r! Perdoa-nos por tantos erros e acertos insanos. Perdoa-nos por tanto so os, almejarmos, sem olharmos para o nosso semelhante. Se nem mos olhar para nossas próprias almas! Amor e Preconceito Amor e Preconceito Uma Obra de Carlos José Soares Revisão Literária de Nonata Soares Amor e Preconceito ACADOC Arte. Cultura. Desenvolvimento www.acadoccultura.xpg.uol.com. www.facebook.com/acadoc [email protected] (21) 9547-6768 / 8195-5888 Amor e Preconceito AMOR E PRECONCEITO Uma Peça de Carlos José Soares Revisão Literária de Nonata Soares A vida é constituída por diferenças. Algumas mais gritantes, que incendeiam mentes e corações... Então, o preconceito vem à tona e os problemas surgem de forma contundente. Maltratando a todos. E diante de costumes, religiões, tradições... Tudo parece ficar mais difícil! Agora vamos contar a história de Isaac e João. Dois opostos que se cruzam. E a partir desse momento, tanto a vida deles quanto de todos os que os cercam se torna um pesadelo diário... Constante. Mas, ao mesmo tempo são essas diferenças que nos conduzem ao questionamento e a reavaliação de do que realmente vela à pena. O amor deve ser o único foco de qualquer questão a ser apresentada ou discutida. Isaac e João... João e Isaac. Eles representam o grito calado de quem sofre todos os tipos de preconceitos e mesmo assim ainda acreditam no amor e na vida. Isaac pertence a uma família judaica... Praticante da fé e extremamente rigorosa. Família tradicional e muito bem relacionada. O pai de Isaac é um conceituado comerciante, que alcançou sua fortuna à custa de muito trabalho. Casou-se com Sarah, também filha de uma família rica e muito conhecida fora e dentro da comunidade judaica. Isaac tem Amor e Preconceito irmãos mais velhos, mas mesmo assim é a paixão dos pais. Principalmente da mãe, que é capaz de qualquer coisa pelos filhos. Isaac mora em um bairro elegante, em uma mansão... Porém, conhece João que frequenta a mesma Praça, onde brincam e acabam se tornando grandes amigos. Nessa época, Isaac e João têm catorze anos. A mesma idade, os mesmos sonhos, ilusões... Porém, com realidades bem diferentes. João é filho de uma família Evangélica. Família pobre e favelada, que devido às circunstâncias da bandidagem da favela onde morava, foi protegida por uma tia, que morava em outra comunidade próxima a residência de Isaac. Eles começam uma amizade simples. Então, vão se descobrindo entre conversas e anseios, sexualmente. Eles acabam a princípio, como brincadeira, se tornando parceiros também de prazeres. E se tornam essenciais um para o outro. Mas, o sentimento vai crescendo e se torna uma relação afetuosa e apaixonada. E dessa forma se tornam inseparáveis. Quando completam dezesseis anos, a relação de ambos é descoberta, quando flagrada. Então, a vida de ambos se torna um verdadeiro horror. E ambos são expulsos de suas casas. Tudo em nome da moral. Ficam perdidos... Passam dois dias andando pelas ruas, e se se encostam à casa de conhecidos da família Isaac. Depois de tudo silencioso, Sarah consegue localizar o filho, por ter recebido a ligação de uma vizinha. Sarah, então, aluga um apartamento para que o filho morasse. E lá coloca todo o conforto, Amor e Preconceito empregada... E tudo o mais que fosse necessário. Isaac, porém, declara que só iria se João pudesse ir junto, pois jamais o deixaria sozinho. Sarah, pressionada e também com certa piedade do menino João, acaba aceitando. Ela assume, então, toda a responsabilidade pela vida de ambos. Sustenta o filho com uma farta mesada, e esse por sua vez sustenta João, em tudo o que ele precisa. Mas, esse fato é mais confortável para Isaac do que para João, que acaba se revoltando anos mais tarde. Eles vivem dez anos juntos... E quando completam vinte e seis anos de idade, acumulam pressões e acabam entrando em uma crise muito séria, na qual discutem os próprios limites e preconceitos. Amor e Preconceito Montagem de AMOR E PRECONCEITO, em 2007, no CENTRO CULTURAL DORIVAL CAYMMI, no Campus Dorival Caymmi da Universidade Estácio de Sá, com Direção de Lia Farrel. Produção ACADOC. Atores Yuri Simões (Isaac) e Marcelo Valentim (João). No apartamento de Isaac e João: Isaac e João acordam. Isaac acorda primeiro e chama João, que custa a despertar. Isaac o Amor e Preconceito desperta entre afagos, palavras carinhosas e brincadeiras de cócegas. Isaac: - Anda rapaz, acorda! João: - Me deixa dormir... Isaac: - Nada disso, ta na hora! O dia está lindo e quero ir para praia. João: - Ontem eu quis ir para a praia e você não se manifestou. Nem pensar... Hoje eu quero dormir. Isaac: - Você sabe que aos sábados eu fico meditando. Não dorme, não! Vamos para a praia. Afinal, a vida nos espera! João: - O sono também! E demais a mais, hoje é dia da minha reflexão! Isaac: - Não brinca com coisa séria! (Isaac se aconchega a João, enche ele de pequenos e rápidos beijos e pede): Amor e Preconceito - Vamos, vai, vamos! João: - Está bem... Mas só se você fizer o café. Isaac: - Já está pronto! Uma mesa linda... Cheia de coisas gostosas, está a nossa espera! João: - Já disse pra não gastar dinheiro á toa. Isaac: - Mas não é á toa! É pra nós dois. Deixa de ser chato! João: - Eu acho que você gasta dinheiro á toa. Não é nossa vida real. Isaac: - Mas a nossa vida não é real. Vem, vamos tomar café! João finalmente se levanta, vai ao banheiro. Isaac vai para mesa, cheio de entusiasmo. João chega. Senta-se e começa a comer. João: - Hoje eu sonhei com guerra! Amor e Preconceito Isaac: - Eu não sonhei com nada! João: - Impossível! Isaac: - Na verdade, eu amanheci muito feliz! Abri a janela, vi o Sol e lembrei que estamos á dez anos juntos. Começamos cedo, hein! (Risos). João: - Você me levou para o mau caminho. (JOÃO APERTA A CINTURA DE ISAAC) Isaac: - Nem tanto! Eu já acho o contrário. (ironizando...) Eu era um menino, inocente, puro, quase um anjo! João (SORRINDO): - Você era tão bonito Isaac: - Era? João: - Ainda é. Amor e Preconceito Isaac: - Jura? João: - Não precisa jurar. Bonito, gostoso, charmoso. Enfim, o meu amor. Isaac: - A recíproca é real. João: - A nossa vida é um mistério. A nossa história toda. Será que você me ama de fato ou pensa que ama? Isaac: - Ih! Que papo mais estranho! João: - Não, eu não vou à praia. Vou ficar no computador, estudando, enviando currículo. Isaac: - Pra que fazer isso hoje, agora? João: - Pra ver se consigo alguma “mesada”. Quero conseguir meu emprego público. Isaac: - Não entendi a ironia da “mesada”. Amor e Preconceito João: - Não é ironia. É fato. Sua mãe lhe envia uma farta mesada, para sustentar a sua filosofia de vida. Isaac: - E para ajudar você a ser tão esforçado em ser comum. A diferença é que você quer ser apenas mais um. João se ofende se levanta bruscamente e olha fixamente para Isaac, com mágoa. Isaac nervoso: - Me desculpe, eu não quis... João: - Eu sei, mas disse. Isaac: - Vamos à praia e pronto! João: - É. E pronto! O mar leva o resto. Isaac: - Quem sabe? Perdoe-me, vá! João: Amor e Preconceito - Está perdoado. Vá sozinho, eu fico. Isaac: (COM IRONIA E RAIVA) - Está bem, eu vou. (Isaac se arruma em silêncio e vai para a praia “puto” da vida.). João vai para o computador e começa a trabalhar. Vai falando em voz alta: Prezados Senhores... Eu sou um Profissional adequado para ocupar o cargo... (SAI DA CADEIRA E SE DIRIGE AO PÚLICO)... ““... - Eu sou negro. Feliz, sóbrio e Evangélico de nascença. Fanático por conquistar uma vida melhor. Preciso de um caminho novo. Provar não só a mim, mas ao mundo que sou gente! Todos dizem que sou. Contudo, os meus direitos se perdem sob a reflexão do preconceito, que permanece. Ainda preciso carregar a culpa de estar me distanciando de Deus! Meu Deus! Fui criado por ti, meu Deus! Sou negro... Gay, pobre e tive a graça de conhecer um cara. E que cara é esse? – Me ama me ajuda me sustenta até! Mas, me condena a ser abstrato. Sou escravo, afinal! Minha família continua na favela. Não pude fazer nada. Meu pai me despreza. Meus irmãos, eu nem sei! São todos tão perfeitos! São Amor e Preconceito santos. Talvez só pelo fato de serem “homens” e “mulheres”. Parece tão simples! VOLTA PARA O COMPUTADOR E DIGITA: “... Portanto, Senhores e Senhores, eu estou apto. Ou não? Lamento, mas não vou pedir perdão por existir e ser o que sou ou como sou. Afinal, foi Deus quem me criou...!” MÃE DE JOÃO ENTRA EM CENA, NÃO É UMA VISITA, MAS SIM UMA CONVERSAÇÃO PSICOSSOMÁTICA. DNA. MARIA - Meu filho! JOÃO: - Me deixa viver pelo amor de Deus! Ah, Dona Maria, minha mãe! DNA. MARIA: - Meu filho! Peça perdão a Deus! Volta pra casa. Venha! Jesus vai te libertar. Aí, eu falo com o teu pai e teus irmãos... E tudo vai ar certo! : JOÃO: - Mãe, eu trabalhei. Estudei... Estou quase me formando. Amor e Preconceito DNA. MARIA: - Mas está longe do Senhor! E depois, meu filho, você é meu filho mais velho. Teu pai ta doente. Ele nem quer ouvir falar o teu nome. Mas, eu sei que ele está doente por tua causa. Volta! Assim, quem sabe ele te perdoa, e você arruma um emprego e nos ajuda. (MARIA SAI DE CENA) JOÃO SE MANTÉM PARADO. EM CENA ENTRA ISAAC, NO SUBCONSCIENTE DE JOÃO (RELATO REFERENTE AO PASSADO. JUVENTUDE DE AMBOS. INÍCIO DO ROMANCE), E DIZ: - Somos jovens! Temos apenas 16 anos. Temos a vida pela frente, deixa eu te ajudar, viver com você. Deixa-me fazer parte de você. JOÃO FALA, SEM OLHAR PARA ISAAC: - Vamos, vamos! Traz-me o teu colo, Me deixa repousar ao teu lado. Tira-me dessa agonia! Levame nessa fantasia. Transforma-a em realidade. ISAAC (em off – recordação do que disse na época): - Minha mãe disse que ajuda. Meu pai não quer me ver mais! Minha família, parentes e amigos, juraram me esquecer. Dói tanto, que me dá falta de ar! (JOÃO SE AJOELHA)