PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP Jorge Onodera Análise de necessidades do uso da Língua Inglesa na execução de tarefas em uma empresa multinacional MESTRADO EM LINGUÍSTICA APLICADA E ESTUDOS DA LINGUAGEM São Paulo 2010 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP Jorge Onodera Análise de necessidades do uso da Língua Inglesa na execução de tarefas em uma empresa multinacional MESTRADO EM LINGUÍSTICA APLICADA E ESTUDOS DA LINGUAGEM Dissertação apresentada à Banca Examinadora como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob a orientação da Profa. Dra. Rosinda de Castro Guerra Ramos. São Paulo 2010 Autorizo, para fins acadêmicos ou científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, por processos fotocopiadores ou eletrônicos, desde que citada a fonte. Banca Examinadora “You don't need long arms to embrace the world; you need English.” (Autor desconhecido) Dedico este trabalho ao meu pai, Akira, que não está mais entre nós para compartilhar este momento e à minha mãe, Itsuko, pela paciência e compreensão que teve comigo ao acompanhar minhas dificuldades para a finalização deste trabalho. AGRADECIMENTOS À Secretaria de Estado de Educação, pela bolsa concedida do “Projeto Bolsa Mestrado”, que me possibilitou realizar este trabalho de pesquisa. À Professora Doutora Rosinda de Castro Guerra Ramos, pela paciência com que me orientou neste percurso cheio de dúvidas e incertezas e por demonstrar o caminho do desenvolvimento profissional e pessoal. À Professora Doutora Maximina Maria Freire e à Osilene M. A. Silva da Cruz, pelas contribuições na banca de exame de qualificação. Às Professoras Doutoras Maria Antonieta Alba Celani, Sumiko Nishitani Ikeda, Angela B. C. T. Lessa, Maria Francisca A. F. Lier-de-Vitto e Heloisa Collins, por compartilharem comigo seus valiosos saberes. A todos os funcionários da empresa multinacional que participaram deste estudo, por proporcionarem todas as condições para que este trabalho fosse realizado com sucesso. À amiga especial Eliana Marques Zanata, que plantou a semente deste trabalho que, felizmente, floreceu e frutificou. Aos amigos Roberta Lopes, Marta Monteiro, Renato Souza e Luciene Mazza, pelas palavras sábias e alentadoras. Aos amigos do grupo de orientação do Programa de Estudos Pós-Graduados em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (LAEL) - Márcia Mathias, Zélia, Zico, Mariangela, Sérgio, Flávio, Alysson, Luciana Nogueira, Andréia Nogueira, Luciana Lorandi -, pela amizade e importantes dicas e contribuições. À Márcia e à Maria Lúcia, respectivamente funcionárias do Centro de Pesquisa, Recursos e Informação em Linguagem (CEPRIL) e do Programa de Estudos Pós-Graduados em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (LAEL), pela compreensão, paciência e ajuda com a burocracia. À Dirigente Regional de Ensino, professora Vera Lúcia de Jesus Curriel, ao supervisores Élio, Motooka e Wanderley, e a todos os funcionários da Diretoria Regional de Ensino - Região Guarulhos Norte -, que me acolheram e auxiliaram durante o período do mestrado. Aos amigos mestrandos da Diretoria de Ensino, Raquel Maria, Nilton Gama e Andréia Alves, pelos momentos agradáveis e pelas palavras certas nos momentos difíceis da minha caminhada. RESUMO Esta pesquisa foi realizada em uma empresa multinacional de grande porte da área de sistema de energias situada na cidade de Guarulhos e teve como objetivos fazer a análise de necessidades do uso de Língua Inglesa junto aos diversos departamentos dessa instituição e identificar tanto as tarefas que os funcionários desempenham utilizando essa língua nas diversas situações de trabalho, quanto as tarefas que oferecem dificuldades em sua execução. Utilizei como aporte teórico a Abordagem Instrumental com foco no Ensino de Inglês para Fins de Negócios (EBP) de Ellis e Johnson (1994), Dudley-Evans e St John (1998), baseandome, no que se refere especificamente à análise de necessidades, em Hutchinson e Waters (1987), Strevens (1988), Brindley (1989), Berwick (1989), Robinson (1991), Dudley-Evans e St John (1998) e Long (2005). Esta pesquisa se insere no paradigma qualitativo e desenvolveu um estudo de caso, orientado segundo Yin (2005), Stake (1988), Chizotti (2006) e Johnson (1992), Foi realizada no âmbito de uma comunidade específica – funcionários de uma empresa multinacional que utilizam a Língua Inglesa para executar tarefas em contexto profissional. Os dados deste estudo foram obtidos junto aos dez departamentos de uma unidade de negócios da empresa multinacional por meio de questionários e entrevistas. Foram mapeados todos os departamentos em que a Língua Inglesa é imprescindível na execução das tarefas e foram definidas as necessidades das situações-alvo, assim como as necessidades de aprendizagem dos funcionários. Nos resultados desta pesquisa foram identificadas informações relevantes acerca dos principais gêneros utilizados nesse contexto empresarial. Os funcionários que trabalham nessa empresa multinacional utilizam a Língua Inglesa principalmente para: ler e escrever e-mail, atender telefonemas, participar de conference calls, redigir e fazer apresentações. Os dados demonstraram também que as principais dificuldades são: atender telefonemas e participar de conference calls e a principal habilidade que oferece dificuldades ao executar as tarefas é a de falar-ouvir. O resultado do mapeamento de tarefas poderá ser utilizado como base para um syllabus de cursos que poderá atender tanto às necessidades dos departamentos de uma forma mais geral, quanto às de cada departamento isoladamente. Palavras-chave: Análise de Necessidades, Abordagem Instrumental, Inglês para Fins de Negócios, Inglês para Fins Específicos. ABSTRACT This research study took place in a Business Unit, a division of an American multinational company in de area of power systems located in the city of Guarulhos. This study aimed to carry out a Needs Analysis in ten departments of the Business Unit and to identify the working tasks performed by the employees in the target situation and the tasks that offer difficulties executing the job. The theoretical approach underpinning this study is based on the ESP approach to Language Teaching. For Teaching English for Business Purposes (EBP) this study was based on Ellis & Johnson (1994), Dudley-Evans & St John (1998); for Needs Analysis it was based on Hutchinson & Waters (1987), Strevens (1988), Brindley (1989), Berwick (1989), Robinson (1991), Dudley-Evans and St John (1998) and Long (2005). Data were obtained in the ten departments by using questionnaires and interviews. This research is in the qualitative paradigm and the methodology used was case study, oriented by Yin (2005), Stake (1988), Chizotti (2006) and Johnson (1992). The community focus of this study was the employees of a Business Unit division of an American Multinational that use the English Language to perform tasks. The target situation needs and also the language learning needs were identified. The results of this study identified relevant information about the main genres used in the company. Employees of the multinational company use the English Language mainly to: read and write e-mail, answer phone calls, participate in conference calls, write and make presentations. Data demonstrated difficulties in performing tasks like answering the telephone, participating in conference call, reading and writing presentations and the skill that causes problems while performing the tasks are listening-speaking; i.e. oral interactional skills. The results of this research may be used to generate syllabuses that can be used to supply the company general needs and also each specific department needs. Key words: Needs Analysis, ESP, English for Business Purposes, LSP. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 14 CAPÍTULO 1 ........................................................................................................................... 21 Fundamentação teórica ............................................................................................................. 21 1.1 Perspectiva histórica da Abordagem Instrumental para o ensino EnsinoAprendizagem de Línguas ................................................................................................ 21 1.1.1 A Abordagem Instrumental no Brasil ......................................................... 24 1.2 Características da Abordagem Instrumental para o Ensino-Aprendizagem de Inglês 27 1.2.1 Inglês para Fins de Negócios ...................................................................... 30 1.2.2 Análise de necessidades ............................................................................. 33 1.2.2.1 Principais formas de realizar a análise de necessidades.................38 1.3 As cinco habilidades ................................................................................................... 41 CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................... 46 Metodologia .......................................................................................................................... 46 2.1 Natureza da pesquisa: estudo de caso ......................................................................... 46 2.2 Contexto da pesquisa e caracterização dos informantes ............................................. 48 2.2.1 A cidade de Guarulhos ............................................................................... 48 2.2.2 A empresa ................................................................................................... 48 2.2.3 Informantes da pesquisa ............................................................................. 51 2.3 Instrumentos e procedimentos da coleta de dados ..................................................... 54 2.3.1 Os questionários ......................................................................................... 54 2.3.2 A entrevista semiestruturada ...................................................................... 56 2.4 Procedimentos para a análise de dados....................................................................... 58 2 4.1 O questionário dos supervisores ................................................................. 59 2.4.2 O questionário dos funcionários ................................................................. 59 2.4.3 A entrevista com supervisores .................................................................... 59 CAPÍTULO 3 ........................................................................................................................... 61 Apresentação e discussão dos resultados.............................................................................. 61 3.1 Tarefas executadas em Inglês nas situações de trabalho na visão dos supervisores e funcionários ......................................................................................................... 61 3.1.1 Departamentos que se reportam diretamente à Matriz ............................... 61 3.1.1.1 Supervisores ................................................................................... 61 3.1.1.1.1 Síntese.............................................................................. 65 3.1.1.2 Funcionários ................................................................................... 66 3.1.1.2.1 Síntese.............................................................................. 70 3.1.1.3 Síntese geral das tarefas comuns aos departamentos que se reportam aos EUA na visão de supervisores e funcionários.......................71 3.1.2 Departamentos que não se reportam diretamente à Matriz ........................ 71 3.1.2.1 Supervisores ................................................................................... 73 3.1.2.1.1 Síntese.............................................................................. 77 3.1.2.2 Funcionários ................................................................................... 79 3.1.2.2.1 Síntese..............................................................................83 3.1.2.3 Síntese geral das tarefas comuns aos departamentos que não se reportam aos EUA na visão de supervisores e funcionários...............................85 3.1.3 Comparação entre os departamentos que se reportam e que não se reportam diretamente à Matriz.............................................................................86 3.2 Dificuldades apontadas pelos supervisores e funcionários na execução de tarefas usando o Inglês .................................................................................................... 88 3.2.1 Departamentos que se reportam diretamente à Matriz nos EUA ............... 88 3.2.2 Departamentos que não se reportam diretamente à Matriz nos EUA......... 89 3.3 Frequência de uso de habilidades e habilidades que oferecem dificuldades na execução de tarefas usando o Inglês na visão dos supervisores e dos funcionários ... 92 3.3.1 Departamentos que se reportam diretamente à Matriz dos EUA................92 3.3.2 Departamentos que não se reportam diretamente à Matriz nos EUA......... 94 Considerações Finais ................................................................................................................ 98 Referências bibliográficas ...................................................................................................... 105 Anexos .................................................................................................................................... 109 Anexo 1 Texto introdutório dos questionários..................................................................110 Anexo 2 Questionário 1 (supervisores).............................................................................111 Anexo 3 Questionário 2 ( funcionários)............................................................................113 Anexo 4 Roteiro de entrevista semiestruturada................................................................116 LISTAS Figuras Figura 1.1 – A árvore da família ESP (traduzida de ROBINSON,1991) ................................ 29 Figura 1.2 – Esquema das informações que a análise de necessidades deve identificar (traduzido de Duddley-Evans e St John, 1998, p. 123) ........................................................... 37 Figura 2.1 – Divisão da unidade de negócios por departamentos ........................................... 50 Figura 2.2 - Divisão da unidade de negócios por departamento ............................................. 51 Figura 2.3 - Distribuição dos funcionários por departamento na unidade de negócios no Brasil (n=37) ............................................................................................................................. 52 Figura 3.1 – Departamentos e respectivos supervisores que se reportam diretamente aos EUA .......................................................................................................................................... 62 Figura 3.2 – Departamentos e respectivos funcionários que se reportam aos EUA................ 66 Figura 3.3 - Departamentos e respectivos funcionários que não se reportam aos EUA..........73 Figura 3.4 - Departamentos que não se reportam aos EUA e seus funcionários.....................79 Quadros Quadro 2.1 – Cargos/funções dos 33 informantes da pesquisa ............................................... 53 Quadro 3.1 – Tarefas executadas no departamento Consumidor na visão do supervisor ....... 62 Quadro 3.2 – Tarefas executadas no departamento Power Eletronics (PE) na visão do supervisor ................................................................................................................................. 63 Quadro 3.3 – Tarefas executadas no departamento Serviços na visão do supervisor ............. 64 Quadro 3.4 – Síntese das tarefas comuns e diferentes executadas nos departamentos que se reportam aos EUA na visão do supervisores ........................................................................... 65 Quadro 3.5 – Tarefas executadas no departamento Gerência Executiva na visão da assistente administrativa ........................................................................................................................... 67 Quadro 3.6 – Tarefas executadas no departamento Venda de peças na visão da funcionária68 Quadro 3.7 – Tarefas executadas no departamento Power Eletronics (PE) na visão dos funcionários .............................................................................................................................. 68 Quadro 3.8 – Tarefas executadas no departamento Serviços na visão dos funcionários ....... 69 Quadro 3.9 – Tarefas comuns e diferentes executadas nos departamentos que se reportam aos EUA na visão dos funcionários ............................................................................................... 70 Quadro 3.10– Habilidades e tarefas mais recorrentes nos departamentos que se reportam aos EUA na visão dos supervisores ................................................................................................ 72 Quadro 3.11 – Síntese de tarefas mais recorrentes nos quatro departamentos que se reportam aos EUA na visão dos funcionários .......................................................................... 72 Quadro 3.12 – Tarefas executadas no departamento Finanças na visão do supervisor .......... 74 Quadro 3.13 – Tarefas executadas no departamento Marketing na visão da supervisora ...... 75 Quadro 3.14 – Tarefas executadas no departamento Vendas na visão do supervisor ............. 76 Quadro 3.15 – Tarefas executadas no departamento Engenharia na visão do supervisor ...... 77 Quadro 3.16 – Síntese das tarefas comuns e diferentes executadas nos departamentos que não se reportam aos EUA na visão dos supervisores ...................................................................... 78 Quadro 3.17 – Tarefas executadas no departamento Finanças na visão dos funcionários. .... 80 Quadro 3.18– Tarefas executadas no departamento Vendas G-Drive na visão da funcionária .................................................................................................................................................. 80 Quadro 3.19 – Tarefas executadas no departamento Marketing na visão dos funcionários ... 81 Quadro 3.20 – Tarefas executadas no departamento Vendas na visão dos funcionários. ...... 82 Quadro 3.21 – Tarefas executadas no departamento Engenharia na visão dos funcionários . 83 Quadro 3.22 – Síntese das tarefas comuns e diferentes executadas nos departamentos que não se reportam à Matriz na visão dos funcionários ................................................................ 84 Quadro 3.23 - Síntese das habilidades e tarefas referentes mais recorrentes nos departamentos que não se reportam aos EUA na visão dos supervisores ............................... 85 Quadro 3.24 – Tarefas comuns executadas nos departamentos que não se reportam à Matriz na visão dos funcionários ......................................................................................................... 86 Quadro 3.25 – Síntese das tarefas e habilidades recorrentes nos departamentos da unidade de negócios .................................................................................................................................... 87 Quadro 3.26 – Tarefas que oferecem dificuldades na visão dos supervisores e funcionários dos departamentos que se reportam diretamente à Matriz ....................................................... 88 Quadro 3.27 - Tarefas que oferecem dificuldades na visão dos supervisores e funcionários dos departamentos que não se reportam diretamente à Matriz nos EUA ................................. 90 Quadro 3.28 – Síntese de tarefas comuns que oferecem dificuldades na visão de supervisores e funcionários dos departamentos que se reportam e não se reportam diretamente à Matriz nos EUA .......................................................................................................................................... 91 Quadro 3.29 – Frequência de utilização das habilidades no departamento ............................ 92 Quadro 3.30 – Frequência de utilização das habilidades nos departamentos que se reportam aos EUA (N=7) ............................................................................................. 92 Quadro 3.31 – Habilidades que oferecem dificuldades na visão dos supervisores e dos funcionários dos departamentos que se reportam aos EUA ..................................................... 93 Quadro 3.32 - Frequência de utilização das habilidades na visão dos supervisores dos departamentos que não se reportam aos EUA..........................................................................94 Quadro 3.33 - Frequência de utilização das habilidades na visão dos funcionários dos departamentos que não se reportam aos EUA (N=19)..............................................................95 Quadro 3.34 - Habilidades que oferecem dificuldades na visão de supervisores e funcionários dos departamentos que não se reportam à Matriz nos EUA................................96 14 INTRODUÇÃO Nos dias de hoje, com o advento da globalização, saber uma língua estrangeira é obrigatório em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Schmitz (2000, s.p.) explica assim a globalização: A queda do Muro de Berlim, o desmantelamento do bloco soviético e a implosão da própria União Soviética contribuíram para o fortalecimento do capitalismo internacional, liderado por empresas de grande porte, as firmas "multinacionais" -ou melhor dito, supranacionais. Como consequência dessas reviravoltas, muitos países sentiram os efeitos do fenômeno da globalização que traz, por um lado, a interligação de mercados e a internacionalização de economias e, por outro, o perigo da dolarização e da desestruturação de algumas economias e o empobrecimento de segmentos da classe média e classe baixa em várias nações. Schmitz (2000, s.p.) argumenta que o Inglês não pertence somente aos países em que é língua materna, mas a todas as nacionalidades, e reforça a importância dessa língua para o Brasil, conforme relata: É importante lembrar que o Inglês desde muito tempo deixou de ser a propriedade exclusiva de uma nação ou raça; o referido idioma é oficial ou semioficial em 60 diferentes países e tem uma posição de proeminência em outros 20. Por este motivo, pode-se falar de "Inglês indiano", "Inglês filipino" ou "Inglês nigeriano". É importante observar que existem no mundo de fala inglesa diferentes identidades e culturas. É importante para a soberania do Brasil uma abertura para essas diferentes culturas. Em uma empresa multinacional, falar uma língua estrangeira é não só obrigatório, mas também essencial, tanto nos processos de seleção, quanto na execução das tarefas do dia a dia. Conforme registra Mattos (2007, s.p.), atualmente [...] a concorrência por vagas de emprego em empresas de grande porte e multinacionais está muito acirrada. Se antes, tendo apenas noções de básicas de língua estrangeira, já ajudava a empregá-lo neste seguimento, hoje já se fala em ter domínio da terceira língua, isso sem contar o português, que é o idioma nativo. Os idiomas mais visados são: o Inglês, o espanhol. As empresas multinacionais necessitam que, rapidamente, seus funcionários aperfeiçoem o idioma da Matriz, de forma relevante e com o melhor custo-benefício, principalmente as que investem em cursos de línguas para seus funcionários dentro de sua própria estrutura, pois acreditam que essa forma de ensino é mais eficiente que as demais. Podemos observar quatro vantagens para esse tipo de ensino, conforme aponta Strevens 15 (1988), citado por DUDDLEY-EVANS E ST JOHN, 1998, p. 9): se focado nas necessidades do aprendiz, não há desperdício de tempo; é relevante para o aprendiz; é bem sucedido em ensinar a aprender; é melhor custo-benefício que o Inglês geral.”1 O ensino de Inglês em empresas, conhecido como aulas in company2, constitui-se como cursos ministrados pelas escolas de idiomas no ambiente de trabalho dos funcionários. Essas aulas in company geralmente reproduzem o currículo e o cronograma dos cursos ministrados em suas unidades, sem a princípio identificar necessidades para cada contexto específico, oferecendo cursos chamados de Inglês geral. A duração e a praticidade são dois aspectos que têm sido relevantes para cursos ministrados in company. Duddley-Evans e St John (1998, p.66) consideram a importância do tempo na aprendizagem em contextos de trabalho, enfatizando que as pessoas não têm muito tempo a perder com a aprendizagem de uma língua, por isso, procuram cursos que possam ajudar de forma prática no ambiente de trabalho. Um dos aspectos da Abordagem Instrumental para aprendizagem de línguas, conforme relata Ramos (2005, p.113), tem relação justamente com a necessidade de se planejarem cursos de curta duração para que as necessidades de uma situação-alvo sejam atendidas. Ramos (2005, p.113) ressalta, ainda, que hoje cursos de longa duração não têm vida longa no mercado. Em minha trajetória profissional, ministrei cursos in company oferecidos pela escola de idioma na qual trabalhava, lecionando em empresas multinacionais na cidade de Guarulhos (SP). Na ocasião, seguia o mesmo cronograma e utilizava, nas empresas, a mesma metodologia e o mesmo material didático adotados pela escola em suas unidades, dado que a própria instituição não priorizava a adequação do curso às necessidades da empresa e do alunado em relação a um aprendizado em curto espaço de tempo. Segundo o departamento de Recursos Humanos (RH) da empresa foco deste estudo, o conhecimento de Língua Inglesa é exigido dos candidatos já no processo seletivo. Entretanto, em classificados de emprego e no próprio site da empresa são requeridos dos candidatos níveis de conhecimento classificados, em geral, sob a rubrica de Inglês básico, intermediário ou avançado. Essas classificações, porém, para as novas demandas do mercado de trabalho, tornam-se vagas e não definem exatamente para que o candidato utilizará o idioma. […]being focused on the learner‟s need, it wastes no time; it is relevant to the learner; it is successful in imparting learning; it is more cost-effective than “General English. 2 Aulas in company são aulas ministradas dentro da estrutura empresarial. Elas acontecem com local e horários préagendados (FRENDO, 2005, p.3). 1 16 A motivação para fazer este trabalho surgiu justamente dessa constatação e da indefinição no mercado de trabalho quanto ao contraste entre o que se ensina e o que se requer para a execução de tarefas em Inglês nas empresas. Minha experiência em ensino de Língua Inglesa nesse contexto, no qual atuo há mais de 10 anos, mostrou-me que cursos prontos não eram adequados ao público de empresas e nem supriam suas necessidades. Além disso, meu trabalho era executado de forma intuitiva e assistemática, dificultando minha avaliação final dos objetivos propostos no curso. Paralelamente a essa vivência profissional, tive oportunidade, em 2005, por ser professor da rede pública, de fazer o curso de formação continuada Reflexão sobre a ação: o professor de Inglês aprendendo e ensinando3, oferecido pela Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa e pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com o aval da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Nesse curso, conheci minha atual orientadora, que me incentivou a prosseguir o estudo no Mestrado4. Considerando que os estudos no curso Reflexão sobre a Ação apontavam para a necessidade de se conhecer detalhadamente o contexto de atuação profissional para uma atuação pedagógica mais adequada, decidi realizar esta pesquisa em uma empresa multinacional de grande porte na região de Guarulhos, onde trabalho atualmente. Com isso, pretendia obter informações mais detalhadas e abrangentes a respeito de um contexto em que a utilização da Língua Inglesa é imprescindível na execução de tarefas. Para dar início a esta investigação, busquei trabalhos sobre análise de necessidades na área da Abordagem Instrumental para o ensino-aprendizagem de Inglês para Fins Acadêmicos e Profissionais. Utilizarei o termo Abordagem Instrumental, como é conhecido no Brasil e Inglês para Fins Específicos (ESP) como sinônimos. Farei um detalhamento sobre as nomeclaturas da área no decorrer deste trabalho. A produção científica desenvolvida recentemente no país sobre análise de necessidades na Abordagem Instrumental apresenta trabalhos tanto para a área acadêmica quanto para a profissional. Em relação a trabalhos desenvolvidos recentemente no país, voltados para a área acadêmica, cito Pinto (2002), que, voltada para cursos de Secretariado Executivo Bilíngue (SEB), teve como objetivo identificar, por meio de questionários e entrevistas semiestruturadas, as necessidades tanto dos alunos aos quais o curso se destinava quanto ao Curso de formação continuada para professores de Língua Inglesa da rede pública da prefeitura e do estado de São Paulo (ver CELANI, 2003, para detalhamento). 4 Desenvolvi esta pesquisa por meio do Projeto Bolsa Mestrado, uma iniciativa da Secretaria de Estado de Educação. Maiores informações são encontradas em: <www.educacao.sp.gov.br>. Acesso em: 18 mar. 2010. 3 17 uso que esses futuros profissionais teriam de fazer da Língua Inglesa no mercado de trabalho, com o intuito de reformular o currículo. A autora constatou que, em relação à língua oral, os estudantes do curso de SEB precisavam saber fazer relatos sobre sua experiência pessoal e profissional; falar ao telefone para conversar; agendar reuniões, viagens e eventos; anotar e dar recados; dar e pedir explicações, usando o nível formal; conversar sobre a história e características da sua empresa e sobre aspectos sociais, turísticos, históricos e culturais de São Paulo; receber, acomodar e acompanhar visitantes estrangeiros em situações de compras e/ou eventos sociais e profissionais da empresa; participar de conferências por telefone e de videoconferências. Em relação à língua escrita, os alunos de SEB precisavam estar preparados para ler, preencher e escrever relatórios, cartas, faxes e e-mail; preparar currículos; fazer atas de reuniões; traduzir, bem como verter para o português, cartas, relatórios e contratos (dentre outros documentos); agendar e marcar reuniões; transcrever fitas de reuniões. Belmonte (2003), por sua vez, na área de turismo, fez um levantamento de necessidades da situação de aprendizagem e da situação-alvo, por meio de questionários e entrevistas, comparando-as com a proposta de um curso superior de turismo já existente. O resultado obtido forneceu subsídios para uma maior adequação do conteúdo da disciplina Língua Inglesa às necessidades dos alunos desse curso e do mercado de trabalho. Voltada para a compreensão oral na área médica, Serafini (2003) realizou sua pesquisa em uma instituição de grande porte de São Paulo, com o objetivo de levantar subsídios para a elaboração de cursos de Inglês Instrumental voltados para as necessidades de aprendizagem dos membros dessa comunidade. Foi possível obter como resultado o levantamento dos gêneros mais utilizados em congressos. Vaccari (2004) desenvolveu um estudo com o objetivo de conhecer as necessidades da situação de aprendizagem e da situação-alvo dos alunos de um curso superior de Tecnologia em Processos de Produção. Os dados permitiram identificar as tarefas a serem executadas por esses alunos que demandavam conhecimento de Inglês. Em relação a estudos sobre o contexto de trabalho, Andrade (2003) fez um trabalho cujo objetivo era identificar as necessidades do uso da Língua Inglesa pelos comissários de voo brasileiros, para a futura elaboração de um programa de curso destinado a esses profissionais. Os resultados obtidos possibilitaram identificar a questão cultural como componente importante na elaboração de cursos, dada a relevância do Inglês na contratação desses profissionais, bem como na promoção para voos internacionais. No setor de recepção de hotéis, Cardoso (2003) teve como objetivo identificar necessidades sob duas perspectivas: a situação-alvo de uso da Língua Inglesa em um contexto 18 de trabalho de recepção de hotéis e a situação de aprendizagem dos funcionários em serviço e em pré-serviço em cursos profissionalizantes para hotelaria. Os resultados trouxeram informações sobre o contexto da situação-alvo da recepção de hotéis, sobre o perfil dos funcionários, as tarefas previstas pela gerência de hospedagem e executadas pelos recepcionistas e as habilidades privilegiadas para o desempenho de tarefas. Gallo (2006) identificou as necessidades de pilotos brasileiros de linhas domésticas e internacionais. Os resultados possibilitaram identificar as situações-alvo de rotina e de emergência nas quais os pilotos precisam ter um bom conhecimento de Inglês. A autora concluiu que o conhecimento da fraseologia aeronáutica por pilotos só é funcional em circunstâncias previsíveis, pois há necessidade de um conhecimento mais abrangente do Inglês para manter uma comunicação eficiente com controladores, bem como de proficiência na leitura e na compreensão de textos, fundamentais para evitar riscos na segurança do voo. Souza (2009) realizou um trabalho na área editorial que tinha como objetivos identificar as funções desempenhadas por profissionais do ramo e as tarefas comunicativas que realizam em Língua Inglesa e investigar as necessidades de aprendizagem desses profissionais. Os resultados desse trabalho revelaram o perfil daqueles que trabalham na área editorial, as funções desempenhadas por eles, as tarefas comunicativas realizadas em Língua Inglesa e também suas necessidades de aprendizagem. Dando continuidade a essa linha de trabalhos, esta investigação trará contribuições para o grupo de pesquisa intitulado “Abordagem Instrumental e o Ensino-Aprendizagem de Línguas em Contextos Diversos” (GEALIN), certificado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo junto ao CNPq e coordenado pelas Profas. Dras. Rosinda de Castro Guerra Ramos e Maximina Maria Freire. Sou membro integrante desse grupo como alunopesquisador em um de seus projetos – “Análise de Necessidades em Contextos Profissionais Diversos” –, cujo objetivo é investigar e mapear as tendências e necessidades em contextos profissionais no mercado de trabalho. Para a Linguística Aplicada de modo geral, a contribuição deste trabalho reverterá para a área de ensino de Línguas para Fins Específicos, particularmente no contexto empresarial, em que não só pesquisas sobre a análise de necessidades nessa esfera ainda são poucas, mas no qual a globalização exige cada vez mais a otimização do ensino-aprendizagem de línguas, especificamente do ensino de Inglês. Com base nos resultados do levantamento de necessidades obtidos junto à situaçãoalvo, esta pesquisa poderá fornecer subsídios também para o desenvolvimento de cursos de Inglês adequados às necessidades de seus funcionários, que terão a oportunidade de executar 19 tarefas que demandem conhecimento de Língua Inglesa nas situações específicas de seus departamentos, uma vez que, como já afirmei, ela é presença obrigatória na vida profissional de quem trabalha em uma empresa multinacional. Também será uma contribuição o estabelecimento de um diálogo entre o mundo corporativo e o mundo acadêmico, uma vez que a empresa foco deste estudo poderá, por meio desta pesquisa, obter dados que fornecerão uma descrição detalhada das tarefas executadas em Inglês na rotina de trabalho de seus departamentos, além de colaborar com a descrição de cargos de seus profissionais, facilitar o processo seletivo e auxiliar na otimização do programa de idiomas existente em sua estrutura. Os objetivos desta pesquisa, considerado esse contexto, são fazer um mapeamento de necessidades do uso de Língua Inglesa junto aos diversos departamentos da empresa multinacional citada e identificar tanto as tarefas que os funcionários desempenham utilizando essa língua nas diversas situações de trabalho quanto às tarefas que oferecem dificuldades em sua execução. Com base nas justificativas e nos objetivos explicitados, norteiam o desenvolvimento desta pesquisa as seguintes perguntas: Quais são as tarefas executadas em Inglês nas situações de trabalho em uma empresa multinacional na visão dos supervisores e dos funcionários? Quais são as dificuldades apontadas pelos supervisores e funcionários na execução de tarefas usando o Inglês? Quais são as habilidades que oferecem dificuldades na execução de tarefas usando o Inglês na visão dos supervisores e dos funcionários? Para responder essas perguntas, adoto a abordagem metodológica de estudo de caso, utilizando como instrumentos de coleta questionários aplicados aos funcionários e supervisores e entrevistas com supervisores de uma subsidiária brasileira (com sede em Guarulhos, SP) de uma empresa multinacional. Diante do exposto, a pesquisa está apresentada a seguir, dividida em quatro capítulos. No Capítulo 1, apresento a Abordagem Instrumental, que embasa a pesquisa, retomando historicamente seu percurso no exterior e no Brasil, bem como caracterizando-a e contextualizando a análise de necessidades nessa abordagem. No Capítulo 2, explico a metodologia de pesquisa utilizada e justifico a escolha feita, bem como descrevo o contexto, os participantes e as fases da pesquisa. Finalizo com os procedimentos para coleta e análise de dados. No Capítulo 3, descrevo e relato os resultados obtidos, a partir dos resultados do 20 mapeamento. Nas Considerações Finais, faço uma avaliação geral do trabalho e reflito sobre as contribuições tanto no sentido amplo, bem como no sentido específico que trouxe para a área. 21 CAPÍTULO 1 Fundamentação teórica Neste capítulo, descrevo a Abordagem Instrumental para o Ensino de Inglês em uma perspectiva histórica. A seguir, apresento seu desenvolvimento e características, bem como defino a análise de necessidades, que é um dos principais focos dessa abordagem. Faço também uma breve descrição do Ensino de Línguas para Fins de Negócios, justificando a utilização dessa abordagem para este trabalho. Finalizando, discorro sobre as cinco habilidades comunicativas: ouvir, falar, falar-ouvir, escrever e ler, baseado em Duddley Evans e St John (1998). 1.1 Perspectiva histórica da Abordagem Instrumental para o EnsinoAprendizagem de Línguas Conforme Hutchinson e Waters (1987, p.6), o desenvolvimento do ensino de Inglês Instrumental não foi um movimento planejado coerentemente, mas representou um fenômeno que cresceu a partir de um número de tendências que convergiam para uma direção. Essas tendências eram operadas de diversas maneiras ao redor do mundo. Os autores mencionados apontam três principais tendências para o desenvolvimento da Abordagem Instrumental: a demanda de um mundo em transformação, a revolução na Linguística e o foco no aprendiz. Conforme registram Hutchinson e Waters (1987, p.6) em relação à primeira tendência – demanda de um mundo em transformação –, com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, houve uma grande expansão científica e tecnológica e, consequentemente, um grande desenvolvimento da atividade econômica e comercial mundial. Devido à influência dos Estados Unidos como nova potência econômica mundial, a Língua Inglesa passou então a ser adotada como a língua para assuntos relacionados ao comércio e à tecnologia. Os autores explicitam assim essa situação: Com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, era anunciada sem precedentes uma era de enorme expansão nas atividades científicas, técnicas e econômicas em escala internacional. Esta expansão criou um mundo unificado e dominado por duas forças – tecnologia e comércio – em que em seu progresso inexorável, logo gerou uma demanda para uma língua internacional. Por várias razões, mais notadamente o poder econômico dos Estados Unidos no pós guerra, a demanda recaiu sobre o Inglês. 5 (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p.6). “The end of the Second World War in 1945, heralded an age of enormous and unprecedented expansion in scientific, techincal and economic activity on an international scale. This expantion created a world unified and dominated by two 5 22 Além disso, a aceleração da economia devido à crise do petróleo na década de 1970 levou os países ocidentais a investirem nos países produtores de petróleo. Duddley-Evans e St John (1998, p.19) destacam que o florecer da Abordagem Instrumental foi resultado do desenvolvimento geral da economia mundial nas décadas de 1950 e 1960. Dentre outros fatores, os autores citam: o aumento do poder por parte dos países produtores de petróleo, o aumento do número de alunos estrangeiros no Reino Unido, Estados Unidos e Austrália, e a crescente utilização da Língua Inglesa como língua internacional dos negócios, ciências e tecnologia. São envolvidos nesse processo, que assume o Inglês como língua internacional, também países da América Latina e do sudeste asiático, diante do crescimento e da importância desses locais no cenário econômico mundial (DUDDLEY-EVANS e St JOHN, 1998, p.31). Com relação à segunda tendência – a revolução na Linguística – Hutchinson e Waters (1987, p. 7) retomam estudos que apontam para a mudança de foco nos processos de ensinoaprendizagem de Língua Inglesa, que passou da descrição linguística, até o meio do século passado aproximadamente, para situações em que a língua era utilizada em comunicação real, por volta de 1970, conforme destacado por Widdowson (1978, apud HUTCHINSON e WATERS, 1987, p.7). Uma das contribuições do trabalho de Widdowson (1978) foi a explicitação de que a variação que ocorre na fala e na escrita do Inglês de uma situação para outra podia determinar características de situações específicas, que acabavam por constituir a base de desenho de cursos igualmente específicos, conforme os autores assim explicam: [...] a língua que falamos e escrevemos varia consideravelmente e em inúmeras formas de um contexto para outro [...] se a língua varia de uma situação para outra, deveria ser possível determinar as características de uma situação específica e então fazer dessas características a base de um curso para um aprendiz.6 (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p.7). É nesse contexto que surgiu a Abordagem Instrumental. Segundo Hutchinson e Waters (1987, p. 9-15), ela passou por cinco fases de desenvolvimento. A primeira dessas fases representou a análise de registro e ocorreu entre as décadas de 1960 e 1970. Nesse momento, o foco era a identificação das características gramaticais e lexicais de textos de áreas específicas. forces – technology and commerce – which in their relentless progress soon, generated a demand for an international language. For various reasons, most notably the economic power of the United States in the post-war world, this role fell to English.” (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 6). 6 “[…] the language we speak and write varies considerably, and in a number of different ways, from one context to another. […] if language varies from one situation of use to another, it should be possible to determine the features of specific situations and then make these features the basis of the learner‟s course.” (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p.7). 23 A segunda fase foi a da análise do discurso e da análise da retórica, que teve como preocupação a forma como as sentenças eram usadas no discurso. A terceira fase voltou-se para a análise da situação-alvo, em que eram enfatizadas as razões pelas quais os aprendizes precisavam aprender uma língua de modo a utilizá-la eficientemente nessa situação. As características linguísticas da situação-alvo eram transformadas posteriormente no conteúdo de um curso de Inglês Instrumental. O processo de identificar a situação-alvo e fazer uma análise rigorosa dos aspectos linguísticos dessa situação para elaborar o conteúdo de um curso na Abordagem Instrumental ficou conhecido como análise de necessidades. Entre as décadas de 1970 e 1980, época em que a quarta fase começava a emergir, era caracterizada pela tentativa de uma análise mais profunda, que vai além do nível da sentença, abrangendo o texto. O foco não era a língua em si, mas o processo do uso da linguagem. Nessa fase, trabalhos sobre o desenvolvimento de habilidades e estratégias de leitura tiveram uma contribuição significante. Esse foi o momento em que o Projeto Nacional Ensino de Inglês Instrumental em Universidades Brasileiras teve seu início7. Na quinta fase, também emergente na época, o foco recaía sobre a abordagem centrada no ensino-aprendizagem de uma língua estrangeira e não no uso da língua, como reforçam Hutchinson e Waters (1987, p. 14). Os autores afirmam ainda que uma abordagem realmente válida deve ser baseada na compreensão do processo de ensino-aprendizagem de uma língua,: Se estas descrições de formas de superfície, como no caso da análise de registro, ou processos envolvidos nas abordagem de estratégias de habilidades, a preocupação em cada caso é descrever o que as pessoas fazem com a língua. Mas nossa preocupação em ESP não é com o uso da língua – [...] nossa preocupação é com a aprendizagem da língua. 8 (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 14). Segundo Duddley-Evans e St John (1998, p. 31), não há um movimento dominante na área de ESP como houve com a análise de registro, a análise do discurso e a retórica, a abordagem baseada em habilidades e a abordagem enfocada na aprendizagem. Os autores consideram que a área de produção de materiais e análise textual, seja do discurso escrito ou do oral, ainda predomina em ESP. A análise de textos escritos e orais assumiu uma importante posição na área de ESP devido à influência do trabalho de Swales, Genre Analysis, de 1990. Esse projeto será detalhado mais à frente. “Whether this description is of surface forms, as in the case of register analysis, or of underlying processes, as in the skills and strategies approach, the concern in each case is with describing what people do with the language. But our concern in ESP is not with language use – […] Our concern is with language learning.” (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 14). 7 8 24 Duddley-Evans e St John (1998, p. 31) afirmam que a maior mudança foi o surgimento de Inglês para Fins de Negócios como a maior linha de ensino em ESP. Trabalhos anteriores na área eram denominados Inglês para Ciência e Tecnologia. A terceira tendência da formação da abordagem instrumental está em focalizar o aprendiz. Para Hutchinson e Waters (1987, p. 8), o desenvolvimento na área da Psicologia Educacional contribuiu para o crescimento da abordagem instrumental, considerando que os aprendizes possuem diferentes tipos de necessidades e interesses, o que representa motivação para aprender. Ainda segundo os autores, a ênfase era no aprendiz e em suas atitudes para aprender; a relevância da aprendizagem pelo aluno passou a ser, então, primordial no desenvolvimento de cursos: O crescimento de ESP, então, surgiu da combinação de três fatores importantes: a expansão da demanda do Inglês para suprir necessidades particulares e desenvolvimentos no campo da linguística e da psicologia educacional. 9 (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 8). A seguir, apresento uma síntese do surgimento e do desenvolvimento da Abordagem Instrumental no Brasil. 1.1.1 A Abordagem Instrumental no Brasil Segundo Celani (2005, p. 14), a Abordagem Instrumental no Brasil teve seu início na cidade de São Paulo, especificamente na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), no final da década de 1970, com o Projeto Nacional Ensino de Inglês Instrumental em Universidades Brasileiras (doravante Projeto Nacional). A ideia central do projeto era a criação de um centro de formação de professores para a Abordagem Instrumental e o ensino de Inglês Instrumental. Celani (2005, p. 14) explica que a necessidade de se criar um centro de referência envolvido com a formação de professores e o ensino de línguas baseado na Abordagem Instrumental deve-se ao fato de um grande número de professores, vindos de toda parte do Brasil, que cursavam o mestrado na PUCSP, expressarem as carências e dificuldades em oferecer cursos de Inglês especializados para vários departamentos existentes em seus campi. Ainda segundo Celani (2005, p.14), a maioria dos professores consideravam que “The growth of ESP, then was brought by a combination of three important factors: the expansion of demand for English to suit particular needs and developments in the fields of linguistics and educational psychology.” (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 8). 9 25 ensinar Inglês Instrumental era menos nobre do que ensinar literatura ou a disciplina Língua Inglesa. Havia na época uma pressão para se criar um curso no mestrado na área de Instrumental junto ao Programa de Pós-graduação em Linguística Aplicada e Ensino de Línguas (LAEL)10. Com isso, decidiu-se planejar um projeto de âmbito nacional, envolvendo inicialmente 20 instituições de ensino superior federal. O projeto ocorreu em duas fases: a primeira, de 1978 a 1980 e a segunda, de 1980 a 1985. Ramos (2009, p.65) descreve dois aspectos da primeira fase: as visitas às universidades federais informantes, para identificar as necessidades, os tipos de cursos, os recursos humanos e os materiais apropriados para atenderem as necessidades de cada universidade; a realização de um Seminário Nacional, envolvendo doze universidades, que tinha o objetivo de compartilhar experiências entre os diferentes grupos e não impor a utilização de nenhum material didático, respeitando as necessidades locais. Ramos (2009, p. 66) descreve a segunda fase do projeto como sendo a da chegada de três especialistas britânicos (KELTS)11 – Anthony Deyes, John Holmes e Mike Scott –, subsidiados pelo Conselho Britânico para auxiliar no desenvolvimento e na formação de professores, pesquisas e materiais didáticos. Os dois primeiros atuaram junto à PUCSP e o terceiro atuou junto à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Uma das características do projeto foi a decisão de não produzir um material didático. Celani (2005, p. 14) assim descreve: Uma característica marcante do Projeto foi a integração do desenvolvimento de professores e a preparação de materiais, necessariamente originada da decisão de não se produzir um material didático do Projeto, que era uma norma em diversos outros projetos que estavam sendo desenvolvidos em outros países na época.12 A decisão de não se produzir um material didático do Projeto deve-se principalmente à especificidade de cada material utilizado. Celani (2005, p. 16) ressalta que, devido à natureza do material didático para o ensino-aprendizagem de línguas para fins específicos, eles são praticamente impublicáveis, pois têm vida curta na prateleira. Segundo Celani (2005, p. 16), o objetivo de integrar a elaboração de materiais e a formação de professores foi importante na fase inicial do Projeto para que fossem desenvolvidas estratégias efetivas de leitura, já que a habilidade de compreensão escrita foi Posteriormente houve a alteração do nome do Programa para Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem. English Language Teaching Specialist. 12 “A marked feature of the Project was the integration of teacher development and materials preparation, necessarily deriving from the decision not to develop a “Project textbook”, as was the norm in several other projects going on in other countries at the time.” (CELANI, 2005, p. 14). 10 11 Key 26 identificada como principal necessidade nas instituições informantes na maior parte do Brasil. Ramos (2009, p. 67) destaca, como um dos marcos importantes do Projeto na década de 1980, a criação de um centro nacional de recursos, o Centro de Pesquisas, Recursos e Informação em Leitura, conhecido como CEPRIL, responsável por atender a demanda por materiais de apoio, auxiliar na produção de materiais e fornecer feedback para os produtores de materiais. Celani (2005, p. 17) aponta como principal característica do Projeto Nacional a sua filosofia participativa, em que os professores eram convidados a refletir sobre a natureza do contexto em que estavam atuando e sobre a melhor forma de satisfazer as necessidades em que estavam envolvidos. Os professores desenvolveram uma identidade positiva como professores de Inglês instrumental, não se sentindo mais isolados, já que agora pertenciam a uma comunidade de professores praticantes; consequentemente, isso aumentou-lhes a autoestima. A comunidade de professores mencionada por Celani (2005, p. 17) percebeu e respeitou as características locais. Foram essas peculiaridades que levaram ao desenvolvimento da Abordagem Instrumental no Brasil. A metodologia também foi criada localmente, para atender integralmente as necessidades do Projeto Nacional. Entretanto, como consequência desse Projeto, vários mitos foram criados sobre a Abordagem Instrumental. Ramos (2005, p. 116-8) aponta os mitos mais recorrentes na comunidade acadêmica: instrumental é leitura; instrumental é mono-skill, ou seja, trabalha com uma única habilidade; instrumental é Inglês Técnico; não se usa dicionário, não se dá gramática, tem que usar Português; só dá para ensinar depois que o aluno domina o “Inglês básico”; a aprendizagem é manca; essa abordagem é totalmente pragmática, utilitária e, nesse sentido, não pode levar em conta o indivíduo como um todo. Segundo Celani (2005, p. 394), a ênfase para a habilidade de compreensão escrita como a única a ser trabalhada foi resultado do levantamento de necessidades realizado nas universidades federais. Ramos (2005, p. 116), por sua vez, aponta que, devido ao Projeto Nacional, entretanto, o mito de que Instrumental é leitura ficou enraizado na cultura da Abordagem Instrumental. A autora propõe a desconstrução desse mito afirmando que: Um exame desses mitos e das visões correntes, apontadas anteriormente, à luz das 27 características da abordagem e de sua história no país já parecem se constituir em argumentos suficientes para a desconstrução desses mitos. Entretanto, gostaria de acrescentar a esses, outros que vejo como fatores preponderantes para a derrubada dos mitos: as mudanças que vêm acontecendo no panorama de ensinoaprendizagem de Inglês, decorrentes das demandas históricas e sociais. (RAMOS, 2005, p.118). Esta pesquisa, assim como outras já mencionadas neste estudo, espera trazer resultados que contribuam para a desconstrução do mito de que instrumental é leitura. No próximo item apresento as características que definem a abordagem instrumental. 1.2 Características da Abordagem Instrumental para o Ensino- Aprendizagem de Inglês Para Hutchinson e Waters (1987, p. 18), não é fácil definir o ensino-aprendizagem de Inglês Instrumental, motivo pelo qual não o definem pelo que é, mas sim pelo que não é: não é meramente o ensino de uma variedade especializada de Inglês; não é uma questão de ensinar palavras ou gramática sobre ciências; não é diferente de qualquer outra forma de ensino de línguas. Ainda segundo os autores, o ensino de Inglês Instrumental deve ser visto como uma abordagem, e não como um produto, que não utiliza um tipo particular de língua, metodologia ou mesmo qualquer tipo de material especializado. Trata-se de uma abordagem que enfoca a aprendizagem da língua baseada na necessidade do aprendiz. Hutchinson e Waters (1987, p. 19) estabelecem a pergunta “Por que estes alunos precisam aprender uma língua estrangeira?”13 como a primeira a ser feita antes de se elaborar qualquer curso. Strevens (1988), mencionado em Duddley-Evans e St John (1998, p.3), ao definir o ensino de Inglês Instrumental, cita quatro características absolutas e duas variáveis: absolutas: planejado para atender necessidades específicas do aprendiz; conteúdo relacionado a uma disciplina, ocupação ou atividade em particular; focado em língua apropriada para atividades baseadas em sintaxe, léxico, discurso, semântica e análise do discurso; contraste com o Inglês geral; 13 variáveis: “Why does the learner need to learn a foreign language?” 28 restrito à aprendizagem de habilidades específicas (por exemplo, somente leitura); não vinculado à utilização de metodologia específica. Robinson (1991, p. 1) afirma que a Abordagem Instrumental envolve três mundos de conhecimento: linguagem, pedagogia e o conteúdo específico da área de interesse do estudante. Segundo Robinson (1991, p. 2-3), na Abordagem Instrumental há características que podem ser consideradas como critérios para cursos, listados a seguir: cursos baseados na Abordagem Instrumental são geralmente focados em um objetivo; cursos na Abordagem Instrumental são baseados na análise de necessidades; o período de tempo dos cursos são claros e especificados; os alunos geralmente são adultos; os alunos não são iniciantes e terão estudado Inglês geral por algum tempo; os cursos baseados na Abordagem Instrumental levarão em conta alunos com interesses idênticos, sejam eles da área profissional ou acadêmica. Duddley-Evans e St John (1998, p. 4), por sua vez, atribuem ao ensino de Inglês Instrumental, duas características absolutas e quatro variáveis: absolutas: planejado para atender às necessidades do aprendiz; utilização de metodologia e atividades da disciplina a que está vinculado. variáveis: pode estar relacionado ou ser planejado para disciplinas específicas; utiliza metodologias diferentes para situações específicas de ensino que diferem do ensino do Inglês geral; pode ser planejado para atender um aluno adulto em nível universitário ou em uma situação de trabalho; pode também ser utilizado com alunos do ensino médio; é planejado para atender alunos de nível intermediário ou avançado, podendo atender também a alunos iniciantes. Em suma, de acordo com o que foi proposto por Strevens (1988), Hutchinson e Waters (1987), Robinson (1991) e Duddley-Evans e St John (1998) para o ensino de Inglês Instrumental, observam-se como características marcantes: as necessidades do aluno, um objetivo específico baseado nessas necessidades e um conteúdo de uma disciplina ou situação de trabalho. Segundo Robinson (1991, p. 4), o Inglês Instrumental possui duas vertentes principais: Inglês para Fins Acadêmicos (EAP), que envolve necessidades para fins de estudo no meio acadêmico; e 29 Inglês para Fins Ocupacionais (EOP), que engloba toda necessidade relacionada a situações de trabalho. É importante salientar que, como assevera Ramos (2005, p. 119), a segunda vertente – Inglês para Fins Ocupacionais – representa uma área em que existe pouca atenção e demanda crescente. E é nessa área que este estudo se insere. Conforme proposta de Robinson (1991, p.3), a Abordagem Instrumental está dividida em duas grandes áreas: Figura 1.1 – A árvore da família ESP (traduzida de ROBINSON,1991) Como podemos observar na figura 1.1, as duas grandes áreas são: Inglês para Fins Ocupacionais (EOP – English for Occupatinal Purposes) e Inglês para Fins Educacionais e Acadêmicos (EEP/EAP – English for Educational Purposes/English for Academic Purposes). Inglês para Fins Ocupacionais está dividido por três tipos de público: pré-experiência, em serviço e pós-experiência. Inglês para Fins Educacionais e Inglês para Fins Acadêmicos possuem duas divisões: o estudo de uma disciplina acadêmica específica ou uma matéria escolar, que podem ser abordadas de maneira independente ou integrada. A seguir, apresento na vertente do Inglês para Fins Ocupacionais, a área de Inglês para Fins de Negócios, linha em que esta pesquisa está embasada. 30 1.2.1 Inglês para Fins de Negócios Duddley-Evans e St John (1998, p.54) afirmam que é difícil definir Inglês para Fins de Negócios e limitá-lo em termos linguísticos. Acrescentam ainda que há mais de uma faceta para comunicações de negócios e, em muitos casos, elas se assemelham mais à linguagem do público em geral do que em qualquer outro segmento de ESP. Os autores citados apontam ainda dois aspectos particulares da comunicação de negócios: comunicação com o público, comunicação nas empresas e entre empresas. Duddley-Evans e St John (1998, p.55) afirmam que a maioria das comunicações com o público são realizadas em primeira língua. Inglês para Fins de Negócios é usado por não nativos da língua principalmente entre empresas e conglomerados internacionais e em negócios internos da empresa. Enfatizam que “o propósito das interações orais, dos tópicos abordados e as relações profissionais serão todas afetadas pela escolha linguística” (DUDDLEY-EVANS e ST JOHN, 1998, p.55). Ellis e Johnson (1994, p.71) fazem a distinção entre alunos de Inglês para Fins de Negócios em aprendizes pré-experiência (ou pouca-experiência) e aprendizes profissionais experientes. Os aprendizes pré-experiência têm dois tipos de necessidades: a situação de aprendizagem requer que eles ganhem qualificação e a preparação para a vida profissional futura na área de negócios. Os aprendizes profissionais experientes querem aprender a desempenhar tarefas em Inglês que já executam em sua língua materna. Quando se pensa em negócios e o uso do Inglês para Fins de Negócios, imaginamos o que têm de tão especial. Frendo (2005, p. 1) descreve negócios e o uso do Inglês da seguinte maneira: Todos os dias milhões de pessoas ao redor do mundo usam Inglês em suas atividades de negócios. Negócio é compra e venda ou mais amplamente, trocando e explorando recursos e aptidões. Na área negócios é usada a língua do comércio, das finanças, da indústria, do fornecimento de bens e serviços. Negócios são pessoas se juntando para atingir algo que eles não poderiam fazer individualmente. É sobre persuasão e compreensão, poder e controle, explicações e encontrando soluções para problemas. Em resumo, Inglês para Fins de Negócios é comunicação com outras pessoas dentro de um dado contexto específico.14 A língua dos negócios é caracterizada por Ellis e Johnson (1994, p.7) por um senso de “Every day millions of people all over the world use English in their business activities. Business is about buying and selling or, more broadly, exchanging and exploiting resources and capabilities. It uses the language of commerce, of finance, of industry, of providing goods and services. It is about people coming together to accomplish things they could not do as individuals. It is about persuading and understanding, power and control, explaining and finding solutions to problems. In, short, business English is communication with other people within a specific context.” (FRENDO, 2005, p. 1). 14 31 propósito, aspectos sociais e uma comunicação clara. Para os autores, “a língua é utilizada pra atingir um fim e seu uso eficiente é visto no sucesso dos resultados das transações e eventos de negócios”. Ellis e Johnson (1994, p.7) complementam afirmando que, em Inglês para Fins de Negócios, os objetivos de desempenho têm prioridade sobre objetivos educacionais ou de aprendizagem da língua. Duddley-Evans e St John (1998, p.6), assim como outros autores, também mostram uma classificação de Inglês Instrumental (ESP) por áreas profissionais: Inglês para Fins Ocupacionais (EOP), dividido em Inglês para Fins Profissionais que engloba, por exemplo, Inglês para Fins Médicos - profissionais já atuantes - e Inglês para Fins de Negócios ( foco deste trabalho); e Inglês para Fins Vocacionais (EVP), que engloba Inglês Vocacional - cujo propósito é capacitar o aluno para desempenhar tarefas específicas em sua rotina de trabalho e Inglês Pré-vocacional -, cujo propósito é preparar um candidato para uma entrevista de emprego, por exemplo. Duddley-Evans e St John (1998, p. 7) assim explicam: Dentro de Inglês para Fins Vocacionais (EVP) há duas subseções: Inglês Vocacional, que é focado no ensino de línguas para negociações específicas ou ocupações e Inglês Pré-Vocacional que é focado em encontrar um emprego e habilidades para uma entrevista.15 Inglês para Fins Acadêmicos (EAP) e Inglês para Fins Educacionais (EEP) podem ser divididos em Inglês para Ciência e Tecnologia, Inglês para Medicina, Inglês para Direito, Inglês para Administração, Finanças e Economia, etc. Dentro da Abordagem Instrumental, para este trabalho utilizarei Inglês para Fins de Negócios (EBP). Segundo Duddley-Evans e St John (1998, p. 7): Esta classificação coloca o Inglês para Fins de Negócios (EBP) como uma categoria dentro do Inglês para Fins Ocupacionais (EOP). EBP é visto como separado de EOP porque envolve uma grande quantidade de Inglês geral e também ESP, e também porque é uma categoria grande e importante. Um propósito para negócios é, no entanto, um propósito ocupacional, então é lógico enxergá-lo como parte de EOP.16 Duddley-Evans e St John (1998, p.53) afirmam que a maioria da comunicação mediada pelo Inglês acontece principalmente entre os não nativos da Língua Inglesa e explicam que o Inglês utilizado é o internacional, cujo enfoque é prático e não acadêmico. “Within English for Vocational Purposes (EVP) there are two subsections: Vocational English, which is concerned with the language of training for specific trades or occupations, and Pre-Vocational English, which is concerned with finding a job and interview skills.” (DUDDLEY-EVANS e St JOHN, 1998, p. 7). 16 “This classification places English for Business Purposes as a category within EOP. EBP is sometimes seen as separate from EOP as it involves a lot of General English as well as Specific Purposes English, and also because it is such a large and important category. A business purpose is, however, an occupational purpose, so it is logical to see it as part of EOP.” (DUDDLEY-EVANS e St JOHN, 1998, p. 7). 15 32 Ainda segundo os autores citados, o usuário do Inglês para Fins de Negócios tem como objetivo principal comunicar-se eficientemente. A escolha linguística do propósito de comunicação pode variar dependendo da relação profissional entre os falantes. Duddley-Evans e St John (1998, p.55) dividem Inglês Instrumental para Fins de Negócios em: Inglês para Fins Gerais de Negócios, que é ministrado para alunos em préserviço ou recém-iniciados em suas carreiras; Inglês para Fins Específicos de Negócios, ministrado para alunos com alguma experiência profissional, que trazem consigo o conhecimento e a vivência dos negócios para a situação de aprendizagem. A análise de necessidades para Inglês Instrumental para Fins de Negócios, segundo Duddley-Evans e St John (1998, p.57), assume grande importância, haja vista que existe uma maior variedade de situações vivenciadas pelos alunos, que têm na maior parte das vezes uma clara ideia do que eles precisam para executar suas tarefas nas quais linguagem e habilidades a serem utilizadas se tornam menos previsíveis. Por essa razão, a análise de necessidades dependerá da situação e do contexto em que ela for desenvolvida. Neste trabalho, serão enfocados alunos adultos que já atuam em suas profissões, exercendo uma função em um contexto (no caso, uma empresa multinacional de grande porte). Este estudo detalhará características da situação-alvo nas diversas áreas da empresa em que o Inglês é imprescindível para a execução de tarefas de trabalho. Outros aspectos considerados por Duddley-Evans e St John (1998, p.72) na elaboração de um curso de Inglês Instrumental para Fins de Negócios são a importância da cultura corporativa, que tem influência na linguagem a ser utilizada, a relação custo-benefício dos cursos e o fator tempo para o desenvolvimento de programas de idiomas na empresa. No levantamento das necessidades, não são consideradas as necessidades do aluno isoladamente, mas do aluno como parte de uma organização, de um todo, no qual qualquer ação pode impactar outras pessoas ou mesmo influenciar nos resultados da empresa. Para Ellis e Johnson (1994, p.71), o princípio mais importante de Inglês Instrumental para Fins de Negócios é relacionar o curso às necessidades profissionais e torná-lo relevante para as necessidades do trabalho. Os autores ressaltam que esse é um fator motivador para o aluno aprender o idioma. Com o advento da globalização, fica mais difícil imaginar um curso de Inglês para Fins de Negócios que não seja derivado de uma cautelosa e detalhada análise de necessidades. O Inglês tem um peso enorme na carreira de um funcionário, que também tem uma responsabilidade muito grande ao utilizar a Língua Inglesa para executar suas tarefas. Um pequeno deslize por parte dele pode acarretar perdas financeiras para a empresa; por essa 33 razão, reforço a importância de se fazer uma análise precisa, voltada para as necessidades da situação-alvo e também dos usuários. De acordo com Duddley Evans e St John (1998, p.57), a análise de necessidades é fundamental para Inglês para Fins de Negócios, porque as necessidades dos alunos podem ser muito mais variadas. Os autores consideram, ainda, que a abordagem que se dá à análise de necessidades depende da situação e do contexto nos quais a língua será utilizada. A seguir, discorro sobre a análise de necessidades, foco central deste trabalho. 1.2.2 Análise de necessidades Hutchinson e Waters (1987, p. 19) enfatizam que ESP deve ser visto como uma abordagem baseada nas necessidades do aprendiz, e não como um produto: ESP não é um tipo particular de língua ou metodologia, nem consiste de um tipo particular de material de ensino. Se compreendido corretamente, é uma abordagem para a aprendizagem de língua baseada na necessidade do aprendiz. [...] ESP, então é uma abordagem para o ensino de línguas no qual todas decisões, assim como o conteúdo e métodos são baseadas no motivo de aprender do aluno.17 Ao se pensar em elaborar cursos, Hutchinson e Waters (1987, p. 53) enfatizam que a primeira pergunta a ser feita é “Por que esses aprendizes precisam aprender Inglês?”18, uma vez que consideram que todo curso é baseado em algum tipo de necessidade percebida. Hutchinson e Waters (1987, p. 54) ressaltam, também, que o mínimo necessário para a elaboração de um curso baseado em uma Abordagem de Ensino-aprendizagem de Línguas para Fins Específicos é a análise de necessidades. Os autores propõem um outro questionamento – “O que se entende por necessidades?”19 –, cuja possível resposta seria a habilidade de compreender e produzir as características linguísticas da situação-alvo. Hutchinson e Waters (1987, p.55) fazem uma distinção inicial entre necessidades da situação-alvo e necessidades de aprendizagem. As necessidades da situação-alvo são divididas em necessidades objetivas (necessidades e lacunas) e necessidades de aprendizagem ou subjetivas (desejos). Hutchinson e Waters (1987, p. 55-56) definem: necessidades: como sendo o que o aluno tem que saber para desempenhar sua função “ESP is not a particular kind of language or methodology, nor does it consist of a particular type of teaching material. Understood properly, it is an approach to language learning, which is based on learner need. […] ESP, then is an approach to language teaching, in which all decisions as to content and method are based on the learner‟s reason for learning .” (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 19). 18 “Why do these learners need to learn English? (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 53). 19 “What do we mean by needs?” (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 53). 17 34 na situação-alvo; lacuna: como a necessidade constatada entre o que o aluno já sabe e o que ainda precisa aprender da situação-alvo; desejo: como a necessidade que o aluno considera importante para desempenhar sua função na situação-alvo, que pode ser conflitante com a percepção de empregadores ou professores e influenciar na motivação do aluno. Hutchinson e Waters (1987, p.60) fazem uma analogia da Abordagem Instrumental com uma viagem, definindo as necessidades da situação-alvo e de aprendizagem da seguinte forma: Utilizando a analogia de cursos de ESP como uma viagem, o que nós fizemos até então, é considerar o ponto de partida (lacunas) e o destino (necessidade), embora tenhamos visto que há alguma disputa de qual deveria ser o destino (desejos). O que não consideramos até então é a rota. Como sairemos do ponto de partida e chegaremos ao nosso destino? Isso indica outro tipo de necessidade: necessidades de aprendizagem.20 Com relação à situação-alvo, Hutchinson e Waters (1987, p.60-1), por meio da pergunta “O que um usuário proficiente precisa saber para participar efetivamente desta situação?”21, informam que as respostas a serem obtidas são: itens de linguagem, habilidades, estratégias e conhecimento da disciplina. Todo processo da Abordagem de EnsinoAprendizagem de Línguas para Fins Específicos está relacionado não com o saber ou o fazer, mas sim com o aprender. Lembrando a analogia da viagem, Hutchinson e Waters (1987, p.62) reforçam a necessidade de se conhecer as necessidades de aprendizagem e argumentam que: A análise da situação-alvo pode determinar o destino; pode até funcionar como uma bússola durante a viagem para dar um direcionamento geral, mas nós devemos escolher nossa rota de acordo com o veículo e os guias disponíveis (i.e., as condições da situação de aprendizagem), as estradas existentes dentro da mente do aprendiz (i.e., o conhecimento deles, habilidades e estratégias) e a motivação dos aprendizes para viajar. 22 Using our analogy of the ESP course as a journey, what we have done so far is to consider the starting point (lacks) and the destination (necessities), although we have also seen that there might be some dispute as to what that destination shoud be (wants). What we have not considered yet is the route. How are we going to get from our starting point to the destination? This indicates another kinf of need: learning needs.” (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 60). 21 “What does the expert commmunicator need to know in order to function effectively in this situation?” (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 60-1). 22 “The target situation analysis can determine the destination; it can also act as a compass on the journey to give general direction, but we must choose our route according to the vehicles and guides available (i.e. the conditions of the learning situation), the existing roads within the learner‟s mind (i.e. their knowledge, skills and strategies) and the learners‟ motivation for travelling.” (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p.62). 20 “ 35 Segundo Berwick (1989, p. 52-53), a definição de necessidades é primordial e ressalta que o problema ao definir necessidades é especificar quem necessita do que e quem define isso. O autor ressalta que, a cada análise de necessidades, é fundamental que se defina uma nova estrutura operacional, pois elementos podem sofrer alterações dependendo dos valores do avaliador e da influência de um sistema educacional. Complementando essa concepção, voltando-se mais para o foco pedagógico, explica: A definição de necessidade é a base de qualquer análise de necessidades. [...] a espinha dorsal do esqueleto de uma definição é frequentemente expresso como uma lacuna ou discrepância mensurável entre o estado corrente dos assuntos e um estado futuro desejado. 23 Berwick (1989, p. 53) afirma que, devido à subjetividade do conceito de necessidade, a elaboração de cursos é norteada por filosofias de aprendizagem alternativas, como comenta: A subjetividade da definição de necessidades é deste modo provavelmente a principal condutora pela qual filosofias alternativas de aprendizagem são capazes de encontrar seu curso em currículos baseados em necessidades.24 Por sua vez, Duddley-Evans e St John (1998, p. 121) consideram a análise de necessidades um processo e, mais especificamente, um processo de estabelecer o quê e o como de um curso, visando sua eficiência. Com isso concorda Graves (2000, p. 98): Essencialmente, a análise de necessidades é um processo sistemático contínuo de obtenção de informação sobre as necessidades e preferências dos estudantes, interpretando a informação e, então, decidindo sobre cursos com o objetivo de atender às necessidades. 25 Long (2005, p.1) comenta sobre cursos de Inglês Geral, que utilizam materiais para fins gerais não desenhados para um fim específico, afirmando que eles não serão eficientes e ainda serão inadequados, fazendo a seguinte analogia: Assim como nenhuma intervenção médica seria prescrita antes de um diagnóstico cuidadoso do que aflige o paciente, então, nenhum programa de ensino de idiomas deveria ser desenvolvido sem uma completa análise de necessidades. Todo curso de línguas deveria ser considerado um curso para fins específicos, variando somente (e consideravelmente, com certeza) na precisão em que as necessidades “The definition of need is the basis of any needs assessment. […] the skeletal structure of a definition is most often expressed as a gap or measurable discrepancy between a current state of affairs and a desired future state.” (BERWICK, 1989, p. 52-53). 24 “The subjectivity of needs definition is thus probably the main conduit by which alternative philosophies of learning are able to find their way into needs-based syllabuses.” (BERWICK, 1989, p. 53) 25 “Essentially, needs assessment is a systematic and ongoing process of gathering information about students‟ needs and preferences, interpreting the information, and then making course decisions based on the interpretation in order to meet the needs.” (GRAVES, 2000, p. 98). 23 36 do aprendiz podem ser especificadas.26 Este trabalho de pesquisa será orientado pela análise de necessidades específica com vistas para uma situação-alvo com o intuito de fazer um mapeamento das necessidades do uso do Inglês nos diversos departamentos de uma empresa multinacional na realização de tarefas. Com base nos resultados obtidos na análise de necessidades, será possível obter subsídios para elaborar propostas de cursos que possam atender especificamente a esse contexto. Brindley (1989, p.65) lembra que o estabelecimento de necessidades é influenciada por julgamento de valores e define necessidade da seguinte forma: […] necessidades são convencionalmente negadas como sendo algo como uma lacuna entre o que é e o que deveria ser. O que é importante notar é que alguém tem que decidir o que deveria ser. Em outras palavras, as declarações de necessidades são abertas a interpretações contextuais e contém julgamento de valores. 27 Brindley (1989, p.63) afirma também que os princípios que norteiam um sistema de ensino-aprendizagem de línguas centrado no aprendiz deveria ser focado nas necessidades do aprendiz, e acrescenta que, para o desenho de cursos, a análise de necessidades é um prérequisito vital na especificação de objetivos no ensino-aprendizagem de línguas. Esse autor expõe duas orientações para a análise de necessidades: a primeira delas, mais restrita e voltada para o produto, é a de obter antecipadamente o máximo de informações possíveis acerca do corrente e futuro uso da Língua Inglesa; a segunda orientação é mais ampla e focada no processo, ou seja, nas necessidades de aprendizagem do aluno. Brindley (1989, p.63) identifica que as necessidades focadas no processo contemplam o aluno como um indivíduo na situação de aprendizagem. Na análise de necessidades, então, deve ser levada em consideração a multiplicidade de variáveis afetivas e cognitivas que afetam a aprendizagem, tais como: atitude do aprendiz, motivação, consciência, personalidade, desejos, expectativas e estilo de aprendizagem. Segundo Duddley-Evans e St John (1998, p. 123-124), as necessidades baseadas no produto são derivadas dos objetivos ou situação-alvo e é conhecida como análise da situaçãoalvo, enquanto que as necessidades baseadas no processo são derivadas da situação de “[...] Just as no medical intervention would prescribe before a thorough diagnosis of what ails the patient, so no language teaching program should be designed without a thorough needs analysis. Every language course should be considered a course for specific purposes, varying only (and considerably, to be sure) in the precision with which the learner needs can be specified […].”(LONG, 2005, p. 98). 27 “[...] needs are conventionally denied as being something like „the gap between what is and what should be‟. What is important to note is that someone has to decide what should be. In other words, needs statements are open to contextual interpretations and contain value judgement.” (BRINDLEY, 1989, p.65). 26 37 aprendizagem e é conhecida como análise da situação de aprendizagem. Há ainda uma terceira necessidade que é a que se refere ao que o aprendiz já sabe, chamada de análise da situação presente ou atual, em que podem ser identificadas as lacunas. Ainda, uma quarta necessidade é sugerida para se estabelecer um desenho de curso funcional que tem função adjunta na análise de necessidades que é a análise do meio, que estabelece as características do ambiente em que o curso será ministrado. Na figura 1.2, temos a concepção do que a análise de necessidades deve identificar: Figura 1.2 – Esquema das informações que a análise de necessidades deve identificar (traduzido de Duddley-Evans e St John, 1998, p. 123). De acordo com Duddley-Evans e St John (1998, p. 125), esse esquema mostra que a análise de necessidades deve identificar: a) informação profissional dos aprendizes: tarefas e atividades em que os aprendizes utilizam o Inglês – análise da situação-alvo e necessidades objetivas; b) informação pessoal dos aprendizes: fatores que afetam na aprendizagem e experiência prévia de aprendizagem, informação cultural, razões para frequentar um curso, suas expectativas e atitudes em relação ao Inglês – desejos, ambiente de aprendizagem e necessidades subjetivas; c) informação sobre o Inglês dos aprendizes: quais as habilidades e o uso corrente da língua – análise da situação presente ou atual; d) as lacunas dos aprendizes, a partir da análise da situação atual e a análise da situaçãoalvo – lacunas; e) informação sobre a aprendizagem da língua: forma efetivas de aprendizagem das habilidades e da língua na análise da situação atual – necessidades de aprendizagem; f) informação sobre a comunicação profissional na situação-alvo: conhecimento de como a língua e habilidades são utilizadas na situação-alvo – análise linguística, análise do discurso, análise do gênero; 38 g) o que se quer de um curso; h) informação sobre o ambiente no qual o curso será ministrado – análise do meio. Duddley-Evans e St John (1998, p. 126) explicam que os objetivos da análise de necessidades são conhecer os aprendizes como pessoas, como usuários e como aprendizes da língua; saber como a aprendizagem de uma língua e suas habilidades podem ser maximizadas para um determinado grupo; e, finalmente, conhecer a situação-alvo e o ambiente de aprendizagem para que os dados possam ser analisados apropriadamente. Conforme descrito até o presente, a análise de necessidades é o eixo central da teoria que norteará a análise dos resultados deste trabalho, que tem como um dos objetivos identificar as tarefas executadas nos departamentos. Os resultados poderão ser utilizados como subsídios para a elaboração de um curso de línguas para fins específicos, no caso do contexto deste estudo, Inglês para Fins de Negócios. Utilizarei nesta pesquisa as definições e termos propostos por Duddley-Evans e St John (1998). No próximo item, apresento as principais formas de realizar a análise de necessidades. 1.2.2.1 Principais formas de realizar a análise de necessidades Hutchinson e Waters (1987, p. 58) destacam que a análise de necessidades envolve mais que simples identificação das características linguísticas de uma situação-alvo e consideram que há várias maneiras de obter informações sobre necessidades, citando como as mais utilizadas: questionários; entrevistas; observação; coleta de dados (p.ex., textos). consulta informal com financiadores, aprendizes, entre outros. De acordo com Hutchinson e Waters (1987, p. 59), devido à complexidade de necessidades, é aconselhável que se use mais de um dos métodos citados. Os autores afirmam que a análise de necessidades não é um processo definitivo, mas um processo em contínua mudança, no qual as necessidades devem ser constantemente reavaliadas. Com relação à análise da situação-alvo, Hutchinson e Waters (1987, p. 59) assim se posicionam: A análise de necessidades da situação-alvo é em essência uma questão de fazer perguntas sobre a situação-alvo e as atitudes com relação a essas situações dos 39 vários informantes no processo de aprendizagem. 28 Hutchinson e Waters (1987, p.59-60) oferecem um roteiro para fazer a análise de necessidades de uma situação-alvo (necessidades e lacuna). Segundo os autores, para delinear o currículo de um curso é necessário que se respondam as seguintes perguntas: Por que a língua é necessária? Como a língua será utilizada? Qual será o conteúdo de área? Com quem o aprendiz utilizará a língua? Onde a língua será utilizada? Quando a língua será utilizada? Para fazer a análise de necessidades de aprendizagem, Hutchinson e Waters (1987, p.62-63) sugerem um roteiro similar ao anterior. Segundo os autores, para se identificarem as necessidades de aprendizagem e se delinear o currículo de um curso é necessário que se respondam as seguintes perguntas: Por que os aprendizes estão fazendo o curso? Como os alunos aprendem? Quais são os recursos disponíveis? Quem são os alunos? Onde o curso de ESP acontecerá? Quando o curso de ESP acontecerá? Duddley-Evans e St John (1998, p. 131-2) consideram importante que as pessoas envolvidas na análise de necessidades sejam tanto as que participam diretamente do processo (insiders) quanto as que participam indiretamente do processo (outsiders). Os autores mencionados apontam para o fato de que os outsiders são importantes por oferecerem uma visão objetiva do processo, entretanto, lembram que eles não conhecem a situação e o ambiente e esse fato pode causar perda ou interpretação errônea dos dados. Por outro lado, Duddley-Evans e St John (1998, p. 131) indicam que os insiders podem ter um conhecimento mais apurado da situação, porém, podem também estar próximos ou envolvidos demais, comprometendo a análise dos dados. Por esses motivos, o sistema proposto contempla ambas perspectivas. Para Duddley-Evans e St John (1998, p. 132), os dados podem ser obtidos conforme “The analysis of target situation needs is in essence a matter of asking questions about the target situation and the attitudes towards that situation of the various participants in the learning process.” (HUTCHINSON e WATERS, 1987, p. 59). 28 40 indicado em cada um dos tópicos a seguir. Para a Análise de Necessidades, as principais fontes são: - os aprendizes; - pessoas trabalhando ou estudando na área; - ex-alunos; - documentos relevantes à área; - clientes; - funcionários; - colegas; - pesquisas na área de ESP. Os principais métodos de coleta de dados para a análise de necessidades são: - questionários; - análise de textos autênticos falados ou escritos; - discussões; - entrevistas estruturadas; - observações; - avaliações. Ellis e Johnson (1994, p. 71-72) sugerem que algumas informações devem ser obtidas quando se quer estabelecer as necessidades de um contexto de negócios. Dentre elas, os autores destacam: informações sobre o aprendiz: - dados pessoais gerais: idade, sexo, nacionalidade e língua materna; - base educacional: acadêmica, profissional e vocacional; - conhecimento e experiências de aprendizagem de outra língua; - atitudes e suposições a respeito de aprendizagem de línguas; - estilo de aprendizagem. definição do propósito de aprendizagem: - atividades e tarefas: o que o aprendiz tem que realizar em Inglês; - interação: com quem o aprendiz se comunica, o papel de cada um, a relação entre os interlocutores; - tópico: sobre o que os interlocutores se comunicam; - atitude e grau de formalidade: formal, educado; - forma de interação: carta, telefone, face a face; - cenário: local, hora do dia, limite de tempo e outras situações que influenciam 41 a interação. informações sobre a situação de aprendizagem: - quem decidiu que o aprendiz deveria frequentar o curso? - quais necessidades de treinamento o aprendiz percebe? - quais necessidades de treinamento o contratante percebe? - quais são as limitações da situação de aprendizagem: tempo, orçamento, tamanho do grupo, associação no grupo, procedimentos de testagem e avaliação, objetivos estabelecidos? Segundo Ellis e Johnson (1994, p. 71-72), as formas para obter dados antes de um curso se iniciar dependerá de algumas condições físicas; por exemplo, se a distância entre o instrutor e o aprendiz for grande, haverá dificuldades no momento da coleta de dados. Os autores citados sugerem alguns métodos de coleta, por exemplo: questionários para contratante e aprendizes; entrevistas com contratante e aprendizes; leitura de artigos e informações sobre a empresa; análise de documentos da empresa. 1.3 As cinco habilidades Nesta pesquisa, conforme indicado anteriormente, para realizar a análise de necessidades, buscou-se identificar as tarefas executadas nos dez departamentos da empresa multinacional foco deste estudo, com o objetivo de realizar um mapeamento de tarefas executadas utilizando a Língua Inglesa nos departamentos. Por essa razão, apoiei-me em Duddley Evans e St John (1998) para o levantamento de habilidades utilizadas na execução de tarefas. Duddley Evans e St John (1998, p. 95) dividiram as quatro macro-habilidades, falar, ouvir, ler e escrever em cinco, i.e., a habilidade de falar e a de ouvir foram agregadas como falar-ouvir para que se possa fazer uma distinção entre interações que são puramente monológicas das que são dialógicas, conformem explicam: Quando discutimos a compreensão oral, precisamos ser claros a respeito de estarmos nos referindo somente à compreensão oral, como em palestras acadêmicas ou em uma apresentação de negócios, ouvir parte de uma discussão em grupo como em uma reunião de negócios ou negociação, ou ainda, um seminário no qual o ouvinte também contribuirá como participante da discussão. O mesmo assunto surge na produção oral que pode ser interativa, discussões em 42 grupo ou pode ser um monólogo, quando alguém está fazendo uma apresentação. 29 Duddley Evans e St John (1998, p. 95) apresentam as cinco habilidades separadamente, e sugerem que, ao ensiná-las, seria ideal integrá-las. Apresento a seguir as cinco habilidades e suas características, as quais adotei no levantamento de necessidades. Em relação a habilidade de compreensão escrita (ler), Duddley Evans e St John (1998, p. 96) indicam que houve uma grande contribuição de cursos de leitura em ESP para o reconhecimento de que uma boa leitura requer linguagem e habilidade. Os autores oferecem algumas sugestões de habilidades a serem aprendidas e transferidas para uma nova língua: selecionar o que é relevante para o propósito corrente; utilizar todos os recursos de um texto; skimming para conteúdo e significado; scanning para especificidades; identificar modelos de organização; compreender relações dentro de uma sentença e entre sentenças; utilizar coesão e marcadores discursivos; prever, inferir e advinhar; identificar ideias centrais, ideias que dão suporte e exemplos; processar e avaliar as informações durante a leitura; transferir ou utilizar a informação durante ou após a leitura. No que se refere à habilidade de compreensão oral (ouvir), Duddley Evans e St John (1998, p. 101-102) focalizaram em particular a habilidade de acompanhar palestras, porquanto a julgam particularmente importante em situações em que profissionais participam de conferências e ouvem apresentações, técnicos que têm que ouvir e entender instruções, pessoas de negócios que ouvem apresentações sobre política, etc. Os autores apontam algumas características desse tipo de interação e comparam-na com a habilidade de compreensão escrita da seguinte forma: A compreensão de uma palestra, seminário ou apresentação de negócios envolverá o mesmo processo de dois estágios observados na compreensão de leitura em uma segunda língua; o primeiro estágio envolve o processar a língua; o segundo envolve a mudança da mudança para o conhecimento prévio a respeito do tópico que resulta na compreensão da língua. O processo de ouvir monólogos tem muito em comum “When we discuss listening comprehension, we need to be clear about whether we are referring to listening to monologue, as in academic lecture or a business presentation, or to listening as part of a group discussion, as in a business meeting or negotiation or a seminar in which the listener will also contribute as a speaker to the discussion. The same issue arises with speaking, which may be interactive in a two-way or group discussion or may be monologue, when the speaker is making a presentation.” (DUDDLEY EVANS e St JOHN, 1998, p. 95). 29 43 com o processo de leitura.30 Richards (1983), mencionado por Duddley Evans e St John (1998, p. 102), propõe micro-habilidades para o desenvolvimento da habilidade de ouvir é necessário para uma compreensão efetiva de monólogos que indica que o aprendiz tem que desenvolver as habilidades para: identificar o propósito e a abrangência de um monólogo; identificar o tópico de uma palestra e acompanhar o desenvolvimento de um tópico; reconhecer o papel dos marcadores discursivos; reconhecer itens lexicais chaves relacionados ao assunto/tópico; deduzir o significado das palavras a partir do contexto; reconhecer funções de entonação para sinalizar a estrutura da informação. Com relação à habilidade de produção oral (falar), Duddley Evans e St John (1998, p. 112) consideram-na como parte do trabalho em Inglês para Fins Ocupacionais e Inglês para Fins Acadêmicos. Afirmam que a maior parte do ensino de produção oral em Inglês para Fins Acadêmicos (EAP) ocorre em situações mediadas pelo Inglês e que uma apresentação oral eficiente é construída com base na linguagem e habilidades e requer confiança. Os autores apontam como características: estruturação; visual; trabalho vocal; sinalizadores. Referindo-se à habilidade de compreensão e produção oral (ouvir-falar), Duddley Evans e St John (1998, p. 105) identificam que essa habilidade, que chamaram de interação oral, envolve compreensão e produção oral trabalhadas em tempo real no momento da comunicação. Nessas circunstâncias, os informantes têm papel duplo – o de ouvinte e o de falante. Duddley Evans e St John (1998, p. 106) comentam que pouca atenção era dada à habilidade de interação oral e, no ensino de Inglês para Fins Ocupacionais, a ênfase estava na produção oral. Duddley Evans e St John (1998, p. 106) apontam algumas características para o 30 “Comprehension of a lecture, seminar or business presentation will involve the same two-stage process we noted for second language(L2) reading comprehension, the first being processing of the language, the secong being the change to background knowledge of the topic that results from the understanding of the language. The process of listening to monologue has much in common with the reading process.” (DUDDLEY EVANS e St JOHN, 1998, p. 102). 44 desenvolvimento da habilidade de compreensão e produção oral: compreensão oral ativa (active listening) – importante para as interações faladas, particularmente na área de negócios; vai além da compreensão de palavras e pontos chave; é considerada uma habilidade, uma arte; questionamento (questioning) – é outra habilidade necessária para uma interação falada efetiva e, assim como a compreensão oral ativa, vai além de simples palavras. O questionamento é um poderoso meio de controlar a comunicação; interações individuais (one-to-one spoken interactions) – muitas interações faladas envolvem somente duas pessoas, por exemplo, uma conversa telefônica. Em muitas situações sociais, mesmo havendo muitas pessoas, recaise em diálogos; interações pessoais múltiplas (multi-person spoken interactions) – interações múltiplas também incluem reuniões; aspectos como tomada de voz e controle têm um significado muito grande em interações pessoais múltiplas. Em relação à habilidade de produção escrita (escrever), Duddley Evans e St John (1998, p. 115) acreditam que o conhecimento de gêneros textuais é um elemento chave para a área da comunicação e especialmente significativa, por exemplo, na escrita de textos acadêmicos e profissionais. Os autores assim colocam seu pensamento: O conhecimento de gêneros envolve a compreensão das expectativas do discurso de uma comunidade que lê textos e das convenções que se desenvolveram com o passar dos tempos sobre a estrutura e a retórica do gênero. Também envolve uma consciência do fato que gêneros se desenvolvem com o tempo e mudam de acordo com as alterações nas comunidades que os utilizam. A consciência do gênero ajudará em todas as cinco macro-habilidades.31 Duddley Evans e St John (1998, p. 115) destacam que, ao ser desenvolvida a habilidade de produção escrita, existem outras habilidades envolvidas como por exemplo planejar, rascunhar e revisar para que o produto final seja apropriado para o propósito da escrita e também atender ao leitor. Apesar de os autores terem apresentado as habilidades separadas em cinco, eles propõem que não deveríamos necessariamente ensiná-las separadamente, mas de forma integrada. Veremos nas tarefas levantadas nos resultados desta “Knowledge of genre involves an understanding of the expectations of the discourse community that reads the text and of the conventions that have developed over time about the structure, the language and the rhetoric of the genre. It also involves an awareness of the fact that genres evolve with time and change in accordance with changes in the communities that use them. Genre awareness will help with all the five macro-skills, but here we focus on writing.” (DUDDLEY EVANS e St JOHN, 1998, p. 115). 31 45 pesquisa a importância de se ensinar as habilidades de forma integrada quando se executam tarefas de trabalho em ambientes de negócios. Ellis e Johnson (1994), mencionados anteriormente no item 1.2.1 deste capítulo, destacaram que a língua dos negócios é caracterizada por seus aspectos sociais e pela necessidade de uma comunicação rápida e clara com o objetivo de ser eficiente para obter sucesso nos resultados e transações de negócios. Com base nessa afirmação, observa-se a importância da elaboração de cursos de Inglês sob medida, para atender fins específicos, podendo-se evitar assim erros de comunicação que podem acarretar grandes prejuízos para uma empresa. Consequentemente, o ensino de línguas baseado em necessidades será significativo para o aluno e seu aprendizado, relevante. Diante do exposto neste capítulo, reforço a relevância da teoria utilizada para a análise de dados desta pesquisa e que será apresentada no Capítulo 3. No próximo capítulo, descrevo a metodologia utilizada neste trabalho de pesquisa. 46 CAPÍTULO 2 Metodologia Neste capítulo, apresento a metodologia empregada na pesquisa, a descrição do contexto em que o estudo foi realizado e a especificação dos procedimentos de coleta e análise dos dados. 2.1 Natureza da pesquisa: estudo de caso Este trabalho se constitui como uma pesquisa de natureza qualitativa de características naturalísticas, ou seja, ocorreu no ambiente natural de uma empresa multinacional, meu contexto de pesquisa. Considerando os objetivos desta investigação, voltados para a identificação das tarefas executadas em Inglês nos departamentos de uma empresa multinacional, optei por realizar um estudo de caso, porquanto é uma abordagem de pesquisa que permite investigar uma situação específica em um contexto específico (JOHNSON, 1992; STAKE, 1998). O propósito de um estudo de caso, conforme apontado por Johnson (1992, p.76), é descrever o caso em seu contexto guiado por uma (ou mais) pergunta(s) de pesquisa para que, baseado nela, o pesquisador estude os aspectos do ambiente em que o fato está inserido. Yin (2005, p.32) complementa definindo que o estudo de caso é uma investigação empírica que leva em consideração principalmente o contexto de vida real em que o fato ocorre, não tendo claramente o limite entre o contexto e o acontecimento. Ainda segundo Yin (2005, p.26), o estudo de caso é: [...] a estratégia escolhida ao se examinarem acontecimentos contemporâneos, mas quando não se podem manipular comportamentos relevantes. [...] o poder diferenciador do estudo de caso é sua capacidade de lidar com uma ampla variedade de evidências – documentos, artefatos, entrevistas e observações. O estudo de caso é utilizado em muitas situações, por exemplo, para contribuir com o conhecimento que temos dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais, políticos e de grupo. A necessidade de um estudo de caso surge, segundo Yin (2005, p.20), [...] do desejo de se compreender fenômenos sociais complexos. Em resumo, o estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real. 47 Ainda de acordo com Yin (2005, p. 33), “o estudo de caso como estratégia de pesquisa compreende um método que abrange tudo – sobre a lógica de planejamento, das técnicas de coleta de dados e das abordagens específicas à análise dos mesmos”. Estudos de caso, embora estejam no paradigma de pesquisas qualitativas, podem apresentar também possibilidades de obtenção de dados quantitativos. Geralmente são de cunho naturalístico, focando a coleta de dados em ambientes naturais de ocorrência do fato (JONHSON, 1992; STAKE, 1998; YIN, 2005). Segundo Stake (1998, p.88), existem três tipos de estudo de caso, a saber: estudo de caso intrínseco: o estudo é conduzido porque o pesquisador quer entender os aspectos intrínsecos de um caso em particular; estudo de caso instrumental: um caso específico é estudado para promover reflexões a respeito do refinamento de uma teoria; o caso se torna secundário em importância; estudo de caso coletivo: um caso que pretende estender os estudos a diversos casos instrumentais para compreender melhor o caso ou para obter conhecimento para mais uma vez refinar a teoria. Com relação à metodologia de estudo de caso, ele é considerado flexível e formulado para atender o propósito de um estudo e pode variar de acordo com um número de dimensões. Johnson (1992, p. 83) esclarece assim essas dimensões: Estudos de caso são, na maioria das vezes, primariamente qualitativos, apesar de envolverem informações com algum tipo de quantificação. São primariamente naturalísticos, ou seja, baseiam-se na coleta de dados que ocorrem em um ambiente natural, acrescentando que vários procedimentos podem ser usados para coletar dados. Estudos de caso são geralmente descritivos no caso de descrever um fato, ou ainda, podem ir além de uma descrição contextual ou uma interpretação cultural. Estudos de caso podem ser longitudinais, conduzidos por um determinado período de tempo. Devido à minha atuação como professor de Inglês em contexto empresarial, estimo ser importante conhecer de forma mais aprofundada alguns aspectos relevantes à minha área de atuação e, portanto, este trabalho representa um “estudo de caso intrínseco” (STAKE, 1998, p.88), já que foi motivado pelo meu interesse em conhecer aspectos particulares da organização-alvo deste trabalho. 48 2.2 Contexto da pesquisa e caracterização dos informantes 2.2.1 A cidade de Guarulhos Para compreender meu contexto de pesquisa, descrevo um pouco a cidade de Guarulhos, que está situada na grande São Paulo, fazendo fronteira com alguns bairros da cidade de São Paulo, como São Miguel, Penha, Jaçanã e Santana. Possui uma logística privilegiada, contando com as Rodovias Federais Dutra e Fernão Dias, uma das razões para empresas de grande porte se instalarem na região. De acordo com informações contidas no site da Prefeitura Municipal de Guarulhos32, é a maior cidade não capital do Brasil. O site mostra que em 2009 a cidade de Guarulhos atingiu uma população aproximada de 1.299.283 habitantes, o 8º PIB do país e o 2.º lugar no ranking dos 10 maiores municípios do Estado de São Paulo. A principal característica da cidade é a variedade, pois conta com vários segmentos industriais, dentre eles o farmacêutico, o químico, o de autopeças, o metalúrgico, o têxtil, o de vestuário e o de construção civil. A cidade é o segundo maior parque industrial do estado de São Paulo. A atividade comercial é intensa e a cidade conta com dois shopping centers e várias redes de hipermercados. Ela comporta ainda o aeroporto internacional de São Paulo e diversas redes hoteleiras de padrão internacional. 2.2.2 A empresa A empresa-foco deste trabalho é uma multinacional de grande porte da área metalúrgica, de capital norte-americano, com sede nos Estados Unidos (EUA). Conforme informado pelo site corporativo, possui 5.000 pontos de serviços em 197 países. O início das atividades da sede no Brasil data da década de 1970 e hoje é uma das grandes empresas que têm contribuído para o desenvolvimento social e econômico da cidade de Guarulhos. Trata-se de uma subsidiária33 da Matriz nos EUA e seu modelo de gestão é o de descentralização administrativa, com sua estrutura dividida em unidades de negócios. A empresa em questão se distribui, então, em seis unidades de negócios. O meu trabalho de pesquisa enfocará uma delas. A relevância deste trabalho recai na possibilidade de replicar os procedimentos da metodologia de análise de necessidades deste estudo para outras empresas Mais informações estão disponíveis em: <http://www.guarulhos.sp.gov.br/>. Acesso: 28 out. 2009. Uma empresa subsidiária estrangeira é aquela que pertence 50% direta ou indiretamente a empresas com sede no exterior, cujo capital lhe dá direito a voto e controle da empresa-Matriz. 32 33 49 multinacionais. Segundo entrevista com um dos informantes da pesquisa, falando sobre o que seria uma unidade de negócios, este informou que a empresa foco deste estudo possui autonomia decisória para atuar no mercado nacional e internacional, sendo que os relatórios área da unidade de negócios foco deste estudo são encaminhados a uma unidade de negócios central global, responsável por todas as atividades da área no mundo. De acordo com o site corporativo, a empresa investe no desenvolvimento de seus funcionários treinando-os para assumir altos cargos na corporação. De acordo com o departamento de Recursos Humanos (RH), os funcionários são descritos como pessoas dinâmicas, que gostam de desafios, focadas em oportunidades de desenvolvimento, com iniciativa e pró-atividade, que valorizam o trabalho em equipe. Ainda conforme o site corporativo, a empresa tem também um enfoque em responsabilidade social, desenvolvendo projetos com o objetivo de ajudar a população local, mantendo uma creche que fornece educação e alimentação para a comunidade e uma unidade de saúde que tem parceria com a prefeitura da cidade, sendo responsável por cerca de 12.200 atendimentos por mês. A empresa faz parte do Programa Jovem Cidadão, mantido pelo Governo do Estado de São Paulo, cujo objetivo é dar oportunidades de primeiro emprego aos jovens. Possui ainda um programa de voluntariado, que permite aos funcionários participarem de atividades, por meio período, durante seu expediente, em serviços para a comunidade, e, por fim, auxilia uma escola estadual de Ensino Fundamental, doando computadores, uniformes para as crianças e cestas básicas para os professores. Devido ao grande volume e variedade de negócios da empresa, ela está dividida em seis unidades34 (Business Units), cuja estrutura permite a cada uma atuar de forma independente. Por essa razão, a unidade de negócios pode representar um protótipo de uma empresa com a maioria dos departamentos necessários para poder atuar na área de produção e comercialização de seus produtos. As seis unidades de negócios que compõem a subsidiária brasileira são: geradores, tecnologia de geradores, sistema de combustíveis, tecnologia de turbos, filtros e motores. Oliveira e Ávila (1999, p.4) identificam o sistema de controle em uma administração descentralizada da seguinte maneira: 34 Uma definição para unidade de negócios sugerida por Oliveira e Ávila (1999, p.2-3) é “uma unidade organizacional relativamente independente, com a amplitude de um negócio, cujo gestor é responsável pelo seu desempenho e resultados”. 50 [...] em numa empresa descentralizada, os sistemas de controles têm dois papéis básicos: fornecer à alta administração informações sobre as unidades de negócio, no que diz respeito à rentabilidade e desempenho de suas operações, e influenciar o comportamento dos gerentes locais, de forma que suas decisões e ações sejam consistentes com os objetivos globais da organização. A seguir explico a composição da empresa multinacional por meio da figura 2.1, que descreve a estrutura da corporação-alvo: Matriz nos EUA Subsidiária no Brasil Motores Geradores Filtros Tecnologia de Sistema de Tecnologia de turbos combustíveis geradores Figura 2.1 – Divisão da unidade de negócios por departamentos Dentre as seis unidades mencionadas, a escolhida foi a de geradores, por apresentar a maioria dos departamentos de uma empresa atuante no mercado (desde a produção até a comercialização de seus produtos), caracterizando-se como uma unidade independente e também por ser uma unidade menor que as demais, possibilitando, assim, a realização deste trabalho de pesquisa de forma mais centrada. As demais unidades foram descartadas para o trabalho por serem muito grandes ou por não apresentarem a maioria dos departamentos. Além disso, devido ao fato de a unidade de geradores possuir mais departamentos que as demais, possibilitando o mapeamento de um número maior de departamentos, foi considerada realmente a mais adequada para esta investigação. Para melhor visualizar a organização do contexto de pesquisa, elaborei o organograma da unidade de negócios, baseando-me no organograma original fornecido pelo gerente executivo, que apresenta todos os departamentos constituintes. Na figura 2.2, apresento a divisão da unidade de negócios por departamentos (dez ao todo: Gerência, Venda de Peças, Vendas G-drive35, Consumidor, Marketing, Power Eletronics (PE)36, Serviços, Engenharia e Finanças). O organograma na página seguinte foi dividido seguindo a hierarquia de departamentos apresentado pela empresa, estando a gerência executiva no topo: 35 36 O Departamento G-Drive é responsável pela venda de motores para geradores. O Departamento Power Eletronics (PE) é responsável por peças eletrônicas de geradores. 51 Gerência Executiva (Brasil) Vendas de peças Vendas G-Drive Consumidor Marketing Vendas PE Serviços Engenharia Finanças Figura 2.2 - Divisão da unidade de negócios por departamento Na organização da figura 2.2, os quatro departamentos de cor cinza não só respondem à Gerência Executiva, mas também reportam-se diretamente à Matriz nos EUA especificamente os departamentos de Venda de Peças, Consumidor, Power Eletronics (PE) e de Serviços. 2.2.3 Informantes da pesquisa A unidade de negócios é composta por um total de 37 funcionários: um gerente executivo, responsável por toda atividade da unidade de negócios, uma assistente administrativa da gerência e 35 outros funcionários distribuídos nos 10 departamentos. Na figura 2.3 na página seguinte, ilustro o número de funcionários em cada departamento da unidade de negócios, baseado no organograma dos departamentos da figura 2.2, relembrando que quatro departamentos e a gerência executiva reportam-se diretamente à Matriz nos EUA. (marcados em cinza para melhor visualização). 52 Parts USA Gerência Executiva Consumer USA Power Eletronics(PE) USA Service USA Supervisor Vendas Supervisor PE Supervisor Serviços Engenheiro Vendas Engenheiro PE Auxiliar Administrativa Venda de Peças Supervisor Finanças Vendas G-Drive Anal. Financ. Senior Supervisor Consumidor Supervisora Marketing Assistente Marketing Estagiária Marketing Supervisor Engenharia Engenheiro Serviços Projetista de Produtos Anal. Financ. Senior Engenheiro Aplicação Engenheiro Serviços Engenheiro Serviços Projetista de Produtos Analista Financeiro Administrador Contratos Estagiário Anal. Engenh Serviços Jr. Mecânico de Protótipos Analista Financeiro Represent Vendas Engenheiro Eletricista Analista Financeiro Represent Vendas Engenheiro Produto Anal. Financ Junior Estagiário Analist Assistente Analyst Administr Figura 2.3 - Distribuição dos funcionários por departamento na unidade de negócios no Brasil (n=37) 53 A unidade de negócios é composta por um gerente executivo, sete supervisores de departamento, dois dos departamentos não possuem supervisores, possuem somente uma funcionária responsável em cada departamento que responde pelo mesmo. Do total dos 37 funcionários que trabalham na unidade de negócios, 33 participaram desta pesquisa. Quatro deles não o fizeram e não justificaram a sua não participação. Eles pertencem, cada qual, respectivamente, aos departamentos de Finanças, Serviços, Vendas e a Gerência. Há departamentos com mais funcionários que outros e são compostos por profissionais da área e estagiários que possuem formação diversificada. No quadro abaixo apresento os departamentos, indicando quais se reportam ou não à Matriz, com respectivos cargo/funções dos 33 informantes deste estudo, bem como, indico o conhecimento prévio de Inglês de cada participante relativo às quatro habilidades comunicativas. Que não se resportam para a Matriz nos EUA Que se reportam para a Matriz nos EUA Departamentos Venda de Peças Consumidor Power Eletronics (PE) Analista de Marketing de Peças Supervisor de Vendas Supervisor de PE Engenheiro de Produtos Serviços Gerência Executiva Vendas G-Drive Marketing Vendas Engenharia 1 2 Estagiário Supervisor de Serviços Engenheiro de Serviços Analista Engenharia de Serviços Jr Assistente Administrativa Analista de Vendas G-Drive Supervisora de Marketing Assistente de atendimento Estagiária Supervisor de Vendas Engenheiro de Aplicação Analista de Vendas Sênior Engenheiro de Vendas Administrador de Contrato Supervisor de Engenharia Projetista de Produto Finanças Conhecimento de Inglês37 Cargo/Funções 1 2 Mecânico Montador de Protótipos Engenheiro de Produtos Engenheiro Eletricista Estagiário Supervisor de Finanças Analista Financeiro 1 2 3 Analista Financeiro Junior Analista Financeiro Senior 1 2 Ouvir B NA NA B MB R NA F B MB B NA R R NA R B B MB NA R B F B B MB NA MB MB R R R B Falar B NA NA R MB R NA F R B B NA B R NA B MB R B NA F B F B B B NA B MB F R R B Total de participantes Ler MB NA NA B MB B NA B B MB B NA B B NA B MB B MB NA B MB F MB B MB NA MB MB MB R MB MB Escrever MB NA NA B MB R NA B B MB B NA B R NA B MB B B NA R R F MB B B NA B MB R R B MB Total de informantes 01 01 01 02 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 02 01 01 01 01 01 03 01 02 33 Quadro 2.1 – Cargos/funções dos 33 informantes da pesquisa. 37 As abreviações do nível de Inglês correspondem a: O-ótimo, MB-muito bom, B-bom, R-regular, F-fraco e NA-não avaliado. 54 2.3 Instrumentos e procedimentos da coleta de dados Retomo aqui os objetivos de pesquisa que é fazer a análise de necessidades do uso de Língua Inglesa nas situações-alvo junto aos diversos departamentos de uma empresa multinacional e identificar as tarefas que os funcionários desempenham utilizando a Língua Inglesa nas diversas situações de trabalho bem como as habilidades e tarefas executadas que oferecem dificuldades. Descrevo, a seguir, os instrumentos utilizados na coleta de dados. Anexo aos questionários de pesquisa, havia um texto informativo (Anexo 1) sobre os objetivos de pesquisa e uma autorização prévia para a aplicação do questionário. Para obter os dados necessários para a realização deste estudo, utilizei como instrumentos de coleta dois questionários – questionário 1, elaborado para os supervisores (Anexo 2); questionário 2, para os funcionários (Anexo 3) – e uma entrevista semiestruturada (Anexo 4) , realizada somente com supervisores de departamentos. 2.3.1 Os questionários Para este trabalho de pesquisa optei pela utilização de questionários com questões fechadas, semiabertas e abertas, como um dos instrumentos de coleta de dados, por ter um número grande de informantes e de natureza distintas. Gil (1999, p. 128) define questionário como: [...] a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc. Gil (1999, p. 128-30) elenca algumas vantagens e limitações dos questionários: Vantagens: possibilita atingir um grande número de pessoas, mesmo que estejam dispersas numa área geográfica muito extensa, já que o questionário pode ser enviado pelo correio; implica menos gastos com pessoal, posto que o questionário não exige treinamento dos pesquisadores; garante o anonimato das respostas; permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente; não expõe os pesquisados à influência das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado. Limitações: exclui as pessoas que não sabem ler e escrever; impede o auxílio ao informante quando este não entende corretamente as 55 instruções ou perguntas; impede o conhecimento das circunstâncias em que foi respondido, o que pode ser importante na avaliação da qualidade das respostas; não oferece a garantia de que a maioria das pessoas devolvam-no devidamente preenchido, o que pode implicar a significativa diminuição da representatividade da amostra; envolve, geralmente, número relativamente pequeno de perguntas, porque é sabido que questionários muito extensos apresentam alta probabilidade de não serem respondidos; proporciona resultados bastante críticos em relação à objetividade, pois os itens podem ter significado diferente para cada sujeito pesquisado. Além disso, Gil (1999, p.131) classifica as questões de questionários como: fechadas: apresenta-se ao respondente um conjunto de alternativas de resposta para que seja escolhida a que melhor representa sua situação ou ponto de vista; abertas: apresenta-se a pergunta e deixa-se um espaço em branco para que a pessoa escreva sua resposta sem qualquer restrição; dependentes: quando uma questão depende da resposta dada a uma outra. Junto com os dois questionários, destinados aos supervisores e funcionários, foi enviado um texto introdutório (anexo 1) explicando a pesquisa. Esses foram enviados a uma funcionária do Departamento de Recursos Humanos via e-mail, e ela posteriormente encaminhou o primeiro aos 7 supervisores e à auxiliar administrativa. Tendo estes respondido, foi enviado o segundo, pelo mesmo procedimento, aos 25 funcionários e à auxiliar administrativa (que respondeu ambos)38. Os questionários eram respondidos pelos funcionários e enviados, obrigatoriamente, para a funcionária do RH, com cópia para meu email particular. O questionário 1 (anexo 2) foi aplicado aos supervisores de cada departamento da unidade de negócios. Do total de dez departamentos, sete possuem supervisores e dois não (tendo somente funcionários responsáveis). No caso da gerência executiva, quem respondeu ao questionário foi a auxiliar administrativa. Portanto 7 supervisores e a auxiliar administrativa responderam ao questionário de supervisores. O objetivo do questionário 1 era mapear as situações-alvo em que a Língua Inglesa é utilizada na realização de tarefas de trabalho. O questionário continha questões semiabertas, nas quais foram elencadas várias situações de trabalho39 em que a língua é utilizada. Os supervisores tinham que assinalar aquelas mais corriqueiras em seus departamentos, seguidas da indicação das tarefas executadas em cada situação indicada. Outras informações diziam respeito às pessoas com as quais os funcionários comunicavam-se utilizando Inglês, a forma Para a pesquisa só foi considerado o questionário que a funcionária respondeu como usuária, e não o que ela preencheu como representante do gerente executivo. 39 Situações de trabalho extraídas e adaptadas de: JONES, L. Working in English. Cambridge: Cambridge University Press, 2001. 38 56 de contato, habilidades linguísticas mais utilizadas na execução das tarefas, frequência do uso do idioma e, finalizando, as habilidades e as tarefas que ofereciam dificuldades na sua execução. O questionário 2 (anexo 3) foi respondido pelos 25 funcionários dos departamentos, mais a assistente administrativa, e tinha como objetivo principal fazer o levantamento das tarefas executadas usando o Inglês. As questões iniciais abordavam o perfil dos funcionários; as questões seguintes versavam sobre a frequência do uso do idioma, as pessoas com quem a língua é utilizada e as principais formas de contato. Todas essas questões eram fechadas. Já as questões sobre as tarefas executadas eram abertas, para que mais detalhes pudessem surgir nas respostas. Para finalizar, foram utilizadas perguntas sobre as habilidades e as tarefas que oferecem dificuldade na sua execução. O período de coleta de dados utilizando os questionários dos supervisores (anexo 2) e funcionários(anexo 3) foi de 03/09/2008 a 31/10/2008. O passo seguinte foi agendar as entrevistas (anexo 4) com os supervisores junto ao Departamento de Recursos Humanos, de posse das tarefas executadas nos departamentos para servirem de dados complementares nos encontros. 2.3.2 A entrevista semiestruturada Utilizei uma entrevista semiestruturada para complementar a coleta de dados junto aos sete supervisores informantes desta pesquisa e a auxiliar administrativa. Gil (1999, p. 117) define entrevista: [...] como a técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que interessam à investigação. A entrevista é, portanto, uma forma de interação social. Mais especificamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação. Segundo Nunan (1992, p.149), entrevista semiestruturada é caracterizada quando: [...] o entrevistador tem uma idéia geral de onde ele ou ela quer que a entrevista chegue e o que deveria originar dela, mas não entra na entrevista com uma lista de perguntas pré-determinadas. Ao invés de questões, tópicos e assuntos determinam o curso da entrevista. 40 Para a elaboração do roteiro de entrevista, utilizei a lista de situações de trabalho41 do [...] the interviewer has a general Idea of where he or she wants the interview to go, and what should come out of it, but does not enter the interview with a list of predetermined questions. Topics and issues rather than questions determine the course of the interview. 41 Extraídas e adaptadas de JONES, L. Working in English. Cambridge: Cambridge University Press, 2001. 40 57 questionário dos supervisores, acrescida de tarefas relacionadas a essas situações, oferecendo ao participante uma opção aberta, caso as opções oferecidas não atendessem à necessidade de suas respostas. As situações, juntamente com algumas tarefas utilizadas no guia da entrevista foram: recepção de visitantes estrangeiros, reuniões, atendimento telefônico, negociação, apresentação, demonstração de um produto, redação, leitura, entrevista, viagens, participação em videocoferências, participação em conference calls, tradução de documentos, descrição de processos e procedimentos, treinamentos e instruções. As entrevistas com os sete supervisores dos departamentos e a auxiliar administrativa da gerência foram agendadas pela funcionária do RH responsável pelo acompanhamento do trabalho de pesquisa, para serem realizadas nos dias 10/11/08 e 18/11/08. A razão da escolha da auxiliar administrativa para participar da entrevista deu-se devido à possibilidade de ser uma fonte de referência para as atividades globais da unidade de negócios, já que não foi possível obter informações do Gerente Executivo. O objetivo da entrevista foi obter informações sobre as situações e tarefas executadas em Língua Inglesa pelos funcionários na situação-alvo em que atuavam. As entrevistas foram divididas da seguinte forma: no primeiro dia (10/11/08), foram feitas com quatro supervisores, sendo eles dos departamentos de Vendas, Finanças, Power Eletronics e Serviços; no segundo dia (18/11/08), foram feitas com três supervisores dos departamentos de Consumidor, Marketing, Engenharia e a auxiliar administrativa da gerência. Após o agrupamento das tarefas executadas informadas pelos 33 funcionários nos questionários, reuni as tarefas comuns executadas nos departamentos, organizei-as em uma lista que foi utilizada como um roteiro auxiliar da entrevista. A organização das entrevistas ocorreu da seguinte maneira: uma sala utilizada para seleção no departamento de Recursos Humanos foi reservada e a recepcionista do Departamento de Recursos Humanos ligava para os departamentos para que os supervisores, um por vez, se dirigissem à sala para os encontros. Devido a problemas técnicos com o equipamento de gravação no primeiro dia de entrevistas, não foi possível registrar as entrevistas em arquivo de áudio. Decidi, então, registrar por escrito as informações fornecidas pelos supervisores no roteiro de entrevista; como forma de manter o padrão de coleta de dados, no segundo dia de entrevistas, decidi pela continuação da anotação das informações no próprio roteiro. Utilizei a lista de tarefas executadas nos departamentos, e que foi elaborada à partir das informações provenientes dos questionários dos supervisores e funcionários para complementar as informações obtidas durante a entrevista. 58 Cada entrevista com os supervisores teve a duração de aproximadamente trinta minutos (estendendo-se eventualmente por até quarenta minutos), o tempo acordado entre o pesquisador e o Departamento de Recursos Humano. As questões das entrevistas foram baseadas em um roteiro (anexo 4) que continha diversas tarefas comumente executadas em situações de trabalhos, sendo oferecidas várias opções de situações relacionadas à tarefa principal, as tarefas executadas nos departamentos, com quem a língua era utilizada, as tarefas executadas em Língua Inglesa e que ofereciam dificuldades. 2.4 Procedimentos para a análise de dados Retomando os objetivos desta pesquisa que é fazer a análise de necessidades do uso de Língua Inglesa junto aos diversos departamentos dessa instituição e identificar tanto as tarefas que os funcionários desempenham utilizando essa língua nas diversas situações de trabalho, quanto às tarefas que oferecem dificuldades em sua execução. Os dados referentes às tarefas executadas nos departamentos utilizando a Língua Inglesa na unidade de negócios foram divididos em dois blocos, departamentos que se reportam à Matriz nos EUA e os que não se reportam. Posteriormente, as tarefas foram divididas e alocadas nas cinco macro habilidades comunicativas a saber: ouvir, falar, falarouvir, ler e escrever. As tarefas foram alocadas de acordo com as habilidades comunicativas exigidas para sua execução conforme informado nos instrumentos de coleta e em alguns casos alocadas por mim com base em Jones (2001). A análise dos dados levantados foi feita com vistas a responder as três perguntas de pesquisa estabelecidas por mim na Introdução desta dissertação e retomadas a seguir. A minha primeira pergunta de pesquisa e a principal foi: Quais são as tarefas executadas em Inglês nas situações de trabalho em uma empresa multinacional na visão dos supervisores e dos funcionários? As respostas referentes às tarefas executadas na situaçãoalvo nos diversos departamentos da unidade de negócios, tanto na visão dos supervisores quanto na dos funcionários, possibilitou responder a minha primeira pergunta de pesquisa. A segunda pergunta foi: Quais são as dificuldades apontadas pelos supervisores e funcionários na execução de tarefas usando o Inglês? Com as respostas referentes às dificuldades apontadas pelos supervisores e funcionários na execução de tarefas foi possível responder a minha segunda pergunta de pesquisa. A terceira pergunta foi: Quais são as habilidades que oferecem dificuldades na 59 execução de tarefas usando o Inglês na visão dos supervisores e dos funcionários? Com as respostas referentes às habilidades que oferecem dificuldades na visão de supervisores e funcionários foi possível responder a minha terceira e última pergunta de pesquisa. 2 4.1 O questionário dos supervisores Para iniciar minha análise das respostas aos questionários pelos supervisores, separei as respostas por tarefas executadas nos departamentos que se reportam e não se reportam à Matriz nos EUA. Dividi as tarefas executadas nos departamentos pelas cinco habilidades linguísticas (ouvir, falar, falar-ouvir, escrever e ler) propostas por Duddley Evans e St. John (1998) para visualizar as habilidades envolvidas na execução de tarefas nos departamentos. Os sete supervisores dos diversos departamentos forneceram dados para a identificação das necessidades da situação-alvo, as principais tarefas executadas nos departamentos, as dificuldades apresentadas na execução de tarefas e as principais habilidades que oferecem dificuldades na execução das tarefas. A análise foi realizada dividindo-se os departamentos em dois blocos: os que se reportam diretamente à Matriz nos EUA e os que não se reportam diretamente a ela. Categorizei os dados por tarefas desempenhadas nos departamentos, as que oferecem dificuldades e habilidades que oferecem dificuldade na execução de tarefas na visão dos supervisores. 2.4.2 O questionário dos funcionários Para iniciar minha análise das respostas dos questionários dos funcionários, segui o mesmo procedimento relatado no item anterior. Os informantes foram funcionários dos diversos departamentos e o foco recaiu na identificação das necessidades da situação-alvo (também relacionadas às respostas sobre as necessidades objetivas da situação-alvo) e nas tarefas executadas, buscando identificar as dificuldades e as principais a habilidades que oferecem dificuldades na execução das tarefas na visão dos funcionários. 2.4.3 A entrevista com supervisores Na divisão dos departamentos da unidade de negócios há uma diferença na configuração dos departamentos com relação à distribuição dos funcionários nos 60 departamentos que possuem e não possuem supervisores. Os departamentos que se reportam à Matriz são cinco, Consumidores, Power Eletronics, Serviços, porém Venda de peças e a Gerência Executiva não possuem supervisores, a entrevista foi realizada somente com os supervisores de departamento e a auxiliar de gerência. Os departamentos que não se reportam à Matriz são em número de cinco também, Finanças, Vendas G-Drive, Marketing, Vendas e Engenharia. Nos departamentos que não se reportam à Matriz existe diferença na configuração de, somente um departamento, o departamento de Vendas G-Drive que não possui supervisor, somente uma funcionária responsável, portanto, a entrevista foi realizada com os supervisores dos quatro departamentos, exceto Vendas G-Drive. Devido à diferença na configuração e distribuição dos funcionários nos departamentos, em alguns casos não foi possível fazer o contraste das tarefas executadas na visão de supervisores e funcionários, sendo considerado portanto, somente as respostas referentes às tarefas executadas em Inglês pelos informantes em suas rotinas de trabalho. O roteiro da entrevista semiestruturada foi elaborado a partir de situações extraídas de Jones (2001) e as tarefas informadas pelos informantes nas questões abertas dos questionários. O objetivo da entrevista foi levantar as necessidades das situações-alvo e as tarefas executadas usando o Inglês nos departamentos como forma de complemento dos dados obtidos nos questionários. Uma das perguntas tratava das necessidades relacionadas à elaboração de um curso e visava identificar o que deveria obrigatoriamente constar do currículo, caso os funcionários tivessem que estudar Inglês na empresa; outra, abordava as tarefas executadas e as principais dificuldades encontradas nos departamentos; uma outra pergunta versou sobre o que era essencial ao funcionário saber para executar as tarefas do departamento enfocando as habilidades ouvir, falar, ouvir-falar, ler e escrever. Os dados obtidos na entrevista foram relacionados aos dados dos questionários (lista de tarefas) dos supervisores para poder identificar as necessidades da situação-alvo e as necessidades de aprendizagem. A apresentação e discussão dos resultados para as perguntas de pesquisa serão apresentadas em detalhes no Capítulo 3. Considerando a hipótese de que os setores que se reportam diretamente à Matriz fazem mais uso do Inglês do que os que não se reportam, a discussão dos resultados será feita em dois segmentos, como já comentado: o dos departamentos que respondem diretamente à Matriz e o dos departamentos que não respondem diretamente à Matriz. 61 CAPÍTULO 3 Apresentação e discussão dos resultados Este capítulo apresenta e discute os resultados da análise de dados, distribuídos em três partes, cada qual visando responder a uma das perguntas de pesquisa: 1) Quais são as tarefas executadas em Inglês nas situações de trabalho em uma empresa multinacional na visão dos supervisores e funcionários? 2) Quais são as dificuldades apontadas pelos supervisores e funcionários na execução de tarefas usando o Inglês? 3) Quais são as habilidades que oferecem dificuldades na execução de tarefas usando o Inglês na visão dos supervisores e dos funcionários? 3.1 Tarefas executadas em Inglês nas situações de trabalho na visão dos supervisores e funcionários Na primeira parte desta seção, apresento e discuto os resultados referentes ao uso do Inglês nos departamentos que se reportam diretamente à Matriz (Gerência executiva, Serviços, PE, Consumidor e Venda de Peças). Na segunda parte, faço o mesmo com os resultados referentes ao uso do Inglês nos departamentos que não se reportam diretamente à Matriz (Finanças, G-Drive, Marketing, Vendas e Engenharia). Em uma terceira parte, sintetizo e comparo os resultados desses dois grupos. 3.1.1 Departamentos que se reportam diretamente à Matriz 3.1.1.1 Supervisores Dos dez departamentos da unidade de negócios, cinco se reportam diretamente à Matriz nos EUA, sendo que somente três têm um supervisor, a saber: Consumidor, PE e Serviços. Não há supervisor no departamento de Venda de Peças. A Gerência Executiva, que também responde à Matriz, foi representada pela auxiliar administrativa. Na figura na página seguinte, estão em destaque os supervisores que se reportam à Matriz e seus respectivos departamentos. 62 Gerência Executiva Aux. Administrativa Supervisor Consumidor Venda de Peças Supervisor PE Supervisor Serviços Analista de Marketing de Peças Engenheiro de Produtos Engenheiro de Serviços Engenheiro de Produtos Analista de Eng. Serviços Jr. Estagiário Figura 3.1 – Departamentos e respectivos supervisores que se reportam diretamente aos EUA Detalharei, a seguir, as informações obtidas de cada um dos participantes, por meio de questionários e entrevistas, para chegar a uma síntese desse grupo no item 3.1.1.2. O departamento Consumidor é composto somente por um funcionário, isto é, um supervisor. Esse departamento é responsável pelo pós-venda de seus produtos e pelos treinamentos sobre técnicas de vendas. Na entrevista e no questionário, em termos das necessidades, o supervisor identifica estas tarefas que utilizam o Inglês em seu departamento: CONSUMIDOR Depto Tarefas Participar de treinamentos e receber instruções Fazer apresentações para serem usadas por líderes locais (da América Latina, Hong Kong, EUA e Austrália) Ministrar treinamentos Descrever processos e procedimentos Receber visitantes estrangeiros Atender telefonemas Participar de conference calls e reuniões presenciais Dar treinamentos e instruções Negociar com Austrália, hong Kong, Europa e EUA Participar de feiras internacionais e demonstrar produtos Traduzir e-mail, documentos, relatórios, manuais Descrever processos e procedimentos Redigir e-mail Redigir apresentações Ler e-mail, contratos, relatórios, propostas, manuais Habilidades Meio de contato Interlocutor(es) Face a face Telefone Conference call E-mail Funcionários da Matriz e filiais, clientes estrangeiros Ouvir Falar Falar-Ouvir Escrever Ler Quadro 3.1 – Tarefas executadas no departamento Consumidor na visão do supervisor 63 Informações obtidas na entrevista complementam as levantadas pelo questionário: o departamento desenvolve uma variedade de tarefas utilizando o Inglês: reuniões de negociações na Matriz nos EUA, Europa e Caribe; treinamentos sobre vendas no Caribe, ministrados ou em Inglês ou em espanhol, apesar de o apoio em apresentações ser sempre em Inglês (é uma regra da empresa escrever todas as apresentações nesse idioma). A fluência na execução das tarefas é imprescindível para o departamento, que tem uso diário do telefone e do e-mail, bem como participação em conference calls especificamente em um período do mês. Essa participação constitui uma grande dificuldade, segundo o supervisor. Há contato pessoal constante entre os interlocutores, sejam eles os funcionários da Matriz e das filiais ou clientes estrangeiros, acompanhados em feiras. O bom conhecimento do Inglês se torna extremamente importante para o desempenho das tarefas no departamento. O supervisor ressalta que é necessário também conhecer as nuances culturais que envolvem o relacionamento entre estrangeiros para interagir adequadamente com cada um de seus interlocutores. O departamento Power Eletronics (PE)42 é composto por um supervisor e três funcionários e é responsável pela produção de peças eletrônicas, pela projeção de sistemas elétricos e eletrônicos, chaves de transferências e sistemas de paralelismo. Segundo o supervisor, são próprias desse departamento as tarefas informadas no questionário e entrevista, registradas a seguir: POWER ELETRONICS (PE) Depto Tarefas Receber treinamento sobre produtos e aplicações Fazer apresentações Demonstrar um produto Descrever processos e procedimentos, testes e manuais Receber visitantes estrangeiros Participar de reuniões nos EUA e no Brasil Atender telefonemas Participar de conference calls para negociações e vendas Redigir e-mail, propostas técnicas e comerciais, manuais e apresentações Descrever processos e procedimentos, testes e manuais Ler e-mail, manuais, relatórios e apresentações Ler traduções para checagem Habilidades Meio de contato Interlocutor(es) Ouvir Falar Falar-Ouvir Face-a-face Telefone Conference calls E-mail Funcionários da Matriz e clientes estrangeiros Escrever Ler Quadro 3.2 – Tarefas executadas no departamento Power Eletronics (PE) na visão do supervisor. 42 O nome do departamento foi mantido na forma original, sem tradução, porque assim é utilizado pelos próprios funcionários dentro da empresa. 64 Na entrevista, o supervisor identifica, em seu departamento, um maior número de tarefas de interação oral (falar-ouvir) como: receber visitantes estrangeiros, atender telefonemas, participar de conference calls e reuniões, embora registre também a necessidade de executar tarefas como redigir e ler diferentes textos em Inglês, principalmente materiais referentes a técnicas comerciais, manuais e relatórios. Reunindo todas as informações fornecidas pelo supervisor, percebe-se que as tarefas mais executadas no departamento Power Eletronics são: receber visitantes estrangeiros, participar em conference calls e reuniões e atender telefonemas. Os principais meios de contato com estrangeiros dá-se por meio de telefone, face a face, conference calls e e-mail e os principais interlocutores são funcionários da Matriz e clientes estrangeiros. Como o supervisor explica, na entrevista, o departamento Serviços é composto por um supervisor e três funcionários43. O departamento é responsável por esclarecer dúvidas e dar suporte técnico para os EUA e Europa, por demonstrar produtos, explicando características e benefícios, informar clientes sobre serviços de assistência técnica e garantia, lançar produtos novos fabricados no Brasil e exportados para a Europa, descrever processos e procedimentos, mostrando como um produto funciona para a Europa e a Ásia. Os dados levantados com o questionário e a entrevista mostram o que o supervisor identifica como tarefas essenciais para o departamento em relação ao uso de Inglês: SERVIÇOS Dpto Tarefas Receber treinamentos Fazer apresentações sobre procedimentos Demonstrar um produto novo Descrever processos e procedimentos Receber visitantes estrangeiros Participar de reuniões com o pessoal da Matriz Atender telefonemas Participar de conference calls Redigir e-mail Traduzir documentos e manuais Descrever processos e procedimentos Elaborar manuais Ler e-mail Habilidades Ouvir Meio de contato Interlocutor(es) Falar Falar-Ouvir Face-a-face Telefone Conference calls E-mail Funcionários da Matriz, clientes e fornecedores estrangeiros Escrever Ler Quadro 3.3 – Tarefas executadas no departamento Serviços na visão do supervisor Na entrevista, o supervisor reitera as informações do questionário e informa a necessidade de executar tarefas de interação oral, como: receber visitantes estrangeiros, participar de reuniões, atender telefonemas e participar de conference calls. Aponta também a 43 Um Engenheiro de Serviços não participou da pesquisa, o que totaliza 3 informantes do departamento Serviços. 65 necessidade de os funcionários redigirem diferentes textos em Inglês, como manuais e descrição de processos e procedimentos. Os meios de contados são face a face, telefone, email e conference calls, utilizados com funcionários da Matriz e clientes e fornecedores estrangeiros. A seguir, apresento uma síntese das tarefas executadas nos departamentos Consumidor, Power Eletronics e Serviços na visão dos supervisores, separando-as em tarefas comuns e diferentes aos três departamentos. 3.1.1.1.1 Síntese Relembro que os departamentos que se reportam à Matriz são cinco, porém Venda de peças e a Gerência Executiva não possuem supervisores, portanto não entram nesta síntese. Reapresentando as tarefas executadas nos departamentos Consumidor, Power Eletronics e Serviços, que se reportam diretamente à Matriz nos EUA na visão dos supervisores, verificase que nos três departamentos o número de tarefas executadas em Inglês são praticamente equivalentes (15 no departamento Consumidor, 12 em Power Eletronics e 12 no departamento Serviços) e aquelas que são comuns, em destaque, também. Tarefas diferentes Tarefas comuns Consumidor Power Eletronics Serviços 1-Atender telefonemas 1-Atender telefonemas 1-Atender telefonemas 2-Descrever processos e 2-Descrever processos e 2-Descrever processos e procedimentos procedimentos procedimentos 3-Fazer apresentações 3- Fazer apresentações 3-Fazer apresentações 4-Ler e-mail 4-Ler e-mail 4-Ler e-mail 5-Participar de conference calls 5-Participar de conference calls 5-Participar de conference calls 6-Participar de reuniões 6-Participar de reuniões 6-Participar de reuniões 7-Receber treinamentos e 7-Receber treinamentos e 7-Receber treinamentos e receber receber instruções receber instruções instruções 8-Receber visitantes 8-Receber visitantes 8-Receber visitantes estrangeiros estrangeiros estrangeiros 9-Redigir e-mail 9-Redigir e-mail 9-Redigir e-mail 10-Dar treinamentos e instruções 10-Demonstrar um produto 10-Demonstrar um produto novo 11-Ler contratos, relatórios, 11-Ler manuais, relatórios e 11-Elaborar manuais propostas, manuais apresentações, traduções para 12-Traduzir documentos e manuais 12-Negociar com Austrália, hong checagem Kong, Europa e EUA 12-Redigir propostas técnicas e 13-Participar de feiras comerciais, manuais e internacionais 14-Redigir apresentações apresentações 15-Traduzir e-mail, documentos, relatórios, manuais Quadro 3.4 – Síntese das tarefas comuns e diferentes executadas nos departamentos que se reportam aos EUA na visão do supervisores Sintetizando, atender telefonemas, participar de reuniões e conference calls, receber visitantes estrangeiros, descrever processos e procedimentos, fazer apresentações, ler e redigir e-mail, receber treinamentos e instruções são as tarefas que despontam como comuns aos três 66 departamentos que se reportam à Matriz. Dentre as que não são comuns no departamento Consumidor encontram-se: treinamentos e instruções, ler contratos, relatórios e propostas, negociar, participar de feiras, redigir apresentações e traduzir documentos; em Power Eletronics, redigir propostas técnicas e demonstrar produto e ler manuais e propostas técnicas; em Serviços, demonstrar um produto, traduzir e elaborar documentos e manuais, as tarefas peculiares a cada departamento em específico pode estar relacionada as atividades que cada departamento desempenha na unidade de negócios. A seguir, apresento e discuto os dados referentes aos funcionários dos departamentos que se reportam à Matriz nos EUA. 3.1.1.2 Funcionários Relembrando que, dos dez departamentos da unidade de negócios, cinco se reportam diretamente à Matriz nos EUA, apresento a seguir, em destaque, a divisão dos sete funcionários que se reportam à Matriz em seus respectivos departamentos. Gerência Executiva Aux. Administrativa Consumidor Supervisor Venda de Peças PE Supervisor Serviços Supervisor Analista de Marketing de Peças Engenheiro de Produtos Engenheiro Serviços Engenheiro de Produtos Anal. Eng. Serviços Jr. Estagiário Figura 3.2 – Departamentos e respectivos funcionários que se reportam aos EUA Conforme indicado anteriormente, o Gerente Executivo não pôde participar desta pesquisa por não se encontrar disponível e a auxiliar Administrativa foi convidada a participar em seu lugar, com vistas a dar um panorama geral das atividades da unidade de negócios. Durante a entrevista, a auxiliar da Gerência Executiva relatou exercer funções de secretária executiva bilíngue. Cuidava de organizar as atividades do gerente executivo e servia como interlocutora entre os departamentos e a gerência da unidade de negócios. 67 Ela registrou, no questionário, as tarefas que desenvolve em Inglês, mostradas a seguir: GERÊNCIA EXECTIVA Depto Tarefas Participar de treinamentos na Matriz Fazer apresentações Descrever procedimentos Participar de conference calls Atender e dar telefonemas Receber visitantes estrangeiros Redigir e-mail Redigir apresentações sobre procedimentos Fazer relatórios mensais Descrever procedimentos Traduzir comunicados Ler e-mail Ler apresentações Ler relatórios Ler descrições de procedimentos Ler comunicados internos Habilidades Ouvir Meio de contato Interlocutor(es) Falar Falar-Ouvir Escrever Face a face Telefone Conference call E-mail Funcionários da Matriz e filiais Ler Quadro 3.5 – Tarefas executadas no departamento Gerência Executiva na visão da assistente administrativa De acordo com a entrevista da auxiliar administrativa, a frequência de leitura em Inglês é diária, devido às funções que desempenha, como cuidar das comunicações recebidas da Matriz, dos relatórios, das descrições de procedimentos. Reunindo todos os dados desta informante, observa-se com relação a outros departamentos que as habilidades mais usadas pela auxiliar administrativa são ler e escrever, já que executa suas tarefas e organiza também as tarefas do gerente executivo. Realiza tarefas como redigir e-mails, apresentações, relatórios, traduzir comunicados e redige apresentações sobre procedimentos. A informante relatou que estudou Inglês por dez anos e morou no exterior por um período, estudando a língua. O departamento Venda de Peças é constituído por somente uma funcionária44, cujo cargo é o de analista de marketing de peças. O departamento é responsável pela comercialização de diversos componentes para os distribuidores ao redor do mundo e pelo serviço de pós-venda. A funcionária responde para a gerência da unidade de negócios e para a Matriz nos EUA. Os dados levantados com o questionário respondido são mostrados na página seguinte: 44 O supervisor desse departamento encontra-se sediado na Matriz. 68 VENDA DE PEÇAS Depto Tarefas Habilidades Meio de contato Interlocutor(es) -Ouvir Falar Fazer apresentações Telefone Participar de conference calls com Funcionários da Conference calls Inglaterra, EUA e Singapura Falar-ouvir Matriz e filiais E-mail Atender telefonemas Escrever Redigir e-mail Ler Leitura de e-mail Quadro 3.6 – Tarefas executadas no departamento Venda de peças na visão da funcionária De acordo com os dados obtidos no questionário e mostrados no quadro acima, articulados aos da entrevista, pode-se observar que a funcionária realiza tarefas como participar de conference calls com funcionários da Matriz e diversas filiais localizadas em Singapura, Inglaterra e EUA, além de atender telefonemas até três vezes por semana. Utiliza também para se comunicar conference calls e e-mail, faz apresentações em Inglês, embora não tenha informado tarefas em que utilize somente a habilidade ouvir. A funcionária informou ter estudado Inglês por cinco anos em escolas de idiomas. O departamento Power Eletronics (PE) é formado por um supervisor, dois engenheiros de produtos e por um estagiário. O departamento, como citado anteriormente, é responsável pela produção de peças eletrônicas, pela projeção de sistemas elétricos e eletrônicos, chaves de transferências e sistemas de paralelismo. Os dados levantados com os questionários aplicados para esses três funcionários são mostrados no quadro a seguir: POWER ELETRONICS (PE) Depto Tarefas Habilidades Meio de contato Interlocutor(es) Ouvir Participar de treinamentos e palestras Falar Participar de treinamentos e palestras Acompanhar estrangeiros em jantares e almoços Atender telefonemas Participar de reuniões Falar-Ouvir Participar de treinamentos e palestras Face a face Funcionários da Receber funcionários da Matriz Telefone Matriz e filiais, Conference call Receber visitantes estrangeiros clientes e E-mail Visitar fornecedores fornecedores Chat45 Redigir e-mail estrangeiros Redigir diagramas elétricos Escrever Resolver dúvidas técnicas via chat corporativo Ler diagramas elétricos Ler e-mail Ler Ler especificações técnicas e manuais Quadro 3.7 – Tarefas executadas no departamento Power Eletronics (PE) na visão dos funcionários Não foi apresentado como opção no questionário, mas um dos funcionários informou como sendo um dos meios utilizados. 45 69 Segundo os três funcionários do departamento Power Eletronics, as tarefas que realizam utilizando o Inglês são na grande maioria: receber visitantes estrangeiros, acompanhá-los a jantares e almoços, participar de treinamentos e reuniões, atender telefonemas, visitar fornecedores. Os funcionários informaram também que realizam tarefas como ler e redigir e-mails, ler e redigir diagramas elétricos, ler especificações técnicas e manuais e utilizar o chat corporativo para resolver dúvidas técnicas. O principal meio de comunicação informado pelos três funcionários são: telefone, email, face a face e chat corporativo na rotina de trabalho; seus interlocutores são funcionários da Matriz e filiais, clientes e fornecedores estrangeiros. O departamento Serviços é composto por quatro funcionários, um supervisor, dois engenheiros de serviços46 e um analista de engenharia de serviços júnior, totalizando três informantes. O departamento é responsável por esclarecer dúvidas e dar suporte técnico para os EUA e Europa, por demonstrar produtos, explicando características e benefícios, informar clientes sobre serviços de assistência técnica e garantia, lançar produtos novos fabricados no Brasil e exportados para a Europa, descrever processos e procedimentos, mostrando como um produto funciona para a Europa e a Ásia. Os dados levantados com os questionários respondidos pelos dois funcionários do departamento são mostrados a seguir: SERVIÇOS Depto Tarefas --Atender telefonemas Participar de conference calls Redigir e-mail Redigir e-mail sobre defeitos ou identificação de peças Ler e-mail Ler e-mail sobre solicitação de documentos Habilidades Ouvir Falar Meio de contato Interlocutor(es) Telefone Conference call E-mail Funcionários da Matriz e filiais Falar-ouvir Escrever Ler Quadro 3.8 – Tarefas executadas no departamento Serviços na visão dos funcionários Os dois funcionários do departamento de Serviços informaram no questionário que desempenham na sua grande maioria tarefas como: ler e redigir e-mails sobre identificação de peças ou informação sobre defeitos e sobre solicitação de documentos, os funcionários também atendem telefonemas e participam de conference calls. Os funcionários do departamento Serviços não indicaram tarefas nas quais utilizam somente a habilidade de ouvir ou falar. Os principais canais de comunicação com seus interlocutores que são funcionários da 46 Um dos engenheiros de serviços não participou desta pesquisa. 70 Matriz e filiais são: telefone, conference calls e e-mail. No próximo item, apresento uma síntese das tarefas executadas nos departamentos Gerência executiva, Venda de peças, Power Eletronics e Serviços na visão dos funcionários separando-as em tarefas comuns e diferentes aos quatro departamentos. 3.1.1.2.1 Síntese Relembro que o departamento de Venda de peças não possui supervisor e a Gerência executiva foi representada pela auxiliar administrativa, portanto, há uma diferença na configuração dos departamentos que possuem e não possuem supervisores. Reapresentando as tarefas executadas nos departamentos Gerência Executiva, Venda de peças, Power Eletronics e Serviços, que se reportam diretamente à Matriz nos EUA na visão dos funcionários, verifica-se que nos quatro departamentos o número de tarefas executadas em Inglês informadas pelos funcionários não são equivalentes (12 na Gerência executiva, 05 no departamento Venda de peças, 12 em Power Eletronics e 05 no departamento Serviços) e há aquelas que são comuns, em destaque, em número reduzido (04 tarefas). Tarefas diferentes Tarefas comuns Gerência executiva 1-Atender telefonemas 2-Ler e-mail 3-Redigir e-mail 4-Participar de conference calls 5-Descrever procedimentos 6-Fazer apresentações 7-Fazer relatórios mensais 8-Ler apresentações, comunicados internos, descrições de procedimentos, relatórios 9-Participar de treinamentos na Matriz 10-Receber visitantes estrangeiros 11-Redigir apresentações sobre procedimentos 12-Traduzir comunicados Venda de peças 1-Atender telefonemas 2-Ler e-mail 3-Redigir e-mail 4-Participar de conference calls 5-Fazer apresentações PE Serviços 1-Atender telefonemas 2-Ler e-mail 3-Redigir e-mail 4-Participar de conference calls 5-Acompanhar estrangeiros em jantares e almoços 6-Ler diagramas elétricos 7-Ler especificações técnicas e manuais 8-Participar de reuniões, treinamentos, palestras 9-Receber visitantes estrangeiros 10-Redigir diagramas elétricos 11-Resolver dúvidas técnicas via chat 12-Visitar fornecedores 1-Atender telefonemas 2-Ler e-mail 3-Redigir e-mail 4-Participar de conference calls 5-Participar de treinamentos e palestras Quadro 3.9 – Tarefas comuns e diferentes executadas nos departamentos que se reportam aos EUA na visão dos funcionários Sintetizando as tarefas comuns executadas nos departamentos Gerência Executiva, Venda de peças, Power Eletronics e Serviços temos: atender telefonemas, participar de conference call, ler e redigir e-mails. Observa-se no quadro 3.9 que há uma grande diferença nas tarefas executadas entre os 71 departamentos Gerência executiva (12) e Power Eletronics (12), que são os que mais utilizam o Inglês, enquanto o departamento de Venda (5) e Serviços (5) têm mais tarefas em comum, embora utilizem menos o Inglês. Dentre as que não são comuns no departamento Gerência Executiva, estão: descrever procedimentos; fazer apresentações; fazer relatórios mensais; ler apresentações, comunicados internos, descrições de procedimentos, relatórios; participar de treinamentos na Matriz; receber visitantes estrangeiros; redigir apresentações sobre procedimentos e traduzir comunicados; em Venda de Peças somente fazer apresentações; em Power Eletronics encontram-se: acompanhar estrangeiros em jantares e almoços; ler diagramas elétricos; ler especificações técnicas e manuais; participar de reuniões, treinamentos, palestras; receber visitantes estrangeiros; redigir diagramas elétricos; resolver dúvidas técnicas via chat corporativo e visitar fornecedores; no departamento Serviços, somente participar de palestras e treinamentos constitui tarefa peculiar a cada departamento em específico, podendo estar relacionadas às atividades que cada departamento desempenha na unidade de negócios. A tarefa de fazer apresentações é comum somente aos departamentos Vendas de Peças e Gerência Executiva; a de participar de treinamentos e palestras é comum a três departamentos (Gerência Executiva, Power Eletronics e Serviços). Na seção seguinte, apresento uma síntese geral das tarefas que são comuns aos departamentos que se reportam à Matriz nos EUA na visão dos supervisores e funcionários. 3.1.1.3 Síntese geral das tarefas comuns aos departamentos que se reportam aos EUA na visão de supervisores e funcionários Sintetizando as tarefas comuns executadas nos departamentos que se reportam à Matriz na visão dos supervisores temos: atender telefonemas, participar de reuniões e conference calls, receber visitantes estrangeiros, descrever processos e procedimentos, fazer apresentações, ler e redigir e-mail, receber treinamentos e instruções. Essas tarefas e sua relação com as habilidades comunicativas correspondentes são mostradas no quadro na página a seguir: 72 Tarefas em comum executadas nos departamentos que se reportam aos EUA na visão dos supervisores Ouvir Receber treinamentos e instruções Falar Falar-Ouvir Descrever processos e procedimentos Fazer apresentações Atender telefonemas Participar de conference calls Participar de reuniões Receber visitantes estrangeiros Escrever Ler Redigir e-mail Ler e-mail Quadro 3.10– Habilidades e tarefas mais recorrentes nos departamentos que se reportam aos EUA na visão dos supervisores Pode-se observar que, no elenco das tarefas comuns, todas as habilidades comunicativas são exigidas. Há, entretanto, o predomínio das tarefas que exigem interações interpessoais orais que, por sua vez, são executadas com interlocutores diferentes (funcionários da Matriz e filiais, clientes e fornecedores estrangeiros) e por meio de contatos diferentes (face a face, telefone, conference calls e e-mail). As tarefas comuns executadas nos departamentos que se reportam à Matriz na visão dos funcionários são: atender telefonemas, ler e redigir e-mail. Essas tarefas e sua relação com as habilidades comunicativas correspondentes são mostradas a seguir: Tarefas em comum executadas nos departamentos que se reportam aos EUA na visão dos funcionários Ouvir XXX Falar Falar-Ouvir Escrever Ler Redigir e-mail Ler e-mail XXX Atender telefonemas Participar de conference call Quadro 3.11 – Síntese de tarefas mais recorrentes nos quatro departamentos que se reportam aos EUA na visão dos funcionários Ao comparar as tarefas comuns executadas, quatro macro habilidades são exigidas (ler e escrever) e as tarefas executadas são: ler e redigir e-mails; a tarefa que exige interação oral (falar-ouvir) são atender telefonemas e participar de conference call. Não houve tarefas comuns aos três departamentos que utilizam as habilidades de ouvir e falar na visão dos funcionários. A comunicação acontece com diferentes interlocutores: funcionários da Matriz e filiais, clientes e fornecedores estrangeiros e por diferentes meios de contato: face a face, telefone, conference calls, e-mail e chat corporativo. A partir do contraste entre as tarefas comuns executadas em cada departamento, podemos observar que, na visão dos supervisores, há mais tarefas executadas em Inglês do que na visão dos funcionários. As tarefas informadas pelos supervisores, mas não pelos funcionários, são: receber 73 treinamentos e instruções, descrever processos e procedimentos, fazer apresentações, participar de reuniões e conference calls, receber visitantes estrangeiros. Isso pode ser um indício de se tratar especificamente da função de alguns supervisores na empresa. Enquanto na rotina dos funcionários e também dos supervisores, atender telefones, ler e redigir e-mails são tarefas comuns executadas. Na seção seguinte, apresentarei os resultados relativos aos departamentos que não se reportam aos EUA. 3.1.2 Departamentos que não se reportam diretamente à Matriz 3.1.2.1 Supervisores Na unidade de negócios há cinco departamentos que não se reportam à Matriz. No departamento de Vendas G-Drive não há supervisor, somente uma funcionária responsável. Em destaque temos na figura a seguir os quatro departamentos em que há supervisores: Finanças, Marketing, Vendas e Engenharia. Gerência Executiva Supervisor Finanças Vendas G-Drive Anal. Financ. Senior Analista de vendas G-drive Supervisora Marketing Assistente Mark eting Estagiária Marketing Supervisor Vendas Supervisor Engenharia Engenheiro Vendas Projetista de Produtos Anal. Financ. Senior Engenheiro Aplicação Projetista de Produtos Analista Financeiro Administrador Contratos Mecânico de Protótipos Analista Financeiro Represent Vendas Engenheiro Eletricista Analista Financeiro Engenheiro Produto Anal. Financ Junior Estagiário Analist Analyst Figura 3.3 – Departamentos e respectivos supervisores que não se reportam aos EUA O departamento de Finanças é composto por oito funcionários: um supervisor, dois analistas de finanças sênior, uma analista de finanças júnior, três analistas de finanças e uma assistente administrativa47. O departamento é responsável pelas finanças da unidade de negócios, pela divulgação da política financeira da empresa, pelo recrutamento e seleção de candidatos a empregos e pela decisão de metas (budgets) da unidade de negócios. Eis os 47 A assistente administrativa do departamento de vendas não participou desta pesquisa. 74 dados do setor: FINANÇAS Depto Tarefas Receber treinamentos e instruções no exterior Fazer apresentações Dar treinamentos sobre leis, impostos brasileiros para os líderes globais Descrever processos e procedimentos Receber visitantes estrangeiros Participar de reuniões com estrangeiros no Brasil e no exterior Atender telefonemas Participar de conference calls Participar de videoconferências Traduzir documentos Descrever processos e procedimentos Participar de chat corporativo Redigir e-mail Participar de chat corporativo Ler e-mail Ler contratos e relatórios mensais Ler comunicados e sobre política financeira Habilidades Meio de contato Interlocutor(es) Ouvir Falar Falar-ouvir Face-a-face Telefone Conference call E-mail [Chat]48 Funcionários da Matriz e filiais Escrever Ler Quadro 3.12 – Tarefas executadas no departamento Finanças na visão do supervisor O supervisor identifica em seu departamento tarefas que envolvem a habilidade de falar-ouvir: receber visitantes estrangeiros, participar de reuniões e conference calls e videoconferências, atender telefonemas, embora registre também a necessidade de os funcionários lerem textos como contratos, relatórios mensais, comunicados e políticas financeiras e redigirem textos em Inglês, tais como tradução de documentos, e-mails e descrever processos e procedimentos. Os principais interlocutores do departamento de Finanças são funcionários da Matriz e filiais e o meio de contato com estrangeiros acontece face a face, por telefone, e-mail e conference call. O departamento de Marketing é composto por três funcionárias: uma supervisora, uma assistente de atendimento e uma estagiária de marketing. De acordo com os dados da entrevista, esse é o departamento responsável pelo planejamento das campanhas de vendas, planejamento de eventos, apresentação sobre processos e procedimentos de marketing. Os dados levantados com a entrevista e o questionário respondido pela supervisora estão assim mostrados na próxima página: 48 O meio de contato chat foi informado na entrevista e por isso foi inserido na tabela. 75 MARKETING Depto Tarefas Receber treinamentos e instruções Fazer apresentações sobre projetos Descrever processos e procedimentos Receber visitantes estrangeiros Participar de reuniões Atender telefonemas Participar de conference calls Redigir apresentações sobre processos e procedimentos Traduzir documentos, manuais Descrever processos e procedimentos Escrever e-mail Ler manuais técnicos e de marketing Ler e-mail Habilidades Ouvir Meio de contato Interlocutor(es) Falar Falar-ouvir Face-a-face Telefone Conference calls E-mail Funcionários da Matriz, filiais e clientes estrangeiros Escrever Ler Quadro 3.13 – Tarefas executadas no departamento Marketing na visão da supervisora Segundo a supervisora, em seu departamento, há necessidade de executar tarefas como receber visitantes estrangeiros, participar de reuniões e conference calls, atender telefonemas, e também há uma ênfase em escrever, como as tarefas redigir apresentações, e-mails e traduzir documentos e manuais. A supervisora informou na entrevista que é paralelamente líder de um grupo chamado CSE (Customer Service Excellence) e ressaltou que o departamento realiza várias tarefas relacionadas a esse grupo, entre elas, ir à Matriz nos EUA pelo menos duas vezes ao ano para participar de treinamentos, apresentar resultados para os grupos globais de CSE, além de participar e conduzir reuniões com sua equipe e participar de conference calls. Os principais meios de contato com estrangeiros acontece por telefone, face a face, e-mail e conference call. O Inglês é utilizado com funcionários da Matriz e filiais e clientes estrangeiros. O departamento de Vendas é composto por seis funcionários, porém um deles não participou da pesquisa, totalizando cinco informantes. O departamento é assim composto: um supervisor, um engenheiro de aplicação, dois analistas de vendas sênior49, um engenheiro de vendas e um administrador de contratos. O departamento é responsável por todo processo de comercialização dos produtos da unidade de negócios. Entre suas responsabilidades estão planejar vendas, elaborar planos estratégicos para a introdução e apresentação de novos produtos, apresentar produtos em feiras, atender clientes (pré e pós-venda). As tarefas executadas no departamento na visão do supervisor estão mostrados na página seguinte: 49 Um dos analistas de vendas sênior não participou desta pesquisa. 76 VENDAS Depto Tarefas Participar de treinamentos nos EUA Fazer apresentações Demonstrar produtos em feiras Dar treinamentos Descrever processos e procedimentos Receber visitantes estrangeiros Participar de reuniões Atender telefonemas Participar de conference calls Descrever processos e procedimentos Traduzir documentos e especificações sobre produtos Redigir e-mail Ler e-mail Habilidades Meio de contato Interlocutor(es) Face-a-face Telefone Conference calls E-mail Funcionários da Matriz e filiais Ouvir Falar Falar-ouvir Escrever Ler Quadro 3.14 – Tarefas executadas no departamento Vendas na visão do supervisor O supervisor informou na entrevista e questionário que, em seu departamento, existe a necessidade de executar tarefas como: receber visitantes estrangeiros, participar de reuniões e conference calls e atender telefonemas em maior número no departamento. Informa também as tarefas: descrever processos e procedimentos, traduzir documentos e especificações sobre produtos e redigir e-mail que requerem a habilidade de ler. Os principais meios de contato com estrangeiros são: face a face, telefone, e-mail e conference call. Os principais interlocutores informados pelo supervisor foram os funcionários da Matriz. O departamento de Engenharia, segundo o supervisor, é composto de sete funcionários: um supervisor, dois projetistas de produtos, um mecânico montador de protótipos, um engenheiro de produtos, um engenheiro eletricista e um estagiário de engenharia, o departamento é responsável pela construção de desenhos técnicos, pelo desenvolvimento de projetos, pela implementação das atividades de manutenção, pela testagem de sistemas, conjuntos e componentes, pela elaboração da documentação técnica de sistemas e equipamentos elétricos e pelo desenvolvimento de métodos, processos e produtos. As tarefas executadas no departamento e informadas pelo supervisor encontram-se sistematizadas na próxima página. 77 ENGENHARIA Depto Tarefas Receber treinamentos Fazer apresentações Descrever processos e procedimentos Receber visitantes estrangeiros Participar de reuniões Atender telefonemas Participar de conference calls Redigir e-mail Descrever processos e procedimentos Construir desenhos técnicos Redigir procedimentos e planlhas de testes Ler e-mail Ler normas internacionais e documentos Ler procedimentos técnicos e planilhas de teste Habilidades Ouvir Meio de contato Interlocutor(es) Face-a-face Telefone Conference calls E-mail Funcionários da Matriz, fornecedores e clientes estrangeiros Falar Falar-ouvir Escrever Ler Quadro 3.15 – Tarefas executadas no departamento Engenharia na visão do supervisor O supervisor identifica como necessidade em seu departamento de tarefas como receber visitantes estrangeiros, participar de reuniões, atender telefonemas e participar de conference calls, redigir e-mail, descrever processos e procedimentos, construir desenhos técnicos e redigir procedimentos e planilhas de teste como as que figuram com o maior número de tarefas executadas no departamento. Os principais meios de contato com estrangeiro são: telefone, face a face, conference calls e e-mail. No departamento de Engenharia, o Inglês é utilizado principalmente com funcionários da Matriz, fornecedores e clientes estrangeiros. Apresento, no item a seguir, uma síntese de todas as tarefas executadas nos departamentos que não se reportam à Matriz nos EUA na visão dos supervisores e funcionários. 3.1.2.1.1 Síntese Relembro que os departamentos que não se reportam à Matriz são cinco: Marketing, Vendas, Engenharia, Finanças e Vendas G-Drive. Vendas G-Drive, porém, não possui supervisor, portanto não entra nesta síntese. Reapresentando as tarefas executadas nos departamentos que não se reportam diretamente à Matriz nos EUA na visão dos supervisores, verifica-se que nos quatro departamentos o número de tarefas executadas em Inglês são praticamente equivalentes (12 no departamento Marketing, 12 em Vendas, 12 no departamento Engenharia e 14 no departamento Finanças) e aquelas que são comuns são em maior número nos quatro departamentos. 78 No quadro 3.16, apresento em destaque as tarefas comuns executadas nos Tarefas diferentes Tarefas comuns departamentos que não respondem diretamente à Matriz nos EUA, na visão dos supervisores: Marketing Vendas Engenharia Finanças 1-Atender telefonemas 2-Fazer apresentações 3- Ler e-mail 4-Participar de conference calls 5-Participar de reuniões 6-Receber visitantes estrangeiros 7-Redigir e-mail 8-Descrever processos e procedimentos 9-Receber treinamentos e instruções 10-Ler manuais técnicos e de marketing 11-Redigir apresentações sobre processos e procedimentos 12-Traduzir documentos, manuais 1-Atender telefonemas 2-Fazer apresentações 3-Ler e-mail 4-Participar de conference calls 5-Participar de reuniões 6-Receber visitantes estrangeiros 7-Redigir e-mail 8-Descrever processos e procedimentos 9-Receber treinamentos e instruções 10-Dar treinamentos 11-Demonstrar produtos em feiras 12-Traduzir documentos e especificações sobre produtos 1-Atender telefonemas 2-Fazer apresentações 3-Ler e-mail 4-Participar de conference calls 5-Participar de reuniões 6-Receber visitantes estrangeiros 7-Redigir e-mail 8-Descrever processos e procedimentos 9-Receber treinamentos e instruções 10-Construir desenhos técnicos 11-Ler normas internacionais e documentos, procedimentos técnicos e planilhas de teste 12-Redigir procedimentos e planilhas de testes 1-Atender telefonemas 2-Fazer apresentações 3-Ler e-mail 4-Participar de conference calls 5-Participar de reuniões 6-Receber de visitantes estrangeiros 7-Redigir e-mail 8-Descrever processos e procedimentos 9-Receber treinamentos e instruções 10-Dar treinamentos sobre leis, impostos brasileiros para os líderes globais 11-Ler comunicados e sobre política financeira, contratos e relatórios mensais 12-Participar de chat corporativo 13-Participar de videoconferências 14-Traduzir documentos Quadro 3.16 – Síntese das tarefas comuns e diferentes executadas nos departamentos que não se reportam aos EUA na visão dos supervisores Sintetizando as tarefas comuns executadas nos departamentos temos Marketing, Vendas, Engenharia, Finanças e Vendas G-Drive temos: atender telefonemas; fazer apresentações; ler e redigir e-mail; participar de conference calls, reuniões; receber visitantes estrangeiros; escrever processos e procedimentos; receber treinamentos e instruções. Dentre as que não são comuns no departamento Marketing, encontram-se: ler manuais técnicos e de marketing; redigir apresentações sobre processos e procedimentos e traduzir documentos, manuais; em Vendas, figuram: dar treinamentos; demonstrar produtos em feiras e traduzir documentos e especificações sobre produtos; em Engenharia, estão: construir desenhos técnicos; ler normas internacionais e documentos, procedimentos técnicos e planilhas de teste e redigir procedimentos e planilhas de testes; finalmente no departamento Finanças, encontram-se: dar treinamentos sobre leis, impostos brasileiros para os líderes globais; ler comunicados e sobre política financeira, contratos e relatórios mensais; participar de chat corporativo; participar de videoconferências e traduzir documentos, o que constitui tarefas peculiares a cada departamento em específico podendo estar relacionada as atividades 79 que cada departamento que não se reporta à Matriz desempenha na unidade de negócios. Na seção seguinte, apresentarei os resultados dos departamentos que não se reportam aos EUA na visão dos funcionários. 3.1.2.2 Funcionários Relembro que, dos dez departamentos que compõem a unidade de negócios, cinco não se reportam diretamente à Matriz nos EUA. Apresento a seguir, em destaque, a divisão dos dezenove funcionários que não se reportam à Matriz em seus respectivos departamentos. Gerência Executiva Supervisor Finanças Vendas G-Drive Anal. Financ. Senior Supervisora Marketing Assistente Marketing Estagiária Marketing Supervisor Vendas Supervisor Engenharia Engenheiro Vendas Projetista de Produtos Anal. Financ. Senior Engenheiro Aplicação Projetista de Produtos Analista Financeiro Administrador Contratos Mecânico de Protótipos Analista Financeiro Represent Vendas Engenheiro Eletricista Analista Financeiro Engenheiro Produto Anal. Financ Junior Estagiário Analist Analyst Figura 3.4 – Departamentos que não se reportam aos EUA e seus funcionários O departamento Finanças é composto por oito funcionários: um supervisor, dois analistas financeiros sênior, três analistas financeiros, um analista financeiro júnior e um assistente administrativo (que não respondeu ao questionário), o que perfaz um total de sete informantes. As tarefas levantadas com eles por meio do questionário podem ser observadas na página seguinte: 80 FINANÇAS Depto Tarefas Habilidades Meio de contato Interlocutor(es) Participar de treinamentos na Matriz Ouvir Fazer apresentações gerenciais Fazer apresentações sobre Falar procedimentos das leis brasileiras Descrever processos e procedimentos Atender telefonemas Participar de conference calls Participar de reuniões com visitantes Face a face Funcionários da Falar-ouvir estrangeiros Telephone Matriz e filiais, Receber funcionários da Matriz Conference call clientes e Receber visitantes estrangeiros E-mail fornecedores Descrever processos e procedimentos estrangeiros Preparar forecast Redigir apresentações Escrever Redigir e-mail Redigir planilhas e relatórios Tradução de documentos Ler e-mail Ler poíticas financeiras internacionais Ler Leitura de material de treinamentos Quadro 3.17 – Tarefas executadas no departamento Finanças na visão dos funcionários. Os sete funcionários do departamento de Finanças identificaram para seu departamento diversas tarefas: atender telefonemas, participar de conference calls e reuniões com visitantes estrangeiros, receber visitantes estrangeiros, informaram também que desempenham tarefas como descrever processos e procedimentos, preparar orçamento, redigir apresentações, e-mail, planilhas e relatórios e tradução de documentos. Os meios de contato mais utilizados são telefone, face a face, conference calls e e-mail. O Inglês é utilizado pelos funcionários do departamento de Finanças com funcionários da Matriz e filiais, clientes e fornecedores estrangeiros. O departamento G-Drive é responsável pela venda de motores para geradores personalizados e é composto por uma funcionária que tem o cargo de analista de vendas. As tarefas levantadas com a funcionária e obtidas por meio do questionário foram: VENDAS G-DRIVE Depto Tarefas - Fazer apresentações Participar de Conference calls Receber de estrangeiros Fazer Viagens internacionais Falar com a engenharia da empresa Atender telefonemas Redigir apresentações gerenciais Redigir relatórios gerenciais Redigir e-mail Leitura de e-mail Habilidades Ouvir Falar Falar-ouvir Meio de contato Interlocutor(es) Face a face Telefone Conference calls E-mail Funcionários da Matriz e filiais, clientes e fornecedores estrangeiros Escrever Ler Quadro 3.18– Tarefas executadas no departamento Vendas G-Drive na visão da funcionária 81 De acordo com a funcionária, no departamento G-Drive, ela executa as tarefas de ler e escrever diariamente: redigir apresentações e relatórios gerenciais e leitura e redação de email. A funcionária informou que desempenha também tarefas utilizando a interação oral, que aparecem em maior quantidade: participar de conference call, atender telefonemas, receber estrangeiros, fazer viagens internacionais. Utiliza como meio de contato o que a maioria dos departamentos utiliza que é telefone, e-mail, face a face e conference call. O Inglês é utilizado pela funcionária com funcionários da Matriz e filiais, clientes e fornecedores estrangeiros. O departamento de Marketing é composto por três funcionárias: uma supervisora, uma assistente de atendimento e uma estagiária de marketing. As tarefas informadas por meio dos questionários respondidos pelas funcionárias do departamento de Marketing são assim mostradas: MARKETING Depto Tarefas Receber treinamentos Fazer apresentações Atender telefonemas Receber funcionários estrangeiros Redigir e-mail Redigir apresentações Ler e-mail Ler comunicado de outras plantas Ler materiais promocionais Habilidades Ouvir Falar Meio de contato Falar-ouvir Escrever Telefone E-mail Interlocutores Funcionários da Matriz e filiais Ler Quadro 3.19 – Tarefas executadas no departamento Marketing na visão dos funcionários As funcionárias do departamento de Marketing informaram que executam as seguintes tarefas no departamento: receber treinamentos, fazer apresentações, atender telefonemas, receber funcionários estrangeiros, ler e redigir e-mails, redigir apresentações, ler materiais promocionais, comunicados de outra planta. O meio de contato é tanto o telefone quanto o e-mail e o Inglês é utilizado com funcionários da Matriz e filiais. O departamento de Vendas é composto por seis funcionários: um supervisor, um engenheiro de aplicação, dois analistas de vendas sênior50, um engenheiro de vendas e um administrador de contratos. As tarefas levantadas junto aos funcionários do departamento de Vendas são assim mostradas na página a seguir: 50 Um dos analistas de vendas sênior não participou desta pesquisa. 82 Tarefas Receber treinamentos e instruções Participar de apresentações nos EUA Fazer apresentação de ferramentas estatísticas e projetos Participar de reuniões Atender telefonemas Participar de conference calls Participar de reuniões com estrangeiros Receber estrangeiros Redigir e-mail Redigir apresentações Ler e-mail Ler planilhas Ler anúncios organizacionais Ler pauta de reuniões VENDAS Depto Habilidades Meio de contato Interlocutor(es) Ouvir Falar Falar-ouvir Face a face Telefone Conference call E-mail Funcionários da Matriz e filiais Escrever Ler Quadro 3.20 – Tarefas executadas no departamento Vendas na visão dos funcionários. Na visão dos funcionários, tarefas como atender telefonemas, participar de conference calls e reuniões e receber estrangeiros figuram como as realizadas com maior frequência no departamento. Eles também utilizam a leitura para ler planilhas, anúncios organizacionais, pauta de reuniões e ler e redigir e-mail. Há também tarefas importantes como receber treinamentos e instruções e participar de apresentações nos EUA, além de fazer apresentações e participar de reuniões. Os principais meios de contato com estrangeiros são: telefone, face a face, conferece calls e e-mail. O Inglês é utilizado com funcionários da Matriz e filiais. O departamento de Engenharia da unidade de negócios é composto de sete funcionários: um supervisor, dois projetistas de produto, um mecânico montador de protótipos, dois engenheiros de produtos e um estagiário. As tarefas levantadas com os questionários respondidos pelos funcionários desse departamento são mostradas na página seguinte. 83 ENGENHARIA Depto Tarefas Participar de palestras Participar de apresentações do pessoal da Matriz Fazer apresentações Atender telefonemas Receber funcionários da Matriz Participar de conference calls Participar de reuiniões Construir desenhos técnicos Redigir documentos Redigir e-mail Redigir legendas Redigir notas em desenhos técnicos Redigir projetos Ler desenhos de engenharia Ler desenhos técnicos e manuais Ler e-mail Ler nomas e especificações técnicas Ler projetos Ler website da corporação Habilidades Meio de contato Interlocutor(es) Ouvir Falar Falar-ouvir Escrever Face a face Telephone Conference call E-mail Funcionários da Matriz e filiais Ler Quadro 3.21 – Tarefas executadas no departamento Engenharia na visão dos funcionários Os funcionários do departamento de Engenharia informaram que executam as seguintes tarefas no departamento: participar de reuniões e de conference calls e atender telefonemas. Entretanto, a maior quantidade de tarefas apontada pelos funcionários são de redação e leitura, executando tarefas como: redigir documentos, legendas, notas em desenhos técnicos e projetos; leitura e redação de e-mail, leitura de desenhos técnicos, manuais, normas e especificações técnicas, projetos, website da corporação e desenhos de engenharia. Percebese que no departamento de Engenharia as tarefas indicam que os funcionários utilizam mais a leitura e a escrita em língua estrangeira que em outros departamentos. Os meios de contatos são o telefone, contato face a face, conference calls e e-mail. Os interlocutores dos funcionários do departamento são funcionários da Matriz e filiais. 3.1.2.2.1 Síntese Os departamentos que não se reportam à Matriz são cinco, Marketing, Vendas, Engenharia, Finanças e Vendas G-Drive. Nesta síntese a funcionária do departamento Vendas G-Drive contribuiu para os resultados da pesquisa. Reapresentando as tarefas executadas nos departamentos que não se reportam diretamente à Matriz nos EUA na visão dos funcionários, verifica-se que em quatro departamentos o número de tarefas executadas em Inglês são praticamente equivalentes (13 no departamento Finanças, 12 em Marketing, 11 em Vendas e 84 12 no departamento Engenharia, mas no departamento Vendas G-Drive temos 7 tarefas). No quadro 3.23, apresento em destaque as tarefas comuns, em destaque, executadas nos departamentos que não se reportam à Matriz nos EUA, na visão dos funcionários: Tarefas diferentes Tarefas comuns MARKETING VENDAS ENGENHARIA FINANÇAS VENDAS G-DRIVE 1-Atender telefonemas 2-Fazer apresentações 3-Ler e-mail 4-Participar de conference calls 5-Receber visitantes estrangeiros 6-Redigir e-mail 1-Atender telefonemas 2-Fazer apresentações 3-Ler e-mail 4-Participar de conference calls 5-Receber visitantes estrangeiros 6-Redigir e-mail 1-Atender telefonemas 2-Fazer apresentações 3-Ler e-mail 4-Participar de conference calls 5-Receber visitantes estrangeiros 6-Redigir e-mail 1-Atender telefonemas 2-Fazer apresentações 3-Ler e-mail 4-Participar de conference calls 5-Receber visitantes estrangeiros 6-Redigir e-mail 1-Atender telefonemas 2-Fazer apresentações 3-Ler e-mail 4-Participar de Conference calls 5-Receber visitantes estrangeiros 6-Redigir e-mail 7-Descrever processos e procedimentos sobre projetos 8-Ler manuais técnicos e de marketing 9-Participar de reuniões 10-Receber treinamentos e instruções 11-Redigir apresentações sobre processos e procedimentos 12-Traduzir documentos, manuais 7-Dar treinamentos 8-Demonstrar produtos em feiras 9-Descrever processos e procedimentos 10-Participar de reuniões, treinamentos nos EUA 11-Traduzir documentos e especificações sobre produtos 7-Construir desenhos técnicos 8-Descrever processos e procedimentos 9-Ler normas internacionais e documentos, procedimentos técnicos e planilhas de teste 10-Participar de reuniões 11-Receber treinamentos 12-Redigir procedimentos e planilhas de testes 7-Dar treinamentos sobre leis, impostos brasileiros para os líderes globais 8-Descrever processos e procedimentos 9-Ler comunicados e sobre política financeira,contratos e relatórios mensais 10-Participar de chat corporativo,reuniões, 11- Participar de videoconferência 12-Receber treinamentos e instruções no exterior 13-Traduzir documentos 7-Fazer Viagens internacionais 8-Redigir apresentações gerenciais e relatórios gerenciais Quadro 3.22 – Síntese das tarefas comuns e diferentes executadas nos departamentos que não se reportam à Matriz na visão dos funcionários Sintetizando, atender telefonemas, fazer apresentações, ler e redigir e-mail, participar de conference calls e receber visitantes estrangeiros são as tarefas comuns dos cinco departamentos, na visão dos funcionários. Dentre as que não são comuns no departamento Marketing temos: descrever processos e procedimentos sobre projetos; ler manuais técnicos e de marketing; participar de reuniões; receber treinamentos e instruções; redigir apresentações sobre processos e procedimentos; traduzir documentos, manuais; em Vendas temos: dar treinamentos; demonstrar produtos em feiras; descrever processos e procedimentos; participar de reuniões, treinamentos nos EUA; traduzir documentos e especificações sobre produtos; em Engenharia temos: construir desenhos técnicos; descrever processos e procedimentos; ler normas internacionais e documentos, procedimentos técnicos e planilhas de teste; participar de reuniões; receber treinamentos e redigir procedimentos e planilhas de testes, em Finanças temos: dar 85 treinamentos sobre leis, impostos brasileiros para os líderes globais; descrever processos e procedimentos; ler comunicados e sobre política financeira,contratos e relatórios mensais; participar de chat corporativo,reuniões; participar de videoconferência; receber treinamentos e instruções no exterior; traduzir documentos; em Vendas G-Drive temos: fazer viagens internacionais; redigir apresentações gerenciais e relatórios gerenciais. Na seção seguinte apresento uma síntese geral das tarefas que são comuns aos departamentos que se reportam à Matriz nos EUA na visão dos supervisores e funcionários. 3.1.2.3 Síntese geral das tarefas comuns aos departamentos que não se reportam aos EUA na visão de supervisores e funcionários Sintetizando as tarefas comuns executadas nos departamentos que não se reportam à Matriz na visão dos supervisores, tem-se: atender telefonemas, participar de reuniões e conference calls, receber visitantes estrangeiros, fazer apresentações, receber treinamentos e instruções, descrever processos e procedimentos, ler e redigir e-mail. Essas tarefas e sua relação com as habilidades comunicativas correspondentes são mostradas a seguir: Tarefas em comum executadas nos departamentos que não se reportam aos EUA na visão dos supervisores Ouvir Receber treinamentos e instruções Falar Fazer apresentações Descrever processos e procedimentos Falar-ouvir Escrever Ler Atender Redigir e-mail Ler e-mail telefonemas Participar de conference calls Participar de reuniões Receber visitantes estrangeiros Quadro 3.23 - Síntese das habilidades e tarefas referentes mais recorrentes nos departamentos que não se reportam aos EUA na visão dos supervisores No quadro 3.23, pode-se observar que existe um número maior de tarefas comuns executadas nos departamentos Marketing, Vendas, Engenharia e Finanças que exigem interação oral, na grande maioria com funcionários da Matriz e filiais, clientes e fornecedores estrangeiros, utilizando como meios de comunicação o contato face a face, telefone, e-mail e conference calls, assim como nos departamentos que se reportam diretamente à Matriz nos EUA. Não há grande diferença nos meios de contato e os interlocutores com os quais o Inglês é utilizado. As tarefas comuns executadas nos departamentos que não se reportam à Matriz na visão dos funcionários, são: atender telefonemas, participar de conference calls, receber visitantes estrangeiros, fazer apresentações, ler e redigir e-mail. Não há tarefas comuns relacionadas à habilidade de ouvir. Essas tarefas e sua relação com as habilidades 86 comunicativas correspondentes são mostradas a seguir: Tarefas comuns executadas nos departamentos que não reportam aos EUA na visão dos funcionários Ouvir XXX Falar Fazer apresentações Falar-ouvir Atender telefonemas Participar de conference calls Receber visitantes estrangeiros Escrever Redigir e-mail Ler Ler e-mail Quadro 3.24 – Tarefas comuns executadas nos departamentos que não se reportam à Matriz na visão dos funcionários Percebe-se predomínio de tarefas comuns como atender telefonemas, participar de conference calls e receber visitantes estrangeiros relacionadas à habilidade de falar-ouvir. Além disso, dado que os departamentos têm necessidades diferenciadas, apesar de haver uma variedade grande de atividades, poucas são comuns a todos. Na próxima seção apresento uma comparação entre os departamentos que se reportam e não se reportam à Matriz nos EUA. 3.1.3 Comparação entre os departamentos que se reportam e que não se reportam diretamente à Matriz Dando continuidade à apresentação e discussão dos resultados nesta seção, em que considerei as respostas das entrevistas e as respostas aos questionários pelos supervisores e aos questionários pelos funcionários dos departamentos, pude constatar que a utilização da Língua Inglesa é uma necessidade em todos os departamentos que também não se reportam diretamente à Matriz: todos os profissionais utilizam o Inglês. É interessante observarmos que os dados referentes às tarefas comuns executadas nos departamentos que se reportam e que não se reportam à Matriz na visão dos supervisores, as mesmas tarefas comuns são executadas nos departamentos, o que indica que os supervisores tanto dos departamentos que se reportam e não se reportam aos EUA executam as mesmas tarefas destacadas a seguir: atender telefonemas, descrever processos e procedimentos, fazer apresentações, ler e redigir e-mail, participar de conference calls, receber treinamentos e instruções e receber visitantes estrangeiros. Os dados referentes às tarefas executadas nos departamentos que se reportam e não se reportam à Matriz na visão dos funcionários, apresentam diferenças nas tarefas comuns executadas nos departamentos. As tarefas comuns aos dois blocos são: atender telefonemas ler e redigir e-mail e participar de conference calls. Nos departamentos que não se reportam, 87 além das tarefas comuns, temos: fazer apresentações e receber visitantes estrangeiros. Os resultados refletem a importância da elaboração de cursos sob medida, adequados e baseados nas necessidades dos aprendizes frente às situações-alvo, considerando a importância de ensinar e desenvolver habilidades específicas para otimizar o tempo e dar aos alunos relevância para a aprendizagem do idioma. No quadro síntese a seguir, mostrarei o resultado final das tarefas que comporiam um núcleo comum de um curso para atender a unidade de negócios foco deste estudo no quadro síntese abaixo: Tarefas em comum executadas nos departamentos da unidade de negócios Ouvir Receber treinamentos e instruções Falar Falar-Ouvir Descrever processos e procedimentos Fazer apresentações Atender telefonemas Participar de conference calls Participar de reuniões Receber visitantes estrangeiros Escrever Ler Redigir e-mail Ler e-mail Quadro 3.25 – Síntese das tarefas e habilidades recorrentes nos departamentos da unidade de negócios Ao contrastar as sínteses das tarefas executadas nos departamentos na visão dos supervisores e funcionários que se reportam e não reportam à Matriz nos EUA, observa-se que todas macro habilidades são utilizadas na execução de tarefas, havendo uma predominância de tarefas que utilizam interações interpessoais orais (falar-ouvir) como atender telefonemas, participar de reuniões e conference calls e receber visitantes estrangeiros. Outras tarefas desempenhadas nos departamentos são: receber treinamentos e instruções, descrever processos e procedimentos, fazer apresentações e ler e redigir e-mail. Em relação aos meios de contato, foi constatado que não há uma grande diferença entre os departamentos que, na maioria, utilizam os seguintes meios de contato: telefone, face a face, conference calls e e-mail. O Inglês é utilizado nos departamentos principalmente com funcionários da Matriz e filiais, clientes e fornecedores estrangeiros. Esses resultados podem fornecer subsídios para desenhos de cursos para a empresa que visa também custo-benefício quando investe no desenvolvimento de seus funcionários. A primeira implicação seria desenhar um curso que pudesse atender um maior número de funcionários uma vez que há tarefas compartilhadas por todos. Além disso, seus interlocutores e os meios de contatos são os mesmos, o que poderia auxiliar o profissional quando da execução de tipos de atividades a serem ensinadas para o desenvolvimento linguístico desses alunos. Entretanto, para a elaboração de um curso, seria necessário fazer no futuro um 88 levantamento entre os alunos sobre seu desempenho linguístico e de suas dificuldades com vistas a obter informações mais precisas para que esse curso pudesse melhor se ajustar às necessidades dos aprendizes, já que a análise de necessidades é um processo contínuo e as necessidades podem mudar com o decorrer do tempo. Finalizando, a empresa foco deste estudo pode optar pela elaboração de cursos para atender as necessidades da empresa de uma forma mais ampla, baseando-os nas tarefas mais recorrentes na unidade de negócios, ou optar pela elaboração de cursos mais específicos, voltados para as tarefas específicas de cada departamento e não comuns a todos. Além disso, questões relativas às diferentes relações interpessoais e canais diferentes também poderiam compor um conteúdo programático comum. A seguir, apresento os resultados referentes às dificuldades apontadas por supervisores e funcionários na execução de tarefas em Inglês. 3.2 Dificuldades apontadas pelos supervisores e funcionários na execução de tarefas usando o Inglês 3.2.1 Departamentos que se reportam diretamente à Matriz nos EUA Com o objetivo de responder à segunda pergunta de pesquisa, apresento os dados sobre as tarefas executadas nos departamentos que se reportam diretamente à Matriz nos EUA e que oferecem dificuldades em sua execução na visão dos supervisores e funcionários: DEPARTAMENTOS QUE SE REPORTAM À MATRIZ Consumidores SUPERVISORES Participar de conference call Power Eletronics Receber visitantes estrangeiros Atender telefonemas Serviços Gerência Executiva Venda de Peças Não há supervisor Não há supervisor Participar de conference call Ler e Redigir e-mail Traduzir documentos e manuais Elaborar manuais FUNCIONÁRIOS Não há funcionários somente um supervisor Receber visitantes Estrangeiros Atender telefonemas Atender telefonemas Atender telefonemas Não indicou tarefas Quadro 3.26 – Tarefas que oferecem dificuldades na visão dos supervisores e funcionários dos departamentos que se reportam diretamente à Matriz. No quadro 3.26, observamos que as tarefas que exigem interação oral são as apontadas como as que apresentam dificuldade pelos supervisores dos departamentos Consumidores, Power Eletronics e Serviços. Entretanto, em Serviços, tarefas como ler e redigir e-mail, 89 traduzir documentos e manuais e elaborar manuais também apresentam dificuldades na visão do supervisor de Serviços. Na visão dos funcionários dos departamentos que se reportam para a Matriz, foram apresentadas tarefas que envolvem somente interação oral, principalmente a tarefa de atender telefonemas, mencionada nos departamentos da Gerência Executiva, Power Eletronics e Serviços. Power Eletronics mencionou também receber visitantes estrangeiros. A funcionária do departamento Venda de Peças não indicou tarefas que oferecem dificuldades. Entretanto, comparando as respostas dos supervisores e funcionários, constata-se que há uma divergência nas tarefas apontadas como as que oferecem dificuldades no departamento Serviços . As tarefas que envolvem a produção escrita em Inglês, no entanto, não são mencionadas pelos funcionários, talvez por fazerem parte das atribuições exclusivas do supervisor. As tarefas que envolvem interação oral foram constantes em todos os departamentos no que diz respeito a oferecerem dificuldades. Já no departamento Power Eletronics, tanto o supervisor quanto os funcionários estão alinhados ao indicarem as mesmas tarefas que oferecem dificuldades no departamento: receber funcionários da Matriz e atender telefonemas. Mais uma vez, destaca-se que as tarefas que necessitam de uma interação pessoal ou mesmo por telefone oferecem dificuldades. As tarefas mencionadas como as que oferecem dificuldades são, na sua maioria, tarefas executadas por todos os departamentos que se reportam à Matriz conforme resultado do mapeamento de tarefas executadas e o enfoque nessas tarefas na elaboração de cursos poderia favorecer a aprendizagem do idioma. 3.2.2 Departamentos que não se reportam diretamente à Matriz nos EUA Ainda com o objetivo de responder à segunda pergunta de pesquisa, apresento os dados sobre as tarefas que oferecem dificuldades na sua execução na visão dos supervisores e na visão dos funcionários dos departamentos que não se reportam diretamente à Matriz nos EUA, as tarefas comuns na visão de supervisores e funcionários estão em destaque no quadro da página seguinte: 90 DEPARTAMENTOS QUE NÃO SE REPORTAM À MATRIZ Marketing Vendas Engenharia SUPERVISORES Participar de conference call Receber visitantes estrangeiros Participar de treinamentos Atender telefonemas Participar de conference call Ler e redigir e-mail Construir desenhos técnicos Redigir procedimentos e planilhas de teste Ler normas internacionais e documentos Finanças Participar de reuniões Participar de conference call Vendas G-Drive Não há supervisor FUNCIONÁRIOS Atender telefonemas Atender telefonemas Participar de conference call Atender telefonemas Fazer apresentações Ler desenhos de engenharia Participar de conference call Participar de palestras Receber funcionários da Matriz Atender telefonemas Participar de conference call Participar de reuniões Redigir relatórios gerenciais Redigir relatórios gerenciais Quadro 3.27 - Tarefas que oferecem dificuldades na visão dos supervisores e funcionários dos departamentos que não se reportam diretamente à Matriz nos EUA No quadro 3.27, identifica-se que há nos departamentos que não se reportam à Matriz um número maior de tarefas que oferecem dificuldade na visão dos supervisores, quando as comparamos às indicadas pelos departamentos que se reportam diretamente para a Matriz. Nos departamentos de Marketing, Vendas e Finanças, as tarefas que envolvem interação oral oferecem dificuldades. No departamento de Engenharia, o supervisor considera que tarefas de produção escrita são as que oferecem dificuldades. Na visão dos funcionários dos departamentos que não se reportam para a Matriz, foram apresentadas novamente como tarefas que oferecem dificuldade as que envolvem interação oral, por exemplo a de atender telefonemas e participar de conference calls, mencionadas nos departamentos de Marketing, Vendas, Engenharia e Finanças. O departamento de Vendas G-Drive indicou redigir relatórios gerenciais como a única tarefa que oferece dificuldade. No departamento de Vendas, participar de conference calls é a única tarefa apontada por ambos (supervisor e funcionários) como a que oferece dificuldades. Na visão dos funcionários, atender telefonemas causa dificuldades; no entanto, o supervisor elenca tarefas como participar de treinamentos nos EUA, receber visitantes estrangeiros, redigir e ler emails, não mencionadas pelos funcionários. Isso pode caracterizar tarefas executadas 91 principalmente pelo supervisor. No departamento de Engenharia, nota-se que o supervisor aponta como dificuldade as tarefas que exigem a habilidade de produção e compreensão escrita, enquanto os funcionários afirmam que tarefas que envolvem interação social, como receber funcionários da Matriz, participar de conference calls, atender telefonemas, participar de palestras e fazer apresentações, apresentam dificuldade. A única tarefa de compreensão escrita apontada pelos funcionários foi a de ler desenhos de engenharia. O supervisor e os funcionários do departamento de Finanças estão alinhados quando apresentam como tarefas que oferecem dificuldades participar de reuniões com estrangeiros e participar de conference calls. Os funcionários acrescentam à lista de dificuldades as tarefas de atender telefonemas e redigir relatórios gerenciais. Apresento no quadro a seguir um contraste da síntese das tarefas que oferecem dificuldades na visão dos supervisores e dos funcionários dos departamentos que se reportam e não se reportam à Matriz e as tarefas comuns aos departamentos que se reportam e não se reportam encontram-se em destaque no quadro síntese abaixo: Síntese de tarefas que oferecem dificuldades Deptos que se reportam à Matriz 1-Atender telefonemas 2-Elaborar manuais 3-Ler e redigir e-mail 4-Participar de conference calls 5-Receber visitantes estrangeiros 6-Traduzir documentos e manuais Síntese de tarefas que oferecem dificuldades Deptos que não se reportam à Matriz 1-Atender telefonemas 2-Construir desenhos técnicos 3-Fazer apresentações 4-Ler desenhos de engenharia 5-Ler e redigir e-mail 6-Ler normas internacionais e documentos 7-Participar de conference calls 8-Participar de palestras,reuniões com estrangeiro, treinamentos nos EUA 9-Receber visitantes estrangeiros 10-Redigir procedimentos e planilhas de teste e relatórios gerenciais Quadro 3.28 – Síntese de tarefas comuns que oferecem dificuldades na visão de supervisores e funcionários dos departamentos que se reportam e não se reportam diretamente à Matriz nos EUA Em uma visão geral das tarefas que oferecem dificuldades apresentadas para a unidade de negócios como um todo, pode-se observar que há mais tarefas que oferecem dificuldades executadas nos departamentos que não se reportam à Matriz (10) do que nos departamentos que se reportam (6). São tarefas comuns: atender telefonemas, ler e redigir e-mail, a maioria das tarefas envolvem interação interpessoal oral, são elas: atender e dar telefonemas, participar de conference calls e receber visitantes estrangeiros. Todas as tarefas mencionadas compõem o núcleo comum de tarefas executadas e com certeza seriam consideradas na elaboração de um curso. No item a seguir, apresento os dados referentes às habilidades que oferecem 92 dificuldades na execução das tarefas, também na visão dos supervisores e funcionários, relacionando à frequência de utilização das habilidades. 3.3 Frequência de uso de habilidades e habilidades que oferecem dificuldades na execução de tarefas usando o Inglês na visão dos supervisores e dos funcionários 3.3.1 Departamentos que se reportam diretamente à Matriz nos EUA De acordo com as informações fornecidas pelos supervisores dos departamentos Consumidor, PE e Serviços, informo a frequência de utilização do idioma para as habilidades ouvir, falar, falar-ouvir, escrever e ler que é diária, ou seja, as habilidades são utilizadas para executar todas as tarefas exigidas nas rotinas de trabalho dos funcionários e a frequência de utilização das habilidades são mostradas no quadro a seguir. Departamentos/Frequência Consumidor Power Eletronics Diariamente Diariamente Diariamente Diariamente Diariamente Diariamente Diariamente Diariamente Diariamente Diariamente HABILIDADES Ouvir Falar Falar-ouvir Escrever Ler Serviços Diariamente Diariamente Diariamente Diariamente Diariamente Quadro 3.29 – Frequência de utilização das habilidades no departamento Vê-se no quadro acima que todas as habilidades são utilizadas diariamente na execução de tarefas usando o Inglês nos departamentos que se reportam à Matriz, reforçando a importância de se considerarem atividades que desenvolvam todas as habilidades comunicativas no momento de desenhar um curso. No quadro na página seguinte apresento a frequência de utilização na visão dos sete funcionários. Diariamente Frequentemente Ocasionalmente Raramente até 3x por semana até 3x por mês até 1x por mês Ouvir 4 3 Falar 4 2 1 Falar-ouvir 4 2 1 Escrever 4 3 Ler 5 2 Quadro 3.30 – Frequência de utilização das habilidades nos departamentos que se reportam aos EUA (N=7) 93 No quadro acima, as habilidades informadas pelos sete funcionários como as mais utilizadas diariamente são as de escrever (4)51 e ler (5), o que indica que os departamentos que se reportam à Matriz utilizam muito as duas habilidades para executar suas tarefas nas rotinas de trabalho, principalmente a de leitura. De utilização frequente, até 3 vezes por semana, podemos observar um equilíbrio na utilização das habilidades, havendo um pequeno destaque para as de ouvir (4) , falar (4) e falar-ouvir (4) indicando que tarefas que envolvem interação oral nos departamentos que se reportam à Matriz são utilizadas frequentemente. Utilizada ocasionalmente, até 3vezes por mês, temos como destaque a habilidade de ouvir (3). Os supervisores apontaram que todas as habilidades são utilizadas nos departamentos diariamente. No quadro 3.31, apresento as habilidades que oferecem dificuldades na execução de tarefas utilizando o Inglês na visão dos supervisores e dos funcionários dos departamentos que se reportam à Matriz nos EUA, em destaque as habilidades que são comuns na visão de supervisores e funcionários: DEPARTAMENTOS QUE SE REPORTAM À MATRIZ Consumidores Falar-ouvir Não há funcionários somente um supervisor Power Eletronics Falar-ouvir Serviços Ouvir Falar Escrever Ler Não há supervisor Não há supervisor Gerência Executiva Venda de Peças SUPERVISORES FUNCIONÁRIOS Ouvir Falar Falar-ouvir Ouvir Falar Falar-ouvir Falar Falar Quadro 3.31 – Habilidades que oferecem dificuldades na visão dos supervisores e dos funcionários dos departamentos que se reportam aos EUA Na visão dos supervisores dos departamentos que se reportam à Matriz nos EUA, a habilidade que oferece dificuldades nos departamentos Consumidores e Power Eletronics é falar-ouvir, portanto, tarefas como atender telefonemas participar de reuniões, de treinamentos, de conference calls e receber visitantes estrangeiros, conforme informado nas tarefas executadas nos departamentos, podem ser executadas com alguma dificuldade pelos funcionários. O departamento de Serviços também indicou que a frequência de utilização das 51 A numeração entre parênteses indica o número de funcionários que responderam sobre a frequência de utilização das habilidades. 94 habilidades é diária. As habilidades que oferecem dificuldades no departamento, segundo o supervisor, são as de ouvir, falar, escrever e ler. As tarefas informadas como as que oferecem dificuldades são: participar de conference calls, ler e redigir e-mail, traduzir documentos e manuais e elaborar manuais. Os departamentos Gerência Executiva e Venda de Peças não possui supervisores como já foi mencionado. Na visão dos funcionários dos departamentos que se reportam à Matriz nos EUA, as habilidades informadas como as que oferecem dificuldades são as que envolvem interação oral como falar, ouvir e falar-ouvir. As tarefas informadas pelos funcionários dos departamentos como as que oferecem dificuldades foram: atender telefonemas e receber visitantes estrangeiros corroborando as informações sobre as habilidades informadas como as que oferecem dificuldades. Com relação às habilidades comuns que oferecem dificuldades nos departamentos tanto na visão dos supervisores, como na dos funcionários, encontra-se, para o departamento Power Eletronics, a habilidade falar-ouvir, demonstrando a sintonia nas opiniões de supervisor e funcionários; no departamento Serviços, figuram as habilidades comuns ouvir e falar, indicando que tarefas como atender telefonemas ou participar em conference calls podem oferecem alguma dificuldade em sua execução. Na próxima seção, apresento os resultados das habilidades que oferecem dificuldades nos departamentos que não se reportam à Matriz nos EUA. 3.3.2 Departamentos que não se reportam diretamente à Matriz nos EUA De acordo com as informações fornecidas pelos supervisores dos departamentos Marketing, Vendas, Engenharia e Finanças, a frequência de utilização do idioma para as habilidades ouvir, falar, falar-ouvir, escrever e ler varia de ocasionalmente (até 3vezes por mês) a diariamente: HABILIDADES Ouvir Falar Falar-ouvir Escrever Ler Departamentos/Frequência Marketing Vendas Até 3x por semana Diariamente Até 3x por semana Diariamente Até 3x por semana Diariamente Diariamente Diariamente Diariamente Diariamente Engenharia Até 3x por semana Até 3x por semana Até 3x por semana Diariamente Diariamente Finanças Até 3x por mês Até 3x por mês Até 3x por mês Diariamente Diariamente Quadro 3.32 - Frequência de utilização das habilidades na visão dos supervisores dos departamentos que não se reportam aos EUA. Ao visualizar o quadro acima, observamos que a frequência de uso das habilidades varia nos departamentos, sendo de uso diário para todas as habilidades somente no 95 departamento de Vendas. Entretanto, nos departamentos de Marketing e Engenharia a utilização é de pelo menos até 3x por semana e no departamento Finanças a utilização é de até 3x por mês para as habilidades que envolvem interação oral. As habilidades de ler e escrever têm utilização diária em todos os departamentos, o que indica que os supervisores executam tarefas relacionadas às habilidades de leitura e redação em Inglês diariamente. No quadro a seguir, apresento a frequência de utilização segundo os dezenove funcionários. Diariamente Frequentemente Ocasionalmente Raramente até 3x por semana até 3x por mês até 1x por mês Ouvir 3 6 5 5 Falar 1 8 7 3 Falar-ouvir 1 8 6 4 Escrever 9 6 4 0 Ler 11 7 1 0 Quadro 3.33 - Frequência de utilização das habilidades na visão dos funcionários dos departamentos que não se reportam aos EUA (N=19) No quadro 3.33, as habilidades informadas pelos funcionários como as mais usadas diariamente são as de escrever (9)52 e ler (11), o que indica que os departamentos que não se reportam à Matriz utilizam muito as duas habilidades para executar suas tarefas nas rotinas de trabalho, principalmente a de leitura. De utilização frequente, até 3 vezes por semana,observase um equilíbrio na utilização das habilidades falar (8) e falar-ouvir (8), indicando que habilidades que envolvem interação nos departamentos que se reportam à Matriz são muito frequentes. Utilizada ocasionalmente, até 3vezes por mês, temos falar (7) e falar-ouvir (6). No quadro 3.34 na página seguinte, apresento as habilidades que oferecem dificuldades na execução de tarefas utilizando o Inglês na visão dos supervisores e dos funcionários dos departamentos que não se reportam à Matriz nos EUA, as habilidades comuns na visão de supervisores e funcionários estão em destaque. 52 A numeração entre parênteses indica o número de funcionários que responderam sobre a frequência de utilização das habilidades. 96 DEPARTAMENTOS QUE NÃO SE REPORTAM À MATRIZ Marketing Vendas SUPERVISORES Falar-ouvir Falar Falar-ouvir Ouvir Escrever Ler Ouvir Falar-ouvir FUNCIONÁRIOS Ouvir Falar Falar-ouvir Ouvir Ouvir Falar Falar-ouvir Escrever Ler Finanças Falar-ouvir Ouvir Falar Falar-ouvir Escrever Vendas G-Drive Não há supervisor Escrever Quadro 3.34 - Habilidades que oferecem dificuldades na visão de supervisores e funcionários dos departamentos que não se reportam à Matriz nos EUA Engenharia Na visão dos supervisores, as habilidades apontadas como as que oferecem dificuldade têm um enfoque maior, mais uma vez, nas interações interpessoais orais, pois a habilidade de falar-ouvir foi mencionada na maioria dos departamentos, exceto no departamento Vendas GDrive. Segundo a funcionária, a habilidade escrever é a que oferece dificuldades. Especificamente em Vendas, foram mencionadas as cinco habilidades pelo supervisor; no departamento Engenharia, as habilidades mencionadas pelo supervisor foram ouvir e falarouvir. Na visão dos funcionários do departamento Engenharia, todas as habilidades oferecem dificuldades na execução de tarefas no departamento; nos demais departamentos, as habilidades ouvir, falar e falar-ouvir foram mencionadas como as que oferecem dificuldades, corroborando com a opinião dos supervisores, que apontam a habilidade de interação oral como a que oferece mais dificuldades. Resumindo, os departamentos que se reportam à Matriz nos EUA, segundo os supervisores, necessitam desempenhar tarefas que utilizam a habilidade de interação e têm como habilidades principais a de ouvir-falar, seguida pela de falar. Para os funcionários, porém, a necessidade dos departamentos é desempenhar tarefas que utilizem as habilidades de ler e escrever. Os departamentos que não se reportam à Matriz nos EUA, em contrapartida, segundo 97 os supervisores, têm como necessidade o desempenho de tarefas com ênfase nas habilidades de ler e escrever. Entretanto, os funcionários identificam que a necessidade maior está na habilidade de ler. Muitas das tarefas indicadas como as que oferecem dificuldades são de interação interpessoal oral, ou seja, envolvem participar de conference calls, receber visitantes estrangeiros, atender telefonemas, participar de reuniões. Concluindo, as habilidades de ouvir, falar e falar-ouvir são as que mais oferecem dificuldades a todos os departamentos que compõem a unidade de negócios. Apresento a seguir as considerações finais deste trabalho de pesquisa. 98 Considerações Finais Este trabalho de pesquisa teve seu início ainda no curso Reflexão sobre a ação: o professor de Inglês aprendendo e ensinando, do qual fui aluno por ser professor de Inglês da rede pública estadual do estado de São Paulo. Foi nesse curso que tive meu primeiro contato com o ensino-aprendizagem de línguas para fins específicos, por meio de um texto intitulado Needs analysis, de Hutchinson e Waters (1987), que fazia parte do conteúdo programático. Foi nesse momento que me identifiquei com as ideias ali expostas e relacionei-as à minha prática profissional, pois vi eram muito significativas para minha outra área de atuação, que é a de ensino de Inglês em Contexto Profissional, mais especificamente o ensino de Inglês para Fins de Negócios. Após iniciar o curso de mestrado, fui apresentado formalmente à Abordagem Instrumental para o ensino-aprendizagem de línguas. A partir disso, pude então desenvolver este trabalho baseado nessa abordagem para tentar responder a alguns questionamentos que trazia comigo quando iniciei o curso. Retomo aqui os objetivos desta pesquisa, que foram: fazer a análise de necessidades do uso de Língua Inglesa junto aos diversos departamentos da empresa multinacional foco deste estudo e identificar tanto as tarefas que os funcionários desempenham utilizando essa língua nas diversas situações de trabalho, quanto as tarefas e habilidades que oferecem dificuldades em sua execução e a frequência de utilização das habilidades nos departamentos. Julgo ser importante relatar aqui algumas limitações encontradas na realização desta pesquisa, apesar da acessibilidade a mim concedida pela empresa para realizar a coleta de dados junto aos funcionários da unidade de negócios. No início, havia a intenção de obter informações que poderiam reforçar os dados para minha pesquisa e, para isso, eu necessitaria da descrição de cargos dos funcionários da empresa, informando as tarefas executadas por eles em Inglês. No entanto, por uma questão de sigilo empresarial, não foi possível obter essas informações. Tentei outros recursos como, por exemplo, o site do Ministério do Trabalho e Emprego, intitulado Cadastro Brasileiro de Ocupações53, mas não consegui descrições para todos os cargos dos informantes. Acabei não utilizando essa valiosa fonte de dados. Uma outra limitação se refere a impossibilidade de entrevistar os 25 funcionários que 53 O CBO é um site que tem por finalidade a identificação das ocupações no mercado de trabalho, para fins classificatórios junto aos registros administrativos e domiciliares. Para detalhes acesse: http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/home.jsf. 99 trabalham nos departamentos da unidade de negócios, devido à delimitação de tempo para organizar e realizar a coleta de dados e iniciar minha análise de dados. O instrumento de coleta que utilizei com os funcionários foi o questionário. Realizei as entrevistas com a auxiliar administrativa da gerência e os sete supervisores dos departamentos envolvidos na pesquisa para complementar os dados. Os resultados da análise dos dados obtidos com os questionários aplicados aos supervisores e funcionários e a entrevista realizada com os supervisores forneceram informações para que eu respondesse minhas três perguntas de pesquisa. A minha primeira e principal pergunta de pesquisa - Quais são as tarefas executadas em Inglês nas situações de trabalho em uma empresa multinacional na visão dos supervisores e funcionários? - foi respondida por meio da identificação das tarefas executadas em Língua Inglesa nos departamentos. Os dados foram divididos em dois blocos: departamentos que se reportam diretamente à Matriz nos EUA e departamentos que não se reportam à Matriz na visão dos supervisores e dos funcionários. Ao realizar a síntese das tarefas comuns executadas nos departamentos Venda de Peças, Consumidor, Power Eletronics, Serviços e Gerência Executiva que se reportam à Matriz nos EUA na visão dos supervisores e funcionários, obtive como resultado que os funcionários dos departamentos desempenham as seguintes tarefas comuns: atender telefonemas; descrever processos e procedimentos; fazer apresentações; ler e redigir e-mail; participar de reuniões e conference calls; receber treinamentos e instruções; receber visitantes estrangeiros. Os resultados deste estudo refletem a importância da elaboração de cursos sob medida, adequados e baseados nas necessidades dos aprendizes, considerando a importância de se ensinarem e desenvolverem habilidades específicas para otimizar o tempo e dar aos alunos relevância para a aprendizagem do idioma. O planejamento de cursos baseado em necessidades pode ser bastante interessante para a empresa que, em geral, visa também custobenefício quando investe no desenvolvimento de seus funcionários. Com o planejamento dos cursos, os funcionários poderiam também executar suas tarefas de forma mais efetiva, evitando assim perdas ou prejuízos decorrentes de problemas de comunicação em negociações. 100 A empresa foco deste estudo com base nos resultados pode optar pela elaboração de cursos para atender as necessidades da empresa de uma forma mais ampla, voltando-os para as tarefas mais recorrentes na unidade de negócios, ou optar pela elaboração de um curso mais específico, dirigido para as tarefas específicas de cada departamento. Os meios de contatos utilizados na empresa, assim como seus interlocutores, são comuns para a maioria dos departamentos na unidade de negócios. A partir do levantamento das tarefas executadas pelos funcionários nos departamentos que se reportam à Matriz nos EUA, foi possível obter subsídios para se planejar um curso que poderia atender as necessidades da empresa de uma forma mais geral. Os meios de contato e os interlocutores também poderiam compor um núcleo comum no planejarmos um curso, pois os meios de contato utilizados em todos os departamentos não diferem, assim como nos departamentos que se reportam à Matriz. Ao realizar a síntese das tarefas comuns executadas nos departamentos Vendas GDrive, Marketing, Vendas, Engenharia e Finanças que não se reportam à Matriz nos EUA na visão dos supervisores e funcionários, obtive como resultado que os funcionários dos departamentos desempenham as seguintes tarefas comuns: atender telefonemas; descrever processos e procedimentos; fazer apresentações; ler e redigir e-mail; participar de reuniões e conference calls; receber treinamentos e instruções; receber visitantes estrangeiros. A partir do levantamento das tarefas executadas pelos funcionários nos departamentos que não se reportam à Matriz nos EUA, vê-se que não há uma diferença nas tarefas comuns executadas nos departamentos que se reportam e não se reportam à Matriz. A empresa poderia optar em planejar um curso para atender suas necessidades de uma forma mais geral, utilizando-se de um conteúdo baseado em tarefas comuns executadas na unidade de negócios. Os meios de contato e os interlocutores também poderiam compor um núcleo comum no planejamento de um curso, assim como nos departamentos que se reportam à Matriz nos EUA, pois os meios de contato utilizados em todos os departamentos não diferem. O contato com estrangeiros ocorre principalmente pelo telefone, e-mail, conference calls e contato face a face, e os funcionários utilizam o Inglês com funcionários da Matriz e filiais e com clientes e fornecedores estrangeiros. 101 Ao pensarmos na elaboração de cursos para atender cada departamento especificamente, poderíamos considerar a utilização de tarefas peculiares a cada departamento levantadas nesta pesquisa e que não constituem o núcleo comum de tarefas executadas em Inglês. A segunda pergunta de pesquisa que busquei responder foi: Quais são as dificuldades apontadas pelos supervisores e funcionários na execução de tarefas usando o Inglês? Pude identificar as dificuldades apontadas na execução de tarefas nos departamentos que se reportam à Matriz e nos que não se reportam. As tarefas que oferecem dificuldades na visão dos supervisores e funcionários dos departamentos que se reportam à Matriz são: atender telefonemas; elaborar manuais; ler e redigir e-mail; participar de conference calls; receber visitantes estrangeiros; traduzir documentos e manuais. De acordo com as tarefas informadas como sendo as que oferecem dificuldades para os departamentos que se reportam à Matriz, observei que atender telefonemas, ler e redigir email, participar de conference calls, receber visitantes estrangeiros, compõem o núcleo das tarefas comuns executadas nos departamentos. Entretanto, descrever processos e procedimentos, fazer apresentações, receber treinamentos e instruções fazem parte das tarefas comuns e são executadas nos departamentos, mas não oferecem dificuldades na visão dos supervisores e funcionários, o que reforça, na elaboração de um curso, a importância de otimizar o ensino das tarefas que oferecem dificuldades no departamento e utilizar tarefas alternativas como forma de reforçar a aprendizagem das tarefas executadas nos departamentos. As tarefas comuns que oferecem dificuldades na visão dos supervisores e funcionários dos departamentos, Vendas G-Drive, Marketing, Vendas, Engenharia e Finanças que não se reportam à Matriz nos EUA são: atender telefonemas; construir desenhos técnicos; fazer apresentações; ler e-mail, desenhos de engenharia, normas internacionais e documentos; participar de conference calls, reuniões com estrangeiros, treinamentos, palestras; receber visitantes estrangeiros; 102 redigir e-mail, procedimentos e planilhas de testes, relatórios gerenciais. Segundo os supervisores e funcionários dos departamentos que não se reportam à Matriz, as tarefas que oferecem dificuldades, porém não constam das tarefas comuns são: construir desenhos técnicos; descrever processos e procedimentos, ler desenhos de engenharia, normas internacionais e documentos; participar de treinamentos e palestras e redigir procedimentos e planilhas de testes e relatórios gerenciais. Essas dificuldades me leva a considerar a elaboração de um curso com um currículo de tarefas complementares para atender necessidades mais específicas dos funcionários. A terceira pergunta de pesquisa foi: Quais são as habilidades que oferecem dificuldades na execução de tarefas usando o Inglês na visão dos supervisores e dos funcionários? e as respostas para ela foram divididas por departamentos, pois cada um possuía uma necessidade diferenciada. As habilidades apontadas como as que oferecem dificuldades para os departamentos que se reportam à Matriz nos EUA, de acordo com a visão dos supervisores, foram: - Consumidor: falar-ouvir, - Power Eletronics: falar-ouvir; - Serviços: ouvir, falar, ler e escrever. As habilidades que oferecem dificuldades na visão dos funcionários que se reportam à Matriz são: - Gerência Executiva: falar; - Venda de Peças: falar; - Power Eletronics: ouvir, falar e falar-ouvir; - Serviços: ouvir, falar e falar-ouvir. As habilidades informadas como as que oferecem dificuldades nos departamentos que se reportam à Matriz, tanto na visão dos supervisores quanto na dos funcionários, dão indícios de que as tarefas que utilizam essas habilidade podem oferecer dificuldades em sua execução e ao planejar um curso será necessário levar em consideração as habilidades relacionadas às tarefas que oferecem dificuldades, respeitando assim as necessidades de aprendizagem dos alunos. Para os departamentos que não se reportam diretamente para à Matriz nos EUA, foram identificadas as seguintes habilidades que oferecem dificuldades na visão dos supervisores: - Marketing: falar-ouvir; - Vendas: falar, ouvir, falar-ouvir, escrever e ler; - Engenharia: ouvir e falar-ouvir; 103 - Finanças: falar-ouvir. As habilidades que oferecem dificuldades na opinião dos funcionários dos departamentos que não se reportam à Matriz são: - Marketing: ouvir; - Vendas: falar, ouvir e falar-ouvir; - Engenharia: ouvir, falar, falar-ouvir, escrever e ler; - Finanças: ouvir, falar, falar-ouvir e escrever; - Vendas G-Drive: escrever. A importância do levantamento das habilidades que oferecem dificuldades está relacionada ao planejamento de cursos, em que habilidades que oferecem dificuldades poderão ser relacionadas às tarefas a serem ensinadas utilizando atividades que trabalhem com as habilidades que oferecem dificuldades com vistas a facilitar a aprendizagem das tarefas que oferecem dificuldades. Esta pesquisa poderá contribuir como fonte de pesquisa para outros estudos na área de ensino-aprendizagem de Línguas para Fins Específicos, especificamente na área de análise de necessidades em contexto empresarial, foco deste estudo. Como membro integrante do grupo de pesquisa “Abordagem Instrumental e o EnsinoAprendizagem de Línguas em Contextos Diversos” (GEALIN), acredito que meu trabalho contribuirá para o projeto “Análise de Necessidades em Contextos Profissionais Diversos”, cujo objetivo é investigar e mapear as tendências e necessidades em contextos profissionais no mercado de trabalho. Trará também contribuições sobre os aspectos metodológicos da análise de necessidades para o contexto empresarial, dado que este trabalho identificou e forneceu informações sobre as principais tarefas executadas em Inglês utilizadas neste contexto empresarial. Para a Linguística Aplicada de modo geral, a contribuição reverterá para a área de ensino de Línguas para Fins Específicos, particularmente no contexto empresarial, em que pesquisas ainda são em número reduzido e, com o advento da globalização, a demanda por otimizações de cursos de línguas feitos sob medida cresce a cada dia. Finalizando, acredito que esta pesquisa terá como implicações futuras abrir novas perspectivas para investigações na área de ESP, principalmente na área de ensinoaprendizagem de Inglês para Negócios. Com a realização das Olimpíadas e da Copa do Mundo, a obrigatoriedade por cursos para atender fins específicos será essencial. Além das situações mencionadas, vejo a possibilidade de desenhar cursos utilizando os subsídios da pesquisa e elaborar propostas para atender os departamentos da empresa foco deste estudo 104 isoladamente, ou de forma mais geral, dependendo das necessidades da empresa, com vistas a dar continuidade a esta investigação, utilizando os dados obtidos na análise de necessidades. Lembro, porém, que a análise de necessidades é um processo contínuo, e que a cada novo trabalho um novo processo deve ser iniciado e para obter uma precisão maior nas informações será necessário considerar futuramente as necessidades linguísticas dos aprendizes. Almejo que este trabalho sirva como fonte de consulta para outros colegas, que possa ser modificado, adaptado e melhorado. Apesar das dificuldades na realização desta pesquisa, sinto-me satisfeito com o resultado, pois realizar este trabalho despertou em mim um sentimento de desenvolvimento pessoal e, acima de tudo, profissional, dado que possibilitou que eu conhecesse melhor meu contexto de atuação e o processo de ensino-aprendizagem de Inglês para Fins Específicos de Negócios. 105 Referências bibliográficas ANDRADE, R. R. Inglês Instrumental para comissários de voo: análise de necessidades. 2003. 120 p. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2003. BELMONTE, J. Análise de necessidades na área de turismo: em busca de subsídios para uma adequação da disciplina Língua Inglesa. 2003. 99 p. 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Porto Alegre: Bookman, 2005. p.19-38. 109 Anexos 110 ANEXO 1 – Texto introdutório dos questionários “Análise de Necessidades do uso da Língua Inglesa na execução de tarefas em uma empresa multinacional” Meu nome é Jorge Onodera, sou professor de Língua Inglesa em contexto empresarial e aluno pesquisador da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Para desenvolver o meu trabalho de pesquisa necessito obter informações sobre o uso da Língua Inglesa em um contexto empresarial, mais especificamente em uma multinacional de grande porte.O objetivo deste estudo será fazer a objetivo fazer a Análise de Necessidades da situação-alvo deste contexto empresarial, principalmente fazer o levantamento das tarefas executadas em situações de trabalho nos diversos departamentos da empresa, assim como, os departamentos e os funcionários usuários do idioma. As situações-alvo deste estudo serão departamentos de uma unidade de negócios na área de geradores de energia situada na cidade de Guarulhos, e o motivo da escolha de uma multinacional foi por se tratar de um contexto em que a utilização da Língua Inglesa é imprescindível na execução de tarefas de trabalho. Este estudo será relevante para aprofundar o conhecimento da utilização da Língua Inglesa em um contexto empresarial, e a partir dos dados coletados obter subsídios para desenvolver um programa de idioma embasado na abordagem instrumental de ensino de línguas que poderá atender as necessidades da empresa e dos funcionários quanto ao uso do idioma. O resultado da coleta de dados contribuirá também para a elaboração da minha dissertação de mestrado do Programa de Pós-graduação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem da PUC/SP. As respostas deste questionário ficarão sob inteira responsabilidade do pesquisador e professor Jorge Onodera. Os dados pessoais dos respondentes obtidos por meio do questionário somente serão utilizados se houver necessidade de esclarecimentos acerca das respostas dadas. Você, (cargo/função) permite que as respostas do questionário sejam utilizadas como informação para o trabalho acima citado? Permito Não permito 111 ANEXO 2 - Questionário 1 (Supervisores) Questionário para mapear as situações-alvo que utilizam a Língua Inglesa na realização de tarefas Nome do respondente*: Função/Cargo do respondente: Departamento/setor: data: e-mail*: *O nome e o e-mail do respondente será utilizado somente para contato pelo pesquisador caso haja necessidade de esclarecimentos acerca dos dados. TARGET SITUATION NEEDS ANALYSIS (SUPERVISORES) O objetivo deste questionário é identificar as situações-alvo em que o Inglês é utilizado na execução de tarefas, as necessidades do uso de Língua Inglesa das situações-alvo, formas de contato com estrangeiros e as principais dificuldades do usuário do idioma. 01 - Assinale com um “X” em quais situações “ seus funcionários utilizam a Língua Inglesa para desempenhar tarefas do departamento. Se necessário, assinale mais de uma alternativa. a) - ( ) Recepção de visitantes estrangeiros b) - ( ) Reuniões c) - ( ) Atendimento telefônico d) - ( ) Negociação e) - ( ) Apresentações f) - ( ) Demonstração de um produto g) - ( ) Redação h) - ( ) Leitura i) - ( ) Entrevista j) - ( ) Viagens k) -( ) Participação em videoconferências l) - ( ) Participação em telecon (conference calls) m) -( ) Tradução de documentos n) - ( ) Descrição de processos e procedimentos o) - ( ) Treinamentos e instruções p) –( ) Outras. Quais? 02 – Baseado nas situações assinaladas acima, dê exemplos de tarefas do seu departamento que são executadas utilizando a Língua Inglesa: ex. se assinalar leitura; que tipo, manuais, contratos, etc. 03 – Assinale com um “X” com quem a Língua Inglesa é utilizada na empresa. Se necessário, assinale mais de uma alternativa. ( ) Clientes estrangeiros ( ) Fornecedores estrangeiros ( ) Funcionários da Matriz da empresa ( ) Funcionário da filial da empresa ( ) Auditores internacionais ( ) Outros. Quais? 112 04 – Assinale com um “X” quais são as formas de contato com estrangeiros. Se necessário, assinale mais de uma alternativa. ( ) Face-a-face ( ) Telefone ( ) E-mail ( ) Videoconferência ( ) Conference call 05 – Assinale com um “X” o que é importante saber em Língua Inglesa para executar as tarefas do seu departamento. Se necessário, assinale mais de uma alternativa. ( ) Ouvir ( ) Falar ( ) Falar-Ouvir ( ) Escrever ( ) Ler 06 – Quais habilidades oferecem dificuldades na execução de tarefas do seu departamento quando utiliza a Língua Inglesa? Se necessário, assinale mais de uma alternativa. ( ) Ouvir ( ) Falar ( ) Falar-Ouvir ( ) Escrever ( ) Ler 07 – Dê exemplos de tarefas do seu departamento que utilizam a Língua Inglesa e que ofereçam dificuldades na sua execução: Muito obrigado pela sua contribuição ao responder a este questionário de pesquisa!!! Jorge Onodera - setembro/2008 113 ANEXO 3 - Questionário 2 (Funcionários) Questionário de Needs Analysis Questionário de levantamento de necessidades de uso da Língua Inglesa na empresa. O objetivo deste questionário é identificar o perfil do funcionário, as tarefas executadas utilizando a Língua Inglesa, as habilidades enfocadas, a frequência de uso e os cargos ou funções que as utilizam. Os respondentes deste questionário deverão ser pessoas que utilizam obrigatoriamente a Língua Inglesa na execução de suas tarefas. Nome do respondente*: Função/Cargo do respondente: Departamento/setor: e-mail*: data: *O nome e o e-mail do respondente será utilizado somente para contato pelo pesquisador caso haja necessidade de esclarecimentos acerca dos dados. 01) - Assinale com um “X” sua faixa etária: ( ) 18 a 25 anos ( ) 25 a 30 anos ( ) 30 a 35 anos ( ) 35 a 40 anos ( ) acima de 40 anos. 02) – Assinale com um “X” o seu nível de formação: ( ) pós-graduação concluída ( ) cursando ( ) graduação concluída ( ) cursando ( ) Ensino médio técnico concluído ( ) cursando ( ) Ensino médio regular concluído ( ) cursando 03) – Você estudou ou estuda Inglês? ( ) Sim. Quanto tempo?: ( ) Não 04) – Se sim, onde? Se necessário, assinale com um “X” mais de uma alternativa. ( ) Na universidade/faculdade ( ) Com professor particular ( ) Em cursos no exterior ( ) Em escola de idiomas. Qual?: ( ) Outras: 114 05) – Assinale com um “X” como você classifica o seu nível de Inglês com relação a: Ouvir ( )Ótimo ( )Muito bom ( )Bom ( ) Regular ( ) Fraco Falar ( )Ótimo ( )Muito bom ( )Bom ( ) Regular ( ) Fraco Ler ( )Ótimo ( )Muito bom ( )Bom ( ) Regular ( ) Fraco Escrever ( )Ótimo ( )Muito bom ( )Bom ( ) Regular ( ) Fraco 06) - No quadro abaixo, assinale com um “X” a mais de uma alternativa se necessário, a frequência com que você utiliza a Língua Inglesa para: Diariamente Frequentemente (até 3 vezes por semana) Ocasionalmente (até 3 vezes por mês) Raramente (até 1 vez por mês) LER ESCREVER FALAR OUVIR FALAR-OUVIR 07) - Assinale com um “X” as pessoas com as quais “você” utiliza a Língua Inglesa na empresa. Se necessário, assinale mais de uma alternativa. ( ) Clientes estrangeiros ( ) Fornecedores estrangeiros ( ) Funcionários da Matriz ( ) Funcionários de filiais ( ) Auditores internacionais ( ) Outros. Quais?: 08) – Assinale com um “X” quais são as formas de contato com estrangeiros. Se necessário, assinale mais de uma alternativa. ( ) Face-a-face ( ) Telefone ( ) E-mail ( ) Videoconferência ( ) Conference call 09) – Descreva as tarefas que você executa “utilizando o Inglês” no seu trabalho e com quem você utiliza a língua nas habilidades abaixo: Ouvir: Falar Falar-Ouvir: Escrever: Ler: 115 10 – Quais habilidades oferecem dificuldades na execução de tarefas do seu departamento quando você utiliza a Língua Inglesa? Se necessário, assinale mais de uma alternativa. ( ) Ouvir ( ) Falar ( ) Falar-Ouvir ( ) Escrever ( ) Ler 11 – Dê exemplos de tarefas do seu departamento que utilizam a Língua Inglesa e ofereçam dificuldades a você na execução: Muito obrigado pela sua contribuição ao responder este questionário de pesquisa!!! Prof. Jorge Onodera - setembro/2008 116 ANEXO 4 – Roteiro de entrevista semiestruturada Assinalar as alternativas que foram respondidas pelos informantes e preencher com as informações complementares. a) - ( ) Recepção de visitantes estrangeiros ( ) Fazer um tour pela empresa ( ) Acompanhar visitantes em eventos ( ) Providenciar acomodações ( ) Auxiliar na socialização do estrangeiro ( ) Outras. Quais?: b) - ( ) Reuniões ( ) Conduzir reuniões ( ) Participar de reuniões ( ) Organizar reuniões ( ) Dar opinião ( ) Outras. Quais?: c) - ( ) Atendimento telefônico ( ) Anotar recados ( ) Deixar recados ( ) Fornecer informações sobre produtos ( ) Iniciar contatos de negócios ( ) Desenvolver contatos de negócios ( ) Outras. Quais?: d) - ( ) Negociação ( ) Lidar com reclamações ( ) Lidar com questões de preço, prazo, entrega. ( ) Vender ( ) Comprar ( ) Expor produto ( ) Outras.Quais?: e) - ( ) Apresentações ( ) Descrever produtos ( ) Demonstrar resultados ( ) Apresentar a história e a estrutura da empresa ( ) Descrever processos ( ) Outras. Quais?: 117 f) - ( ) Demonstração de um produto ( ) Explicar características e benefícios ( ) Explicar funcionamento ( ) Discutir eventuais problemas ( ) Lançar novos produtos ( ) Características e benefícios ( ) Outras. Quais?: g) - ( ) Redação ( ) Escrever contratos ( ) Escrever relatórios ( ) Escrever propostas ( ) Escrever manuais ( ) Outras. Quais?: h) - ( ) Leitura ( ) Ler e-mail ( ) Ler contratos ( ) Ler relatórios ( ) Ler propostas ( ) Ler manuais ( ) Outras. Quais?: i) - ( ) Entrevista ( ) Recrutar e selecionar candidatos a empregos ( ) Entrevistar novos fornecedores ( ) Avaliar funcionários ( ) Participar de entrevistas ( ) Outras. Quais?: j) - ( ) Viagens ( ) Reservar e confirmar reservas em hotéis ( ) Reservar voo ( ) Confirmar voo ( ) Declarar bens em alfândega ( ) Fazer inscrições em cursos, conferências ( ) Outras. Quais?: 118 k) - ( ) Participação em videoconferências ( ) Resolver problemas com cliente ( ) Contatar a Matriz da empresa ( ) Negociar com fornecedor estrangeiro ( ) Dar palestras ( ) Assistir palestras ( ) Outras. Quais?: l) - ( ) Participação em conference calls ( ) Resolver problemas com cliente ( ) Contatar a Matriz da empresa ( ) Negociar com fornecedor estrangeiro ( ) Ouvir palestras ( ) Discutir aspectos técnicos sobre produtos ( ) Outras. Quais?: m) - ( ) Tradução de documentos ( ) Traduzir manuais ( ) Traduzir contratos ( ) Traduzir apólices de seguro ( ) Traduzir especificações de produto ( ) Outras. Quais?: n) - ( ) Descrição de processos e procedimentos ( ) Descrever como o produto ou máquina funciona ( ) Descrever mudanças efetuadas em processos ( ) Descrever mudanças efetuadas em procedimentos ( ) Solucionar dúvidas ( ) Resolver problemas ( ) Outras. Quais?: o) - ( ) Treinamentos e instruções ( ) Multiplicar conteúdo adquirido em curso/treinamento ( ) Orientar e instruir funcionários expatriados ( ) Treinar funcionários na Matriz da empresa ( ) Instruir novos fornecedores estrangeiros ( ) Outras. Quais?: Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo