Anais do 48º Congresso Brasileiro de Cerâmica th Proceedings of the 48 Annual Meeting of the Brazilian Ceramic Society 28 de junho a 1º de julho de 2004 – Curitiba-PR 1 O DESIGN COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA: ESTUDANDO A CERÂMICA VERMELHA N. C. P. da Silva S. Back S. B. Rosa Trav.Manoel Rafael Inácio nº101- Campeche, Florianópolis – SC [email protected] LabDesign – UDESC RESUMO O trabalho propõe identificar contribuições do design de modo a ampliar a competitividade do segmento de cerâmica vermelha em Santa Catarina. Para isso, inicialmente, foi realizado um levantamento teórico sobre a conjuntura da atividade no estado, o seu papel socieconômico, a estrutura industrial e o desempenho de seus produtos no mercado, além de pesquisar estratégias competitivas e ações do design capazes de contribuírem para a melhoria do setor. Através da análise dos resultados obtidos por uma pesquisa quantitativa de aferição, buscou-se apontar necessidades entre os consumidores, identificando novas oportunidades de mercado para a indústria de cerâmica vermelha. Palavras-chave: Design, Cerâmica Vermelha, Competitividade. INTRODUÇÃO A indústria de cerâmica vermelha em Santa Catarina é um segmento de grande valor socioeconômico que segundo a Secretaria do Estado e Tecnologia, das Minas e Energia(1) é responsável pela geração de cerca de 41.000 empregos diretos e indiretos. Anais do 48º Congresso Brasileiro de Cerâmica th Proceedings of the 48 Annual Meeting of the Brazilian Ceramic Society 28 de junho a 1º de julho de 2004 – Curitiba-PR 2 Existem atualmente três pólos produtivos no estado que são identificados pelos municípios que os determinam, são eles: Tijucas (norte), Criciúma (sul) e Chapecó (oeste). Essas três regiões compõem o Parque Estadual da Cerâmica Vermelha.(1) Villar(2) aponta que os principais fatores que auxiliaram a implantação da atividade em Santa Catarina foram: a existência de matéria prima de boa qualidade, a presença de um eixo rodoviário importante (BR-101), a possibilidade da instalação da planta na região rural de onde se originou grande parte dos atuais empresários e, principalmente, pequenos investimentos exigidos para a implementação das empresas. Apesar de ser uma atividade antiga, trazida pelos imigrantes europeus, a maior parte das empresas são de pequeno porte e ainda trabalham de forma artesanal. A mão-de-obra é pouco especializada e raros são os empresários que possuem formação gerencial. O resultado verifica-se na utilização inadequada de técnicas e equipamentos, no desenvolvimento de produtos que não atendem às normalizações vigentes, nas grandes perdas durante o processo e em um elevado percentual de rejeitos.(1) A matéria-prima utilizada provém das jazidas que geralmente encontram-se próximas do local de produção, não ultrapassando o raio de 10 quilômetros. A maioria das empresas não dispõe de maquinário adequado para a extração de argila e desconhecem as técnicas de lavra, impossibilitando a obtenção de um prognóstico das características e vida útil do barreiro, bem como, possibilidades de recuperação da área minerada após a exaustão. Entre os insumos utilizados pela indústria, destaca-se o relativo à combustão dos fornos. A energia térmica é obtida a partir de materiais ligníferos, representando uma parcela significativa nos custos das empresas. O material energético mais utilizado em todo o estado é a lenha. Muitas empresas buscam alternativas energéticas de acordo com a disponibilidade de lenha na região em que se encontra. O uso da lenha é, possivelmente, o fator que garante aos produtos cerâmicos preços tão competitivos, devido ao seu baixo custo quando comparado com os demais insumos energéticos. Porém, o uso indevido poderá levar ao esgotamento das reservas ainda existentes.(2) Anais do 48º Congresso Brasileiro de Cerâmica th Proceedings of the 48 Annual Meeting of the Brazilian Ceramic Society 28 de junho a 1º de julho de 2004 – Curitiba-PR 3 Os produtos de cerâmica vermelha possuem propriedades que os caracterizam como materiais auto-estruturados. Por este motivo, o setor de construção civil representa seu principal mercado consumidor. Em Santa Catarina, os produtos mais fabricados pelas empresas são: os tijolos, as telhas, os elementos vazados, as lajotas para lajes, os ladrilhos e peças de acabamento, as lajotas e as manilhas. Percebe-se que há pouca diferenciação entre os produtos. Em momentos de crise na construção civil, as empresas precisam dispor seus produtos a preços cada vez menores, de modo a garantir as vendas e manter a competitividade do setor. Assim, faz-se necessário prever ações estratégicas que contemplem aspectos que promovam um maior desenvolvimento competitivo no setor. Para isso, este trabalho propõe identificar contribuições do design visando ampliar a competitividade entre as empresas de cerâmica vermelha no estado. COMPETITIVIDADE Kupfer(3) apresenta a definição de competitividade como sendo a função da adequação das estratégias de empresas individuais ao padrão de concorrência vigente no mercado específico. Em cada mercado vigoraria um dado padrão de concorrência, definido a partir da interação entre estrutura e condutas dominantes do setor. Seriam competitivas as empresas que a cada momento adotassem estratégias de condutas mais adequadas ao padrão de concorrência setorial. Para que as empresa possam alcançar vantagens competitivas, Porter(4) estabelece três estratégias genéricas para as organizações. A proposta do autor baseia-se na premissa em que todo o bloco de estratégias organizacionais está incluído em um dos amplos modelos definidos por ele. A primeira estratégia é a de liderança de custo total que exige da empresa o controle das despesas e a minimização de custos em áreas como pesquisa e desenvolvimento. A segunda estratégia é de diferenciação que permite a empresa diferenciar-se no mercado através de projetos de produtos ou imagem da empresa, tecnologia e outros serviços oferecidos. A terceira e última estratégia é a de enfoque que propõe focar Anais do 48º Congresso Brasileiro de Cerâmica th Proceedings of the 48 Annual Meeting of the Brazilian Ceramic Society 28 de junho a 1º de julho de 2004 – Curitiba-PR 4 um determinado grupo comprador, segmento de produtos ou mercado geográfico com o objetivo de atender seu alvo estratégico estreito mais efetiva e eficientemente que seus concorrentes. As três estratégias genéricas diferem em outras dimensões além das diferenças funcionais apresentadas. Elas exigem diferentes recursos e habilidades e também implicam em diferentes arranjos organizacionais, procedimentos de controle e sistemas criativos. Atualmente as empresas de cerâmica vermelha em Santa Catarina competem através da estratégia de liderança de custo. Possuem, em sua maioria, estrutura administrativa fortemente arraigada na tradição familiar autocrática que, entre outras características, apresenta resistência a mudanças, desconfiança de intervenções externas e insegurança financeira para suportar riscos. Além disso, a indústria da construção civil, que agrega construtoras e revendedores é a principal consumidora dos produtos cerâmicos. De acordo com Villar(2), no momento em que o mercado da construção civil entra em declínio e a oferta torna-se abundante, acirra-se a disputa entre as empresas concorrentes e há uma queda nos preços dos produtos. Quando existe uma melhora no setor ocorre um aquecimento na demanda. O resultado é uma queda na qualidade dos produtos que são absorvidos de qualquer forma. O autor ainda aponta outro fator que merece destaque – a incidência dos custos da obra. O valor dos materiais cerâmicos representa, em geral, de 3 a 4% do custo total da obra. Este aspecto confere aos produtos apenas função prática e baixo valor agregado. O autor recomenda ações estratégicas para o segmento de cerâmica vermelha que contemplem a diversificação dos produtos existentes, a especialização (enfoque), o uso racional da energia, a reversão da dispersão e a utilização da tecnologia-cooperação, estimando uma superação do estado de incerteza e a dependência de fatores externos relacionados à política habitacional do país, bem como o desenvolvimento quali-quantitativo da produção, a fim de promover o desenvolvimento competitivo do setor. DESIGN COMO ESTRATÉGIA Para ampliar a competitividade do segmento de cerâmica vermelha verificou-se que através do design estratégico, os produtos podem obter diferenciais Anais do 48º Congresso Brasileiro de Cerâmica th Proceedings of the 48 Annual Meeting of the Brazilian Ceramic Society 28 de junho a 1º de julho de 2004 – Curitiba-PR 5 competitivos a partir do desenvolvimento estratégico de produtos que estejam mais adequados às exigências dos consumidores e que façam parte da missão, objetivos e estratégias da empresa. Para Magalhães(5), o design estratégico considera não só os usuários e consumidores, mas também a empresa, estes denominados de uma maneira geral como beneficiários do produto. Assim procura-se o equilíbrio entre as necessidades do mercado e a capacidade e a disponibilidade de recursos da empresa. O mesmo autor ainda apresenta as diferenças entre o design operacional e o design estratégico. Segundo o autor, se no design operacional a “forma segue a função” (com ênfase nas funções prático-operacionais), no design estratégico a forma segue primeiramente (na fase inicial do processo de desenvolvimento de produto) a função de comunicar. O design estratégico deve entender o produto como veículo que serve como meio de comunicação de uma mensagem da empresa para indivíduos. A mensagem deve abordar os benefícios e os serviços oferecidos pelo produto e esperados pelas pessoas. O importante é que os indivíduos entendam que aquele produto fornecerá os benefícios desejados por ele, sejam eles oferecidos por funções práticas, estéticas ou por funções simbólicas. No design estratégico a forma segue a mensagem. Santos(6) afirma que uma metodologia para um processo de design estratégico deve procurar desenvolver o produto com foco permanente nos requisitos e necessidades dos clientes, assegurando que o resultado final seja adequado aos diversos usos e clientes do produto. Segundo Baxter(7), a partir da estratégia de desenvolvimento de produtos iniciase o planejamento do produto. Existem quatro etapas neste. A primeira etapa traça a orientação geral e os objetivos do planejamento. Na segunda, é dado início ao desenvolvimento. Na terceira, há um período de pesquisa e análise das oportunidades e restrições do projeto. A quarta e última, propõe a especificação e justifica o novo produto. A especificação da oportunidade, para Baxter(7), tem o objetivo de explorar oportunidades de projeto relacionadas com a estratégia de desenvolvimento de produtos decorrente da missão da empresa. Existem três fontes principais de informação para pesquisar uma oportunidade de produto. São elas: Anais do 48º Congresso Brasileiro de Cerâmica th Proceedings of the 48 Annual Meeting of the Brazilian Ceramic Society 28 de junho a 1º de julho de 2004 – Curitiba-PR 6 A demanda e os desejos dos consumidores, descobertos pela pesquisa de necessidade de mercado; A concorrência exercida pelos produtos existentes, descoberta pela análise dos concorrentes; As oportunidades tecnológicas para o projeto e fabricação de novos produtos, descobertas pelas auditorias tecnológicas; A especificação da oportunidade determina um produto capaz de atender às necessidades dos consumidores, com um produto diferenciado e tecnologicamente viável para ser produzido. Desta forma, a participação do design na indústria de cerâmica vermelha se apresenta como uma possibilidade de gerar novas oportunidades de mercado, através do desenvolvimento estratégico de produtos, visando atender e superar as exigências dos consumidores conforme os objetivos e estratégias da empresa. Wolf(8) afirma que, investindo em design, as empresas farão com que o setor volte a ser competitivo, posicionando o produto no mercado, atingindo seus objetivos e assegurando a qualidade da produção. LEVANTAMENTO DE DADOS De acordo com as estratégias propostas por Porter(4), apresentadas anteriormente, o design poder atuar por meio das três estratégias. Neste trabalho, optou-se por abordar a estratégia de diferenciação através do desenvolvimento de novos produtos. Para levantar oportunidades de desenvolvimento de produtos em cerâmica vermelha com maior valor agregado, foi realizada uma pesquisa de necessidade de mercado. Os dados obtidos baseiam-se no resultado de dois tipos de pesquisa. No primeiro momento foi aplicada a pesquisa do tipo qualitativa e, posteriormente, a do tipo quantitativa que acabaram por complementar-se. A pesquisa qualitativa foi realizada a partir de entrevistas individuais com arquitetos visando a compreensão mais profunda das relações de consumo dos produtos cerâmicos além de indicar oportunidades para o desenvolvimento de novos Anais do 48º Congresso Brasileiro de Cerâmica th Proceedings of the 48 Annual Meeting of the Brazilian Ceramic Society 7 28 de junho a 1º de julho de 2004 – Curitiba-PR produtos. Os profissionais foram selecionados por possuírem relevância como especificadores de produtos, determinando tendências e preferências de mercado. A pesquisa quantitativa buscou verificar se as oportunidades de desenvolvimento de produtos levantados pela pesquisa qualitativa seriam aceitos por uma parcela maior de consumidores classificando as características mais relevantes dos produtos cerâmicos. Os resultados obtidos são apresentado nos gráficos I, II e III: Gráfico I - Resultados obtidos na pesquisa quantitativa - Quanto às características que determinam a compra nº ocorrências X tipo de produto 20 18 ocorrências 16 14 12 10 8 6 4 2 0 tijolo à vista piso para jardim elemento vazado mosaico para piso luminária cerâmica tozetos O tijolo à vista, o piso para jardim e os tozetos obtiveram as maiores ocorrências, indicando a preferência por estes produtos. O elemento vazado e a luminária para jardim ficaram entre os menos apreciados. Os elementos vazados são pouco utilizados, servindo como alternativa econômica para áreas que precisam ser ventiladas. Supõe-se que o problema consiste, principalmente, nos aspectos estéticos das peças que possuem, na sua maioria, desenhos ultrapassados e rebuscados. Seria desejável fazer o seu redesenho a fim de torná-los mais atuais. A pouca ocorrência da luminária cerâmica pode ser interpretada como resultado de um desconhecimento deste tipo de produto entre os consumidores pesquisados, fazendo com que não possuam parâmetros de análise e, conseqüentemente não arrisquem a seleção. Anais do 48º Congresso Brasileiro de Cerâmica th Proceedings of the 48 Annual Meeting of the Brazilian Ceramic Society 8 28 de junho a 1º de julho de 2004 – Curitiba-PR Gráfico II - Resultados obtidos na pesquisa quantitativa - Quanto ao estilo do produto Produtos X Estilo 14 12 tijolo à vista Produtos 10 piso para jardim 8 elemento vazado 6 mosaico para piso 4 luminárias de cerâmica para jardim 2 tozetos não opinou outro clássico conservador moderno esmataldo liso rústico 0 O estilo que obteve o maior número de ocorrências foi o rústico, permitindo que as características da natureza do material sejam valorizadas e transmitidas aos produtos acabados. A exceção se faz com estilo moderno, indicado para o elemento vazado, diferenciando-o dos demais resultados. Cabe questionar este resultado considerando que o conceito de “moderno” permite diferentes representações e pode levar a uma interpretação imprecisa. Gráfico III.- Resultados obtidos na pesquisa quantitativa -Quanto às características que determinam a compra Produtos X Cor 9 tijolo à vista 8 piso para jardim 6 5 elemento vazado 4 3 luminárias de cerâmica para jardim 2 1 não opinou outro verde escuro marrom terracota palha 0 esbranquiçado Produtos 7 Anais do 48º Congresso Brasileiro de Cerâmica th Proceedings of the 48 Annual Meeting of the Brazilian Ceramic Society 9 28 de junho a 1º de julho de 2004 – Curitiba-PR Observou-se que os tons claros, como o esbranquiçado, o palha e o terracota, obtiveram maior ocorrência para o tijolo à vista e as luminárias de cerâmica para jardim. Para o piso de jardim foi mais indicada a cor terracota seguida dos tons mais escuros, marrom e verde. Pode-se imaginar que esta preferência se dê por estas cores permitirem maior integração entre os elementos do ambiente externo, diminuindo, também, a manutenção necessária à limpeza das peças. Gráfico IV - Resultados obtidos na pesquisa quantitativa - Quanto às características que determinam a compra nº ocorrências X características 18 resistência / durabilidade conforto 16 Ocorrências 14 12 preço 10 beleza 8 variedade 6 fácil manuntenção 4 2 fácil instalação outro fácil instalação fácil manuntenção variedade beleza preço conforto resistência / durabilidade 0 outro A resistência e a durabilidade foram as características que, segundo o gráfico IV mais determinam a compra. A beleza também é um fator relevante para a escolha dos tipos cerâmicos. Cabe a ressalva de que os questionários foram aplicados aos consumidores e estes pouco ou nunca realizam a tarefa de instalação e posterior manutenção, quando necessário. Acredita-se que os aspectos de manutenção e instalação não tenham sido contemplados pelos respondentes durante o questionário, por se tratarem de atividades exercidas por profissionais prestadores de serviço, os quais não faziam parte da amostra. Tais profissionais não devem ser desconsiderados, visto que para o designer a compra é um dos fatores mas não o único. A manutenção e a instalação são aspectos do ciclo de vida do produto que devem ser considerados em sua totalidade em um projeto. Anais do 48º Congresso Brasileiro de Cerâmica th Proceedings of the 48 Annual Meeting of the Brazilian Ceramic Society 28 de junho a 1º de julho de 2004 – Curitiba-PR 10 Os dados aqui levantados demonstram a importância das informações e da compreensão do público-alvo antes de qualquer projeto de design. ALCANCE DAS PROPOSTAS Para alcançar os resultados esperados, optou-se por levantar os aspectos relativos à estrutura industrial de cerâmica vermelha, de modo a compreender as dificuldades enfrentadas. Verificou-se que o parque industrial de cerâmica vermelha constitui um dos principais segmentos do ponto de vista socioeconômico viabilizando investimentos neste setor. Entretanto, grande parte das empresas é de pequeno porte e ainda trabalha de forma artesanal. Existe pouca diferenciação entre os produtos fabricados pelas empresas de cerâmica vermelha. A concorrência se faz apenas pela liderança de custo. Para garantir as vendas em momentos de crise na construção civil, as empresas precisam dispor seus produtos a preços cada vez menores, de modo e manter a competitividade do setor. De acordo com a definição de competitividade apresentada, para que as empresas cerâmicas se tornem mais competitivas, estas terão que adequar suas estratégias ao padrão de concorrência vigente do setor. Para isso, Porter(2) propõe três estratégias genéricas. Optou-se, para o setor de cerâmica vermelha, utilizar a estratégia competitiva de diferenciação. Definiu-se como método para esta diferenciação a pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos em cerâmica vermelha com maior valor agregado, possibilitando torná–los mais competitivos. Para tal, verificou-se que através do design estratégico, os produtos podem obter diferenciais competitivos a partir do desenvolvimento estratégico de produtos. Estes estarão mais adequados às exigências dos consumidores e farão parte da missão, objetivos e estratégias da empresa. Os resultados obtidos na pesquisa identificam que quanto à seleção por tipo de produto, foram os mais indicados o tijolo à vista texturizado, o piso para jardim e os tozetos. Comprovou-se que os elementos vazados são pouco apreciados. Quanto à seleção por cor para os produtos propostos, o tom terracota conferiu maior indicação para quase todos os produtos, com exceção do tijolo à vista que Anais do 48º Congresso Brasileiro de Cerâmica th Proceedings of the 48 Annual Meeting of the Brazilian Ceramic Society 28 de junho a 1º de julho de 2004 – Curitiba-PR 11 obteve maior indicação na cor palha. Verificou-se que os tons claros destacaram-se sobre os tons escuros, apontando uma tendência para os produtos cerâmicos. Quanto ao estilo, o rústico foi indicado para a maioria dos produtos, menos para o elemento vazado que é mais apreciado quando este possui estilo moderno. Quanto às características que motivam a compra, a resistência, a durabilidade e a beleza foram apontadas como os principais fatores considerados pelos consumidores no momento da compra. Aspectos como facilidade de instalação e manutenção não foram indicados de forma relevante por se tratarem de atividades exercidas por profissionais especializados e que não pertenciam à amostra. Cabe ressaltar que no projeto de design todos os aspectos relacionados ao ciclo de vida do produto deverão ser considerados, de modo que o projeto do produto seja planejado em sua totalidade. Dados sobre as tarefas de instalação e manutenção devem ser levantados em outras pesquisas com seu público-alvo específico. A partir da análise dos resultados obtidos é possível identificar necessidades de mercado e apontar oportunidades para o desenvolvimento de novos produtos, permitindo, assim, consolidar o design como diferencial competitivo para a indústria de cerâmica vermelha em Santa Catarina. REFERÊNCIAS 1. SECRETARIA DO ESTADO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, DAS MINAS E ENERGIA. Diagnóstico do Setor de Cerâmica Vermelha em Santa Catarina. Florianópolis: Governo do Estado de Santa Catarina. 1990. 2. VILLAR, Vladilen dos Santos; KOPITTKE, Bruno Harmut. Perfil e perspectivas da indústria de cerâmica vermelha do sul de Santa Catarina. 1988. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado de santa Catarina. Centro Tecnológico. 3. KUPFER, David. Padrões de concorrência e competitividade. Rio de Janeiro: UFRJ/IEI, 1991.Disponível em: <http://www.ie.ufrj.br/gic/pdfs/1992- 2_Kupfer.pdf> Acesso em 10 outubro 2003. 4. PORTER, Michael E. Estratégia competitiva: Técnicas para Análise de Indústrias e da Concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1986. 5. MAGALHÃES, Cláudio F. Design Estratégico: integração e ação do design industrial. Estudos em Design. Rio de Janeiro, 1995. Anais do 48º Congresso Brasileiro de Cerâmica th Proceedings of the 48 Annual Meeting of the Brazilian Ceramic Society 28 de junho a 1º de julho de 2004 – Curitiba-PR 12 6. SANTOS, Flávio Anthero dos. O Design como Diferencial Competitivo. Itajaí: Editora Univali, 2000. 7. BAXTER, Mike. Projeto de Produto: guia prático para o desenvolvimento de novos produtos. São Paulo: Edgard Blücher, 1998. 8. WOLF, Brigitte. O Design Management como fator de sucesso. Florianópolis: IEL-Abipti, 1998. THE DESIGN AS COMPETITIVE STRATEGY: THE CASE OF RED CERAMICS ABSTRACT The research intends to identify contributions of the Design in order to extend the competitiveness of the red ceramics segment in Santa Catarina. Thus, initially, we carried through a theoretical survey on the conjuncture of this activity in the state, its social and economical role, the industrial structure and the performance of products in the market; we also searched competitive strategies and actions of design able of contributing the sector improvement. Through the analysis collected from a quantitative research of gauging are raised - we propose to indicate customers’ needs and to identify new market opportunities with respect to red ceramics industry. Key-words: design, red ceramics, competitiveness.