica e a liotironina base (1,034). Podemos unificar estes dois fatores em um único fator de 1,11 (1,07 x 1,034 ≅ 1,11). Multiplicando a dose prescrita pelo fator 1,11, estaríamos corrigindo a umidade, o teor e a equivalência entre o sal sódico de liotironina e sua forma base. Conclusão: Os hormônios tiroidianos são fármacos de alta potência, empregados em baixa dosagem (na ordem de microgramas), e o preparo de medicamentos individualizados com esses insumos ativos deve observar os requisitos de boas práticas de manipulação (BPM) e preceitos técnicos rigorosos como forma de garantir sua eficácia, segurança, e prevenir a ocorrência de eventuais erros que possam levar a resultados nefastos. A qualidade assegurada do medicamento magistral, bem como a minimização de riscos associados, reside também na observação atenta dos resultados analíticos expressos no certificado de análise da matéria-prima, na avaliação crítica da prescrição, na precisão dos cálculos farmacêuticos e na execução correta das operações farmacêuticas de pesagem, mistura e outras envolvidas diretamente em um procedimento de preparo padronizado previamente verificado e periodicamente monitorado. Referências: 1. WIERSINGA, W.M. Thyroid Hormone Replacement 100 (100% - PS%) x T% Therapy. Horm Res 2001;56(suppl 1):74-81. 2. MAGNELLI, R.F. et al. Problemas reincidentes na onde PS% = percentual de umidade determinado por perda por secagem (expresso no certificado de análise) T% = teor de liotironina sódica determinado no pó dessecado (expresso no certificado de análise) Efetuando: FC = Temos que considerar ainda os cálculos para conversão da equivalência entre liotironina sódica anidra (PM= 672,96) e liotironina base (PM=650,97): 100 = 100 (100% - 3%) x 96% (97%) x 96% = 100 = 1,07 93,12 → Fc= 1,07 (Fator de correção para o teor e umidade) manipulação de fármacos de baixo índice terapêutico. Bepa 2010;7(79):6-11. 3. STACK, B. Thyroid Potency Calculations. IJPC 2010;14(4):306-309. 4. United States Pharmacopeial Convention, Inc. Levothyroxine Sodium USP Monograph. USP 36-NF 31 2013. p.4105-4108. 5. Idem. p.4121-4122. 6. Ibidem. p.4109-4110. 7. Ibidem. p.4122-4123. 8. O’NEIL, M.J. et al. The Merck Index. 13th ed. Whitehouse Station, NJ: Merck & CO., INC., 2001.p.5532-5533. Gostou deste artigo? Opiniões, dúvidas, sugestões ou críticas, escreva para [email protected]. 12| Revista Técnica do Farmacêutico A EXCELÊNCIA PASSA PELOS NOSSOS OLHOS Conte com a Ortofarma para a realização dos serviços essenciais ao seu negócio. Possuímos uma equipe qualificada de farmacêuticos, biomédicos, biólogos, químicos e técnicos com vasta experiência na análise do medicamento individualizado. Conheça a nossa área de atuação e leve ainda mais qualidade à sua empresa: * Controle da Qualidade; * Desenvolvimento farmacotécnico; * Validação de metodologia de análises; * Determinação de FPS e FP-UVA; * Cursos e Consultorias. Entre em contato conosco para outras informações e torne-se um cliente Ortofarma. Compromisso com a qualidade do medicamento. Controle da Qualidade Dermatologia Pigmentação em foco: alterações e a melhor escolha de tratamento Pedro Malatesta Procopio de Araujo Ademir Valério da Silva O estudo das discromias tem aumentado significativamente em função da importância que se tem atribuído a elas no campo da dermatologia, visto que influencia as características funcionais e estéticas da pele e, por conseguinte, da saúde e das relações sociais. Os agentes despigmentantes configuram-se como elementos de importante escolha no tratamento das discromias, associados aos cuidados não químicos da pele, e cabe ao farmacêutico uma atenção cada vez maior com esse assunto para a adequada orientação de pacientes. 1) RESUMO Discromias ou distúrbios pigmentares são alterações na coloração normal da pele que têm atraído uma crescente preocupação do ser humano, já que tais características refletem negativamente em sua estética. Devido a essa imensa preocupação, diversas linhas de pesquisa têm sido desenvolvidas, tentando estudar as causas de tais alterações e como revertê-las. Assim, diversos medicamentos cosméticos estão sendo criados com este fim, muitas vezes associando diferentes mecanismos de ação para combater, concomitantemente, múltiplas causas que levam a discromias. 2) INTRODUÇÃO A pigmentação da pele é determinada essencialmente pela produção de melanina. Essa substância atua também como um filtro solar, difratando ou refletindo os raios UV, pelo agrupamento dos melanossomas (vesículas localizadas dentro dos melanócitos que armazenam melanina) em torno do núcleo, protegendo assim o material genético da célula (Nicoletti et al., 2002). A melanogênese, síntese de melanina, ocorre nos melanócitos, localizados na epiderme. O precursor utilizado é o aminoácido tirosina, que sofre duas reações: uma 14| Revista Técnica do Farmacêutico de oxidação em diidroxifenilalanina (DOPA), e outra de desidrogenação em dopaquinona, ambas catalisadas pela enzima tirosinase (Eveline, 2006, apud Tedesco; Adriano; Silva, 2008). A dopaquinona sofre, então, uma série de reações intermediárias, gerando dois tipos de melanina: a eumelanina (cor escura da pele negra, branca ou oriental) e a feomelanina (cor avermelhada característica da raça ultiva - ruiva) (Dornellas, 2009). A tirosinase é sintetizada no retículo endoplasmático rugoso e armazenada no complexo de golgi do melanócito. As reações de conversão da tirosina em melanina ocorrem dentro de vesículas chamadas melanossomas, localizadas dentro do melanócito. Os melanócitos possuem prolongamentos ascendentes, os dentritos, ao longo dos quais os melanossomas passam por quatro estágios de maturação, sendo, então, transformados em grânulos de melanina e transferidos para os queratinócitos, na epiderme, onde eles são metabolizados (figura 1) . Figura 1: Síntese de melanina em um melanócito (FONTE: Universidade Estadual de Londrina) Nos indivíduos de cor branca, os melanossomas se desintegram e os grãos de melanina não atingem a superfície. Já nos indivíduos de cor negra, esses grãos chegam até as camadas mais superficiais (Nicoletti et al., 2002). De acordo com Nicoletti et al. (2002), a melanogênese pode ser influenciada por diversos fatores, tais como o fator genético, que controla todas as etapas, inclusive o número, tamanho, tipo e distribuição de melanossomas; o fator hormonal, pela produção de MSH (Melanocyte Stimulating Hormone), hormônio hipofisário que estimula a melanogênese, e pela influência do estrógeno e da progesterona; a ação de raios UV, sendo que os raios UV-B multiplicam os melanócitos e estimulam a tirosinase, aumentando a produção de melanina e de pigmentação, como uma reação defensiva, e os raios UV-A oxidam e escurecem os precursores da melanina, também promovendo pigmentação. Sendo a coloração da pele uma característica de extrema importância funcional e estética, suas alterações têm se tornado um grande foco de pesquisa cosmética. Essas alterações, conhecidas como distúrbios pigmentares ou discromias, podem ser causadas por diversos fatores, que podem ser genéticos, hormonais, autoimunidade ou respostas inflamatórias, podendo estar associados à exposição solar (Petri, 2009). As discromias podem ser caracterizadas por manchas com ausência de pigmento, como no vitiligo, onde há ausência de pigmentação por perda de melanina, causada pela inativação ou destruição de melanócitos. Pode ocorrer também uma hiperpigmentação da pele, que se dá por um aumento do número de melanócitos, resultando em uma produção excessiva de melanina. Isso pode ocorrer de forma localizada, como no caso do melasma, caracterizado por uma hiperpigmentação acastanhada localizada principalmente na face, desencadeada por fatores hormonais, uso de medicamentos e exposição solar. Em gestantes, esta patologia recebe o nome de cloasma ou máscara gravídica. A hiperpigmentação também pode estar associada a doenças sistêmicas, como, por exemplo, a hemocromatose ou diabetes bronzeado, incontinência pigmentar e doenças endócrinas, como a Doença de Cushing (Petri, 2009). O tratamento dos distúrbios hiperpigmentantes se dá pelo uso de ativos despigmentantes. Estes podem atuar por diversos mecanismos de ação: • inibição da síntese de melanina – pode se dar por inibição da biossíntese ou inativação da enzima tirosinase. O agente mais conhecido com este mecanismo é a hidroquinona, que inibe a atividade da tirosinase. Tem-se também o ácido kójico, que atua quelando íons cobre no sítio ativo da enzima; • destruição de melanócitos – se utilizada em altas con- centrações, a hidroquinona pode ter um efeito inibidor do metabolismo celular, afetando a síntese de DNA e RNA (Parvez et al., 2006); • antioxidantes – podem possuir efeito direto na produção de melanina, já que a tirosina, precursor da melanina, sofre reações de oxidação catalisadas pela enzima tirosinase para ser convertida no composto final. Antioxidantes também podem ser utilizados em associação com substâncias despigmentantes para agir contra o envelhecimento cutâneo, impedindo a ação das espécies reativas de oxigênio; • inibição da ET-1 – a endotelina-1 (ET-1) é um mediador pró-inflamatório estimulado pela exposição cutânea a raios UV. Um aumento em sua produção ocasiona aumento na produção da enzima tirosinase e na proliferação, migração e formação de dentritos dos melanócitos. Inibir sua atividade leva, portanto, à despigmentação (Costa et al., 2010). • aceleração do turnover celular – agentes que atuam por meio deste mecanismo são os AHAs (alfa-hidroxi ácidos), que são esfoliantes, provocando a descamação de queratinócitos pigmentados. Mecanismos sugeridos para tal ação: esses ácidos diminuem a coesão entre corneócitos no extrato córneo da pele, acelerando assim a descamação epitelial (Barquet; Funck; Koester, 2006); • interferência no transporte de grânulos de melanina – a soja é um exemplo para este mecanismo, uma vez que ela inibe a expressão de receptores PAR-2 (protease-activated-receptor 2) em queratinócitos. Isso provoca uma redução na fagocitose de melanossomas por queratinócitos, reduzindo, consequentemente, a transferência de melanina (Parvez et al., 2006); • bloqueio na ligação de α-MSH a seu receptor – um dos fatores endócrinos que estimulam a produção de melanina é a ação do hormônio melanotrófico-alfa (α-MSH), que se liga a receptores MC1-R na membrana celular dos melanócitos. Essa ligação provoca ativação da enzima adenilato ciclase mediada por proteína Gs, catalisando a conversão de ATP e AMPc e ativando a enzima tirosinase. Um agente que bloqueie a ligação deste hormônio diminui, portanto, a produção de tirosinase, reduzindo a síntese de melanina (Costa et al., 2010; Miot et al., 2009). Como mencionado antes, as reações de hiperpigmentação da pele podem estar relacionadas a uma resposta inflamatória, sendo conhecidas como hiperpigmentação pós-inflamatória. Por isso, são comuns as associações de agentes despigmentantes com anti-inflamatórios. Agentes anti-inflamatórios utilizados são os glicocorticoides, que atuam por mecanismos como apoptose de linfócitos, efeitos inibitórios na cascata do ácido araquidônico e diminuição na produção de citocinas. Os glicocorticoides tópicos são classificados de acordo com sua potência, o que também influencia em sua escolha na terapia. Geralmente são utilizados esteroides mais potentes, seguidos | 15 Dermatologia pelos menos potentes (Brunton; Lazo; Parker, 2006). Agentes despigmentantes também são comumente associados com retinoides, que são derivados da vitamina A. Essa vitamina era utilizada para tratamento de discromias devido ao seu efeito de afetar a diferenciação epitelial. Porém, o aparecimento de efeitos colaterais indesejáveis levou ao abandono de seu uso. Modificações moleculares levaram, então, à síntese de derivados, apresentando uma maior margem de segurança. Dentre vários outros derivados, destacam-se: • tretinoína – utilizada no tratamento da acne vulgaris. Também atua melhorando a pele fotodanificada. Seus efeitos epidermais são aumento na grossura granular e epidermal e diminuição na atividade de melanócitos, causando uma redução na hiperpigmentação. É utilizada em cremes, géis e soluções, e seu uso deve ser associado à fotoproteção, como uso de bloqueadores solares; • adapaleno – é um derivado retinoide sintético, dis- ponível em formulações de gel, creme e solução. Além de apresentar os efeitos típicos da classe dos retinoides, apresenta propriedades anti-inflamatórias; • isotretinoína – utilizada oralmente para o tratamento da acne vulgaris. Atua normalizando a queratinização no folículo sebáceo, reduzindo a síntese de sebo (Brunton; Lazo; Parker, 2006). Algumas composições químicas foram desenvolvidas combinando agentes despigmentantes que atuam por diferentes mecanismos de ação. Um exemplo disso é a fórmula de Kligman, desenvolvida em 1975 por Kligman e Willis, composta por hidroquinona 5%, tretinoína 0,1% e dexametasona 0,1%, com efeito no tratamento de melasma, efélides e hiperpigmentação pós-inflamatória. Neste caso, temos a hidroquinona, que é um agente despigmentante inibidor da enzima tirosinase, envolvida na síntese de melanina, tretinoína – que atua como um esfoliante na descamação epitelial acelerando a renovação celular – e a dexametasona, que é um anti-inflamatório glicocorticoide, com atuação benéfica para a hiperpigmentação pós-inflamatória. Outras composições conhecidas são a de Pathak, que consiste de hidroquinona a 2% e tretinoína a 0,05 – 0,1%, e a fórmula de Westerhof, composta por N – acetilcisteína a 4,7%, hidroquinona a 2% e acetonido de triancinolona. Neste último, associa-se acetonido de triancinolona, que é um corticoesteroide utilizado para o tratamento de queloides e cicatrizes hipertróficas (Achôa et al., 2011), com hidroquinona e N-acetilcisteína, um antioxidante. Outra substância que merece destaque por sua atuação como agente despigmentante é o mequinol. Este é um despigmentante de ação local, que atua impedindo a produção de melanina e aumentando sua excreção pelos melanócitos. Estudos recentes comprovam a eficácia da associação de mequinol a 2% com tretinoína a 0,01%, atuando pela sinergia de mecanismos de ação, já que o último é um retinoide com ação despigmentante esfoliante. Fleischer et al. (1993) mostraram que esta associação foi clinicamente superior do que ao utilizar-se cada um dos ativos isoladamente no tratamento da lentigo solar. 3) MATERIAIS E MÉTODOS Foram solicitadas a diversos fornecedores e fabricantes lâminas informativas sobre substâncias despigmentantes. A partir do material levantado, foram excluídas composições complexas, bem como extratos vegetais, elaboradas por determinadas empresas, evitando assim a implicação da necessidade de utilização de nomes co- 16| Revista Técnica do Farmacêutico merciais. Foram priorizadas, assim, lâminas a respeito de substâncias sintéticas puras. A partir das lâminas obtidas após este processo de filtragem, foi elaborada uma tabela resumindo as principais informações nelas contidas, listando os principais ativos despigmentantes encontrados atualmente no mercado, com seus respectivos mecanismos de ação, possibilidades e incompatibilidades de associação, e o número caracterizando sua referência, que pode ser encontrada ao final deste artigo, na sessão de informes técnicos. 4) RESULTADOS Como resultado deste trabalho de compilação, foi obtida a tabela 1 - Vide tabela nas páginas 18 e 19. 5) DISCUSSÃO E CONCLUSÃO Ao longo deste trabalho, pode-se observar que há uma ampla variedade de substâncias despigmentates disponíveis no mercado. Estes produtos são fruto, como mencionado antes, de uma imensa preocupação que o ser humano tem com sua estética, que originou uma série de estudos para descobrir detalhadamente o que causa os distúrbios pigmentares. Sabe-se, então, que é a produção excessiva de melanina que provoca tais alterações, sendo que são conhecidas diversas vias pelas quais esta substância pode ser produzida. Assim, a grande variedade de agentes despigmentantes atua por meio de diferentes mecanismos de ação, que podem ser relacionados com a inibição de enzimas envolvidas na produção de melanina ou à transferência desta para as camadas superficiais da pele. Existem, ainda, agentes que estimulam a renovação celular epitelial, provocando uma descamação que é benéfica para o tratamento da hiperpigmentação. Outra conclusão à que podemos chegar a respeito das substâncias despigmentantes é que há outros ativos que são utilizados em associação com tais substâncias, embora não possuam ação despigmentante. É o caso dos anti-inflamatórios, que podem atuar na pigmentação pós-inflamatória. Muito comum são também as associações com demais agentes dermatológicos, como agentes antienvelhecimento, atingindo assim mais de um objetivo terapêutico na mesma formulação. Vale destacar que é importante observar características como pH e concentração ideais de uso dos ativos despigmentantes, para que estes possam ser associados a substâncias adequadas para tais exigências. Finalmente, podemos concluir que os agentes despigmentantes proporcionam um tratamento eficaz para a hiperpigmentação, mas é um esforço em vão utilizar tais agentes sem tomar os devidos cuidados com relação à | 17 Dermatologia proteção solar. Conforme foi explicado anteriormente, diversos distúrbios de pigmentação são causados pela exposição em longo prazo aos raios UV-A e UV-B; portanto, evitá-los é essencial para a terapia destes distúrbios. Deve-se, então, concomitantemente ao tratamento despigmentante, evitar a exposição direta aos raios solares, utilizando também um filtro solar. Desta forma, se adota duas frentes para o tratamento: a frente farmacológica, que são os agentes despigmentantes, e a não farmacológica, que é evitar uma das possíveis causas da hiperpigmentação. 6) AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer ao Dr. Ademir Valerio da Silva e a todos da Farmácia Equilíbrio (Equilíbrio Homeopatia e Manipulação – São Paulo/SP), que me deram a oportunidade de estagiar por um mês, que, apesar de pouco tempo, foi o suficiente para complementar meu aprendizado como farmacêutico, e onde também pude obter todo o suporte necessário para desenvolver este trabalho. Agradeço também a Anfarmag pelo interesse em meu trabalho e me dar esta oportunidade de poder fazer uma pequena contribuição em sua revista periódica, e, assim, contribuir também com o farmacêutico magistral. SUBSTÂNCIA MECANISMO DE AÇÃO ASSOCIAÇÕES E INCOMPATIBILIDADES Nº SILICATO DE ALUMÍNIO Adsorção de melanina Cremes, loções não iônicas e suspensões aquosas são os veículos mais adequados Incompatível com hidroquinona, lanette N e gel de carbopol 1 HIDROQUINONA Inibição da biossíntese de melanina Recomendada a utilização de sistemas antioxidantes por causa da reatividade Em associação com ácido glicólico, deve-se utilizar veículos não iônicos ÁCIDO MÁLICO Reação com grupamentos polares da queratina, aumentando a plasticidade da camada córnea 1 Em caso de pele extremamente ressecada, com escamação severa, é preferível o uso de um veículo que seja uma emulsão óleo/água, com o AHA solúvel em água 1 Ligeiro efeito de peeling, por diminuir a coesão entre os corneócitos ÁCIDO GLICÓLICO Pode ser utilizado em emulsões renovadoras para a pele, géis e Atua como esfoliante, possuindo também ações antienvelhecimento e cremes esfoliantes, sérums e loções antienvelhecimento, cremes e loções hidratantes para a pele, formulações para o tratamento da 2 hidratante acne, tônicos faciais e peelings rejuvenescedores (a critério médico) N6-FURFURILADENINA Melhora a eficiência de caminhos de manutenção e reparo da síntese proteica, modulando a ação de genes que influenciam a idade Utilizado em substituição ao ácido retinoico em géis, cremes e loções, sem causar vermelhidão ou descamação significativa. Promove redução na perda de água Ação antioxidante, antiradical livre e clareadora, por ser um inibidor da enzima tirosinase Pode ser associado ao ácido glicólico e utilizado em pacientes com peles mais sensíveis ÁCIDO FÍTICO Não foram observadas incompatibilidades com bases Pode ser associado a formulações contendo vitamina C, oligoelementos umectantes e antirradicais livres Contraindicado em feridas abertas e herpes ativos Vale destacar a importância do uso concomitante de fotoprotetores para o tratamento de manchas pigmentadas 18| Revista Técnica do Farmacêutico 1 1 SUBSTÂNCIA MECANISMO DE AÇÃO ASSOCIAÇÕES E INCOMPATIBILIDADES GLABRIDINA Inibição da enzima tirosinase envolvida na síntese de melanina Pode ser associado no final da formulação, à temperatura ambiente Atuação como antioxidante, Pode ser usado em gel, loção ou creme Nº 1 Ação bacteriostática ÁCIDO KÓJICO Atua quelando íons cobre no sítio ativo da enzima tirosinase, bloqueando sua ação e, consequentemente, a formação de melanina Pode ser associado ao ácido glicólico e outros AHAs, além de hidroquinona Apresenta incompatibilidade com metais; pode hidrolisar ésteres da formulação 2 Instável na presença de luz, quela com íons metálicos como ferro, podendo ocorrer mudança de coloração da formulação final ARBUTINA É uma hidroquinona glicosilada, apresentando maior estabilidade e menor grau de efeitos tóxicos que a hidroquinona Inibição da ação da enzima tirosinase Para evitar hidrólise, acrescentar tampão citrato/ácido cítrico nas formulações Deve-se adicionar de 0,1 a 0,2% de EDTA dissódico às formulações, para evitar possíveis reações de oxidorredução, que podem ser causadas pela presença de metais provenientes de outros ingredientes Não aquecer acima de 70ºC Inibição da atividade enzimática da tautomerase DOPAcromo, estabilizando o DOPAcromo, intermediário na síntese de melanina Alta estabilidade em solução aquosa É seguro e não citotóxico. ÁCIDO TRANEXÂMICO Inibição da enzima tirosinase Interferência na interação de melanócitos com queratinócitos. Recomenda-se a incorporação em sérum 4-HEXILRESORCINOL Inibição das enzimas tirosinase e peroxidase Sugere-se a aplicação com loção base não iônica NIACINAMINDA (VITAMINA B3) Impedimento da transferência dos melanossomas dos melanócitos para os queratinócitos Apresenta hidrossolubilidade Pode ser associado ao ácido retinoico e resultar em melhora da função barreira cutânea do extrato córneo (TEWL) ÁCIDO OCTADECENODIOICO Apresenta afinidade pelo complexo protéico PPARγ, que regula a transcrição do gene da tirosinase Incorporar na fase oleosa acima de 60ºC ÁCIDO AMINOETILFOSFÍNICO 1 3 4 4 5 6 Gostou deste artigo? Opiniões, dúvidas, sugestões ou críticas, escreva para [email protected]. | 19 Dermatologia 7) REFERÊNCIAS 1. ACHÔA, G. L.; ALVARES-CAPELOZZA, A. L.; MARZOLA, C.; TOLEDO-FILHO, J. L.; CAPELARI, M. M.; TOLEDO, G. L.; ZORZETTO, D. L. G. O uso do acetonido de triancinolona no tratamento de queloides e cicatrizes hipertróficas. Trabalho de monografia. 23f. Curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas. Disponível em <http://www.actiradentes. com.br/revista/2011/textos/6Revista_ATO-Uso_do_Acetonido_de_Triancinolona-2011.pdf>. Acesso em: 21/02/2011. 2. BARQUET, A. P.; FUNCK, A. P. G.; KOESTER, L. S. Comparação entre alfa-hidroxiácidos e poli-hidroxiácidos na cosmiatria e dermatologia. Revista Brasileira de Farmácia, Rio de Janeiro, v. 87, n. 3, 2006. Disponível em <http://www.revbrasfarm. org.br/pdf/2006/N32006/pag_67a73_COMPARACAO.pdf>. Acesso em 18/02/2011. 3. BRUNTON, L. L.; LAZO, J. S.; PARKER, K. L. Goodman & Gilman’s: The Pharmacological Basis of Therapeutics. United States of America: McGRAW-HILL, 2006. 2021p. 4. Cosmética em Foco. Especial verão 2010 – Parte 2. Disponível em <http://www.cosmeticaemfoco.com.br/2010/01/ especial-verao-parte-2.html>. Acesso em 21/02/2010. 5. COSTA, A.; CORDERO, T.; MARMIRORI, J.; MOISÉS, T. A.; ALVES, C. R. T. Associação de emblica, licorice e belides como alternativa à hidroquinona no tratamento clínico do melasma. Anais Brasileiros de Dermatologia, Campinas, vol. 85, n. 5, 2010. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/abd/v85n5/ v85n05a03.pdf> Acesso em 09/03/2011. 6. DORNELLAS, E. Discromias. Disponível em <http://xa.yimg. com/kq/groups/27785400/1811836207/name/Discromias. pdf> Acesso em 18/02/2011. 7. DRAELOS, Z. D. The combination of 2% 4-hydroxyanisole (mequinol) and 0.01% tretinoin effectively improves the appearance of solar lentigines in ethnic groups. Journal of Cosmetic Dermatology, n. 5, 2006. Disponível em < http:// www.femininebeauty.info/f/solar.lentigines.pdf > Acesso em 09/03/2011. 8. FLEISCHER, A. B.; SCHWARTZEL, E. H.; COLBY, S. I.; ALTMAN, D. J. The combination of 2% 4-hydroxyanisole (Mequinol) and 0.01% tretinoin is effective in improving the appearance of solar lentigines and related hyperpigmented lesions in two double-blind multicenter clinical studies. Journal of the American Academy of Dermatology, vol. 42, n. 3, 1998. Disponível em <http://www.eblue.org/article/S01909622(00)90219-6/abstract> Acesso em 09/03/2011. 9. GLABRIDIN. Glabridin. Disponível em<http://www.glabridin.com/glab.htm> Acesso em 23/02/2011. 10. KENT, U. M.; AVIRAM, M.; ROSENBLAT, M.; HOLLEN- BERG, P. F. The Licorice Root Derived Isoflavan Glabridin Inhibits the Activities of Human Cytochrome P450S 3A4, 2B6, and 2C9. Drug metabolism and disposition: the biological fate of chemicals, Michigan, vol. 30, n. 6, 2002. Disponível em <http://www.experts.scival.com/umichigan/pubDetail. asp?t=pm&id=12019199&o_id=7&> Acesso em 09/03/2011. 11. KLIGMAN, A. M.; WILLIS, I. W. A New formula for Depigmenting Human Skin. 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Opiniões, dúvidas, sugestões ou críticas, escreva para [email protected]. 20| Revista Técnica do Farmacêutico Nota Técnica 1 Emprego de Hpmc como Excipiente para Cápsulas em Formulações Magistrais Hélio Martins Lopes Júnior Farmacêutico – Proquimo Laboratório Ltda A utilização de hidroxipropilmetilcelulose (HPMC) como excipiente para a forma farmacêutica cápsula em preparações magistrais requer uma avaliação adequada de sua aplicação pelo farmacêutico, em função das características gerais da formulação, dos ativo(s) empregados e das condições requeridas para liberação do(s) fármacos constantes da fórmula. Entre os problemas mais incidentes encontrados na preparação de cápsulas está a escolha inadequada dos excipientes. Assim, é de fundamental importância considerar as características do fármaco e/ou da formulação para eleger um excipiente que seja mais adequado para cada caso. Baseado nas informações de literatura oficial abaixo descritas, observa-se que o uso deste excipiente em cápsulas manipuladas deve se restringir a situações específicas, como por exemplo, nos casos em que se necessita a obtenção de um produto de liberação retardada ou prolongada. Por meio do monitoramento de controle de qualidade que a Anfarmag efetuou por meio do projeto SINAMM, no qual centenas de amostras das farmácias participantes foram avaliadas, observou-se que nem sempre o critério de utilização da HPMC estava correto ou seu emprego deu-se em concentrações inadequadas, demonstrando – em alguns casos – que o farmacêutico não fez a escolha do excipiente baseada em referências ou estudos consistentes para tal aplicação. A seguir estão descritas informações sobre a HPMC, respaldadas em literatura oficialmente aceita(1): 22| Revista Técnica do Farmacêutico Dados gerais A. Fórmula estrutural. HPMC: R=-H, -CH3, -CH2C(OH)H-CH3 Peso molecular: 10.000 - 1.500.000 Número C.A.S.: 9004-65-3 D.C.B.: Não há. Obtenção Da Hpmc A forma purificada da celulose obtida do algodão é colocada sob reação com solução de hidróxido de sódio, produzindo uma celulose alcalina que é mais reativa do que a celulose não tratada. A celulose alcalina é, então, tratada com clorometano e óxido de propileno para produzir os éteres de metilhidroxipropilcelulose, os quais são purificados e quebrados em grumos. Na sequência, tais grumos passam por tratamento de uniformização, transformando-os em grânulos ou pó. Uso da HPMC A HPMC é utilizada para várias funções, dependendo do contexto da formulação, entre as quais como agente de revestimento, formador de filme, matriz para liberação controlada, agente estabilizante, agente suspensor, aglutinante, agente de viscosidade. Adicionalmente, também pode ser empregada na manufatura de cápsulas como adesivo, plastificante e agente umidificante. Na concentração de 2 a 5 %, é empregada com a função de agente aglutinante tanto para via úmida como seca para comprimidos. Já em altas concentrações (10 % a 80 %), é empregada para a liberação retardada em comprimidos ou cápsulas. Descrição das propriedades físicas da HPMC Acidez/alcalinidade: pH 5,5 – 8,0 para solução 1% (p/p) de solução aquosa Densidade (bulk): 0,341 g/cm³ Densidade (tapped): 0,557 g/cm³ Densidade (true): 1,326 g/cm³ Umidade: hidroxipropilmetilcelulose absorve umidade da atmosfera, sendo que a quantidade absorvida depende do conteúdo de umidade inicial, temperatura e umidade relativa da atmosfera. Densidade especifica: 1,26 g/cm³ Incompatibilidades A Hidroxipropilmetilcelulose é incompatível com alguns agentes oxidantes, desde que estes sejam não iônicos. A hidroxipropilmetilcelulose não complexa com sais metálicos ou moléculas orgânicas iônicas para formar precipitados insolúveis. Conclusão As informações disponibilizadas acima devem nortear o farmacêutico acerca do uso correto da hidroxipropilmetilcelulose (HPMC), baseada em critérios científicos e referências confiáveis que indiquem quando este excipiente deve ser utilizado e como deve ser sua utilização em cada caso. O estudo levantado a partir de dados contemplados por meio do Programa de Controle de Qualidade do SINAMM identificou que algumas vezes este excipiente foi empregado incorretamente. Sugere-se, a partir disso, que o farmacêutico sempre observe a formulação desejada, o(s) fármaco(s) que comporão a fórmula e as condições específicas de cada prescrição para a elaboração correta e coerente da preparação magistral que atenda à especificidade de cada paciente. Referências bibliográficas 1. Handbook of Pharmaceutical Excipients, 3ª Ed, p. 252. 2. Farmacopeia Japonesa. 15ª Ed. - Disponível em <http:// jpdb.nihs.go.jp/jp15e/JP15.pdf>. Acesso em: 08/05/2013. 3. Farmacopeia Europeia – Disponível em <http://www. edqm.eu/en/background-50.html>. Acesso em 08/05/2013. Gostou deste artigo? Opiniões, dúvidas, sugestões ou críticas, escreva para [email protected]. | 23 Nota Técnica 2 Aplicação de fator de correção em insumo SAMe (Ademetionina) Elaborado pela Equipe Técnica da Anfarmag Sinônimos: Ademethionine; Ademetioniini; Adémétionin; Ademetionin;Adeetionina; Ademetioninum; S-Adenosyl-Lmethionine; Methioninyl adenylate; SAMe. Nome Químico: (S)-5′-[(3-Amino-3-carboxypropyl) methylsulphonio]-5′-deoxyadenosine hydroxide, inner salt. C15H22N6O5S = 398.4 DCB: 00417 – DCI: 5479 - CAS: 17176-17-9. Informações: ademetionina é uma molécula de ocorrência natural encontrada em todos os tecidos e fluidos corporais. Atua como um grupo dador de metila em muitas reações de transmetilação e, portanto, está envolvida na síntese ou no metabolismo de uma vasta gama de compostos que mantêm a função celular normal. Sulfato tosilato de ademetionina e butanedisulfonate ademetionina são formas estáveis de ademetionina que têm sido utilizados para o tratamento da depressão, distúrbios hepáticos e osteoartrite.(1) No mercado nacional, é possível encontrar a forma dissulfato tosilato de ademetionina. Dissulfato tosilato de ademetionina Nome Químico: S-(Adenosyl)-L-methionine disulfate tosylate ; (3S)-5′-[(3-Amino-3-carboxypropyl) methylsulfonio]-5′-deoxyadenosine, disulfate-methylbenzenesulfonate (2) C22H34N6O16S4 = 766.80 (2) DCB: nd – DCI: nd - CAS 97540-22-2 (3) ou CAS 29908-08-0 (2) Informações: dissulfato tosilato de ademetionina é o sal misto dissulfato-tosilato de uma mistura de diastereoisómeros dos ions ademetionine. Contém não menos que 95% e não 24| Revista Técnica do Farmacêutico mais de 105% de ademetionina calculado em relação a base anidra.(2) Segundo método de análise, não deve conter mais que 3% de água. (2) Referências relatam a necessidade de revestimento entérico para aumento da estabilidade e melhora da absorção do SAMe.(5,6) Especialidades Gumbaral® 1 Tablet enth.: Ademetionin-tosilat-bis(sulfat) 384 mg (entspr. 200 mg Ademetionin). Adult Dosage Mannitol, Siliciumdioxid-Gel, Magnesiumstearat, Celluloseacetatphthalat, Diethylphthalat, Methylpolysiloxan. (7) Samyr® One 400-mg gastro-resistant tablet contains: ademetionine (S-Adenosyl-L-Methionine) 1.4-butanedisulfonate, 760 mg equal to 400 mg. Excipients: Microcrystalline cellulose, magnesium stearate, polyethylene glycol 6000, polymethacrylate, polysorbate, colloidal silica, emulsified silicone, sodium starch glycolate, talc. (8) Transmetil® 300 mg Compresse gastroresistenti Una compressa gastroresistente contiene: Principio attivo: Ademetionina (Solfo-Adenosil-L-Metionina) 1,4-butandisolfonato 570 mg pari a ione 300 mg 500 mg Compresse gastroresistenti Una compressa gastroresistente contiene: Principio attivo: Ademetionina (Solfo-Adenosil-L-Metionina) 1,4-butandisolfonato 949 mg pari a ione 500 mg (9) Diante dessas informações, e para a correta manipulação desse insumo, recomendamos a correção em função dos dados do quadro a seguir: SAMe Correção Referência Equivalência sal/base 1,92 Peso molecular SAMe dissulfato tosilato 766,79/Peso molecular SAMe base 398,44 Correção umidade (água) Correção de acordo com o lote adquirido Não mais que 3% (2) Teor Correção em relação à base anidra de acordo com o lote adquirido Não menos que 95% e não mais de 105% de ademetionina (2) Cálculo da correção: Quantidade a ser pesada = Q prescr. X f. equiv. X f cor U x f cor T. x u. posol. Onde: Q prescr.= quantidade prescrita no receituário f. equiv. = fator de equivalência sal/base f cor U = fator de correção da umidade f cor T. = fator de correção do teor u. posol. = unidades posológicas, ou seja, número de doses solicitadas na prescrição Exemplo: Para o atendimento de uma prescrição de SAMe 400mg, 30 cápsulas, o cálculo a ser aplicado para obtenção total deste insumo ativo é: Quantidade a ser pesada = Q prescr. X f. equiv. X f cor U* X f cor T.** X u. posol. Quantidade a ser pesada = 400 X 1,92 X 1,02 X 1,02 X 30 Quantidade a ser pesada = 23970,81 mg * considerado o valor fictício de umidade = 2% (f cor U = 100/100 – 2 = 1,02) ** considerado o valor fictício de teor = 98% (f cor T = 100/98 = 1,02) Referências 1. Martindale 36th, p. 2247. 2.USP/NF 2008, Dietary Supplements, vol.1, p. 907. 3. <http://www.chemblink.com/products/97540-22-2. htm>, acesso em 13/12/2012. 4. <http://www.drugs.com/mtm/s-adenosylmethionine. html?printable=1>, acesso em 13/12/2012. 5. Najm WI, Reinsch S, Hoehler F, Tobis JS, Harvey PW (February 2004). “S-Adenosyl methionine (SAMe) versus celecoxib for the treatment of osteoarthritis symptoms: A double-blind cross-over trial. ISRCTN36233495”. BMC Musculoskelet Disord 5: 6. 6. <http://en.wikipedia.org/wiki/S-Adenosyl_methionine>, acesso em 14/12/2012. 7. < h t t p : / / w w w . d r u g c o r e . c o m / b e n c a n d y . php?fid=48&id=57160>, acesso em 14/12/2012. 8. <http://www.biogenesis-antiaging.com/product_info. php?products_id=64>, acesso em 14/12/2012. 9. <http://www.torrinomedica.it/farmaci/schedetecniche/TRANSMETIL.asp#axzz2F3QNQ8Wm>, acesso em 14/12/2012. 10. Manual de equivalência Anfarmag, 3ª edição, 2010, pp. 10-12. Gostou deste artigo? Opiniões, dúvidas, sugestões ou críticas, escreva para [email protected]. | 25 Legal Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos das Farmácias - Necessidade de atualização Elaborado pela Equipe Técnica da Anfarmag Compete ao farmacêutico que acompanhar a inspeção colocar à disposição da autoridade sanitária a documentação que compõe o Manual das Boas Práticas de Manipulação (BPMF), conforme determina a RDC nº 67, de 2007, itens 5.19.1 e 5.19.2. Dentre os documentos, temos o PGRSS – Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), que deve ser atualizado sempre que houver alteração no programa original. O PGRSS é um plano para gerenciar os resíduos, seguindo rigorosamente as legislações – e, em especial, a RDC 306, de 2004. (5.2, Anexo 6.3, 6.3.1, 6.4 e 6.5 do ANEXO VII da RDC 67/2007). O PGRSS é um conjunto de procedimentos de gestão que visam ao correto gerenciamento dos resíduos produzidos no estabelecimento. Tais procedimentos consistem em detectar riscos e tomar medidas que eliminem, previnam ou minimizem esses riscos. É o documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo dos resíduos sólidos, observadas as suas características, no âmbito dos estabelecimentos, contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta interna, armazenamento, transporte, tratamento e destinação final, bem como os aspectos relativos à proteção da saúde pública e à segurança ocupacional do pessoal envolvido nas etapas do gerenciamento de resíduos baseado nas características e na classificação dos mesmos. (item 6.2, Anexo I da RDC 67/07). Esses procedimentos devem ter o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gera- 26| Revista Técnica do Farmacêutico dos um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, à preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. Os procedimentos definidos concentram seu foco no risco do resíduo propriamente dito, na sua capacidade de transmitir infecção ou de contaminar – decorrências de acidentes ocupacionais ou de seu manejo indevido. A elaboração do PGRSS consiste em fazer uma análise quantitativa de cada resíduo gerado e organizar sua forma correta de manuseio, da geração até a destinação final, seguindo a legislação de acordo com o tipo de resíduo gerado. Sempre que houver alguma alteração em um dos fluxos ou organização, a farmácia deverá rever o programa, efetuar a alteração e implantá-la por meio de treinamentos do pessoal envolvido. Ressalte-se que nenhuma situação é estática. Faz-se o diagnóstico de uma situação específica, num momento determinado, como um retrato. Por isso, o plano é avaliado e deve ser ajustado continuamente (por exemplo, a cada ano), de acordo com as necessidades de mudanças. O PGRSS é específico, direcionado, integrado e contínuo, não sendo apenas um documento passivo. As etapas de manejo externo devem estar de acordo com as orientações dos órgãos de limpeza urbana e, especificamente, com a etapa de destinação final, que dependerá sempre do licenciamento ambiental da instalação de destino e com a qual a farmácia tenha um contrato firmado. As decisões estão baseadas na premissa da existência de destinos ambientalmente seguros. O PGRSS NÃO É APENAS UM DOCUMENTO! RESUMO – PLANO DE GERENCIAMENTO DE RSS 1. Manejo, Tratamento e Destino Final dos Resíduos de Serviços de Saúde 2. Geração – Redução na Fonte 3. Segregação 4. Acondicionamento 5. Identificação (usar as cores e símbolos de tipo de material reciclável) 6. Coleta e Transporte Interno 7. Armazenamento temporário 8. Armazenamento externo 9. Coleta e Transporte Externo 10. Disposição Final 11. Recursos Humanos: Capacitação, Treinamento e Educação Ambiental Continuada 12. Descrição de Controle de Vetores 13. Cronograma para Implantação e Implementação do PGRSS 14. Administração (Documentação) 15. Responsabilidade O programa deverá contemplar ações de capacitação e treinamento dos trabalhadores que estão envolvidos no PGRSS. Nessas ações, deverão estar contempladas medidas preventivas e de intervenção que assegurem condições adequadas de saúde. Deve, ainda, abordar itens como: • origem dos resíduos e os respectivos riscos operacionais; • importância da segregação dos resíduos na origem; • padronização de acondicionadores por tipo de lixo gerado e forma de apresentação para a coleta; • identificação dos acondicionadores, veículo de coleta e armazenamento de resíduos; • importância e uso de EPI. Capacitação dos Recursos Humanos (Programa de Treinamento) Elaborar um treinamento dos funcionários envolvidos, visando à conscientização e valorização dos trabalhadores envolvidos no gerenciamento da importância da segurança e da proteção coletiva e individual no trato com os resíduos, inclusive com o lixo. Este treinamento deve estar incluído em um programa de treinamento, elaborado com base em um levantamento de necessidades e nos registros. (item 3.2 do Anexo da RDC nº 67/2007). Empresa incumbida da Disposição Final Ter um contrato com a empresa que irá proceder à destinação final dos resíduos. Verificar se a mesma está devidamente licenciada ou autorizada junto ao órgão do meio ambiente, bem como saber tudo sobre a empresa que estará procedendo à destinação final dos resíduos gerados pela farmácia. Ver a indicação do sistema de tratamento externo adotado para os resíduos dos Grupos A, B, C e D, indicando o nome da empresa, endereço completo, telefone, CNPJ, e-mail, fax e nome do responsável. Diagnóstico da situação dos RSS É o “estudo da situação do estabelecimento em relação aos RSS, o qual identifica as condições do estabelecimento, | 27 Legal as áreas críticas, e fornece dados (indicadores) necessários para a implantação do plano.” Um bom indicador deve ser: • sensível: capaz de registrar diversos tipos de modificações num dado período de tempo; • específico: atribuído a um objetivo/resultado. O mesmo indicador geralmente só pode ser utilizado uma vez; • mensurável: seja em termos quantitativos ou qualitativos; • frequente: os dados necessários para sua leitura estão à disposição, podendo ser obtidos notempo necessário e mediante recursos proporcionais ao objetivo a ser medido; • pertinente: as mudanças medidas estão diretamente ligadas às intervenções do PGRSS; • confiável: quando utilizado por várias pessoas, num contexto idêntico, chega-se ao mesmo resultado. O diagnóstico abrange o estudo da situação do estabelecimento em relação aos PGRSS. Fornece os dados necessários para a implantação do plano de gestão conforme a situação seja crítica ou não. Para tanto, deverá: • levantar atividades; • identificar os tipos de resíduos gerados; • avaliar as etapas atuais do processo de GRSS: rotas de coleta e fluxos definidos, compatibilidade com as demais atividades do estabelecimento; • disponibilizar e utilizar os EPI’s;contratadas • apresentarfrequência e modo operacional de coleta; • utilizarveículos ou carros de transporte compatíveis com RSS; e • possuir aslicenças operacionais da farmácia, quando necessário, e da empresa que procede à destinação conveniente dos resíduos. • riscos existentes; • danos possíveis (acidentes, doenças, agravos, incidentes); • medidas de controle necessárias; e • Medidas de controle existentes. O Fluxo das atividades da Farmácia em cada laboratório (sólidos, líquidos e semissólidos, bem como controle de qualidade) deve ser inserido também no PGRSS, com a indicação de onde ocorre a retirada dos resíduos gerados. Fluxo da coleta interna: • Verificar o traçado e desenhar os roteiros (itinerários) das coletas até o abrigo (caminho dos resíduos). • Levantar as frequências, fluxo, nível de ruído e horário das coletas. • Levantar e sistematizar as características de cada roteiro para os diversos resíduos. • Verificar a compatibilidade de roteiros previamente definidos para cada tipo de resíduo, bem como horários das coletas em função da distribuição de roupas, alimentos e medicamentos, períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas ou atividades. Referência bibliográfica 1. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução - RDC Nº 67, de 08 de outubro de 2007 - Dispõe sobre as Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em Farmácias. “Estabelecer os períodos e formas de avaliação do PGRSS, de acordo com indicadores:” • Definir estratégias de acompanhamento. • Construir indicadores. • Avaliar resultados. • Discussão com equipe e sugestão de modificações. • Disponibilizar o documento na área de trabalho o da quantidade gerada de resíduos/habitante/unidade de tempo recuperação de resíduos. • Impactos socioambientais. Elaborar um fluxograma específico, documentando os seguintes aspectos: • atividades envolvidas; • produtos e equipamentos envolvidos; • recursos humanos envolvidos; Gostou deste artigo? Opiniões, dúvidas, sugestões ou críticas, escreva para [email protected]. 28| Revista Técnica do Farmacêutico Legal 2 Rastreabilidade do Processo Magistral Vagner Miguel Gerente Técnico e de Assuntos Regulatórios Anfarmag Maria Aparecida Ferreira Soares Farmacêutica do Serviço de Atendimento ao Associado Anfarmag A rastreabilidade é um conceito que surgiu devido à necessidade de saber em que local um produto se encontra na cadeia logística, sendo também muito usado em controle de qualidade. Este conceito representa a capacidade de traçar o caminho da história, aplicação, uso e localização de uma mercadoria individual ou de um conjunto de características de mercadorias, por meio da impressão de números de identificação – ou seja, a habilidade de se poder saber, por meio de um código numérico, qual a identidade de uma mercadoria e suas origens. Não se encontra o significado de rastreabilidade no dicionário da língua portuguesa, por ser uma palavra composta pelo verbo rastrear, que significa “seguir o rasto ou a pista de; investigar; inquirir; indagar”, e pelo substantivo feminino habilidade, que significa “qualidade de hábil”. Em termos práticos, rastreamento é saber “o quê” (o produto ou bem), “de onde” veio (a origem) e “para onde” foi (destino). Com isso em vista, a definição de rastreamento exige três dados básicos, quais sejam: • o produto necessita estar identificado – o que se está rastreando; • a origem deve ser conhecida – de onde vem o produto que se está rastreado; e • o destino deve estar definido – para onde este produto será embarcado/enviado. O sistema de rastreabilidade, numa cadeia de produção, é baseado no conjunto de documentos eletrônicos ou físicos, ordenados cronologicamente, demonstrando o recebimento/aquisição, posse, controle, transferência e disposição de um produto – o que permite a recuperação de todo seu histórico, assegurando a efetividade da gestão considerada ideal pela organização. É fato que a rastreabilidade por si só não resolve todos os problemas da cadeia de valor, mas sem dúvida estabelece a transparência necessária às medidas de controle, resgatando a confiança de consumidores e clientes – um valor agregado que, incorporado ao produto, lhe confere diferenciação. Afinal, um sistema eficiente de rastreabilidade – junto aos atuais sistemas de monitoramento, políticas sustentáveis e investimentos em tecnologia– atrelado às ideias de desenvolvimento sustentável, pode apresentar resultados consistentes no mercado global. O rastreamento é um instrumento fundamental, tendo em vista que hoje a identificação da origem das matérias-primas e das circunstâncias em que se realiza a produção dos alimentos é bastante complexa. Esta indicação permite, ainda, no caso de surgir um problema de saúde pública, identificar todo o lote contaminado e, se necessário, retirá-lo do mercado, bem como definir a responsabilidade de cada um dos intervenientes na produção. Permite, assim, uma intervenção rápida por parte das autoridades competentes. No cado do produto magistral, por ser individualizado e único, permite pesquisar e saber com precisão se o processo utilizado e seu respectivo monitoramento foram eficientes para assegurar a qualidade preconizada do produto. A Rastreabilidade, segundo padrões internacionais (ISO 8402 - 1994), é definida como a capacidade de traçar o histórico, a aplicação ou a localização de um produto por meio de informações previamente registradas. Rastrear é manter os registros necessários para identificar e informar os dados relativos à origem e ao destino de um produto. O processo magistral possui peculiaridades que devem ser registradas em cada fase, de forma a garantir a qualidade do mesmo por meio do controle dos seus insumos ativos, dos insumos inertes e do processo, com todas suas etapas rastreáveis. Através do esforço organizado e documentado dentro da empresa, o processo rastreável garante as características do produto, de modo que cada unidade do mesmo esteja de acordo com suas especificações. A Rastreabilidade do processo é uma exigência Sanitária. A Resolução RDC 67, de 8 de outubro de 2007 (dispõe sobre | 29 Nota Técnica Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias), traz as seguintes diretrizes em relação à rastreabilidade do processo: Anexo I CAPÍTULO V - CONDIÇÕES GERAIS 5.19. Todo o processo de manipulação deve ser documentado, com procedimentos escritos que definam a especificidade das operações e permitam o rastreamento dos produtos. 5.19.1. Os documentos normativos e os registros das preparações magistrais e oficinais são de propriedade exclusiva da farmácia e devem ser apresentados à autoridade sanitária, quando solicitados. 5.19.2. Quando solicitado pelos órgãos de vigilância sanitária competentes, devem os estabelecimentos prestar as informações e/ou proceder à entrega de documentos, nos prazos fixados, a fim de não obstarem a ação de vigilância e as medidas que se fizerem necessárias. CAPÍTULO VIII – DA MANIPULAÇÃO Produto Acabado Devem existir procedimentos operacionais escritos para manipulação das diferentes formas farmacêuticas preparadas na farmácia. 8.1. A farmácia deve garantir que todos os produtos manipulados sejam rastreáveis. CAPÍTULO XV – DA GARANTIA DA QUALIDADE 15.5. Documentação. A documentação constitui parte essencial do Sistema de Garantia da Qualidade. 15.5.4. A documentação deve possibilitar o rastreamento de informações para investigação de qualquer suspeita de desvio de qualidade. 15.5.7. Os documentos referentes à manipulação de fórmulas devem ser arquivados durante 6 (seis) meses após o vencimento do prazo de validade do produto manipulado. Rastreabilidade no processo Figura 1. Documentação para rastreabilidade do processo magistral Quem Treinamento Quando Data Qualificação do Fornecedor Processo Como POPs Fornecedor Externo Semiacab ado Ficha de Especificação Ativos Produção Interna Ordem de Manipulação POPs Insumos Fornecedor Externo Qualificação do Fornecedor Ficha de Especificação Inertes Produção Interna Ordem de Manipulação POPs 30| Revista Técnica do Farmacêutico A farmacotécnica magistral possui especificidades no seu processo que envolvem a utilização de doses mínimas de princípios ativos diversos, associados ou não, podendo haver diluições dos ativos, condições adequadas de homogeneização destes com os excipientes e cuidados em boas práticas, entre outras. Esta peculiaridade possibilita o controle analítico do produto acabado e, quando for o caso, o monitoramento do processo e sua consequente rastreabilidade. A inclusão na rotina de vários procedimentos, registros, ordens de manipulação, fichas de especificação, de referência e de análise, pode se apresentar como um entrave ao processo, e muitas vezes, um bloqueio para a sua aplicação. Contudo, considerando a importância da rastreabilidade dentro do processo da Garantia da Qualidade do medicamento magistral, é fundamental que o farmacêutico estabeleça os processos dentro do fluxograma do receituário da sua farmácia e aplique os controles e registros necessários que viabilizam a rastreabilidade. Baseado na esquematização acima, se observa que os documentos de registro dos processos e procedimentos devem estar articulados entre si, e cada documento deve possuir informações específicas e não repetitivas em relação aos documentos de interface. Preferencialmente, toda a documentação utilizada para registro de processos e procedimentos, bem como os documentos que descrevem tais ações, deve possuir uma codificação estabelecida pela farmácia, obedecendo a um sequenciamento ou numeração ordenada e versão atualizada. É desta forma que a farmácia controlará o sistema documental e o atualizará sempre que necessário, sem perder o histórico dos registros anteriores. Toda a sistemática de documentação também assegurará à farmácia a comprovação de sua qualidade, quando necessário for, para defesa perante inspeções sanitárias, denúncias ou simplesmente para levantamento de possíveis não conformidades ante reclamações de clientes/ usuários de preparações magistrais. Certamente, o responsável pela Garantia da Qualidade da farmácia é o melhor profissional para controlar todo o sistema documental farmacêutico, bem como para atender as necessidades declaradas no parágrafo anterior, acompanhar inspeções sanitárias, auditorias farmacêuticas, autoinspeções, ou simplesmente efetuar correções contínuas e coerentes com os procedimentos da farmácia – os quais se alteram com o tempo e o espaço, com os profissionais envolvidos e sua qualificação, e com as necessidades de otimização dos processos internos do estabelecimento. Assim, da qualificação dos fornecedores à entrega das preparações magistrais finais ao cliente/usuário, é mister manter o acervo documental correto, preciso e conciso. Referência bibliográfica 1. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC 67, de 08 de outubro de 2007 - Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias. Gostou deste artigo? Opiniões, dúvidas, sugestões ou críticas, escreva para [email protected]. | 31 NORMAS Submissão de artigo para publicação Revista Técnica do Farmacêutico Normas para Apresentação de Artigos Escopo e Política A Revista Técnica do Farmacêutico é uma publicação trimestral da Anfarmag – Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais, que objetiva a comunicação e ensino de farmacêuticos e outros profissionais da cadeia da saúde em assuntos/temas relevantes, atuais e de grande interesse para suas práticas profissionais. Tal objetivo atende à ordem estatutária da Entidade em apoio ao segmento, como mais uma de suas ferramentas de apoio à contínua qualificação e melhoria da qualidade da área da Saúde no país. Possui circulação em todo o território nacional e no exterior, e seu público-alvo envolve farmácias magistrais, universidades, instituições regulatórias/sanitárias, entidades, empresas da cadeia farmacêutica e profissionais. Dentro dessa política, tem por premissa publicar artigos de revisão, artigos técnicos e notas técnicas, redigidos em português, que podem ser elaborados por quaisquer profissionais, com o escopo voltado para a área magistral. A Revista Técnica do Farmacêutico possui corpo editorial próprio, formado por acadêmicos de universidades que também participam de câmaras temáticas da Anfarmag, bem como profissionais farmacêuticos convidados, com relevantes conhecimentos e serviços prestados à causa magistral. Toda essa estrutura permite o fortalecimento de ações e a veiculação de saberes técnico-científicos na área da Saúde, por meio deste periódico, prestando importantes serviços ao segmento. Preparação dos Artigos Apresentação: Os manuscritos devem ser apresentados em arquivo eletrônico, em formato Word, e encaminhados exclusivamente para o e-mail [email protected]. Os textos deverão ser apresentados em lauda padrão A4, espaço de 1,5 entre linhas e parágrafos, com margem superior e esquerda de 3 cm e inferior e direita de 2 cm, parágrafo justificado e não hifenizado, digitados em fonte Times New Roman tamanho 12. Os artigos de revisão devem ter entre 9 e 15 páginas; os artigos técnicos, entre 4 e 8 páginas; as notas técnicas, no máximo 3 páginas. Estrutura Cabeçalho: constituído por: Título do trabalho, que deve ser breve e indicativo da exata finalidade do trabalho; Autor(es) por extenso e apenas o sobrenome em letra maiús- 32| Revista Técnica do Farmacêutico cula, indicando a(s) instituição(ões) à(s) qual(is) pertence(m) mediante números. O responsável pela publicação deve ser expressamente indicado entre os colaboradores. O autor para correspondência deve ser identificado com asterisco, fornecendo o endereço completo, incluindo o eletrônico. Resumo (em português): deve apresentar a condensação do conteúdo, expondo objetivos, metodologia, resultados e conclusões, não excedendo 250 palavras. Deve vir acompanhado do Abstract e Keywords. Unitermos: devem representar o conteúdo do artigo, evitando-se os de natureza genérica. Observar o limite máximo de 6 (seis) unitermos. Introdução: deve estabelecer com clareza o objetivo do trabalho e sua relação com outros trabalhos no mesmo campo. Extensas revisões de literatura devem ser substituídas por referências aos trabalhos bibliográficos mais recentes, nos quais tais revisões tenham sido apresentadas. Materiais e Métodos: a descrição dos materiais e métodos usados deve ser breve, porém suficientemente clara para possibilitar a perfeita compreensão e repetição do trabalho. Processos e Técnicas já publicados, a menos que tenham sido extensamente modificados, devem ser apenas referidos por citação. Estudos em humanos e em animais devem fazer referência à aprovação do Comitê de Ética correspondente. Resultados e Discussão: devem ser apresentados de forma concisa e em ordem lógica. Tabelas ou figuras, quando possível, devem substituir o texto, na apresentação dos dados. Sempre que pertinente, fornecer as faixas e desvios padrão, e indicar as significâncias das diferenças entre os valores numéricos obtidos. A discussão deve se restringir ao significado dos dados obtidos e resultados alcançados, procurando, sempre que possível, relacionar sua significância com trabalhos anteriores da área. Especulações que não encontram justificativa para os dados obtidos devem ser evitadas. É facultativa a apresentação destes itens em separado. Conclusões: quando pertinentes, devem ser fundamentadas no texto. Agradecimentos: devem constar de parágrafo à parte, antecedendo as referências bibliográficas, e ser compatíveis com as exigências de cortesia e divulgação. Se houve suporte financeiro, deve ser incluído neste item. Referências: devem ser citadas apenas as essenciais ao conteúdo do artigo e organizadas em ordem alfabética pelo sobrenome do primeiro autor, de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR-6023. A exatidão das referências é de responsabilidade dos autores. A seguir, são transcritos alguns exemplos: 4. Artigos de periódicos 1. Livros 5. Eventos Científicos Com até 03 autores: ADES, L.; KERBAUY, R. R. Obesidade: realidade e indignações. Psicologia USP, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 197-216, 2002. FARMACOPÉIA brasileira. 4. ed., São Paulo: Atheneu, 1988, XXp. Com mais de 3 autores: Na citação referenciar como et al., e nas referências, colocar todos os nomes. Autores Corporativos: BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº. 44, de 17 de agosto de 2009. Dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 de agosto de 2009, Seção 1, páginas 78 a 81. Disponível em: <http://e-legis.bvs.br/leisref/public/show Act. php?id=16614>. Acesso em: 11 nov. 2007. CONGRESSO BRASILEIRO DE MANIPULAÇÕES FARMACÊUTICAS, 2., 1998, Goiânia. Manual do participante e resumo dos trabalhos. Goiânia: Conselho Federal de Farmácia, 1998. 54 p. 2. CapítuloS de livros FIESE, E.F.; HAGEN, T.A. Pré-formulação. In: LACHMAN, L.; LIEBERMAN, H.A.; KANIG, J.K. Teoria e prática na indústria farmacêutica. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2001. p.295-340. 3. Teses e Dissertações 3.1 Trabalho de Conclusão de Curso BARREIRO, Antônio Carlos Sotto; CARESATTO, Claudia Tereza; PEREIRA, Selma Gomes. As Representações Sociais de usuários sobre o atendimento em um Serviço de acompanhamento farmacoterapêutico estruturado em universidade da Baixada Santista [monografia]. São Paulo: Curso de Pós-graduação em Atenção Farmacêutica, Instituto Racine, 2010. 3.2 Dissertação de Mestrado e Tese de Doutorado CLAUMAN, R. C. N. O farmacêutico e a atenção farmacêutica no novo contexto de saúde. 2003. 98 p. Dissertação (Mestrado) – Curso de Pós-graduação em Engenharia da Produção como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Engenharia da Produção-Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC, Florianópolis, 2003. BRAGA, G. K. Identificação dos riscos sanitários na manipulação de medicamentos alopáticos não estéreis em farmácia comunitária e o papel das boas práticas de manipulação no controle desses riscos. 2009. 126f. Tese (Doutorado em Medicamentos e Cosméticos) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. STORPIRTIS, S. Biofarmácia e farmacocinética: ensino e pesquisa. Infarma, Brasília, v. 2, n. 4, p. 19-20, 1993. 6. Normas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9000: normas de gestão da qualidade e garantia da qualidade: diretrizes para seleção e uso. Rio de Janeiro, 1990. Citação bibliográfica: As citações bibliográficas devem ser apresentadas no texto pelo(s) sobrenome(s) do(s) autor(es), em letras maiúsculas, seguidas do ano de publicação. No caso de haver mais de três autores, citar o primeiro e acrescentar a expressão et al., todavia nas referências deverão ser incluídos todos os autores. Abreviaturas e Siglas: podem ser utilizadas, desde que descritas integralmente na primeira vez em que aparecem no texto. Por exemplo: Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa. Ilustrações: as ilustrações (gráficos, tabelas, estruturas químicas, equações, mapas, figuras, fotografias, dentre outros) devem ser apresentadas em preto e branco, indicando o local de inserção no texto. Mapas e fotografias devem ser digitalizados em extensão .jpg. As tabelas devem ser numeradas consecutivamente em algarismos romanos, e as figuras em algarismos arábicos, seguidos do título. As palavras TABELA e FIGURA devem aparecer em maiúsculas apenas no título ou na legenda, respectivamente. Legendas e títulos devem acompanhá-las nos arquivos separados, assim como no texto. Nomenclatura: pesos, medidas, nomes de plantas, animais e substâncias químicas devem estar de acordo com as regras internacionais de nomenclatura. A grafia dos nomes de fármacos deve seguir as Denominações Comuns Brasileiras (DCB) em vigor, podendo ser mencionados uma vez (entre parênteses, com inicial maiúscula) os registrados. Nova Ortografia: Apesar de a nova regra ortográfica estar em vigor desde janeiro de 2009, as duas normas – anterior e atual –, poderão vigorar até dezembro de 2012. Publicação A publicação de artigos na Revista Técnica do Farmacêutico está condicionada à aprovação do Conselho Editorial. Para o recebimento da edição da revista em que constar a publicação do artigo, os autores responsáveis deverão fornecer seus endereços. Comissão de Publicações Técnicas Anfarmag. | 33 endereços das regionais e sucursais da anfarmag REGIONAIS REGIONAL RIO DE JANEIRO REGIONAL BAHIA/SERGIPE REGIONAL MATO GROSSO Presidente: Edza Martins Brasil Endereço: Av. Tancredo Neves, 1632, Ed. Salvador Trade Center, Loja 25, Caminho das Árvores Salvador – BA – CEP: 41820-020 Telefone: (71) 3113-4011 E-mail: [email protected] Presidente: Célio Fernandes Endereço: Av. Ipiranga, 70 Cuiabá – MT – CEP: 78020-550 Telefone: (65) 3027-6321 E-mail: [email protected] Presidente: Aline Coppola Napp Endereço: Rua Conde de Bonfim, 211 - Sala 401 – Tijuca - Rio de Janeiro – RJ - CEP: 20520-050 Telefone: (021) 2569-3897 / Fax (21) 3592-1765 E-mail: [email protected] REGIONAL DISTRITO FEDERAL REGIONAL MATO GROSSO DO SUL Presidente: Eduardo Aranovich de Abreu Endereço: Av. Mauá, 2011 - Sala 607 – Centro Porto Alegre – RS – CEP: 90030-080 Telefone: (51) 3225-9709 E-mail: [email protected] Presidente: Cleide Regina da Silva Endereço: SIG - Quadra 04 - Lote 25 - Sala 110 – 1º andar - Empresarial Barão de Mauá Brasília – DF – CEP: 70.610-440 Telefone/Fax: (61) 3326-1251 E-mail: [email protected] Presidente: Maria Beatriz Ferenz Endereço: Av. Rodolfo José Pinho, 66 - Jardim São Bento Campo Grande – MS - CEP: 79004-690 Telefone: (67) 3026-4655 E-mail: [email protected] REGIONAL GOIÁS/TOCANTINS Presidente: Alessandro Marcius Silva Endereço: Rua 7-A, nº 189, Edifício Marilena Sala 201 - Setor Aeroporto Goiânia – GO - CEP: 74075-230 Telefone: (62) 3225-5582 E-mail: [email protected] REGIONAL SANTA CATARINA Presidente: Rodrigo Michels Rocha Endereço: Rua Lédio João Martins, 435 – Sala 409 - Kobrasol - São José – SC – CEP: 88102-000 Telefone: (48) 3247-3631 E-mail: [email protected] REGIONAL MINAS GERAIS REGIONAL ESPÍRITO SANTO Presidente: Hugo Guedes de Souza Endereço: - Av. Nossa Senhora da Penha, 1495 - Sala 608 - Torre BT - Edifício Corporate Center - Santa Lúcia Vitória - ES – CEP: 29056-245 Telefone: (27) 3235-7401 E-mail: [email protected] REGIONAL RIO GRANDE DO SUL Presidente: Andréa Vilela O. Santos Endereço: Av. do Contorno, 2646 Sala 1104 – Floresta Belo Horizonte - MG - CEP: 30110-080 Telefone: (31) 2555-6875 / 2555-2955 E-mail: [email protected] REGIONAL PARANÁ Presidente: Cleunice Fidalski Endereço: Rua Silveira Peixoto, 1040, 9° andar, Sala 901 - Curitiba – PR – CEP: 80240-120 Telefone: (41) 3343-0893 - Fax: (41) 3343-7659 E-mail: [email protected] Sucursais SUCURSAL ACRE/RONDÔNIA SUCURSAL PARAÍBA SUCURSAL VARGINHA Diretora: Êrika Fernandes Rosas C. da Silva Telefone: (68) 3901-6314 E-mail: [email protected] Diretora: Célia Buzzo Telefone: (83) 3218-2600 E-mail: [email protected] Diretor: Leonardo José da Silva Telefone: (31) 2555-6875 / 2555-2955 E-mail: [email protected] SUCURSAL ALAGOAS SUCURSAL PERNAMBUCO Diretora: Tânia Bernadete P. Gomes Telefone: (82) 3335-2806 E-mail: [email protected] Diretor: José Andrade Telefone: (81) 3301-7676 E-mail: [email protected] SUCURSAL JUIZ DE FORA SUCURSAL RIBEIRÃO PRETO Diretor: Rômulo Augusto Modesto Telefone: (31) 2555-6875 / 2555-2955 E-mail: [email protected] Diretora: Rita de Paula Ignácio Telefone: (16) 3625-8019 E-mail: [email protected] SUCURSAL MARÍLIA/PRESIDENTE PRUDENTE Diretora: Odete Aparecida de Andrade Telefone: (18) 8118-9874 E-mail: [email protected] SUCURSAL UBERLÂNDIA Diretor: Hélio Batista Júnior Telefone: (31) 2555-6875 / 2555-2955 E-mail: [email protected] SUCURSAL PARÁ SUCURSAL VALE DO PARAÍBA Diretor: Marcelo Brasil do Couto Telefone: (91) 3244-2625 E-mail: [email protected] Diretora: Ana Helena Cunha Telefone: (12) 3942-9736 E-mail: [email protected] carta do leitor Envie a sua mensagem para [email protected] ou telefone para 11- 2199-3499 100% COMPATÍVEL om Ag o r ac Utilize o LogiPrix. 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