A AMAZÔNIA Por Solange Bagdadi Empresário do ramo de supermercados, com o apoio do Banco da Amazônia, investe em panificação para suprir a demanda interna e exportar para países andinos Novo nicho de U m horizonte de prosperidade. Foi o que aconteceu quando o empresário José Gonçalves da Silva resolveu expandir sua empresa – um supermercado – e montar uma indústria de panificação. Para abraçar o novo sonho, ele procurou o Banco da Amazônia para viabilizar o projeto, por intermédio da modalidade Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), do Programa de Financiamento do Desenvolvimento Sustentável, voltada para médias e grandes empresas. De acordo com o superintendente do Banco da Amazônia (Regional Rondônia), Valdecir Tose, essa linha de financiamento é bastante flexível, se adapta às necessidades do empreendimento e se destina a projetos desde a construção civil até treinamento de funcionários e publicidade. “A modalidade é voltada para médias e grandes empresas, visto que o banco tem uma linha própria para microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP). Esse programa possui estruturação diferenciada devido aos juros baixos, prazos adequados ao retorno do investimento, entre outras vantagens”, informa. Juros menores –Tose destaca ainda que podem ser beneficiadas por essa linha as empresas de todos os segmentos de indústria, comércio e prestação de serviços já em atividade ou constituídas recentemente, sem carência para pleitearem recursos do fundo. “Os pré-requisitos exigidos são situação econômico-financeira equilibrada, viabilidade econômica do projeto, capacidade de pagamento e demonstração de que o negócio pode agregar vantagens socioambientais”. Segundo ele, a linha possui os menores juros existentes no mercado, com 3% ao ano e bônus de adimplência para as operações de investimento contratadas até 30 de junho de 2013. “Se consi- derarmos uma inflação prevista de 5,5%, ao ano, para 2013, teremos juros reais negativos de 2,5% ao ano. Não há indexador atrelado a taxa de juros como Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) ou qualquer outro, portanto, é taxa de juros limpa”, ressalta o superintendente. Os prazos de amortização e carência são adequados à necessidade de retorno do investimento, podendo chegar a 20 anos de prazo total e até quatro de carência. Não há incidência de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o que também é um diferencial relevante considerando que este imposto é de 1,5%, ao ano, além dos 0,38% por liberação. Modalidades de financiamentos como o FNO se adaptam bem ao perfil empreendedor de José Gonçalves da Silva, cliente do Banco da Amazônia desde 1985. A parceria de longa data começou um pouco depois da chegada à região, em 1975, dos irmãos João e José, vindos do interior do Paraná. Eles logo se tornaram comerciantes: montaram uma pequena mercearia e continuaram a trabalhar juntos até 1989, quando decidiram separar a sociedade. João ficou com o Supermercado Irmãos Gonçalves, e José, com o Supermercado Gonçalves. Agora, José, que já tem nove lojas em Rondônia e outra em Rio Branco, no Acre, teve a iniciativa de montar uma indústria de panificação. A ideia é atender ao consumo interno e a clientes como as grandes construtoras instaladas no estado. O projeto de Gonçalves consiste na implantação de uma indústria de panificação, aproveitamento, seleção e fracionamento de alimentos, bem como uma cozinha industrial para produção de pães, bolos, tortas, panetones, manipulação de frutas, legumes, frios, entre outros. Também atuará na fabricação de alimentos prontos para atendimento dos restaurantes e lanchonetes da rede de supermercados. A empresa terá 16 mil metros quadrados, com alta capacidade de armazena- RUMOS - 18 – Janeiro/Fevereiro 2013 Expansão Fotos: SXC O empreendedor José Gonçalves começou no ramo de supermercados e, com o financiamento, parte agora para a fabricação de pães e o processamento de frutas. mercado mento, arquitetura moderna e planejada, e funcionará 300 dias por ano. O empreendedor explica que o mercado do segmento de panificação e massas na região oferece um mix de produtos muito incipiente, que existe demanda por produtos de qualidade e praticidade, mas o mercado não está atendendo. “Identificamos esta oportunidade e decidimos investir na indústria de massas e panificação. Ela atenderá as nove lojas próprias da rede e também ao mercado de Rondônia, Acre e Amazonas”, diz Gonçalves. Segundo ele, a planta industrial proporcionará à rede padronização, ganho de escala, redução de custos, elevação de produtividade e levará a empresa a ser mais competitiva no mercado onde atua. “Além de atender as nossas lojas, a indústria servirá ao mercado em geral, proporcionando aumento expressivo de qualidade, padrão e inovação nas regiões próximas”. Fabricação – Segundo o empresário, o empreendimento deve gerar quase 500 empregos, entre mão de obra fixa e variável e mais 850 postos de trabalhos indiretos. Ele informa também que estão previstas ações sustentáveis na implantação da indústria, tais como aproveitamento do lixo orgânico para formação de gás natural, a fim de ser usado no próprio negócio. O empreendimento irá atender os municípios de Porto Velho, Ariquemes, Jaru e todos no eixo da Rodovia BR–364 (Acre-Amazonas), e iniciar exportação para os países andinos. As obras começaram em julho de 2012 e o prazo de entrega é para julho deste ano. Para o Banco da Amazônia, este projeto industrial é de alta relevância devido à união de produtores rurais de alimentos locais, ao reaproveitamento de frutas, verduras e legumes, ao fracionamento de alimentos e à panificação em larga escala. A introdução destes produtos com a fabricação na região irá reduzir custos locais e aliar renda e crescimento sustentável para a região. Segundo o superintendente Valdecir Tose, o Banco da Amazônia é uma instituição financeira que estimula o desenvolvimento sustentável e que tais investimentos na Amazônia, em sua maioria, passam pelo processo de análise do banco. “O banco atua para que a região se desenvolva com políticas e empreendimentos que prezem o apelo ambiental, social e cultural da região, além da visão financeira do empreendimento. O projeto em questão traz aspectos de geração de emprego e renda, diferenciais tecnológicos e de sustentabilidade que foram pontos relevantes para o apoio financeiro da instituição”, destaca. Em se tratando do FNO, o Banco da Amazônia teve recorde de R$ 4,3 bilhões na aplicação de créditos, somando o total de R$ 14,3 bilhões apenas nos últimos cinco anos. Desde que o fundo foi criado (1989) até hoje, a instituição já aplicou R$ 22 bilhões em recursos do Fundo. Os investimentos de crédito de fomento, realizados em toda a Região Amazônica, atingiram neste mesmo período o valor de R$ 31,5 bilhões, sendo R$ 6,8 bilhões aplicados no ano de 2012, o que corresponde a mais de 70% de todo o crédito de fomento investido na região. Para José Gonçalves, o Banco da Amazônia representa um verdadeiro parceiro para os empreendedores da região. “Trata-se de um banco que está muito próximo do empresário e do investidor, que tem interesse mútuo no desenvolvimento da região. É uma instituição que possui produtos que podem atender e viabilizar os investimentos. É um parceiro que, uma vez instituído, o relacionamento é de longo prazo, uma relação que permeia desde a implantação, passando pela consolidação do negócio até as ampliações necessárias ao crescimento. É um banco que tem os melhores produtos para nossa região.”, avalia. RUMOS - 19 – Janeiro/Fevereiro 2013