do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo
CARTA A UM AMIGO
Historiografia em pauta
Meu caro Carlos
Falando dia destes, você me cobrou a falta de bibliografia sobre a
ocupação urbana de Mogi. Pois fui a
campo e encontrei um trabalho dos
arquitetos A n t ô n i o das Neves
Gameiro, João Francisco Chavedar,
Márcia David e Roberto Bianchi Jr.,
todos então na Universidade Braz
Cubas, mais gente das universidades
de Taubaté e do Vale do Paraíba. Faz
8 anos que eles deram a público o
Inventário de Arquitetura Moderna do
Vale do Paraíba, edição patrocinada
pelo Docomomo, instituição que tem
representação em 36 países e se dedica à preservação e conservação de
edifícios, sítios e conjuntos significativos da arquitetura moderna.
Pela publicação descobre-se que,
escondidos no emaranhado que degrada a realidade urbana de Mogi
das Cruzes, há vários exemplos significativos de uma época na Cidade.
A edição reuniu 7 casos em Mogi das
Cruzes: Estação Rodoviária da Praça Firmina Santana, Cine Urupema,
Cine Avenida, Escola Senai, sede da
Companhia Telefônica, Conjunto
Residencial Estância dos Reis e Universidade Braz Cubas.
Alguns detalhes de cada exemplo:
Estação Rodoviária: Encomendada em 1949 por Mário Calandra, foi
projetada pelo engenheiro Shiro Jiro
Mukai e construída por Carlos Alberto
Lopes. Foi a primeira estação rodoviária no circuito São Paulo-Rio de Janeiro-Belo Horizonte e o primeiro edifício de linhas modernas construído em
Mogi das Cruzes. Da sua inauguração participou Adhemar de Barros, então interventor federal em São Paulo.
Cine Urupema: Projeto de 1945
idealizado pelo engenheiro Marino
Parolani, foi construído em 1947 por
Carlos Alberto Lopes, atendendo encomenda de Joaquim de Mello Freire.
Na época de sua inauguração era o
maior cinema da região, abrigando também um salão de bailes, onde funcionou por muitos anos o Itapety Clube.
A construção utilizou técnicas atuais
para a época, como concreto armado,
impermeabilizações especiais, cobertura de fibrocimento sobre estrutura de
madeira, instalações contra incêndios
e modernos equipamentos de projeção.
A fachada principal para a Praça
Firmina Santana ainda é um elemento
marcante para a paisagem local.
Cine Avenida: Projeto de 1946
do engenheiro Pestalozzi, foi
construído pelo engenheiro Mulheize
em 1947, atendendo encomenda da
família Jungers. Contemporâneo e
concorrente do Cine Urupema, foi um
MOGI DE A AZ
Mário Covas, um nacionalista em Mogi
Arquivo Pessoal
Está prestes a fazer 38 anos. Foi
na noite de 27 de janeiro de 1968
que um jovem e promissor deputado federal subiu ao palanque armado na Praça João Pessoa para seu
discurso. Era, então, um desconhecido na Cidade. No próprio País.
Mário Covas Júnior, líder do Movimento Democrático Brasileiro
(MDB) na Câmara Federal, veio a
Mogi das Cruzes para engrossar o
comício convocado por um deputado estadual (José Marcondes
Pereira, com base em São José dos
Campos) visando ampliar as ações
da oposição ao regime militar dominante após o golpe de 31 de março de 1964. Era apenas o começo
do ano de 1968, que terminaria com
a edição do Ato Institucional n° 5
que, entre outras tantas, caçou o
mandato do próprio Mário Covas.
Foi um comício animado. Apesar da pouca assistência (cerca de
500 pessoas - Mogi tinha, então,
perto de 130 mil habitantes), no
palanque havia nomes de destaque
na vida política de São Paulo. De
Mogi estavam poucos: Maurílio de
Souza Leite F i l h o , tentando
viabilizar sua candidatura a prefeito; Jair Rocha Batalha, advogado
e professor e os vereadores Dirceu do Valle e Ivan Siqueira. Estavam também o senador Lino de
Mattos; os deputados estaduais
Chaves Amarante, Rui Couto, Joaquim Formiga, José Marcondes
Pereira, Hélio Dejetear, Fernando
Perrone, Chopim Tavares de Lima
e os federais Adhemar de Barros
Filho, David Lerer e Athiê Jorge
Cury.
O comício de 27 de janeiro foi o
primeiro realizado nesse ano em
Mogi das Cruzes e precedeu a uma
intensa movimentação política. Não
apenas pelas ações nacionais, mas
também por um fato que determinaria, em definitivo, o desenho das
forças políticas de Mogi das Cruzes nos próximos 30 anos (1968/
1998). Naquela época, Carlos
Alberto Lopes era prefeito de
Mogi, tendo por vice Waldemar
Costa Filho, beneficiados pela pror-
rogação de mandatos determinada
pelo novo regime. Haviam sido eleitos em 1962, com o apoio do então
governador Adhemar de Barros. O
mesmo que, na mesma Praça João
Pessoa, entregara aos candidatos "a
chave" do Palácio dos Campos
Elíseos, então sede do governo
paulista. No dia do comício, Carlos
Alberto Lopes e Waldemar Costa
Filho já estavam em trincheiras distintas. Romperam no início de 64 e
passaram a trocar denúncias recíprocas. No final do ano (68), Waldemar
se elegeria para a Prefeitura local.
Os discursos na Praça João Pessoa, naquele 27 de janeiro de 1968,
começaram às 20h30 e duraram três
horas. Maurilinho de Souza Leite, o
primeiro orador, falou mais de si próprio, defendendo sua candidatura a
prefeito e condenando ações do governo central. E assim foi com a
maioria dos presentes, denunciando arbitrariedades do regime.
Até que chegou Mário Covas,
o jovem deputado federal que então liderava o M D B na Câmara Federal. Foi o último a falar. Passava
das 22h30 quando Covas subiu ao
palanque e começou a discursar.
Denunciou a ação dos interesses
estrangeiros no País ("um quinto do
Brasil já está vendido a estrangeiros", disse ele), em especial a
transferência de reservas minerais
para grandes multinacionais. Por
fim, Covas convocou o povo a unirse pela "salvação do Brasil". Mário Covas foi o orador mais aplaudido daquela noite.
grande espaço cultural da Cidade. O
recuo frontal do seu projeto acentua
a monumentalidade do edifício. Apresenta na cobertura uma grande va-
randa, coroada por colunas que ressaltam a generosidade do pé direito e
confere ao conjunto um aspecto
palaciano ao gosto das salas de cine-
ma da época. Teve o grande vão vencido por treliças de madeira e ferragens importadas da Inglaterra.
Escola Senai: Projetado em 1958
O jovem deputado Mário Covas discursa em Mogi das
Cruzes. Era 1968, mesmo ano em que ele teria seu
mandato cassado e os direitos políticos suspensos.
Flagrante do Século XX
Arquivo Pessoal
0 Instituto Dona
Placidina. Uma das mais
antigas instituições
particulares de ensino da
Cidade mantém
inalterados - há mais de
50 anos - os ideais que
lhe deram origem. Por ali
passou gente que
marcou a história de
Mogi.
OPIORDE MOGI
Era meados da década de 1960. No Largo do Rosário, o prefeito de então (Carlos
Alberto Lopes) mandou construir uma fonte luminosa, cujas águas dançavam ao
som de músicas clássicas. Transformou-se, por algum tempo, em local
indispensável de passeio do mogiano. Depois, no lugar preferido para as
comemorações do que quer que fosse. Um campeonato de futebol, uma formatura,
o fim do serviço militar. E os "banhos na fonte" viraram costume na Cidade.
Os constantes cortes de
energia elétrica,
praticados agora não
pela Eletropaulo, mas
por uma empresa
denominada
Bandeirante. Mudou o
nome, nada mais. A
privatização do setor
não mostra resultados
práticos nessa área.
pelo arquiteto Lúcio Grinover, o conjunto ficou pronto em 1962 com o objetivo
de atender à demanda de mão-de-obra
decorrente do crescimento industrial
verificado na região no final dos anos
50. O edifício permanece atualmente
com suas características originais, em
parte pela utilização de material durável
e de fácil manutenção, como caixilhos
metálicos, laminados melamínicos, pastilhas vitrificadas, concreto aparente e
telhas de cimento amianto.
Sede da Companhia Telefônica:
Projetado em 1960 pelo engenheiro
Antônio da Costa Leite, o prédio da companhia telefônica na Praça Roque Pinto
de Barros ficou pronto em 1961. Destinado à Companhia Telefônica Municipal, foi erguido onde havia os antigos
sobradões de Nhá Quinha e do coronel
Benedito José de Almeida. O edifício
ocupa a totalidade do lote, seguindo o
alinhamento existente, devido à pequena área do terreno. Tem quatro pisos:
subsolo, térreo, primeiro e segundo pavimentos e uma área total de 1.400
metros quadrados. Atualmente o prédio
é ocupado pela Companhia Telefônica
da Borda do Campo e sua fachada de
vidros recebeu pintura interna, comprometendo significativamente o projeto.
Conjunto Estância dos Reis:
Projeto do engenheiro Rui R. Ramos
empreendido pela Comincor por encomenda do empresário Marcos G.
Schwartzmann em 1967, o conjunto
conhecido por "Pombal" reúne 80 casas em 15 quadras e ocupa o espaço
do antigo Hotel Estância dos Reis.
Introduziu na cidade o conceito de
bairro planejado e tem importante significado urbanístico, pois os lotes de
grande testada de frente em relação
a divisa dos fundos, diferem drasticamente dos lotes tradicionais da cidade. As casas são elevadas por pilotis
no térreo - pavimento destinado aos
veículos, serviços e lazer - enquanto
o pavimento superior abriga áreas sociais e íntimas. Detalhes de clara referência ao Conjunto de Monlevade
do arquiteto Lúcio Costa.
Universidade Braz Cubas: Projeto de 1970 do arquiteto Eduardo
Corona empreendido pela Construtora
Tektônica a pedido da Universidade
Braz Cubas, o prédio do campus I ficou pronto em 1972. A ocupação da
área gerou grande impacto, conduzindo a expansão urbana em direção à zona
Norte da Cidade. O projeto incentiva a
integração entre os estudantes dos diversos cursos. O edifício insere-se de
maneira elegante na paisagem urbana.
Lição de casa cumprida, envio-lhe
um grande abraço
Chico
Caça-palavras
No quadro, em posição vertical e/ou horizontal, estão os nomes dos 14 vereadores em
Mogi das Cruzes que acabam de votar a favor
da contratação de um quinto assessor para
cada um deles. Tente localizá-los e não esquecer nas próximas eleições.
S
D
F
D
R
R
A
L
A
R
A
U
J
O
ç K
K L
A
G
F
R
P
E
F
R
G
T
R
K
I
O
Q
O
G
F
O
T
U
K
ç
O
D
C
E
L
G
H
W
D
H
G
T
Y
S
K
R
T
G
V
R
I
D
S
E
E
J
D
A
U
T
A
U
B
A
T
E
M
S
A
R
T
K
A
S
I
E
E
A
S
D
F
V
P
E
T
E
L
M
S
O
L
I
N
O
T
G
A
I
R
9 W
Y U J
N Õ O
ç M L
A S I
I O N
P P D
I N O
S F V
A B I
Y I F
Y B E
H O J
R I S
O H J
T Y U
E R T
O
G
B
O
D
N
D
E
L
H
G
O
T
R
I
Y
J
H
G
K
F
M
F
R
C
C
U
c
0
E
O
U
O
I
u
Y
G
O
G
A
V
N
J
H
Y
R
P
I
Download

18-12-2005 - Chico Ornellas